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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

CURSO DE PSICOLOGIA

CURSO DE PSICOLOGIA
TREINAMENTO E SELEÇÃO
PROF: JOSÉ DANIEL BARCELOS
A2

POR
ANA BEATRIZ SANTIAGO SOARES
20191105431

Rio de Janeiro
2022/2
O livro “A loucura do trabalho” de Chistophe Dejours, ele defende que
naturalmente as pessoas, de forma coletiva, elas criam estratégias para se
defender e a lidar com a ansiedade que estão submetidas em uma empresa.
Uma vez que o trabalho impõe tensões, limites, regras.

Dejours fala sobre a estratégia de defesa que as pessoas criam para


minimizar ou reduzir o impacto de atividades que são submetidas na vida
pessoal ou no ambiente de trabalho, esse mecanismo de estratégia defensiva é
definido como uma ideologia. Dejours observa também questões da
psicopatologia inserida nesse ambiente de trabalho. No início, nas atividades
trabalhistas, o ambiente era precário e insalubre e os operários lutavam pela
sua sobrevivência. Após isso, eles como queriam melhores condições, se
organizaram para tal para exercer suas atividades. E esse lugar que os
operários ocupavam nas relações de trabalho, por mais que tenha tido
avanços, era uma posição de exploração por conta do capitalismo.

Havia uma resistência de se falar sobre o sofrimento e doenças, era


comum esconderem de todos e arranjarem justificativas como se fosse
necessário se desculpar. Vale ressaltar que isso ocorre nos dias de hoje na
realidade brasileira, quando se está doente, não é dito, o indivíduo sabe, mas
vai trabalhar mesmo assim pois não existe opção de não ir, poder cuidar da
saúde é visto como um “luxo”, a maioria da classe trabalhadora não tem esse
privilégio de poder para se cuidar.

Essas atitudes referentes a doença são definidas como ideologia da


vergonha e, dito isto, temos como um foco o corpo, de que ele só pode ser
aceito se for produtivo, um dos motivos pelo qual se esconde a doença, quanto
menos do corpo é falado, mais ele é aceito. Em uma busca pelo corpo ideal e
pela pessoa ideal, seria aquela que não adoece, não trazendo assim, prejuízos.
Minimizar a dor e a doença é uma atitude requente para permanecer na
empresa e não gerar prejuízos para si.

Outro foco é sobre a relação entre doença e trabalho que a doença se


relaciona sempre a ideologia da vergonha de para de trabalhar, ou seja, se ele
não aceita ou vivencia essa doença, significa que ele vai para de trabalhar. E
para a mulher entra além da doença, a gravidez que por sua vez está ligada a
vergonha de não trabalhar. O parar de trabalhar para se dedicar a si mesmo, é
visto como de “está fazendo corpo mole”. Relacionando a isso, a “Deus ajuda
quem cedo madruga”, essa visão ideológica, pode provocar consequências
negativas em ambientes de subemprego.

Na ideologia da vergonha as pessoas adotam o manter a distância o


risco de afastamento do corpo do trabalho, afastando assim a miséria.
Desenvolveu-se uma outra ideologia, chamada ideologia defensiva, por sua
vez tem a função de mascarar, reprimir e disfarçar ansiedade grave para um
grupo ou uma equipe específica, mecanismo para se defender das ansiedades.
“Eu nunca fico doente”, trabalhar em um ritmo intenso mesmo estando com
dor, sofrimento ou doença, pois se o indivíduo não fizer, ele perde o emprego.

Avançando na leitura, o autor fala sobre os efeitos do trabalho repetitivo


no funcionamento psíquico dos trabalhadores. Uma vez que o trabalho é
repetitivo, e por esse motivo despersonalizante e tira a capacidade da criação
de estratégias defensivas para minimizar o impacto de uma situação aversiva
que está vivendo no trabalho, já que os indivíduos muitas vezes não para nem
para pensar, pelo foco em efetuar bem repetitivamente o seu trabalho.

Dessa forma, além do trabalho prejudicar no dia a dia durante as


atividades, prejudica também quando esse indivíduo está fora do ambiente de
trabalho. Dejours diz em se livro que o indivíduo é condicionado a ter um
comportamento produtivo até fora do trabalho. Trazendo uma questão atual,
isso acontece quando o trabalhador recusa tirar férias muito longas para não
atrapalhar o trabalho. Por mais que seja um direito do trabalhador, muitos
adiam esses momentos necessários de folga.

Assim, acaba ocorrendo a contaminação do tempo fora do trabalho. O


controle do tempo e a despersonalização no trabalho são compensados pelo
tempo livre do trabalhador. Porém não tem como dividir o trabalhador em duas
partes, que consome e que produz. Exemplo de um trabalhador estressado
com o emprego e problemas dentro desse emprego e quando acaba o
expediente, ele está bem. Não ocorre dessa forma, somos um só, não tem
como separa mente e corpo.
Dessa forma, uma vez que o funcionário está despersonalizado no
trabalho, mantém-se despersonalizado em casa também, é uma tendência.
Quando o indivíduo não consegue mais dar um significado ao que está fazendo
no trabalho, logo, não consegue dar um significado para a própria existência,
trazendo, portanto, a doença.

Por fim, é importante reconhecer os avanços trabalhistas. Porém, a


patologia advinda do trabalho trazidas por Dejours, as técnicas nocivas para os
funcionários naquela época, ainda persiste nos dias de hoje. E o problema
disso é que permanecer com modos operários semelhantes, usando as
mesmas estratégias, estagniza um padrão de comportamento provocando
adoecimento. Assim, é necessário nos alertar aos sintomas que o sistema
capitalista traz para a saúde e saúde mental dos funcionários e trabalhadores.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DEJOURS, Christophe. A loucura do Trabalho: estudo da psicopatologia do
trabalho. 3ª ed. São Paulo: Cortez-Oboré,1987.

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