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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE
TRANSTORNO DE ANSIEDADE

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

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CURSO DE
TRANSTORNO DE ANSIEDADE

MÓDULO I

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
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do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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SUMÁRIO

MÓDULO I
1 INTRODUÇÃO
2 O QUE É TRANSTORNO DE ANSIEDADE?
3 TIPOS DE FOBIAS ESPECÍFICAS (FOBIAS MAIS COMUNS)
3.1 PERSONALIDADES PREDISPOSTAS À ANSIEDADE
3.2 TIPOS DE TRANSTORNO DE ANSIEDADE MAIS COMUNS
4 COMO SE DIAGNOSTICA TRANSTORNO DE ANSIEDADE
4.1 CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA TRANSTORNO DE ANSIEDADE
4.1.1 Síndrome do pânico
4.1.2 Agorafobia
4.1.3 Transtorno de ansiedade social (fobia social)
4.1.4 Fobia específica (ou fobia simples)
4.1.5 Transtorno de ansiedade generalizada (TAG)
4.1.6 Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)
4.1.7 Transtorno do estresse pós-traumático
5 CAUSAS DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE

MÓDULO II
5 SINAIS E SINTOMAS
5.1 SINAIS DE EXAUSTÃO
5.2 EXERCÍCIOS PARA CONTROLAR A ANSIEDADE
5.3 SINTOMAS DOS TRANSTORNOS DE ANSIEDADE
6 TIPOS DE TRANSTORNO DE ANSIEDADE
6.1 TRANSTORNO DE PÂNICO
6.2 AGORAFOBIA
6.3 TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL (FOBIA SOCIAL)
6.4 FOBIAS ESPECÍFICAS
6.5 TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA (TAG)

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6.6 TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO (TOC)
6.7 TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO (TEP)
6.8 COMORBIDADES QUE PODEM ESTAR ASSOCIADAS
6.9 TRANSTORNO DE ANSIEDADE NA CRIANÇA E NO ADOLESCENTE
6.9.1 Transtorno de separação
6.9.2 Transtorno de ansiedade generalizada
6.9.3 Transtorno de ansiedade social
6.9.4 Fobias específicas
GLOSSÁRIO

MÓDULO III
7 TRANSTORNO DE ANSIEDADE TEM TRATAMENTO?
7.1 TRATAMENTO DE TRANSTORNOS ANSIOSOS
7.1.1 Transtorno de pânico e agorafobia
7.1.2 Fobia específica (fobia simples)
7.1.3 Transtorno de ansiedade social (fobia social)
7.1.4 Transtorno obsessivo-compulsivo
7.1.5 Transtorno do estresse pós-traumático
7.1.6 Transtorno de ansiedade generalizada
7.1.7 Tratamento de transtornos ansiosos na criança e no adolescente
7.2 OS OPOSTOS DISTRAEM
7.3 POR QUE FAZER TERAPIA?
7.4 COMO SE PREVENIR
7.5 COMO VOCÊ PODE AJUDAR NO SEU TRATAMENTO
7.5.1 Marque um encontro (ou reencontro) com você
7.5.2 Aprenda a realmente viver um dia de cada vez
GLOSSÁRIO

MÓDULO IV
8 NEM TUDO É TRANSTORNO DE ANSIEDADE
8.1 SUPERSTIÇÕES SÃO DIFERENTES DE OBSESSÕES
9 TRANSFORMANDO ANSIEDADE EM ANSIEDADE PRODUTIVA
10 CASOS REAIS

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11 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MÓDULO I

Alta Ansiedade
Se marco uma entrevista às 2
1:15 já fumei 10 cigarros
Se vou gravar uma faixa
A mesa do estúdio está quebrada
Não sei esperar, não sei esperar
E a minha vida é um engarrafamento
Se tenho uma festa às 10
8:30 já estou pronto
Fico balançando os pés
Sentado na beira da cama
O tempo não passa pra mim
Quero mais velocidade
Várias coisas ao mesmo tempo
Não quero esse bonde lento
Cazuza

1 INTRODUÇÃO

Este curso é sobre transtorno de ansiedade e suas manifestações. A


ansiedade é algo muito presente na sociedade atual, pois as pessoas desejam “ser
o melhor em tudo – mundo competitivo” e acabam sendo escravas de suas próprias
metas ideais. Ser magra como as modelos internacionais, ter o carro mais potente,
sucesso financeiro, isso acaba bloqueando as possibilidades de se aceitar e amar
ao próximo, trazendo sensação de vazio, angústia e relações superficiais. Muitas
vezes, nossa ansiedade impede o processo natural das coisas, gerando decisões
impulsivas baseadas em percepções parciais, trazendo resultados nem sempre
satisfatórios.
O medo, por outro lado, faz parte de nosso DNA; ele nos preserva porque
nos alerta para qualquer perigo real que esteja prestes a acontecer (chamado luta
ou fuga), portanto é impossível viver sem nenhum grau de medo. Se você se rende

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ao medo, evitando cada vez mais senti-lo, limita sua vida e outros medos surgem
também. A coragem é algo que pode ser aprendido, desde que estejamos dispostos
a enfrentar aos poucos o medo (aproximações sucessivas). A ansiedade é o medo
sem fator desencadeante real (perigo próximo). No entanto, ela possui um limite:
quando ele é ultrapassado, a ansiedade manifesta-se afetando o indivíduo como um
todo (reações físicas, comportamentais e psicológicas), deixando a pessoa em
estado de alerta constante.
O que diferencia a ansiedade normal da ansiedade patológica (doença) é a
sua intensidade. A ansiedade patológica deprime o sistema imunológico, ou seja,
deixa o indivíduo predisposto a doenças (câncer, problemas intestinais, problemas
cardíacos, entre outros). A alimentação rica em açúcares e cafeína (chocolate, café,
chá preto e refrigerantes) também auxilia no aumento da ansiedade em indivíduos
predispostos.
Neste curso, buscaremos apresentar para você a origem da ansiedade, como
identificar seu grau de manifestação e causas de sua permanência, bem como lidar
com ela de modo apropriado (medicamentos, psicoterapia, exercícios físicos e
outros) e usar de maneira construtiva sua ansiedade.

2 O QUE É TRANSTORNO DE ANSIEDADE?

Ansiedade é algo bem democrático, pois não há ser humano (rico, pobre,
culto, iletrado ou qualquer outra distinção que se possa fazer) que já não atenha
experimentado de alguma forma. Ela é um estado de alerta que nos movimenta a ir
ao encontro de algo. A ansiedade sob controle impulsiona a vida (estar em alerta
pela chegada de um filho, o resultado de um concurso concorrido ou o início de um
novo trabalho); a essa podemos chamar de ansiedade natural.

A palavra ansiedade, originária do latim, deriva da raiz indo-europeia angh,


que se refere a um sentimento de tormento e estrangulamento, à sensação
de impotência do indivíduo que, preso numa armadilha, está prestes a
perder o controle. Desde o começo, a palavra referiu-se a um estado interno
terrível, e não a um perigo externo. A palavra alemã angstvem da mesma
raiz, tendo o termo sido utilizado por Freud e pelos filósofos existencialistas
(GERZON, 1997, p.32).

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É importante sermos ansiosos com questões que valham a pena, como: o
que posso fazer para deixar o planeta melhor para as próximas gerações, soluções
para o sistema de saúde de nosso país, melhoria do relacionamento com minha
família, amigos e colegas de trabalho. Isso proporciona a melhoria de vida para mim
e para os que estão a minha volta. Lembrando que a ansiedade natural nos adverte
a respeito de problemas reais de nosso cotidiano: ela me lembra de pegar carteira
de motorista (CNH) ou o celular ao sair de casa, por exemplo.

Ansiedade – Estado emocional desagradável e apreensivo, suscitado pela


suspeita ou previsão de um perigo para a integridade da pessoa. As
manifestações de ansiedade podem ser de ordem física (descargas
automáticas: suores, taquicardia etc.) ou de ordem subjetiva (sentimentos
de apreensão nem sempre suscetíveis de descrição cabal) (CABRAL E
NICK, 2006, p.26).

A pessoa que é ansiosa crônica está constantemente em estado de alerta,


sempre com pressa, enfim, sempre acelerada. Vive sempre no futuro ou no
passado, exceto no presente. A ansiedade varia de pessoa para pessoa, é algo
subjetivo que se apresenta de várias maneiras e com intensidades variadas
abalando nossa sensação de bem-estar. O indivíduo sente-se agitado, nervoso,
irritado e muitas vezes não consegue descrever o desconforto que sente, derivado
do estresse, preocupação e tensão vivenciada. Portanto, é interessante buscar
entender o seu tipo de ansiedade, o grau de comprometimento nas tarefas diárias e,
se necessário, buscar ajuda especializada (psicólogo e psiquiatra). É importante
destacar que, mesmo na literatura especializada, a palavra medo confunde-se com
ansiedade. Vejamos:
- o medo: está relacionado com um objeto ou situação real. Exemplo: ser vítima de
um assalto ao sair do trabalho. A reação primitiva de luta ou fuga (descarga de
adrenalina no sangue) é experienciada pela pessoa que é assaltada, por isso alguns
reagem instantaneamente ou ficam totalmente paralisados e não conseguem
explicar porque tiveram tais reações.
- a ansiedade: normalmente sem fator desencadeante real, ou seja, imaginada
como perigo. Exemplo: ao sair do trabalho serei assaltado? Em grau mais
acentuado, pode restringir a vida, levando à crise do pânico ou outros transtornos de
ansiedade.
- a angústia: tem uma proporção maior.

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De modo geral, pode considerar o termo sinônimo de ansiedade. Contudo,
alguns intérpretes da terminologia psicanalítica têm querido encontrar certas
tonalidades na definição do termo originalmente introduzido por Freud
(Angst, que em alemão tanto significa ânsia como angústia), em seus
estudos sobre a neurose. Segundo eles, angústia seria apenas
manifestação superlativa da ansiedade, tal como, no campo da realidade
objetiva, pavor é superlativo de medo (CABRAL E NICK, 2006, p. 25).

Exemplo: sente-se um aperto no peito. Muitos pacientes vão se consultar


com o cardiologista e descobrem que “não têm nada”, nada que podemos mensurar,
mas que é sentido pelo paciente e lhe causa desconforto e até mesmo
constrangimento em alguns casos.
Adiante veremos que, para desenvolver transtorno de ansiedade, é
necessário ter personalidade e componente genético predisposto a esta tendência.
Para May (1971, p.32), “a ansiedade é, em suma, a forma contemporânea da peste
branca – a maior destruidora da saúde e bem-estar humanos”, pois é notável a
relação desta com problemas de relacionamento, estresse, depressão, baixa
autoestima, doenças psicossomáticas (desencadeadas por questões emocionais)
etc. Outros fatores que contribuem são: o ritmo da vida moderna, valores da
sociedade e padrões de conduta variáveis.
Existe uma pluralidade de modos de estar no mundo, de fazer parte do
universo. Isso causa falta de direcionamento do que vem a ser certo ou socialmente
aceitável como comportamento. Somos bombardeados por mensagens
subliminares:

a) consumismo: o ter em detrimento de ser, ou seja, valho não pelo que sou,
mas pelo que possuo;
b) materialismo (descrença na possibilidade de haver um Ser superior);
c) gratificação instantânea (relacionamento casual, falta de perspectiva e de
esperança);
d) violência constante (nos lares, nas escolas – bullying, no trânsito,
intolerância racial);
e) instabilidade financeira (planos de saúde que, na busca de lucros
excessivos, cortam benefícios e negam autorizações de exames,
aumentando nossa sensação de insegurança, falta de vínculo e
conectividade entre as pessoas e as instituições).

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A sensação de vazio (incapacidade de realização) torna-se presente e,
assim, as pessoas buscam incessantemente algo para preencher este espaço
(trabalho em excesso, consumismo, fanatismo religioso). No entanto, o que
conseguem é uma sensação passageira de bem-estar. May (1971, p. 32) menciona
que “quando um grupo sofre contínua ansiedade sem tomar medidas eficazes, seus
membros, mais cedo ou mais tarde, voltam-se uns contra os outros”. Portanto, a
sociedade atual vive este caos. As revistas semanais de circulação nacional sempre
têm como capa: corrupção, assassinatos, famosos instantâneos, divulgando uma
realidade cruel de que já estamos anestesiados e não mais nos chocamos, a não
ser quando somos atores principais (vítimas).
Como o indivíduo vive em sociedade, isso se reflete em sua vida cotidiana e
observa-se a prevalência de neuroses, perturbações emocionais e doenças
psicossomáticas que têm como pano de fundo a ansiedade.
“O valor que damos ao infortúnio é tão grande que, se dizemos a alguém
‘Como você é feliz’, em geral somos contestados” (PERCY, 2011, p.11). Isso está
nas conversas informais dos mais variados lugares: fila de supermercado, sala de
espera de consultórios, salões de beleza, sempre há alguém que respira e começa a
reclamar de alguma coisa, aí surgem outros no ambiente que se motivam a dar
continuidade ao tema, muitos contam fatos de sua vida pessoal a estranhos, e tudo
isso acontece porque, sem perceber, temos o hábito de reclamar, e isso gera
angústia e estresse.
A grande questão é como interpretamos a realidade que nos cerca. O desafio
à sociedade e à pessoa é enfrentar as transformações da era atual e futura com
equilíbrio (valores morais, espirituais, aceitação de si e do outro) usando de maneira
construtiva a ansiedade.
Como falamos anteriormente, a ansiedade faz parte da vida. Mas o que
diferencia a ansiedade normal da ansiedade patológica (doença – transtorno de
ansiedade) é sua intensidade e comportamento de esquiva. De um modo geral, a
ansiedade constitui um diferencial de personalidade. Enfim, todos possuem, mas o
grau de manifestação varia de indivíduo para indivíduo. O transtorno de ansiedade,
conforme Silva (2006) acomete indivíduos que têm personalidades já ansiosas.
Portanto, ser ansioso é estar constantemente inquieto, preocupado, acelerado,
tenso, independentemente do meio externo.

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Estar ansioso é ter todas essas manifestações, acrescentadas as sensações
físicas de sudorese, palpitações e náuseas. Quando o ser se une ao estar ansioso,
verifica-se grande desconforto e sofrimento, configurando o transtorno de ansiedade.
Devido à evitação da sensação de ansiedade intensa, surge o comportamento de
esquiva, que leva a pessoa a evitar tudo àquilo que lembre o que ela teme, assim
restringe suas atividades. É um transtorno muito comum na população, porém
poucos são os que procuram tratamento, sendo comum procurar esconder-se das
pessoas com quem convive.
Entretanto, existem sinais sutis de que a vida dessas pessoas está em
desequilíbrio. Vejamos as frases: “‘Estou aprisionado na rotina’; ‘Não tenho vida
própria’; ‘Estou esgotado, simplesmente exausto’; ‘Me sinto só’” (COVEY, 2009).
Essas são vozes de pessoas comuns, trabalhadoras, pais, chefes, que estão lutando
para se adaptar às exigências atuais de que precisamos ser bons em tudo que
fazemos e que o dia continua tendo somente 24horas e que não temos tempo a
perder. Segundo Covey (2009), o ponto central para enfrentarmos com sucesso
esses problemas é o rompimento com as antigas formas de pensar e se permitir
“não ser tão perfeito”, diminuindo as expectativas irrealistas em relação a si próprio e
aos outros, aumentando a satisfação e diminuindo as frustrações.
Nas fobias específicas – medos exagerados – de insetos, gatos, de dirigir,
as pessoas conseguem evitar contato e conseguem adiar um enfrentamento da
situação por algum tempo. A ajuda especializada só é solicitada quando a pessoa
tem prejuízos em várias áreas de sua vida (afetiva, social e profissional).
A notícia boa é que, em 80% dos casos, é possível ter uma melhora
significativa da qualidade de vida por meio do tratamento psicoterapêutico. O
autoconhecimento reduz a ansiedade e também ajuda a assumir maiores riscos (por
meio de técnicas terapêuticas), gerando maior tolerância a sensações de ansiedade.
A pessoa percebe que evoluiu gradualmente, começa a visualizar a possibilidade de
sucesso e toma as rédeas de sua vida.

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3 TIPOS DE FOBIAS ESPECÍFICAS (FOBIAS MAIS COMUNS)

Provavelmente, você já deve ter ouvido alguém dizer que tem medo
exagerado de insetos, mas o nome científico é entomofobia. Abaixo, temos a tabela
das fobias mais comuns e quais são seus focos de medo, bem como é chamado
cada um deles pelos profissionais de saúde mental. Esta tabela está descrita no livro
“Mentes com medo: da compreensão à superação” (SILVA, 2006, p.120).

Fobia Foco do medo


Animais
Ailurofobia Gatos
Aracnofobia Aranhas
Cinofobia Cães
Entomofobia Insetos
Ofidiofobia Cobras
Ambiente natural
Acrofobia Altura
Amatofobia Poeira
Frigofobia Clima frio
Ceraunifobia Trovão
Nictofobia Noite
Fonofobia Ruídos altos
Fotofobia Luz
Pirofobia Fogo
Sangue, injeção, ferimento
Hemofobia Sangue
Odinefobia Dor
Poinefobia Punição
Situação
Apeirofobia Infinidade
Claustrofobia Lugares fechados
Topofobia Medo do palco
Outros
Ginofobia Mulheres
Homofobia Homossexuais
Cacorrafiofobia Fracasso

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Logofobia Palavras
Teofobia Deus
Triscaidecafobia Número 13

3.1 PERSONALIDADES PREDISPOSTAS À ANSIEDADE

Abaixo, você terá a oportunidade de ver o que funciona bem ou mal sobre as
características de personalidade ansiosa, de acordo com Gerzon (1997). Outro fator
a ser destacado é que os tipos de reação à ansiedade também derivam de fatores
genéticos, de gênero (masculino e feminino) e culturais. Normalmente, variamos os
tipos de personalidade ansiosa de acordo com a situação existente, mas tem a que
predomina a maior parte do tempo. E não esqueça: ninguém mantém o equilíbrio
perfeito todo o tempo. O que podemos é reconhecer nossas atitudes ansiosas e nos
tornar mais tolerantes com as atitudes dos outros, pois a ansiedade é sentida e
enfrentada de maneira diferente por cada um de nós.

1. Preocupado: “Estou preocupado com...” Esta frase é dita comumente


por pessoas com uma atividade mental intensa as quais, para qualquer ação
que tenham de realizar, estão pensando obsessivamente nos prós e contras,
gerando mais incertezas. Outro fator marcante é a preocupação de como
pode ser visto pelo outro, “o que vão pensar...” Existe uma necessidade
elevada de agradar aos outros. Costumam ter problemas relacionados ao
sono (insônia), problemas digestivos (úlceras e gastrites) e hormonais.
Você se percebe preocupado?
Utilize sua mente de forma mais positiva e produtiva: em vez de se
preocupar, planeje, crie estratégias para alcançar suas metas, coloque tudo
isso no papel e analise. Como tem tendência à introspecção, pratique ioga,
meditação e técnicas de relaxamento.
2. Negador: “Depois eu penso nisso...”. Diferentemente do preocupado,
que pensa o tempo todo, o negador adia as decisões que precisa tomar,
procura sempre algo para se ocupar para afastar para longe de si a
ansiedade. Nega a ansiedade por meio de uso abusivo de álcool, é “louco

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por trabalho”, não tira férias nunca, come excessivamente, é fanático por
esportes, religião, compras; alguns têm casos extraconjugais. Desperta nas
pessoas um sentimento de inveja de que ele “sabe viver” sem se preocupar.
O que não é resolvido acaba tomando proporções maiores e tendo
resultados indesejados. As consequências são divórcio, demissão do
emprego e saúde comprometida.
Você se percebe negador?
Utilize sua mente de forma mais positiva e produtiva: pensando de forma
realista e colocando em prática. O negador é otimista e não se deixa abater
pelas dificuldades; isso é algo positivo em sua personalidade.
3. Aflito: “O que vou fazer agora...”. A ansiedade do aflito é algo que se
volta contra ele a ponto de ter sintomas físicos desconfortáveis, como:
taquicardia, falta de ar, tontura. Sofre também com pânico, depressão e
fobia. A dependência de outros ocorre com frequência e possui baixa
autoestima. Não confia em si mesmo, em suas capacidades, evitando
sempre situações que acredita que possam despertar sua ansiedade.
Você se percebe aflito?
Utilize sua mente de forma mais positiva e produtiva, com técnicas de
visualização, auto-hipnose e outras que induzem o corpo ao autoequilíbrio.
Tenha a consciência de que não detém as coisas à sua volta, que o ser
humano tem suas limitações. Precisa elevar o grau de confiança em si
mesmo, tendo papel mais ativo na vida, porque sabe que é responsável por
suas escolhas.
4. Explosivo: “Vou resolver isso neste instante...”. O explosivo tem como
característica básica querer modificar o mundo a sua volta para aliviar sua
ansiedade. Transfere conflitos interiores para os que estão ao seu redor
(filhos, patrões, cônjuges), culpando-os. Tende a analisar a realidade pelo
prisma do 8 ou 80, preto ou branco, ou seja, não vendo que existem outras
possibilidades. Assim, quer impor seu modo de agir e pensar aos outros por
meio do poder econômico (dinheiro), posições de autoridade e até força
física. Tem dificuldade de manter relacionamentos emocionais duradouros
devido à “falta de travas”, perde a paciência com facilidade, esbraveja e
responsabiliza os outros.

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Você se percebe explosivo?
Utilize sua mente de forma mais positiva e produtiva: precisa aprender a
respeitar as opiniões e sentimentos alheios, tomar consciência que nem tudo
depende de sua vontade, analisar a situação como um todo e pensar antes
de agir. Algo bastante positivo nesta personalidade é a capacidade de tomar
decisões e assumir responsabilidades.
5. Controlador: “Podemos resolver isso assim...”. Como o explosivo, o
controlador deseja controlar tudo a sua volta para evitar a ansiedade. Tem
como características a racionalidade, inteligência, autocontrole (mantém
normalmente a calma e não age com impulsividade). Há preocupação com a
sua imagem perante os outros, tem necessidade de aprovação e é
ambicioso, perfeccionista e organizado. É bastante valorizado no trabalho,
pois é responsável e comprometido com tudo que faz. Das personalidades
ansiosas é a mais admirada.
Você se percebe controlador?
Utilize sua mente de forma mais positiva e produtiva, aceitando que há
assuntos que fogem de sua responsabilidade e de seu controle, como o
comportamento dos outros. O autocontrole é importante, mas a repressão
emocional pode ser doentia.
6. Prestativo: “Deixa que eu ajudo você...”. O prestativo está sempre
disposto a atender às necessidades das pessoas, independentemente de
onde estejam. Já as suas necessidades são sempre deixadas de lado e
desenvolve codependência com as pessoas. Decepciona-se se seu apoio ou
sacrifício não é reconhecido. Recebe títulos de mãe exemplar, esposa
maravilhosa, funcionária padrão. Quando, por exemplo, os filhos crescem e
vão embora, a mãe com esse perfil sente-se deprimida e ansiosa (chamada
de síndrome do ninho vazio). Pode sofrer de obesidade, depressões e
alergias.
Você se percebe prestativo?
Utilize sua mente de forma mais positiva e produtiva, deixe de negligenciar
sua vida (necessidades e desejos). Precisa reconhecer que, muitas vezes, o
desejo de ajudar é para negar sua ansiedade. Nos relacionamentos, também

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precisa colocar limites e defender suas opiniões. Tenha objetivos e metas
pessoais.

3.2 TIPOS DE TRANSTORNO DE ANSIEDADE MAIS COMUNS

Segundo Silva (2006), estes são os seguintes tipos mais comuns de


transtornos de ansiedade:

1- Transtorno (síndrome) de pânico: caracterizado como medo do


medo, ansiedade aguda e reações corporais intensas (coração acelerado,
suor excessivo e sensação de morte próxima). Exemplo: medo de ter um
ataque cardíaco.
2- Agorafobia: caracterizado como medo de ter ataques em lugares dos
quais seja difícil sair. Exemplo: sair de um show em que haja muitas
pessoas.
3- Transtorno de ansiedade social (fobia social): caracterizado por
medo exagerado de passar vergonha ou ser humilhado. Incomoda-se por
pensar que possa estar sendo avaliado ou julgado por alguém. Exemplo:
medo de falar em público.
4- Fobia específica (ou fobia simples): grande medo de objetos e
situações que a pessoa percebe como ameaçadores. Exemplo: medo de
dirigir.
5- Transtorno de ansiedade generalizada (TAG): caracteriza-se por
ansiedade crônica por no mínimo 6 meses. Pensamento pessimista (vê
sempre o lado negativo). Exemplo: vive constantemente cansado (tensão
muscular crônica).
6- Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC): pensamentos repetitivos
ou rituais para alívio da ansiedade. Exemplo: checar repetidas vezes se
fechou a porta.

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7- Transtorno do estresse pós-traumático: caracteriza-se por
ansiedade e outros sintomas que revivem o tormento de forma intensa.
Exemplo: após sequestro relâmpago, relembra o que ocorreu o tempo todo.

No segundo módulo, abordaremos de modo mais detalhado os tipos de


transtorno de ansiedade mencionados acima.

Você sabia?

Que os transtornos mentais (depressão, estresse e ansiedade) são a


terceira maior causa de afastamento do trabalho por mais de 15 dias no Brasil? É
comum que as pessoas nem saibam que estão doentes. As causas geralmente
estão relacionadas a violência (assaltos), trabalho (carga horária exaustiva), família
(preocupação com pessoas próximas, filhos, pais, cônjuge) e problemas financeiros.
As atividades que mais apresentam casos são: transporte aéreo (controladores de
voo), extração de petróleo e fabricação de produtos têxteis, bancários, frentistas e
comerciantes. Listados estão também os profissionais da saúde, educação e
segurança (informação verbal)¹.

FIGURA 1

FONTE: Stock Photos. Disponível em: <http://www.sxc.hu>. Acesso em: 21 nov. 2011

¹ Notícia fornecida pelo Jornal Hoje, em São Paulo–SP, 23 de agosto de 2010.

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4 COMO SE DIAGNOSTICA TRANSTORNO DE ANSIEDADE

De acordo com Kaplan, Sadock e Grebb (1997), ao analisar um paciente


aparentemente ansioso, é necessário fazer a diferenciação do que seja uma
ansiedade normal de um estado de constante ansiedade que podemos chamar de
ansiedade patológica. A ansiedade é um alerta a uma ameaça que pode ser interna
ou externa, auxiliando o indivíduo a tomar as medidas necessárias para evitar ou
amenizar as consequências, por exemplo: esquivar-se de um carro em alta
velocidade.
A ansiedade normal apresenta-se também nas etapas naturais da evolução
do indivíduo, quando ele se depara com novas experiências: o bebê que se sente
ameaçado com o distanciamento dos pais; para a criança, o primeiro dia da escola
na educação infantil; para os adolescentes, a mudança do corpo e os
relacionamentos amorosos; para os adultos, aproximação da velhice ou
enfrentamento de uma doença.
A ansiedade patológica (doentia), podemos dizer, é uma resposta
inadequada em relação ao estímulo dado. Exemplo: ficar atormentado pela
aproximação de um gato (ailurofobia). Não existe uma causa única, determinante
para a ansiedade normal ou para os transtornos de ansiedade. Caso houvesse,
seria muito simples resolver. Como a pessoa percebe, pensa e age frente aos fatos
ao seu redor advém de suas vivências, personalidade e ambiente.
Os transtornos ansiosos afetam os setores mais diversos da vida, deixando
a pessoa “sem prazer em viver”, “sem alegria”. Esta vai fechando-se em seu mundo
interior (evita passeios, eventos sociais, competição esportiva e evolução
profissional) e isso é percebido pelas pessoas à sua volta: família, amigos e colegas
de trabalho. Surge a famosa frase: “Fulano não é mais o mesmo”. No entanto, o
indivíduo, às vezes, nem tem consciência disso.
É interessante destacar que uma pessoa ansiosa pode sentir inquietação,
enfim, incapacidade de ficar sentada ou parada por muito tempo. O corpo fala com
reações do tipo: tamborilar os dedos na mesa, cruzar as pernas e ficar balançando e
apertar as mãos. A concentração também fica alterada. Ela costuma elevar o perigo
e diminuir sua real capacidade de enfrentar devido a sua baixa autoestima. “E quase

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todos dizem algo como ‘Ninguém compreende como me sinto. Tenho tanto medo.
Estou perdendo tanta coisa. Não tenho mais nenhuma autoestima’” (ROSS, 1995,
p.11).

4.1 CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA TRANSTORNO DE ANSIEDADE

Os sintomas gerados por determinadas doenças são muito semelhantes


com os transtornos de ansiedade. Por isso, o profissional precisa estar atento para
poder diagnosticar o que realmente o seu paciente tem como doença. Vejamos
alguns pontos (KAPLAN, SADOCK E GREBB, 1997):

 transtornos neurológicos: epilepsia, traumatismos cerebrais e


síndromes pós-concussão;
 condições sistêmicas: doenças do coração (cardiopatias) e
insuficiência pulmonar;
 problemas hormonais: tensão pré-menstrual, menopausa,
hipertireoidismo e hipoglicemia (baixa de açúcar no sangue);
 transtornos inflamatórios: lúpus e artrite;
 estados de deficiência: deficiência de vitamina B12 e pelagra;
 condições diversas: doenças febris e infecções crônicas;
 condições tóxicas: abstinência de álcool e drogas, cafeína e
abstinência de cafeína e anfetaminas;
 transtornos psiquiátricos: esquizofrenia, mania e depressão, entre
outros.

Podem ser confundidos também:

 doença de Parkinson, doença pulmonar e dor crônica com crises de


transtorno de pânico;
 síndrome de Sjogren ou doença grave com transtorno de ansiedade
generalizada;

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 doença de Parkinson com fobia social;
 esclerose múltipla com transtorno obsessivo-compulsivo.

Lembre-se: Para que o diagnóstico seja relacionado a quadro clínico


(estado de saúde do paciente), é necessário verificar se o início se deu antes dos 35
anos, história familiar de presença de transtorno de ansiedade e condições de saúde
do paciente. Outro fator a ser considerado é a questão cultural para a manifestação
da ansiedade: umas vezes predominam os sintomas físicos e, em outras, os
sintomas cognitivos.
A seguir, critérios para diagnóstico de transtorno de ansiedade:

4.1.1 Síndrome do pânico

O DSM-IV não determina o número mínimo de ataques de pânico nem sua


frequência, mas que pelo menos um ataque seja prescindido de um mês de
preocupação antes do último episódio, ou as implicações posteriores e também
mudança de comportamento, de acordo com Kaplan, Sadock e Grebb (1997). Os
critérios diagnósticos são: suor excessivo, respiração ofegante, coração acelerado,
medo de morrer, de enlouquecer, sensação de formigamento, de estar distante de
si, fraqueza, sufocação, pensamento catastrófico e desespero.
Quatro ou mais sintomas intensificam-se e alcançam seu auge em 10
minutos. Geralmente os ataques são inesperados (vindos do nada) e recorrentes.
Ou pode ser que tenha acontecido apenas uma crise de pânico seguida de
antecipação incapacitante, medo de que possa voltar a acontecer outra crise. Só de
viver sob essa “expectativa”, tem o mesmo efeito devastador de um ataque, segundo
Ross (1995). O terror sem motivo é tão amedrontador para quem teve a experiência,
mesmo que por uma única vez, que utilizam termos como: “a coisa” ou “aquilo”.
As mulheres são mais acometidas por esse transtorno, que ocorre com igual
frequência em centros urbanos e na área rural, contrariando a ideia de que ele surge
devido à agitação dos grandes centros, como São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador.

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20
É frequente que o transtorno de pânico se apresente com agorafobia. Entretanto,
existe transtorno do pânico sem agorafobia, mas a agorafobia sem pânico é rara.

4.1.2 Agorafobia

É a ansiedade acerca de estar em locais ou situações de onde possa ser


difícil (ou embaraçoso) escapar ou onde o auxílio pode não estar disponível
(KAPLAN, SADOCK E GREBB, 1997).
A evitação de determinados locais por medo de passar mal ou de ter ataque
de pânico (para o paciente que tenha o transtorno de pânico associado) ou um
desconforto semelhante a um ataque de pânico é fonte de preocupação constante
para alguém que possui agorafobia. Ele pode ter crises em qualquer lugar (casa,
túnel, rua), mesmo que nunca tenha estado em um túnel ou que no local que teme
nunca tenha ocorrido um ataque de pânico, simplesmente porque ele acredita que é
um lugar em potencial para que o ataque ocorra, portanto ele não vai.
A agorafobia pode ser específica (passarelas, pontes, filas, elevadores) ou
generalizada (sair de casa); ela impede muitas vezes de ir a eventos importantes,
como formatura do filho ou o casamento de um amigo. Quando a pessoa não
consegue utilizar meios de transporte (carros, ônibus ou trem), ou não consegue
ficar só em casa, aumenta sua dependência das pessoas, provocando conflitos na
família, que não consegue entender por que um indivíduo adulto age assim desta
forma, ela, além de sofrer com sua ansiedade, sofre por se sentir culpada, “um fardo
para a família”. A depressão e o alcoolismo contribuem em alguns casos para a
piora do quadro.

4.1.3 Transtorno de ansiedade social (fobia social)

Caracteriza-se por reações intensas de ansiedade conforme as quais a


pessoa tem consciência de que seu medo é exagerado. Teme ser julgada pelos

AN02FREV001/REV 4.0

21
outros ou ter de passar por humilhação ou situação vexatória. Para fins de
entendimento, podemos chamar de timidez exacerbada (SILVA, 2006).

Além disso, outras características das fobias devem estar presentes: uma
reação intensa de ansiedade com manifestações autonômicas ao se
defrontar ou permanecer na situação; a tentativa de evitá-la a todo custo; o
reconhecimento de que o medo é irracional e excessivo; e o
comprometimento das atividades sociais e ocupacionais (GENTIL E NETO,
1996. p.113)

A insegurança e a ansiedade são naturais em situações sociais, como comer


em um restaurante refinado, falar em público, encontros amorosos ou uma
apresentação musical. A ansiedade motiva-nos a nos preparar para podermos ter
um bom desempenho e não passar por situação constrangedora. A fobia social pode
afetar o crescimento profissional do indivíduo, pois não conseguirá apresentar-se em
público, outros não conseguem se alimentar ou tomar uma xícara de café, escrever
na presença de estranhos ou participar de festas com os colegas de trabalho. A
pessoa restringe muito seu círculo de amizades e convivência, não tendo, ao longo
do tempo, novos amigos. Enfim, pode levar a uma vida de solidão (GENTIL E NETO,
1996).

O medo é o mais tradicional espantalho que sempre usamos quando


continuamos a fazer como sempre fizemos. Na meia-luz dos nossos
automatismos. Na meia-lucidez do nosso sonambulismo crônico. É esse
medo de ser, de se sentir ou de se ver diferente de todos e de si mesmo a
primeira e a mais fundamental das resistências psicológicas (MEGIDO apud
GAIARSA, 2004, p.28).

4.1.4 Fobia específica (ou fobia simples)

De acordo com Silva (2006), medo persistente e irracional revelado pela


presença ou antecipação de que pode ser exposto ao que teme. A exposição ao
objeto ou situação temida leva a uma resposta imediata de ansiedade que pode
chegar a provocar um ataque de pânico. Evitar ao máximo a situação indesejada faz
com que a pessoa suba de escadas até o 11º andar, por exemplo, ao invés de
utilizar o elevador. O indivíduo percebe que o medo que apresenta é

AN02FREV001/REV 4.0

22
desproporcional, mas não consegue controlar-se. A fobia específica caracteriza-se
por vários tipos:

 animal (cobra, barata, gato etc.);


 ambiente natural (alturas, trovões, relâmpagos e água);
 sangue, injeção, ferimentos;
 situacional (de voar, elevadores, locais fechados, de dirigir);
 outro tipo: que não se encaixam nas descrições citadas logo
anteriormente.

Destacamos entre as fobias específicas o medo de dirigir. Segundo Corassa


(2006), ele é muito comum, fazendo com que as pessoas, mesmo possuindo veículo
próprio, não dirijam (famosa síndrome do carro na garagem). Estas dispensam
trabalhos importantes porque não dirigem em dia chuvoso, levam os filhos ao
colégio de ônibus e andam sempre de ônibus ou táxi quando alguém da família
(filhos, esposo, irmão ou amigo) não pode dirigir para elas. Sentem-se constrangidas
ao aceitar carona, pois se percebem incompetentes. Se for homem, tende a sofrer
ainda com o preconceito, pois em nossa sociedade, obrigatoriamente, o homem
(visto como provedor) deve saber dirigir para levar sua família, esposa ou namorada
aos mais variados lugares.
Um fato intrigante é que grande parte destas pessoas que possuem carteira
de habilitação foi aprovada pelo órgão competente, mas não se aprovam como
motoristas. Normalmente, são pessoas responsáveis, organizadas, detalhistas, que
não gostam de críticas e de cometer erros. O fóbico da direção incomoda-se com o
que os vizinhos, colegas de trabalho ou família pensam a seu respeito quanto a não
dirigir e entra em um círculo vicioso por não se permitir errar, portanto, evita treinar
e, assim, não consegue o domínio do veículo. Quanto menos domínio, mais medo.
O tratamento que dá resultados mais satisfatórios é antidepressivo e terapia
cognitivo-comportamental. O uso de antidepressivos é comum devido à incidência
de fobia e depressão. E a terapia auxilia a pessoa a entender seu medo e a realizar
aproximações sucessivas ao seu objeto ou situação temida. No caso de dirigir, a
pessoa começa por lugares conhecidos de pouco movimento, estando com alguém
de sua confiança, até superar sua dificuldade de forma progressiva.

AN02FREV001/REV 4.0

23
Dicas
Livros para aprofundar o conhecimento a respeito do medo de dirigir:
 Dirigir sem medo – Cecília Cristina Bellina
 Sem medo de dirigir – Regina Pastore

FIGURA 2

FONTE: Stock Photos. Disponível em: <http://www.sxc.hu>. Acesso em: 19 dez. 2011

4.1.5 Transtorno de ansiedade generalizada (TAG)

O transtorno de ansiedade generalizada é definido como preocupação


excessiva sem foco específico (que persiste por no mínimo 6 meses). Preocupa-se
com tudo: com as atividades diárias, família, trabalho, saúde, finanças, o clima, a
situação atual do país etc. Existe a consciência por parte da pessoa e dos demais de
que esta preocupação é exagerada. Mas é algo que ela não consegue controlar. A
pessoa acometida por esse transtorno não consegue definir quando começou
porque sempre teve um estado ansioso ao longo da vida.
Estudos indicam que este transtorno acomete mais mulheres entre 20 e 30
anos que vivenciam um estado constante de tensão, pois acreditam que são mais
predispostas a que aconteça algo de ruim. Exemplo: deixam de curtir uma viagem
devido à preocupação excessiva com os possíveis acontecimentos, por exemplo,
furar o pneu ou acidente. Isso é por causa da ansiedade antecipatória, que é um dos
sintomas presentes nos transtornos ansiosos. Veremos com mais detalhes no
próximo módulo (KAPLAN, SADOCK E GREBB, 1997)

AN02FREV001/REV 4.0

24
É difícil a diferenciação entre ansiedade generalizada, depressão ou
transtorno distímico, porque muitas vezes eles se apresentam juntos. Geralmente, a
pessoa que possui este transtorno já se consultou com diversos especialistas:
clínicos gerais, cardiologistas, gastroenterologistas etc., em busca de resolver os
sintomas físicos: sudorese, taquicardia, tremores e irritabilidade. Isso acontece
quando a pessoa passa a ter problemas em sua vida pessoal e no trabalho. O
estresse ambiental (em casa e/ou no trabalho) pode desencadear o transtorno em
indivíduos predispostos geneticamente. Ou seja, que haja caso de depressão e
ansiedade na família.
As mudanças da vida, como divórcio, nascimento de um filho e demissão,
também são fontes de ansiedade normalmente, mas para o indivíduo que possui
ansiedade crônica é muito mais sofrido e desgastante. No entanto, como na maioria
dos transtornos mentais, a causa não é conhecida nem única, porque pode existir
um conjunto de fatores que influenciam. É importante descartar qualquer
possibilidade de doença física (hipertireoidismo, alergias alimentares, tensão pré-
menstrual) antes do diagnóstico de ansiedade generalizada (KAPLAN, SADOCK E
GREBB, 1997).

4.1.6 Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)

Até os anos de 1980, o transtorno obsessivo-compulsivo era tido como raro.


Hoje, sabemos que ele é muito comum. A obsessão é um pensamento, sentimento,
ideia ou sensação que invade a mente. A compulsão é um comportamento
consciente (a pessoa percebe o caráter irracional) e recorrente de checar, verificar e
contar. Ou seja, a obsessão faz com que a pessoa pense muito que é importante
checar o gás antes de sair de casa. A compulsão faz com que a pessoa cheque
várias vezes para ter a diminuição da ansiedade. Quando a pessoa não cede a este
impulso, a ansiedade aumenta e ela checa repetidas vezes.
Este transtorno é incapacitante, pois consome tempo. É comum ele estar
associado à depressão, aproximadamente 75% dos casos, segundo Silva (2004).
Como no exemplo acima, a pessoa, às vezes, deixa de sair de casa por ter se

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25
atrasado muito com a checagem. Isso traz grande sofrimento e solidão para o
indivíduo, pois ele tem consciência do caráter irracional das suas ações, mas não
consegue mudar. Envergonha-se de suas atitudes e procura esconder-se das
pessoas.
A nossa mente está constantemente povoada pelos mais diversos
pensamentos bons, ruins, inconsequentes, enfim, de todos os tipos. Muitos estão de
acordo com nossos princípios e refletem como nos comportamos no mundo. Outros
negamos até a nós mesmos. E se estes que negamos não conseguiram “desgrudar”
de nossa mente podem gerar em nós ansiedade e, para evitá-la, podemos utilizar
pequenos gestos que aliviam momentaneamente tal sensação. O diagnóstico
diferencial são transtorno de Tourette (tiques motores e vocais), epilepsia e
complicações pós-encefalíticas.

Para que os pensamentos sejam considerados obsessivos, eles devem ser


desagradáveis, intrusivos, indesejáveis e repetitivos. Quem os tem não os
quer e, embora saiba que jamais concordaria com o conteúdo desses
pensamentos obsessivos ou faria o que eles sugerem, sente uma pesada
culpa por tê-los. [...]Mas ele também pode começar a remoer a preocupação
de que, se está pensando naquilo, é porque talvez seja mesmo capaz de
fazer aquilo. A partir daí, pode tentar fazer um esforço tremendo para não
voltar mais a pensar naquilo e, pior, desenvolver comportamentos como
evitar subir ou descer a escada junto com seu desafeto. (SILVA, 2004, p.8-
9)

No TOC, como é popularmente conhecido, os rituais e as superstições estão


fora de controle, trazendo sofrimento e prejuízos ao dia a dia do indivíduo. Mas
pequenas manias (esquisitices) são algo normal que todos nós possuímos e que
não caracterizam um transtorno. Vejamos, segundo Silva (2004):

a) os desenhos animados retratam por meio de personagens famosos: tio


Patinhas (conta sua fortuna o tempo todo), Penélope Charmosa (seu cabelo
tinha que estar sempre impecável e seu carro extremamente limpo), Branca
de Neve (após se perder, quando chega à casa dos anões, vai organizá-la).
b) na vida real, existem celebridades com certas esquisitices em comum.
Para David Beckham, as latas de Coca-Cola devem ser só em números
pares. O famoso J.R.R. Tolkien, autor do filme “O senhor dos anéis”, deixou
uma obra inacabada “O Silmarillion”, devido a constantemente revisá-lo e
modificá-lo. Após sua morte, seu filho fez a publicação.

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É importante ressaltar o quanto é necessário ter compreensão e carinho com
as pessoas que são acometidas por esse transtorno, evitando piadas e que sejam
vítimas de chacotas.

Dica
Filme: “Melhor impossível” (1997).

FIGURA 3

FONTE: Stock Photos. Disponível em: <http://www.sxc.hu>. Acesso em: 19 dez. 2011

4.1.7 Transtorno do estresse pós-traumático

O estresse pós-traumático advém de o paciente ter vivido um estresse


emocional significativo, ou seja, traumático para qualquer indivíduo. Conforme
Kaplan, Sadock e Grebb (1997), o transtorno pós-traumático consiste em:

 revivência do transtorno por meio de sonhos, recordações e


pensamentos;
 evitação de coisas ou situações que lembram o trauma;
 hiperexcitação persistente (dificuldade para manter o sono,
irritabilidade, resposta de sobressalto exagerada);
 é comum estar associado a depressão, ansiedade e dificuldades
cognitivas (como falta de concentração e atenção).

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27
E pode acontecer de estes sintomas aparecerem:
 agudo(menos de 3 meses);
 crônico (de 3 meses ou mais);
 com início tardio (6 meses após o evento traumático ter ocorrido).

Outro fator é se causa sofrimento para a pessoa em nível social, ocupacional


e familiar após o evento. Eventos que podem desencadear o transtorno de estresse
pós-traumático:

 experiência de combate (ex-combatentes de guerra, policiais que


enfrentam o crime organizado e pessoas que convivem com esta situação,
como no caso dos moradores das favelas dos grandes centros, como Rio de
Janeiro e São Paulo);
 agressão física (sofrida por moradores de rua, homossexuais, negros,
violência doméstica e outras);
 estupro (principalmente quando ocorre por parte de pessoas que
deveriam proteger a criança: pais, tios e avós);
 sérios acidentes (automobilísticos, aéreos, do trabalho, nincêndio em
edifícios);
 sequestros (com cativeiro ou relâmpago).

Destacamos a questão do sequestro, de acordo com Santos (2007),


independentemente de ser o relâmpago ou o que tenha mantido em cativeiro a
pessoa e seus familiares, amigos e testemunhas, que pode desenvolver transtorno
do estresse pós-traumático. A pessoa que foi sequestrada é chamada de “vítima
primária” e aqueles que são próximos a ela, como parentes e amigos, de “vítimas
secundárias”.
Como diagnóstico diferencial, Santos (2007) enfatiza que é preciso descartar
a possibilidade de:

 transtorno de ajustamento (não tem gravidade de ameaça real);


 transtorno de estresse agudo (inicia os sintomas antes de 4 semanas
após o evento estressor);

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28
 transtorno obsessivo-compulsivo;
 esquizofrenia;
 transtorno de humor.

Ainda hoje, há uma preocupação com os autores do sequestro (que é


válida), mas a vítima, com poucos dias, sai da mídia e fica confinada, em alguns
casos, em seu “filme interior” de revivência do sofrimento. Precisamos buscar dar
mais atenção a este fato.

5 CAUSAS DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE

Como já dissemos, as exigências são cada vez maiores e precisamos ter


tempo para realizar trabalho de excelência, termos uma “rede de amigos”,
alimentação saudável, ser um ser espiritualizado e ser pais presentes. Enfim, ter
qualidade de vida. Isso é o ideal, mas algo que, pelo menos para a grande maioria
das pessoas, ainda é sonho.
Gerzon (1997) relata que, em sua prática clínica, percebeu que o pano de
fundo de várias reclamações (nervosismo, angústia, autossabotagem, doença física,
maus hábitos, dependência e baixa autoestima) aumentam a ansiedade. E
acrescenta: “comecei a perceber que a felicidade e o sucesso na vida tinham
relação direta com a capacidade de lidar com a ansiedade” (GERZON, 1997, p.15).
Enfim, saber filtrar aquilo com o qual vale a pena ter ansiedade, porque ela
determina nossa personalidade e nosso caráter.
As causas da ansiedade patológica (doença) estão relacionadas com
disfunções de um ou mais dos seguintes sistemas (SILVA, 2006):

 sistema nervoso central e periférico: cérebro e as fibras que o


conectam com o corpo todo;
 sistema endócrino: área responsável pelas funções reprodutivas,
menstruação e a queima dos alimentos no organismo;

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29
 sistema imunológico: responsável por defender nosso organismo de
vírus e bactérias. A ansiedade excessiva o deprime, deixando a pessoa
exposta a doenças;
 sistema cardiovascular: responsável pelo coração e todos os vasos
sanguíneos do corpo.

Importante: O termo transtorno de ansiedade pode ser utilizado somente quando o


principal sistema afetado for o sistema nervoso central e periférico.

Os fatores que podem predispor o indivíduo a ter o transtorno de ansiedade,


de acordo com Silva (2006), são:

 instabilidade fisiológica: a mente interfere no corpo como um todo.


Por isso, quando a pessoa fica ansiosa, surge o medo, desencadeando uma
descarga exacerbada de adrenalina (potencializa a capacidade muscular de
luta ou fuga). Nem sempre o perigo é real. Na ansiedade patológica, o
indivíduo vive em constante estado de alerta;
 fatores genéticos: quando há casos de transtorno na família,
principalmente de pessoas próximas (pais, irmãos, tios), o indivíduo pode
estar mais predisposto;
 ambiente familiar: segundo teorias comportamentais, “um indivíduo
pode aprender a ter uma resposta interna de ansiedade, imitando as
respostas ansiosas de seus pais (teoria de aprendizagem social)” (KAPLAN,
SADOCK E GREBB, 1997, p.547).Pais perfeccionistas e superprotetores
podem deixar a criança insegura, com medo de enfrentar coisas novas por
medo de errar e decepcioná-los;
 tensão emocional (pressão): fatos tristes, como a morte do cônjuge
ou de pessoas próximas, perda inesperada de emprego, ou mudanças
positivas, como casamento, nascimento de bebê, progresso profissional
(SILVA, 2006);
 visão de mundo: como a pessoa percebe o mundo a sua volta. As
crenças irracionais (“isso só acontece comigo”, “estão me avaliando”), fraca
confiança em si e visão negativa do mundo (SILVA, 2006);

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30
 alimentação rica em cafeína (refrigerante, chocolate, chá preto) e
açúcares (SILVA, 2006).

FIM DO MÓDULO I

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31
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA
Portal Educação

CURSO DE
TRANSTORNO DE ANSIEDADE

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

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32
CURSO DE
TRANSTORNO DE ANSIEDADE

MÓDULO II

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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33
MÓDULO II

Medo
O medo é uma sombra que o temor não esquiva
O medo é uma armadilha que prendeu o amor
O medo é uma alavanca que apagou a vida
O medo é uma fenda que aumentou a dor

Tenho medo de gente e de solidão


Tenho medo da vida e medo de morrer
Tenho medo de ficar e medo de escapulir
Medo que dá medo do medo que dá
Lenine

5 SINAIS E SINTOMAS

A ansiedade natural (normal) faz parte de todo ser humano. Como já foi dito,
é impossível viver sem uma dose de ansiedade. No entanto, como a enfrentamos é
que é o diferencial entre vida saudável e vida limitada. Segundo Gerzon (1997), as
pessoas utilizam vários mecanismos para evitar entrar em contato com seus
sentimentos e com a ansiedade. Porém, estes arranjam meios de se manifestar
(vícios diversos, consumismo, jogos eatitudes autossabotadoras). As atitudes
autossabotadoras impedem-nos de efetivar a decisão tomada. Por exemplo:

 começar uma dieta toda segunda-feira e terminar na quarta-feira;


 fazer matrícula na academia e não continuar devido ao tempo e a
outros afazeres;
 colocar na função soneca o celular para aproveitar 5 minutinhos de
sono a mais em um dia frio – e atrasar-se para o trabalho.

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Esses são exemplos simples do nosso dia a dia em que temos sempre o
mesmo padrão de atitude, pois somos seres repetitivos. Para as coisas que
funcionam bem, é tranquilo agir desta forma, mas para o que nos faz mal, o mesmo
padrão de resposta gera muitos problemas. Geralmente, só percebemos que
tivemos a mesma resposta após o fato ocorrido, gerando um ciclo de
autossabotagem. Vemos isso presente em nossos relacionamentos com nós
mesmos e com os outros. Será que todos os homens solteiros não querem
compromisso? E que todas as mulheres são iguais? Que todo trabalho é chato? Ou
são as nossas respostas que são sempre as mesmas? Ou seja, faço minhas
escolhas baseadas em minhas crenças pessoais e não considero outras
possibilidades.
Naturalmente, se minhas decisões frente a estímulos semelhantes são
iguais, então os resultados serão sempre os mesmos. Portanto, não adianta
transferir para os outros a responsabilidade por todas as consequências, “ele (a)
precisa mudar”. Uma realidade incontestável é que não podemos mudar o outro nem
o mundo, mas podemos mudar nossas atitudes e nosso olhar para este mundo.
Para desenvolver nossa personalidade, precisamos enfrentar a ansiedade que
aquele estímulo gera, seja positiva ou negativa.
Às vezes, as pessoas, para não passar por este processo de crescimento,
permitem-se ser guiadas por líderes não saudáveis, mas que trazem a tranquilidade
e segurança de não pensar por si sós, não ser responsáveis por suas escolhas.
Temos casos na história da humanidade: Hitler, Fidel Castro, Kadafi e outros. São
pessoas corrompidas pelo poder, que trouxeram muita dor às pessoas e também
soluções fatais, mas que fizeram isso com a permissão ou omissão de seus
compatriotas. “As pessoas nos tratam como nós as ensinamos a nos tratar.” Wayne
Dyer.
A mentalidade de vítima, conforme Cooper, Trammel e Lau (1997), faz parte
das histórias que ele ouve.

O comportamento de vítima e o sentimento de estar sendo esmagado são


dois outros padrões que costumam estar presentes com frequência. Uma
boa maneira de compreender estes padrões negativos de comportamento é
usar o conceito desenvolvido por Stephen B. Karpman, que explica a
dinâmica dos papéis dentro de um relacionamento como um triângulo
formado pelo Perseguidor, o Salvador e a Vítima (COOPER, TRAMMEL E
LAU,1997).

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Exemplo: mãe superprotetora.

5.1 SINAIS DE EXAUSTÃO

De acordo com Cooper, Trammel e Lau (1997),existem alguns sinais de


exaustão devido a semanas, meses ou anos vivendo em desequilíbrio. Os sintomas
são falta de energia, motivação, alegria, satisfação, interesse, sonhos, concentração
e autoconfiança. As falas que seguem exemplificam tais sintomas: “Acordo cansado,
vou dormir cansado, parece que não tenho mais energia para nada”. Ou “sinto-me
como se estivesse andando em uma esteira rolante, caminhando rápido para lugar
nenhum” (Cooper, Trammel e Lau (1997).
Cada pessoa sente de maneira diferente sinais de exaustão, como:

 mau humor e visão negativa a respeito de si e da vida;


 falta de vontade de realizar tarefas que antes eram prazerosas;
 sensação de estar sempre carregando algo nas costas e isso gera até
sintomas físicos (tensão e dores musculares constantes e dores de cabeça);
 sensação de que se esforça, “mas não sai do lugar”;
 outras áreas também são afetadas: sexualidade (falta de desejo ou
interesse), apetite (para mais ou para menos) e sono (insônia ou excesso de
sono). Ao dormir não relaxa, pois acorda cansado e irritado.

A mentalidade de vítima é um sintoma clássico de esgotamento (COOPER,


TRAMMEL E LAU,1997), pois nós nos colocamos nesse papel por meio de nossas
escolhas e depois culpamos os outros (o emprego, o marido ou a esposa, os filhos
ou quem quer que seja), negando sempre que isso ocorre. Este esgotamento leva a
atitudes extremas e nos justificamos por isso. Por exemplo:

 brigas e até morte no trânsito porque alguém buzinou ou fez uma


manobra indevida;

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 violência doméstica (desconta na família as frustrações advindas do
trabalho);
 violência na escola: brigas (jovens digladiam-se por motivos banais) e
bullying.

Portanto, se fizermos uma análise desses comportamentos extremados,


veremos que eles advêm de pessoas que estão vivendo no limite. A exaustão é
resultado de uma vida em desequilíbrio que pode trazer resultados como a perda da
saúde (física e mental), vida desarmoniosa com cônjuge e filhos e a falta de
oportunidade para aproveitar o lado bom da vida.
Existem três perfis de personalidade que podem levar à exaustão, segundo
Cooper Trammel e Lau(1997):

 o perfeccionista – caracterizado por querer fazer tudo com perfeição,


controlar e ter sempre a sensação de estar certo;
 o “via expressa” – caracterizado por pensar em soluções rápidas e
querer ser sempre o primeiro a terminar. Tem mil e uma atividades para
desenvolver, por isso está sempre correndo. Não almoça direito, sai
correndo no trânsito, abusa de cafeína e fiscaliza a rapidez dos outros;
 a síndrome do super-humano – caracterizado por colocar os outros
sempre em primeiro plano, nunca tem tempo para si, sempre faz as coisas
sozinho, evita pedir ajuda, busca sempre “vencer”.

Algumas dicas para se recuperar (ou se prevenir) dos sintomas de exaustão,


conforme Bourne e Garano (2008):

 Dormir por tempo adequado: procure organizar-se para dormir o


tempo que você percebe que repõe suas energias. Isso varia de pessoa
para pessoa. Caso você tenha uma vida muito corrida, pelo menos nos fins
de semana dedique duas horas extras de sono a mais.
 Cuidados com a alimentação: procure evitar alimentos ricos em
açúcar, sal, gorduras e cafeína, que são pobres em nutrição. A cafeína (café,
refrigerante, chocolate) estimula o indivíduo a ficar “elétrico”, agitado e

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também vicia. O ideal é beber 2 xícaras ou menos de café por dia. Esqueça
de fazer dietas, busque o equilíbrio na alimentação (vegetais, pães integrais
e frutas).
 Exercite-se: de forma divertida e não como um grande sacrifício a ser
feito. Senão, não ocorrerão os resultados desejados. A
psiconeuroimunologia explica os efeitos positivos produzidos pelo “poder do
pensamento positivo” (COOPER, TRAMMEL E LAU, 1997). Por isso, é
preciso decidir-se a gostar de fazer exercícios. Também é interessante ir
mudando de modalidade, buscando fazer caminhada, natação, dança e
outros. Isso traz uma sensação de bem-estar e superação; aprender algo
novo na vida e no esporte não é diferente.
 Dê um tempo a você – fique sozinho! É saudável ter um tempo para
entrar em contato com seus pensamentos e sentimentos. Quando estamos
ligados no “piloto automático”, não percebemos as modificações do nosso
corpo.
 Reserve tempo para seu crescimento intelectual e cultural: leia
temas diversos; isso é um meio de afastá-lo do estresse. Tenha sempre à
mão livro, revista, livro de receitas e outros. Você pode utilizar de modo mais
produtivo (em vez de reclamar e se irritar) o tempo gasto na fila do banco, do
supermercado, do ônibus ou metrô. Pode deixar um livro na cabeceira da
cama, no banheiro e na sala. A leitura de duas páginas, por exemplo, já
ajuda você a se desligar da rotina.
 Crescimento espiritual: independentemente de crença e religião, é
revigorante fazer leituras inspiradoras de poemas, da Bíblia, do Alcorão, de
reflexões. Ouvir música relaxante também é válido, enfim, o que significar
para você momento de paz.
 Esteja sempre “apaixonado” por você (e pelo outro também): a
paixão traz grande energia, entusiasmo e motivação. Precisamos manter
essa paixão por nós (para estarmos sempre alertas para o que sentimos) e
pelo outro. Quantos casais se separam por causa da agenda. Temos tempo
para tudo que é importante e o relacionamento precisa ser cuidado, cultivado
com carinho. Se você tem um companheiro, parceiro, cônjuge, nunca se
esqueça de mostrar o que é importante para você com pequenos gestos:

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convidar para um almoço em um dia comum, fazer uma massagem,
programar uma viagem e programas que queiram fazer juntos. Verá que o
outro também vai se esforçar para agradar a você, retribuindo seus gestos
de atenção e carinho. Assim, evita-se a chamada DR (discussão da
relação),que, ao invés de diálogo, se torna uma discussão e acusação
mútua. São pequenos gestos que demonstram que nossa vida tem espaço
para o amor e a intimidade.
 Não leve a vida tão a sério! Pergunte-se: “há quanto tempo não
brinco?”. Não se culpe se perceber que esta frase já não faz parte de seu
vocabulário hoje. Depois que nos tornamos adultos, nos impomos e também
são impostas a nós tantas regras e deveres que nos esquecemos de brincar,
de ficar alegres, sentindo-nos relaxados e felizes. Planeje seu lazer como
você organizaria seu trabalho. Parece estranho, mas normalmente nos
esquecemos disso, e essa é uma fonte de grande vigor. Brinque com seus
filhos ou sobrinhos, brincadeiras do seu tempo de criança. Você pode achar
que eles não irão gostar, mas terá uma grande surpresa: eles acharão muito
legal. Aprenda também os jogos que interessam a eles e deixe-os lhe
ensinar, isso é muito útil também. Tenha na sua casa jogos que possam ser
jogados em família (Banco Imobiliário, Perfil, Jogo da Vida etc.); isso traz
mais intimidade entre as pessoas. E na correria atual pode ser um momento
para conversar com seus filhos os mais diversos assuntos e saber a opinião
deles sem conflitos. Assistir a filmes também é uma oportunidade.
 Tempo com a família e os amigos: às vezes, vivemos em um ritmo
tão frenético que é uma raridade nos reunirmos com a família; isso acontece
normalmente no Natal (como uma obrigação social). E aí, de repente,
acontece a morte de um familiar e a gente fica se lamentando: “eu gostava
tanto desta pessoa”. É compreensível que nos dias de hoje, com a
competição sempre presente, que nosso foco seja o trabalho, mas temos
que ter em mente que, depois que ele não for mais o centro (quando nos
aposentarmos), o que nos restará, se não tivemos tempo de nos vincular às
pessoas? Use o tempo com a família e os amigos para essa troca de afeto e
sinergia. Pense nisso.

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 Descubra-se! É incrível como não nos conhecemos. Os hobbies e
interesses renovam as energias e nossa capacidade de ter ideias e
soluções. Pessoas positivas que realizam grandes feitos permitem-se
distrair-se, pois ficamos programados, muitas vezes, a fazer atividades
ligadas ao nosso trabalho. Outro fator é a cobrança interna que
temos.Queremos encarar o hobby como trabalho e a questão é fazer fluir
nossa criatividade. Se não sabe como começar, faça experimentações:
artesanato em madeira, pintura em tela, bordado etc. Não se prenda a
regras: homens podem aprender crochê, bordado e mulher, mecânica,
carpintaria e outros.
 Programe suas férias semanais, mensais e anuais. Parece exagero.
Já aconteceu com você ou com alguém que conheça que saiu de férias e
não conseguiu aproveitar e relaxar? Estar de férias é ter pensamentos e
ações diferentes. É permitir desligar-se. Se está de férias e abre o tempo
todo o e-mail, não se desliga do que acontece na empresa etc. É melhor não
sair, pois sairá apenas física e geograficamente. A mente precisa ser
treinada a se desligar do trabalho e dos compromissos algumas horas por
semana, por mês e por ano, aproveitando os momentos de folga para tirar
pequenas férias. O sinal de que você aproveitou suas férias é sentir-se
revigorado no seu retorno.
 Objetivo na vida: todos nós temos que ter um objetivo na vida. Reflita:
porque levanto todas as manhãs para trabalhar? Ter um objetivo na vida
move-nos, motiva-nos a continuar a viver, percebendo-nos úteis a nós e ao
mundo. Quando perdemos a capacidade de fazer planos, quando não temos
foco nem propósito, passamos a ter um vazio existencial. Ouvimos falar de
pessoas que superaram grandes perdas e doenças como o câncer devido a
ter um propósito que conduzisse sua existência. Dentre muitas histórias,
existe o caso de um homem, com uma doença em estágio avançado, em
que o médico previu para ele apenas seis meses de vida. Disse-lhe: “faça
tudo o que desejar neste período”. O homem saiu do consultório atordoado,
porém lembrou que tinha um sonho, o qual havia sido colocado de lado
devido a sua agenda de trabalho lotada. Este sonho era conhecer o mundo.
Ele vendeu tudo o que possuía e fez isso. Quando retornou, o médico ficou

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impressionado: era um milagre! Não havia outra explicação: o homem
estava curado!

5.2 EXERCÍCIOS PARA CONTROLAR A ANSIEDADE

Diário da ansiedade

Objetivo: Saber o que desencadeia a ansiedade e como interrompê-la.


Percebemos que, mesmo em situações diferentes, temos reações semelhantes.
Assim, tendo consciência do que ocorre, poderemos desenvolver mecanismos que
inibam a invasão da ansiedade. Segundo os autores Miskell e Miskell (1996), será
necessário anotar em que momentos, datas, reações e fatos você se sente ansioso.
Você pode registrar diariamente ou semanalmente se desejar. Pode incluir
sentimentos, pensamentos e reações físicas. Leia após duas semanas e perceberá
em que momento sentiu mais desconforto. Desse modo, poderá autoanalisar-se e
ter um controle maior sobre suas reações. Haverá momentos em que, lendo, você
perceberá que exagerou e que hoje passaria por situação semelhante de forma
tranquila.

Conhecer os outros é inteligência, conhecer-se a si próprio é verdadeira sabedoria.


Controlar os outros é força, controlar-se a si próprio é verdadeiro poder (Lao-Tsé, filósofo
chinês).

Localize a ansiedade: no nosso corpo, há regiões mais propensas a dar sinais de


alerta de quando estamos ansiosos.

Objetivo: Identificar onde se localiza o desconforto ocasionado pela


ansiedade e atuar reduzindo-a ou eliminando-a.
Para Gerzon (1997), os pontos mais comuns de concentração da ansiedade
são:

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 estômago (desconfortos estomacais; alguns desenvolvem até gastrites
nervosas e úlceras);
 tórax (batimentos cardíacos acelerados e respiração ofegante) – o
famoso “aperto no peito”;
 garganta (sensação de engasgo, de desconforto na garganta);
 rugas na testa, independentemente da idade;
 braços e pernas tensos.

Depois de localizar o local da ansiedade, com a palma da mão, faça um


movimento circular no sentido horário de 1 a 2 minutos. Se puder, coloque uma
música que considere revigorante para você. Busque visualizar coisas positivas.
Estas ações o ajudarão a reestabelecer o equilíbrio interior. No módulo III,
abordaremos outras ações que você pode ter para o controle de sua ansiedade e
melhoria da sua qualidade de vida.

5.3 SINTOMAS DOS TRANSTORNOS DE ANSIEDADE

São as seguintes as mais comuns manifestações periféricas da ansiedade


(KAPLAN, SADOCK E GREBB, 1997, p. 546):

 diarréia;
 tonturas;
 hiperidrose (suor excessivo);
 hiper-reflexia;
 hipertensão (pressão alta);
 palpitações;
 midríase pupilar (pupila dilatada);
 inquietação;
 síncope (desmaio);
 taquicardia;
 formigamento nas extremidades;

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 tremores;
 desconforto abdominal;
 frequência, retenção, urgência urinária.

Importante: Os sintomas de transtorno de ansiedade, devido a um quadro


clínico (doenças do coração, doença pulmonar crônica, cirrose), podem ser idênticos
aos transtornos primários de ansiedade.

Há diferenças entre a ansiedade natural e a ansiedade patológica (doença),


conforme Gerzon (1997):

 Ansiedade natural: é nosso guia interno. Reage a alarmes reais de


forma sensata e racional, ou seja, baseia-se em fatos e dados, sendo que a
manifestação e a intensidade são de acordo com a situação desencadeante.
A ansiedade é aliviada por uma atitude proativa. A autoestima aumenta e a
pessoa percebe-se capaz de superar o obstáculo. Exemplo: estar em estado
de alerta por causa do vestibular, Enem ou concurso público. Ter a atitude
proativa de empenhar-se em estudar.
 Ansiedade patológica (doença): é nosso crítico interior. Reage a
alarmes falsos de forma intensa, irracional e desproporcional ao estímulo
desencadeante. As preocupações estão fora de controle (crônica),
incapacitando o indivíduo de ter atitudes proativas. Há uma diminuição da
autoestima, provocando falta de energia, visão negativa do mundo e falta de
confiança em seu potencial. Exemplo: medo de baratas.

A ansiedade patológica disfarça-se de fala amiga, voz interior de alerta,


utilizando frases, de acordo com Gerzon (1997), que são conhecidas:

 “Alguma coisa ruim vai acontecer”;


 “Eu não creio que você vai suportar isso”;
 “Você deveria ter feito melhor”.

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Ainda bem que, à medida que a pessoa consegue identificar essa voz,
aprende a neutralizá-la. A ansiedade natural é coerente, tem lógica em relação ao
fato.

6 TIPOS DE TRANSTORNO DE ANSIEDADE

6.1 TRANSTORNO DE PÂNICO

Caracterizado como “o medo do medo”, este pode surgir a qualquer instante.


A ansiedade antecipatória apresenta-se como pensamentos ou imagens que se
tornam tão automáticos que a pessoa acredita que eles são a verdade. Devido a
seus pensamentos catastróficos, desconsideram que, por pior que seja o ataque, ele
tem curta duração (cerca de 10 minutos entre o aparecimento, pico e retorno ao
estado normal).Isso traz grande insegurança à pessoa portadora do transtorno. O
pânico invade a pessoa de modo que ela nunca se esquece de como foi o primeiro
ataque.
A sensação de morte próxima é a mais aterrorizadora, acompanhada de
sintomas físicos: respiração ofegante, coração acelerado, suor em excesso e a
nítida sensação de estar tendo um enfarte. Portanto, é muito comum procurar
primeiramente um cardiologista. Ocorre geralmente entre os 15 e 30 anos, mas não
exclui a possibilidade de surgir em outras épocas da vida. É comum as mulheres
serem mais acometidas por esse transtorno. Abaixo, listaremos alguns pensamentos
ou imagens mais comuns pela pessoa portadora do transtorno de pânico (SILVA,
2006, p.51). Lembramos que os sintomas são os mesmos, mas que os pensamentos
listados não são os únicos, pois a história de vida e suas vivências determinam
quais pensamentos são mais próximos de sua realidade:

 vou ter um ataque cardíaco;


 vou ficar louco;
 vou morrer;

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 vou ter um derrame;
 não posso ficar sozinho, pois preciso de alguém para me socorrer;
 preciso ser capaz de controlar tudo;
 não posso dirigir, pois vou perder o controle do carro e bater;
 não posso me emocionar nem chorar, senão perco totalmente o
controle das minhas emoções.

Obs.: O transtorno de pânico pode ser com agorafobia ou sem agorafobia. Nem
todas as pessoas que têm uma crise de pânico desenvolvem o transtorno.

6.2 AGORAFOBIA

É caracterizada pelo medo de estar em algum lugar do qual seja difícil sair ou
ter auxílio, caso necessário. Os acometidos por este transtorno têm necessidade de
estar sempre acompanhados por pessoas que lhes tragam segurança. É comum
estar associado com o transtorno de pânico, mas existem exceções. Os
agorafóbicos evitam estar em determinadas situações e lugares. Vejamos, segundo
o CID-10 (2007) e Silva (1997):

 medo de sair de casa;


 medo de lojas, de multidão, shopping, shows e de locais públicos;
 medo de utilizar vários meios de transporte sozinho (ônibus, trem, carro
e avião) e congestionamento;
 medo de filas de supermercado e de banco;
 medo de atravessar túneis, passarelas;
 medo de entrar em elevadores;
 medo de realizar viagens e passeios muito distantes de casa.

Obs.: Há pessoas que são acometidas pela agorafobia, mas não possuem o
transtorno de pânico associado.

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6.3 TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL (FOBIA SOCIAL)

Vamos falar primeiro da timidez (ansiedade social normal). Vários estudiosos


já levantaram inúmeras teorias a respeito, mas nenhum conseguiu dizer exatamente
o que ela significa. No entanto, todos nós já passamos por alguma situação em que
nos percebemos tímidos, ou é parte de sua personalidade, ou conhece alguém que
podemos classificar como tímido. É do conhecimento de todos que os efeitos da
timidez, muitas vezes, são constrangedores para alguns e, para outros, sinônimo de
gozação. Isso alimenta o círculo vicioso que, à medida que envelhecemos, se
intensifica devido a vivências nem sempre positivas. A timidez passa logo após o
evento estressor ter sido eliminado. Por exemplo: entrevista de emprego.
O transtorno de ansiedade social (timidez patológica) limita a vida
profissional, social e afetiva, devido ao desconforto e à inibição que as pessoas
apresentam em seus comportamentos (modo intenso, desproporcional e sem motivo
aparente). Enfim, afeta o prazer de viver. O tímido patológico evita o novo, tudo que
lhe tira aparente segurança que julga ter. É comum ter círculo de amizades restrito,
gostar de rígidas rotinas, sentir necessidade elevada de aprovação dos outros e
preocupar-se quanto a seus desempenhos sociais (se cometerá alguma gafe, por
exemplo). Aparece em indivíduos jovens entre 15 e 20 anos. Segundo Markway et al
(1992), a forma como enfrenta as situações temidas é que determina se o indivíduo,
com o decorrer do tempo, vai piorar o seu quadro de transtorno de ansiedade social
ou vai mantê-lo em um nível controlável, ou se este desaparecerá. Resumindo, o
transtorno de ansiedade social é caracterizado por:

 medo da desaprovação do outro (isso é visto como tragédia, se


ocorrer);
 temor em se comportar de maneira constrangedora socialmente. As
gafes, quando ocorrem, trazem grande autorrecriminação;
 acreditar que o outro o vê sempre de forma negativa.

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Situações comuns em que o medo ocorre: fazer algo que se tem habilidade na
frente dos outros, usar banheiros públicos, sair com alguém do sexo oposto,
escrever perante as pessoas.

Sintomas corporais, segundo Markway et al (1992, p. 25): tremores, respiração


ofegante, sudorese, vermelhidão no rosto, “friozinho na barriga”, tonturas, ou
tensões crônicas (dores de cabeça, dores de estômago e sintomas de estresse).

Sintomas cognitivos (pensamentos irracionais, ou seja, não baseados na


razão):

 Pareço deslocado, estúpido;


 Tenho que parecer competente;
 Se eu errar, ninguém vai gostar de mim;
 Se perceberem minha ansiedade, vão me achar idiota;
 Se não conseguir me sair bem, será uma tragédia.

Sintomas comportamentais: simplesmente “congelar”: a pessoa sente-se


paralisada; ou fuga (parcial ou total da situação temida).
É importante diferenciarmos, segundo Silva (2006):

 ser introvertido é diferente de ser tímido: os introvertidos gostam da


solidão, não têm a necessidade elevada de aprovação dos outros e
possuem bom relacionamento com as pessoas;
 ser antissocial é diferente de ser tímido: os antissociais não têm valores
morais, só querem o que é conveniente para eles. São sociopatas e utilizam-
se da boa vontade das pessoas praticando estelionato ou outros crimes mais
graves.

Enfim, nossas crenças pessoais frente às situações sociais determinaram se


iremos rir de uma gafe (como cortar a carne e ela “voar” do prato) ou iremos passar
dias remoendo o fato, sentindo-nos o pior dos seres humanos. Exageros de
possibilidade e severidade estão presentes nesse transtorno. Exemplo: se eu não

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apresentar o trabalho bem, eles desaprovarão (exageros de possibilidade) e, se eu
for desaprovado, será uma tragédia (exagero de severidade). Isso pode possibilitar
um agravamento em seus medos sociais. Evitar situações não ajudam, só pioram o
quadro. O enfrentamento por meio de aproximações sucessivas ainda é a melhor
solução para a superação, sendo necessário buscar ajuda especializada de
psicólogo e psiquiatra.

6.4 FOBIAS ESPECÍFICAS

Para Kaplan, Sadock e Grebb (1997), a fobia é um medo inexplicável que


provoca a necessidade de afastamento (esquiva) do objeto ou situação temida. O
indivíduo tem consciência do exagero do medo, sente-se até envergonhado por isso.
Porém, não consegue enfrentar a situação sozinho. Antes chamadas de fobias
simples, as fobias específicas são, na realidade, o medo exagerado que acarreta
prejuízos na capacidade de funcionamento do indivíduo.
Apesar de ser comum, as fobias específicas ainda são desconhecidas por
grande parte das pessoas, que não compreendem as dificuldades de alguém que se
recusa a entrar em um elevador, por exemplo. Utilizam termos que agridem a
autoestima, como chilique, frescura, piti etc., que ofendem quem sofre deste mal.
Devido a estarem sempre em alerta e prestarem atenção a seus medos, acabam
vendo com frequência aquilo que tanto os incomoda (baratas, gatos, palhaço ou
situações que procuram evitar, viagens de avião, por exemplo).
Portanto, o que determina que seja caracterizado como fobia específica é o
grau acentuado de reação frente ao objeto identificado como ameaçador. A reação é
tão acentuada que chega a ser confundida com o transtorno de pânico. Quanto mais
o objeto é inofensivo (borboletas ou medo de elevador), mais parecerá estranho aos
olhos das pessoas. É fácil diagnosticar quando a pessoa é adolescente ou adulto,
por conta da reação e descrição; já com a criança é necessária uma análise mais
profunda. Acomete mais mulheres jovens (KAPLAN, SADOCK E GREBB, 1997).
A fobia específica expõe a pessoa ao ridículo, atinge sua autoestima, limita
sua vida, destruindo planos e sonhos.

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[...] o fóbico, diante da situação temida, apresenta sintomas físicos de
extremo desconforto (transpiração excessiva, tremores, falta de ar,
taquicardia, mãos frias e outros). Muitas vezes, só o fato de imaginar a
situação indesejável já é suficiente para desencadear todo o quadro descrito
(SILVA, 2006, p.104).

Nas fobias específicas, o medo das consequências danosas em relação ao


objeto ou à situação está presente, segundo Silva (2007):

 fobia de avião: o foco do medo é sua possível queda;


 fobia de dirigir: o foco do medo são possíveis acidentes, ferimento e
morte;
 fobia de animais (cavalo, gato e cobra): o foco do medo está em uma
possível mordida;
 fobia de elevador: o foco do medo é que ele despenque ou que, ao
entrar, ele não esteja lá, ou cair num beco, vazio.

Acrescentamos que há medos por fatos diversos: como vomitar, engasgar e


de falta de respiração, conforme Rosemberg apud Gurfink (2001, p.147).

Importante: A maioria dos fóbicos não apresenta histórias de traumas em suas


vidas que justifiquem o medo exagerado que possuem. Podem ter fobia de avião
sem nunca ter voado ou que tenha acontecido acidente ou situação desconfortante
com alguém próximo.

6.5 TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA (TAG)

Para Bourne e Garano (2008), a frase característica de quem tem o TAG é


“eu me preocupo com tudo”. Num primeiro momento, quem ouve acha que é apenas
“força de expressão, modo de falar”, mas se você tem a oportunidade de conviver
(no trabalho, em casa, ou em qualquer outro lugar), perceberá que a preocupação
com tudo é a mais pura verdade. Elas estão sempre em alerta, aceleradas,
antenadas e preocupadas com tudo que acontece ao seu redor. Segundo Silva
(2006), diferentemente dos outros transtornos, não há, na maioria dos casos,

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associação com situações ou objetos que desencadeiem a ansiedade. Inclusive
desde a infância, alguns já manifestavam grande preocupação quanto ao
desempenho escolar e jogos competitivos. Outros são acometidos entre 20 e 30
anos, em ambos os sexos (masculino e feminino). Porém, quando se analisa a
história de vida dessa pessoa, algumas vezes é difícil delimitar quando realmente
começou, porque já fazia parte de sua personalidade, “desde que me conheço por
gente sou assim preocupado”. A pessoa com TAG sofre sintomas subjetivos e
físicos frequentemente sem motivos justificáveis. Deixa de viver o presente, pois
está sempre preocupada com o que há por vir.
Conforme Silva (2006), os sintomas são: sentimento de apreensão (famoso
aperto no peito), sensação de que algo ruim pode acontecer a qualquer instante,
preocupação incontrolável, enfim, ansiedade crônica. Além de dores musculares,
dificuldade para engolir, cansaço constante, baixa concentração, suor excessivo,
sudorese nas mãos e nos pés, insônia, calafrios, irritação e coração acelerado
(taquicardia).
É importantíssimo realizar o diagnóstico de exclusão devido à semelhança
dos sintomas com outros transtornos ansiosos e doenças físicas, como:
hipertireoidismo, doenças do coração e abuso de substância – álcool e drogas.
Se acontecer alguma dificuldade, não se desligam facilmente da situação,
mesmo depois de solucionada ficam remoendo o que aconteceu por um longo
tempo. Conforme Lark (1996), a pessoa tem diálogos interiores negativos dando
manutenção, desta forma, ao transtorno: “Ah, vou viajar. As estradas estão tão
perigosas...vai que acontece um acidente...o que farei? E se eu morrer?”. As
preocupações giram em torno das atividades do dia a dia, emprego, família,
natureza, problemas financeiros, ou seja, não são diferentes das preocupações das
outras pessoas no geral. O que diferencia é a preocupação constante que os impede
de viver o hoje, pois estão sempre voltados para o futuro. O TAG, com o decorrer do
tempo, leva a depressão e a problemas físicos.

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6.6 TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO (TOC)

De acordo com Silva (2006), o TOC é um transtorno mental que tem como
base as obsessões e as compulsões. Esclarecendo:

 Obsessões: são pensamentos repetitivos de caráter negativo que


surgem e ficam “martelando na cabeça da pessoa”. E o indivíduo não
consegue controlar. Quanto mais evita pensar em algo, mais ele se prende
na mente, tornando-se automático. Exemplo: ódio quanto a sujeira e pó,
necessidade de economizar, preocupação quanto a machucar alguém, medo
de azar quanto ao uso de determinadas cores, números, preocupação com
ordenação etc.
 Compulsões: são comportamentos repetitivos conhecidos
popularmente como “manias”. Para alívio da ansiedade gerada pelos
pensamentos repetitivos, o indivíduo desenvolve rituais. E esses rituais (atos
compulsivos) são os mais diversos e não precisam estar ligados ao
pensamento que desencadeou (SILVA, 2006). Exemplo: mania de limpeza e
higiene, contagem diversas vezes, ordenação extrema, rezar, coleção de
objetos inúteis.

Para Silva (2006), a ansiedade e o medo caminham junto com as obsessões


e as compulsões. Abaixo, listaremos perguntas que podem ajudar a identificar o
transtorno, de acordo com Tanaka (2006):

 Você procura lavar as mãos e tomar banho diversas vezes ao dia por
medo de se contaminar?
 Deixa de participar de festas e passeios para manter sua casa
extremamente limpa?
 Para se sentir bem, precisa que todos os objetos estejam ordenados
(de preferência por tamanho, cores e tipo)?

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 Coleciona o que o povo chama de “quinquilharia”, objetos que não
possuem nenhum valor (jornais velhos, tampas de garrafas pet, vidros de
perfumes vazios)?
 Evita sair de casa por medo de que aconteça, de repente, uma
catástrofe?
 Verifica inúmeras vezes o gás da cozinha antes de sair de casa, se
fechou bem a porta à noite por causa de ladrões ou se desligou o
computador.
 Precisa estar sempre contando algo?

Se perceber estas frases como algo muito semelhante a sua realidade ou de


alguém que conheça, pode ser sinal de que tenha transtorno obsessivo-compulsivo.
Alguns sintomas do TOC: modificação do comportamento habitual do
indivíduo (rituais estranhos e sem sentido, repetições e evitações), pensamento
alterado (repetitivo, obsessões, preocupação exagerada) e emoções abaladas por
aflição, culpa, desconforto.
Para alívio da ansiedade, ele desenvolve as compulsões, como
mencionamos acima. Há um grande sofrimento emocional: evitam que as pessoas
próximas saibam, sentem-se envergonhadas pela consciência deque os rituais não
são algo comum, sofrem sozinhas por achar que estão enlouquecendo etc. É
frequente ter associada ao TOC a depressão, que leva o indivíduo a perder o
interesse pela vida, chegando a casos mais graves de suicídio.
Pesquisas falam que, do surgimento dos primeiros sintomas até o indivíduo
buscar tratamento, leva-se quase uma década. Este tenta resolver por si só e
somente quando atrapalha a vida cotidiana (trabalho e relacionamento), devido a
tantos rituais, é que o indivíduo e seus familiares buscam ajuda. A família, num
primeiro momento, percebe como esquisitices apenas. Mas, às vezes, o portador do
transtorno quer que a família faça também os rituais, gerando inúmeros conflitos e
alertando-os para a possibilidade de ser uma doença.
Se necessário, procure ajuda! Por desconhecimento ou vergonha, muitas
pessoas passam a vida aprisionadas em seus tormentos e deixam de aproveitar
essa dádiva que é viver.

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Dica:
Filme: “O aviador”
Sinopse: O filme retrata a vida de Hugues desde os finais dos anos 20 até os anos
40, uma época em que ele era produtor e realizador em Hollywood, desenhava e
criava aviões. Mas Hughes também tinha as suas próprias incapacidades e fobias, e
as suas crescentes extravagâncias e obsessivo comportamento vão levá-lo ao seu
próprio isolamento. Ele transformou-se numa figura mítica da América dos seus dias,
envolto numa aura de agitação, encanto, sedução e mistério.
FONTE: <http://dc.sapo.pt/aviador/sinopse.html>

6.7 TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO (TEP)

Para Greenberg (1999), o TEP é caracterizado por situação traumática


(psicológica ou física) em que a pessoa vivenciou ou testemunhou grande
sofrimento, como: estupro, sequestro, catástrofes naturais, ferimento grave, medo
intenso, perda de um ente querido, perda de um membro por causa de acidente,
ameaça à vida e morte. Apresentando após tais situações: sonhos, pesadelos e
pensamentos relacionados ao ocorrido, tentativa de esquiva de tudo que lembra o
trauma vivido, insônia e dificuldades de concentração, diminuindo a capacidade de
trabalho do indivíduo.
Segundo Tanaka (2006), o TEP acomete indivíduos que já possuem
predisposição a depressão, problemas psiquiátricos na família, problemas
emocionais e sociais. As lembranças atormentam a pessoa com TEP, pois fazem
com que vivencie novamente o fato traumático. Às vezes, as alucinações e
lembranças são tão intensas, que a pessoa confunde com a realidade atual,
intensificando o sofrimento, porque cada vez que revive são somadas mais dores
referentes ao fato. Algumas pessoas sentem apenas a ansiedade (tremores,
sudorese etc.), porém outras revivem como descrevemos anteriormente. Há aqueles
que utilizam substâncias como álcool e drogas para alívio da tensão que as
lembranças proporcionam, porém isso é temporário, e estes se tornam dependentes
delas.

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6.8COMORBIDADES QUE PODEM ESTARASSOCIADAS

Para Bourne e Garano (2008), as emoções positivas como o amor, a alegria


e a felicidade renovam nossas energias, nossos planos e sonhos. Percebemo-nos
fortes e capazes de superar qualquer dificuldade. No entanto, quando as coisas não
vão muito bem e surgem vários obstáculos (reais ou imaginários), sentimos nossa
energia se esvair. Em períodos de estresse prolongados, apresentamos emoções
negativas como a ansiedade, a raiva e a tristeza. Estas emoções negativas fazem
parte do nosso sistema de resposta e adaptação. Porém, quando elas se
intensificam, prejudicam nossa saúde a ponto de nos deixar mais predispostos às
mais diversas doenças.
As doenças chamadas de psicossomáticas ou psicofisiológicas afetam o
corpo, mas são desencadeadas por estados emocionais sofridos. Estudiosos já
levantam a possibilidade de os casos de hipertensão arterial e asma serem
consequência de raiva (mágoa). A depressão tem como companheira a tristeza,
agravando o quadro clínico. Comorbidades como depressão, ansiedade e estresse
também atingem muitas pessoas, e muitos chegam a dizer que são o mal do século.
Existem pessoas as quais temos a impressão deque jamais serão atingidas
por estes males citados, pois nos parecem extremamente calmas, tranquilas e
relaxadas, tidas como pessoas “controladas”. Até elas próprias não acreditam se
incomodar com as situações conflitantes que muitas vezes as rodeiam. Entretanto,
não demonstram suas ansiedades, preocupações, angústias, tristezas, nervosismos.
Mas internamente seu organismo está trabalhando excessivamente para mantê-lo
bem (alta reatividade fisiológica). Daí surgem: dores crônicas, problemas estomacais
e digestivos, problemas cardiovasculares (coração), hipertensão (pressão arterial),
problemas sexuais, problemas pré-menstruais, lúpus e outras.
Conforme Kaplan, Sadock e Grebb(1997), à medida que avançamos no
conhecimento da influência dos fatores psicológicos na causa e no desenvolvimento
de um grande número de doenças, percebemos que a lista das chamadas doenças

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psicossomáticas ou psicofisiológicas se amplia (esclerose múltipla, tuberculose e
doenças neurológicas). Esses dados contêm informações importantes, porém surge
uma dúvida: porque há pessoas que viveram situações estressantes (mortes
violentas de pessoas próximas, demissão de emprego de longo tempo, e outros) e
não apresentam transtornos psicossomáticos? Para desenvolver ou manter um
transtorno deste tipo é necessário:

 predisposição individual a reações fisiológicas (corporais) intensas


ligadas ao sistema nervoso autônomo, endócrino e imunológico;
 reação fisiológica, seja intensa e crônica, ligada a níveis altos de
ansiedade ou raiva.

Portanto, existem questões fisiológicas e de personalidade. A parte


fisiológica (e até genética) não podemos influenciar. Entretanto, quanto à
personalidade, que está ligada à visão de mundo, podemos ter determinada
influência. O ambiente em que fomos criados e as pessoas que são mais próximas a
nós também contribuem para a nossa resposta aos transtornos psicossomáticos.
Segundo Kaplan, Sadock e Grebb (1997) existem doenças comuns a pais e filhos
devido ao fator de identificação. Há casos em que, no processo de luto, a pessoa
cuidadora ou próxima desenvolve o mesmo tipo de doença que a pessoa falecida.
Outro tipo de situação capaz de gerar ou agravar doenças físicas é a
desistência depressiva de viver (autodestruição). Exemplo: pessoa diabética que
não restringe sua alimentação, ingerindo doces, refrigerantes, chocolates. Enfim, a
pessoa sofre “no corpo” devido a processos emocionais significativos. Conhecer a si
mesmo e respeitar seus limites faz parte da receita para uma vida saudável e
equilibrada (BOURNE E GARANO, 2008).

6.9 TRANSTORNO DE ANSIEDADE NA CRIANÇA E NO ADOLESCENTE

A infância e a adolescência são vistas por muitas pessoas como fases que
trazem grandes saudades, época em que não se têm grandes compromissos e se

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55
pode aproveitar a vida. Mas, quando paramos para lembrar os medos e as
ansiedades que sentíamos ou que percebemos em nossos filhos hoje, passamos a
reconsiderar essas fases como sendo apenas de alegrias. Em todas as fases de
nossa existência existem conflitos (infância, adolescência, vida adulta e velhice) e
estes são naturais e auxiliam-nos em nosso amadurecimento. Porém, nem todas as
pessoas conseguem ultrapassar e superar estes desafios. Os transtornos de
ansiedade na infância e na adolescência são comuns e geralmente se mantêm até a
vida adulta, caso não sejam tratados, podendo ser fator de risco para o
desenvolvimento de outros transtornos psiquiátricos.
Às vezes, por desconhecimento, preconceito ou falta de orientação, os pais
deixam de lado algum sintoma que a criança apresente, acreditando que, com o
tempo, irá passar. Até para os profissionais é difícil diagnosticar num primeiro
momento, porque alguns comportamentos ansiosos desaparecerem com o tempo e
também por sentirem determinado constrangimento de conversar com os pais.
Ambos precisam estar atentos:

 se a criança apresenta comportamento diferente do que seria esperado


para sua idade. Por exemplo: um bebê de 10 meses chora ao ser separado
da mãe. Já uma criança de 10 anos enfrenta a separação de forma tranquila,
já convive com outras pessoas (na escola, na família ou no condomínio);
 a ansiedade cria comprometimento significativo em alguma área das
funções da criança;
 os sintomas de ansiedade persistem por um tempo inadequado.
Exemplo: chora excessivamente.

Os transtornos ansiosos trazem grande desconforto e até comprometimento


emocional na família que tem um membro afetado por eles, pois ele não “desgruda”,
exigindo muita atenção e amor constantemente. Os transtornos ansiosos da infância
e adolescência têm causas multivariadas, ou seja, causas diversas, incluindo fatores
hereditários e ambientais.
Dentre os transtornos ansiosos mais comuns estão: transtorno de
separação, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de ansiedade social e
fobias específicas. Abaixo, falaremos brevemente de cada um deles:

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56
6.9.1 Transtorno de separação

Segundo Markway et al (1992), a característica essencial do transtorno de


ansiedade de separação é a ansiedade excessiva envolvendo o afastamento de
casa ou de pessoas significativas para a criança, em geral a mãe (pessoa
cuidadora). É importante entender que a simples presença de medo de separar-se
da mãe, do pai ou outra pessoa importante para ela (tio, avó, babá) não é um sinal
de patologia emocional, sendo natural na fase dos 10 meses de idade até a idade
pré-escolar. Mas o medo exagerado pode comprometer o desenvolvimento da
criança, ocasionando o transtorno.
Quando a criança apresentar grandes dificuldades em realizar atividades
comuns, como: frequentar a escola, ficar na casa de amigos, ir a excursões, sono
irregular (por causa dos pesadelos) e necessidade de sempre dormir com os pais,
pode estar com o transtorno de ansiedade de separação. Este transtorno pode
acontecer em qualquer idade, mas é comum que despertem a atenção dos pais de
que algo está errado entre 9 e 12 anos. Exemplo: podem ficar doentes de saudade
porque a mãe viajou a trabalho, mesmo estando na faixa etária esperada para ficar
longe da família com determinada tranquilidade. Em adolescentes, pode acontecer
de se recusarem a ir à escola, visitar ou dormir na casa de familiares e amigos, e
queixas físicas (dores de cabeça, dores de estômago, náuseas) surgem quando há
momentos ou possibilidade de separação. Apresentam um medo exagerado de
perder os pais.

6.9.2 Transtorno de ansiedade generalizada

Segundo Silva (2006), as crianças e adolescentes com ansiedade


generalizada diferenciam-se das outras crianças pela preocupação exagerada com
assuntos relacionados ao mundo adulto; querem aparecer extremamente

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competentes (excelentes notas e/ou excelentes atletas), com aparência impecável e
pensamqual será a profissão que vão escolher. O perfeccionismo é algo presente no
comportamento delas. Sentem dores de cabeça, dores musculares, desconfortos
estomacais e intestinais,bem como sintomas de ansiedade, comprometendo, deste
modo, suas atividades. Por exemplo: uma criança estuda excessivamente para tirar
10 e, devido à ansiedade na hora da prova, sente náuseas e dá o famoso “branco”.
Obs.: No início do módulo temos mais detalhes sobre o transtorno de ansiedade
generalizada.

6.9.3 Transtorno de ansiedade social

Cada criança tem seu próprio ritmo para interagir no ambiente: umas
chegam e logo se “enturmam” com os colegas; outras, num primeiro instante, ficam
retraídas e soltam-se posteriormente e outras se sentem à vontade somente em
ambientes familiares com pessoas do convívio (são as extremamente tímidas). Elas
sofrem de ansiedade, ficam nervosas e com muito medo, evitando situações que
possam desencadear tais desconfortos.
Para ajudar seu filho a superar a timidez (normal) ou transtorno de
ansiedade social, é necessário aceitar que ele tem um tempo diferente para se
permitir interagir com as outras crianças, ter paciência nos momentos em que ele se
paralisa ou fica agressivo e ajudá-lo a experimentar gradualmente situações novas.
E não ter vergonha de buscar ajuda profissional (psicólogo ou psiquiatra) se
necessário. Você tem todas as condições de fazê-lo viver melhor com seu apoio
incondicional. Portanto, seja o primeiro a enfrentar este desafio!
Para Kaplan, Sadock e Grebb (1997), na adolescência, o transtorno de
ansiedade social pode ser mascarado por uso de álcool e drogas. Para aliviar
sintomas de ansiedade excessiva, ser aceitos no grupo ou esquecer situações que
os incomodam, muitos jovens se refugiam no uso dessas substâncias. O álcool e a
droga lhes dão a sensação de que são invencíveis e a proteção imaginária de que
nada de ruim vai ocorrer, independentemente do que façam: direção perigosa
(rachas), relação sem proteção, pichação de muros etc. Num primeiro momento,

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elas atendem suas angústias, mas com o passar do tempo se veem dependentes
(alcoolistas e drogadictos). Por isso, a importância de se investigar o porquê do uso,
pois podem passar por clínicas de reabilitação e recair ao sair de lá, porque
desconhecem como enfrentar as situações da vida tendo o transtorno de ansiedade
social como fonte primária de tudo isso.

6.9.4 Fobias específicas

Como acontece com os adultos com fobias, as crianças e os adolescentes


evitam as situações e objetos que lhes causam fobia. As fobias mais comuns em
crianças são: medo de pequenos animais, injeções, escuridão, altura e ruídos
intensos. As crianças mais velhas e os adolescentes evitam situação de exposição
na qual acreditam que estão sendo avaliados, como: falar em sala de aula, comer
junto a outras crianças, ir a festas, escrever na frente de outros colegas e até usar
banheiros públicos (MARKWAY et al, 1992)
 Obs.: No início do módulo temos mais detalhes sobre o transtorno de ansiedade.

No Módulo III, falaremos sobre dicas de como podemos ajudar nossas


crianças e adolescentes a enfrentar estes transtornos.

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GLOSSÁRIO

Comorbidade: Med. A presença de doença(s), além da doença em estudo, que


pode(m) alterar o efeito de interesse no estudo. Pode ser chamado também de duplo
diagnóstico.

Distúrbio psicossomático: Um distúrbio que é causado por uma combinação de


fatores orgânicos e psicológicos (CABRAL E NICK, 2006, p.277).

Fobias: (Phobie; Phobia). Medo anormal; ou (a) medo perante objeto ou situação
que geralmente não costumam provocar medo, p.ex., elevadores, animais
domésticos etc., ou (b) medo com intensidade anormal perante objeto ou situação
que normalmente provocam certo grau de medo, p.ex., operações cirúrgicas,
tratamento dentário etc. (ARNOLD, EYSENCK E MEILI, 1994, p.42).

Indivíduo: lit. Aquele que não se pode dividir, sob pena de deixar de ser quem é; o
indivisível (MESQUITA E DUARTE, 1996, p.120).

Personalidade: (lat. Persona – per + sonare, que significa soar, som proveniente de
máscaras usadas pelos atores de teatro para ajudar a projetar a sua voz, uma vez
que estas funcionavam como megafones). Os latinos, à semelhança dos gregos, de
quem herdaram grande parte da sua cultura, usavam estas máscaras. As máscaras
mostravam o papel desempenhado pelos atores ao longo do desenrolar da peça.
Assim, a personalidade é aquilo que se mantém constante na “atuação” que é a
nossa vida (MESQUITA E DUARTE, 1996, p.163).

Psicossomático/psicossomáticas, perturbações. Como o próprio nome indica, são


doenças em que fatores psicológicos afetam as condições físicas.

FIM DO MÓDULO II ED

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60
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA
Portal Educação

CURSO DE
TRANSTORNO DE ANSIEDADE

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

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61
CURSO DE
TRANSTORNO DE ANSIEDADE

MÓDULO III

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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MÓDULO III

Tente Outra Vez


Tente
Levante sua mão sedenta e recomece a andar
Não pense que a cabeça aguenta se você parar,
Não não não não
Há uma voz que canta,
uma voz que dança,
uma voz que gira
Bailando no ar

Queira
Basta ser sincero e desejar profundo
Você será capaz de sacudir o mundo, vai
Tente outra vez

Tente
E não diga que a vitória está perdida
Se é de batalhas que se vive a vida
Tente outra vez
Raul Seixas

7 TRANSTORNO DE ANSIEDADE TEM TRATAMENTO?

A resposta a esta pergunta é sim, no entanto a maioria dos casos não é


reconhecida, diagnosticada ou tratada de forma apropriada. Como já mencionamos
anteriormente, a pessoa com algum tipo de transtorno de ansiedade geralmente
procura várias especialidades médicas até chegar ao diagnóstico correto (KAPLAN,
SADOCK E GREBB, 1997), trazendo, por vezes, o alívio só em saber que o que
acontece com ela tem nome e tratamento. Porém, isso não é garantia de que
procurará tratamento e, se procurar, se dará continuidade, pois aí as pessoas dizem
“é coisa da sua cabeça, com o tempo passa”. Mas eles não passam. A tendência é

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só piorar devido às vivências negativas que o indivíduo vai tendo ao longo dos anos
com os sintomas e a incompreensão das pessoas ao redor.
Os transtornos ansiosos são muito comuns e trazem custos diretos (sistema
de saúde) e indiretos (ao indivíduo). Quando se esgotam todos os recursos internos
para enfrentar os transtornos que vão e voltam, ou surge alguma dificuldade
relacionada a perdas, frustrações intensas, queixas físicas frequentes, é que
passamos a acreditar que estamos sofrendo de algo emocional, ou o médico (clínico
geral ou ginecologista) encaminha, ou quando familiares e amigos incentivam a
procurar ajuda especializada (psicólogo ou psiquiatra) por perceber alteração
significativa no modo de ser da pessoa (sofrimento e desadaptação social). Apesar
das grandes dificuldades que apresenta o sistema de saúde do Brasil, por meio do
SUS, existe nos hospitais públicos, postos de saúde e ambulatórios atendimento
psiquiátrico e psicológico.
Há muitos grupos de apoio nas cidades ligados ao sistema público ou a
entidades religiosas. Estes grupos auxiliam o indivíduo que está com o transtorno,
os familiares e amigos quanto ao enfrentamento mais efetivo para a doença. Abaixo,
na parte em que falaremos sobre “Como você pode ajudar no seu tratamento”, há os
endereços de vários sites e seus respectivos grupos. Os tratamentos mais indicados
para os transtornos de ansiedade são o medicamentoso e a psicoterapia de
orientação cognitivo-comportamental (KAPLAN, SADOCK E GREBB, 1997). No
entanto, não é algo fixo.
O indivíduo pode necessitar de outras técnicas por várias questões, como:
não adaptação à terapia cognitivo-comportamental ou, com a evolução do
tratamento, querer ter experiências em outras abordagens (por exemplo: Gestalt-
terapia, psicanálise, psicoterapia breve e outras). A grande preocupação do
terapeuta é o bem-estar do paciente, independentemente de abordagens ou
técnicas. A decisão envolvendo o tipo de terapia a usar está baseada no julgamento
e experiência do clínico e na aceitação das várias modalidades pelo paciente
(KAPLAN, SADOCK E GREBB, 1997, p. 573).
Quando a remoção do quadro clínico (exemplo: problemas no coração) é
resolvida e, mesmo assim, os sintomas de transtorno de ansiedade não
desaparecem, implica que o indivíduo terá que realizar um tratamento voltado para o
transtorno mental específico (exemplo: transtorno de ansiedade generalizada).

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64
Tratamento medicamentoso: utilização de benzodiazepínicos e fluoxetina.
Fluoxetina é conhecida como sendo um ISRS, ou seja, um inibidor seletivo da
recaptação da serotonina. É usado para o tratamento da depressão, sendo indicado
também para casos de transtorno de ansiedade. Comercialmente é conhecida como:
Prozac, Daforin, Deprax, Eufor, Fluxene, Psiquial, Verotina e outros (KAPLAN,
SADOCK E GREBB, 1997).

Benzodiazepínicos

Os benzodiazepínicos, chamados popularmente de tranquilizantes, são


substâncias químicas que aliviam as reações provocadoras da ansiedade. As
alterações psicológicas são: alívio da tensão e ansiedade, leve descoordenação
motora, diminuição da memória recente, irritabilidade (efeito paradoxal raro),
depressão (com uso crônico). As alterações físicas incluem: relaxamento muscular,
diminuição da frequência cardíaca e respiratória, redução leve da pressão arterial
(se de origem emocional), sonolência (GRISSOLIA E SOBRINHO, 2000, p. 34).
É extremamente importante não suspender o uso do medicamento sem
orientação médica. Conforme Grissolia e Sobrinho (2000), assim são conhecidos
comercialmente os benzodiazepínicos: Psicosedin, Diazepam (Valium), Lorazepam
(Lorax) e Bromazepam (Lexotam). Para estes autores, existe a possibilidade de
dependência física pelo uso prolongado em alguns pacientes (ocasionando
síndrome de abstinência leve ou severa). No entanto, isso não deverá ser
impedimento para que outros usem e se beneficiem. Tendo o acompanhamento
médico regular, é uma medicação segura.
Tratamento psicoterápico:

psicoterapias são métodos de tratamento para problemas de natureza


emocional [...] visando remover ou modificar sintomas existentes, retardar
seu aparecimento, corrigir padrões disfuncionais de relações interpessoais,
bem como promover o crescimento e o desenvolvimento da personalidade
(WOLBERG apud CORDIOLI, 1998, p. 19).

A comunicação verbal e a relação terapêutica que o profissional tem com o


paciente são as bases para influenciar a mudança de pensamentos e
comportamentos. As psicoterapias, segundo Cordioli (1998), variam quanto a

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65
técnicas, abordagem terapêutica, número de sessões semanais, finalidade e tempo
de duração. Para este autor, existem inúmeros tipos de psicoterapias, dos quais
destacamos:

• psicoterapia breve de apoio: objetivo é auxiliar a pessoa a superar


dificuldades momentâneas. Técnica: delimitação de foco (conflito principal),
busca interpretar aspectos não conscientes para o paciente e ensino de
novos meios para lidar com os conflitos emocionais. Tempo delimitado: 12 a
40 sessões;
• terapia cognitivo-comportamental: ocorre a mudança do
comportamento desadaptativo por meio da exposição gradual à situação
temida. Técnica: tem como método a teoria das aprendizagens para explicar
como se instalou o problema (aprendizagens defeituosas), bem como para
eliminá-lo (por meio de aprendizagem de comportamento adaptativo). Os
mecanismos cognitivos e sua conexão com as emoções e comportamentos
são levados em conta nesta técnica, que tem a preocupação de tratar os
pensamentos disfuncionais e distorcidos, que contribuem para a
manutenção do sofrimento. Exemplo: “Não posso errar nunca!”;
• terapia de grupo: objetivo é compartilhar experiências que levem o
indivíduo a perceber que não é só ele que sofre, incentivando-o a enfrentar
seus problemas. Técnica: compartilhar as experiências do indivíduo com o
grupo, focando no “aqui e agora”; tem objetivos bem claros e estruturados.
Melhora a autoestima do indivíduo e favorece a aprendizagem grupal;
• terapia de família: é um método de tratamento do indivíduo, das
relações familiares, do grupo familiar em sua totalidade e do vínculo entre as
pessoas da família. Técnica: o terapeuta busca ajudar os familiares a
melhorar a comunicação entre os membros, desenvolver a autonomia e a
individualização. Acreditam que, assim, é mais fácil a resolução dos conflitos
do que se fosse em terapia individual. As sessões são semanais,
inicialmente com todos os membros, sendo que, com o passar do tempo,
podem ser quinzenais e até mensais, e apenas com alguns membros
presentes;

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• terapia de casais: enfoca os aspectos conflituosos e positivos da
relação a dois. As questões internas de cada um são levadas em conta no
que diz respeito ao que interfere na relação. Técnica: terapeuta e casais
identificam os conflitos existentes na relação, como: dificuldades de
intimidade, de planejamento da vida em comum, mudança de características
de personalidade devido ao amadurecimento etc. Acreditam que assim,
como na terapia de grupo, é mais fácil a resolução dos conflitos juntos do
que se fosse em terapia individual;
• psicodrama: o objetivo é fazer com que o indivíduo busque recursos
internos para que possa viver uma vida melhor. Técnica: diferencia-se das
outras terapias por utilizar-se de ato e jogo de papéis. Ou seja, o indivíduo
“encena” fatos conflituosos, tendo a oportunidade de “rever” o acontecido
com o auxílio do terapeuta;
• psicanálise e psicoterapia de orientação analítica: objetivo é mudar
aspectos da personalidade por meio de insight, ou seja, pela compreensão
“repentina” de um problema. Técnica: o paciente fala livremente sobre seus
pensamentos, sentimentos, fantasias, sonhos, imagens e, de tempos em
tempos, o terapeuta o interrompe, incentivando-o a observar as conexões
com sua vida real (interpretação). Utilizam cerca de 3 a 5 sessões semanais
e o tratamento pode durar muitos anos.

Enfim, o que é comum a todas as psicoterapias e responsável pelas


principais mudanças: uma relação intensa de confiança e emocionalmente
carregada com a pessoa que ajuda; uma teoria explicativa das causas dos
problemas do paciente e na qual a técnica se fundamenta; acesso a novas
informações sobre a natureza dos problemas e de alternativas de como manejá-los;
aumento da esperança de auxílio em virtude das qualidades e capacidades do
terapeuta; possibilidade de realizar com sucesso novas experiências de vida,
acarretando um aumento da autoconfiança, oportunidade para expressar emoções
pessoais (CORDIOLI, 1998, p. 35).

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7.1 TRATAMENTO DE TRANSTORNOS ANSIOSOS

7.1.1 Transtorno de pânico e agorafobia

Segundo Kaplan, Sadock e Grebb (1997), geralmente os indivíduos com


estes transtornos reagem bem aos tratamentos medicamentosos e à terapia
cognitivo-comportamental. As terapias familiares e de grupo também ajudam
pacientes e familiares a entender e a lidar melhor com as dificuldades que estes
transtornos desencadeiam.
Para estes autores, o tratamento medicamentoso pode eliminar os sintomas,
mas, mesmo assim, faz-se necessário o indivíduo fazer psicoterapia para que possa
superar os medos que surgiram com o transtorno. A psicoterapia pode usar as
seguintes técnicas: foco nas crenças irracionais do indivíduo (“tenho que ser perfeito
sempre”), relaxamento, treinamento respiratório e exposição in vivo (exposição cada
vez maior do indivíduo ao objeto temido).

7.1.2 Fobia específica (fobia simples)

Para Kaplan, Sadock e Grebb (1997), o tratamento mais usual para este tipo
de fobia é terapia de exposição (abordagem em terapia comportamental), que
consiste na exposição cada vez maior do indivíduo ao objeto temido. O terapeuta
ensina a pessoa a lidar com sua ansiedade utilizando relaxamento, controle
respiratório e enfoques cognitivos. Quando este tipo de fobia tem diagnóstico duplo
(comorbidade) com ataques de pânico, a medicação e a psicoterapia dirigida para os
ataques podem ser de grande valia.

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7.1.3 Transtorno de ansiedade social (fobia social)

Conforme Kaplan, Sadock e Grebb (1997), geralmente são utilizados


psicoterapia e medicação. As dosagens destes medicamentos são semelhantes às
de transtornos depressivos, e a melhora dos sintomas surge, no geral, de 4 a 6
semanas. A terapia cognitivo-comportamental utiliza nestes casos: retreinamento
cognitivo, dessensibilização, ensaio durante as sessões e uma variedade de
exercícios para ser realizados em casa.

7.1.4 Transtorno obsessivo-compulsivo

Para Kaplan, Sadock e Grebb (1997), geralmente são utilizados psicoterapia


e medicação. Porém, muitos pacientes são resistentes a tomar medicação e a
realizar os exercícios como “tarefas de casa”, e outras orientações. Os sintomas
podem ter significados psicológicos que sejam difíceis para a pessoa abandonar (as
pessoas acometidas pelo transtorno podem já estar convivendo há tanto tempo com
suas “manias”, que deixá-las pode significar perder algumas de suas
características). Um terapeuta experiente poderá explorar o porquê de sua
resistência, fazendo perceber que haverá outros ganhos que serão bem mais
significativos para a pessoa.

7.1.5 Transtorno do estresse pós-traumático

Segundo Kaplan, Sadock e Grebb (1997), geralmente se utilizam


psicoterapia e medicação. O enfoque deve ser apoio e encorajamento para discutir
sobre o trauma e a orientação acerca de mecanismos para diminuir a ansiedade:
relaxamento, visualização para estímulo de sensações positivas etc.

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69
7.1.6 Transtorno de ansiedade generalizada

Para estes autores, o tratamento funciona com terapia cognitivo-


comportamental, medicação, apoio, “conforto”, técnicas de relaxamento e
biofeedback (informações fisiológicas que são convertidas em sinais facilmente
compreensíveis). O enfoque psicodinâmico busca o porquê do medo básico do
paciente.

7.1.7 Tratamento de transtornos ansiosos na criança e no adolescente

Segundo Brown e Davis (1998), existem vários medos que podem afetar da
infância à adolescência: medo do escuro, de cachorro, de injeção, de perder os pais
e muitos outros. Estes autores desenvolveram a técnica chamada Treino da
Imaginação, que consiste em a criança usar a própria imaginação para aliviar os
medos que sente e aumentando, consequentemente, a confiança em si. A técnica
funciona devido à mudança do foco de atenção do problema para a solução,
treinando a criança a ter controle de sua vida.
O Treino da Imaginação pode ajudar a criança a lidar com os medos reais ou
percebidos, a melhorar a autoconfiança e o desempenho na escola e nos jogos,
aliviar o estresse físico e emocional e a angústia (BROWN E DAVIS, 1998, p. 10).

7.2 OS OPOSTOS DISTRAEM

Ajude sua criança a combinar seus sintomas com uma imagem. Ao imaginar
aquela imagem tornar-se o seu oposto, ela pode fazer o desconforto desaparecer.
Pratique os seguintes contrastes (BROWN E DAVIS, 1998, p. 85):

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 barulhento para silencioso;
 quente para frio (brisa, água);
 preto para branco;
 ondulado para plano (oceano);
 ventoso para calmo;
 grande para pequeno;
 claro para escuro (círculo brilhante na parede);
 estreito para largo (canudo, tubo, túnel);
 áspero para macio (tecido ou lixa);
 pesado para leve (do chumbo para a pluma);
 chuvoso para ensolarado;
 molhado para seco.

O Treino da Imaginação é algo muito fácil que, se for desenvolvido, ajuda a


dominar o nervosismo, a ansiedade e o medo de situações novas como: o 1º dia de
aula, a apresentação de uma atividade para os colegas de classe e outros que
venham a surgir.
Outro recurso que pode ser utilizado, segundo os autores citados acima, é o
“Amigo leve consigo”, que funciona para aliviar o estresse da criança frente a uma
situação conflitante: dormir na noite do soninho na escola, ou na casa de algum
parente longe dos pais, por exemplo. Para saber qual é o melhor “Amigo leve
consigo”, perceba com seu filho qual a personagem de que ele mais gosta do
cinema, dos desenhos animados ou dos filmes. Há personagens que atravessam o
tempo e outros são atuais. De acordo com os autores já mencionados, listamos
alguns heróis e heroínas: Barney, Betty Boop, Batman e Robin, Snoopy, Power
Rangers, As Tartarugas Ninjas, She-Ha e X-Men. Os atuais heróis e heroínas que
podemos destacar são: Ben-10, Meninas Superpoderosas, Avatar e outros.
Para problemas que sempre ocorrem, é importante treinar a criança em um
momento em que esteja calma, para que possa utilizar em momentos de medo e
ansiedade.
Segundo Cordioli (1998), a terapia cognitivo-comportamental é a mais
indicada para o tratamento dos transtornos ansiosos em adolescentes, período em
que existem características únicas, por ser uma época de várias mudanças na vida

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do indivíduo. A medicação também pode ser necessária, no entanto deverá ser
investigada a saúde e também a real necessidade da mesma. O terapeuta deverá
conseguir ter com ele uma relação próxima, de confiança. Deve ter a sensibilidade
para interagir com o jovem com abordagem diferenciada.
É comum que o adolescente resista inicialmente ao tratamento por
vergonha dos amigos, desconhecimento ou preconceito em relação aos tratamentos.
É natural que ele tente reproduzir com o terapeuta o tipo de relação que teve com as
pessoas de seu convívio. Ou seja, se veio de um ambiente onde as pessoas eram
permissivas com ele, ele quererá que o terapeuta também o seja. O terapeuta deve
ser neutro para poder perceber se ele estará tentando reproduzir estas atitudes. É
de extrema valia que o terapeuta diferencie reações dramáticas dos adolescentes
caracterizadas como “normais” ao desenvolvimento de respostas próprias de
quadros de doença psiquiátrica.

7.3 POR QUE FAZER TERAPIA?

Segundo Freitas (1985), não há indivíduo na face da terra que não tenha
problemas existenciais que o angustiam, tiram-lhe o sono e fazem-na acreditar que a
felicidade é algo inatingível. Uns mais e outros menos, mas ninguém está isento de
passar por isso. Há inúmeras pessoas que conseguem superar estas fases
chegando ao equilíbrio, tranquilidade e prazer em viver. No entanto, por vários
motivos, outros não conseguem enfrentar sozinhos os embates da vida e precisam
de auxílio por um tempo até se fortalecerem para seguirem sós.
A terapia não garante felicidade a ninguém: o que ela faz é ajudar o
indivíduo a utilizar seus próprios recursos internos para enfrentar as modificações do
processo de viver com equilíbrio. Só de ele ter a coragem de sair da zona de
conforto (que em muitos casos é o sofrimento) e ir a busca de uma ajuda
terapêutica, “de alguma maneira já começou seu processo de readequação à
realidade, seu processo de reaprendizado de vida, seu processo de busca de si
mesmo e de melhoria de suas relações com os outros” (FREITAS, 1985, p. 8).

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A função do terapeuta é, “junto com o paciente, gradualmente auxiliar mais e
mais o paciente na compreensão de si mesmo e na definição de seus próprios
possíveis caminhos” (FREITAS, 1985, p. 19). Portanto, o terapeuta é um instrumento
no auxílio ao paciente, em nenhum momento ele determinará o que o paciente deve
ou não fazer. Mostra ao indivíduo que ele é quem deve ser o responsável por suas
escolhas e ele as aceita. Não é possível fazer milagres. Se o indivíduo não se
percebe insatisfeito com seus comportamentos e ações, não adianta ir para a
terapia, pois só há mudança onde há insatisfação.

7.4 COMO SE PREVENIR

Segundo Bock, Furtado e Teixeira (1996), quando falamos alguns termos


como tratamento, sintomas e doenças, logo aparece a necessidade de pensar em
prevenção. Ou seja, criar meios que possibilitem evitar seu aparecimento. No caso
de transtornos mentais, implica sempre ações voltadas para a vida em sociedade.
Ninguém está a salvo de desenvolver um distúrbio do comportamento; este não
poupa quem quer que seja (rico, pobre, celebridade ou anônimo). Ao pensar em
promoção da saúde, há a necessidade de considerar o indivíduo como um ser bio-
psíquico-social-espiritual, ou seja, em todas as vertentes em que ele interage com o
mundo. Deste modo, é válido pensar nas condições de pobreza e privação que
inúmeras pessoas vivem ao redor do Brasil e do mundo.
A violência crescente gera sensação de insegurança constante e
banalização do sentido da vida. Nos noticiários, vemos casos de violência,
assassinatos e mortes por questões banais. Tudo isto influencia no que diz respeito
a compreender a saúde mental, bem como a falta desta. É necessário considerar,
também, questões de políticas públicas para promoção do bem-estar do indivíduo,
por meio de condições dignas de trabalho (eliminação total de trabalho escravo ou
semiescravo), moradia e saúde em sua dimensão física e mental.

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7.5 COMO VOCÊ PODE AJUDAR NO SEU TRATAMENTO

“Como é difícil mudar...”. Falamos ou pensamos nesta frase algum tempo


depois de nos propormos a realizar algo, como as promessas de início de ano: vou
emagrecer, vou fazer exercícios físicos regularmente, não vou mais brigar com
minha namorada por besteira, e tantas outras promessas caem por terra. E por que
isso acontece? Porque queremos grandes mudanças, mas sem grandes sacrifícios.
Sim, parece imaturo, porém, na realidade, é isso. Fazemos mudanças superficiais
que não fazem a menor diferença e deixamos de lado as que realmente impactam,
gerando frustrações e, consequentemente, a desistência do que mal havíamos
iniciado.
Para que consigamos nos ajudar, precisamos “pagar o preço das novas
conquistas”, ou seja, é como aprender a andar de bicicleta. Temos que ir
familiarizando-nos aos poucos, permitindo-nos errar, concentrarmo-nos em repetir
quantas vezes necessário até estarmos seguros. Após superado o obstáculo, é uma
grande satisfação perceber que algo que antes era estranho se torna tão próximo e
inserido em nosso dia a dia. A superação das limitações pessoais não é diferente.
Primeiramente, há a necessidade de identificar qual é a nossa principal dificuldade,
depois buscar modificá-la gradualmente. Às vezes, é necessário contar com a ajuda
de uma pessoa próxima para apontar alguma dificuldade que até você mesmo não
percebe, segundo Flippen (2010).
As limitações pessoais podem ser relacionadas, ainda conforme Flippen
(2010), a comportamentos ou problemas psicológicos. Elas podem ser quanto a
autoconfiança em excesso, ou sem nenhuma confiança em si, pessoas
superprotetoras, críticas demais, agressivas, impulsivas, dentre outras. A superação
destas limitações permitirá que você tenha um melhor desempenho no trabalho,
melhor relacionamento amoroso e familiar. Verá, com certeza, o mundo de forma
diferente. Superar é um processo de crescimento e é contínuo, pois, como pessoas,
estamos sempre tendo novas necessidades. A cada superação, você se torna mais
forte e confiante. O importante é que, a cada ano, você consiga perceber quais as
limitações que foram superadas.

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[...] se temos pensamentos felizes, somos felizes. Se temos pensamentos
de sofrimento, sofremos. Se temos pensamentos de medo, vivemos
amedrontados. Se temos pensamentos doentios, provavelmente
adoecemos. Se temos pensamentos de fracasso, com toda certeza
fracassamos. Se nos espojamos em autocomiseração, todos passarão ao
largo e nos evitarão. [...] Mas estou defendendo – em termos os mais fortes
possíveis – que devemos assumir uma atitude positiva, jamais negativa
(CARNEGIE, 2010, p. 244).

7.5.1 Marque um encontro (ou reencontro) com você

1 - Renove as energias de seu corpo: “Nossa, estou tão cansado, parece


que estou carregando o mundo nas costas...”. Esta frase faz parte do vocabulário de
qualquer ansioso. Parece exagero, mas não é. Segundo Bourne e Garano (2008), os
sintomas físicos são as primeiras evidências da ansiedade. Eles se manifestam: pela
falta de ar, palpitações, dores musculares, de cabeça, pressão alta, insônia e muitas
outras. Há pessoas nas quais a tensão em ombros e pescoço já se tornou crônica.
Eles reforçam os pensamentos que produzem ansiedade, pois afetam a sensação
de bem-estar do indivíduo. A boa notícia é que é possível lidar de forma a amenizá-
la, trazendo energia e tranquilidade ao corpo.
Uma das técnicas que têm comprovada eficácia é de Edmund Jacobson,
chamada Relaxamento Progressivo, que se baseia na premissa de que o corpo
reage com tensão muscular a pensamentos que induzem à ansiedade. Essa tensão
muscular leva a mais ansiedade e desencadeia um ciclo vicioso. Se você
interromper a tensão muscular, interromperá o ciclo (BOURNE E GARANO, 2008, p.
30).
O Relaxamento Progressivo é uma técnica muito simples, que não tem
contraindicação e consiste em tensionar cada parte do corpo por cerca de 10
segundos e relaxá-los por 15 a 20 segundos, prestando atenção às sensações
desencadeadas. Exemplo: estique os braços. Com uma das mãos, ajude a empurrar
a outra mão para trás. Empurre até onde é confortável, apenas para que não ocorra
lesão, por 10 segundos. Relaxe por 15 segundos (preste atenção no que você sente,
antes de mudar para outra parte) e repita com a outra mão. E assim continue com as
outras partes do corpo (pernas, pés, pescoço e outros). Sentirá que realmente
relaxa.

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Algumas orientações para que esta técnica o auxilie eficazmente (BOURNE
E GARANO, 2008):

• faça este exercício cerca de 20 minutos por dia;


• desligue-se de tudo a sua volta (no período em que for dedicar-se ao
seu relaxamento, não atenda ao telefone nem permita interrupções);
• não se alimente antes do relaxamento, pois a digestão pode atrapalhá-
lo;
• utilize uma posição confortável: pode ser deitado no sofá ou na cama.
Caso esteja cansado ou com sono, é melhor ficar sentado confortavelmente;
• utilize roupas confortáveis e tire óculos, cinto, relógio. É importante que
seu corpo esteja inteiramente livre;
• não se “avalie”, não se obrigue a relaxar. Apenas propicie momento
adequado que, consequentemente, terá resultados positivos;
• tensione respeitando seus limites;
• busque sentir que tensão está impondo a cada parte de seu corpo;
• tente repetir uma frase que seja relaxante para você;
• se desejar, coloque uma música de que goste e que o relaxe.

O exercício de respiração também auxilia a diminuir a tensão e a ansiedade


em momentos de estresse. Faça o teste e verá como isso realmente acontece. Um
bom exercício de respiração, segundo Bourne e Garano (2008): inspire lentamente
(“puxe o ar para dentro” o máximo que puder) e expire (solte lentamente). Faça isso
algumas vezes e perceberá que você “tira” a sensação de desconforto rapidamente.
Podemos listar alguns benefícios dos exercícios de respiração:

 oxigenam o cérebro e a musculatura;


 interferem no sistema nervoso autônomo, promovendo o estado de
calma e tranquilidade;
 maior percepção de integração entre corpo e mente;
 auxiliam a melhorar a concentração e a aquietar a mente.

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2 - Renove as energias de sua mente: a visualização, segundo Cooper,
Trammel e Lau (1997), é o processo de “sonhar acordado”, oportunidade de “ver”
aquilo que deseja. E ela acontece de formas diferentes para cada pessoa: alguns
olham para a janela e veem a paisagem urbana, outros realizam orações e tantas
outras formas. É importante que seja algo significativo para o indivíduo.
Os cientistas estão descobrindo que rezar, meditar ou, simplesmente,
sonhar acordado provoca uma alteração química no corpo. A química do corpo e as
ondas cerebrais mudam à medida que você relaxa, libera a tensão e cria imagens
visuais em sua mente (COOPER, TRAMMEL E LAU, 1997, p. 230)
Lembremos que a preocupação também é uma espécie de visualização, no
entanto ela nos traz sensações desagradáveis por causa da ansiedade gerada.
Tenha paciência consigo se seus pensamentos, quando estiver fazendo a
visualização, o levarem para pensamentos de medo ou culpa. Procure substituí-los
por realizações de sucesso que já obteve ou que deseja obter. Com o tempo,
conseguirá facilmente visualizar o que deseja, renovando sua energia mental.

3 - Tenha os pés no chão: Conforme Bourne e Garano (2008), as pessoas


ansiosas (ou com transtornos ansiosos) têm, geralmente, uma “voz interna” que as
atormenta com as palavras: “e se...”. Muitas vezes, limitam sua vida por isso, pois
procuram prever tudo que possa lhes acontecer. Porém, se substituírem por “e
daí...” e pensarem de forma racional, verão que são capazes de superar as
eventualidades que possam surgir. Quando aquela voz disser para você: “e se...”,
você responderá “e daí... eu consigo lidar com isso”.

4 - Enfrente seus monstros: A frase que alguém nos diz “não é um bicho de
sete cabeças”, para alguma coisa que achamos complicada e que depois nos
surpreendemos que era nossa forma de ver que aumentava a proporção,
exemplifica-nos que temos que tentar. À medida que tentamos, as coisas vão se
tornando mais familiares, até ser superadas. Conforme Bourne e Garano (2008), a
terapia de exposição conhecida como dessensibilização in vivo é um processo
gradual de exposição sistemática em relação à fobia. Você enfrenta a situação
fóbica por meio de uma série de atividades, chamada hierarquia, que leva o

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indivíduo a superar o objeto ou situação temida de forma progressiva. Ela envolve
(BOURNE E GARANO, 2008, p. 85):

 desaprender a conexão entre a situação fóbica (como falar em


público) e a resposta de ansiedade;
 reassociar sentimentos de relaxamento e tranquilidade com situação
em particular.

Abaixo, segue o exemplo de como superar a fobia de elevadores por meio


da técnica de dessensibilização (BOURNE E GARANO, 2008, p. 86-87):

1. Olhe para os elevadores, observe-os indo e vindo.


2. Fique, com a pessoa de apoio, em um elevador parado.
3. Fique sozinho em um elevador parado.
4. Suba ou desça um andar de elevador com a pessoa de apoio.
5. Suba ou desça um andar sozinho, com a pessoa de apoio esperando
do lado de fora do elevador, no andar em que você vai descer.
6. Suba ou desça dois a três andares com a pessoa de apoio.
7. Suba ou desça dois ou três andares, com a pessoa de apoio
esperando do lado de fora do elevador, no andar em que vai descer.
8. Aumente o número de andares, primeiro com a pessoa de apoio e
depois sozinho, com a pessoa de apoio esperando do lado de fora do
elevador.
9. Ande de elevador sozinho, sem a pessoa de apoio.

Obs.: Pensar (visualizar) primeiro em como vai fazer sua dessensilização


ajuda muito a tornar-se confiante para a situação real.
Para que a terapia de exposição tenha melhor resultado, os autores Bourne
e Garano (2008) sugerem:

 busque uma pessoa de apoio (terapeuta, esposo (a), amigo, alguém de


sua confiança);

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 não queira o controle de tudo. Assumir riscos gradualmente na busca
da superação dos medos o fortalecerá para a superação total;
 lute com a resistência que temos de ir ao encontro do que evitamos;
 tenha a consciência de que pode ter um certo desconforto inicial;
 permita-se recuar quando necessário, nunca se esqueça de que a
superação vem das pequenas vitórias. Tentar enfrentar de uma só vez, na
realidade, faz-nos regredir e desistir.

Utilize frases positivas ao se expor a situações que geram desconforto ou


ansiedade (BOURNE E GARANO, 2008, p. 96):

 Ao dar esse passo agora, estou chegando mais perto de fazer o que
quero;
 Há sempre um meio de recuar da situação, se eu precisar;
 Eu já lidei com isso antes e posso lidar agora;
 É só o meu pensamento que está me fazendo sentir aprisionado;
 Eu posso mudar meu pensamento e me sentir livre;
 Não é tão ruim como eu imaginava;
 Eu consigo lidar com isso.

Obs.: O intuito deste curso é esclarecer o indivíduo quanto a teorias e


métodos a respeito da superação dos transtornos de ansiedade. Não substitui a
necessidade do acompanhamento profissional (psicólogo e/ou psiquiatra) para
diagnóstico e tratamento.

5 - Mexa-se: Conforme Bourne e Garano (2008), a atividade física (dança,


caminhada, natação etc.) traz benefícios fisiológicos e psicológicos, dentre os quais
destacamos:

 redução dos níveis de colesterol e pH do sangue;


 melhora a circulação, digestão, excreção (pele, pulmões e intestino);

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 melhora os níveis de serotonina no cérebro, influenciando no humor,
diminuindo a ansiedade e, consequentemente, trazendo sensação de bem-
estar;
 aumenta a autoestima;
 reduz insônia e consumo de substância (álcool e drogas).

Por isso, é necessário termos alguma atividade sempre. Mas antes de


começar, verifique suas condições de saúde.

6 - Alimentos que devemos consumir: grãos, abacate, cereais integrais,


sementes, nozes, castanhas, peixes e frutas. Os que devem ser evitados porque
influenciam a ansiedade são: cafeína, carnes vermelhas, laticínio, álcool e açúcar.
O café pela manhã ajuda a acordar... todos sabemos. No entanto, o excesso
de cafeína pode mantê-lo cronicamente tenso, agitado, deixando-o mais suscetível à
ansiedade (BOURNE E GARANO, 2008, p. 120). O ideal é consumir, no máximo, 1
xícara de café coado por dia, para que ele não contribua com sua agitação. Consulte
seu médico e substitua parte do café que você tomaria por ervas calmantes,
popularmente conhecidas como kava-kava, valeriana, maracujá, escutelária,
centelha-asiática e camomila. Estas ervas calmantes são vendidas a granel, em
cápsulas ou comprimidos e como extrato líquido.
Teor de cafeína de alguns produtos comuns, segundo Bourne e Garano
(2008):

 Bebidas quentes - cafeína por xícara:

Café expresso 146 mg


Café solúvel 66 mg
Café coado 110 mg
Chocolate quente 13 mg
Café descafeinado 4 mg
Chá preto a granel, cinco minutos de 40 mg
infusão

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Chá preto em saquinho, cinco minutos 46 mg
de infusão
Chá preto, 1 minuto de infusão 28 mg

 Refrigerante - cafeína por lata de 350 ml

Coca-Cola 65 mg
Pepsi-Cola 43 mg

 Remédios vendidos sem prescrição - cafeína por comprimido:

Neosaldina 30 mg
Saridon 50 mg
Cafiaspirina 65 mg
Excedrin 65 mg

 Outro - cafeína por unidade:

Chocolate 25 mg

O açúcar, além de ser o grande vilão das dietas, também contribui para o
aumento da ansiedade. Ele precisa estar em equilíbrio no corpo. Seu excesso no
sangue dá origem à hiperglicemia ou diabetes, e sua escassez, por queda repentina,
ocasiona a hipoglicemia, fazendo com que o indivíduo se sinta ansioso e agitado.
Faça refeições regulares com frutas, legumes e cereais para manter o açúcar em
equilíbrio.

Dica de livro
O livro recém-lançado pela editora Fontanar “Mentes ansiosas - medo e ansiedade
além dos limites” (2011) fala com mais detalhes sobre o importante papel que a

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seleção de alimentos pode desempenhar na intensificação ou na redução de
sintomas de ansiedade, pânico e estresse excessivo.
FONTE: Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em 25 nov. 2011.

7 - Tenha espaço em sua própria agenda: aprenda a dizer “não”. Essa é a


única maneira de reservar um tempo para você. Parece egoísta, mas, como já
falamos anteriormente, a pessoa com características de “salvadora” atende a todos
e nunca tem tempo para si. Com o passar dos anos, desta forma, pode ter estresse,
estafa e tantas outras dificuldades relacionadas à saúde. Não adianta cobrar
ninguém por isso, foi você que não se permitiu cuidar-se nem ter um tempo para si.
O ideal é que reserve pequenas férias (diárias, semanais, mensais e anuais) para
que tenha tempo de repouso, recreação e relacionamento.

8 - Vida prática: “Contas, contas, contas... elas estressam qualquer um”.


Realmente, com a facilitação das linhas de crédito, temos várias opções para
comprar e adquirir o que desejamos. Por isso, temos que estar sempre nos fazendo
um questionamento: “necessito disso ou é apenas desejo?”. Quem não se lembra de
ter comprado uma calça, blusa, perfume ou outro objeto e, passados alguns dias,
olha e pensa: “nossa! Onde eu estava com a cabeça quando comprei isso? Nem faz
meu estilo”. Por que isso acontece? Porque atendeu a um desejo momentâneo, e
não a uma necessidade. Uma vida mais simples, com menos contas a pagar, nos
traz mais sossego, mais tranquilidade. O prazer momentâneo da compra não
compensa o estresse de não ter o valor para pagar ou mesmo que tenha de
perceber que está entulhando a casa com inúmeros objetos que não usa.
Divida as tarefas domésticas com as pessoas com quem convive. Assim,
todos contribuirão e não ficará apenas um responsável pela ordem da casa. Dê valor
aos pequenos prazeres: um filme com alguém de quem goste, uma conversa com
um amigo distante, um banho demorado, tome café da manhã na cama e tantas
outras coisas.

9 - Não busque problemas: preocupação excessiva só gera ansiedade e


estresse, e nada resolve. Então, limite-se a resolver os problemas reais. Pense no
futuro sem desespero. Uma forma de aliviar a tensão é planejar-se (aceitando a

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82
possibilidade de que, às vezes, seja necessário mudar o percurso). Anote o que
deseja e, conforme vai alcançando, vá riscando. Liste também todas as conquistas
de sua vida de forma realista e sem críticas. Verá como você é vitorioso, por mais
simples que seja sua vida. Não se compare. Na comparação, sempre alguém sai em
desvantagem.
Desvie sua atenção das preocupações: tome um banho demorado, como
algo de que goste em um dia qualquer, convide amigos para sua casa, vá até a casa
deles, ouça música, leia livros, assista a TV, veja sites variados na internet. Viu?
Você tem tantas opções, basta permitir-se agir agora. Você pode ter uma vida
melhor. Anime-se, ajude-se! Pois só assim será uma pessoa mais agradável e tudo
fluirá melhor. Pense nisso!

7.5.2 Aprenda a realmente viver um dia de cada vez

Sabemos que planejar, ter metas é algo importante para o alcance do que se
deseja na vida. Mas quantas vezes exageramos para mais ou para menos as
consequências! Ou deixamos de realizar grandes feitos por querer tudo grandioso,
dentro do que percebemos como certo. Uma casa começa com a colocação do
alicerce, depois tijolo a tijolo até formar-se. Nossas preocupações limitam nosso
potencial algumas vezes. Pessoas que atingiram grandes metas, como Sílvio Santos
(de camelô a dono do SBT), Bill Gates (de jovem inteligente a dono da Microsoft) e
Nelson Mandela (de prisioneiro – por buscar a igualdade entre brancos e negros – a
ex-presidente da África do Sul), tiveram em comum o firme propósito de cada dia
investir suas energias, esforço no que poderiam fazer no presente, contrariando as
possibilidades de insucesso. Se ficassem fixados no passado ou no futuro, não
teriam alcançado metas tão audaciosas.
A questão é começar hoje, valorizando passado e futuro sem nos prender a
eles. Somos muito imediatistas nos dias atuais. Até bem pouco tempo não tínhamos
celular, internet, notebook e, quando estes aparelhos demoram alguns segundos
mais do que o habitual, ficamos logo estressados. Existe uma contradição que ainda
não superamos. Hoje temos máquinas que realizam muitas tarefas em casa e no

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83
trabalho, mas não conseguiram proporcionar um aumento de tempo; estamos cada
vez mais estressados, sem tempo para nós e para a família. Tomara que chegue o
dia em que possamos superar esta contradição!

O bravo não é quem não sente medo, mas quem vence esse medo (Nelson
Mandela).
FONTE: Disponível em: <http://pensador.uol.com.br>. Acesso em: 21 nov. 2011.

Devemos promover a coragem onde há medo, promover o acordo onde existe


conflito, e inspirar esperança onde há desespero (Nelson Mandela, em seu
aniversário de 89 anos).
FONTE: Disponível em: <http://pensador.uol.com.br>. Acesso em: 21 nov. 2011.

“Como camelô, eu já era um empresário. Mantinha três funcionários. Um ficava


olhando quando vinha o rapa. O outro cuidava do estoque de canetas e o terceiro
funcionava como farol. Ele chegava de 15 em 15 minutos e dizia: 'Gostei da caneta,
me dá uma', chamando a atenção dos clientes” (Sílvio Santos).
FONTE: Disponível em: <http://www.grandesmensagens.com.br>. Acesso em 21 nov. 2011.

"Na próxima década, posso prever que dobraremos nossa produtividade registrada
nos anos 1990" (Bill Gates).
FONTE: Disponível em <http://pensador.uol.com.br>. Acesso em 21 nov. 2011.

Dicas:
Biblioterapia:

Livro: “Viva o estresse”.


Autor: Barry Lenson.
Objetivo: É ajudá-lo a lidar efetivamente com o estresse em sua vida por meio do
Inventário Pessoal de Estresse.
Método: De acordo com o livro, a pessoa deve sentar-se calmamente por 45 minutos
e assinalar as questões relacionadas com seu cotidiano: maternidade/paternidade,
relações amorosas, outros relacionamentos familiares, finanças, saúde e outros.
Classificando em muito estressante, estressante e não estressante. Depois disso,

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selecionar todas que marcou “muito estressante”. Elas servirão como uma planilha
pessoal para os estresses que você vai resolver usando as técnicas do “bom
estresse/mau estresse”.

Livro: “Ansiedade e stress: livro de autoajuda, soluções eficientes para a tensão”.


Autor: Susan M. Lark.
Objetivo: Analisar, por meio do calendário mensal, os sintomas de ansiedade e
estresse. O calendário permitirá que você veja quais os tipos de sintomas que tem e
avalie o seu grau de seriedade. Isso tornará mais fácil selecionar tratamentos
específicos para alívio dos sintomas. Classificando os sintomas aparecem como
leves, moderados, graves ou nenhum (não apresenta). Depois, à medida que
avança no programa, pode continuar usando os calendários mensais (foram
incluídos para um ano) a fim de verificar o seu progresso.

Livro: “Vencendo o transtorno obsessivo-compulsivo: manual da terapia cognitivo-


comportamental para pacientes e terapeutas”.
Autor: Aristides Volpato Cordioli.
Objetivo: Auxiliar os pacientes e os terapeutas a esclarecer o transtorno obsessivo-
compulsivo e suas implicações.

Livro: “Medos, dúvidas e manias: orientação para pessoas com transtorno


obsessivo-compulsivo e seus familiares”.
Autor: Albina Rodrigues Torres, Roseli Shavitt e Eurípedes Miguel.
Objetivo: Auxiliar as pessoas acometidas pelo transtorno obsessivo-compulsivo e
seus familiares a esclarecer suas dúvidas.

Livro: “Dirigir sem medo”.


Autor: Cecília Cristina Bellina.
Objetivo: Orientar as pessoas que se sentem desconfortáveis frente ao volante, ou
que conheçam alguém, de que é possível superar a fobia de dirigir.

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Sites indicados para ajudar os profissionais, o indivíduo, parentes e amigos a
ampliar seus conhecimentos a respeito dos transtornos ansiosos:

 <http://www.amban.org.br>. Criado em 1985, o Ambulatório de


Ansiedade (AMBAN), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, tem como objetivo
estudo interdisciplinar do transtorno de pânico. Os transtornos ansiosos são
os que mais acometem a população no geral. A multiplicação do
conhecimento dá-se pela troca de experiências entre os profissionais de
nosso país e estrangeiros.
 <http://www.ufrgs.br/toc>
 <http://www.astoc.org.br>
 <http://www.protoc.com.br>. PROTOC – Projeto Transtornos do
Espectro Obsessivo-Compulsivo.
 <http://www.sitoc.org.br>. SITOC – Associação Santista de TOC e ST.
 <http://www.riostoc.org.br>. RIOSTOC – Associação Amigos,
Familiares e Pessoas com TOC.
 <http://www.medodedirigir.com.br>. Sites com informações sobre o
TOC para profissionais, pacientes, familiares e leigos.

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GLOSSÁRIO

Biblioterapia – (bíblio + terapia). Med Emprego de leituras selecionadas como


adjuvantes terapêuticos no tratamento de desordens nervosas.
FONTE: Disponível em <http://www.verbetes.com.br/def:96329:Biblioterapia>. Acesso em: 21 nov.
2011.

Cafeína – É uma substância da família das xantinas, capaz de estimular levemente


o sistema nervoso central, vasodilatador e diurético. A cafeína é encontrada no café,
chá chocolate, guaraná, Coca-Cola e outros refrigerantes, em alguns casos
juntamente com outras xantinas, tais como teofilina ou teobromina. Denomina-se
cafeinismo o uso excessivo crônico ou agudo (por exemplo, consumo diário de 500
mg ou mais), com eventual toxicidade. Os sintomas incluem inquietação, insônia,
rubor facial, contração muscular, taquicardia, perturbações gastrintestinais (por
exemplo, dores abdominais), tensão, pensamento e fala acelerados e
desorganizados e, algumas vezes, exacerbação de uma ansiedade preexistente ou
estados de pânico, depressão ou esquizofrenia. Os transtornos por uso de
substâncias da CID-10 incluem os transtornos causados pelo uso e a dependência
de cafeína (classificadas em F15).
FONTE: Disponível em: <http://www.portaldapsique.com.br/Dicionario/S.htm>. Acesso em: 21 nov.
2011.

Sintoma – Evento ou ocorrência que prenuncia a existência de outro evento ou


ocorrência. Em especial, algo que indica a presença atual ou futura de um estágio
patológico.
FONTE: Disponível em: <http://www.portaldapsique.com.br/Dicionario/S.htm>. Acesso em 21 nov.
2011.

FIM DO MÓDULO III

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87
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA
Portal Educação

CURSO DE
TRANSTORNO DE ANSIEDADE

Aluno:

EaD - Educação a Distância Portal Educação

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88
CURSO DE
TRANSTORNO DE ANSIEDADE

MÓDULO IV

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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89
MÓDULO IV

Crazy Maze (Louco labirinto)


Nós tentamos encontrar as respostas da vida
Batalhando dentro de nossas mentes
O que eu farei fora daqui?
Será que todos meus amigos estarão lá?
Porque estamos vivendo, estamos vivendo em um louco labirinto
E estamos lutando, estamos lutando
Para nos levantar acima da neblina
Há luz no fim do túnel
A jornada pode ser longa
Há muitas teorias
Quem está certo?
Quem está errado?

Eu tenho que escolher


Não tenho nada a perder
Eu fecho meus olhos
Eu me dou uma chance
Agora eu danço uma dança diferente
Qual a chave para uma vida feliz?
Uma mente saudável e um monte de temperos
Correr descalços através das árvores
Essa é minha ideia de liberdade.
Des'ree

8 NEM TUDO É TRANSTORNO DE ANSIEDADE

Como já falamos no decorrer dos módulos, a ansiedade faz parte da vida de


qualquer ser humano. Ela em si não é algo negativo, é algo que nos impulsiona, nos
motiva a nos preparar para a situação que surgirá. Existem situações que despertam

AN02FREV001/REV 4.0

90
a ansiedade em nós desde o nascimento: a primeira vez que vamos para a escola, a
adolescência, o primeiro encontro amoroso, o casamento, o amadurecimento e a
possibilidade de finitude (morte). Tudo isso faz parte dos estágios por que passamos
em nossas vidas e nos fortalece cada dia à medida que superamos.
Assim, percebemos que é impossível não sentir certo grau de ansiedade.
Segundo Gerzon (1997, p. 206), “doença, abandono, fracasso e morte - são as
principais ansiedades naturais da vida humana”. Buscamos, deste modo, saúde,
amor, sucesso e imortalidade. Isso é algo universal. O amor, a saúde e o sucesso,
se formos analisar, é o que nos dá sentido e impulsiona a nossa existência.
Para este autor:

 O amor: vinculado ao relacionamento amoroso, filial, família, status


social, aceitação e aprovação. Existem duas forças contrárias neste aspecto;
a ansiedade refere-se tanto ao medo do abandono quanto ao medo de ser
sufocado por este amor e, consequentemente, controlado. Se considerarmos
que podemos aprender com qualquer interação social, que há momentos de
solidão e isolamento e outros de conexão com as pessoas e com um Ser
Superior, aceitaremos que não precisamos ficar o tempo todo junto às
pessoas. É importante estar com o outro, mas também estar só em alguns
momentos é saudável.
 A saúde: nos aspectos físicos e mentais. Após um longo período sem
darmos atenção a nossa saúde física (alimentação, atividade física, higiene
adequadas) e mental (estresse, excesso de trabalho, raiva etc.), é comum
aparecer doenças. E por que isso acontece? Porque temos que ter equilíbrio
em tudo que fazemos para que não haja sobrecarga; quando há, ocorre a
doença. Aí, temos que parar de qualquer jeito. Temos de aceitar que não
somos insubstituíveis. Atenda o seu corpo e dê tempo de descanso
necessário a ele.
 O sucesso: econômico, material, poder, desenvolvimento profissional e
autorrealização. O sucesso e o fracasso andam próximos e são relativos aos
olhos dos que os enxergam. Ou seja, depende da perspectiva de vida, de
experiências e vivências que cada um teve; enfim, ele é relativo. Temos que
fazer a análise em relação a nós mesmos. Quando comparamos sucesso e

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91
fracasso baseando-nos nas conquistas e perdas das outras pessoas, isso se
torna vazio e sem sentido. Muitas vezes, as pessoas limitam o “sucesso na
vida”, acreditando que terão o sucesso e a felicidade colocando-se
condições: “somente me casando com determinada pessoa serei feliz”; “se
conseguir certo emprego” ou “se ganhar na loteria”.

Para conseguir ser mais livre em relação ao sucesso e ao fracasso é


preciso:

[...] esforçar-se de todo o coração em realizar uma meta de vida e aprender


com a experiência. Assim, nada poderá jamais arrancar o verdadeiro
sucesso de nossas mãos, a não ser nossa falta de disposição para abraçar
a experiência (GERZON, 1997, p. 256).

Quanto à imortalidade, todos têm consciência de que é algo “inalcançável”,


mas existem pesquisas sobre clonagem humana, células-tronco e outras que, se
analisarmos, são ensaios dessa necessidade do homem de acreditar que não terá
fim. Estas questões são de ampla discussão e envolvem crenças e religiões. Por
isso não estenderemos este assunto neste curso.
Conforme Silva (2006), viver é estar rodeado de novidades, riscos, acertos,
erros. Portanto, não temos como controlar totalmente como gostaríamos as
circunstâncias. Talvez, se isso fosse possível, morreríamos de tédio. A seguir, as
mais desagradáveis leis da vida, de acordo com Gerzon (1997, p. 241-242).

 A vida não vem com nenhuma garantia.


 Nossos corpos podem funcionar mal, e estamos sujeitos a doenças e
ferimentos.
 Coisas ruins acontecem a pessoas boas.
 Nem todo mundo que conhecemos gostará de nós.
 Quanto mais genuinamente amarmos e nos importarmos com o outro
ser humano, mais ansiedade teremos a respeito de seu bem-estar.
 Toda vantagem vem acompanhada de uma desvantagem.
 O dinheiro, mesmo montes dele, só pode comprar aquilo que está à
venda.
 Tudo se modifica.

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 Só porque amamos uma pessoa, isso não significa que ela também
nos ama.
 Alguns de nossos sonhos mais acalentados podem não se concretizar
nunca, não importa o quanto os tenhamos desejado.
 É altamente provável que algumas de nossas necessidades básicas
não tenham sido satisfeitas na infância. Mesmo assim, somos
completamente responsáveis por quem somos hoje.
 Às vezes não há uma segunda chance.
 Apesar das nossas relações humanas, permanecemos indivíduos
isolados, e nos defrontamos com a vida (e com a morte) sozinhos.
 O mal existe.
 Já que inevitavelmente somos feridos e ferimos uns aos outros,
precisamos aprender a nos perdoarmos infinitamente.
 Nós realmente vamos morrer.

E quantas vezes nos surpreendemos com as mesmas atitudes, gostos,


hábitos e comportamentos que antes não considerávamos e hoje fazem parte de
nossa vida. Realmente o ser humano está em construção é um ser inacabado.

Dica
Filme: “Click”.
Michael Newman (Adam Sandler) é casado e tem um casal de filhos. Ele
trabalha muito para ser reconhecido, mas não consegue. Um dia compra um
“controle universal” e este faz com que ele tenha controle de todos os
acontecimentos. Porém, chega o momento em que o controle não lhe obedece mais.
É só então que ele começa a realmente apreciar e aceitar a própria vida, com tudo o
que ela tem de melhor e de pior.

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8.1 SUPERSTIÇÕES SÃO DIFERENTES DE OBSESSÕES

Todos nós conhecemos as superstições (ou também chamadas de


crendices); elas fazem parte da cultura popular. Ouvimo-las e repetimo-las, uns
porque realmente acreditam, outros dão risadas, enfim, ela se propaga pelos
tempos. Algumas superstições mais conhecidas:

 coceira: se coçar a mão, significa que irá receber dinheiro;


 orelha: se a orelha esquerda esquentar, é que estão falando mal de
você;
 espelho: se quebrar um espelho, significa que terá 7 anos de azar;
 chinelo virado: se deixar, significa que alguém de sua família pode
morrer; e assim por diante.

Existem inúmeras superstições e não há uma pessoa que não tenha certas
“manias esquisitas”:

 não viver sem tecnologia (celular, computador etc.);


 colocar o dedo no nariz e ficar “limpando o salão”;
 não usar determinada cor que acredita trazer azar.

Portanto, o que diferencia a superstição da obsessão, basicamente, segundo


Silva (2004, p. 10), “[...] é que elas não tomam o tempo da pessoa nem a paralisam,
não se tornam algo imprescindível de fazer, sem o qual a pessoa se sentiria
intensamente angustiada e ameaçada”.
Para reforçar a diferença: a ideia supersticiosa causa apenas um leve
incômodo, como: ao ver o chinelo virado, você vai lá e o vira para cima. Quando a
pessoa se sente extremamente incomodada e não consegue deixar de fazer o
“ritual” que acredita ser protetor, sente-se mal. Abaixo, exemplo de quando a
superstição vira transtorno obsessivo-compulsivo (SILVA, 2004, p. 20):

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Olha, eu fazia minhas maluquices na hora do banho. Fazia gestos de ”isola”,
gestos que eu achava que protegeriam minha família de acontecimentos ruins,
porque eu tinha uns pensamentos de que alguém podia ser atropelado, assaltado,
baleado. Meus gestos “mágicos” iam aumentando cada vez mais — pois os
pensamentos ruins não cediam e eu tinha medo de que eles acontecessem mesmo
—, a ponto de quase se tornarem uma “dança”.
Depois que minha irmã mais velha caiu da bicicleta quando passeava, aí
piorou de vez. Minhas “mágicas” ainda não estavam suficientemente fortes, eu
pensava. Eram vários movimentos e, por fim, meus pais ou irmãs espancavam a
porta do banheiro. A gente só tem um banheiro. Daí, mesmo sabendo que era um
baita micão, eu tentava completar os gestos no quarto de meus pais, para protegê-
los. Minha irmã mais nova uma vez ficou observando, escondida, fazendo força para
não rir: eu girava, me ajoelhava, esticava os braços para cima, esquerda, direita,
para baixo, encostava a testa no chão... Era tanta coisa que nem me lembro direito.
Eu sei que minha irmã saiu correndo, contou pra todo mundo. Minha mãe queria
saber se eu estava usando drogas, se estava fazendo alguma simpatia.
Acho que eu nunca teria confessado se minha irmã não tivesse feito isso, e
fico imaginando agora como a coisa poderia ter piorado. Resolvi contar tudo, porque
não estava aguentando mais, e fui levado a um psicólogo. Eu me sentia o maior
“prego” do mundo, mas o psicólogo me contou que já tinha lidado com vários casos
semelhantes. Fiquei “bolado”: ou eu não era tão doente quanto pensava, ou tinha
muito mais gente “lesada” pelo mundo.

9 TRANSFORMANDO ANSIEDADE EM ANSIEDADE PRODUTIVA

As cenas a seguir exemplificam como podemos transformar fatos que geram


ansiedade, num primeiro momento, em ansiedade produtiva:

Caso I – Perda do emprego.


Flávio é funcionário de uma multinacional há aproximadamente 15 anos. Sendo
muito dedicado em seu trabalho, conquistou o cargo de gerente operacional. Após

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uma reunião da diretoria, Flávio é chamado na sala do diretor, que comunica sua
dispensa. Ele fica surpreso. Vai num primeiro momento para casa atordoado com a
novidade. Após o banho, ele vai jantar com a família e comunica: “tenho agora a
oportunidade de ter meu próprio negócio”. Todos se alegram (esposa e filhos), pois
gostariam de tê-lo mais presente em casa.
Cena 01: Flávio, homem de mais ou menos 42 anos, que trabalha vestido
socialmente e está em sua sala de frente ao notebook digitando planilhas. Sabe que
está acontecendo uma reunião da diretoria (sala ao lado – mesa grande com seis
homens vestidos de terno e gravata).
Diretor: Boa tarde, Flávio!
Diretor: Pode vir até a minha sala agora?
Flávio: Boa tarde, posso sim (Flávio fecha a tela e vai para a sala do diretor, como
sempre faz).

Cena 02: Flávio vai até a sala do diretor e senta à sua frente.
Diretor: Sente-se, Flávio. Flávio, você me conhece... sou um homem objetivo...
então... você tem noção de alguns ajustes que faremos para a fusão das empresas.
Flávio: Sim.
Diretor: Um dos ajustes é rever os cargos existentes em todos os níveis. Portanto,
você sempre foi um excelente funcionário, mas com a nova estrutura reduziremos os
cargos em mais de 40%.

Cena 03: O diretor procura ser amável, porém firme na sua decisão. Flávio
surpreende-se, ficando vermelho.
Diretor: Obrigado pelo seu trabalho até agora. Boa sorte. Se precisar, eu lhe darei
uma carta de apresentação.
Flávio: Obrigado. Entendo esta nova fase que a empresa terá.
(Flávio vai para casa atordoado, pensando em como comunicar a família.)

Cena 04: Chega e vai para ao banheiro, para um banho demorado. Ressurge em
seus pensamentos o sonho de ter seu próprio negócio. Sente invadindo sua mente
várias ideias. Na mesa de jantar, faz o comunicado.

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Flávio: Olá, meus amores. Tenho uma surpresa... tenho agora a oportunidade de ter
meu próprio negócio.
Filhos: Eba... você poderá agora brincar mais com a gente.
Esposa: Uau, que novidade! Vamos lá...
(A família começa a fazer o planejamento de seu sonho de ter o próprio negócio.)

Caso II – Concurso público.


Raul é um homem de 29 anos, que deseja ser bombeiro desde criança. Devido a
sua família ter poucos recursos, teve que trabalhar desde muito cedo. Mesmo tendo
pouco tempo para os estudos, prestou 4 vezes o concurso. Todos debocharam e
não acreditavam que passaria. Mas ele não desistiu. Agora, na quarta vez, passou
na prova. Está feliz.

Cena 01: Raul trabalha em um sacolão descarregando caixas de frutas todos os


dias. À noite, vai para a escola.
Raul: Eita... mais um dia...(fala com o colega)...esse trabalho é bom, pois me ajuda a
manter o porte físico para prova dos bombeiros.
Luís: KKKKKKKKKKKKKK Você já prestou 3 vezes e não passou...

Cena 02: Raul fica um pouco incomodado com o amigo. Dá um sorriso “amarelo”.
Raul: Você estudou até que série?
Luís: Eu? Hum... até a 6ª série.

Cena 03: O colega fica sem graça.


Raul: Eu vou estudar até passar.
(Luís não diz nada... olha para baixo.)

Cena 04: Raul faz a prova e vai ver o gabarito na hora do almoço, no cyber, com
Luís.

Cena 05: Raul comemora.


Raul: Eu te falei que iria prestar o concurso até passar. E passei!!!!
Luís: É mesmo. É... vou seguir seu exemplo e voltar a estudar.

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É comum que as pessoas fiquem ansiosas em algumas circunstâncias
(conforme já falamos no decorrer dos módulos), mas é possível transformar a
ansiedade em ações produtivas:

 jornalistas: de vez em quando, ocorre de ficarem “travados


momentaneamente” para produzir uma grande matéria, pois sabem que
serão avaliados pelo editor, leitores e outros;
 cantor às vésperas de um grande show: aquele frio na barriga, muita
expectativa e uma equipe de apoio que trabalha sem parar para que tudo dê
certo. Isso é comum de ser mencionado nas entrevistas feitas com grandes
cantores: Ivete Sangalo, Cláudia Leitte, Zélia Duncan, Caetano Veloso e
tantos outros;
 encontro amoroso: é natural que sintamos uma certa dose de
ansiedade social, ficamos ansiosos querendo agradar e nos pegamos tendo
atitudes “bobas”, mas que refletem nosso estado de paixão. No entanto, isso
é superado assim que começamos a nos relacionar com a pessoa e rimos
de tudo que ocorreu;
 às vésperas do vestibular (ou Enem), concurso, entrevista de emprego
atividades que são significativas para nós: ficamos muitas vezes sem dormir,
isso nos motiva a estudar, a nos preparar muito, conhecer aspectos da
empresa em que pretendemos trabalhar. Portanto, a ansiedade move-nos a
ter uma ação. Quando ela nos “trava’ totalmente, é que se implantam os
transtornos ansiosos.

A questão é encontrarmos o ponto de equilíbrio no que diz respeito à


ansiedade: níveis de ansiedade baixos demais ou altos demais não são saudáveis,
segundo Silva (2006). O autoconhecimento é fundamental para que possamos saber
qual é este ponto e ter estratégias de enfrentamento quando ocorre um desnível.
Você não consegue lutar contra ela, e sim dominá-la: “eu consigo deixar que meu
corpo passe por suas reações e lidar com isso. Já fiz isso antes” (BOURNE, 2008, p.
173).
Finalizando, daremos sugestões de enfrentamento da ansiedade, de acordo
com Bourne (2008):

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 esmurre ou grite em um travesseiro;
 procure relaxar o corpo e a mente;
 converse com alguém de sua confiança por telefone ou pessoalmente;
 se estiver no trabalho, vá até o banheiro, tome água, ou vá até a janela
e olhe o mundo em movimento;
 não se esqueça da respiração: você pode inspirar e expirar; esse
movimento já relaxa progressivamente;
 concentre-se no presente (procure ver o que está acontecendo em sua
volta, veja uma revista, tome um sorvete; o que não deve é ficar parado,
sujeito ao aumento da ansiedade);
 coloque uma música e cante, permita-se relaxar;
 diga para si mesmo: “isso vai passar”;
 saiba que, inicialmente, não terá resultados imediatos, dê tempo ao
tempo;
 leia livros de humor ou assista a filmes de comédia;
 diga a si mesmo: “não tenho de fazer isso de forma perfeita. Posso me
permitir ser humano”;
 cada pessoa tem seus pontos fortes e pontos a ser melhorados; muitos
não sofrem de transtornos ansiosos, porém sofrem de outros males;
 lembre-se de trocar “e se” por “e daí”. Com certeza, você pode superar
o que lhe acontece desde que esteja calmo para pensar nas possibilidades.

10 CASOS REAIS

Descreveremos, a seguir, alguns casos. Eles são o relato fiel de pessoas


que superaram os transtornos ansiosos ou estão em fase de superação. Você
poderá observar que são pessoas comuns que sofrem em silêncio até tomarem a
decisão de que não merecem viver deste modo.

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Transtorno de pânico: Viviane, 31 anos, comerciária, diante de um terrível
desconforto.

Há seis anos, durante um almoço com um colega de trabalho, vivenciei uma


das piores coisas do mundo. Tudo estava na mais perfeita harmonia e tranquilidade
quando, de repente, sem mais nem menos, uma sensação horrível e angustiante
tomou conta de mim. Começou com uma tontura, depois tudo ao meu redor estava
estranho (as pessoas, o ambiente) e pensei que estivesse enlouquecendo. Minha
vontade era de fugir dali, mas perdi o controle e desabei num choro compulsivo. Eu
tive absoluta certeza de que iria morrer, que iria enfartar, um mal-estar indescritível!
Tudo era muito intenso!
Meu corpo suava por inteiro, sentia enjoo, dormência na nuca, meu coração
disparava e me sentia sufocada. Medo! Ninguém conseguia fazer aquele desespero
parar, e os meus pensamentos eram os mais terríveis possíveis. Não fazia a menor
ideia de o que poderia estar acontecendo e jamais me esqueci dessas cenas de
horror. Até hoje não consigo passar por perto do restaurante. Tempos depois, as
crises voltaram e cada vez mais frequentes. Meus pais se desesperavam junto
comigo, percorríamos os prontos-socorros e as clínicas cardiológicas.
Fiz todos os exames que me pediram e o diagnóstico era sempre o mesmo:
estresse. Convivi com isso por cinco anos, o que me impediu de trabalhar, sair
sozinha e dirigir. Comecei a me informar sobre o assunto e procurei um psiquiatra.
Hoje sei que tenho transtorno de pânico e, por meio de medicação e terapia
adequadas, já me sinto muito mais segura e levando uma vida praticamente normal
(SILVA, 2006, p. 48).

Transtorno de ansiedade social: Marisa, 25 anos.

Desde que eu me entendo por gente, sempre fui muito insegura. Lembro-me
bem das sensações desagradáveis na minha infância e adolescência que, na época,
eu definia como “medo”. Enquanto crescia, mais difícil se tornava meu
relacionamento com as pessoas. Na faculdade, tudo ficou mais complicado,

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praticamente insuportável. Via-me só, tendo de lidar com situações de que, na
realidade, até então, passei a vida toda me esquivando. Tinha medo das pessoas
distantes e desconhecidas, nunca soube explicar direito. Enquanto o pessoal da
minha classe formava seus grupinhos, eu me esforçava para não demonstrar o que
me afligia, fugindo de todos. Encontros com o pessoal da turma após as aulas eram
uma verdadeira tortura!
E foi nesse período que comecei a beber. Primeiro foram alguns chopes pra
relaxar, mas depois as portas se abriram para outras drogas também. A maconha
era minha grande aliada, pois conseguia enfrentar tudo e todos sem maiores
problemas e, a qualquer hora do dia, estava “livre para viver”. Contudo, meu
rendimento escolar foi decaindo a olhos vistos e sabia que precisava de apoio.
Felizmente pude contar com o apoio incondicional da minha família que, além de
palavras de incentivo e carinho, procurou um especialista.
Consegui me livrar (só Deus sabe como) das drogas e das bebidas
alcoólicas, porém me encontrar com as pessoas se tornou mais difícil. Como
enfrentá-las, agora, de “cara limpa”? Hoje sei que sofro de fobia social e faço
tratamento apropriado para isso. Muitas situações ainda são muito complicadas para
mim e os sintomas desagradáveis não cessaram totalmente, mas a cada dia me
sinto mais fortalecida. Tenho certeza de que falta pouco para levar uma vida
inteiramente normal (SILVA, 2006, p. 92).

Transtorno obsessivo-compulsivo: a arquiteta Analice, de 36 anos.

Eu já era um pouquinho “sistemática” desde nova... Gostava das coisas bem


guardadinhas e alinhadas. Depois que tive o Pedro, minha mania de só fechar as
gavetas de talheres quando eles estivessem arrumadinhos piorou bastante. Mas
meu martírio mesmo começou quando passei a pensar que, se fechasse a gaveta e
alguma faca se deslocasse lá dentro, seria capaz de pegá-la e ferir meu filho. O
mais desesperador é que sempre fui uma mãe paciente, superapaixonada por meu
filho, que foi um bebê bem tranquilo. Como, quando eu fechava a gaveta das facas,
não conseguia ter certeza de que nenhuma faca tinha saído do lugar lá dentro,

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ficava abrindo e fechando a gaveta muitas vezes, porque, se não fizesse isso, me
vinha à mente minha imagem, com a faca na mão, ferindo meu filho. Era horrível,
horrível!
Hoje em dia ele é adolescente e não para de fazer chacota desde que soube
dessa história. De vez em quando, ele me chama de Mamãe Jason. Mas quer
saber? Agora que já estou livre disso também me junto a ele e dou boas
gargalhadas (SILVA, 2004, p. 9).

Fobia específica (fobia simples) – medo de dirigir: Andrea

Realizei meu sonho: comprei um carro. Mas e o medo? Como sofri! No


trabalho, meus colegas percebiam minha aflição e me incentivaram a procurar ajuda
para vencer meu medo. Mas eu não conseguia agir. Fiz orações e novenas. Levei
três anos até descobrir uma psicóloga especializada em medos. Foi o começo da
solução (CORASSA, 2006, p. 19).

Transtorno do estresse pós-traumático: Felipe, 15 anos

Felipe, um garoto tímido e reservado de 15 anos, estudava em um


conceituado colégio em São Paulo, no bairro do Morumbi. Sempre foi um aluno
exemplar: cumpria sem procrastinações seus afazeres estudantis, nunca ficou em
recuperação e passava nas provas com notas excelentes. Os professores sempre
relatavam que Felipe era um garoto brilhante e com um belo futuro pela frente. No
entanto, um grupinho de alunos “da pá virada” passou a discriminá-lo e importuná-lo
sistematicamente. Na frente de todos, ele era alvo de chacotas e apelidado de “cê-
dê-efê”, “puxa-saco” de professores, “nerd” e esquisitão. Certa vez, o garoto foi
agarrado e agredido fisicamente no banheiro da escola. [...] Seus agressores
impuseram silêncio. [...] O adolescente passou a ter verdadeiro pavor do grupo e,
dali em diante, frequentar as aulas se tornou um grande inferno.

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Os autores do ataque olhavam para Felipe com ar de ameaças e
cochichavam entre si. Agora a classe toda já fazia piadinhas. [...] Felipe passou a
matar aula, ir a shoppings, inventar doenças, andar a esmo. Tudo isso como forma
de fuga para não enfrentar o horror que estava vivenciando. Suas notas
despencaram, as faltas eram constantes. [...] Sem suportar mais as pressões
advindas de todos os lados e já sem forças, o menino relatou aos pais suas
experiências dramáticas. Os professores, a diretora da escola e os pais de Felipe
fizeram várias reuniões. [...] os pais acusavam a instituição, e esta jogava toda a
responsabilidade sobre a cabeça do adolescente e seus familiares. [...] trocou o filho
de escola... Hoje ele está em terapia, tentando superar seus traumas, seus medos e
sua dificuldade de se relacionar com qualquer pessoa (SILVA, 2010, p.19-20).

Transtorno de ansiedade generalizada: Evandro, 32 anos, corretor de imóveis.

Sou casado, pai de três filhos, e não sei, ao certo, quando essa minha
ansiedade começou. Certamente antes mesmo de me casar. Lembro-me que, ainda
na adolescência, era extremamente ansioso em tudo o que fazia. Muitas
preocupações rondavam meus pensamentos. Será que vou conseguir ter uma
namorada? Será que vou conseguir um bom emprego? Será que estou agradando
em uma roda de amigos. [...] Nunca tive dificuldades de arranjar namoradas, mas,
invariavelmente, ficava muito tenso e nervoso quando saía com uma garota. À
medida que se aproximava a hora do encontro, começava a sentir calafrios e
náuseas. Por diversas vezes, antes de sair de casa, cheguei a vomitar de tanta
ansiedade.
Hoje minha preocupação já é outra. Tenho um bom emprego, mas não
possuo uma renda mensal fixa [...] Algumas vezes, acho que minha preocupação é
exagerada, outras vezes, não. Às vésperas de fechar um bom negócio, minha
ansiedade chega a níveis incontroláveis, mesmo após 17 anos de profissão. [...]
Além da minha família e do meu trabalho, várias coisas também me preocupam: a
política financeira, as contas para pagar, as relações dos Estados Unidos com
outros países, o barulhinho no painel do carro... Tenho uma tensão muscular crônica

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e acordo mais cansado do que quando fui dormir. Já não sinto mais prazer em sair e
estou me distanciando dos poucos amigos que tenho... vivo sempre cansado...

Agorafobia

Tinha medo de sair de casa, de estar sozinha, de trabalhar, de ir ao teatro,


cinema ou shows. Logo eu, que sempre gostei tanto de tudo.

Para refletir!

Quem você é determina como você vê os outros!

Um viajante que se aproximava de uma grande cidade perguntou a um velhinho


sentado à beira da estrada:
— Como são as pessoas desta cidade?
— Como eram as pessoas do lugar de onde você veio? — o velhinho devolveu.
— Horríveis — disse o viajante. — Más, nada confiáveis, detestáveis em todos os
sentidos.
— Ah, — respondeu o velhinho — você verá a mesma coisa nesta cidade.
Assim que o viajante foi embora, outro parou para perguntar sobre a mesma cidade.
Mais uma vez, o velhinho perguntou como eram as pessoas do lugar de onde o
segundo peregrino vinha.
— Eram pessoas muito boas. Honestas, trabalhadoras e bastante generosas —
respondeu o viajante. — Fiquei triste por deixá-las.
— É exatamente o que você verá nas pessoas desta cidade.
A maneira a qual as pessoas veem as outras é um reflexo delas mesmas.
Se sou uma pessoa confiável, verei as outras como confiáveis. Se sou crítico,
acharei o mesmo dos outros. Se sou atencioso, para mim os outros serão gente
compassiva. Sua personalidade vem à tona quando você fala das outras pessoas e
interage com elas. Alguém que não conhece você será capaz de dizer muito a seu
respeito apenas a partir do que observa.
Autor desconhecido

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11 CONSIDERAÇÕES FINAIS

E eu vou!
Esquecer de tudo
As dores do mundo
Não quero saber
Quem fui
Mas sim quem sou.
Jota Quest

Este curso de transtorno de ansiedade teve a intenção de fazer com que as


pessoas pudessem entender um pouco sobre a ansiedade natural e ansiedade
patológica (doença). Durante os módulos, foram dadas sugestões e esclarecimentos
para que o indivíduo possa buscar superar a ansiedade que o incomoda, no entanto,
isso não substitui o acompanhamento do profissional.
Foi demonstrado que a forma como a pessoa percebe o mundo ao seu redor
é fundamental para a instalação do transtorno ou não. E que há solução para os
transtornos desde que as pessoas se proponham a sair da “zona de conforto” e
partir para a ação. Desta forma, superarão gradativamente todos os obstáculos e
voltarão a ter uma vida feliz.
Na vida, não temos garantias eternas de nada, o futuro é o que sempre nos
aguarda com suas alegrias ou tristezas, doença e saúde, acertos e erros, sucessos
e fracassos. O que diferencia é como nos propomos a lidar com o que nos acontece
a cada dia. Se tivermos a ilusão de que, preocupando-nos excessivamente,
conseguiremos dominar o mundo, apenas sofreremos e teremos uma vida ansiosa e
adoecedora.
Temos que ser senhores de nossas mentes, e não reféns. Temos outras
escolhas além do medo e de nos entregarmos: podemos enfrentar conscientemente
e vencer! Isso é possível, acredite!

FIM DO MÓDULO IV

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105
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