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Os textos contidos nesse Boletim são de responsabilidade única dos membros do Grupo, não retratando a opinião ofi-
cial da Escola de Guerra Naval nem da Marinha do Brasil.
América do Sul
Reacende a chama do Sendero Luminoso Por: Carlos Henrique
No Peru, na última semana de julho, foram resgatadas 54 pessoas na região de El VRAEM – Vale dos
Rios Apurímac, Ene e Mantaro – dominada pelo narcotráfico. Os reféns estavam sendo mantidos pelo Sendero
Luminoso, grupo criado nos anos 1960 por Abimael Guzmán (presidente Gonzalo) e quase extinto na década
de 1990, após forte ação militar do governo do Peru, com apoio norte-americano, por ter sido classificado como
terrorista pelo governo peruano e também pelos EUA e União Europeia.
Conforme divulgado, os resgatados eram 21 adultos e 33 crianças, sendo estas sequestradas de famílias
camponesas ou frutos dos abusos a mulheres feitas escravas para que, posteriormente, viessem a compor o
efetivo do grupo armado. Na primeira semana de agosto, os senderistas também atacaram uma base do Exército
peruano, matando um militar em Mazángaro, localizado às margens do rio Mantaro. Segundo o Comando
Especial da região, o ataque teria ocorrido em represália ao resgate.
A região é conhecida como uma das maiores do mundo na produção de coca e pela quase total ausência do
Estado peruano. Por esses motivos, diferentes ações têm sido realizadas por agentes antidrogas, que alcançaram
a desarticulação do grupo na região sul do El VRAEM, com a captura dos “camaradas” Renan e Yuri, ou
Alexander Alarcón e Dionisio Ramos, respectivamente. Os capturados foram responsáveis pela organização de
uma série de ataques à infraestrutura de gás de Camisea, projeto energético crucial para o Peru.
[2]
É importante apontar que a região norte do El VRAEM, que tem os irmãos Quispe Palomino como líderes
do Sendero Luminoso, está sendo fortemente monitorada pelo Estado peruano, o que faz com que os criminosos
utilizem outras rotas para o transporte de coca, inclusive rotas fluviais para o Brasil e Bolívia. O aumento das
ações do grupo, uma ameaça à estabilidade regional, requer maior coordenação nas ações de combate por parte
dos governos da região, podendo inclusive vir a ser tema no Conselho de Defesa Sul-Americano.
África Subsaariana
Assassinato político no Burundi Por: Franco Alencastro
O presidente do Burundi, Pierre Nkurunziza, reeleito em 21 de julho
deste ano, enfrenta a primeira crise de seu terceiro mandato: o assassinato do
general Adolphe Nshimirimana no dia 02 de agosto, um de seus mais próximos
colaboradores e braço direito. O crime – levado a cabo por homens em fardas
militares, segundo testemunhas – é mais um sinal da crise política do Burundi,
que teve início em abril, com o anúncio que Nkurunziza pretendia concorrer a
uma segunda reeleição.
Na ocasião, o argumento do presidente para legitimar sua candidatura
foi que seu primeiro mandato não teria contado, já que à época ele foi
indicado pelo poder Judiciário. As declarações não convenceram os
opositores de Nkurunziza, que foram às ruas nos meses de maio e julho.
Ainda, em 13 de maio, ocorreu uma tentativa de derrubada do governo,
que foi desbaratada por tropas leais ao presidente. Entretanto, as ações de Foto: Holytrinity.ab.ca/
grupos militares e paramilitares contra os aliados do chefe de Estado continuam, incluindo uma insurgência armada
[3]
em Cibitoke, perto da fronteira com Ruanda.
A escalada da crise, considerada a mais séria desde o fim da guerra civil em 2005, levou mais de cem mil pessoas
a deixarem o país como refugiados. Tal situação tem colocado a União Africana (UA) em uma posição difícil, já que o
Burundi é um dos maiores contribuidores com tropas para as operações militares da organização na Somália. Suspender
o país da organização seria, então, politicamente custoso. Por outro lado, a pressão da UA reforçaria o isolamento de
Pierre Nkurunziza e o obrigaria a dialogar com a oposição, evitando uma insurgência ainda maior. Será um importante
momento para testar o comprometimento da UA com a democracia.
África Subsaariana
Crise hídrica poderá afetar o desenvolvimento africano? Por:Vivian Mattos
Foto: Sadc.int
Segundo os relatórios de atividades do secretariado da
Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (CDAA),
a água é um elemento fundamental para o desenvolvimento
socioeconômico da região. Entretanto, a questão hídrica
sempre foi pauta das agendas dos países situados no sul da
África, haja vistos os inconstantes níveis de pluviosidade ao
longo dos anos, gerando períodos de secas e de inundações.
Atualmente, países membros da CDAA como a África
do Sul, Angola, Namíbia, Zimbábue, entre outros, estão
sofrendo com a falta de recursos hídricos, e alguns analistas
afirmam que, se os hábitos dessas populações não forem
revistos, a situação piorará nos próximos anos. A crise pode afetar gravemente o crescimento das indústrias
e do setor financeiro dos países membros, além de prejudicar objetivos como os da erradicação da fome e da
miséria, considerando que as economias desses Estados são alicerçadas na agricultura. Outro fator que tem
preocupado os países membros é o aumento da temperatura, prevista para aumentar entre 1°C e 3°C até 2080,
intensificando a instabilidade da região.
Desde 2011, o bloco tem voltado seus esforços para solucionar a escassez de água. Uma das ações foi a
criação do Programa Regional de Infraestruturas Hídricas, auxiliado por países não africanos como a Alemanha,
Austrália e Reino Unido, em questões como financiamento e planejamento. A comunidade tem cerca de 20
projetos de planejamento e gestão integrada nas áreas de saneamento básico, distribuição e armazenamento
de água. Deve-se atentar que, dos três maiores parceiros econômicos do Brasil na África Subsaariana, dois
estão na região afetada pela seca: África do Sul e Angola. Ambos possuem fortes relações com o Brasil, estão
inseridos no entorno estratégico brasileiro, fazem parte da ZOPACAS e, no caso de Angola, também membro
da CPLP.
África Subsaariana
A luta não é somente da Nigéria Por: João Victor Marques
A vitória de Muhammadu Buhari na última eleição presidencial da Nigéria representou um grande marco
na evolução democrática do país. Como apontado no Boletim Geocorrente 11, os pontos focais de atuação
suscitados por Buhari são o combate à corrupção e, principalmente, o extermínio do grupo terrorista Boko
Haram. A segurança, ou a ausência dela, foi o fator decisivo para o resultado eleitoral, de modo que essa se faz
fundamental para a análise sobre os primeiros passos do novo governo.
É possível que os nigerianos tenham escolhido Buhari devido ao seu histórico “linha dura”, já que seu
breve governo na década de 1980 foi autoritário. Entretanto, o diálogo e a consulta têm sido atividades marcantes
do presidente até o momento, evidências que o general reformado mudou.
[4]
As visitas oficiais aos vizinhos Chade, Níger e Camarões; aos Estados Unidos, em julho; e sua participação
extraordinária na cúpula do G7 corroboram a disposição de Buhari em buscar apoio na luta contra o Boko
Haram. Contudo, eventuais empecilhos surgem, como a recusa de Washington em vender armamentos à Nigéria
sob a alegação de que as leis e as Forças Armadas nigerianas estão aquém do compromisso com os Direitos
Humanos.
A Nigéria sofre debilidades econômicas e institucionais crônicas, como a corrupção, a vulnerabilidade aos
preços do petróleo, a dependência da importação de artefatos bélicos e a deficiente infraestrutura energética. É
necessário averiguar se o plano de desenvolver um complexo industrial de defesa e de transferir temporariamente
o centro de comando militar da capital para o norte do país serão iniciativas eficientes. Com a incidência do
Boko Haram e da pirataria no Golfo da Guiné, não apenas a estabilidade nacional, mas também regional, são
comprometidas. Desse modo, faz-se imperativa, portanto, a coordenação diplomática e militar conjunta dos
países da África Ocidental.
Europa
Nacionalismo catalão: a independência é uma opção? Por: Matheus Mendes
A Espanha possui como característica uma política regionalista, o que permite a existência de
comunidades autônomas que administram suas províncias. No entanto, há algumas regiões com interesses
separatistas, como o País Basco e a Catalunha. Vale apontar que esta última passará por eleições locais,
antecipadas para o dia 27 de setembro, a fim de formar um novo Parlamento e aumentar o interesse político
de um referendo para a independência catalã.
[5]
Nesse sentido, Artur Mas, presidente da Catalunha,
demanda do governo espanhol um referendo nos moldes do
que foi o escocês em setembro do ano passado. Por outro lado,
Mariano Rajoy, primeiro-ministro da Espanha, já rechaçou
essa possibilidade e alguns políticos do governo conservador
madrilenho justificaram a ilegalidade do processo pela
Constituição espanhola. A perda da Catalunha representaria
cerca de 20% do PIB espanhol, mas, ainda assim, o partido
do governo está mais preocupado com a ascensão do partido
de esquerda “Podemos”, que vem ganhando força mesmo
não tendo participado de nenhum processo eleitoral.
Embora as eleições de setembro não sejam de fato um Foto: Polgenow.com
referendo, pouco mais de 5 milhões de eleitores (de um total de 7,5 milhões de habitantes) podem outorgar
mais poder aos separatistas. Estes estão confiantes em conseguir uma “consulta popular” em até 18 meses
após as eleições locais, criando especulações em Madri. Mesmo que se consiga o processo de independência
junto à Espanha, este seria uma cisão dolorosa e demorada, pois fecharia portas tanto na União Europeia como
na OTAN, já que a Espanha, provavelmente, vetaria sua entrada em ambas. Além disso, internacionalmente,
países como Reino Unido, França e Alemanha tenderiam a não aprovar o processo, já que também possuem
movimentos internos independentistas, o que contribuiria para um clima de tensão generalizado no cenário
europeu e mundial.
Rússia e ex-URSS
Rússia e a imigração de muçulmanos frente às ameaças de terrorismo
Por: Daniel Araújo
À semelhança da Europa, a Rússia tem sido pressionada
a desenvolver formas de lidar com as imigrações de
muçulmanos do Oriente Médio. Isso porque tais ondas
migratórias recentemente têm se tornado uma questão de
segurança, devido a muitos grupos rebeldes disseminarem
suas ideologias por meio delas, podendo originar possíveis
núcleos jihadistas. Além disso, vale ressaltar que a Rússia
possui uma fronteira direta para acesso imigratório por
terra e tem regiões com quantidade populacional nativa de
Foto: Speroforum.com
muçulmanos.
A Duma, a Câmara baixa do Parlamento da Rússia, tem solicitado ao governo uma participação junto à
sociedade internacional para acelerar a abertura de um tribunal para apurar os crimes cometidos pelos grupos
rebeldes, que se reconhecem unificadamente como pertencentes ao Estado Islâmico (EI). Nesse sentido, uma das
cartas enviadas pelo parlamentar russo Oleg Nilov afirmava “o EI é uma organização criminosa que necessita
ser contida por todo o mundo civilizado, sendo a primeira grande ameaça desde o fim da Segunda Guerra
Mundial”.
De acordo com alguns analistas, o posicionamento da Rússia em relação ao EI tenderá a uma atuação
mais presente no Oriente Médio, possivelmente se refletindo em um fortalecimento das Forças Armadas da
Síria, promovendo treinamentos para conter os rebeldes associados àquele grupo em seu próprio território.
Outra possibilidade é o fortalecimento das forças de segurança nos territórios independentes do Curdistão
iraquiano, em que os Pershmega (curdos armados) têm lutado em diversas frentes contra os rebeldes associados
ao EI, no norte do Iraque. Tal análise é possível após leitura de declarações do próprio ministro das Relações
[6]
Exteriores da Federação russa, Sergey Lavrov, que comentou em abril: “o grupo rebelde ‘Estado Islâmico’ é o
principal inimigo da Rússia”.
Sul da Ásia
Talibã e Afeganistão: conversas sobre a paz em perigo? Por: Ariane Francisco
No Boletim 17 abordaram-se os atentados do Talibã no Afeganistão em junho e a retomada de áreas cujo
controle o grupo tinha perdido com a guerra de 2001. Nas últimas semanas, porém, a confirmação da morte de
um de seus líderes causou reviravolta dentro do grupo e nos termos das conversações de paz com o governo
de Cabul.
Por anos, a questão do paradeiro de Mulá Mohammad Omar tem sido discutida. Os rumores de que o
líder do Talibã estaria morto circulavam de tempos em tempos, com confirmações dos Estados Unidos e do
Afeganistão, mas negados pelo grupo. Dessa vez, porém, o próprio Talibã confirmou a notícia. A questão do
porquê o anúncio ter sido feito neste momento, quando conversas entre a milícia nacionalista e o Afeganistão
estavam se desenvolvendo, é que vem causando estranhamento, além de desestabilização na alta hierarquia do
grupo.
Tendo sido o principal grupo jihadista, hoje o Talibã afegão compete com o Estado Islâmico (EI). A falta
de uma unidade no alto-escalão do mesmo – Mulá Mansor, atual líder, não é visto como carismático e enfrenta
grande oposição do filho de Omar – poderia causar uma série de deserções, dando espaço para o Estado
Islâmico entrar no país. De acordo com o Asia Times, quanto maior for a permanência do governo de Ghani,
maiores são as chances do EI se sobrepujar ao Talibã. Após ganhar sua guerra contra o governo central e os
EUA (a retirada das tropas estrangeiras seria uma condição para a paz no país), o grupo passaria a enfrentar
outro conflito.
Em relação às conversações em si, depois de inicialmente informais, novas reuniões oficiais foram
acordadas para depois do fim do Ramadã, a fim de que uma maior confiança entre as partes seja construída.
Leste Asiático
O futuro do Yuan Por: Vinicius Reis
Durante a segunda semana de agosto, a moeda chinesa, o yuan, sofreu consecutivas desvalorizações,
gerando quedas nas bolsas ao redor do mundo. Países como o Brasil, que tem a China como principal parceiro
comercial e um modelo de exportação baseado em commodities, temem o impacto no curto e médio prazos da
desvalorização do yuan e da desaceleração da economia chinesa. A política macroeconômica de Pequim tem
despertado o receio de uma guerra cambial em âmbito global, principalmente entre economias emergentes, as
mais afetadas por um conflito econômico entre potências.
A atuação do Banco Popular da China (PBoC) pode ser analisada a partir de dois pontos de vistas não
excludentes: como indutor de crescimento econômico, via aumento da competitividade dos produtos chineses
em outros mercados, e/ou como um sintoma da reformulação do mercado chinês de maneira a reduzir,
gradativamente, o controle do Estado sobre o mesmo. Desde 2013, Xi Jinping vem estimulando reformas
econômicas - entre elas, a abertura gradativa da bolsa de Shangai para investidores estrangeiros - e já declarou
que pretende agir de maneira a construir um sistema monetário internacional estável.
Um dos principais objetivos dessas reformas é promover a inserção internacional da moeda chinesa.
Atualmente, o yuan é a quinta moeda de pagamento do mundo (2,17% do comércio internacional, contra 87%
do dólar norte-americano) e espera-se que, até 2018, a flexibilidade da taxa de câmbio aumente e que a moeda
passe a flutuar livremente, ou seja, de acordo com a oferta e procura. Caso as reformas se concretizem, a
moeda chinesa poderia passar a integrar a cesta de direitos especiais de saque (XDR ou SDR), gerida pelo FMI.
Seu valor é determinado pela variação média da taxa de câmbio dos cinco maiores exportadores do mundo
(excluindo a China) nos últimos cinco anos.
[7]
Leste Asiático
Século XXI: a continuidade da Guerra da Coreia por outros meios Por: Marcelle Torres
Em meio à celebração do 70º aniversário de libertação da Coreia após 35 anos de dominação colonial
japonesa, havia expectativa de retratação formal do Japão em relação às “mulheres de conforto” coreanas e à
disputa pela sucessão e controle do conglomerado nipo-sul-coreano Lotte Group. No entanto, destaca-se um
fato que poderá desencadear mais um período de tensão na região: a detonação de uma mina terrestre, ferindo
dois soldados sul-coreanos durante uma patrulha de rotina na Zona Desmilitarizada (DMZ).
A Coreia do Norte é acusada de ter cruzado a fronteira e implantado as minas em caixas de madeira
ao longo da DMZ. Em resposta, o Ministério da Defesa Nacional sul-coreano reiniciou as transmissões de
propaganda contra Pyongyang, suspensas há mais de 11 anos, e permitiu aos soldados o combate a qualquer
potencial ataque militar. Além disso, o período também coincide com o início do exercício militar anual Ulchi
Freedom Guardian, entre EUA e Coreia do Sul, a fim de testar os sistemas de defesa e o grau de prontidão no
caso de uma invasão norte-coreana. Pyongyang, por sua vez, ameaça retaliar os EUA, caso o exercício militar
aconteça.
A tensão pode acarretar um conflito na região prejudicial não só às Coreias, mas também à Rússia e
à China, que investem em projetos de infraestrutura na península e se recusam a aceitar a instalação de um
escudo antimísseis na Coreia do Sul, o qual aumentaria a influência norte-americana no Pacífico e ofereceria
cobertura às ações da 7ª Esquadra. Resta saber se as conversas exploratórias da Six Party Talks conseguirão
trazer Pyongyang de volta à mesa de negociações. O intuito seria o desmantelamento do seu programa nuclear
e o impedimento à especulação de um futuro lançamento de míssil de longo alcance norte-coreano, suspeito
de acontecer no mês de outubro durante a comemoração do 70º aniversário da fundação do Partido dos
Trabalhadores da Coreia.
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Temas Especiais
Disputas espaciais: os incômodos geopolíticos na “terra de ninguém”
Por: Louise Marie Hurel
Como diria o cientista da computação norte-americano David Aucsmith, após a terra, o mar e o céu, o
espaço representa o quarto domínio da guerra, seguido do espaço cibernético. Esses domínios simbolizam
tipos idealizados de espaços, onde ocorre o embate de forças e interesses. “Idealizados”, pois não é possível
separá-los tão claramente de suas conexões com a tecnologia, interesses geopolíticos, tensões em torno
da segurança internacional e entre outros diversos fatores: os domínios não são monolíticos, tampouco se
respaldam em monocausalidade. O desenvolvimento e a subsequente preponderância de um ou outro nas
disputas geopolíticas ocorrem, principalmente, devido ao aumento da capacidade de projeção que, nesse
caso, um país tem em um determinado domínio.
Será que abordar disputas espaciais se tornou um clichê datado? Falar sobre tensões no domínio
espacial significa reavivar um debate que “parou” com o fim da Guerra Fria? O contexto, desenvolvimento
tecnológico, rapidez na produção/reprodução e distribuição de poder no sistema internacional trazem uma
combinação diferente para a análise. Por exemplo, um dos desafios futuros para esse espaço, por muitos
chamado de “terra de ninguém”, é o lixo espacial. Satélites orbitam em altas velocidades, portanto, a forma
mais rápida e menos custosa de se desligar um satélite é lançando outro elemento.
Em um embate nebuloso, os Estados Unidos vêm sentindo as dificuldades vis- à -vis sua preponderância
no domínio espacial. Atores como China e Rússia são vistos como potenciais “spoilers” para a manutenção
da sensação de segurança e controle estadunidense sobre o espaço. Essa afirmação encontra respaldo na
mais recente declaração de que a China realizou testes utilizando armas cinéticas terrestres antissatélites.
Em suma, sem grandes convenções e acordos, a existência da “terra de ninguém”, desregulada,
apresenta uma ameaça aos EUA e um espaço aberto para muitos países que desejam desenvolver tecnologias.
O surgimento de grandes atores nesse domínio - como a China - continuará a incomodar.
• EL PAÍS - 15/08/2015
El tren cubano que España y la UE no pueden perder - By: José Luis Barbería
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