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CURSO DE PSICOLOGIA - 2021

DISCIPLINA: Atualizações em psicologia II

ATIVIDADE
Professora Me.: DEISY MARIA RODRIGUES JOPPERT

ALUNO: VICTOR BRUNO DA SILVA DE CASTRO


10º Período

Ressocialização e privação de liberdade: Célia Zem


Resumo:
Exercício da maternidade em contexto de cárcere: as mães que ingressam
em situação de privação de liberdade vêm de contextos de vulnerabilidade, violência
e desigualdade social, com rede de apoio parca ou inexistente, em que
criminalização se torna uma condição de sobrevivência ou imposta por parceiros
amorosos que as usam como “mulas” no transporte de de substâncias ilícitas.

A teoria do apego proposto por Bolby articula sobre a estruturação dos


vínculos iniciais do desenvolvimento humano e reverbera no padrão comportamental
de uma pessoa no decorrer de sua vida. A teoria do apego é deveras utilizado em
pesquisas internacionais (EUA e Reino Unido) sobre as relações mãe-filho em
situação carcerária. A teoria do apego é utilizado como forma de amenizar os efeitos
nocivos inerentes na privação de liberdade nas pessoas que tendem a apresentar
menores recursos psicológicos para enfrentar tal processo, especialmente mães
solteiras.

O trabalho no vínculo de apego entre mães-filhos podem gerar uma


qualidade relacional de apego seguro idêntico às mães-filhos em situação de
liberdade. A situação de cárcere é menos lesivo ao desenvolvimento das crianças do
que a falta de contato da mãe nos primeiros 3 anos de vida.

Nem todos os complexos penitenciários possuem em sua estrutura espaços


dedicados às crianças, comumente habitam junto das mães nas celas. A relação é
extremamente próxima no desenvolvimento da criança e são retiradas das mães de
maneira abrupta, levando a afetar a saúde da mãe e filho. Como também devido ás
restrições do espaço carcerário, as crianças têm acesso a poucos estímulos que
podem interferir no desenvolvimento das mesmas.

Ressocialização é possível dentro do nosso sistema carcerário atual?

Não é possível enquanto for planejado como único recurso de reeducação e


sem a devida reformulação do tratamento humanitário presente no sistema
carcerário. Uma evidência de que a atual lógica do sistema carcerário não possibilita
a ressocialização está em sua expansão e superlotação.

A atual lógica já aparenta falhar quando utiliza-se do termo ressocializar,


pois, considerando que diversas pessoas em situação de vulnerabilidade social, de
insegurança alimentar, com dificuldades de conseguirem empregos por fatores
contextuais da economia, de gênero, raça; ressocializar, logo, seria socializar
novamente pessoas em situação de vulnerabilidade no contexto de desigualdade em
que o crime é a última alternativa de sobrevivência para a pessoa e grupos são as
primeiras a sentirem os impactos das crises por conta das necropolíticas existentes
na estrutura social brasileira.

A lógica vigente chega ao ponto de nos complexos penitenciários sejam


centros da república das milícias, em que pessoas são ressocializadas dentro do
sistema carcerário continuamente na qual tornou-se possível organizações
criminosas instalarem-se nestes espaços.

Apesar de qualquer tentativa de reforma do sistema carcerário fosse


onerosa e difícil de ser realizada, não há impeditivos de mudar este quadro. As
medidas preventivas seria investir na atenuação das diferentes desigualdades
econômicas, educacionais, sociais, jurídicas e de saúde nos distintos espaços de
socialização e formação de subjetividades.

Na promoção, a exemplo do que a psicóloga Célia Zem trouxe, trabalhar no


vínculo de apego de mães-filhos em situação de privação de liberdade podem
melhorar a condição física e psicológica de ambos, apresentando que de
reincidência, ou seja, a intervenção agiu num fator anteriormente fragilizado, não
estimulado, que quando ganha vazão para ser treinado ou retreinado com os novos
estímulos, pôde fornecer condições de novas formas de se relacionar destes
indivíduos.

Nise da Silveira agiu ativamente na reforma psiquiátrica, os tratamentos


antes eram dados como bons pelas ações de reclusão da liberdade, pelos remédios
e procedimentos médicos embotadores direcionados às pessoas com transtornos
mentais graves e/ou que não se encaixavam aos padrões sociais da época. Nise
não somente desmoronou saberes psiquiátricos até então em voga sobre as
potencialidades das pessoas com esquizofrenia, construiu uma prática, contrária a
outra, que se permitiu afetar pela condição do outro, e pelo afeto, curar os pacientes,
as noção nosológicas e os tratamentos a eles. (MELO, 2001).

REFERÊNCIA

MELO, Walter. Nise da Silveira. Rio de Janeiro: Imago, 2001.

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