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Tema: “O Mito da Monogamia”, David P.

Barash e Judith Eve Lipton,


Record.

O livro “O Mito da Monogamia” ironicamente foi escrito pelo casal


Barash - doutor em zoologia e professor de psicologia na Universidade de
Washington, Seattle – e Lipton – psiquiatra especializada em questões
femininas - em 2002, depois de vinte e cinco anos de casados. Mas ao contrário
do título sugestivo e provocativo, os autores descrevem com bases científicas
as relações dos seres sociáveis, mas não têm a intenção de abalar os pilares da
sociedade monogâmica (segundo suas próprias declarações).
Apenas demonstram que, contrariamente ao que se pensava, a maioria dos
animais, apesar de socialmente monogâmicos, não o são naturalmente.
Os autores abordam conceitos evolucionistas para provar que tanto
machos quanto fêmeas desenvolveram características de poligamia sexual para
melhor desenvolvimento da espécie. E contrariam o pensamento de que os
machos são mais propensos evolutivamente à infidelidade, ao dedicar mais
capítulos à discussão sobre a poligamia das fêmeas.
O maior argumento para o macho praticar CEPs (Cópulas Extra-Par), seria
a ampla distribuição de seu esperma para garantir que mais fêmeas sejam
fecundadas e a perpetuação de seus genes.
Já à fêmea, seria vantajoso que mais machos depositassem seus
espermas para que o melhor espermatozóide pudesse fecundar o óvulo, a
chamada “competição espermática”, caso as características secundárias, que
normalmente são utilizadas pelas fêmeas como métodos de seleção na hora do
acasalamento. Seria por isso, então, que para a fêmea, é interessante manter o
maior número de CEPs possível.
Por outro lado, o macho seria menos cuidadoso com seus
espermatozóides, já que são produzidos em grande quantidade e demandam
pequeno gasto de energia. Já as fêmeas, em geral, gastam muito mais energia
para produzir uma pequena quantidade de célula germinativa, por isso, a fêmea
seria mais cuidadosa na escolha do parceiro.
Outro argumento utilizado é que se a infidelidade não fosse comum, os
parceiros sexuais não despenderiam tanta energia na guarda de seu
companheiro, pois um gasto de energia assim, seria inútil. Ou seja, não existiria
o “ciúme sexual”.
Além da guarda das parceiras (que constitui em deixar seu companheiro o
menos tempo possível sozinho), muitos machos possuem mecanismos para evitar
a Fecundação Extra-par (ou seja, sabendo que a fêmea pratica CEPs, ele cria
mecanismos para que não acabe por criar filhotes que não sejam seus), como
por exemplo, os pássaros machos que, ao ejacular, formam uma espécie de
tampão impedindo que, mesmo que a parceira saia em busca de uma CEP, ela não
consiga obter sucesso.
Mas a pergunta que pode surgir nos leitores é a seguinte: com tantos
prós em ser poligâmico, por que o ser humano procura tanto a monogamia?
A monogamia social é facilmente explicada, o ser humano é um animal que
necessita de cuidados por muito tempo depois de seu nascimento. E no caso, é
vantajoso para nossa espécie, que haja uma ligação entre os pais para que o
filho tenha maiores chances de um bom desenvolvimento. Já em relação à
variabilidade genética, a monogamia não é vantajosa.
Como o ser humano não é somente um animal que age segundo seus
instintos, mas cuja a sociedade exerce um poder muito grande, ele é capaz de
controlar seus instintos de acordo com costumes e características sociais.
O que nota-se com a leitura desse livro é que o ser humano, mais uma vez,
mostrou-se complexo demais para ser entendido com uma única teoria.

"Se o cérebro fosse tão simples que pudéssemos compreendê-lo, nós seríamos
tão simples que não o conseguiríamos" (Lyall Watson, biólogo)

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