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Vocês devem analisar o impacto da constituição outorgada em 1824 sobre o

projeto de unidade territorial e de pacto político constitucional nas províncias


do norte (Pernambuco, Ceará, Bahia). Seria uma outra Independência?

Após a Independência de 1822, torna-se necessário criar uma série de


legislações que visavam à organização do novo Estado. Ao dissolver a Constituinte
em 1823, algumas províncias, especialmente as do norte, repudiaram a ação de
Dom Pedro I e, com isso, a unidade nacional que surgia se fragiliza. Com a outorga
da Constituição de 1824 há também uma indignação por parte de algumas
províncias, tendo em vista a criação do poder moderador, que, para alguns, era um
absolutismo disfarçado de monarquia constitucional, como é possível certificar no
livro de Andréa Slemian. O sentido de unidade nacional, dessa forma, se construía
pelas disputas regionais.

Nesse cenário, muitos liberais se inconfomaram após a Independência, ao


vislumbrarem uma monarquia constitucional e a autonomia das províncias e
receberem um governo aos moldes autoritários. Um desses inconformados é o Frei
Caneca que acusava D. Pedro I de ser absolutista, de se opor a uma nação livre e
soberana e de ser tendencioso ao Rio de Janeiro. Para Frei Caneca, quem
representaria a nação seria o Congresso e não um Imperador centralizador.

Quando é proclamada a Confederação do Equador é dado mais um passo na


fragilização da unidade nacional intencionada pelo Império. Nesse sentido, pode-se
dizer que há um país dividido política e ideologicamente. Por um lado, um projeto de
Estado atrelado à monarquia centralizada e, supostamente, constitucional e liberal.
Por outro lado, um projeto liberal e federalista, em que as províncias seriam
autônomas.

Se 1824 poderia ser marcado como o ano da tentativa de se estabelecer uma


unidade nacional do Império por meio da Constituição, isso se tornou impossível,
devido às disputas regionais, a articulação de forças no Congresso e a correlação
das províncias. Para mim, não seria uma outra Independência, mas sim uma luta de
projetos distintos de Estado, visto que as ações, sejam do governo ou dos
confederados, eram defendidas em nome da nação.

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