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DEPARTAMENTO DE DIREITO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

CURSO DE LICENCIATURA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


SEMINÁRIO METODOLÓGICO

Projecto para Trabalho de Conclusão da Licenciatura

Reflexão em Torno da Comunicação Organizacional e seu Contributo na


Eficáçia das Instituições Públicas: O Caso do Distrito Municipal Kamavota
(2016-2019)

Discente: Docentes:

Ângela Neide Drs: Filipe Nhantuguês & José Manhiça

Maputo, Fevereiro de 2020


Para o trabalho a ser feito propõe-se o seguinte tema: Reflexão em Torno da Comunicação
Organizacional e seu Contributo na Eficáçia das Instituições Públicas: O Caso do Distrito
Municipal Kamavota (2016-2019). O qual enquadra-se na linha de orientação do
Desenvolvimento Organizacional (DO), em virtude deste procurar debater aspectos do processo
comunicativo, factor preponderante para o crescimento e desenvolvimento das instituições.

a) Delimitação do Espaço e Tempo

O tema proposto pretende-se realizar num campo espacial subordinado ao Distrito Municipal
Kamavota (DMK), em virtude desta instância mostrar-se um elo de ligação entre o Conselho
Municipal e as Localidades e/ou então Bairros municipais adjacentes, seguindo assim uma estrutura
lógica do processo comunicativo. Além deste justificativa, argumenta a pesquisadora que o DMK
constitui um ponto de interesse para a sua pesquisa devido a proximidade da sua residência,
facilitando deste modo o processo de colecta de dados.

Já no pelouro temporal, a pesquisa será realizada num período de quatro (4) anos compreendendo
os seguintes intervalos: 2016 ano em que o Conselho Autárquico de Maputo (CAM) desenha uma
nova estrutura de comunicação formal que subordina as suas instâncias inferiores, das quais o DMK
faz parte (CAM, 2019); e até 2019 é período em que a pesquisadora considera suficiente para
responder o seu questionamento em torno do tema proposto.

b) Contextualização

A CO na forma em que se acha configurada hoje em dia, é fruto de sementes lançadas no período
da Revolução Industrial, que ensejaria grandes e rápidas transformações em todo o mundo. Esta,
com a consequente expansão das empresas a partir do século XIX, propiciou o surgimento de
mudanças radicais nas relações de trabalho, nas maneiras de produzir e nos processos de
comercialização (Mumby & Stohl, 1996). Nesse contexto é que se devem buscar as causas do
surgimento da propaganda, do jornalismo empresarial, das relações públicas e da própria
comunicação organizacional como um todo.

Segundo os autores supracitados, as mudanças provocadas com o processo de industrialização


obrigaram as empresas a buscar novas formas de comunicação com o público interno, por meio de
publicações dirigidas especialmente aos empregados, e com o público externo, por meio de
publicações centradas nos produtos, para fazer frente à concorrência e a um novo processo de
comercialização. Assim, a propaganda foi pioneira em buscar formas de comunicação
mercadológica com o mundo exterior, especialmente com o consumidor .
O estudo da CO tem vindo a crescer desde a década de 90, considerando-se a sua
interdisciplinaridade, a sua internacionalização e a sua identidade (Koschmann, 2012). Sabe-se que
hoje, no contexto moçambicano, a criação de uma especialização universitária em comunicação
estratégica e organizacional, bem como a intensificação de produção científica nesta área, tem vindo
a promover a criação de uma identidade e da institucionalização desta disciplina (Oliveira & Ruão,
2014).

As complexidades organizacionais, na qual a CO se enquadra, e o seu recente estudo (isto é,


particularmente nas duas últimas décadas do século XX) são fundamentais para identificar as quatro
principais linhas de investigação que têm atravessado o seu estudo, considerando o seu legado
histórico multidisciplinar.

Os primeiros estudos da CO realizaram-se entre os anos de 1900 e 1970, designando-se este período
por período positivista ou de emancipação (Ruão, 1999). Este paradigma encara as organizações
como algo natural e aberto à descrição, à predição e ao controlo, sendo os seus estudos marcados
pelo princípio da racionalidade (Mumby & Stohl, 1996). Segundo este princípio, os estudos de CO
baseiam-se, essencialmente, num conhecimento instrumental que privilegie a predição e o controlo,
com vista à eficácia organizacional (Deetz, 2001; Mumby & Stohl, 1996). A comunicação é, assim,
representada em termos de informação e de administração, sendo que a sua investigação se centra,
essencialmente, na resolução de problemas relativos à ineficiência comunicativa (Miller, 2001;
Spence & Baker, 2007). Especificamente, importa frisar que a CO tende a ser encarada como uma
transmissão e uma retroação, considerando-se este tipo de comunicação um modelo telegráfico.

Já no quadro das reformas do sector público de Moçambique, a comunicação é tida como


ferramenta crucial para a prestação efectiva do serviço público. “Serviços públicos prestados não
mais por unidades de administração directa do Governo Central, mas por unidades das
administrações locais do Estado, autarquias locais, parcerias entre o sector público e privado ou
organizações da sociedade civil, sector privado ou institutos públicos” (CIRESP, 2001: 23).

De acordo com a Estrategia Global da Reforma do Sector Público (EGRSP, 2001-2011), o


funcionamento do sector publico ao nível da comunicação institucional vem criando estratégias
cada vez mais consistentes para a realização efectiva dos objectivos traçados (Idem). Assim, o
estudo a ser realizado enquadra-se no contexto das reformas que o Estado tem vindo a desenvolver
desde os anos 80.
c) Justificativa

Os DMK’s assumem um papel fundamental nas instituições da Administração Pública, possuindo


como principal função o estabelecimento de boas relações, entre os seus diversos públicos. Esta
função, também é transversal ao nível da academia. Os DMK’s assumem cada vez mais inúmeras
tarefas de cariz completamente díspar.
A comunicação é fundamental em qualquer instituição. A sua gestão assume-se como factor
estratégico e competitivo nas Instituições, em geral, e das Instituições académicas em particular. A
gestão estratégica da comunicação é fundamental na ligação entre a missão, os objectivos e os
públicos que pretende atingir para a modernização de qualquer organização.
A comunicação organizacional (CO) assume relevância relativamente à dinâmica organizacional,
desempenhando um papel determinante na disseminação de informação e, consequentemente, na
coordenação e conclusão de tarefas, na tomada de decisões e na resolução de conflitos (Ayub,
Manaf & Hamzah, 2014). Apesar desta relevância, o estudo da CO tem sido fragmentado, uma vez
que esta considera diferentes perspetivas que importa ter em conta, seja em termos académicos, seja
em termos práticos (Deetz, 2001; Oliveira & Ruão, 2014). Desta forma, emerge a necessidade de
se perceber como é que experts (docentes universitários, formadores e gestores de comunicação)
entendem, definem e concretizam a CO, realizando-se um estudo de cariz qualitativo exploratório,
com entrevistas semiestruturadas.
Desta forma, este projecto aplicado debruçará-se precisamente sobre esta temática: a Gestão da
Comunicação na Administração Pública, mais propriamente no DMK, a nível local. Sabendo da
existência de um Guia para as Comunicações na Administração Pública, a opção será realizar um
estudo das formas diversas, como se encontra organizado o DMK, com vista a realização de um
levantamento sobre as suas competências, organização e planeamento comunicacional.

d) Variáveis do Tema

Variável Independente: Comunicação Organizacional

Variável Dependente:Eficáçia das Instituições Públicas

e) Revisão Bibliográfica

A gestão da comunicação é fundamental para a obtenção de resultados adequados, na aquisição de


novas tecnologias, na redução de custos e no processo de mudança (Polit & Hungler 1995). Para os
autores, à medida que o planeamento estratégico analisa a comunicação, inserindo-a nas estratégias,
a probabilidade de sucesso da implantação de novas tecnologias aumentará.
Uma comunicação organizacional bem definida é importante para uma Instituição, mas não resolve
todos os seus problemas. A comunicação deve ser utilizada de forma adequada para poder
influenciar os padrões de produção e a identificação das diferenças estratégicas ao nível dos órgãos
de direcção.

Comunicar é tornar comum uma realidade, uma informação, uma ideia, um pensamento ou uma
atitude, através de um qualquer meio efetivo. Como tal, exige a presença de um conjunto de
elementos: um emissor ou fonte, um recetor ou destinatário, uma mensagem, um canal, uma
situação, uma intenção, propósito ou necessidade (Thayer, 1976). Para Oliveira (1984), a
comunicação é considerada um fenómeno cultural, porque de uma forma geral as práticas humanas
têm sempre a função de comunicar.

A comunicação é um processo de transferência de informações, ideias, sentimentos ou


conhecimentos entre duas ou mais pessoas. Este processo comunicacional, pressupõe a existência
de pelo menos três elementos:

Emissor: que é quem emite a mensagem. Para Teixeira (1998:159) “é a fonte ou origem da
comunicação, o primeiro elemento, sem o qual não há comunicação”. Receptor: é quem recebe a
mensagem. Nas instituições, os gestores e os colaboradores comunicam entre si e com entidades
exteriores, actuando quer como emissores, quer como receptores. Um Canal de Transmissão: é o
meio pelo qual a mensagem é transmitida do emissor para o recetor. Pode “revestir várias formas:
desde a voz humana, à rede de televisão, passando pelo fax ou pelo correio normal ou informático”
(Teixeira, 1998:159).

A comunicação desempenha assim, um papel essencial a qualquer instituição, desde a sua forma
mais simples, o conteúdo das ordens de serviço ou os contactos informais; até às formas mais
complexas, como a publicidade ou as relações públicas, o conhecimento das normas
governamentais para o setor, da atuação da concorrência, dos desenvolvimentos tecnológicos, ou
dos eventos internacionais.

Pode-se constatar que a comunicação, é anterior ao estabelecimento de uma instituição, mas que
deverá fazer sempre parte da sua vida, porque esta necessitará permanentemente de uma partilha de
informações, ideias ou pensamentos. Aliás, a comunicação está na base das atividades de
cooperação entre os seres humanos, sendo uma noção que preside às organizações (Kreps, 1990).
Ela é o principal meio, através do qual, a atividade individual é coordenada para identificar,
disseminar e prosseguir os objetivos institucionais (Gardner, 2001).
REFERÊNCIAS

GARDNER, J. (2001), Communication in organisation: intergroup perspetive. Chichester: Wiley.

OLIVEIRA, P. (1984), A Comunicação no Quotadiano Português. Coletânea de Comunicações.


Jornadas de Comunicação do CES/ISCTE. Volumes. I, II e III. Lisboa: Reló.

POLIT, D.; & HUNGLER, B. (1995), Fundamentos de pesquisa em enfermagem. 3º Edição. Porto
Alegre: Artes Médicas.

TEIXEIRA, S. (1998), Gestão das Organizações. Amadora: McGraw-Hill de Portugal.

THAYER, L. (1976), Comunicação: fundamentos e sistemas. São Paulo: Atlas.

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