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REFLEXÕES SOBRE DISCUSSÃO DE CASOS CLÍNICOS

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SUMÁRIO

NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2

Introdução ................................................................................................ 3

O estudo de caso como elemento de ligação entre a pesquisa empírica


e prática clínica ............................................................................................... 6
A clínica e a pesquisa em clínica ....................................................... 10
Avaliação dos processos.................................................................... 21
Uma reflexão sobre a Apresentação de Caso Clínico ........................ 23
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 28

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Introdução

Nós sabemos da experiência subjetiva que temos uma mente e um corpo:


embora na saúde estes sejam sentidos na maior parte como existindo em algum
tipo de unidade e nós sentimos que vivemos dentro de nossos corpos, há
momentos em que nós os vivenciamos como entidades separadas. Por exemplo,
nas desordens dissociativas com despersonalização, é comum o sentimento de
que a mente não pertence ao próprio corpo, levando a uma dolorosa sensação
de irrealidade. Nos transtornos psicossomáticos, pode igualmente haver uma
dissociação entre mente e corpo, embora permaneça inconsciente. Em alguns
pacientes, quando a mente se encontra muito oprimida por emoções
inconscientes, há dificuldade para manejá-las adequadamente, e o corpo se
expressa, diretamente ou indiretamente, pelos sintomas ou doenças orgânicas.
Estas manifestações orgânicas são apresentadas pelo paciente e, às vezes, o
médico é o maior problema, com atuações iatrogênicas.

As emoções e pensamentos estão em contínua interação com o corpo.


Nós ficamos vermelhos de vergonha, suamos e trememos com ansiedade,
perdemos o sono e, na depressão, ficamos facilmente mais cansados e
desgastados. Do mesmo modo, o coração bate mais rápido e, quando estamos
excitados, sentimos mais energia física. Sob determinadas circunstâncias,
sentimos uma separação mental de nosso corpo, um problema frequente nas
personalidades esquizoides. Sob outras circunstâncias, por exemplo, ao
experimentar uma dor orgânica crônica e intensa, ficamos preocupados com o

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corpo ao ponto de uma exaustão mental (burnout). Nas doenças orgânicas
graves e potencialmente letais, tal preocupação inclui o medo intenso, a ameaça
iminente da morte, assim como a tristeza e pensamentos depressivos.

Algumas doenças orgânicas, com seus efeitos no cérebro, produzem


distúrbios emocionais e alterações principais no pensamento e mesmo na
consciência. Nosso sistema endócrino, por exemplo, pode influenciar emoções,
de modo que, se a tiroide estiver superativa, os níveis aumentados de hormônio
da tiroide podem nos trazer sentimentos de tensão. Inversamente, se a tiroide
estiver pouco ativa, é provável que haja uma depressão secundária às mudanças
no metabolismo cerebral. Na hiperatividade da córtex suprarrenal, um paciente
pode tornar-se deprimido ou maníaco, quando houver importantes alterações
nos níveis de corticosteroides. O mesmo é válido para quando um paciente
precisa tomar esteroides, como uma droga indicada no tratamento da asma
brônquica crônica ou para artrite reumatoide crônica. Em um outro exemplo, a
memória pode severamente estar afetada por determinadas deficiências de
vitamina, tais como a deficiência da vitamina B6 na síndrome de Korsakov,
consequência do alcoolismo.

Em doenças mentais, tais como a depressão maior ou a ansiedade, há


umas mudanças profundas na função corporal. Em uma grave depressão, os
pacientes negligenciam, frequentemente, os cuidados consigo mesmo. Têm
interrupções de sono, acordam cedo pela manhã e estão cansados e facilmente
entram em fadiga; sentem falta de energia e tem diminuição da libido. Além
disso, pode haver constipação intestinal e perda de apetite, com consequente
perda de peso. Em uma mulher, pode igualmente haver amenorreia, com total
interrupção da menstruação, ou uma disfunção menstrual, como as
dismenorreias, espasmódica ou congestiva. Na ansiedade, há sinais
generalizados de ativação do SNA, de modo que as pupilas ficam dilatadas,
acompanhados por transpiração e tremor das mãos. A boca fica seca e pode
haver náuseas, vômitos e diarreia. Há aumento da frequência de pulsações e
podem ser experimentadas palpitações. Há dificuldade para se levantar da cama
e sentimentos de cansaço.

Como pode ser visto nos exemplos acima, na saúde e na doença há uma
interação vital entre a mente e o corpo, e nós estamos constantemente

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conscientizados da nossa própria existência psicossomática e da de nossos
pacientes. Embora a psicologia psicossomática esteja relacionada com a
compreensão da influência de pensamentos e de emoções sobre o corpo, nós
sabemos que, na realidade, esta é parte de um processo de dupla via,
especialmente porque cada condição psicossomática pode evocar sentimentos
de ansiedade e medo muito semelhantes em outras doenças orgânicas. Os
pacientes podem sentir-se estigmatizados pelo diagnóstico de doença
psicossomática, sentindo que o profissional está insinuando que estão
inventando os sintomas, ou que estes são apenas produtos da imaginação
quando, na realidade, sentem a dor e o sofrimento referidos. Também, se logo
após diagnóstico, o médico encaminha estes pacientes para profissionais
especializados em intervenção psicológica, eles podem sentir-se rejeitados e
abandonados pelo médico, caso haja sentimentos contratransferenciais de
incompetência ou de ressentimentos.

Muitas circunstâncias psicossomáticas não são apenas psicossomáticas:


uma dor lombar começa por uma postura inadequada, e interage, na artrite, com
as mudanças na estrutura da coluna vertebral, conduzindo a dor local e
possivelmente referida, podendo ser afetada também uma depressão ou uma
ansiedade pré-existentes, tornando pior a condição psicossomática. Os sintomas
da dor podem ser produzidos por este transtorno emocional, de ansiedade e
depressão e podem levar ao medo, à resignação e ao desamparo, com possíveis
ganhos secundários (o desenvolvimento do papel de um comportamento doente
perante a doença), com complexos desdobramentos entre o paciente, a equipe
de saúde e o ambiente.

Há igualmente os fatores inconscientes que mantêm um sintoma


psicossomático, que fazem um paciente resistente reconhecer o papel de suas
emoções, que produzem ou agravam os sintomas. Tal resistência tem que ser
respeitada pelo psicoterapeuta no princípio do tratamento, ocasião em que pode
ser intenso o medo da dependência absoluta da pessoa do psicoterapeuta. Estas
dependências podem refletir a rachadura significativa no inconsciente do
paciente e protegem-no de tornar-se demasiado dependente de uma pessoa
sozinha.

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A abordagem psicossomática resgatou o doente como pessoa. E tanto o
aspecto físico quanto o aspecto psíquico são cuidados como uma unidade. Esta
abordagem trata as relações e interconexões entre mente e corpo.

As terapias somáticas valorizam o corpo, considerando um campo


sagrado para se alcançar a transformação.

A mente e o corpo são animados por uma mesma vida, e é exatamente


por isso que não podemos dizer que as doenças corporais não estejam
relacionadas com a psique. Mesmo que a doença não tenha sido causada pelo
psíquico, podemos observar complicações psíquicas. Sendo assim, um
sofrimento corporal pode afetar a psique, como também a psique é afetada pelo
corpo.

Na saúde existe um fluxo mais livre entre os conteúdos irracionais que


podem ser captados e assimilados pela consciência. Já a doença mostra que
existe alguma falha neste fluxo, e por falta de recursos, o corpo mostra aspectos
da psique que está em desequilíbrio. É possível afirmar que antes do
adoecimento se manifestar pode ser percebida uma falha no fluxo acima
mencionado.

O organismo pode entender uma doença como sendo porta-voz de que


alguma coisa precisa ter mais atenção, precisa mudar, como uma tentativa de
cura. Desta forma, a doença pode possibilitar o resgate do contato com o
inconsciente.

O estudo de caso como elemento de ligação entre a


pesquisa empírica e prática clínica

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Com base na revisão da literatura realizada, pode-se entender o estudo
de caso como um subtipo de pesquisa de caso único, que constitui uma
estratégia de investigação naturalística e flexível, mediante a utilização de
múltiplos métodos (quantitativos e/ou qualitativos) e variadas fontes de
evidências e informações, para descrever de forma intensiva e profunda um ou
mais casos individuais (seja o paciente, a díade paciente- -terapeuta, o processo
terapêutico etc.), focalizando as variações intrassujeitos através do tempo, a fim
de testar proposições teóricas (hipóteses) ou gerar explicações a serem testadas
e/ou confirmadas em estudos ulteriores. Diferenciam-se, portanto, estudos de
caso empíricos e estudos de caso clínicos. Essas características são
apresentadas e comentadas a seguir:

O estudo de caso é uma pesquisa observacional naturalística de caso


único: nas pesquisas de caso único em psicoterapia, distinguem-se os modelos
experimentais e os observacionais (Hilliard, 1993). Os delineamentos
experimentais e quase-experimentais são bastante restritivos: exigem, entre
outros aspectos, medidas bem definidas dos comportamentos que devem ser
modificados pelo tratamento (resultados) e que sejam reativas à intervenção.
Esses delineamentos também pressupõem que os comportamentos-alvo sejam
reversíveis na retirada do tratamento (Backman & Harris, 1999; Silvares, 2004).
Assim, embora muitas vezes os delineamentos de caso único sejam
genericamente denominados de estudo de caso, em sentido mais estrito

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reserva-se o termo para os estudos não experimentais, diferenciando-os desse
modo dos experimentos de caso único (Hilliard, 1993).

O estudo de caso é uma estratégia de pesquisa pluralista do ponto de


vista metodológico: o estudo de caso é uma estratégia de pesquisa pluralista
(Denscombe, 2003; Hilliard 1993; Stake, 2003; Yin, 2001). Desse modo, embora
seja uma das formas mais comuns e conhecidas de pesquisa qualitativa, o
estudo de caso não é, em sua essência, uma metodologia qualitativa. A sua
inclusão entre as metodologias qualitativas possivelmente reflete a falsa
equiparação entre qualitativo e idiográfico (Hilliard, 1993), bem como uma
confusão entre método de coleta de dados e estratégia de pesquisa (Yin, 1981).
Estudos de caso único (ou múltiplos) podem envolver dados qualitativos
(geralmente expressos em forma de prosa ou narrativa), bem como dados
quantitativos (mensurações em nível nominal, ordinal, intervalar ou de razão,
submetidas a procedimentos de estatística descritiva e/ou inferencial); também
podem ser híbridos, isto é, conjugar as duas abordagens (Stake, 2003; Yin,
2001).

Um caso é um fenômeno individual que é tomado como unidade de


análise e interesse: nos estudos de caso, o caso é um fenômeno individual,
particular, complexo e único (Denscombe, 2003). As pesquisas de caso único
em psicoterapia são aquelas que consideram uma entidade individual (paciente,
díade terapeuta-paciente, terapia de grupo, ou interação entre esses) como
unidade de análise e de interesse (Eells, 2007). O que define o caso, portanto, é
o fato de ele constituir uma unidade específica, um sistema cujas partes estão
integradas (Stake, 2003).

Um estudo de caso envolve descrições em profundidade: Estudos de caso


são estudos intensivos, nos quais o pesquisador está interessado em obter uma
grande quantidade de dados, em um número limitado de participantes. Diferem
das investigações de grupo nas quais um número limitado de dados é colhido e
analisado em um grande número de sujeitos (Chassan, 1979). Estudos de caso
realizam descrições cuidadosas, detalhadas e aprofundadas, que podem ser
realizadas através de variadas técnicas de avaliação ou mensuração (Backman
& Harris, 1999).

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O estudo de caso é uma estratégia de pesquisa com planejamento
flexível: a adaptatividade e a flexibilidade são outras características dessa
estratégia de pesquisa. Conforme Yin (2001), “pouquíssimos estudos de caso
terminarão exatamente como foram planejados” (p.83). Isso significa que esse
tipo de investigação permite ao pesquisador, em virtude das necessidades que
emergem durante o próprio estudo, alterar a direção prevista ou incluir outro
caso, por exemplo. A possibilidade de desvio do planejamento representa um
dos pontos mais fortes do estudo de caso, embora isso potencialmente possa
tornar o estudo mais trabalhoso e exigir do pesquisador capacidade de
adaptação e habilidade em manter o equilíbrio entre flexibilidade e rigor (Robson,
1993).

Um estudo de caso avalia processos inter-relacionados numa perspectiva


temporal: estudos de caso tipicamente focalizam processos que são inter-
relacionados. Como tendem a observar e descrever o caso como um todo, são
passíveis de explicar como as partes se conectam umas com as outras
(Denscombe, 2003). As questões de pesquisa geralmente referem-se ao como
e ao por que (Yin, 2001) e focalizam relações complexas (Stake, 2003). Em
psicoterapia, os estudos de caso possibilitam a análise longitudinal da imbricada
interação entre as diversas variáveis da dimensão processos-resultados (Hilliard,
1993).

O estudo de caso pode ser usado em ambos os contextos: de descoberta


e de justificativa : a visão comum do estudo de caso como um estudo piloto,
apropriado às etapas preliminares de investigação, é simplista e equivocada
(Flyvbjerg, 2006). Estudos de caso podem ser explanatórios, descritivos ou
exploratórios (Yin, 2001): quando o estudo envolve o teste de hipóteses
formuladas a priori, o contexto é de justificativa e o estudo é confirmatório (ou
explanatório); quando o objetivo é gerar hipóteses para serem testadas
futuramente, o contexto é de descoberta e o estudo é exploratório (Hilliard,
1993).

O estudo de caso empírico é diferente do estudo de caso clínico em


termos de objetivos e métodos: desde os primórdios da clínica psicanalítica, as
monografias, relatos e vinhetas clínicas são frequentemente realizadas com o
objetivo de descrever, informar, compartilhar experiências e ilustrar teorias e

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técnicas, demonstrando a plausibilidade das mesmas (d’Allones, 1989; Aveline,
Strauss & Stiles, 2007; Widlocher, 1994).

Nesse sentido, o estudo de caso pode ser considerado “a matéria prima


por excelência da psicanálise”, a origem dos principais insights até o momento
obtidos (Eizirik, 2006, p.172). Entretanto, via de regra, os estudos clínicos, ao
contrário dos estudos empíricos, são conduzidos sem qualquer preocupação
com o rigor metodológico (Widlöcher, 1994). Isso faz com que pesquisadores os
considerem muito limitados como forma de pesquisa (Bucci, 2007; Fonagy,
2004; Messer, 2007).

Messer (2007) lista algumas dessas limitações: a narrativa baseia-se na


memória do terapeuta ou analista e pode, portanto, ser afetada por desejos,
temores, expectativas e outros fenômenos inconscientes; a escolha do material
analisado é sem nenhum controle de viés de seleção; a interpretação do material
segue a ortodoxia teórica dominante e ignora outras possibilidades de
compreensão do fenômeno; há poucos dados contextuais que permitam ao leitor
confirmar ou refutar hipóteses sobre o significado do material; não há medidas
de resultados, além da impressão subjetiva do terapeuta ou analista.

A clínica e a pesquisa em clínica

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Os acontecimentos clínicos são fluídos e passageiros, simultaneamente
subjetivos e objetivos, unificam passado, presente e futuro, estão presentes e
ausentes, são tangíveis e intangíveis, verdadeiros e falsos, são paradoxais. Por
essa razão, o terapeuta trabalha no aqui e no agora, no espaço vivencial que se
estabelece nessa relação peculiar.

Como observar, medir, controlar variáveis, se os significados mudam, se


o que hoje é um reforço, amanhã tem um caráter punitivo, se o mesmo
acontecimento que hoje é apresentado de uma forma, surge amanhã de outra,
se os valores e os significados mudam, se as variáveis se multiplicam, se as
causas não têm os mesmos efeitos?

O vórtice de possibilidades que se apresenta na clínica desafia o alcance


das pesquisas baseadas no método experimental.

Se considerarmos, no entanto, a fluidez do fenômeno, se aceitarmos a


validade da construção de conhecimento a partir de uma pluralidade de métodos,
desenhados, definidos e redefinidos no decorrer da pesquisa, notamos que o
próprio modo de pensar do psicólogo clínico tem um caráter investigativo.

Na clínica, busca-se compreender os significados das experiências das


pessoas que procuram terapia, caminhando-se no sentido de atingir uma

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compreensão da experiência que possibilite a sua ressignificação. Os pacientes,
os clientes, as pessoas que procuram o psicólogo, enfim, reveem as suas vidas,
revivem as suas experiências, estabelecem de forma única a sua relação com o
terapeuta e, ao fazê-lo, evidenciam o seu modo de ser e de estar no mundo,
expõe as suas vivências e exploram significados.

O psicólogo está ali, a serviço de seu cliente. Ele vê, ouve, escuta, sente
e busca compreender o seu contexto, a sua história, de modo a apreender os
sentidos de suas experiências. Nessa abertura, o terapeuta deixa-se afetar pelo
cliente, atingir-se pelo modo como ele se apresenta, deixa-se mobilizar. E o que
é mobilizado nele torna-se um elemento a mais, sobre o qual pode refletir, para
compreender melhor o que acontece na relação terapêutica e com o seu cliente.

É nesse estar com o cliente, deixar-se afetar, viver o que se passa na


relação, nessa reflexão, que se forma no psicólogo uma compreensão a partir
da qual o psicólogo pode considerar como, quando e o que deve ser colocado
para o seu paciente.

O terapeuta mergulha na situação que se apresenta para melhor


compreendê-la, e, simultaneamente, distancia-se dela em um movimento
reflexivo. Ele está sempre em duas direções, na direção do cliente e na de seu
próprio mundo, está sempre "entre". Na reflexão, ele lança mão de seu
conhecimento tácito, de suas experiências prévias, de suas associações e
dialoga com os autores de sua preferência, a fim de estabelecer um quadro do
que se passa com o sujeito, para poder ajudá-lo no caminho da auto
compreensão e da autonomia em relação à própria vida.

O movimento de compor uma compreensão a respeito das experiências


do cliente é sempre validado na própria relação, quando o cliente pareia o que
lhe é dito com a sua própria experiência, e, então, concorda, discorda, apresenta
novos dados, aponta sutilezas, estabelece relações que redirecionam ou
fortalecem o modo de pensar do terapeuta.

Esse movimento clínico aproxima-se, e muito, do movimento de pesquisa


em Psicologia Clínica e, principalmente, das pesquisas que tem como objeto as
psicoterapias. Por essa razão, os psicólogos falam de metodologia clínica de
pesquisa, ou falam de suas abordagens psicológicas como abordagens clínicas

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e de pesquisa. É comum, também, nomearem vertentes metodológicas a partir
das abordagens psicológicas, como a metodologia psicanalítica de pesquisa,
fenomenológica, sistêmica, histórica, ou a partir do estilo da ação clínica de uma
determinada abordagem psicológica, descritiva, hermenêutica, compreensiva,
interpretativa, ou, ainda a partir das estratégias do psicólogo, como as
metodologias consideradas ativas, de pesquisa-ação, pesquisa participante,
entre outras inúmeras denominações e possibilidades de categorização.

O trabalho cínico assemelha-se ao das pesquisas qualitativas: o terapeuta


encontra-se diante de um desconhecido, uma pessoa que o procura e, em
princípio, quer dar-se a conhecer, para conhecer-se melhor. Ele deve deixar de
lado preconceitos em relação a ela e abrir-se para o que vier a fim de formular
questões. Para chegar à compreensão buscada, ele observa o seu cliente
cuidadosamente e por muitas vezes, como ele se apresenta e como se comporta
como ele é, como se movimenta como fala.

Descreve-o para si mesmo, para o seu supervisor ou em seus relatórios.


Analisa o que traz para a sessão e como traz. Reflete a respeito e, em suas
reflexões, vai e volta entre o que sentiu, o que viu, ouviu e viveu. Pensa a partir
de suas experiências prévias, a partir das colocações dos autores que estudou,
e assim constitui um modo de compreender o seu cliente.

Nesse processo, encontram-se as similaridades com os movimentos


principais do desenrolar de uma pesquisa: o objetivo do trabalho, a presença do
colaborador, o material, a análise, a interpretação, a validação, a compreensão,
a transmissão.

A proximidade entre o modo de desenvolver o pensamento do psicólogo


clínico e o modo de desenvolver o pensamento nas pesquisas qualitativas
compreensivas, fenomenológicas, hermenêuticas, interpretativas, muitas vezes
dificulta o trabalho do psicólogo clínico que quer, também, ser pesquisador.
Frequentemente, os psicólogos apresentam casos clínicos considerando-os
casos de pesquisa, sem atentar para a diferença entre a pesquisa clínica e a
pesquisa em clínica. As diferenças são sutis e devem ser consideradas.

Em primeiro lugar, é preciso atentar para a diferença de objetivos. O


terapeuta está interessado em auxiliar o seu cliente a compreender-se melhor e

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a recuperar a sua autonomia e para isso debruça-se sobre ele e sobre a sua
história. O objetivo do pesquisador é outro. Ele está interessado em aprofundar
o conhecimento de determinado conteúdo teórico, em esclarecer ou rever algum
conceito, pretende desenvolver certo aspecto da teoria que ainda não foi
suficientemente abordado, quer propor novas estratégias de atuação, validando-
as, ou avaliar aquelas que utiliza no manejo terapêutico, e busca, então, observar
os efeitos da nova estratégia no seu ou nos seus clientes.

Os temas de pesquisa decorrentes da ação clínica são inúmeros, porque


é exatamente na clínica que o psicólogo se defronta com a incompletude de seu
saber. Ele é confrontado com a insuficiência na própria ação e sofre a pressão
de ter que responder a uma demanda, sem o devido apoio teórico e técnico.
Nessas ocasiões, é comum ele recorrer ao senso comum, ao seu conhecimento
tácito, valer-se de conhecimentos de outras áreas, tanto da ciência quanto fora
dela.

O psicólogo termina por agir a partir de um conjunto de referências, muitas


das quais nem ele mesmo pode identificar. De certa forma, o rigor que é utilizado
no que diz respeito ao conhecimento teórico, a boa compreensão dos conceitos,
a precisão da técnica, cai por terra na concretude da clínica.

Ali o psicólogo vale-se de um ecletismo pragmático. Ele relaciona o que


vê e ouve aos diferentes conhecimentos adquiridos em seus estudos, sem
preocupação com a coerência das aproximações entre conceitos e explicações
oriundos de diferentes fontes. Ele recorre a explicações de outras áreas quando
não encontra apoio para compreender esta ou aquela questão.

O psicólogo, na clínica, e de forma justa, está mais preocupado em ajudar


o seu cliente, em conhecê-lo, nos efeitos que as suas reflexões terão em relação
ao cliente do que no rigor de suas ações e no desenvolvimento de um
pensamento que seja correto do ponto de vista científico.

O ecletismo pragmático é aceito em psicologia clínica dentro de certos


limites. É preciso que o psicólogo consiga apresentar o seu trabalho utilizando-
se de uma linguagem psicológica.

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Nas pesquisas, prevalece a exigência do rigor, da adequação psicológica
da linguagem, do uso correto e da associação coerente dos conceitos, do
cuidado metodológico, da correta forma de apresentação.

Os movimentos que acontecem na clínica, com vistas ao atendimento de


um cliente, são semelhantes aos que ocorrem nas pesquisas, mas, quando se
trata das pesquisas eles sofrem outras exigências.

Embora tanto no trabalho clínico, quanto na pesquisa em clínica, o


pesquisador busque desenvolver uma forma específica de compreensão, o
objeto da compreensão é diferente. O psicólogo pesquisador vale-se do que se
passa na clínica para a pesquisa, mas, olha o fenômeno já não do ponto de vista
do cliente, mas, a partir do seu objeto de estudo.

Assim, em uma pesquisa sobre a fobia, por exemplo, a compreensão do


terapeuta volta-se à compreensão da fobia para melhor compreender o seu
paciente e ajudá-lo. Já o pesquisador buscará compreender o paciente para
melhor compreender o que é e como se manifesta a fobia. Embora os dois
interesses caminhem juntos, há uma inversão da relação que se estabelece
entre a fobia e o paciente quando se olha o atendimento do ponto de vista do
clínico ou do ponto de vista do pesquisador.

É diferente, também, o modo como se estabelece a relação entre o


psicólogo e o cliente, e o psicólogo e o colaborador de sua pesquisa. No caso do
atendimento clínico, o cliente escolhe o terapeuta. Nas pesquisas em clínica, é
o pesquisador quem seleciona o seu colaborador. A escolha do colaborador é
feita buscando-se escolher aquele que melhor permita acessar o fenômeno que
se pretende estudar.

Assim, as pessoas são escolhidas pelas suas características e são


convidadas para colaborarem com o pesquisador. A relação cliente, colaborador
e terapeuta, pesquisador é, portanto, diferente, e o fato do cliente ser também o
colaborador modifica o campo terapêutico.

O psicólogo está a serviço do cliente, mas, este também é utilizado pelo


psicólogo para um outro trabalho cujo interesse não compartilha. Os efeitos

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dessa relação no atendimento precisam ser cuidadosamente observados e
trabalhados sempre que necessário.

Apesar dessa diferença no contrato, o psicólogo se volta para o seu cliente


ou para o seu colaborador com a mesma atitude: aberta, aceitadora, isenta de
preconceitos, atenta e interessada. As impressões iniciais são observadas
cuidadosamente, as associações e reações são notadas, suspendem-se os
preconceitos e as generalizações, busca-se conhecer a pessoa, cliente ou
colaborador, na sua individualidade.

O fato das duas situações trabalharem com o mesmo sujeito, de forma


semelhante, tem implicações nos dois campos. O sujeito ser ao mesmo tempo
paciente e colaborador da pesquisa, obriga o psicólogo a estar mais atento ao
lugar a partir do qual está ouvindo e respondendo a seu cliente. O interesse pela
pesquisa não pode sobrepor-se, por razões éticas, ao objetivo do atendimento,
e isto exige que o psicólogo se pergunte, com frequência, qual a motivação que
deu origem a esta ou aquela interpretação, porque ouviu e aprofundou tal
assunto e não outro e, se o interesse pelo tema da pesquisa não está dirigindo
suas intervenções ou colocando na sombra outros temas que poderão ter grande
relevância se encarados do ponto de vista do atendimento clínico.

Enfim, na clínica, o tema da pesquisa não pode, como muitas vezes


acontece em algumas atividades psicológicas de diagnóstico psicopatológico,
tornar-se equivalente a um leito de Procusto, salteador que raptava as pessoas
e as colocava em sua cama, cortando-as ou esticando-as para que se
ajustassem a ela.

Muitas vezes, o clínico poderá deparar-se com o fato de que o cliente,


pelo caminho que trilhou no atendimento, não se ajusta ao para a pesquisa e
deverá tomar todo o cuidado para não dirigir a terapia de forma a fazê-lo atender
às necessidades da pesquisa, mas, sim, deixar de lado o seu objetivo de
pesquisador, no que diz respeito a este cliente, para atendê-lo e buscar, então,
um novo colaborador.

Da mesma forma, o pesquisador deverá cuidar para não se envolver com


o caso de forma a perder de vista o objeto de sua pesquisa. Cada assinalamento
a respeito do seu tema de estudo é precioso para o seu trabalho investigativo

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mesmo se não se preste a intervenções ou aprofundamentos do ponto de vista
clínico.

Os cuidados éticos exigidos para a pesquisa com humanos obrigam a


explicar ao sujeito o tema da pesquisa, o modo como ela ocorrerá, a garantia do
sigilo e o uso que será feito do material fornecido pelo colaborador, deixando-o
livre para participar ou não da pesquisa, abandoná-la a qualquer momento ou
solicitar a não inclusão do material fornecido, se assim o desejar.

Evidentemente, essa exigência introduz no atendimento uma variável


pouco frequente no contrato psicoterápico. Essa variável terá efeitos no decorrer
do atendimento, da mesma forma como a permissão para gravar sessões ou
colocar observadores para fins de supervisão ou discussão de casos provoca
efeitos.

O terapeuta-pesquisador precisa, assim, considerar esse efeito durante o


atendimento e transformá-lo em tema de trabalho sempre que necessário. O
paciente poderá sentir-se usado pelo terapeuta, poderá ter dúvidas sobre o
sigilo, ter medo de ser reconhecido na apresentação final do trabalho ou pelo
contrário desejar ver o seu caso exposto e individualizado, enfim, inúmeras
podem ser as reações e cabe ao clínico observá-las e discuti-las.

As gravações e transcrições, filmagens ou anotações dos atendimentos


tem papel importante em relação ao trabalho clínico e de pesquisa.

Os diferentes registros do caso constituem o material sobre o qual o


psicólogo trabalha tanto no que diz respeito ao atendimento quanto à pesquisa.
Os registros, as anotações, transcrições, etc. são, porém, apenas o dado bruto.
Para cada uso, o material necessita ser transformado, o que é feito de uma forma
diferente quando se trata de relato clínico ou relato para pesquisa.

O relato escrito, realizado com finalidades clínicas, nem sempre é


necessário, a não ser que o clínico tenha a intenção de apresentá-lo em situação
pública ou transformá-lo em publicação. A maior parte das vezes, em supervisão
ou grupo de discussão, por exemplo, ele é realizado oralmente e gera discussões
pertinentes, não sendo preciso que o terapeuta escreva o que vai dizer. Nas

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situações de apresentação científica, no entanto, deverá fazê-lo e, no caso das
pesquisas, o relato escrito é absolutamente necessário.

No relato do atendimento, realizado com finalidades clínicas, de


discussão, supervisão, ou apresentação de caso, os protagonistas são o
paciente e o terapeuta. No caso da pesquisa, o protagonista é o tema da
pesquisa.

Por essa razão os relatos do caso para fins clínicos são diferentes do
relato para fins de pesquisa e, convém lembrar, ambos modificam o material
inicial, obtido junto ao cliente e colaborador.

Se o atendimento foi gravado, por exemplo, o pesquisador o transcreve,


lê a transcrição inúmeras vezes e, a partir dela, elabora um relato descritivo,
salientando tudo o que surgiu e que diz respeito ao tema em estudo.

Por essa razão, é sempre interessante apresentar o relato e anexar, ao


final do relatório da pesquisa, o material bruto, para que seja possível
compreender como a perspectiva do pesquisador salientou, selecionou, ou
abandonou determinada porção ou assunto presente na sessão. Esse relato, já
constitui o início da análise do material. O material bruto, a transcrição do
atendimento, é nele modificado, a serviço de salientar o que ele diz ou mostra
para o pesquisador sobre o tema estudado.

A partir do relato, o pesquisador tem já o seu caso clínico transformado e


começa a pensar no mesmo em termos psicológicos.

Certamente, a perspectiva teórica do terapeuta ou do pesquisador se fez


presente desde o primeiro momento, na condução do caso, na elaboração do
relato, nas observações, reflexões, intervenções e decisões realizadas.

No entanto, após a elaboração do relato do atendimento, baseado no


registro do mesmo, a linguagem teórica torna-se mais explícita. O ecletismo
pragmático que é aceito na clínica, em certos limites, não pode estar presente
quando se trata de pesquisa.

A perspectiva psicológica adotada pelo pesquisador deve ser clara e ele


precisa dominar os seus conceitos para poder utilizá-los com liberdade, podendo
estabelecer um diálogo com eles. Para que esse diálogo se torne possível, os

18
fenômenos psicológicos relevantes contidos no relato são transcritos em
linguagem psicológica.

Aquilo que a pessoa falou ou mostrou, precisa ser expresso já em termos


da perspectiva teórica escolhida. Trata-se de nova transformação do material da
pesquisa que inicialmente era um material clínico, depois se transformou em um
relato elaborado a partir do ponto de vista do tema estudado e que agora é
transcrito em termos psicológicos.

A linguagem psicológica nos trabalhos de pesquisa em clínica não se


volta, porém, para este ou aquele aspecto do processo terapêutico, interessante
para a evolução do caso, se ele não for. Também, de interesse para o
esclarecimento do objeto da pesquisa. É preciso que em novas leituras do relato,
e de voltas ao material bruto se necessário, o pesquisador tenha sempre em
mente o problema, a pergunta que gerou a sua pesquisa e que ele interrogue o
material, deixe que ele mostre, aponte, apresente possibilidades de resposta à
sua pergunta.

O material de pesquisa, examinado com interesse e com a intenção de


conhecer profundamente o que ele oferece, antecipa o que poderá ser analisado
e aponta o caminho para as respostas. No seu exame profundo, o material de
pesquisa em suas transformações precede o pesquisador e antecipa a
compreensão que está sendo construída.

A relação que se estabelece com a teoria ao interrogar o material é muito


importante para o desenvolvimento do trabalho. A teoria não deve abafar o que
o colaborador ou o cliente tem a dizer. Um excesso de apego às explicações
teóricas tem o efeito de limitar o conhecimento e tende apenas a confirmá-lo.
Apenas aplicar um determinado conhecimento ao material em análise para ver
apenas o que a teoria já diz, bloqueando a criatividade do pesquisador e impede
que ele transforme o seu trabalho de pesquisa em um produto único que
carregue a sua colaboração pessoal e singular.

As teorias psicológicas, assim como as outras teorias, são produções


humanas, mudam continuamente, e são ainda muito precárias, elas não
abarcam as experiências no seu todo, as suas afirmações não podem ser
tomadas como verdadeiras, sem questionamento. É preciso um olhar que utilize

19
as referências teóricas, mas, não se submeta às mesmas, coloque-se acima
delas, no sentido de ser capaz de lançar uma visada crítica ao uso que está
sendo feito da teoria.

A suspensão do raciocínio teórico para voltar à transcrição, ao material


bruto, ao material transformado é um movimento que pode informar sobre a
consistência da leitura realizada, sobre sua suficiência, sobre aquilo que pode
ou não informar sobre o tema em estudo.

Diante das insuficiências, quando o clínico recorre a outras referências


para dar conta da prática, o pesquisador deve inicialmente apontá-las, e
colaborar no avanço da concepção teórica, se isso for possível. Caso ele se
valha de outras áreas do conhecimento, convém esclarecer quais utilizou e
porque as utilizou.

Para que possa fazer isso, é importante que domine a sua teoria de
referência, para que não busque em outros campos do saber aquilo que já está
no seu, simplesmente por desconhecer os recursos que encontra na própria
teoria de apoio.

O cuidado do pesquisador deve ser o de explorar as possibilidades de


compreensão oferecidas pela sua abordagem de forma abrangente, tomar a
teoria como interlocutora, estabelecendo sempre novas relações, criando uma
proximidade estreita entre os seus conceitos e o que está estudando de modo a
colaborar efetivamente com a construção do saber.

Ao final do atendimento clínico, o terapeuta fecha o caso com uma síntese


sobre o trabalho que foi feito. Da mesma forma, espera-se que uma investigação
em clínica termine em uma síntese compreensiva. O pesquisador apresenta os
seus resultados, o que pode compreender, em um relatório que contém todos os
elementos que permitam compreender o trajeto percorrido para chegar às
conclusões.

O relatório necessita de transparência, coerência, consistência e


racionalidade. Ele pode vir acompanhado, no entanto, de outros recursos,
criativos, que estimulem outras formas de compreensão que não as
exclusivamente racionais.

20
A validação da pesquisa se dá em grande parte pelos critérios acima, no
tento, a primeira validação – e a mais importante – é a que decorre de uma auto
avaliação realizada pelo próprio pesquisador. Voltando a atenção para os seus
próprios movimentos, para o modo como colheu o material, como o analisou,
como dialogou com a teoria, como construiu um quadro compreensivo da
questão inicialmente levantada, dos cuidados éticos que tomou, da sua
dedicação e empenho, o próprio pesquisador avalia seu trabalho e sente-se, ou
não, em condições de apresentá-lo.

Avaliação dos processos

21
Na clínica, a auto avaliação é constante, dada a importância atribuída aos
movimentos contra-transferenciais, e a validação do trabalho se dá,
principalmente, pelo retorno do próprio cliente. Parte dessa validação ocorre,
também, quando o caso clínico é apresentado para discussão com pares.
Validação semelhante se dá no caso das pesquisas. O cliente que é também o
colaborador da pesquisa valida o pesquisador por suas colocações. Não cabe,
no entanto, ao terapeuta pesquisador, levar suas análises ou conclusões de
forma detalhada para que ele as valide. A validade no caso é dada pelos pares,
pelas pessoas para quem o trabalho é disponibilizado e pela sua aceitação no
meio científico.

O relatório, portanto, deve atender a critérios de comunicabilidade e de


transparência, para que quem o avalie possa compreender qual o caminho que
o pesquisador seguiu. A comunicabilidade é também uma característica
importante no trabalho clínico. A compreensão que o terapeuta vai construindo
é comunicada ao seu cliente e isso deve ser feito de modo a levantar nele uma
nova compreensão do que se passa em si.

Na clínica, é também comunicada ao supervisor, a outro psicólogo ou


profissional afim ou em eventos científicos. No caso da pesquisa, a comunicação
da metodologia e dos procedimentos utilizados, dos mecanismos de análise, dos
resultados também tem por provocar novas compreensões, no grupo científico
que se interessa pelo mesmo tema a partir de uma mesma perspectiva ou de
uma perspectiva semelhante.

Os modos de comunicar o objetivo, os fundamentos teóricos, o método e


os resultados de uma pesquisa, isoladamente ou em conjunto, nesta ou naquela
sequência, com muitas ou poucas referências e citações visa facilitar a sua
avaliação e é definida pelas instituições que regem a produção científica em cada
época. O fato é que o pesquisador cria conhecimento para oferecê-lo à
sociedade científica. Ele disponibiliza o seu trabalho. Convém fazê-lo da forma
mais conveniente para as pessoas que vão recebê-lo. Nesse momento a
pesquisa se formaliza e é exatamente nessa formalização que ela deixa aparecer
qual é a sua colaboração única para o campo do saber.

22
A pesquisa, assim como o trabalho clínico, tem uma função de
fecundação. Fecundação do conhecimento, assimilando-o, transformando-o e
devolvendo-o, fecundação do colaborador que, ao participar da investigação,
oferecendo-se como sujeito, desnuda-se para o pesquisador e ao fazê-lo pode
ouvir a própria voz. Fecundação, principalmente para o próprio pesquisador que
ao refletir sobre sua questão, mergulha em um mundo de significados e
possibilita a sua recriação. Desse modo, ele também se recria. Fecundação dos
colegas que ao se debruçarem sobre a pesquisa encontram nela novas
possibilidades de compreensão.

Por essa razão, mesmo a pesquisa que se pretende científica não pode
prescindir da expressão artística, manifesta na harmonia da apresentação, na
originalidade da compreensão, no envolvimento com o pesquisador. O rigor
científico e a precisão adquirem beleza quando acoplados à poesia.

Essa é a aventura e a liberdade da pesquisa, ela nos mostra, segundo


Giordano Bruno, que não é vã a faculdade do intelecto, ele sempre quer e pode
nos dar as inumeráveis riquezas de tanto espaço, de tão digno campo, de tantos
mundos cultos, evitando que o círculo do horizonte, falso à vista na terra e
imaginado pela fantasia no éter espaço, encarcere o nosso espírito.

Uma reflexão sobre a Apresentação de Caso Clínico

Que a clínica nos impõe questões, isto é fato. Seja a nível de nossa
prática, o que necessariamente nos remete à uma reflexão ética acerca de nossa
postura frente ao paciente, ou a nível conceitual, de avaliação ou não, daquilo
que se propõe teoricamente. É o momento de interrogarão tanto da eficácia
como dos limites desta prática.

Ao nos depararmos pela primeira vez com o desafio de realizarmos um


trabalho clínico, é inevitável nos defrontarmos com esta situação (ou pelo menos
deveria ser). Fundamentalmente, ao tomarmos a psicanálise como referência à
nossa prática, é mister situarmos a clínica como sendo também um espaço de
pesquisa, no sentido de ser na clínica que, ao escutarmos o paciente, podemos

23
construir a partir da fala deste, nossos questionamentos, e assim, articularmos
conceitualmente este discurso. Em suma, todo o corpo teórico da psicanálise
tem sua origem na clínica.

Se a psicanálise possui hoje um alcance teórico bastante amplo, isto é


devido à clínica. Freud e Breuer já procediam desta forma ainda em um período
“pré-psicanalítico”, as primeiras proposições teóricas realizadas por ambos
tiveram sua efetivação a partir dos casos clínicos da Srta. Anna O. e da Sra.
Emmy. Sendo que a primeira paciente de Breuer propiciou à Freud perceber os
vestígios do que viria posteriormente teorizar enquanto transferência, elemento
fundamental a qualquer tratamento analítico.

Apesar da psicanálise propor trabalhos, já desde Freud, para além da


clínica, como as leituras do social, ou dos sintomas sociais a inúmeras
interlocuções teóricas com várias áreas do conhecimento, como a topologia, a
linguística, a literatura, dentre outras; o que se produz neste campo intervém
diretamente na clínica, é em função da prática que se busca este tipo de
articulação. Por outro lado, o que se propõe neste nível, somente tem valor a
partir do momento em que pode ser comprovado pela clínica. É pela prática
clínica que o conceito abstraído de uma interlocução ou de uma leitura do social
é validado.

No momento em que nos propomos a apresentar um caso clínico, é


necessário que nos perguntemos de que maneira isto pode se efetivar, uma vez
que não se trata de um simples relato dos atendimentos realizados para que
dispondo disto possamos discutir o caso em conjunto. É preciso ampliar um
pouco esta visão. Para tanto cabe questionar primeiramente: o que é um caso
clínico? Um caso é uma ficção, porém, “uma ficção clínica, resultado de uma
hipótese teórica” (SOUZA, 2000,p.23).

É precisamente aí que questionamos o valor de um mero relato de caso,


no intento de apresentar a história exata de vida do paciente, o situando no
campo de uma produção. De quem? De quem é a ficção que contamos em um
caso clínico? Ou ainda, como ela se produz, a partir de que elementos?
Construímos o caso a partir da fala do paciente, mas para além disso a partir da
nossa escuta.

24
O caso se produz justamente neste encontro de uma fala com uma escuta.
Ou, porque não dizer, do desencontro da fala e da escuta? Por mais estranho
que isto possa parecer, é justamente onde a fala do paciente nos faz resistência
que elegemos os elementos que irão constituir a narrativa da ficção. Trata-se do
momento em que a fala do paciente interpela e confronta à quem escuta “no
limite do fantasma que o suporta e da teoria que o orienta” (ibid. p.21).

A este ponto, de um não saber, que dirigimos nosso olhar. Dele, trazemos
no caso, não somente os elementos discursivos que o paciente enuncia, mas o
momento, o lugar no qual ele se enunciou. De fato é disto que se trata, muito
mais do lugar do que da fala em si. Até porque se o principio da escuta é o da
transferência, o que nos importa é em que lugar transferencial algo foi enunciado,
e de que lugar transferencial escutamos. “O caso, nesta perspectiva, revela não
só o sujeito que fala do seu sofrimento, como também o analista que escuta” (
ibid. p.18).

Neste sentido, ao realizarmos uma atividade de apresentação de caso


clínico, nossa responsabilidade ética, enquanto instituição, não incide somente
sobre a fala do paciente, apresentada, mas também acerca do que é enunciado
por parte de quem apresenta o caso. Este tipo de atividade deve levar em conta
que não se trata de escutar o que aí pode aparecer do lado de quem faz o relato,
e igualmente o que concerne ao paciente em questão. Deve-se compreender o
caráter ficcional do caso, e que, sua apresentação não tem o intuito de expor o
paciente a uma análise por parte do grupo, este não está ali para interferir no
tratamento, a contribuição do grupo incide sobre o caso apresentado e não sobre
o âmbito do tratamento.

É claro que não temos garantias de como fará marca em quem apresenta,
a intervenção do grupo, sendo que este pode acabar levando estas construções
ao tratamento de seu paciente. Não há como interpretar a fala de um paciente
em grupo, a interpretação pressupõe uma escuta e esta, pressupõe que haja o
endereçamento de um saber-suposto, reafirmando, que haja transferência.
Quando o grupo direciona sua atenção sobre o caso não é para interpretá-lo, só
quem pode fazê-lo é quem o apresenta.

25
Do contrário estaríamos tentando aplicar um saber psicanalítico sobre um
não saber, do caso. Lacan, afirma que “A psicanálise só se aplica, em sentido
próprio, como tratamento, e portanto, a um sujeito que fala e que ouve.”
(1998[1960], p.758). Fora do contexto clínico, ou seja, a prática que propõe a
psicanálise aplicada, “só poderia sê-lo, num sentido figurado, isto é, imaginário,
baseado na analogia e, como tal, desprovido de eficácia” (ROUDINESCO, 1998,
p.608).

Para que se propõe então uma apresentação de caso? Ela se dá no


movimento contrário ao da psicanálise aplicada. Não se trata de enquadrar um
caso em uma estrutura teórica pré-estabelecida, mas de, a partir do caso, discutir
teoricamente as questões que o caso pode nos incitar. E neste sentido é de

26
grande importância na formação, uma vez que a partir desta apresentação,
questões que o clínico nos remetem possam ser debatidas em conjunto. É a
oportunidade de produzirmos, na direção de uma melhor compreensão ou até
de inovação teórica. É também por esta razão que se justifica a apresentação do
caso. Pelo valor de interrogação teórica que ele produz, pela interação de teoria
e prática. Tendo clara esta dimensão, é provável que não caiamos no exercício
de um gozo que a aplicação de saber poderia suscitar. Neste contexto saímos
do campo da suposição para adentrarmos no campo da teoria.

Ao relatar um caso desejamos transmitir aos outros uma informação nova,


relevante, que nos conduziu num caminho inabitual e que consideramos útil.
Para além da leitura imediata, na data e número da revista em que foi publicada,
ambicionamos que outros, com dúvidas ou questões semelhantes, possam
juntar os seus casos ao nosso. O único meio de conseguir concretizar essa
ambição é escolher criteriosamente as palavras-chave. Para isso uma questão
clínica bem construída é fundamental para a seleção dos termos.

A escrita (e a leitura) são instrumentos de (auto)conhecimento. A reflexão


que antecede e acompanha a escrita de um caso, de uma experiência
(ensaio/prova) e se prolonga para além no tempo, é vital para qualquer
profissional. Permite um acrescento de saber, de dúvida e de mais saber, numa
espiral de crescimento com um potencial de mudança que nenhum outro método
possui. Ganharemos saber, ensinaremos atitudes e valores publicando mais
relatos de caso. O dever de os analisar e discutir, encontrando velhos problemas
e novas soluções, novos problemas e velhas soluções, é de todos, sem perder
de vista os princípios que nos norteiam - o respeito pela individualidade e pela
liberdade de cada ser humano e o dever de procura, para cada um, de um
cuidado humanizado, dirigido, atuante, equitativo e digno.

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