ATIVIDADE Professora Me.: DEISY MARIA RODRIGUES JOPPERT
ALUNO: VICTOR BRUNO DA SILVA DE CASTRO
10º Período
Ressocialização e privação de liberdade: Célia Zem
Resumo: Exercício da maternidade em contexto de cárcere: as mães que ingressam em situação de privação de liberdade vêm de contextos de vulnerabilidade, violência e desigualdade social, com rede de apoio parca ou inexistente, em que criminalização se torna uma condição de sobrevivência ou imposta por parceiros amorosos que as usam como “mulas” no transporte de de substâncias ilícitas.
A teoria do apego proposto por Bolby articula sobre a estruturação dos
vínculos iniciais do desenvolvimento humano e reverbera no padrão comportamental de uma pessoa no decorrer de sua vida. A teoria do apego é deveras utilizado em pesquisas internacionais (EUA e Reino Unido) sobre as relações mãe-filho em situação carcerária. A teoria do apego é utilizado como forma de amenizar os efeitos nocivos inerentes na privação de liberdade nas pessoas que tendem a apresentar menores recursos psicológicos para enfrentar tal processo, especialmente mães solteiras.
O trabalho no vínculo de apego entre mães-filhos podem gerar uma
qualidade relacional de apego seguro idêntico às mães-filhos em situação de liberdade. A situação de cárcere é menos lesivo ao desenvolvimento das crianças do que a falta de contato da mãe nos primeiros 3 anos de vida.
Nem todos os complexos penitenciários possuem em sua estrutura espaços
dedicados às crianças, comumente habitam junto das mães nas celas. A relação é extremamente próxima no desenvolvimento da criança e são retiradas das mães de maneira abrupta, levando a afetar a saúde da mãe e filho. Como também devido ás restrições do espaço carcerário, as crianças têm acesso a poucos estímulos que podem interferir no desenvolvimento das mesmas.
Ressocialização é possível dentro do nosso sistema carcerário atual?
Não é possível enquanto for planejado como único recurso de reeducação e
sem a devida reformulação do tratamento humanitário presente no sistema carcerário. Uma evidência de que a atual lógica do sistema carcerário não possibilita a ressocialização está em sua expansão e superlotação.
A atual lógica já aparenta falhar quando utiliza-se do termo ressocializar,
pois, considerando que diversas pessoas em situação de vulnerabilidade social, de insegurança alimentar, com dificuldades de conseguirem empregos por fatores contextuais da economia, de gênero, raça; ressocializar, logo, seria socializar novamente pessoas em situação de vulnerabilidade no contexto de desigualdade em que o crime é a última alternativa de sobrevivência para a pessoa e grupos são as primeiras a sentirem os impactos das crises por conta das necropolíticas existentes na estrutura social brasileira.
A lógica vigente chega ao ponto de nos complexos penitenciários sejam
centros da república das milícias, em que pessoas são ressocializadas dentro do sistema carcerário continuamente na qual tornou-se possível organizações criminosas instalarem-se nestes espaços.
Apesar de qualquer tentativa de reforma do sistema carcerário fosse
onerosa e difícil de ser realizada, não há impeditivos de mudar este quadro. As medidas preventivas seria investir na atenuação das diferentes desigualdades econômicas, educacionais, sociais, jurídicas e de saúde nos distintos espaços de socialização e formação de subjetividades.
Na promoção, a exemplo do que a psicóloga Célia Zem trouxe, trabalhar no
vínculo de apego de mães-filhos em situação de privação de liberdade podem melhorar a condição física e psicológica de ambos, apresentando que de reincidência, ou seja, a intervenção agiu num fator anteriormente fragilizado, não estimulado, que quando ganha vazão para ser treinado ou retreinado com os novos estímulos, pôde fornecer condições de novas formas de se relacionar destes indivíduos.
Nise da Silveira agiu ativamente na reforma psiquiátrica, os tratamentos
antes eram dados como bons pelas ações de reclusão da liberdade, pelos remédios e procedimentos médicos embotadores direcionados às pessoas com transtornos mentais graves e/ou que não se encaixavam aos padrões sociais da época. Nise não somente desmoronou saberes psiquiátricos até então em voga sobre as potencialidades das pessoas com esquizofrenia, construiu uma prática, contrária a outra, que se permitiu afetar pela condição do outro, e pelo afeto, curar os pacientes, as noção nosológicas e os tratamentos a eles. (MELO, 2001).
REFERÊNCIA
MELO, Walter. Nise da Silveira. Rio de Janeiro: Imago, 2001.