GRANDE GAROTO!
enfrentamento à mortífera doença e foi um
Entrevista de Richarlison ao
Olé mostra que ele é o
jogador mais politizado do
Brasil
Veja o que o astro da seleção canarinho,
autor dos dois gols na estreia da Copa, disse
ao diário esportivo argentino no ano passado.
O que Richarlison aborda esses temas:
Por Henrique Rodrigues
Escrito em ESPORTE,  24/11/2022. 19:26 h.
O atacante Richarlison do Tottenham, da
Inglaterra, e da seleção brasileira, autor dos
dois gols que deram a vitória à canarinho na
estreia da Copa do Mundo do Catar, contra a
Sérvia, nesta quinta-feira (24), é de longe
o mais politizado e consciente jogador de
futebol desta geração no país.
Com 25 anos, o descontraído e engraçado
futebolista, que também se notabilizou por
seu jeito simples e pela imitação do pombo
quando faz um gol, é uma ilha de consciência
política e social dentro de um elenco
marcado por superestrelas que só pensam
em se gabar de seus milhões de euros,
carrões e romances com mulheres famosas.
A percepção geral da sociedade brasileira
e até estrangeira para a noção política e
intelectual de Richarlison se deu, sobretudo,
a partir da pandemia. O atleta foi um ferrenho
defensor das medidas de prevenção à Covid-
19, cobrou responsabilidade de todos no
dos mais aguerridos incentivadores da
vacina, causa para qual fez inclusive
doações robustas.
Numa entrevista concedida ao diário
esportivo argentino Olé, em outubro de 2021,
o atacante do Tottenham falou sobre vários
assuntos, a maior parte deles relacionados
ao mundo do futebol, mas deu também
extensas e contundentes declarações
respondendo a questões sobre política [...] e
a respeito de temas complexos, como
desigualdade social e cidadania.
Confira o trecho da entrevista ao Olé em
Olé - Qual foi o melhor exemplo que seus
pais lhe deram?
Venho de uma família que passou por
muitas dificuldades, como as famílias da
maioria dos jogadores de nossos países.
Cresci numa zona da cidade (Nova Venécia)
que era bastante complicada, devido à
violência, drogas e muitas outras coisas
ruins. Meus pais sempre me incentivaram a
seguir o caminho certo, mesmo que fosse o
mais difícil. Então aprendi a valorizar cada
pequena conquista que tive na vida.
Também não deixei que as portas que
estavam fechadas me fizessem desistir.
Quando falhei nas seletivas lá no Brasil, meu
pai foi o primeiro a me encorajar e não deixar
que eu parasse de tentar. [...]
Olé - Você disse que quando era criança
vendia balas e sorvetes. Quando você vê
um cara fazendo o mesmo, você se vê
refletido nele?
Essa é a realidade de muitas crianças da
minha cidade e do Brasil. Muitos abandonam
a escola e precisam trabalhar para ajudar no
sustento de suas famílias. Sempre que vejo
uma criança que precisa abandonar a
escola, fico com o coração partido. Claro que
me vejo refletido neles e sei que poucos
terão a mesma sorte que eu de se
profissionalizar, de ter me destacado e de
atuar e viver na Europa. Muitos se voltarão
para as drogas ou terão empregos ruins para
o resto de suas vidas porque não terão a
oportunidade de se profissionalizar em nada.
Em suma, é um problema gravíssimo no
Brasil, mas poucos parecem dispostos a
realmente resolvê-lo.
Olé - Você faz muitas campanhas de
assistência social, qual a maior alegria
que te levou a se entregar a isso?
Acho que faço por inconformidade,
porque vejo a situação das pessoas e quero
tentar mudar alguma coisa. Sei que o que
faço é muito pouco para o que eles
precisam. Não posso mudar a realidade de
todos, mas se eu conseguir mudar a
mentalidade das pessoas que podem e não
podem ajudar, me sentirei vitorioso. Eu quero
ser um exemplo positivo. A maior alegria que
tenho é ver o sorriso no rosto das pessoas e
saber que fiz algo de bom para alguém. Isso
não tem preço.
Olé - Você contou um episódio difícil
quando uma arma foi apontada para você
quando criança. Que impacto essa
situação teve em sua vida? Isso ajudou
você a ser mais resiliente diante da
adversidade?
Isso me mostrou que eu não queria estar
em nenhum dos lados dessa arma. Nem do
lado que está ameaçado, nem do lado que
poderia ter matado alguém. E toda vez que
alguém me pergunta se eu tenho medo de
alguma coisa, eu me lembro desse episódio.
[...] Desde então eu sabia que queria uma
realidade diferente para mim e minha família.
Acho que me deu ainda mais força para lutar
pelos meus objetivos e ter uma vida melhor.
Graças a Deus eu tenho.
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Respondendo a Ancelmo Gois sobre o
porquê se posicionar em causas sociais:
“Ultimamente, em toda entrevista que eu
dou, uma pergunta é certa: ‘Por que você se
posiciona?’ Mas talvez o melhor fosse ‘Por
quem você se posiciona?’ É muito importante
que isso fique claro. As pessoas de onde eu
venho não têm voz e nem vez. Poucos, até
hoje, procuraram saber o que é importante
ou o que falta para que elas vivam melhor.
No Brasil é assim, muitos só recebem
atenção em época de eleição. Falando nisso,
vocês sabem, eu nunca tive um partido
político. Para ser sincero, nem me interesso,
porque não preciso de um para saber que é
errado faltar energia elétrica por 22 dias em
um estado inteiro. Ou ainda que é um direito
básico ter comida na mesa, saúde, educação
e moradia. Também nunca entrei num
laboratório. Ainda assim, eu posso dizer a
todos que a ciência é a nossa única saída
em todos os momentos. Eu vejo isso no meu
dia a dia como jogador. Meu corpo precisa
da ciência e da medicina para que eu possa
fazer o que mais amo. Bom, eu sequer
terminei meus estudos. Mas não é
necessário um diploma para enxergar que
muita gente é intimidada, encurralada e
morta pelo racismo todos os dias no Brasil. Li
numa matéria que 75% da população pobre
é preta, e que 76% das pessoas mortas
todos os anos também são pretas.
Coincidência? Não precisa ser o rei da
matemática para concluir o óbvio. É por isso
que todos os dias agradeço a Deus pela
oportunidade e por não ter virado estatística.
O futebol me salvou! É por isso que eu falo,
me posiciono e mostro a minha indignação:
pelo mínimo de dignidade e igualdade para
todos os brasileiros que não tiveram a
mesma sorte que eu.”
QUESTÕES
1. Explique o que o jornalista quis dizer ao
afirmar que Richarlison “...é uma ilha de
consciência política e social dentro de um
elenco...”
2. Releia a segunda resposta e diga por que,
na opinião do jogador, muitas pessoas “terão
empregos ruins para o resto de suas vidas”.
3. Na terceira pergunta, Richarlison diz que
quer ser um “exemplo positivo”. Na sua
opinião, o que significa isso?
4. Por que é que o atacante promove
campanhas de assistência social?
Releia a última resposta para responder as
questões de 5 a 10:
5. Richarlison afirma: “O futebol me salvou!”.
Qual acontecimento na vida do jogador poderia
ter feito com que ele virasse estatística? A qual
estatística ele se refere?
6. “Não precisa ser o rei da matemática para
concluir o óbvio.” Que fato é considerado
óbvio para o jogador?
7. Por quais causas sociais Richarlison
demonstra se preocupar?
8. Apesar de nunca ter entrado em um
laboratório, o jogador afirma que “a ciência é
a nossa única saída em todos os momentos”.
Por que ele diz isso?
9.Observe que na resposta de Richarlison
aparecem aspas duplas “__” e aspas simples
‘__’. O que diferencia no texto o uso dessas
aspas?
10. No trecho: “É por isso que eu falo, me
posiciono e mostro a minha indignação: pelo
mínimo de dignidade e igualdade para todos
os brasileiros que não tiveram a mesma
sorte que eu.” O termo destacado refere-se a
seguinte frase:
a) “As pessoas de onde eu venho não têm
voz e nem vez”
b) “75% da população pobre é preta e que
76% das pessoas mortas todos os anos
também são pretas”
c) “...é um direito básico ter comida na mesa,
saúde, educação e moradia.”
d) “O futebol me salvou!”
11.Qual a finalidade do gênero textual
entrevista?
a) Narrar um acontecimento cômico de forma
imparcial e prática para o leitor.
b) Mostrar um fato relevante para a sociedade
com uma linguagem clara e objetiva.
c) Combinar elementos da linguagem verbal e
não verbal com a função de entreter (divertir).
d) possibilitar à população o conhecimento
sobre fatos e assuntos a partir de declarações
e informações fornecidas pelo entrevistado.
12. A informação principal da reportagem está
em dizer que Richarlison:
a) é o autor de dois gols que deram a vitória ao
Brasil sobre a Sérvia
b) é um ferrenho defensor das medidas de
prevenção à Covid-19
c) é o mais politizado e consciente jogador de
futebol desta geração no país.
d) tem um jeito simples e faz a imitação de
pombo quando faz um gol
13. Releia: “Richarlison foi um dos mais
aguerridos incentivadores da vacina, causa
para qual fez inclusive doações robustas.” A
palavra “robusta”, no trecho, tem o sentido de:
a) forte.  c) potente.
b) confiante. d) grande.
14. Releia: “Venho de uma família que passou
por muitas dificuldades, como as famílias da
maioria dos jogadores de nossos países.” A
conjunção “como” foi empregada para
introduzir:
a) uma explicação.
b) uma contraposição.
c) uma comparação.
d) um complemento.
15. Releia: Muitos abandonam a escola e
precisam trabalhar para ajudar no sustento de
suas famílias. A preposição “para” foi
empregada para indicar:
a) causa c) tempo
b) finalidade d) lugar
16. Há uma opinião em:
a) Richarlison é atacante do Tottenham, da
Inglaterra, e da seleção brasileira.
b) Richarlison respondeu a questões sobre
política [...] e a respeito de temas complexos,
como desigualdade social e cidadania.
c) Richarlison é de longe o mais politizado e
consciente jogador de futebol desta geração no
país.
d) Richarlison foi um dos mais aguerridos
incentivadores da vacina contra Covid-19