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7 uNt ESTUDO ARQUETII'ICO DA NIOR'I'E
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f 'Aqueles quê êmvida guiaram-rne Íros descaminhos de luz,
ID e nâ morte llumlnarârn o carnlnho das treves.
f, Saudades

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AGRADECI},IENTOS

A toda nrinha família, que muito colaborou, das


mais diversas formas, ão longo de minha formação e em

eEpecial na realização deste trabalho.

Ao Dr- Glauco J. R. UIson, analista e amigor 9up

tantas vezes De encorajou, com sabedoria e deterninação, a


seguir o neu caninho, não importando o obstáculo que
surg isEe.

Ao Dr. Augusto A. Capelo, orientador, pela


compreensão com gue acolheu as dificuldades na elaboracão
deste trabalho.
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t'I RESUl.tÍt

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UI,I ESTUDO AROUETÍPICO IIA
T I.IORTE

)
I, Este trabalho visa descobrir o que há de corum e
T duradouro, arquetípico, nos mitos e ritos da morte, e de gue
I forma eles podem auxiliar-nos na elaboração desta vivência.
I, Após pesquisar doze mitos encontrei cinco idÉias
t
I principais gue agrupei em guadro esquemático sob os tÍtulos:
p ulação do corpo; chegad a do el ement o de transição;
iíanip

t, Travessia; Julganento; Destino das almas.


t, A interpretação dos sÍnbolos contidos en cada uma
l. destas idéias mostra-nos como os rituais auxiliam o ego do
l.
D parente enlutado a ir gradativamente transformando-se junto
tr
l
com o ente perdido. Do nível fisico necessita-se nais e nais

t, de concepcões espirituais. Ilo individuo gue Eorre chega-se à


t hunanidade, da consciência ao inconsciente coletivo. Este
i. que é ao tresro teapo o nundo daE trevas e a nat rí2, oferece
P a possibilidade de vermos vida e morte juntos, de
l.
p transcendermos aquela polaridade e de retornarmos
n transformados para viver e norrer melhor.
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iNDICE

!F pág ,

I'
L I INTRODUCÃO I

t II CONSIDERACõES TEóRICAS

I
é

III }.IITOLOGIA DA }4ORTE 11

L- Pré-Histórica 13
i,, ? EsÍpsia 18
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3
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Assirio-Bab i 1 ôn ica
Grega
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t, 6
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Romana
Teotônica
Persa
31
37
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Chinesa
49
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tO Japonesa
t, 1t
L?
Judaica
Cristã
65
68
77
F
:' IV O AROUETiPICO NA I.IITOLOGIA DA },IORTE 81

b V CONCLUSõES B9

l'' REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 93

l,. APêNDICE
h. Ouadro Esquemát ico
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) LISTA DE ILUSTRACõES
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) pág :

, 1 Pesagem das Almas 11

, ? Cena Funerária Pré-Histórica t?


, 3 Anub i s t7
,
O sênio Shedu ??
t 4

, 5 Cérbero e5

a ê Gênios Funerários Romanos 30


a 7 Pedra Funerária Teutônica 36
, B Aura-Jíazda e Ahriman 44
,
I Roda da Uida Hindu 48
,
I to Deuses das Portag, l'len-shen 51

, 11 Emma-hoo 64

t L? Jacob vê a túnica de José 67


) 13 Jesus Sepultado 76
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U},I ESTUDO AROUETiPICO DA }'IORTE

"Comeráso pão com o suor do teu rosto,


até gue voltes à terra de onde foste tirado:
porque tu és pó e em Pó te hás-de tornar-"
(Gen 3-19)

I - INTRODUCÃO

O tema da morte Prende minha atenção há muito,


desde meu primeiro confronto com ela, ainda na infância. Por
excesso de cuidados buscaram PouPar-te desta vivência tão
dolorosa, sem saber, é 1ógico, Qtl€ ao fazê-lo impedíam-ne de
percorrer o caminho trilhado, forçando a buscar un só meu'
A prineira luz gue recaiu sobre esta vivência foi
um sonho que tive, dois ou três dias apóE a morte de uma
peesoa da familia. Eu a encontro na calçada,em frente ao

préd io onde morara. Ela está exat amente coro antes de


)

)
adoecer, com as roupas que costumava usar, Eua bolsa, e
)
sorria da mesma maneira. Feliz, eu pergunto se ela já havia
)
voltado para casa. Ela explica que embora muito próxima, não
)
poderá mais atravessar a rua, mas também não deseia mais
)
) fazê-1 o .

) Este sonho permaneceu vivo na minha memória e teve


) sempre um efeito aliviador, tranquilizador. Não sei dizer o
)
que compreendi através dele naquela ocasião e nem em que
)
) sentido ele modificou as concepções gue eu tinha. Acho,
, hoje, eup a idéia importante contida é a visão da morte como
, mudanEa, como uma continuação diferente da vida: esta
) continua a mesma, nos mesmos lugares, porém com valores
)
diferentes e em planos diferentes (calçada da rua).
)
) Poder enxergar a morte assim, acho que foi um

, grande presente, e que teve uma influência determinante na

D minha vida. Não era assim que as pessoas viviam a morte. Ao


t contrario, tinham uma visão negativa, como algo sem sentido,
)
um fim en si. Viam na morte uma desmotivação para a vida (é
,
para isso gue se vive?); algo completamente desconectado
t
, dela (de que adianta tudo gue se fez em vida?); algo a ser
, evitado, discriminado da vida (poupar crianEas, 9rávidas,
I etc.), e não a continuação uma da outra. Conviver com esta
t discordância, foi o gue me levou a estar sempre atenta,
'D buscando confirmar o que eu havia entendido do meu presente.

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I

Curiosamenter Dã época da faculdade, surgiu uma


I
oportunidade para colaborar em uma pesguisa, gue estava
I

sendo desenvolvida no Departamento de Psiquiatria, sobre


l

)
suicidio (1). Aqui tive acesso a alsuma bibliografia e pude

I discutir o essunto, de onde surgiram mais indagações.


I
No ano seguint e, ofereceram-se bolsas para
es tudant es desenvol verem p eguenas p es gu isas . Junto com
)

out ros col egas r Ílos propusemos ir r at ravés de ent revist as,
I

I
conhecer um pouco da situação psicolósica do paciente
)
terminal. Esse trabalho (e) fortaleceu algumas crÍticas que
) eu já fazia à medicina tradicional, à sua forma de entender
)
o homem na saúde e na doença, rB trajetória entre a vida e a
)
morte, e à sua incompreensão da morte. A formação médica é
)

I
toda centrada em "não deixar morrer". Isto deve ser buscado
)
a gualquer custo, não importando a pessoa gue ali está, seus
) valores, sua opção. Aliás nem lhe É dado o direito de sabe'
)
o gue ten, quanto mais tr direito de opinar sobre o
gostaria de fazer entre a detecção da doenca e sua cura ou
aort e .

A consequência desta definição do papel medico é


que todo um setor da sociedade, exatamente aquele que se
dispõe a lidar diariamente com a questão vida-morte, acaba
por cindir-se, vivendo só o polo vida e reprimindo ainda
nais o polo morte. É enorne o número de mÉdicos que nào
dizem o diagnóstico aos pacientes, e ainda recomendam às

*)
I
I
I
I faaí I ias qu e omit am est e dado . Assi m, el iminam a
ü possibilidade do individuo lidar e transformar-se com sua
I doença. O médico atua recomendando intervenções altamente
a rutilantes e humilhantes, ao invés de ajudar o doente a
I rntegrar estes dois polos.
I
a É compreensível que, depois de uma vivência como

t esta, familia e paciente se tornem absolutamente incapazes


a de ver na morte um sentido, de buscar uma transformação. É
a preferível esquecer e fugir, sem perceber gue talvez a dor
ü
maior nào seja a morte e sim a negação dela. Desta forma,
ü
a outro setor da sociedade interage, complementando e

a realimentando a dissociação do binômio vida-morte. Cada vez


) menos morre-se dignamente, e cada vez menos acredita-se em
) norte digna.
a
a Foi porém no trabalho de consultório que me dei
, trrrÕta da extensão do problema causado por uma concepção tão
a fi.nalista da morte. Diso isto não só pelo número de clientes
ü que trazem este t ema, das mais diversas formas (própria
,
morie, morte de alguém próximo,de entes jovens, culpas etc.)
I mas principalnente pela variedade de sintonas e linitações
,
gue as pessoas se impõem para evitar o contacto com a idéia
ü
a da tuorte. Já vi os mais variados quadros psicopatolósicos se
a desenvolvendo a part ir dest a situação (droga-adições,
I depressões, psicoses, guadros psicossomát icos, fob ias,
I etc.), e gue encontraram alivio com a reformulação de suag
D
t posições sobre vida e morte.
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,
, Quanto mais trabalho esta guestão, guanto
mais
a ref l ito sobre este tema. ÍÍrãis evidente f ica e universal
idade
, desta polaridade, vida-morte, e mais sinto a necessidade
, de
conhecer melhor as sotuções propostas ao longo dos
, tempos.
, Foi percorrendo este caminho, bastante meu, gue
, decidi pesquisar sobre a mitologia da morte, procurando
, detectar o que lhe é comum e duradouro, e de que forma
esse
, ronhecimento pode auxiliar-nos.
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II CONSIDERACõES TEóRICAS

A morte é comPanheira inseParável da vida, seu


polo oposto, sua maior ã;11tBGBr a grande desconhecida. No
entanto, a morte só existe Para os vivos, só corre o risco
ce.?orrer, aguele gue saiu da mãe, da inconsciência animal
í3). Jung define morte como "a total extinção da consciência
c ==nsequentemente a completa estagnação da vida psiquica"
(4). Toda vez gue oPostos se unemr 9uE diferenciais se
igualam, cessam os fluxos, não há corrente, há una
, -;3lisação, não há mais vida. Em outras Palavras, E€ a

-.insc iênc ia vol t a ao inconsc iente, Penetra no ventre


:raterno, a energia psíquica não pode mais movinentar-se e a
vida psiquica morre.
A universalidade desta experiência, a intensidade
emoEional que envolve este símbolo, o risco que a
consciência corre ao confrontá-lo, trom certeza são as razões
pelas quais o homem realiza rituais funerários desde a Idade
da Pedra (período paleolítico inferior, de 5OO-OOO AC a
30 .ooo Ac ) .Est as Prát icas, muitas vezeE, deixam
transparecer sua conCePGão póE-morte e sua mitologia

6
Junito de Sousa Brandão escreve: "l'lito é o relato
de ur acontecimento ocorrido no tempo primordial uediante a
Ínt erven ção de ent eE sobren aturais. llito, seg undo l'lirc ea
Eliade, é o relato de uma história verdadeira ocorrida nos
tenpos dos princiPios, "illo tempõre", quando com a
rnterferência dos entes sobrenaturais, uma realidade Passou
a exist ir, seja uma real idade total ou um fragnento. l'lito é
a narrativa de uma criação: conta-nos de que modo algo gue
não era, começou a ser." (6)
Para Jung, o inconsciente coletivo constitui-se de

=otivos mitológicos ou imagens primordiais.(7) Porisso, o

<ito é uma forma de comunicação entre o arquétipo e a

consciência.
Em PsÍcologia e Rel igião, Jung se refere a
.=iigião como o termo gue "designa a atitude peculiar de uma
'--::sciência que foi modificada Pela exPeriência do
numinoso... Â prática e rePetiCão da experiência original se
t::-a um ritual e uma instituição inutável. Isto não
nec=ssáriamente signi fica petrificação desvital izada. Ao
contrário, tem se mostrado uía forua vátida de exPeriência
religiosa para milhõeE de Pessoasr PoF muitos anos, sem ter
surgido nenhuma necessidade vital de alterá-1a." (8)
O rito, então,é a reatualização do mito. Através
do rito se revive o mito. Segundo Junito de Souza Brandão,
"Através do rito o homem se incorPora ao nito, beneficiando-
I
1

se de todas as forças e energias que jorram nas origens. A

tcão ritual realiza de imediato uma transcendância vivida. 0

.lto tomar hpss€ caso, o sentido de uma ação essencial e

pr trordial at ravés que se estabelece


da referência do
profano ao sagrado. Em resumo: o rito é a práxis do mito. É

o r:,to em acão.O mito t-EÍtt€ÍloÍãr o rito comemora o rito,


rert erando o mito, aponta o caminho, oferece um modelo
exerplar, colocando o homem na conteporaneidade do sagrado."
(9)
Nossa sociedade, no entanto, não só tem procurado
ne3ar a morte como também a importância doE rituais, da
ritologia e das vivências religiosas intrinsecas. Hoje em

dra, valoriza-se apenas o racional, a tecnologia, o

clentifico. Preconiza-se o controle das emoções, a

4:-=sociacão e a supremacia da consciência, enguanto


L;-,nhecimento, saber. Aliás, é frequentemente a chegada da

rort e gue obriga o homem moderno a reconhecer sua


:-:-t al idade, seu desconhec iment o, a nat ureza i I usória de sua
Éuperioridade. Essa percepção é também tenida e evitada,
refortrando a dissociação. O homem moderno tenta fazer com
que as polarides morte e vida continuem seParadas, só que às
custas da imersão do polo morte no inconsciente. Assim,
acaba por não se modificar com esta experiência, e sai em
busca de maior controle sobre a vida interior.

B
I
)
)
) PhiIippe Ariés, comenta: "De fato, a passagem da
) rot rna diária, repetit iva e calma, pârã a interiorização
) patet ica não se faz eEpont aneament e e sem auxit io. A
)
órstância entre as linguagems é grande demais. é preciEo,
)
para estabelecer a comunicação, o intermÉdio de um código
)
) recebido de antemão, de um ritual que se aprende pelo
] hábito, desde a infância. Assim exist iam, outrora, códigos
t para todas as ocasiões, para a manifestação de sentimentos
I geralmente inexpressos fazer a corte, dar à luz, mgrrer,
)
c on so 1 ar os en I ut ados . Est es cddigoE já não existem.
)
D Desapareceram em fins do século passado. Âssim os
I sent imentos fora do comum ou não encontram sua expressão e
I são reprÍmidos, ou se expandem com uma violência
I rnsuportável sem nada maiE para canalizá-los. Neste último
I
I iqSo, cornpFometem a ordem e a segurança necessárias à vida
) .otidiana, convindo pois, reprimí-los." (tO,
I Os rÍtuais funerários são tratados de maneira
I .dêntica. São vistos como "prolongadores do sofrimento",
) 'frutos de crenças supersticiosã8", "sem sentido, para
t rent es tão evoluídas. . . ", r porisso são cada vez menoe
I
t assist idos.
I PhiIippe âriés diz ainda: "O que se percebe na
, verdade é uma inversão de val ores onde a manifestação
, pública do luto, ou mesmo sua expressão privada porém de
I
Ionga duraGão, é considerada doentia ou fragueza
I de

D caráter". ( 11 )
,
I
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,
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:
)
)
)
) As pessoas estão Procurando, ao evitar os rituais,
) evrtar o contato com os prórrios sentimentos. O Preiuízo
) drsto é não terem um canal adequado e acolhedor, uÍtl modelo
) pera a elaboração desta emoção . Est a consequentemente
)
Fertanece sem transformação, 5em inserção em contexto maior,
)
) e assim o individuo permanece solitário e ameaçado pelas
) suas emocões (de maneira geral, os rituais funerários Prevem
) a companh ia de pessoas durante o 1 ut o: mi55as, rezas,
)
vrsitas de pêsames, altares na casa do falecido, etc. ). Como
)
o ritual é a reatualização do mito, âo ausentar-se do
)
primeiro, pErde-se o segundo. A possibilidade de uma
)
) ccmunicação com o arquétipo, com o inconsciente coletivo,
) lediada pelo mito, desaParece; torna-se necessário descobrir
) sozinho uma maneira de não Permanecer no Profano e atingir o
)
::3:-=do.
)
Se um dos propósitos dos rituais é proteger a
)
) consciência do perigo de tocar o inconsciente, a não
) ofse!.vação daqueles de fato coloca a consciência em risco de
) sucunbir ao inconsciente, esPecialmente se o confronto se dá
)
cor complexos tão fortemente carregados como o da morte.
)
Para mais bem aprofundar estaE reflexões Passo a
)
) apreseniar resumidamente alguns mitos e ritos.
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) III I.IITOLOGIA DA }|ORTE


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t fis-t - Cena do Livro dos l'lortos. Anubis conduz o
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: rorto à sala de julgamento onde será pesado seu coração.
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a fig'? Cena funerária esculPida
em Pedra a cerca
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de SOOO anos '
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)
I
)
) III.l Pré-Histórica (1e)
)
)
)
) A morte era considerada um poder sobrenatural. Os
) corpos eram objeto de prát icas gue demonst ram não só
) deferências, mas também um culto. Os esgueletos que tem sido
) encontrados em valas cavadas artificialmente, cercados ou
)
cobertos por materiais duráveis, como pedras ou fragmentos
)
)
de ossos eram incontestavelmente enterrados com intenções
) funerárias.
) Huit oE deles foram enterrados com guarn ições
) funerárias, t ais tromo j óias e ornamentos, encont rados
)
próximos dos esgueletos. Sem dúvida, estes eram objetos
)
adquiridos durante Buas vidas. tías, mesmo que eles não
)
) estivessen com estes ornamentos no enterro, os sobreviventes
) não ficavam com eles, apesar de seu considerável valor. O
) fato de seren pertences dos mortos os tornava um tabú.
)
Outros objetos encontrados com os corpos só podiam ter sido
)
colocados pelos sobreviventes, e const ituem genuÍna
)
) ;uarnição funerária, destinada ao uso do morto: utensÍlios,
) obras de arte, comida.
)
)
)
)
)
)
) LJ

)
)
)
)
Em vários casos, argi Ia pigmentada de vermelho
(cor hematita ou peróxido de ferro) era borrifada sobre a
sepultura e havia traços desta cor no esqueleto e objetos
I
próximos. Certos povoE primitivos atuais, Pot. exemPlo os
I
aàorigenes australianos, ligam pigmento vermelho a sangue, e
I
porlsso o consideram um sÍmbolo de vida e força. é razoavél
)

I supor que o pigmento espalhado sobre as tumbas e corPos dos


I horens paleol ít icos pret endia, assim como as comidas,
)
íortalecer o falecido durante sua viagem para o outro mundo
)
e Eua estada em sua nova moradia. Como exemPlo disto citam-
)
s?: o esqueleto de l'loteaux em Aiu (coberto com pigment o
)
) v;;-melho, em uma pequena vala, com uma longa pedra atrás da
) cabeça e tendo ao lado instrumentos de pedra lascada e um
) bastão de chefe de tribo); o esqueleto de Sordes em Landes
t (o crânio colocado sobre tábuas; coberto Por pigmento
)
vernelho; ao lado, quarenta dentes caninos de urso e três de
)
) leões, todos cuidadoEamente furados; Pela PosiEão deven ter
) sido um colar e um cinto).
) Oual era a intenção dos ritos, já que eram feitos
) para pessoas cuja vida terrena terminara? OE ritos implican
)
na crença de gue após a morte, algum tipo de existÊncia
)
) continuará. Tudo indica que eles concebiam a vida pós-morte
) similar à vida na terra, com as meEmas necessidades e
) sentidos. Isto explica os ornamentos deixados com o morto,
) oE apetrechos, a comida (quarto de veado e mariscos) e o
) p igmento vermelho.
)
)
)
) Í4
)
)
)
I
Prover as necessidades póstumas parece ser uma

r:ltude feita em benefício dos sobreviventes, mais do gue

-ra afeicão desinteressada. Tal cuidado parece ser para


e.coraJar a disponibilidade favorável do defunto para com
eies, tentando suavizar uma possÍvel hostilidade.
t srovavelmente era esta a razão de colocá-Io fisicamente em
I
tl ura posição taI que não pudesse lhe causar danos. Em geral,
I o povo primitivo acreditava gue a morte, assim como a
t ctoença, era o resultado de uma operação mágica. J'lortes que
a designamos de causa natural eram atribuídas a um feitiço,
a cujo autor eles tentavam descobrir de diversas formas. Assim
I
lt sendo, entende-se gue o defunto acalentaria pensamentos de
a vlnganca contra os possíveis assassinos e, devido a idéia de
a responsabilidade coletiva, contra todos gue sobrevivessem a
a eie. Por fim, ele teria sentimentos de inveia contra os gue
a continuavam usufruindo da vida terrena, da gual havia sido
I
I privado. Isso mostra gue a atitude básica para com o defunto
, era de medo, e gue o ritual de enterro era medida de
I prot eção cont ra o defunt o. Assim as valas e túmulos
a paleolíticos pretendiam prender o morto, maiE do gue guardá-
I lo. Tambéma pregença de estatuetas de ergila sem pernas
I suy€F€ a idéia de aprisionar o morto através de um duplo.
a
I Particularmente marcante é a posição atada ne qual
I alguns corpos foram encontrados. Esta condição com certeza
, foi imposta pelos gue os enterraram. Isto significa também
t
I
t
,
I tÊ
I.J

I
I
,
f
t que os corpos foram amarrados no momento da morte para
L ev 1 t ar o " rigor mort is". Esta devia ser a operação
lr. Fr!ncipal, feita para evitar gue os mortos voltassem, para
t eiorrentar os vivos.
t Apesar de medo ser o sentimento dominante, isto
ta
l.tr não acontecia em todos os casog. Havia também a crenGa de

tt que os mortos eram bons e gue ajudavam, especialmente Ee


rr.tual funerário tivesse assegurado as máximas boas vindas
cl

t na próxima vida. Nestes casos, encontram-Ee outras práticas,


na5 guais procuravam não separar o morto dos vivos, mas
F
l. 9.13 ervar suas lembranças e guardá-l as Notável era a
p r- jt ica, gue exist iu a part ir dos paleol ít icos, de
l. t irar a

l. carne do corpo antes do enterro. Isto era feito por várias


l,:l razõeg, espec ial ment e devido a putrefação natural . O
gih.'etivo era conservar o esgueleto e seus ossosr gu€ serviam
> atu I et os
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)
) Fig.g Anubis preparando uma múmia.
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)
)
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)
)
)
)
)
I
) III.a Esípcia (13)
,
)
)
)
) Anubis, a versão 9re9a de Anpú, foi identificado
) com Hermes, o condutor de aImas. Era Anubis que abria as
) entradas do outro mundo para os mortos. Ele era representado
t como um chacal preto com uma cauda espessa, ou como um homem
)
) de pele escura com cabeça de chacal ou cabeça de cão,
) an imal sagrado para Anubis. Por esta razão, os 9regos
l chamaram de Cinópolis a principal cidade de seu culto
) Besde as prirneiras dinast ias, Anubis presidia aos
)
eabalsamenentosa. Orações de funeráis eram, nagueles tempos,
)
quase exclusivamente dedicadas a ele. Nos textoE das
)
t irânides, ânubis é o "guarto filho de Ra"; depois ele foi
t Caritido na família de Osíris e dizia-se que Neftis, deixada
) 'o filhos por Eeu marido Set, gerou-o de OEírisr rm
)
ultério. Abandonado por sua mãe, ao nascer, diz-se que ele
)
:i achado por sua tia, Isis. Isis, não sentindo qualguer
]
t rahcoÍ pela impensada infidelidade de seu marido, aceitou
) criar a criança.0uando atingiu a idade adulta, Anubis
) acompanhou Osíris na conquista do mundo, e guando "0 Deus
] Número Un" foi assassinado eIe ajudou Isis e Neftis a
)
ent errá-l o.
)
)
l
) 18
)
)
)
)
)
,
)
, Foi nest a ocasião que Anubis inventou ritos
) funerárioE e enfaixou e múmia de OsÍris para preservá-la do
) contato com o ar e da Eubseguente deterioração. Foi
, conhecido porisso como o "semhor das l'íúmias Enfaixadas". IlaÍ
, em diante, ele presidia funerais, é nesta função que.nóE
,
)
freguentemente o vemosr pFimeiro embalsamando múmias e
, depois recebendo-as na entrada de suas tumbas. Anubis também

, assegurava de gue as ofertas trazidas pelos herdeiros do


) falecido realmente chegavam a ele.
,
Depois vemoe AnubiE tomar o morto pela mão e, na
,
qual idade de filho de Osiris, aPresentá-lo aos juízes
)
) soberanos, diante dos quais ele Pesa a alma do falecido.
, Esta função de deus dos mortoE produziu para
I Anubis um culto universal; sua admissão ao cÍrculo de OsÍris
)
conservou sua adoração ativa até a última época quandor pot-
i
causa de sua identificação cof,i Hermes, condutor de alnas,
)
t ele recebeu o noile de Heraanubis. Na grande Procissão em
) honra de Isisr 9üp âpuleio descreve, é o deus de cabeca de
) cào, segurando o bastào e as palmas, gue marcha à frente das
l i:agens divinas.
)
Quando, graGas aos talÍsmãs, festas em sua
)
I nemória, e especialmente às palavras escritas no
) indispensável Livro dos l'lortos, o falecido t ivesse cruzado,
) er segurança, a terrivel faixa de território entre a terra
) dos vivos e o reino doE mortos, ele era imediatamente levado
) por Anubis ou por Hórus à Presença de seu juiz soberano.
)
)
)
t L9

t)
)
b
)
,
)
a Depois de ter beijado o umbral ele penetrava no
, Sal ão da Dup I a Just iça . Est e era imenso, e ao fundo
, assentava-se OEiris, "o Deus Número Um", o redentor e juiz
a gue esperava seu "filho gue vinha da terra". No centro
,
,
ficava uma enorme balança ao lado da qual ficava Maat, deusa
a da verdade e da justiça, pronta para pesar o coração do
a mort o. Entrementes, Amemait "o Devorador", um monstro
a hÍbrido, part e leãor pãrtt h ipopótamo, parte crocodilo,
a agachava-se por perto esperando para devorar os coracões dos
a
culpados. Em toda a volta do salão, à direita e a esquerda
a
a de OsÍrisr srhtavam-se quarenta e dois personagens, cada um
a segurando uma espada afiada. Alguns tinham cabetraE humanes,
a outros cabeças de animal. Eles eram os guarenta e dois
L
juizes, cada um correspondendo a uma província do Esito; e
a
1, cada um est ava encarregado de examinar algum aspecto
, específico da consciência do morto.
a O próprio morto começavam os procedimentos e sen
a hesitação recitava o gue era então chanado de "confissão
a negativa". Ele se dirigia a cada iuíz em sucessão, chamava-o
a pelo notre para provar que o conhecia, e gue nada tinha e
a
a tener, iá que não tinha cometido Pecado e gue realmente ere
, PUrO.
t Então seguia-se a pesagem da alma, ou Psicostasia.
t )lun dos pratos da balanGa, Anubis ou Hóros colocava líaat, ou
t então seu ideograma, a pena, símbolo da própria verdade. No
t
a
a
T
t 20
I
I
D
I
ü
f
T
p outro prato ele colocava o coração do morto. Tot então
h
I

verlficava o peso, escrevia o resultado em suas tábuas e o


p
ot'

r
t:
corunicava a Osíris. Se os dois pratos estivesEem em
perfeito equilibrio OEiris pronunciava julgamento favorável
b
i:
:

'deixe o morto part ir vitorioso; deixe-o ir para onde


I
; qu:zer, para conviver com os deuses e os espíritos dos
T rort og"
.

r:) O morto, assim justificador seguiria daÍ por


tt drante, uma vida de eterna felicidade no reino de OsÍris. É
t verdade gue seria seu dever cultivar os domínioE do deus e
It
:t conservar diques e canais em boa forma. l'las por mágica ele
t ser la poupado de t odo trabal ho desagradável, por que no
tI enterro ele teria sido equipado com Shabtis (Ushabtis) ou
: "Responeavéis''-cujas peguenas estatuetas em pedra ou
r cerâmica têm sido achadaE nas tumbas às centenas- os quais,
t
t guando o morto fosse chamado para alguma tarefa, oferecer-
ü se-ian para fazê-la em seu lugar.
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)

Fig.4 - Shedu, 6ênio bon que defendia dos edinnu.

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)
)
)
)
)
) III.3 - Assírio-Babilônica (14)
,
t
,
)
) Sob a terra, além do abiEmo de âpsu, isto é, o

) inferno para onde vão os mortos, fica a"Terra sem Retorno",


) "casa de onde quem entra não sai". Este reino é defendÍdo
t por sete muros. Para entrar o homem passa por sete portõeg,
)
] deixando em cada üut, uma parte do seu vestuário. Ouando o
] úItimo portão se fecha, ele está nú e Preso Para semPre.
, Às vezes os deuses davam Permissão para alguns
) privilegiados voltarem à luz Por alguns minutos. Nas regiões
)
de escuridão eterna as almas dos mortos edimmu não
l
) tinham direito a cama ou água fresca. Junto com eles também
r ficavam os deuseE cativos.
) Os edimmus eram gênios maus gue Eausavam todos os
) tipos de sofrimentos aog homens. Opunham-se a eles os gênios
)
bons, chanados shedu ou lamassu, eu€ agiam como espÍritos
)
guardiões. Estes frequentemente eram vistos nos portões, em
)
) íorma de touros alados com cabecas humanas.
) Este mundo subterrâneo era regido pela deusa
) Ereshk iSaI , " Princesa da grende t erra" . Orig inal ment e e I a
) "Senhor da grande
era solteira. Um dia o deus Nergal
)
)
)
)
) fl
Éü
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I
t
)
)
)
)
I
, .oradia", deus da guerra e destruição, invadiu o inferno.
t Para obter pâzr Ereshkigal concordou em casar-se coÍr ele.
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I
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t Fig . 5 - Cérbero , guardão da port a do Hades


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C. É,
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)
)

)
)
) III.4 - 6re9a (15)
)
)
)
)
, A obrigação mais grave de um grego era a que
] concerne ao sepultamento de seus mortos, segundo os ritos,
)
sob pena de lhes deixar a alma volitando no ar Por cem enos,
)
sem direito a julgamento.
)
) O sepultamento todavia dependia de certos ritos
) preliminares: o cadáver, após ser ritualmente lavador Et'â
) perfumado com essências e vestido de branco. Depois, era
) envolvido com faixas e colocado em uma mortalhar tnàe Eom o
)
rosto descoberto para gue a alma pudesse ver o caninho que
)
) leva à outra vida. Certos objetos de valor eram enterrados
F con o morto: colares, bracel etes, anéis, punhais . . . Em
) certas épocas, colocava-se na boca do morto uma moeda, óbulo
) destinado ao bargueiro Caronte, Para atravessar a alma pelos
)
quatro rioE infernais. ds vezes, colocava-se bolo de mel,
)
gue the permitia agradar o cão Cérbero, guardião da porta
)
f única de entrada e saída do Hades. O cadáver é exPosto sobre
) u, leito, durante um ou dois diaE, llo vestÍbulo da casar coÍt
I os pés voltados para a porta, ao contrário de como entrou na
)
vida. A cabeca do morto, coroada de floresr F€pousà sobre
)
t
)
)
) ?.6

)
)
)
l
)
)
)
-1. pequena almofada. Todo e qualguer homem podia velar o
r3rto, acompanhar-lhe o féretro e assist ir-lhe ao
I e€Êultaaento ou à cremação, mas a lei era extremamente
ft -:grda com a mulher: só podiam entrar na casa onde houvesse
p
)
-! oorto aquelas que estivessem "manchadas" pela proximidade
:

) Ée carentesco com o mesmo (mãe, esposa, irmãs, filhas) e

) !.!,s cinco mulheres casadas e duas jovens solteiras, cujo


T grru de parentesco fosse no mÍnimo de primas em segundo
t 9rau. 0s prerent es vest iam-se de luto (preto,c inza,ou
)
oranco) e cortavam o cabelo em sinal de dor. Carpideiras
)
acorpanhavam o féretro pare cantar o treno (canto fúnebre).
t
) Erante da porta da casa se colocava um vaso (ardánion) cheio
) de água lustral, 9uê se pedia aos vizinhosr poFgu€ a da casa
) estava contaminada. Todos gue se retiravam se aspergiam com
t
€ssa água, com o fito de se purificar.
)
) O enterro Ee real izava na manhã seguinte à
h eype=ição do corpo, antes do nascimento do sol para não
) le-.i:-á-lo com a morte. No cemitérior o coÍpo era inumado ou
) cre;=do, sendo as cinzas e os ossos recolhidos e enterrados.
I Ao voltar para traga, iniciava-se a purificação da
)
)
resra, iá gue o maior dos "miasmag" é o contato com a morte.
) Após um banho de cunho catártico, com água do mar, os
) Parentes part icipavam de um banquete fúnebre, 9ur se
) renovava no terceiro, nono, e trisésimo dia €e na data
) natalÍcia do falecido.
t
I
I
)
) t1 7l
C/

)
)
)
)
i
)
)
) ado ou cremado o corPo, a PEicué era
Sepu I t
) ccnduzida Por Hermes, deus PsicoPomPo, até a barca de
) 3eronte. Recebido o óbolo, o demônio da morte levava a alma
t erra além dos quatros terrÍveis rios: Estige (rio mortal),
)
â queront e ( rio das dores ) , Cocito (rio doE gemidos),
I
) Prrrflegetonte (rio das chamas). Do outro lado, Passava Por
) Cerbero e enfrentava o iulgamento. O tribunal era formado
) por três juízes: Éaco, Radamento e }íinos.
) Radamento julgava os Asiáticos e Africanos; Éaco,
)
os Europeus. Em caso de duvida, J'linos intervinha e seu
)
)
veredicto era inaPelável .

) Jul gada, a alma Passava a ocuPar um dos três


) corpartiment og: Campos ElÍEeos, Érebo ou Tárt aro. Neste
) úl t ino eram lançados oE grandes criminosos, mortais e
)
lEortais . Est e era o único local permanent e, onde os
)
trrecuperáveis ficavam para SemPre, sendo supliciados Pelas
)
: Erínias. O érebo e oE CamPos Eliseos são imPermanentes. As
) provações aí realizadas servem de parâmetro de regressão ou
)
=volução.
) A descida ao TártâÍor ou a reencarnação ou a
)
retenpsicose, dePenderiam do "comPortamento" da psiqué
)
) durante sua permanência no Érebo ou nos Campos Elíseos. No
) Érebo eEtão aqueles que cometeram certas "faltas", mesmo gue
) não estejam especificadas. Do érebo, 9üt é temporário, elas
) ou mergulharão no Tártaro ou sub irão Pera outra
)
)
)
)
) e8

)
)
l
l
-l
I

lrpermanência, os Campos El íseos, ún ico I ocal de onde


poderiam partir os candidatos à reencarnação ou à
retempsícose. Os Campos EIísos são descritos como um paraíso
terrestre, em plena idade de ouro. Lá residem or melhores,
er opulentos banquetes noE gramados, cantando em coro
alegres cançõesr Ílos perfumados bosgues de loureiros. Lá
estão os gue já passaram por uma sÉrie de provas
purgações. lías, decorridos mil anoÉ após se libertarem
totalmente das "impurezas materiais", as almas serão levadas
por um deus às águas do rio Lete €r esquecidas do passado,
".'cl t arão para reencarnar-se.

e9
-T

:i:'i*,.Hl$i;1.1§x[l*i

Fig.6 - Alma escoltada Por gênios funerários.

3A
III.5 - Romane (16)

Foi principalmente da Etruria primitiva gue og


rotranoÉ emprestaram seu conceito das regiões infernais e de
seus habitantes. No mundo subterrâneo etruscor BS visões
prinit ivas confundem-se com os conceitos abstratos dos
:; Et emas ma is desenvol vi dos. Ambos foram submet idos à
rnfluência 9re9a, €Ílquanto retinham suas características
nac ionais. Nas regiões infernais, reinavem Eita ou Ade
(Hades), junto trom sua consorte Persipnei (Perséfone). As
vr lncipais figuras do in ferno er am Charon Tucul ca, um
derônio feminino de olhos ferozes, orelhas de asnor Ultl bico
er vez de boca, duas serPentes gêmeas em torno da cabeça e
ula terceira enrolada no braCo. No momento da morte a alma
era agarrada por dois grupoÉ de gênios. O Primeíro era
raldoso e era guiado Por Charon gue carregava uma tocha. Í)
segundo era bondoso e guiado Por Uanth. Sua disputa
sinbolizava a luta entre o bem-e o mal. o morto viajava Pera
a posteridade, oU nume carruagem ou a cavalo ou a Pé. Ele é,
às vezes, representado Eom dois gênios, Ultl levando-o pela
rão e outro seguindo-o; algumas vezes era acomPanhado Por

3t
uma divindade alada que trarregava em sua mão direita um rolo
de papel no qual estava escrito o registro do morto. Uma
outra divindade subterrânea, Tajes, ensinava aos etruEcos a
leitura do horóscoPo, isto é, aE regras Para Prever o futuro
pelo exame das vísceras e peI a observação dos rel âmPagos .

Tajes, vestida como criança, subitamente erguia-se de um


sulco na terra diante de um certo trabalhador, Tartron, e lhe
revelava certas fórmulas mágicas gue eram depois reunidas em
I ivros.
Os romanos n ão tinham grandes divindades
subterrâneas. Aquelas das quais falaremos têm uma
pers onal idad e con fusa , gue some nt e s e des envo I ver am sob
in fl uênc ia het ên ica . Nas Épocas primit ivas, os reais deuses
do inferno eram os l'íaÍles.
Os ilanes eram t ambém chamados de lli Parent es . O

zrineiro nome derivou de u;; adietivo arcaico, manus, bou,


1,Je era o oposto de immanis. Assim os l'lanes eram os bons.
)
[i-an o objeto de um culto público e de um privado. SemPre
)
gue una cidade era fundada, Utrt buraco redondo devia ser
;
)
feito. No fundo deste, uma pedra, lápis manal is, que
l representava utra porta Para o mundo subterrâneo, era então
; enterrada. Nos dias vinte e quatro de agosto, cinco de
)
outubro e oito de novembro esta pedra seria removida Para
)
pernitir aos tianes passarem. O objetivo do culto prestado
)
era apaziguar sua raiva . Orig inal mente, a eles eran
)

)
l

l
)
3e
)

)
l
,
t
) oferec idos sacrifíc ios de sangue, e é provável que os
) ertneiros combates de gladiadores tenham sido instituídos em
, sua honra. SeuS festivais, oS Parentalia e os Feralia, eram
t celebrados em fevereiro. Do dia treze ao dia vinte e seis
I cessava o comérciO e eram fechados os templOs. Tumbas eram
,
) decoradas com viOletas, rosas, lÍrios e mirtas, e sobre elaS
) eram depositados alimentos de vários tipos
, Como os 9re9os, os I at inos Punham as regiõeE
,
rnfernais no centro da Terra. Podiam ser atingidas Por
)
várias aberturaÉ (Cavernas, la9os, PântanoE). Uma das mais
I
a célebres era o Lago Avernus, llã CamPania, um lugar deserto e
, triste na vizinhança de Pozzuoli. As colinas que o
a circundavam foram inicialmente cobertas Por bosques
) consagrados a Hecate ("luci averni") e Perfurados com
I cavidades através das quais, de acordo com Cícero, podiam se
a
, chanar as almas dos mortoE.:Perto de âvernuE a chamada
r Caverna da Cumaean Sibyl pode ainda ger vista'
I Dis Pater Eignifica o maÍs rico de todos os deuseE
, (dis é uma contração de ditis, rico) e de fato o núnero de
I seus súditos continuava e Erescer sem cegsar. Da mesma
I
, forna, oS gregos chamavam de Plutão ao rei dos mortos,
) "ploutos" significando riqueza. DiE Pater nunca foi PoPular,
, seus altares foram raros. Os romanoE sendo suPersticiosos
a não cuidavam de adorar uma Personificação da morte; ou
I talvez eleS reservavam suas homenagens Pera os i{anes.
D
a
,
I
a 33
D
t
t
I
Orcus representava morte. Seu nome era também
aplicado ao Eubterrâneo. Ele carregava os vivos à força e os
levava para as regiões do inferno. Era, às vezes, confundido
com PIutão.
Februs era provavelmente o deus etrusco que
correspondia a Dis Pater. Parece que a ele era consagrado o
aês de fevereiro; ere o mês dos mortos. Na Etrúria também
era invocado um certo tlancus gue deve ter sido outro Dis
Pat er .

Libitina era uma antiga divindade romana, talvez


originalmente uma divindade agricola, que Ee tornou a deusa
dos funerais, e era identificada Por alguns com ProserPina.
Sempre que alguém morria, dinheiro devia ser trazido ao Eeu
templo. Coveiros eram chamados de libitinariti.
iíania e Lara, eram provavelmente uma só pessoa,
q'.Àe era considerada como a mãe de Lares e de l'lanes. Lara era

ura ninfa que falava tanto que Júpiter cortou Eua lingua.
Pcr esta razão, ela era chamada lluta ou Tacita. l'lania tomava
parte nos festivaiE da Compitalia e da Feralia; eIa se
tornou una espécie de bicho-papão que aterrorizava as
crianEas pBguenas . J'faniae e r a m figuras grot escas que
representavam os mortos; bonecaE de lã gue eram penduradas
nas portas em honra de Lares, eram também chamadas de
l'ían i ae .

34
l
}
f
p Lemures e Larvae eram os f an t asmas d os Ínort os ,

P i-.tas atividades eram maldosaE. Voltavam à terra pare


) e:orrentar os vivos. A Lemúria foi instituída por Rômulo, no
i
b
F,ono, décimo primeiro e décimo terceiro dia de líaior pâFã
esprar pelo assassinato de seu irmão Remo. Ele criou a
f
) Qerúria gue por transformação da primeira letra, tornou-se
t r-e.úri a. Nest a ocasião cada pai de f amÍlia cumpria um
t extraordinário ritual: ele Ee levantava, descalço, à meia-
)
norte, estalava os dedos para afugentar as sombras e lavava
)
aE rãos três vezeE. Ele enchia a boca com feijões pretos, e
)
) então os atirava para trás, dizendo: "jogo fora êstes
I ferjões e com eles liberto de culpa a mim e aos meus". Ele
, repetia esta invocação nove vezes. Enquanto isso, oS
)
espÍritos funerários pegevam os feijões. O pai então de novo
)
purificava suas mãos, batia um instrumento de latão e
)
) repetia nove vezes: "llanes paternal, vai". Depois disso ele
,, podia olhar para trás em seguranca.
)
)
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)
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t
t Fi g .7 .- Pedra funerária. Em c ima Od in I evando o

D nort o, âbaixo o barco da mort e .

t
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)
)
)
I 3ó
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!
)
f
F
D III.6 - Teutônica (L7»
p
t

:
It
I
I Abaixo de i.lidgard ( serpent e que c ircunda a t erra )
t xá ur nundo semelhante às regiões infernais dos gregos e
I antigos. Esta é e morada dos mortos e correEponde a Niflheim
,
(rundo nebuloso) ou Niflhel dos escandinavos. Este submundo
!
a era imaginado como um lugar sombrio, úmido e gelado. Lá
a vtviam gigantes e anõesr 9up 09 poetas às vezes descreviam
, como seres cobertos com neve e geada. Este reino subterrâneo
a era dominado pela deusa Hel. Sua entrada era guardada por um
a
, cão monstruoso chamado Garm, 9u€ cuidava para gue nenhuma

, pessoa viva penetrasse no mundo dos mortos.


I Est a divisão do un iverso em t rês mundos
t ::5repostos não corresponde à concepcão de morte mais antiga
a dcs teutônicos. Alguns poetas explicam a origem do [undo,
,
situando o Niflheim ao norte do imenEo abísmo que deu origem
I
, ao mundo. É mais provável gue no inÍcio eles concebessem o
a universo como uma grande planÍcie: no centro estendia-se a
t terra e, além do oceano e do abismo original, ficavam os
, países dos gigantes. Só mais tarde, provavelmente sob a
I rnfluência dos gregos ou dos orienteis, é gue passaram a
,
I
)
I
t 37
,
,
)
I
I
,
,
) representar os mundos dos deuses, homens e mortos, um sob o
) out ro.
, Há ainda outra tradição na qual se descreve o
)
nundo como uma grande árvore, Yggdrasil. Suas raÍzes atingem
)
até as profundezas do reino subterrâneo (Niflhel) e seug
)
a ramos sobem até os céus. Para eles este mundo não é eterno.
, Ao final ele perecerá na sua rurna os d euses est arão
, envol vidos .

) Os Teut ôn icos, pe I o menos ant es de sua conversão


)
ao crist ian ismo, não consideravam o submundo um I ugar de
,
f Fiinição; êra simplesmente a residênc ia dos gue haviam parado
l de viver,
, Não sabemos Ee os germânicos personificavam o
) Eubmundo na forma de um deus ou deusa. A palavra Hel, que
,
inicialnente significava o lugar para onde os mortos vão,
,
, tornou-se o nome de uma deusa, a soberana do submundo.
, Ilrzia-se gue Hel era filha de Lose. A tendêncÍa é de
, B?í?sentá-ta acompanhada de monst ros medonhos. Ela teria
! surgido na terra dos gigantes, trazida pelo lobo Fenrir e a
I grande serpente llidsard. Ela seria irmã desses demônios.
I
No seu reino subterrâneo ela asilava o monstro NÍdhogg, gue
I
I roía dia e noite as raízes da árvore Yggdrasil. Xão a
] imaginavam perversa ou má. Foi o próprio Odin (ülotan) que
) lhe entreEou o Niflheim e lhe deu poder em nove diferentes
I rundos, deixando-a escolher o local de sua moradia. Quanto a
)
}
)
)
i 3B

)
l
l
t
I

I ares de f antasmas ( as al mas d os mortos ) em c aval os


itr.l h

) aéreoE seguiam em uma enorme caçada seguindo seu lÍder ülode,


) ura forma degenerada de tlodan. É este andar furioso que se
)
ouve nas tempestades.
)
Na Escandinávia, as almas dos guerreiros mortos
)
)
lam geralmente ao Ualhalla ou aos outros palácios dos
) deuses. Na Alemanha pensavam que a moradia das almas estava
) a Oeste, onde o sol submerge no mar. Para algumas tribos
) germânicas o refúgio final dos mortos era na Grã-Bretanha,
)
especificamente. O historiador Procopius conta que na costa
)
) da Grã-Bretanha, E[t algumas cidades os moradores não pagavam
) tributos, porque arcavam com o difícil encargo de atraveEsar
) as almas dos mortos no Canal. À meia-noite um ser invisÍvel
) batia à porta deles e os convidava a trabalhar. Os moradores
)
levantavam-se imediatamente e, como gue movidos Por uma
)
)
estranha compulsão, desciam à Praia. Lá encontravam
) embarcações mist eriosas, esperando-os e Prontas para
) navega:' Estes barcos não pertenciam a ninguém da vila, e
) rostrevar!-se vazios. Tão logo eleE embarcavam e empunhavam
)
oE remos percebiam gue os barcos estavam tão pesadamente
)
carregados que submergiam até es amuradas. Eles levavam
)
) apenag uma hora para cruzar o canal em vez de um dia e uma
) noite. Assim gue tocavam e praia o barco se esvaziava e
) andava levemente pelas águas. Nem durante a viagem, nem ao
) desembarcar, os bargueiros viam a guem carregavam mas ouviaat
)
)
)
)
) 40
)
)
)
t
)
)
)
) uma voz proclamar o nome, condição e lugar de origem a cada
) nova chegada.
) as almas dos vivos seriam capazes de deixar
Mesmo
)
o corpo e seguir uma existência semi-independente. Para eles
)
a alma, oü segundo t9o, podia exercer funções do corPo tais
I
) como falar, mover-se, aEir e eParecer na forma de ser humano
) ou animal.
) Os escandinavos chamavam este E9o, meio-matéria,
)
de "fyIgja" r 9ü€ significava algo como "o seguidor, o
)
segundo". A "fylgia" podia sair do corpo, mas não deixava de
)
) compartilhar do seu destino. Oualquer dano causado a uma das
) partes era sentido imediatamente pela outra. Se uma era
) morta a outra também morria.
) Ao Iongo do teDpo, os teutônicos passaram a
)
considerar a "fglgja" como um ser independente, tromo um
)
) demônio sem conecção com um indivíduo em especial. Supunham
) que seria capaz de encernar a alma dos ancestrais e até de
) .:iia religião. Tinha aparência de uma mulher armada, uD tipo
)
d= deusa correndo pelos ares. Enbora inicialmente fosEem um
)
aspirito protetorr ãs "fylgjur" (plural de fclgia) passaram
)

)
a ser temidas como demôníos nocivos.
) Alguns espiritos podiam intervir na vida dos
) lrom€Írs e al t erar seus dest inos . Eram deusas muit o sáb iaE,
)
chamadaE "Norns" (Deusas do destino). Eram fiandeiras que
)
seguravam os fios do destino. Conhecedoras dos antigoE
)
I
)

)
) 4t
)

)
T
)

r preceitos de certo e errado, podiam julgar a sorte gue cada


,
i

) homem merecia, e também os deuses.


) é provável gue no inicio fosse aPenaE uma a
) drstribuidora do destino, e quem posteriormente atribuiram-
)
se irmãs. Eventualmente, eram divididas em dois gruPos:
)
) benevolentes e malevolentes. Elas são provavelmente a origem
) óas fadas.
) Na Escandináviar ã5 deusas do destino tornaram-se
)
apenas três. A primeira e mais velha era Urd (ou seja
)
destino). Este é também o nome de uma das fontes, gue ficava
)
f na raÍz da árvore Yssdhasil e onde se encontravam as três
, Norns. Elas aguavam as raízes da árvore diariamente. As duas
) companheiras de Urd às vezes recebiam os nomeE "Verdandi e
) SkuId", interpretadas como Presente e Futuro; fica então Urd
,
:omo a Norn do Passado. F{as isto é aPenas uma interpretação
)
) oiscutíveI.
) As Ualquírias eram dist ribuidoras do destino,
t ;crém só dos guerreiros. Elas, nos camPos de batalhas, davam
l .,itória a um dos lados, decidindo quais heróis morreriam e
f quais seriam levados Para o Valhalla, Para beber e comer nas
D
D
festas de Odin. O significado de Valquíria é: aguela que

t escolhe guerreiros destinados a morrer em batalha.


) São descritas como deusaE encapuzadas, empunhando
] lanças coroadas com chama, e nontando corcéis voadores de
I cuja crina o orvalho cai nos vales e florestas. São também
I
t
I
l
t 4e.

l
]
I
)
)
)
)
t 'Éepresentadas como moças com penas de cisne, voando pelos
) a-es. Nem toda moça-cÍsne era Valquíria, mas uma Ualquíria
) serpre tinha poder de tornat--se uma moEa-cisne. EIaE
) F 3d:.at, quando queriamr àpâÍpcEt na f orma humana. l.las se um
)
) ''onem conseguisse roubar sua plumagem, €Ias não mais
I escapariam dele e deveriam fazer-lhe a vontade.
)
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Fis.g
I Nasci.mento dos deuses gêmeoE Aura-l,lazda e

I Ahriman.
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I 44
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I III.7 - Persa ( 18 )
,
l
)
l
l Os persas tiveram uma importância especial entre
t os povos do Oriente llédio, sob o ponto de vista religioso.
) No início adoravam vários deuses:âura-Flazda, deus supremo,
t crrador do universo; I'titra, deus dos pastores e da just iça;
)
)
: Naita, deusa da fecundidade.
) l'las as pregações do profeta, ou mago, Zoroastro
) (en lingua 9re9a) ou Zaratustra (segundo a forma original
) a;-iana) provocaram uma verdadeira revolução nas concepcões
)
::l:giosas dos persas.
t A doutrina ensinada por Zoroastro baseava-se num
)
) .rualismo ético entre o bem e o mal . Aura-líazda era o deus do
) 3:=, da luz, da verdade, e da retidão; Ahrinan era o deus
) !: ral, isto é, das trevas e das sombraE e o responsável
) pela díscórdia, pelas desgraças e doencas que afl isem o
I rundo. 0 primeiro criou a vida, o segundo a morte. O ben e o
)
) ral eram os dois princÍpios de tudo, eüE lutavam entre si.
) 0s homens que se diziam âura-ilazda seriam recompensados, os
) que seguissem Ahriman seriam castigados para sempre. Havia,
)í portantor uÍtlã outra vida , mas só Para a alma; o corpo era
)
p
p
I
p 45
p
p
p
I
)
)
)
) e Í.opriedade de Ahriman r seÍldo por isso abandonado em I ugares
) altos, onde as aves de rapina o vinham devorar.
) Após a morte, a alma atravessava a ponte Sinvat
) eara chegar ao outro mundo, onde era pesada em uma balança e
)
:ulgada de acordo com seus feitoE.(19)
)
) Essa religião tinha uma preocupação escatológica,
) rsto é, com o fim do mundo. De acordo com o zoroastrismor uÍt
) dra (no fim do mundo) os mortos regsuscitariam e então
) l.averia o juízo final r cofl o julgamento de todos os homens;
)
?-t bons receberiam sua recompensa e os mausr sru castigo; o
]
) -'.,izo f Ínal marcaria também a vitória decisiva de Aura-l,lazda
) =.-rbre Ahriman.
) Na Pérsia não havia nem templos nem culto, pois
) ôura-l'lazda era homenageado com fogo perpÉtuo, aceso em
) iorres nos altoE montes. Somente divindades populares como
)
iíÍtra e AnaÍta deuses estrangeiros gue conseguiram se
)
) estabelecer na Pérsia eram cultuados com sacrificios
) sangrent os
) Na medida que o próprio homem era o responsável
) pela escolha do bem e do mal, Zoroastro acabou com a crença
)
nos antigos idolos; ao meEmo tempo, mostrou gue a verdade e
t
t a pureza eram as mais perfeitas expressões do culto,
) tornando desneceBsárias, portantor às manifestações
) exteriores da crença no bem.
l
l
]
)
)
) 46
)
)
)
t
I
a
I Nenhuma outra rel igião do oriente ],1édio of erecia a
I seus crentes um grau tão elevado de liberdade. Atém dessa
t particularidade, o zoroastrismo diferenciava das religiões
t rr-adrcionais do Esito e da }lesopotâmia também pelo fato de
t que nessas religiões o mesmo deus poderia praticar tanto o
t Der quanto o mal. As idéias de Zoroastro foram reunidas no
I
I irvro Avesta, ou Zend-Avesta.
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Fis.9 Roda da Vida, de onde e alma renasce em

plano superior ou inferior. (transmigracãao).

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L
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)
t III.B - Hindu (?A»
t
t
t
r
| De acordo com o Rig-Ueda, o morto era enterrado ou
L crenado. Cremação ere considerada o caminho normal Para
t conseguir um lugar definitivo no próximo mundo, Ílo sol ou
l nas c=trelas.
t Posteriormente, algumas distinções foram feitas.
t Somente o princípio espirÍtual, asu ou manas, ia Para o sol,
ü
ü ievado por âsni. De acordo com Satapatha Brahmana, haviam
ü dors caminhos para os justos, o dos Pais (pitri) e o do sol,
}
enquanto os maus eram conduzidos Para o inferno, Naraka. No
ü
Vedas, o reino de Yama era um paraÍso para o bem, mas em
}
ü Fsranas ere também um lugar Para expiagão dos pecados.
t Segundo os Upanishads, devemos distinguir entre a viagem a
l Brahna, a recompense do conhecimento perfeito, que atinge
ü ura aoradia da qual não se volta, e a viagem aos céus, onde
t após disfrutar a recompensa meretrida, a alma retorna Para
ü
ü
renascer aqui em baixo.
} Esta distinção tem grande importância no destino
L dos Budistas: de um lado transmigração (samsara) sem fim, a
ü condicão normal da existência, e de outro lado, a
r
L
)
t
ii:

} 49

}
i :.

}
Íi

)
t
!,
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I

) possibilidade de ser livre para sempre desta transmigração,


T ou seja , ãtingir o Nirvana. E este é para agueles que
) compreenderam completamente o sentido das coisas.
) O céu é um lugar onde se possuem os mesmos bens
) gue na terra, mas sem os problemas desta existência.
)
) Cada um é o gue fez e será o que se reservou,
) através do tipo e qualidade de suas açõeE.
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a III.9 - Chinesa (el)
a
,
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a
a Toda e mitologia chinesa resulta de uma mistura de
a Taoísmo e Bud ismo. Ist o t ambém acontece em relação ao
a Inferno, porém parece haver um predomínio Budista.
a
Havia dezoi to infernos, dist ribuidos entre dez
1,
) iortes de Justica, aoE quais estavam ligados. Estas Cortes
a eram presididas pelos Shih-tien Yen-wangr os Reis das Dez
, Cortes de Justiça, (Yen vem de Yama,deus da morte indo-
)
iraniano), enguanto cada Inferno é responsável pela punição
-
Ce um determinado crime.
a,
r, O primeiro dos ReiE-Yama é o mestre supremo do
T rundo dos Infernos, assim como o chefe da primeira Corte de
a Justiça. O primeiro Rei-Yama recebe as almas dos mortos,
J) rnvestiga suas açõeE durante suas vidas passadas e, se
1,
necessário envia-os para oE outros Reis-Yama para serem
)
I, punidas. Dos outros nove, oito cuidam da punição daE almas.
, AEsin, o segundo Rei pune homens e mulhereE desonestos e
tt rédicos ignorantes, o terceiro pune maus mandarins,
I falsários e caluniadoreE, o guarto Rei Pune avaros,
r, forjadores, negociantes desoneEt os e blasfemeadores. Ao
rf
I
,
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I Etr
L, C.

t
I
t
t
,
)
)
a quinto Rei cabiam os assassinos, descrentes e luxuriosos, ao
) sexto oE sacrilegos, êo sétimo são reservados agueles gue
, violaram túmuloE e venderam ou comeram Earne humana, o
a
oitavo pune aos gue não tem piedade filial, o nono pune
,
a incêndios premeditadoE e tem anexado a Cidade daqueles que
a ilorreram em Acidentes, e finalmente, ao décimo Rei está
a confiada a Roda da Transmigração, e o cuidado para que as
a almas reencarnem nog corPos certos.
a Out ras verEões di zem gue cada Re i julga
a
--eF.aradamenra a alma e gue o Rei da Roda da Transmigração
)
a .-:*,-ide em que forma a alma, aPós ser julgada, renasce.
) Naturalmente, as torturas são muitas e variadas,
a de forma que cada cr ime t en seu c ast i go ap roPriado e
a coerente. Por exemplo, og blasfemeadores tem suas linguas
a arrancadasrElvãros e mentirosos devem beber ouro e Prata
a,
t derretidos; almas mais culpadas são iogadas em óleo fervente
AD ou cortadas em pedacos.
a Os Reis do Inferno possuem multidões de satélites
) que levan suas ordens. Estes são representados nús da
J,
cintura para cima, com dois chifres e armados com tridentes.
a
L Os Reis-Yama são ap reEentad os vest id os Como ImPeradores.,
AD assim como o âugusto Personagem de Jade e o Imperador dos
t Picos 0rientais.
I
I
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It
a
I
I 53
lr
ll
lD
t
ã
I,
)
a, Quando os registros da vida e da mort e,
a consideradoE pelo Rei-Yama, mostram que um homem atingiu o
:) fim de Eua existência terrestre, este manda dois de seue
r satélites para prender a alma do homem e trazê-la Perante as
r Cortes de Justiça.do Inferno. êstes satélites são chamados
I,
Cabeça de Boi e Face de Cavalo, Niu-tóri e Na-mien, e eles
-
I são representados com a cabeca do animal CorresPondente.
r, Eles encaminham-se para a casa do homem e de fá o retiram. E
r, aqui, surge o valor dos Deuses da Porta, Porque é geu dever
a verificar gue a ordem de prisão é autêntica e, não anteE de
a que isso seja feito, eles permitirão gue Cabeça de Boi e
:,
) Face de Cavalo entrem.
) Também dizem gue essee dois satélites não são
u enviados pelo Rei-Yama e sim Pelo Rei das Paredes-e dos
1
Fossosr 9uE tem um registro de todos oE habitantes de sua
)
I, área. E então de novo dizem, Porgue toda mitologia do
Ir Inferno é bem confuEar 9Ut as Pessoas engarregadas de trazer
) os nortos são as duas ülu-Ch'âÍI9, Sem-Duração, uma das guais
2 é branca e a outra é negra, também chamadas Kou-hun-shih-
rr
l.

che, l.lensageiras gue Prendem Almas. Suas estátuas são às


p vezes vistas nos temPlos, e e st as duag pers onag ens s ão

h apresentadas usando roupas longas até os Pés, brancas ou

b
tL pretas, um alto chapÉu ponteagudo, uma corda enrolada
pescoço e I Ínguas de fora.
no

L,
t
t
1,

54
L
It
It
h
r
ü
) seja quem for gue as venha buscar, ãs almas
!'1as
, ( que conservam sua aparência por algum tempo após deixar o

I corpo) são levadas prineiro ao deus das Paredes e Fossos,


- que as coloca perante uma primeira série de perguntas, e as
I
rantém por guarenta e nove dias,ou em liberdade ou punindo-
r
I, as com pelourinho ou com pancadas, de acordo com o que e
r, pessoa morta lez em vida. Às vezes acontece que devÍdo a uma
I, seme lh ança de nome ou a um out ro erro, out ra al ma é
I, atinsida. Neste caso, o deus permite gue ela retorne à terra
s re-entre no corpo em gue vivia. Esta deve ser a razão pela
qual os chineses conservam os corpos dos mortos por vários
tias antes de enterrá-los (peIo menos sete, e no máximo
guarenta e nove).
Depois de quarenta e nove dias, o deus das Paredes
e dos Fossos entrega a alma ao Rei-Yama. Ele age como juí2,
consultando o registro de todaE as boas e más ações desta
-
9!
tl
€r se necessário, manda-a àquele dentre oE Reis-Yama
a rr9
--

o,rp é indicado para punir o crime do qual a alma é culpada.


Ouanto às almas gue fizeram o bem, como as dos bons fÍlhoE,
dos bons súditos, dos crentes, das pessoas caridosas, ettr,
p elas ou vão para Buda, hã Terra da Extrema Felicidade, Ílo
p
!F Oeste, ou para a l'lontanha K'un-lun, o habitat dos Imortais,
ou então elas vão diretamente para o décimo Rei-Yama, para
p serem re-nasqidas para uma outra existência.
tr
tt
tL
F \., L,

lr
F
1,.
L--
)
)
)
I I'las, retornemos àsalmas dos Pecadores. Elas
t comparecem perante cada Rei-Yamar QU€ as Pune pelO crime sob
) sua jurisdição. O Povo crê gue as almas das Pessoag gue
) cometeram crimes muito grandes tenham de sofrer todas as
,
torturaE do inferno, sem distinçao. Este foi, dizem, o caso
t
l do inistro
I'1 Ch'in KuBi, e sem dúvida, dest a maneira o Povo
t elabora o ódio gue sente Por algum Personagem esPecialmente
, detestado. Após cada tortura volta à sua forma original Para
I cumprir mais out ra . Assim se el a foi cort ada em Pequenos
,
Fadacos, as peças juntam-se novamente; e se ela foi atirada
,
, a um caldeirão de ó1eo fervente, ela volta ao original,
, asEim que é tirada de Iá. Quando a alma já sofreu todas as
, puniCões devidas, ela finalmente aPresenta-se ao décimo Rei-
) yama, Qü€ decide em que forma, humana ou animal, a alma será
)
re-nascida.
I
Os budistas creem que há seis formas de
,
, rEnascimento, três das quaÍs são boas (como um deus, como um
, |,s:;ctn ou como ume asura, espécie de demônio) e três das
, quais Eão más (como no inferno ou como um demônio faminto ou
,
como um animal ) . llas o Povo acredita que nascer tromo um ser
,
humano não é necessariamente uma recomPensa, Porque uma alma
,
a de homem pode Eer condenada a nascer como mulher (menos
I honorável que um homem, nos tempos antigos), ou como um
t rnválido ou um mendigo, etc., Etlguanto gue outras vezes uma
,
alna pode renagcer como animal sem ter Pecado. Há numerosas
I
I
t
I
t 5ó
I
!I
I
D
I
u
) lendas sobre este tema. Uma delas conta gue um homem gue
) tinha emprestado dinheiro de outro, morreu antes de ter Pago
; sua divida. Depois da morte ele pediu permissão ao Rei-Yama
: para renascer como um POtro, na família do credor. Logo após
:
renascerr sru senhor vendeu-o pela Soma exata que lhe era
!
a devida. o potro morreu logo depois de ser vendido, e sua
l, alma retornou às Cortes de Justiça do Inferno Para ser
I, julgada. Uma outra lenda, conta gue um estudante que acabara
l, de passar pelos exames imPeriais, andava num templo e entrou
l,
na sala de um sacerdote budista Para descanser. Lá ele
a
dor"miu e sonhou gue t inha se t ornado um al t o d ignat ário, e
1,
u EirÍiquecido Por meio de mentiras. Ele então sonhou gue tinha
) morrido, e gue tinha sido condenado a beber uma quantidade
) de ouro fundido equivalente ao que ele tinha ganho

injustamente. Depois, ele sonhou gue tinha re-nascido numa

famÍlia de mendigoE, como uma menina, QU€ quando Cresgeu foi
r
vendida, para ser uma concubina. Ele não acordou senão aPós
-
) ter sonhado gue morrera uma segunda vez. comPreendendo então
) a transitoriedade das honras dêste mundo, ele se ret irou
r, para as nontanhas Para Procurar o Caminho'
)
As almas re-encarnadas num animal não Perdem seuÉ
1)
a, sentimentos humanos. Se nasgida Como uÍl galo ou um PorCO, a
I alma sentirá com sensi.bilidade humana todo sofrimento do
rl} anÍnal, quando sua garganta for cortada, e até sofrerá trom
It cada corte de faca. l.las ela não Pode exPrimir sua angúEtia
If
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37

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F
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D
I
)
I el palavras, das guais eIa perdeu o dominio, graças ao
I El:.xir do Esguecimento, l'1ihun-t 'ang. Este eI ixir é composto
t or Lady l.leng r eup vive numa casa const ruída I ogo ant es da
tr

I seida do inferno. Todas as almas que pasgam por sua porta,


I no caarinho para a Roda da Transmigração, tem de bebê-lo,
I
I qrJe l ran ou não . Sob sua in f I uênc ia as aI mas esguecem sua

I vróa anterior, sua existância no inferno e, até sua fala. Há

f lendas relatando nascimentos miraculosos como uma crianca


t Q-ê é capaz de falar logo gue nasce. Isto acontece porque a
f -.!aa conseguiu escapar da visilância dos guardas do inferno,
I
I = evitou beber o Elixir do Esguecimento.
I Se depois de beber esse elixir, uma alma tem de
t re-nascer como um animal, os satélites daE Cortes de Justica
I põen sobre seus ombros a pele da espécie de animal à qual
D
ela pertencerá e ela então é levada à Ponte da Dor, K'u-
l ch'u-ch'iao, 9uE transpõe um rio de água vermelha. Ela é
)
] atrrada à água,'- 9úE a carrega para seu novo destino. Dizem
l tarbér gue a alma sobe à Roda da Vida e da tlorte, a gual
f quando gira a envia para a terra. o conto aqui mencionado
I Clz: depois de andar alguns passos ela viu numa
l pl at aforma, uma barra de aço de vários pés de
;
f ctrcunferência, suportando uma grande roda cujas dimensões
) erar em número desconhecido de léguas. Chamas de cinco coree
t Eaiaa dela, e seu brilho iluminava oE céus. A alma era
I golpeada por demônios que a compeliam a subir na roda. Logo
f
I
)
)
] Eõ
-r(J

I
)
i
I
l
I
a
I que tinha subido, com seus olhos fechados, a roda girava sob
I seus pés e parecia gue estava caindo; a alma sentia frio por
t todo corpo e abrindo oE olhos via que já tinha o corpo de
ü utra crianCa".
ü Outro conto traduzido pelo Padre l.lieger, menciona
ü
a outro caso: "Tudo era confusão. Seu corpo ere sacudido pelo
a vento. Subitamente guando trruzava uma ponte vermelha, caiu
ü num lago de dez mil jardas de profundidade. Ele não sentia
a ctor, mas seu corpo ficava estreito e pegueno e não era mais
ü
o mesmo. Quando el e parou de cair, seus olhos estavam
ü
s:chados, não gueriam abrir e em seus ouvidos ele ouvia o
t
a euÊ parecia ser som de vozeE de seu pai e de sua mãe.
a Parecia que ele era obieto de um sonho". Neste cago, como no
a caso anterior,- a alma é renascida no corpo de uma criança;
ü
ras naturalmente a impressão é bem diferente e, muito mais
a
desagrádavel Ee Eeu corpo é o de um animal.
I
, O inferno é um mundo independente, com Euas
a próprias cidades e campos. A principal cidade é Feng-tu, na
, qual entram as almas dos mortos através de um Portão,
, chanado de Porta dos Denônios, Kuei-men-kuan. A cidade tem
a
oE palácios dos Reis-Yama, aE Cortes de Justiça, os lugares
a
, óas torturag, assim como as residências dos funcionáriosr oS
t satélites infernais, e es almas esPerando pelo renascimento.
I No lado oposto ao da Porta dos Demônios, a cidade termina
ü nur rio chamado Rio How Nai-ho, transPosto Por três pontes.
I
I
I
T
I L-tt
J7

t
?
I
I
b
l
I
t) i,ra é de ouro, para og deuses; umã é de prata, para as almas
oos honens virtuososi a última é para as almas sem méritos e
] rs criainosas. Esta ponte tem várias léguas de comprimento,
I t. s t eo sóment e t rês I an ces e nenh um parapeito. AlmaE
I Erlrinosas ao tentar cruzar a ponte, inevitavelmente caem
L
nas águas gue correm embaixo. Então, elas são atacadas por
)
I serpentes de bronze e cães de ferro gue as mordem e as
t d est roçan .

I As almas dos mortos não são responsáveis só por


I suas acões na vida pasEada, mas também nas vidas anteriores,
T
se por acaso não receberam punição adequada. Como estas
t
I alnas não podem lembrar-se de suas ações, devido ao Elixir
) óo Esguecimento, elas são, quando necesgário, postas de
t f ront e a um espel ho g isant esco, o Espel ho dos J'laus, Nieh-
l ch lng-tái, gue fica na Corte do primeiro Rei-Yama. No
D
espelho, as almas se vêem com a aparência que tinham em
)
I .iúã-= anteriores, e assim percebem o crime gup cometeram. O
) 9::-Yana baseia seu julgamento nesEa aparência.
) Não longe da cidade de Feng-tu fica Cidade
l Daqueles gue F{orreram em Acidentes, ülang-ssu-ch'eng. Fica
)
Eob o nono Rei-Yama. Todos aqueles gue estão lá, morreram
)
t antes da data marcada nos Registros de Vida e de l{orte, guer
) tenhan cometido suiciaiorgupF tenham morrido por acidente.
) As almaE destes são condenadas a vi.ver aqui como demônios
) f ar i nt os , sem nen hum a es per anc a de ren astr er , exc et o se
t
l
)
p
} 60

)
)
b
I
)
)
)
) conseguissem alguém para substituÍ-las. Assim, a alma de um
) enforcado deve trazer a alma de outro enforcado, e assim por
) diante. Para permitir gue elas achem um substituto, estas
, almas podem, após três anos de inferno, retornar livremente
D
à terra, âo lugar onde deixaram seus corpos mortais. Lá elas
,
fazem todo o possivel pare conseguir gue homensr pãssãndo
)
t por perto, morram do meEmo jeito. Por esta razãor oS
t chineses evitam cuidadosamente lugares onde tenha havido um
, assassinao, um suicjdio, ou um acidente causador de morte,
I por medo de Eerem usados pela alma do morto.
t Como vimos, quando as almas dos justos não são
I
, devolvidas imediatamente para uma nova vida Pelo décimo Rei-
a Yama, €las vão, ou para a montanha K'un-lun, o habitat doE
a Imortais, ou pare Amitabha Buddha, na Terra da Extrema
)
Felicidade, ho Ocidente.
,
A Hontanha K'un-lun tem muita semelhança com o
,
, üiimpo dos gregos, mas enquanto estes situavam a habitacão
, J; seus deuses numa montanha em seu próprio paÍsr oe
, chineses a colocavam numa montanha fabulosa longe de sua
) terra, tro centro da Terra.
,
O governante desta região não é senão Lady Oueen
)
, do Ocidente, a Rainha Mãe Urang, esPosa de Augusto Personagem
t de Jade. O palácio é construído no topo da montanha, tem
t nove andares e é feito de jade. Em redor, há magnÍficos
t jardins nos quais crescem a Ílrvore da Imortatidade. Os
t
t
,
t
, áL

t
t
D
t
I
)

I
) irort ais lá vivemr hurnir sequência sem f im de divert imentos e
) oanquetes. 0s únicos seres humanos gue estão Iá, são agueles
) que por suas virtudeE foram recompensados com a permissão
) para comer os maravilhos frutos da Árvore da Imortalidade.
)
Os outros homens justos admitidos às feIÍcidades
)
) da vida eterna, vão para a Terra da Extrema Felicidade, rrGl
) 0cidente. Esta terra gue fica no extremo ocidente deste
) universo, é separada de nós por uma infinidade de mundos
)
':umo o nosso. É um lugar de todos os deleites, f echado em
)
todos oE lados e embelezado por sete filas de terracosr coln
)
, sete filas de árvores, cujos ramos são formados de pedras
) preciosasr quE ressoam musicalmente quando o vento ag toca.
) Podem ser achados lagos florescentes de lótus, com um solo
) de areia de ouro e margeng cobertas com sete pedras
)
)
pi'ec iosas. Pássaros com p lumagem mul t icolorida e vozes
) oivinas louvam com suas canções as cinco Virtudes e as
) excelentes Doutrinas. Chuveiros de flores Eaem sobre o solo.
) !'.iaste Eden os just os passam uma vida que é piedosanent e
) ordenada: toda manhã, ào alvorecer eles vão oferecer flores
)
t odos os Budas de out ros Írrundos, e ret ornam a seu mundo
)
para as refeições. Tudo gue ouvem a canção dos pássaros,
)
) a música do vento nas árvores de pedras preciosas faz
) pensar em Budar hã Lei, na comunidade. Suas perigosas
) transmigracões estão encerradas.
)
)
)
)
)
) 6e
)
)
)
I
t,
,
)
a Felizes são agueles gue em vida fervorosamente
t visitaram Amitabha. Na hora da morte seus coracões não serão
t perturbados, porgue o próprio Buda aParecerá. Ele receberá
It
suas almas e as colocará nos tótus dos lagos, onde elas
t permanecerão até o dia em gue, limpas de todas as imPurezas,
t
t escaparão da flor, aberta, e irão conviver com os justos gue
t habitam a Terra da Extrema Felicidade, lro Ocidente.
t
t
r'
t
t
a
a
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I
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I,
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D ó3
t
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a
)
l
)
)
)
)

Fig. lt - Emma-hoo,

supremo juiz dos

in fernos .

64
ff
)

I
)
) III .LO - Japonesa (??»
)
)
)
)
) A mitologia japonesa divide o Kami em deuses do
) céu, Ama-Tsu-Kami, e deuseE da terra,(uni-Tsu-Kami, sendo os
)
últimos mais numerosos e viventes nag ilhas do Japão. Essas
)
divindades podem ir da terra para o céu e vice-versa.0 céu,
)
) chamado Ama, é atravessado por um rio celestial, Ama ou
) Gawa, 9ü€ tem um leito amplo, coberto Por seixos.
) No início céu e terra estavam unidos por uma ponte
) gue permitia aoE deuseE irem e voltarem. Um dia, quando os
)
deuseE dormiam, a ponte ou o caminho das estrelas caiu
)
) úentro do mar. Ela formou um Ístmo a oeste de Kyoto, que é

) ijm dos lugares mais belos do Japão.


) Sob t erra fica o reino das mont anhas, que é
) chamado "Terra da Escuridão", Yomi-Tsu-Kuni, ou " Terra das
)
Raízes", Ne no Kuni, ou " Terra Profunda", Soko no Kuni. Há
)
) dois caminhos para o inferno. Há uma estrada escorreEadia e
) ventosa gue inicia na provÍncia Izumo, o outro caminho fica
) na praia. É um abismo que traga toda a ásua do mar, e É de
) onder ho dia da grande purificação, todos os pecados e
)
impurezas serão varridos para aE águas. Palácios e cabanas
)
)
)
)
) O*,

)
)
)
t
p
p
l

ü
t são construidos neste reÍno subterrâneo; são as c asas dos
ü demônios masculinos e femininos.
tl A idéia de recompensa e punição após a mort e só
ü
ven com o budismo.
t O inferno, Figoku, é subterrâneo. É feito de oito
I
ü regiões de fogo e oito de gelo. Há infernos subsidiários. O
ü chefe deste mundo é Emma-hoo (Yama-Raja) que é também o
I supremo juiz do inferno. Tem sobre Buas ordens dezoito
ü
generais e oitenta mi1 homens. Ele tem uma expressão feroz.
t Emma-hoo julsa sónente or homenE, àB mulheres ele
I
t deixa para sua irmã julgar. 0 pecador é trazido à sua
ü presença, ladeado pelas cabeças decapitadas de l'liru-me e
ü Kagu-hana, de quem nada se pode esconder. Todos os pecados
ü passados são refletidos nos olhos do pecador por um espelho.
I Seus pecados são pesados e então Emma-hoo julga. 0 pecador
I
t ficará em tal ou qual região do Inferno, de acordo com a
I gravidade de EeuE pecados, a menos gue sua alma seja salva
t pela oração dos vivos. Neste caso, um bodhisattva resgata-o
I das torturas, e o pecador renasce na terra ou no Paraíso.
t Oni (demônios) são dividos em Oni do Inferno e Oni
ü
T da Terra. Os prime i.roE têm corpo vermelho ou verde, com
t cabeca de boi ou cavalo. Sua ocupacão consiste em cassar os
t pecadores e levá-los em uma carroca de fogo para Emma-hoo.
t
ü
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Fig . t? Jacob vê a túnica de Josçi, manchada coÍn
I
t sangue de cabrito.

t
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t
t t»/

t
l
)
ü
Ia
ü
I
I III.11 - Judaica (e3)
t
a
t
a Vida é um dia entre duas noites. A noite do "ainda
t não", antes do nascimento e a noite do "não mais" após a
t morte. O judaísmo é uma fé gue permeia toda a vida, e a
t morte faz parte da vida.
t Os cuidados iniciais o falecido são governados
t com

I pel o príncipio da santidade do homem. Um ser humano é


t comparado a uma folha do Torah que foÍ fisicamente
a danificada e gue não maÍs pode ser usada em serviços
a religiosos. Enguanto a antiga folha não mais serve para
t gualquer propósito ritual, ela é reverenciada pela elevada
t
t função que já teve.
t 0 homemfoi criado à imagem e senelhanca dê Deus
I e, Ginbora não mais haja o pulEar da vida, a forma humana
a deve ser respeitada por ter abrigado antes o espÍrito de
I Deus, e também pelo caráct er e pel a personalidade que
a
I abrigou. A forma do respeíto é governada e detalhada mais
t pela tradicão religiosa que pelos sentimentos Pessoais.
t Ouant o aos cui dados com o falecido, deve-se
D observar nos últimos minutos de vida que ninguém presente
t saiar pxcEto aqueles cujas emocões sejam incontroláveis, ou
D
I
I
I
I ó8
I
f
I
I
tt
) fisicamente doentes. é uma questão do maior respeito
, observar uma pessoa que Passa deste mundo ao seguinte.
I Depois gue a morte foi certificada, oE olhos e a boca dos
t falecido devem ser fechados, Pelas crianças ou amigos ou
I parentes, e um lençol deve ser Puxado sobre sua face. Embora
I
t tenha sido hábito durante muitoE ano5 entregar aE rouPas e
t recitar a bênção do "Verdadeiro Juiz" na hora da morte,
I agora já é comum fazê-lo no funeral. Então todos os Parentes
t são reunidos, o rabino suPervisiona a maneira correta de
t
I entregar as rouPas, e lidera o recital de bênção-
I A posição do corPo deve ser orientada com os pés
I voltados pare a porta de saida. A não 5er Para isso, o
I falecido não deve ser tocado ou movido, exceto Para E,ua
I própria honra (como endireitar-lhe o corPo em caso se ter
I
I sido encont rado em posição eEguisita). Alguns iudeus
D ortodóxos mantém o costume de colocar o corPo no solo
I durante uns vinte minutos e de derramar água no solo como
I sinal a amigos e vizinhos, de gue uma morte ocorreu. Uma
I vela deve ser colocada perto da cabeça do falecido.
I Um hábito bonito comovente é de Parentes
I
amigos pedirem Perdão ao falecido, po r qua I que r mal ou
I
I descon fort o que P o55am t er causado ao mesmo em vida. Os

I espelhos da cesa são cobertos, Para desenfatizar a beleza e


I a ornamentaçãO da vida existente no momento em gua na ÍnPsma
a
casa o corpo de alguém Começa a decomPor-se. Espelhos são
I
I
I
t
: 69
I
)
t
)
terber cobertos para eviter e veidade pessoal -durante tais
} morentos de trasédia. Uma outra explicação para este hábito
, e sue a imagem de Deus, refletida no espelho, foi diminuida
f pela morte recente.
I Sa lmos são rec it ados, ent re el es, o salmo de
I
, David:
,
f "O Senhor é meu pastor, nada me falta.
D Em verdes prados me faz descancar, e conduz-me "as
D
águas refrescantes.
I
t Reconforta a minha alma, guia-ma pelos caminhos
, rectog, Por emor do Seu nome.
, llesmo que atrvesse os vales sombrios nenhum mal
f temeref, porgue estáis comigo; o Uosso bastão e
D
o Vosso cajado dão-me conforto.
D
Preparais-me um banquete frente aos meus
)
, adversários.
, Ungis Eom óleo a minha cabeça e a minha taça
, t ranborda .

,
â graca e a bondade hão-de acompanhar-me todoE os
)
dias de minha vida.
t
I A minha morada será a casa do Senhor ao longo dos
, dias.
) (sl e3)
f
t
f
)
)
) 7A
I
)
)
)
p
b O comportamento pessoal na Eala do falecido deve
) ser consoante com o maior respeito. Não deve haver comida,
) bebida ou fumo em sua presenca. Fora da sala sim. Nenhuma
)
observação desabonadora sobre o falecido deve ser feita,
)
I resaro que seja objetivamente verdadeira. Conversas na sala
) devem restringir-se sómente eo falecido, às suas qualidades
t pessoaiÉ, e ao funeral. O rabino deve ser chamado. Ele
) notificará a Chevra Kadisha (Sociedade funerária) gue
l tratará das providânciaE. Do momento do falecimento até o
,
t enterro, o falecido não deve ser deixado sózinho.
) O judaísmo desenvolveu cinco perÍodoE graduados em
) que o enlutado pode exprimir sua tristeza e relaxar com
) regularidade calculada as tensões Eriadas pgla perda.
) primeiro período é entre a morte e o enterro, lto
O
)
gual o desespero é mais intenso. Aqui, não sómente as
)
) amenidades sociais, maiE também maiores reguisitos
) religiosos são cancelados, êít reconhecimento do estado de
) espírito perturbado.
) O segundo estágio consiste dos t rês d ias seguint es
)
ao enterro, QUt são devotados a chorar e lamentar. O
)
en I u t ado não d eve n em re sPon der a cump rime nt os , e de ve
)
) Permanecer em casa.
)
)
)
)
)
)
) 7L

)
)
)
)
)
) O terceiro é o periodo de "shiva", os sete dias
) seguintes ao enterro. O enlutado emerge de um estado de dor
) intensa para um novo estado em que ele está preparado para
,
falar da perda e pare aceitar conforto de amigos.
)
O quarto é o estásio de "sheloshim", de trinta
)
) dias do enterro.0 enlutado é encorajado a sair de casa
) depois do "shiva" e a lentamente retornar à sociedade-
I O quinto e último estásio é de doze meses, durante
)
os quais as coisa s vol t am ao norma I A busc a de
)
)
divertimentos É refreada. âpós este perÍodo, tradição
) reprova gue um homem persista enlutado.
) O homem tem mantido inabalável +é num mundo além
) da sepultura. A convicção de uma vida após a norte, não
)
comprovada mas inabalável, tem sido alimentada desde o
)
) começo da vida do homem pensante na Terra. Ela aparece na

) l iteratura rel ig iosa não como uma ordem, mandada


) irrevogavelmente por um Deus absoluto, mas como uma planta,
) crescendo e desenvolvendo-se naturalmente na aIma. Então ela
)
desponta por meio de preces sublimes e hinos sagrados.
)
Somente mais tarde ela se extrapola em complicadas
)
) especulações metafísicas. O pós-morte não tem sÍdo
) "pensado"; não é uma construceo racional de una filosofia
) religiosa. Ele tem brotado de dentro dos coracoàs das massas
) de homensr Írumà espécie de consenso do gentio, de dentro
)
pare forar uflrã esperanca além e acima do racional r ulr desejo
)
)
)

)
) /C
'.f.l-

)
)
)
)
:3 caloroso sol da eternidade. O pós-vida é uma teoria Para
se!- provada Iógicamente ou demonstrada Por análise racÍonal.
, E axionático. É para a alma o que o oxigênio é para os
,
aul oões. Há pouco significado na vida, til Deus, nas
I
! constantes lutas do homemr lrâE guas realizações, a menos que
) haJa um mundo após a morte.
) A BÍblia, tão vitalmente lisada às ações do homem
i neste mundo, ajuizando sobre as questões morais do dia-a-
,
dia, é relat ivamente silenciosa sobre o "mundo-Por-vir". l'las
,
precisamente este siIêncio é um tributo ao imenso conceito
I
, que se toma por garantido, como a Presença do oxigênio na
, atmosfera. Não são necessárias aPologias elaboradas nem
) abstrações compl exas. A Bíb I ia, que regiEtra o di álogo
,
sagrado entre Deus e o homem, certamente deve basear-se na
t
, existência da alma imortal.
] Se a alma é imortal então a morte não pode ser um
) ato final. Se a vida da alma deve continuar, então a morte
l embora amarga perde o seu tremendo poder de atirar enlutados
)
em uma vida de desesperanca, egonizante Por uma perda
l
) irreparável. TerrÍvel como é, a morte é o limiar de uma nova
, vida, o "mundo-Por-vir".
I O conceito de pós-vida é fundamental na religião
, judaica; é um art igo de fé. l'laimonides considera-o uma das
I t reze verdades básicas.
,
t
f
)
t
) /J
I
)
)
]
r
) Fil ósofos, como Hasdai CreEcas no século XIV,
) rudaram a formutação das verdades básicas mas ainda
) conservaram a imortalidade como o princípio fundamental.
)
Srmon Ben Zemah Duran no século XV reduziu os fundamentos a
)
três, mas a ressurreição neles estava incluida.
)
) A despeito da unanimidade hiEtórica, da opinião
) culta sobre este credo fundamental, os det al hes prát icos da
) imortalidade são ambiguos e va9os. O véu nunca foi
)
penetrado, e apenas estruturas imprecisas podem ser
)
discernidas. A beleza do conceito de imortalidade e o seu
)
) enorme significado rel igioso não iazem em detalhes.
) |'laimonides nega que o homem possa ter uma visão clara do
) pós-vida, e compara o homem na Terra a um cego gue não pode
)
a apreciar cores. Homens de carne e osso não podem
aP ren d er
)

)
ter qualquer conceito preciso do ambiente espiritual puro do
) mundo do além.
) O corpo retorna à terra, pó para pó, mas a alma
)
retorna ao Deus que a criou. Esta doutrina é afirmada não só
)
pelo judaismo e por outras religiões, mas também por muitos
)
filósofos. O Judaismo contudo também acredita numa eventual
)

)
ressurreição do corpo, 9üp se reuniria à alma nutra época
) posteriorr ouor "grande e extraordinário dia do Senhor". A
) forma humana dos homens justos de todaE as épocas,
)
enterrados e há muito decompostos, ressurgirá pela vontade
)
de Deus. A descrição mais dramática desta ressurreicão
)
)
)

)
74
)

)
)

)
r
)
) corporal encontra-se na pro+ecia do "Vale dos Ossos Secos"
) er Ezequiel 37.
) A +é em uma ressurreição do corpo à Primeira vista
)
É.arece incríveI pera a mente contemporânea. I'las quando
)
abordada do pont o de vista de DeuE r PoF gue seria o
)
) renascimento mais miraculoso que o nascimento?
i Esta é uma razão suplementar Para gue o corPo e
) todos os seus membros sejam enterrados no solo e não
)
cremadosr poFeut no primeiro caso exPrime-se a fé na futura
)
ressurreição. Naturalmente Deus todo Poderoso pode recriar o
)
, corpo em qualquer caso, mas, cremacão intencional significa
) uma arrogante negativa da Possibilidade de ressurreição.
) O homem não obt ém sua út t ima redencão, e
)
ressurreição em virtude de sua própria natureza. Não é
I porgue ele tem uma alma imortal gue eIe, inevitavelmente,
,
) será ressurreito. É preciso não subestimar a dependência do
a homem em Deusr euP "acorda os mortos Por grande
) misericórdia", e gue oE recomPensa Por seus méritos,
) provados atravéz de uma vida justa.
,
,
,
)
,
,
,
,
,
,
t
, 75
,
,
,
a
r
t.

l
l
I

Fig.13 Jesus sendo envolto em lençóis brancos,


para ser sepultado.

76
l
)
;
;
I III .L? - Cristã (e4)
I
I
I
t
I A morte é a separacão da alma e do corpo. Raras
t vezes se pode determinar o instante exato em gue isso
I ocorreu. O coracão pode cesgar de bater, a respiração parar,
I mas a alma pode ainda estar presente. Isto permite que a
t
tl Igreja autorize o seus sacerdotes a dar a Absolvição e a
Uncão dos Enfermos condicionais até duas horas depois da
'l
I morte aparente, para o caso de a alma ainda estar presente.
I No entanto, uma vez gue o sangue começa a coagular -e aparece
I
I o "rigor mortis", sabemos com certeza gue a alma deixou o
I corPo.
D A Ext rema-Unc ão r Gru Unç ão dos Enfermos, é um
I sacramento instituído para aIívio espiritual e mesmo
t tenporal dos fiéis gue correm risco de morte por doença ou
t velhice.
t
t No exato momento em gue e alma abandona o corpo, é

I julgada por Deus. Ouando os que estão junto ao leito do


I defunto se ocupam ainda de fechar seus olhos e cruzar-lhe as
I mãos, a alma já foi julgada, já sabe qual vai ser seu
I
destino eterno. O juízo individual da alma imediatamente
I
após a morte chama-se Juizo Particular.
I
)
t
I 77
I
D

)
I
r)
) O Juízo Particular acontece onde morremos. Depois
) desta vida, não há "espaço" ou "lugar". A alma não tem gue
) "ir" a nenhum lugar para ser julgada. Os teólogos
t conjecturam que provavelmente o gue ocorre é gue a alma se
I vê como Deus a vê, em estado de graca ou em pecador com o
t amor a Deus ou rejeitando-Ot pt consequentemente, sabe qual
I
I será o seu destino segundo a infinita iustiça divina. Este
I dest ino é irrevogável
.

D Se a alma escolheu a si, em vez de a Deus, e


I morreu sem reconciliar-se com Ele, ou seja em pecado mortal,
t
t vai para o inferno. No inferno há fogo, há uma "pene de
I sentido". O pior sofrimento no entanto, é a "pena de dano"
a (separacão eterna de Deus).
I Se a alma está limpa de pecados mortaiE e sem
t penas temporaiE para satisfazer (o gue é possivel gracas ao
t sacramento da Extrema Unção), então a morte, que o instinto
D
t da sobrevivência nos faz peretrer tão terrÍvel, será o
I momento de brilhante vitória: há a união desta alma com
t Deus, imediatamente. É o entrar no céu.
t A terceira possibilidade é a de termos pecados
I
mortais perdoados pelo sacramento da Penitência, mas termos
t
t dívidas de reparação a pagar para Deus. Enfim não merecem
I nem o céu nem o inferno. Vamos para o purgatório, estado de
D sofrimento temporário, que busca uma purificação final para
t depois termos com Deus. Aqui também há uma "pena de sentido"
D
I
D
D
I 1l ft
/a
t
D
D
I
r
)
, mas, se o sofrimento essencial do inferno é a perpétua
I separação de Deusr Ílo purgatório é a agonia gue a alma tem
t que sofrer, âo ver adÍada sua união com Deus. As oracoes Por
)
determinada alma ou Pelos fiÉis defuntos podem diminuir, ou
,
encurt ar seu sof.riment o
.
,
) No fim do mundo, os corPos de todos os gue viveram
, se levantarão dos mortos Para unirem-se novamente àE almas'
a O corpo dos bem-aventurados será glorificado, Possuirá uma
,
beleza e perfeiGão gue serão uma participação na beleza e
)
per+eição da alma unida a Deus.
,
, Como o corPo da Pessoa em que morou a graca foi
) certamente templo de Deus, a Igreja EemPre mostrou também
) grande reverência Pelos corPos dos fiéis defuntos: sepulta-
a
oS com orações cheias de afeto e reverência, em- túmulos
,
) bentos esPecialmente Para esse fim.
, O mundo acaba, ot mortos ressucitam, e vem o Juizo
) UniverEal. EsEe Juizo verá Jesus no trono da justiCa divina,
) gue substitui a cruz, trono de sua infinita misericórdia' O
)
Juízo Final não oferecerá surPresas em relação ao nogso
t eterno destino (a alma iá egtá no céu ou no inferno) '
)
O escopo do JuÍzo Final é, Primeiro, dar a glóri
)
, a Deus, manifestando a toda a humanidade Eua
) sabedoria e misericórdia. O conjunto da vidar 9u€
j ust iGâ,
, em geral não compreendemos desenrolar-se-á ante nossos
,
olhos. â sentença recebida no JuÍzo Particular é agore
,
)
)
I
, rrí1
/7

,
,
,
a
confirmada publicamente. Todos os pecados e virtudes serão
i

-
i

I exPostos diante de todos.


f
f
!t
I

I
I
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r'
r,
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r,
r,
I
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I,
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t,
r,
a
r,
ID
a
I,
r,
I,
I,
I,
I,
I
r,
r
a BO

I
I
I
b
c3iírr.ada publicamente. Todos os pecadoE e virtudes serão
b exrostos diante de todos.
I
f
T
D
D
t
t
t
t
I
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I
a
t
t
t
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,
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t
t
D
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D
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I
I
I 80
t
I
D
t
7

;
)
)
)
;
ru - o ARoUETÍPrco NAs r.rrToLoGrAS IIA
} moRTE

)
)
)
l Após um mergulho nestas imagens
mitolósicas pude
) observar gue os rituais funerários
l são realizados devido a
trêE diferentes intençõeE: por medor pãFã protecão
t para si e
para auxíIio à alma do falecido.
)
, observei também cinco idéias comuns
à maioria dos
) mitos' Agrupei-as no esguema do Apêndice,
sob os titulos:
) l'lanipulação do corpo; chegada do
er ement o de transição;
)
Travessia; Julgamento; Destino da alma.
)

) Num primeiro momento, há a manipulação


do corpo,
quer no sentido de cuidarr
) ou evitar a putrefaçaõ (pintar,
) enfaixar, munificar, vestir, etc.), guer
buscando controrar
o morto ameacador (amarrando o corpo,
fazendo bonecos sem
pernas, duplos, etc. ) . Aqui p.eocupa_se
: , também com as
oferendas, objetos colocados junto com
o corpo (atimentos,
objet os de valorr ârfiês , dinh eiro,
terço, ptc. ) . I]epois
dec ide-se a forma de t ransformação
do corpo (cremacão,
enterro, colocar no alt o. ). Trate_se
dos rituais
propriamente ditos; rida-se com a morte através dos
elementos mais próximos à consciência.


p
p
p
L
E:

Conforme Jung o corpo corresponde à forma


n externa, conhecida P or ém pa ss ag ei ra , do val or supremo,
t,
:

divino.(eS) O corpo é o res{duo do passado e representa o


J' homem gue não é mais, que est á dest inado a det erioraF-se
r,
.

Esta decomposicão o colapEo da exiEtência ego-


t é

r, consciência. (e6)
r, Se morte é a extinção da consciência, que

a retorna ao inconsciente, é necessário gue o corpo se separe


r, da alma ou seja gue o arquetipico se sePare do pessoal.
I,
Desent relaGar est as duas dimensões Parece reguerer um
r!
I investimento de energia.
I, Jung escreve: "l'laE o h omem comum também vive
a, inconscientemente as formas arguetípicas; no entanto, devido
i,
I

à ignorância generalizada em matéria de psicologia, não as


! retronhece. . . oE acontecÍment os psiquicos se fundam no
p
Ip
I

arsuét ipo e Ee acham de t al modo entrelaçados gue é


necessário um eEforco crítÍco considerável pare distinguir
Ib com seguranca, o singular do tipo".(?7»
Nota-ser €m grande parte dos rituais, a colocação
t
t de objetos de valor, comida, dinheiro, Eom a finalidade de

I ajudar a alma ne sua travessia Para o outro mundo. Estes são


sÍmbolos de energia psíquica. Assim, oferece-se um "quantum"

IIt
:
de energia para ser usada na separação da história Pessoal
de um homem, do mito Por ele vivido.
f,
It
F
b
tL
Il.a
8e

ü
I
)
)
) Só depois de garant ir as possÍveis neceEsidades do
) corpo e da al ma, Pode-st ent ao ent regar o corPo Para a sua
x

) transformação. â maioria dos rituais crema ou enterra seus


)
corpos. ExCeção feita aos PergaÉr 9uP consideravam o corPo
)
propriedade de Ahriman, deu5 do mal , e Porisso abandonavam-
)
) no em lugares altos, Para serem devorados pelas aves de
) rap ina.
) Ao inumar em uma vala na terra, ou em um caixão
)
(madeira), ou em um sarcófago (pedra gue consome e carne),
,
estamos entregando o corPo Para a transformação através da
)
, decomposição no ventre materno. Junito de Souza Brandão,
) afirma que Géia (Terra) "como matriz concebe todoE os 5êFê5r
) os minerais e os vegetais. Géia simboliza a funCão materna:
)
é a Tellus tlateÍ, e tlãe-Terra. Concede e retoma a
)
, vida...Guardiã de sementes e de vida, til todas as culturag
) sempre houve "enterros" simbólicos, análogos a imers6es
) batismais, seja com a finalidade de fortalecer as energias
) ;u curar, seja como rito de iniciação. De toda forma, esse
)
"regre5gus ad Uterqm", e5,s,a descida ao interno da terra, tem
)
) sempre o mermo significado religioso: a regeneração pelo

) contato com as energias telúricas; morrer Para uma forma de


I vida, afim de renesger Para uma vida nova e fecunda...ilater,
t mãe tem a mesma raíz gue matéria, madeira.-."(eB). Cremar é
) promover a transformação do corPo através da ação do fogo. O
,
fogo é o elemento gue sePara o Puro das imPurezas,
I
)
)
)
) 83
)
l
)
)
T
,
)
l úestruindo as últimas. As chamaE purificadoras são também
ü regeneradoras. Junito de Souza Brandão escreve: "... o fogo
l terrestre, ctônico, representa a força profunda que permite
,
a "complexio oppositorum", a união dos contrários, a
l ascenEão, ã subtimaGão da gua em núvens, ist o ,
i á é a

a t ransformação da água terrestre, agua imPura em água


I celestial, água pura e divina. O fogo é, pois o motor,
i grande responsável pel a regeneraEão periódica. âssim,
)
revest e-se o corpo de energia arquetípica, levando-o do
,
profano ao sagrado" . (?9»
a
a Os mitos apresentam outra convergência
a interessante que é a chegada de um elemento de transição.
, Este é um ser parte humano, parte divino, e parte animal.
a Eram deuses, ou demônios, ou gêniosr coltt cabeça de cão, cru
a
,
de boi, ou de cavalo que vinham guiar a alma até o outro
, mundo. Essa imagem sugere a necessidade de reunir o pólo
, arctuetípico convivido conEcientemente, e com o Pólo vivido
) Élrmbriamente. Reune-se ego-sombra-arquétipo. Nesse sentido é
)
interessante a concepção católica do Juízo Particular: "os
,
teólogos conjecturam que Provavelmente o gue ocorre, é gue a
)
, alma se vê como Deus a vê, em estado de grace ou pecador Colll
a amor a Deus ou rejeitando-O..."(30). A alma aqui exerce sua
, função de relação. Une a visão humana e divina enxergando os
, asPect os numinos os de sua exist ênc ia I ado lado com os
,
sombrios.
I
,
t
t
f r-lá
c] 4t

D
D
]
D
)
)
l
l Esta unidade (ego-sombra-arguétipo) parte então
, para uma travessia, a ultrapassagem da fronteira consciente-
) lnconsciente. É neste caminho que o complexo vai se
a "despindo" dos elementos pessoais e depurando-se o
I arquétipo. Os assÍrio-babilônios acreditavam ter que entrar
I
i por sete portõeE, deixando em cada um algo de sua
, vest imenta. Para oE chineses passa-se pel a "Porta dos
, Demônios" e durante quarenta e nove dias a alma ainda pode
,
voltar, caso tenha havido erro. Outra Ienda gue corrobora
)
esta interpretacão é a de que o barqueiro Charon só aceitava
L
a a bordo as almas gue tivessem recebido os devidos ritos
) funerários. Os que não tivessem sido enterrados, ficariam
a vagando cem anos, indo e vindo na praia até sumirem (31). Se
I entendermos gue o corpo representa consciência, então a alma
I ou o arquétipo só pode pasear para o outro mundo (ou pare o
)
) inconsciente) se o primeiro tiver sido deixado.
) Em diversos mitos o "outro mundo" ou o "mundo dos
, mortos" é guardado por um animal ou um monstro, gue cuida
) para gue ninguém vivo entre lá. Este animal com muita
I frequência é um cão, ou tem a cabeça de cão ou de chacal.
)
, Jung, discutindo a presenGa do cão no momento da morte, o
a aproxima do abutre, e o5 considera ajudantes da decomposicão
) e composição ou recriaç ão. O cão rep resent aria a
, possibil idade de vida após a morte. (3?) Então ele ao
, garantir a diferenGa entre vivos e mortos, dá a esperança da
,
I
)
)
, B5
l
l
)
I
I

) continuidader sssociada a uma transformação (decomposição,


) composicão) daquele gue partiu.
) Também na volta esta fronteira é bem guardada.
)
Sómente é uttrapassada com o esguecimento (beber as águas do
)
r1o Lete para os gregos ou o elixir do esguecimento para os
)
) chineses), ou como heróis. Esta travessia pode ser entendida
) como purificacão da alma, antes do julgamento: almas levadas
) em carroças de fogo, para os japoneses; castigos cumpridos
)
durante os quarenta e nove dias com o deus dag Paredes e
)
Fossosr pâFâ os chineses; o purgatório para os catóIicos.
)
) Estas idéias são importantes, pois garantem a necessária
) separacão entre os vivos e os mortos. Daqui para frente, só
) ficamos com nosga +é.
)
Terminada a travessia, chega-se ao julgamento e
)
definição do dest ino da alma. O julsament o é feito, em
)
) geral, por divindades, com códigos mais ou menos
uma ou mais
) definidos. O que parece realmente estar em questão é de gue
)
forma esta consciência, que retorna ao inconsciente, exerceu
)
o seu mito, e gue relacão manteve com o "self" durante a
)
vida.
)

)
Jung discutindo a idéia do deus morto diz: "...o
) fator pEicológico gue, dentro do homemr possui um poder
) supremor â98 como "Deus"r porguê é sempre ao valor psíquico
)
avassalador que se dá o nome de Deus. Logo gue um deus deixa
)
de ser um fator avassalador converte-se num simples nome.
)
)
)

)

)

)
I
t
)
) Nele o essencial morreur o seu poder dissipou-se. Por que 05
) deuses do Otimpo perderam seu prestísio e inftuência sobre a
) alma humana? Porque cumPriram sua tarefa e Porgue um novo
) nistério se iniciava: o DeuE que se fez homem".(33)
)
É para expressão deste valor psÍquico avassalador
)
) que uma consciência se formou, 5ê exerceu e morreu. E é este
) mesmo valor gue deve dizer o resultado desta existência:
) este valor continua ou não como um "Deus"? o essencial vive
)
e ainda precisa ser exPresso? desta forma? deve agora ser
)
expresso de outra maneira? esta consciência fracassou em
)
) atualizar o mito que lhe cabia?
) Para ilustrar esta idéia, gostaria de mentrionar
) uma vivência clÍnica. Trata-se da elaboração de um suicídio
) que despertara muita raiva e, lósico, muito conEtrangimento.
)
Ao trabalhar este sentimento, Percebeu-se a traição feita à
)
) humanidade. Ao agir onipotentemente, o suicida ignorara sua
) funCão trotf,o elo de uma corrente enormer QUP é a humanidade.
) Aqui, minha cliente ultraPassou a barreira da elaboração de
) uma perda no âmbito pessoal e faniliar, conseguindo inserÍ-
)
la em um contexto ainda mais amPlo, o da humanidade. A
)
)
mitologia nos convida, nesta etaPa da elaboração, a também
) dar este passo. É mister buscar um Sentido essencial Pera o
) morrer.
)
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)
)
)
)
) 11 t?
o/
)
)
)
)
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p
! resultado deste julgamento definirá de gue forma
il

O
I

: o arquetípico, vivificado por essa tronsc iência, vai ser


f
i

reintegrado ao "self", à totalidade. Todos os t ipos de


5 destino para as almas, encontrados nos mitos, são
f possibilidades de continuação do arguetípico na humanidade.
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) v- coNcLusÃo
)
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a
t A morte é a volta à matriz. Se viemos do pó, ao pó
D vol t aremos; saÍmos do vent re da grande mãe, e a ela
,
retornaremos, a consciência emana do inconsciente e a ele
t
D regressa. Em toda volta à origem, deixa de existir um
I diferencial e tressa de existir fluxo; o não fluir é morte.
! Ouem morre é o filho, a matriz sempre permanece. A grande
I mãe, a alma, o deus, o inconsciente, permanecem como antes.
I A morte é arguetÍpica mas quem a experimenta é o ego.-
I
I os mitos oferecem ao ego um caminho Eeguro de
D contato com o inconsciente. ouando uma consciência mergulha
I no out ro mundo, at inge a mat riz e ent ão se enri quece com
I energia dos arquÉtipos, rrtornando potente para enfrentar a
)
arguet ípica vivência da morte. Mas como se sabe está
l ameacado de morte . Se por outro lado, oão enfrenta est e
l
T desafio, hão confronta a morte e precisa escondê-la, negá-
T la. Tem-se uma Eonsciência não transformada pela vivência. é
l um ego desconectado do "self", rompido com a matriz e com a
I possibilidade de vida. Esta consciência portanto está
I Paralisada, o gue significa morte. O e9ol está sempre
)
]
)
)
) 89
)
)
)
)
T
T
)
, buscando a estagnação, a permanência das coisas como estão.
) Luta inglória, porque a vida é movimento, e se parar está
! tudo morto. Portanto, diante de uma morte, faz-se mister
) morrer.
)
Nest as cond içõBS, o en I ut ado deverá percorrer de
,
) fat o os c inco est ág i os ana I isados no capítuIo anterior.pela
) imp ort ânc ia c I ín ica des t a conclusãorpâsso a comentá-los
, sep arad amen t e .

)
No inÍcio,
o conflito entre a entrega à evolução
)
(volta a matriz) e a resistÊncia à mudança (permanece como
)
) ant es ) está centrado no corpo (l.lanipulaçào do Corpo). Certa

) vez um cliente comentou:"o corpo frio e imóvel mostravam gue


) Ja nao era mais e mesma pessoa; ho entanto tocar os cabelos
'tx

)
dava a impressão de que nada havia mudado". É um balançar
)
lento entre " há pouco, tudo era igual" e "já não é mais... A
)
) consciência precisa de tempo para assimilar a transformação.
) Ao mesmo tempo gue se lava o corpor hutn sentido purificador,
I preparatório para a passagem, também se guer agasalhar,
)
vestir e fazer tudo tal como o falecido gostaria.
)
)
É através deste ir e voltar, gue vamos nos
)
despojando dos valores egóicos, trocando-os por valores mais
) profundos e mais espirituais. À medida gue se esgotam as
) possibilidades de manipulação do corpo, forçosamente passa-
)
se a ponderações mais amplas (Transição). Inicia-se uma
)
visão mais inteira da vida da pessoa. Tecem-se considerações
)

I
?0
)

)
I
!
)
t sobre oÉ feitos, sobre seus tracos marcantes e Permanentes.
t Começa-se a buscar em gue medida aquele homem marcou as
, vidas que o cirdundaram. Passa-se da visão momentânea da
)
morte para a inserEão desta na história da Pessoa e do seu
D
meio.0 passar das horas, a dor lancinante que volta
,
) repent inament e a seguir se amen i za, e emoção revivida a

D cada cumprimento aíni9o, ch oro cont a9 iant e do out ro


t parente, tudo vai levando a uma diminuição da luz da
)
consciência. Assim, inevitavelmente chega-se a reflexões do
D
D
tipo: Em que eu acredito ?
D Daqui para frent e, t em-se cada vez menor
l possibilidade de provar e maior necessidade de postular.
, AtraveEEa-s,e a fronteira consciente-inconsciente
, (Travessia); o e9o cede lugar ao espírito.AIÍás, é neste-
]
ponto gue o homem moderno Parece ter maior dificuldade e
t
) onde costuma ficar preso. Na medida em gue tem medo do
t inconsciente, do estruro e não o en frenta, fica sem a
, poEEibilidade de continuar seguindo o ente perdido e
D
alcancar a transcedência dos opostos vida e morte. A memória
l do falecido, não transformada, Íeprimida, gerará
)
provavelmente um guadro psicopatolósico.
D
D VáriaE concepções pós-morte sugerem que os
l critérios do Julgamento e o resultante Destino das Almas são
f consequência direta do gue foi vivido. Eles atam a vida à
I morte, profundamente. Neles, a questão é como o individuo
I
D
)
I
) 91
I
I
f
]
a
I
I viveu cada momento, que oPcões fez, se realizou o gue lhe
I cabia. Desta forma, a morte é motivação Para gue se viva
I Ela é proPulsora da vida.
I Além disso as mitologias salientam a
i reEponsabilidade de cada um Perante toda a
t
a humanidade;portanto o Destino das âlmas é um fenômeno gue
I ocorre na dimensão psÍquica do inconsciente coletivo.
I Espero, através deste trabalho, ter demonstrado de
a gue forma or mitos de morte, reatualizados Por seus ritos,
a
a oferecem um caminho gue, part indo da mort e de uma
t consciência humana, facitita a elaboração da perda e as
, integra no continuar da humanidade.
a
2
,
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,
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a
t
I ?e
t
I
I
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p
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I Pet rópol is . Ed Vozes, L?78, vol. tl parte L, págs IO
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ivrar i a Franc isco Al ves Ed it ora S . A , LPB?, vol . ?


t L
Pá9s - 63? e 633.
t
t
I
I ?3
I
I
f
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D
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I cit . pass.80 e 81 .
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I (19) l.f asson-Oursel, P. i Morin, L. "]'lythology of Ancient


I Pérsia". Op. cit . págs .3O9 a 3??-
I (?O» I'lasson-Oursel, P.; i,lorin, L. "Indian l.lytholtrgy". New
I Larousse Encyc I oped ia of l'tyt hol ogy . Op . c it . pás . 346
.

t (e1) On-I-Tai. "Chinese tlythol09y" New Larousse EncycIopedia


of }ívthologv. Op. cit . pás - 39O a 4O?.
I
! (??» Bruhl, O. "JapaneEe t'tythologv". Net.l Larousse
Encsclopedia of llythologs. OP. cit . Pas 4A3.
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I (?4> Trese, L. J. "A +é expIicada". São Paulo. Quadrante,
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I (?6» Jung, C. G. " The Psychology of the Transference" Op.
I cit. pág. ?67 .
t
t
,
t
I ç4
t
I
t
I
E
(?7» Jur9, C. "Psicologia e Religião" Op. cÍt. páss. ?3 e
?4.
( eB ) Brandão, J. de S. "tlitologia Gresa" Op. cit. págs. 185
e 18ó.
(?9» Brandão, J. de S. "t{itologia Grega" Op. cit . páe .?,7t3.
(30) Trese, L. J. "A fé explicada". Op. cit. pág.138.
(31) Bulfinch, T. "l.lyths of Greece and Rome". Grã- Bretanha,
Penguin Book s,. 19Bl . pás .??? .

(3e) Jung, C. G. "SÍmboloE da Transformação".Op. cit.págs.


r ??6 e ??8.
(33) Juhg, C, G. "Psicologia e Relisião" Op. cit. pág. 86.
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