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ProCllmdoria Geral do Estado


Procuradoria Administrativa

PROCESSO NU. 200800003008148

INTERESSADO GABINETE DA SECRETARIA DA FAZENDA

ASSUNTO CONSULTA

004734
/2008

I. Aparta nesta Especializada consulta f01111uladapelo Secretário

da Fazenda.

2. Em síntese, referida autoridade solicita pronunciamento da


Procuradoria-Geral do Estado acerca de questões relacionadas à Junta Médica Oficial do
Estado - Gerência de Saúde e Prevenção da Superintendência de Gestão Estadual da

SEFAZ.

Relatados, segue manifestação.

3. Com o intuito de propiciar uma melhor compreensão daquilo


que será arrazoado, doravante, as questões formuladas serão transcritas e analisadas de
fonua cindida, confOlme segue.

A legislação vigente admite a rcalização de perícia sem a

prescnça do servidor?

.4. A licença para tratamento de saúde foi prevista nos artigos


224/226 da Lei 10.460/88 - Estatuto dos Funcionários Públicos Civis, in vcrbis:
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Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira, n° 26. Centro. Goiánia-Go. CEP: 74003-010. Te LeIone!i \
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Art. 224 - A licença para tratar de saúde serú concedida de oficio ou a pedido do

funcionário.
~ 1" - Em qualquer das hipóteses, ser:í indispensável a inspeção médica, que
poder:í se realizar, caso as circunstflJJcias o exijam, no local onde se

encontrar o funcionário.
~ 2" - Para licenya até 90 (novcnta) dias, a inspcyiio serú feita por médico
oficial, admitindo-se, excepcionalmente, quando assim não seja possível,
atestado passado por médico particular, com firma reconhecida.
~ 3" - Na hipótese do parágrafo anterior, o atestado só produzirá efeito após

homologado pela Junta Médica Oficial.


~ 4° - No caso de não ser homologada a licença, no prazo máximo de 10 (dez)
dias, o funcionário será obrigado a reassumir o exercício do cargo, sendo

considerado como falta o período que exceder de;) (três) dias em que deixou de

comparecer ao serviço, por haver alegado doença.


Art. 225 - O funcionário acidentado no exercício de suas atribuições, ou
acometido de doença profissional, terá direito a licença com vencimento e
vantagens do cargo pelo prazo de até 2 (dois) anos, podendo, porém, a Junta

Médica concluir, desde logo, pela aposentadoria.


~ I" - Entende-se por acidente em serviço aquele que acarrete dano físico ou
mental e tenha relação mediata ou imeàiata com o exercício do cargo, inclusive

o:
I - sofrido pelo funcionário no percurso da residência ao trabalho ou vice-versa;
II - decorrente de agressão física sofrida no exercício do cargo, salvo se

comprovadamente provocada pelo funcionário.


* 2" - A comprovação do acidente, indispensável para a concessão da licença,

devcrá ser fcita em processo regular, no prazo de 8 (oito) dias, salvo por motivo

de força maior.
* 3" - Entende-se por doença profissional a que sc deva atribuir, com relação de

causa e efeito. a condições inerentes ao serviço ou fatos nele ocorridos.


Art. 226 - Será licenciado o funcionário acometido de moléstia grave,

contagiosa ou incurável, especificada em lei, quando a inspeção médica não

concluir pela imediata aposentadoria. (grifo inexistente no original)

5. A simples leitura das normas acima reproduzidas denota que a


benesse em comento poderá ser concedida de ofício ou a pedido, sempre condicionada ~~/,.}
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inspeção médica que, em hipóteses excepcionais, poderá ser realizada no loca! onde se

encontra o funcionário.

6. Ora. se o legislador admitiu inclusive ti inspeção do servidor no


local em que este ,se encontra, é porque a verificação pessoal é medida indispensável.
Logo; a resposta para o primeiro questionamento há que ser necessariamente neeativa.

7. Entender-se o contrário sena o mesmo que desconsiderar o


princípio constitucional da legalidade, inserto no caput do aJiigo 37 ela Cmia Republicana
de 1988, segundo o qual o administrador, ao contrário do que ocone com o panicular, só

pode praiícar aquilo que esteja expressamente previsto em lei.

8. Vale repISal" que o legislador estadual en'1 momento algum

admitiu a hipótese de realização de perícia médica sem a presença do servidor. Aliás, não
poderia ser diferente, pois. esta é uma prova técnica que objetiva justamente certificar a
existência de fatos cuja certeza só seria possível a partir da aplicação de conhecimentos

específicos num dado ca'so concreto.'

o descumprimento da carga horária, o afastamento do local


de trabalho ou a ausência ao serviço sem aviso ao corpo
pericial coaduna-se com a legislação vigente?

9. A rigor. seria despicienda qualquer manifestação sobre o tema,

haja vista a obviedade da resposta. Contudo, por dever funcional, passo ao oferecimento ele

solução para a indagação apresentada.

10. Não há como sustentar que as práticas narradas se

compatibilizam com a legislação vigente. Muito ao contrário. Aquele que descumpre a


carga horária ou se ausenta do serviço sem avisar previamente o corpo pericial, em tese,
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pratica a transgressão disciplinar entalhada no artigo 303, XXXI da Lei 10.460/88, que

aSSIm reza:

"1\1'1. 303 - Constitui transgressão disciplinar e ao funcionário é proibido:

( ...)

XXXI - faltar ou chegar atrasado ao serVIço, ou deixar de participar, com


antecedência, à autoridade imediatamente superior, a impossibilidade de

comparecer à repartição, salvo motivo justo;"

• consecutivos
11. A ausência sem justa causa ao trabalho
ou quarenta e cinco intercalados dentro do mesmo ano civil,. ademais,
por trinta dias

caracterizará abandono de cargo punível com a pena administrativa máxima.

12. Por 0pOliuno, peço vénia para transcrever alguns dispositivos

do estatuto dos servidores goianos:

"Art. 37 - Salvo os casos expressamente previstos neste estatuto, o funcionário


que interromper o exercício por mais de 30 (trinta) dias consecutivos ou 45

(quarenta e cinco) intercalados, sem justa causa, dentro do mesmo ano civil,

será demitido por abandono de cargo."

"Art. 303 - Constitui transgressâo disciplinar e ao funcionário é proibido:

( ...)
LX - abandonar, sem justa causa, o exercício de suas funções durante o período

de 30 (trinta) dias consecutivos."

13. O afastamento do local de trabalho no momento do expediente

poderá caracterizar a infração insculpida no inciso XXX, do artigo 303 da Lei 10.460/88
(adiante reproduzido), pois, denota falta de zelo do profissional para com suas funções.

"Art. 303 - Constitui transgressâo disciplinar e ao funcionário é proibido:

( ... )

XXX - trabalhar mal, intencionalmente ou por negligéncia.

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14. Desde já, destaco que poderá se subsumir ao mesmo tipo


disciplinar aquele que atua apressadamente no exercício de suas funções prejudicando a
qualidade do serviço público. Dessa forma, tenho como respondida a indagação formulada

no item 03.

A Junta Médica pode liberar documentação legal, pericial e


prontuários que contenham dados sobre o estado de saúde do

servidor?

15. Resta indene de dúvidas que os documentos comprobatórios

do estado .de saúde do servidor poderão ser fornecidos a ele mesmo ou àqueles por ele

autorizados, desde que solicitados fOlmalmente.

16. Trata-se de uma verdadeü'a garantia constitucional prevista no

artigo 5°, XXXIII, da Magna Carta:

"Art. 5" - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a


inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

propriedade, nos tel1110Sseguintes:

(...)
XXXIII - todos têm direito de receber cios órgãos púhlicos Ínformações de

seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas


no prazo da lei. sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo

seja imprescindível á segurança da sociedade e do Lstado. (grifo inexistente no

original).

17. O raciocínio acima disposto, todavia, não poderá ser transposto

a terceiros que não tenham autorização do titular para o recebimento de dados. lsto porque
o constituinte, apesar ele assegurar o direito à infonnação, também garantiu a
inviolabilidade da intimidade c ela vida privada dos indivíduos. A propósito, veja-se o \

conteúdo do inciso X do mesmo artigo 5": í~~


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"X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


pessoas, assegurado o direito de indenização pelo dano material ou moral

decorrente de sua violação." (grifo aposto).

18. Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho I definem

com acuidade a intimidade e a vida privada:

"Também considerável inviolável pelo inciso X do artigo S" da CF, a vida


privada é entendida como a vida particular da pessoa natural.

Trata-se de um direito da personalidade (...).


Mat~jfesta-se. principalmente, por meio do direito ú intimidade, nào obstante a

proteção da honra e da imagem lhe seja correlata.


O elemento fundamental do direito à intimidade, manifestação primordial
do direito :I vida privad&, é a exigibilidade de respeito ao isolamento de
cada ser humano, que não pretende que certos aspe~tof; de sua vida

cheguem ao conhecimento de terceiros." (grifei)

Mostra-se correta a realização de exames admissionais para a


posse sem a solicitação dos exames laboratoriais necessários

para uma completa avaliação do candidato?

19. O artigo 26 do Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do

Estado de Goiás e suas Autarquias reza o seguinte:

"Arl. 26 - Além dos requisitos exigidos nos incisos] a III e V do art. 9", o

nomeado devení apresentar, no ato da posse, prova de quitação com a

Fazenda Pública, de sanidade física e mental mediante inspeção da .Junta


Médica Oficial do Estado e declaração sobre acumulação de cargoli." (grifei).

20. A nonna estabelece que o futuro servidor, antes da posse, tem

de submeter-se à avaliação médica perante a Junta Oficial, ficando a cargo desta atestar a
sanidade ou insanidade física e mental do aprovado em concurso.

I Novo Curso de Direito Civil. Parte Geral. Saraiva, R"Edição, página 171.
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21. Resta incontroverso que aqueles que emitem o laudo podem se


tomar civil ou administrativamente responsável pelas eventuais incorreções. De
conseqüência, por cautela, devem cercar-se de todos os cuidados possíveis.

22. Nesse diapasão, afigura-me que a ponderação acerca dos


exames necessários e o momento de sua realização insere-se exclusivamente no âmbito de :.

discrícionariedade dos peritos responsáveis pela emissão do laudo .

• 23. Noutras palavras, o médico pode sim realizar


admissional sem a realização de exames laboratoriais, porém, nesta hipótese, assumirá os
avaliação

riscos decorrentes da sua escolha.

É possível a revelação. de CID o.U diagnósticos ou sinais e


sintomas de do.ença sem auto.rização por escdto do. servióo.r ou

seu representante legal?

24. Como dito alhures, seria temerária a divulgação de dados sobre

a saúde do paciente a terceiros, estranhos à Administração Pública, sem o consentimento

daquele que foi examinado.

25. Isto porque tal atitude poderia representar violação à


intimidade e vida privada, o que imporia ao Estado a obrigação de indenizar os danos

morais e materiais causados.

26. Em sendo assim, tem-se que a resposta para esta questão há

que ser negativa.

A pressão. efetivada po.r o.utros órgãos com o. escopo. de que a


Junta Médica descumpra a lei e favoreça scrvidores se afigura
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27. O médico perito não poderá ceder às pressões para que falte
com a verdade no exercício de suas funções, sob pena de responder civil, administrativa e

até penalmente por tal ato.

28. Na hipótese singular da pressão caracterizar coação irresistível

o mesmo estará amparado por uma das causas excludentes de culpabilidade.

29. O artigo 22 elo Código Penal estabelece que:

"Se o fato é cometido sob coação irresistivel ou em estrita obediência a ordem,


não manifestamente ilegal, de superior hierárquico. só é punivel o autor da

coação ou da ordem."

30. Diante das referidas pressões o profissional deverá denunciar o


autor a fim de que o mesmo seja processado e punido, pois, só assim será possível atingir a

tão almejada eficiência no serviço público.

É possível a manutenção de profissional portador de doença

incapadtante no Corpo Pericial?

31. A resposta para esta indagação precisa ser fornecida em duas

vertentes.

32. Se o servidor estiver no gozo de licença para tratamento de

saúde não será possível a permanência no serviço público ..Para tanto, basta ver o disposto

nos artigos 222 e 215 da Lei 10.460/88.

"Arl. 222 - O funcionário Iiccnciado nos tcrmos dos itens I, IJ e IX do art.

215 não podcní dedicar-se a qualqucr atividade remuncrada, sob pcna de


ser cassada li licença e demitido por abandono de cargo." (grifo aposto)
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"Âr!. 215 _. Ao funciunário poderá ser concedida licença:

I - panl tratamento de saúde;" (grifei)

33. Se a licença for superior a vinte e quatro meses e a doença

definitiva, o caminho a ser trilhado será a aposenta,doria por invalidez.

34. Importa glzar que esta modalidade de aposentadoria é

compulsória (obrigatório), portanto, não há se falar em opção pela permanência .

• 35. Por opOItuno, peço vênia para trazer a baila lição proferida
2
porJosé dos Santos Carvalho Filh0 :

"A aposentadorill por invalidez decorre da impossibilidade fisica ou psíquica


do servidor. de caráter penuanente, para exercer as funções de seu cargo. Neste
caso, é fácil iníerir que são irrelevantes 11 vontade do servidor ou os
requisitos acima apontados para a aposentadoria voluntária. o' (grifo inexistente

no original).

A concessão de licença com eÍeitos retroativos está de acordo

com a iegislação vigente?

36. A norma pertinente ao tema em destaque está disposta no

aJiigo 217 da Lei 10.460/88, in verbis:

"O funcionário deverá aguardar em cxercicio a concessão da licença, salvo


doença comprovada quc o impeça de comparecer ao scrviço, hipótese em
<Iue o prazo da licença começará a correr li partir do impedimento."

(destaquei)

37. A primeira parte do artigo alberga a regra geral segundo a qual

licença tem de ser concedida para o futuro, não servindo de meio de regularização
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2 Manual de Direito Administrativo. 14" Edição. Lúmen Juris, pá!!ina 553. I\/W
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funcional de quem quer que seJa, POIS, o servidor tem de aguardar a sua concessão em

exercício.

3t\. Excepcionalmente a licença poderá ter efeitos retroativos à


data do impedimento. Essa hipótese restrita condiciona-se à prévia constatação da Junta
Médica Oficial de que a moléstia que acometeu o funcionário o impedia '.inclusive de
comparecer ao serViço ou de submeter aos exames necessários perante o órgão oficial.

A Junt3 Médica Oficial do Estado tem de realizar perícias em


servidores de outras unidades federadas sem convênios ou
parcerias com o Estado de Goiás?

39. A análise da Lei Estadual 13.903/01, que regulamenta o

regIme de previdência estadual instituído pela Lei Complementar 29/01, pcmlite inferir
que o servidor durante os primeiros quinze dias de afastamento por motivo de doenç~ fará
jus ao recebimento de seus vencimentos pelo Estado de Goiás. A paliir do décimo sexto
dia de afastamento o mesmo receberá auxílio-doença que possui natureza de benefício

previdenciário.

40. Nesse sentido, vejam-se as disposições dos artigos 17 e 15 da

citada legislação:

"Arl. 17 - Durante os primeiros quinze dias consecutivos de afastamento da

atividade por motivo de doença, incumbc ao Estado. às autarquias c fundações e


demais entidades controladas direta ou indirctamente pagar ao participante os

seus vencimcntos."

"Arl.l5 - O auxílio-doença consiste em renda mensal correspondente à


integralidadc dos vencimentos do participante, sendo devido a contar do décimo

sexto dia do afastamento a este título.


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41. Como o Estado assume o ônus do pagamento dos vencimentos

nos primeiros quinze dias de afastamento, se o servidor estiver cedido com ônus a esta
unidade federada a junta goiana deverá realizar a avaliação pericial independentemente de

ajuste de vontades (v.g convênio) com o cedente.

42. Se o exame detectar a necessidade de afastamento por mais de

quinze dias, o servidor deverá ser submetido também' à avaliação do corpo médico doente
que o cedeu. Isto porque, o mesmo é servidor de outro regime previdenciário para o qual
contribui e, que por óbvio, deverá arcar com referidas despesas a partir do décimo sexto

dia.

43. Entender-se o contrário daquilo que ficou consignado no

parágrafo precedente seria o mesmo que admitir a imposição de obriga:;;ão de um ente


federado a outro, o que no mínimo tangenciaria quebra ao pacto federativo.

o servidor da Gerência de Saúde pode descumprir prazos


legais para: a realização 'de perícias; concessão e prorrogação

de licenças?

44. Mais uma vez salta aos olhos a obviedade da resposta que tem

de ser negativa.

45. Tais condutas poderão caracterizar a infração administrativa

prevista no artigo 303, LIV, da Lei 10.460:

"Arl. 303 - Constitui transgressão disciplinar e ao funcionário é proibido:

(...)
LI V - praticar crimes contra a administração pública."

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46. O cnme contra a administração será justamente o de

prevaricação, entalhado no miigo 319 do Código Penal Brasileiro:

"Arl. 319 - Retardar ou deixar de praticar. indevidamente, ato de ofício, ou


prat ica-lo contra disposição expressa de lei. para satisfazer i11leresse ou

sentimento pessoal:
•...
Pena - detenção, de 3 (trés) meses a 1 (um) ano c multa."

Mostra-se legítima a concessão de benefícios de forma

indevida'?

47. Logi(;amente não. Aquele que concede beneficios indevidos de

fom1a dolosa deverá ser responsabilizado civii e administrativamente.

48. A responsabilização administrativa derivará do desrespeito a

regra traçad2. no artigo 303, LV, do estatuto goiano, que prevê a pena de demissão:

"Art. 303 - Constitui transgressão discipiinar e ao funcionário é proibido:

(... )
LV - lesar os cofres públicos ou dilapidar o patrimônio estadual"

É correto favorecer gestantes ou puérperas autorizando-as a

não comparecer para avaliação pericial?

49. De forma alguma, POlS, como dito em linhas pretéritas o

exame pericial eXlgc a vistoria pessoal, que na impossibilidade de deslocamento da


servidora deverá ser rcalizado no local em que se encontra, haja vista o disposto artigo 224,

~ 1", da Lei 10.460/88.

50. Por fim, destaco a impossibilidade de responder os

questionamentos formulados nos itens 9,10,15,16 e J 7, vez que os mcsmos não possuem ,J
(j)
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conteúdo jurídico. Ressalto ademais, que os problemas ali relatados poderão ser resolvidos
simplesmente através da edição de paliaria pela autoridade competente com base no seu

poder regulamentar.

51. O prcfalado ato administrativo foi assim definido por Hely

Lopes Meirelles3:

"I'ortarias são atos administrativos internos pelos quais os chefes de

órgãos, repartições ou serviços expedem determinações gerais ou especiais


a seus subordinados, ou designam servidores para funções e cargos

secunàários." (grifei)

52. Depois de oferecidos os esclarecimentos devidos, SUgIro a

remessa dos autos à Secretaria da Fazenda - Gerência de Saúde e Prevenç:ão da

Superintendência de Gestão Estadual.

É o parecer.

À apreciação superior.

Procuradoria Administrativa, em Goiânia, aos II dias do mês de

julho de 2008.

Procurador do Estado

.' Direito Aàministrativo Brasileiro, 2T edição, Malheiros. página I RO.


Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira. 11 o 26, Centro, Goiémia-Go, CEP : 74003-010. TeLG.fone:
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Procuradoria Geral cio Estado de Goiás
Assessoria do Gabinete

Processo: 200800003008148
Nome: Gabinete da Secretaria da Fazenda Of. 735/2008

Assunto: Solicitação (Consulta)

00682C~
DESPACHO "AG" n.o _--------'/08. 1. Nestes autos, o
Secretãi-io da Fazenda, via Oficio n." 735/2008 (fls. 2), solicita análise jurídica acerca de
várias indagações relativas à Junta Médica Oficial do Estado de Goiás - Gerência de

Saúde e Prevenção da Superintendência de Gestão Estadual.

2. Das perguntas formuladas, teço as seguintes observações:

Questão n.o 3 - Atuar com pressa em detrimento da qualidade na

liberação de resultados?
Segundo meu entendimento, não se pode, de forma peremptória, vincular

o atuar apressado ao resultado desqualificado. Se as dúvidas suscitadas pelo titular da


Pasta Fazendária não se relacionam a fatos concretos, mas a situações hipotéticas, tenho
que essa circunstância não pode ser encarada como um axioma incontestável. É que os
seres humanos são dotados de ritmos diferentes, não significando, necessariamente, que
o trabalho executado em menos tempo seja de qualidade inferior àquele elab~rado c~m

mais vagar.
Essa particularidade deve ser aferida pontualmente.

Questão n.o 8 _ Trabalhar sob pressões administrativas de parte de outras

Gerências de Órgãos para descumprir a Lei e favorecer servidores?

Observo, neste ponto, que as atribuições dos médicos peritos são de

caráter técnico, devendo as conclusões de seus pareceres e laudos pautarem-se em dados

objetivos, reveladores da saúde fisica e mental dos servidores periciados.


www.pge.go.gov.br
Praça Pedro Ludovico Teixeira n.º 26, Centro, Goiânia, Goiás. Telefone: 32016100
74003-010
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Questão n. o 14 - Ceder beneficios indevidamente?

Considerando que a consulta não minudencia, nem contextualiza, o que


vem a ser essa concessão de benetlcios, ressalto, por oportuno, que a falta de amparo
legal dessa situação gerará, de conseqüência, uma falta disciplinar, cuja sanção

dependerá da correta tipificação do ato praticado.

3. Com esse aditamento, aprovo o Parecer n.o 4734/2008, da Procuradoria

Administrativa, restituindo os autos à Secretaria da Fazenda.

GABINETE DO PROCURADOR-GERAL DO ESTADO, em Goiânia,

aos '3.1 dias do mês de julho de 2008.

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FmncLScD Floientmo d~ Sc;.: .
SUBPROCURADOR.GERAL Da tS " •.,<1

Norival de Castro Santomé


Procurador-Geral do Estado

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SECRETARIA DA FAZENDA
DO ESTADO DE GOIÁS

Processo n° 200800003008148

Nome GABINETE DA SECRETARIA DA FAZENDA OF. 735/2008-GSF

Assunto SOLICIT AÇÃO

DESPACHO N° h. 5'f ~0 12008 - Encaminhem-se os presentes autos à

Gerência de Saúde e Prevenção para conhecimento do Parecer n° 004734/2008 e do


Despacho "AG" n° 006829/2008, da Procuradoria-Geral do Estado.

, SlJPERINTENDÊNCIA DE GESTÃO ESTADUAL DA


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SECRETARIA DA
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FAZENDA DO ESTADO DE GOIÁS, em Goiáni~, aos ! dias do mês de

r.ií ,'.-);(.lJ/l.-A.
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Luiz Edgar L~€Yfolini
Superintendentel

Superintendência de Gestão Estadual - www.sefaz.go.gov.br


Av. República do Líbano, n° 1.945 - Setor Oeste - CEP: 74.125-125 - Goiânia - GO
lhe I ASSAD I Programa de Documentos

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