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Universidade Evangélica de Goiás

Arquitetura e Urbanismo

GLOSSÁRIO
CONJUNTO HABITACIONAL DE INTERESSE SOCIAL

Seminário de História, Teoria e Crítica


Discente: Maíra Teixeira Pereira
Docente: Wanderson Pereira de Camargo
• Habitação Social

Segundo autor Nabil Bonduki “Utilizamos o termo habitação social não apenas no sentido
corrente, ou seja, habitação produzida e financiada por órgãos estatais destinada à população
de baixa renda, mas num sentido mais amplo, que inclui também a regulamentação estatal
da locação habitacional e incorporação, como um problema de Estado, da falta de
infraestrutura urbana gerada pelo loteamento privado.” (BONDUKI, Nabil Georges, 2004)

Nabil Bonduki ainda coloca que, “Após décadas de política habitacional impulsionada pelo
Governo Federal, parece nítida a percepção dos fracassados programas públicos e do
mercado atual na incapacidade de gerar mecanismo para enfrentar o problema.” (BONDUKI,
2008, p.82)

Segundo autora Ermina Maricato, “Uma política nacional de habitação inclui toda a
estrutura de provisão de habitações, isto, todas as formas pelas quais a moradia é produzida
e apropriada, seja por meio do mercado formal privado regido pelas relações capitalistas,
seja por meio da promoção pública, seja por meio da promoção informal.” (MARICATO,
2013, p.15)
Maricato ainda cita que, “Se for possível dar à população de baixa renda o acesso à moradia,
dificilmente ela reterá esse bem se não houver uma ampliação do estoque de habitações. A
transferência da residência será inevitável se a própria classe média tem dificuldade de acesso
ao mercado residencial privado.” (MARICATO, 2013, p.15)

“No Brasil, como na grande maioria dos países latino-americanos, a questão da moradia social
é a questão da moradia, pois se refere à maior parte da população. O acesso ao mercado
privado é tão restrito e as políticas sociais são tão irrelevantes que à moradia da população
sobra apenas as alternativas ilegais ou informais.” (MARICATO, 2013, p.16)

Em função do que disse Bonduki e Maricato podemos compreender que os programas


habitacionais existentes no país são pouco eficazes e segundo os próprios autores esses
programas não reduzem o déficit habitacional e ainda aumenta a segregação. Na avaliação
da autora Ermina Maricato (2010) “os mais pobres continuam a ocupar os conjuntos
habitacionais situados fora da cidade, acarretando mais problemas do que soluções para o
transporte urbano e para o isolamento social dessas famílias.”

• Intervenção em centros urbanos

Segundo as autoras Vargas e Castilho, “Intervir nos centros urbanos pressupõe não somente
avaliar sua herança histórica e patrimonial, seu caráter funcional e sua posição relativa na
estrutura urbana, mas, principalmente, precisar o porquê de se fazer necessária a
intervenção.” (VARGAS E CASTILHO, 2015, P.24)

As autoras trazem uma definição de centro segundo Carrion e Marcuse, “A definição de


Centro, portanto, implica a presença de uma cidade de diversidade étnica, portadora de
processos históricos conflituosos, com milhares de anos de existência em permanente
contradição.” (Carrion, 1998) “Não apenas os edifícios expressivos e monumentais merecem
ser preservados, mas também as edificações de todas as classes sociais que fazem parte da
história, sem que essa concepção, no entanto, signifique um congelamento da cidade.”
(Marcuse, 1998)

Segundo autor Richard Rogers, “Devemos construir centros de arquitetura para envolver e
informar os cidadãos, arquitetos, planejadores e incorporadores para que pensem e projetem
uma cidade que satisfaça as necessidades das futuras gerações.” (RICHARD ROGERS, 1997,
p.107)

Rogers ainda enfatiza que, “Os edifícios ampliam a esfera pública de várias formas: eles
conformam a silhueta da massa edificada, marcam a cidade, conduzem a exploração do olhar,
valorizam o cruzamento das ruas. O menor detalhe tem efeito crucial na totalidade.” ROGERS,
1997, p.71)

Segundo o que disse Vargas e Castilho e Richard Rogers, é necessário intervir em centros
urbanos para que esses não acabem se tornando regiões pouco funcionais e habitadas. O
domínio público das cidades, os espaços públicos entre os edifícios nas últimas décadas, tem
sido negligenciado. Os edifícios são geralmente projetados como elementos isolados sem
considerar o entorno.

Os espaços multifuncionais são abordados no livro de Rogers, que mostra a importância


desses espaços nas propostas de reconstituição do tecido urbano. São eles que reúnem a
diversidade de atividades e de pessoas da cidade, que propiciam a convivência de partes da
cidade. ...”a praça lotada, a rua animada, o mercado, o parque, o café, a calçada, todos
representam espaços multifuncionais, para estes estamos sempre prontos a olhar, encontrar
e participar.” (ROGERS, 1997, p.9)

• Cidade

Segundo o autor Jan Ghel, “Como conceito, a vida entre edifícios inclui todas as diferentes
atividades em que as pessoas se envolvem quando usam o espaço comum da cidade:
caminhadas propositais de um lugar a outro; calçadões; paradas curtas; paradas mais longas;
ver vitrines; bater papo e encontrar pessoas; fazer exercícios; dançar; divertir-se; comércio
de rua; brincadeiras infantis; pedir esmolas; e entretenimento de rua.” (GHEL, 2013, p.19)

Ainda segundo Ghel, “Entre escolher caminhar por uma rua deserta ou uma rua
movimentada, a maioria das pessoas escolheria a rua cheia de vida e atividade.” (GHEL, 2013,
p.25)

Segundo a autora Jane Jacobs, “O planejamento para a vitalidade deve propiciar uma
interpenetração contínua de vizinhanças, cujos usuários e proprietários informais possam dar
uma grande contribuição mantendo a segurança dos espaços públicos, lindando com
estranhos, de modo que sejam um trunfo e não uma ameaça, garantindo a vigilância informal
das crianças nos lugares públicos.” (JACOBS, 1961, p.271)

Jacobs ainda completa, “O planejamento para a vitalidade deve visar à recuperação de


cortiços, criando condições para convencer uma grande porcentagem dos moradores, sejam
quais forem, a permanecer por livre escolha, de modo que a diversidade de pessoas aumente
sempre, e a comunidade se mantenha, tanto para os antigos residentes quanto para
moradores que se incorporem a ela.” (JACOBS, 1961, p.271)
Segundo o que dizem, Jane Jacobs e Jan Ghel, é necessário habitar a cidade, para manter os
centros vivos, com circulação de pessoas. As políticas públicas se comportam de forma
contrária ao que citam os autores, uma vez que posicionam moradias populares em periferias
da cidade, aumentando a segregação, portanto deixando os centros menos habitados,
centros mortos.

ROGERS, Richard; GUMUCHDJIAN, Philip (1997). Cidades para um pequeno planeta.


Barcelona: Gustavo Gilli.
VARGAS, Heliana Comin; Castilho, Ana Luisa Howard. Intervenções em Centros Urbanos,
objetivos, estratégias e resultados. 3° Edição. São Paulo: Manole, 2015.
BONDUKI, Nabil Georges. Origens da habitação social no Brasil: arquitetura moderna, lei
do inquilinato e difusão da casa própria. São Paulo: Estação Liberdade

MARICATO, Ermínia. As ideias fora do lugar e o lugar fora das ideias. A cidade do
pensamento único: desmanchando consensos. Tradução. Petrópolis: Vozes, 2013

JACOBS, Jane. The Death and Life of Great American Cities. New York: Random House,
1973.

Ghel, J. Cidades para pessoas. São Paulo: Perspectiva, 2015

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