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mistérios de ísis e

osíris

Material de estudos
Clã Toca da Bruxa
EM VÍDEO MISTÉRIOS DE OSÍRIS:

VÍDEO: Os Mistérios de Osíris (Escolas


Iniciáticas) | Aula AO VIVO #8
Lenda de Osíris e Isis - Mitologia em 90
LINK:
Segundos - YouTube https://www.youtube.com/watch?v=AMxh3V7
SBB0

lINK:https://www.youtube.com/watch?v=I0
dSc3A_y10
Mito de Ísis e Osíris
Foi uma das principais crenças religiosas egípcias e fazia parte dos ritos funerários.
Nenhuma cópia completa do mito egípcio de Ísis e Osíris existe, mas a melhor versão antiga
vem de Plutarco, um sacerdote grego de Delfos, que escreveu “De Iside Et Osiride” por volta de
100 d.C. Os dois principais deuses, Ísis e Osíris, foram irmãos, marido e mulher.

Osíris trouxe a civilização para o Egito através da introdução da agricultura e da criação de


gado para os primeiros habitantes do Nilo. Ísis ensinou para o povo a arte da tecelagem. Osíris
queria também levar a agricultura e a pecuária para povos vizinhos e encarregou Ísis de vigiar o
povo do Egito.

“IRMÃ E ESPOSA DE OSÍRIS, A DEUSA ÍSIS FOI OBJETO DE UMA ADMIRAÇÃO FERVOROSA PELAS MULTIDÕES

– NÃO SOMENTE NO EGITO, MAS EM TODO O MUNDO ANTIGO. PARA TODOS, MOSTRA-SE MÃE COMPASSIVA,

SENSÍVEL ÀS TRISTEZAS HUMANAS E CAPAZ DE COMPARTILHÁ-LAS […] FREQUENTEMENTE, OS EGÍPCIOS A

REPRESENTAVAM EM COMPANHIA DE SEUS FILHO HÓRUS[…]” (QUESNEL, 1993, P.11)


Quando Osíris retornou ao Egito depois de levar a agricultura a outros

povos, Seth o recebe muito bem, já pensando em deixar de ser a sombra de

seu irmão Osíris. Enquanto conversa com seu irmão, Seth vai tirando as

medidas de Osíris que vão servir para a armadilha que ele pretende fazer.

Com as medidas em mãos, Seth então manda construir uma caixa bonita

de madeira com as mesmas medidas de Osíris. Logo em seguida, Osíris é

convidado para um banquete organizado por Seth como parte de seu plano

em assassinar o deus.

Chegado a hora, Seth pedi que lhe traguem a caixa feita especialmente

para Osíris e anuncia que a pessoa que conseguir ficar dentro dela, receberá

ela como presente. Os capangas de Seth entram um a um na caixa a fim de

enganar Osíris, até que chega a vez do próprio experimentar a caixa.

Osíris então deita nela e nesse instante os cúmplices de Seth, pulam

sobre a tampa e trancam Osíris. A caixa é então jogada no rio Nilo.


Seth conseguiu o almejado e assumiu o trono que era de Osíris, não satisfeito ele ainda sai em perseguição aos

amigos do deus. Para escapar de Seth; Thoth, Anúbis e os outros deuses transformam-se em animais. Ísis não consegue

parar de chorar com o destino de Osíris, mas como os outros ela também precisava achar um local seguro para se

proteger. Ísis carregava consigo o filho de Osíris; Hórus.

Depois de fugir de Seth e de enfrentar todos os tipos de males mandado por ele para capturá-la, Ísis continua sua

caminhada para encontrar um lugar em que possa dar a luz ao seu filho. Depois de encontrado o lugar, Ísis vai atrás do

corpo de Osíris, mas antes confia a guarda de Hórus para a deusa-cobra Wadjet. A tarefa de Ísis não parece ser nada fácil,

já que ela não tinha pistas sobre o paradeiro do corpo de Osíris.

Ondas fortes jogaram a caixa com o corpo de Osíris às margens de Biblos na Fenícia (atual Líbano) e ela ficou

encostada numa árvore que com o passar do tempo cobriu toda a caixa com galhos e folhas. O rei de Biblos chamado

Malacander precisava de algumas árvores grandes para a construção de seu palácio e acabou cortando a árvore que estava

a caixa com o corpo de Osíris para tal função.

Enquanto procurava Osíris, Ísis teve uma visão que lhe mostrou onde estava a caixa com o corpo de seu marido. Ao

saber que o corpo de Osíris estava em um pilar no palácio, Ísis trata rapidamente de fazer amizade com as servas da

rainha. A rainha tinha tido um filho recém nascido e Ísis pediu para vê-lo e se tornou babá da criança. Em um dia quando

Ísis realizava alguns rituais para transformar o pequeno em um ser imortal, a rainha vai até o quarto e vê a cena

horrorizada, gritando alto, que faz o encanto de Ísis se quebrar.


O rei e a rainha ficaram espantados com a situação, mas puderam perceber que a pessoa que eles

abrigaram em seu palácio era uma deusa. Com o intuito de agradar Ísis, o rei concedeu a ela um pedido.

Ísis sem pensar duas vezes pediu ao rei que lhe desse o tronco de árvore esculpido agora em formato de

um grande pilar. Com o pilar em mãos, Ísis volta ao Egito para realizar um funeral digno a Osíris e esconde

a caixa com o corpo em meio a vegetação do Nilo.

Mas antes passa no local em que tinha deixado Hórus para revê-lo. Ao voltar para as margens do

Nilo, Ísis recebe a notícia de que os ajudantes de Seth teriam localizado a caixa com o corpo de Osíris e

levado até Seth, que enfurecido cortou-o em quatorze pedaços e espalhou em diversos pontos do Delta.

Ísis não se conforma e chora muito por Osíris, entretanto ela não desiste e sai em busca dos pedaços do

deus e encontra todos exceto um que foi devorado por peixes no Nilo. Com os pedaços reunidos, Ísis é

ajudada por Néftis que começam a fazer vários rituais e pedidos para que Osíris volte a vida.
Anúbis aparece para ajudar. Ele tem o poder de não deixar o corpo

apodrecer e após juntar os pedaços de Osíris, ele o embalsama. Ísis e Néftis se

transformam em uma grande ave e começam a bater suas asas em cima da

múmia de Osíris e finalmente ele abre o olho. Osíris volta a vida e se torna o

senhor do submundo (reino dos mortos).

Desse mito, podemos concluir de onde vem os sarcófagos que os

egípcios usavam para seus enterros e principalmente a importância que

davam para o corpo estar em perfeitas condições, já que o morto usaria

o mesmo corpo para a vida pós morte. Por isso o processo de

mumificação era considerado um ritual sagrado e que assegurava junto

com outras etapas a certeza de uma outra vida.

FONTE: https://antigoegito.org/mito-de-osiris-e-isis/

GRUPO DE ESTUDOS TOCA DA BRUXA


Sabe-se que o culto de Ísis foi
introduzido na Grécia antes de 330 a.C,
PLUTARCO E OS “MISTÉRIOS o que é comprovado por inscrições em
DE ÍSIS E OSÍRIS” Peiraeus.

● Julgo conveniente começar com uma Assim, é natural que, na própria


citação que extraí da parte 1 da obra cidade em que Plutarco (50–120 d.C.)
De Iside et Osiride, de Plutarco: nasceu houvesse cultos egípcios e
“Porquanto nada, para o homem, é mais inscrições referentes a Serápis, Ísis e
grandioso receber nem, para Deus, é mais Anúbis.
augusto agraciar que a verdade”.
O conjunto das obras morais de
Plutarco, conhecido por Moralia, é
imenso e, com certeza, a mais popular é
a que ficou conhecida com a versão
latina do título: De Iside et Osiride.
Apesar da presença marcante da Fato interessante é que a obra De
religiosidade egípcia na Grécia, Plutarco Iside et Osiride é dedicada a uma
não era agudamente versado em cultura sacerdotisa de Delfos chamada Cléa, a
egípcia, mas certamente possuía um quem Plutarco também dedica uma
cabedal de conhecimentos razoavelmente outra obra de sua Moralia, aquela que
elevado quanto a esse tema, fala da bravura das mulheres. Só nos
provavelmente em decorrência das fontes a resta imaginar quão esplêndido há-de
que teve acesso, principalmente Heródoto. ter sido o caráter dessa sacerdotisa.

Abstraindo-nos, contudo, de Exporei aqui o mais sucintamente


pequenos erros constantes na obra, ela é, possível o conteúdo da obra de Plutarco
mesmo assim, reconhecidamente sobre os Mistérios de Ísis e Osíris. Os
majestosa. sinais “§” indicam a seção da obra
a que se faz referência.
Se o homem é imortal, a
A. Mistérios de Ísis e Osíris imortalidade só se justifica pela
possibilidade de se conhecer a Verdade.
Ísis e a busca da Verdade (§§ 1–7) Assim, aspirar à Verdade é aspirar,
ao mesmo tempo, à Divindade.
A felicidade, que consiste no Conhecer a Verdade é ser sábio: e Ísis é a
conhecimento da Verdade, é a mais deusa da Sabedoria.
augusta concessão divina. A sabedoria transcende a
Plutarco o diz — e assim o razão: ela requer o pensamento
reproduzimos na citação que introduz este filosófico mais profundo.
ensaio -, logo no começo da obra, Com efeito, conforme afirma
dirigindo-se a Cléa: Plutarco, o verdadeiro isíaco recebe
“porquanto nada, para o homem, é a tradição e submete-a à razão,
mais grandioso receber nem, para Deus, é aprofundando a Verdade pela
mais augusto agraciar que a verdade”. filosofia.
Deus fez o Homem imortal com o
objetivo de que conhecesse a Verdade e O aprofundamento da Verdade
usufruísse da felicidade. sugere uma ampliação gradativa do
conhecimento ou das possibilidades
Ísis é um símbolo dessa busca. interpretativas.
Quando Plutarco diz que o iniciado nos
Mistérios de Ísis deve submeter a tradição É uma afirmação, portanto, de que
à razão e aprofundar a Verdade pela o conhecimento da Verdade, nos
filosofia, quer dizer que os Mistérios de Ísis, também se dá através
ensinamentos transmitidos aos de graus nos quais o iniciado se
iniciados isíacos devem ser objeto de aproxima cada vez mais da Verdade.
reflexão racional, ou seja, de
interpretação.
Os fundamentos dos mitos (§§ 8–11) Relato do mito de Ísis-Osíris-Tífon
(§§ 12–19)
Os princípios que os egípcios
introduziram em suas cerimônias não são Aqui começa o relato do mito de Ísis,
fundamentados em superstições. Osíris e Tífon, segundo a narrativa de
Têm, ao contrário, fundamento em Plutarco.
princípios morais, razões de utilidade, Réa, deusa do céu, teve uniões
lembranças históricas ou explicações secretas com Cronos, deus da terra. O Sol
deduzidas dos fenômenos naturais. — ou, ainda, Rá, o olho diurno do rosto
Tanto é assim que Plutarco adverte celeste -, tendo descoberto, amaldiçoou
que, ao ouvirmos o que a mitologia egípcia Réa desejando que ela não pudesse dar à
relata, não devemos tomar tudo luz.
literalmente, mas interpretar. Hermes, que dela era enamorado,
Plutarco esclarece que, nos Mistérios jogou dados com a Lua, arrebatando-lhe a
de Ísis, os relatos mitológicos têm dois septuagésima segunda parte de seus dias
lados: o exotérico e o esotérico. de luz, formando, assim, cinco dias (com
O exotérico decorre do relato tal efeito, 360 ¸ 72 = 5, de modo que,
adicionando-se esses 5 aos 360, temos os
como é; o esotérico decorre do
365 dias do ano religioso).
esforço interpretativo do iniciado.
Na sua ausência, Ísis mantinha
Nesses cinco dias adicionais, os estreita vigilância contra as investidas de
egípcios celebravam o aniversário dos Tífon, por natureza, malévolo.
deuses. Regressando Osíris, Tífon planejou
No primeiro dia nasceu Osíris; no matá-lo.
segundo, Aruéris; no terceiro, Tífon; Inteirou-se das medidas do corpo
no quarto, Ísis e, no quinto, Néftis, que de Osíris e construiu um ataúde com as
uns chamavam Teleuté e Afrodite ou ainda
mesmas medidas, decorando-o
Vitória.
maravilhosamente e apresentando-o em
Tífon, porém, nasceu de uma forma
abrupta, fora de seu tempo e rasgando o um festim. Todos, no festim, ficaram
flanco materno de um só golpe. Por essa arrebatados e Tífon prometeu
razão, o terceiro dia dos dias adicionais era presenteá-lo àquele que nele coubesse
considerado nefasto. Ísis e Osíris, perfeitamente. Obviamente, apenas
enamorados desde o ventre, uniram-se. Osíris coube no esquife.
Osíris passou a reinar os egípcios, No momento em Osíris lá estava,
tirando-os das privações e da ignorância, todos os convidados correram para
percorrendo toda a terra para civilizá-la. fechar o ataúde, aprisionando-o lá
dentro.
Em seguida, o caixão foi jogado ao rio
e deixado chegar até o mar pela boca Umas crianças que encontrou
Tanítica. finalmente lhe indicaram o paradeiro.
Os Pãs e os Sátiros, que habitavam os Ela também descobriu que Osíris
arredores de Chemnis, uma cidade do Alto uniu-se com sua irmã Néftis, pensando
Egito, mais tarde chamada Panópolis, ser Ísis, e que dessa união nasceu uma
foram os primeiros a saber da tragédia, criança chamada Anúbis.
espalhando a notícia com espanto, a Encontrou a criança e alimentou-a,
população ficando subitamente convertendo Anúbis em seu guardião e
atemorizada pelos fatos. acompanhante.
Desde então esse temor que tomou Em seguida, avisaram-lhe que o
conta do povo passou a ser denominado esquife estacionara ao pé de uma
pânico, em lembrança do dia de terrores tamareira, no território de Biblos.
O rei de lá mandara cortar o tronco
alardeados pelos Pãs.
Quando Ísis soube, cortou uma em que estava o esquife invisível e fazer
mecha de seus cabelos, vestiu-se de luto e com ele uma coluna para sustentar o
saiu vagando amargurada, perguntando a teto de seu palácio.
todos que encontrava sobre o paradeiro do
esquife.
Ísis foi para lá, permanecendo silente, Foi só então que Ísis descobriu sua
pranteando somente. As damas da rainha qualidade de deusa. Pediu, assim, a
acolheram-na, pois Ísis se oferecera para coluna, desprendeu-a, cobriu-a e
entrançar-lhes os cabelos e impregná-las ungiu-a, confiando-a aos cuidados do rei
com o perfume que seu próprio corpo e da rainha.
exalava. Ao encontrar o caixão, prostrou-se
A rainha, encantada com a sobre ele, soluçando tão agudamente
estrangeira, mandou chamá-la, fez dela que o filho mais jovem do rei ficou como
sua amiga íntima e nomeou-a ama de leite morto. Com a ajuda do filho maior do
de seu filho. rei, ela o pôs em um navio e zarpou.
Ísis, em vez de dar-lhe o seio, punha Conta Heródoto que, antes de sair
o dedo na boca da criança, queimando o em busca do féretro, Ísis confiou seu
que havia de mortal em seu corpo. Esse filho Hórus, que tivera com Osíris, a
procedimento perdurou até que a rainha, Outit, para protegê-lo das emboscadas
tendo descoberto que Ísis queimava-lhe o de Tífon e guardá-lo até terminar sua
filho, privando-o do privilégio da busca.
imortalidade, lançou agudos gritos.
Esse detalhe não aparece na obra de
Plutarco, mas esclarece o trecho seguinte Quando Osíris voltou dos infernos,
da obra, §18, em que Plutarco diz que Ísis, treinou seu filho Hórus para o combate
antes de ir em busca de seu filho Hórus, contra Tífon.
depositou o féretro de Osíris em um lugar O combate terminou com a vitória
afastado. de Hórus. Tífon, amarrado, foi entregue
Tífon, porém, descobriu o esconderijo a Ísis, mas esta o libertou. Hórus,
e cortou o corpo de Osíris em quatorze indignado, arrancou-lhe da fronte o
pedaços, lançando-os ao vento. diadema real.
Ísis partiu novamente, agora em um Mas Hermes substituiu o diadema
barco de papiro e em busca dos pedaços do por uma peça com a forma de cabeça de
corpo de Osíris. vaca e pôs sobre a cabeça de Ísis. Osíris,
Encontrou-os todos, menos o falo, depois de morto, uniu-se novamente a
pois, quando Tífon o atirou ao rio, Ísis e dessa união nasceu Harpocratas,
comeram-no o lepidoto, o capatão e o prematuro e de pernas débeis.
oxirrinco. São peixes e crustáceos da Para uns, Harpocratas é Hórus
região. Para repor o membro, Ísis criança, o Sol nascente. Para outros, é o
construiu uma imitação, daí a celebração Sol no inverno.
do falo pelos egípcios.
As formas e o conteúdo dos mitos
Considera mais razoável (junto com
(§§ 20–31) Platão, Pitágoras, Xenócrates e Crisipo) a
ideia de que os mitos relatem os reveses de
Plutarco rejeita a ideia de que os “Gênios”.
mitos relatem fatos tais como realmente Gênios são homens dotados de uma
ocorreram. natureza espiritual superior. Ele diz que
O mito é a imagem de certa “Ísis e Osíris, que foram bons Gênios,
verdade que reflete um mesmo foram convertidos em deuses devido às
suas virtudes, da mesma maneira como o
pensamento em diferentes
foram Hércules e Dioniso”.
ambientes, “como nos dão a entender
Plutarco aborda aqui, por
esses ritos impregnados de luto e tristeza conseguinte, os fundamentos
aparente, essas disposições arquitetônicas sócio-históricos dos mitos.
dos templos”. Os mitos podem relatar os
Plutarco ilustra essa generalidade reveses de homens espiritualmente
com mitos do Egito e da Assíria. superiores que viveram entre nós e
Plutarco também rejeita a ideia de cujas vidas (ou o significado delas
que os mitos apenas relembrem ações para os seus contemporâneos) foram
históricas de grandes homens ou deuses. retratadas, simbolicamente, nos
mitos.
A tríade Osíris-Ísis-Tífon (§§ 32–55)
Esses homens espiritualmente
Plutarco esboça interpretações
superiores (os gênios) foram elevados à
mais filosóficas da tríade Osíris-
categoria de deuses pelos próprios
Ísis-Tífon.
homens.
Começa mencionando os que
Os ensinamentos desses gênios
fazem a associação: Osíris = Nilo;
foram transmitidos a todos, como se
Ísis = Terra; Tífon = mar.
verifica pela diversidade dos mitos em
Segue apresentando outras
diferentes ambientes, em diferentes
interpretações baseadas nos fatos
nações, mas refletem todos eles um mesmo
naturais (estações da seca, da chuva,
pensamento.
fenômenos astronômicos, como eclipses
Essa unidade de pensamento se
etc.) até concluir que Tífon simboliza
manifesta na natureza lúgubre dos mitos,
tudo que é nocivo na natureza (§45).
ou seja, nos aspectos da morte, do
Com o intuito de interpretar a
sofrimento e do renascimento, e, também,
dualidade Osíris-Tífon, faz menção a
na arquitetura dos templos.
uma doutrina muito antiga, a de que
Para ele, portanto, os diferentes mitos
dois princípios opostos (regularidade e
possuem um eixo comum.
irregularidade) estão mesclados na
Natureza.
Faz, então, a associação (§52). Osíris
Após associar Osíris e Tífon ao
é a Alma do mundo, inteligência e razão.
princípio (hermético) da
De Osíris emana toda
dualidade, interpreta Ísis como
regularidade, tudo que é constante e
(§§53–55) sendo a Natureza considerada
saudável com relação às estações,
como mulher apta para receber toda
temperatura, periodicidades etc.
geração.
Tífon é tudo aquilo que, na alma
Em suma, Osíris simboliza o
do mundo, há de apaixonado,
princípio universal que torna o
subversivo, irracional e impulsivo,
universo ordenado e regular.
tudo de perecível e nocivo no corpo do
Ísis simboliza a Natureza, enquanto
universo.
matéria-prima que potencialmente pode
Simboliza todas as desordens
receber qualquer forma impressa pelo
causadas pelas irregularidades e
princípio ordenador. Tífon simboliza os
intempéries das estações, eclipses do Sol,
desvios da regularidade, seja por
ocultações da Lua.
deficiência, seja por excesso.
É a força opressora e constringente, é
o transtorno, o salto para trás.
Osíris concede os princípios. Ísis os
A tríade Osíris-Ísis-Hórus (§§ 56–66) recebe e distribui. Hórus é o mundo
ordenado, resultado, ou melhor,
síntese do princípio ativo de Osíris
A natureza mais perfeita e divina e do passivio de Ísis. Tífon é a
compõe-se de três princípios: perturbação pelo excesso ou pela
inteligência, matéria e mundo deficiência.
organizado (cosmo, o produto da união Plutarco apenas reforça o que foi
dos dois primeiros princípios), tríade essa comentado quanto aos §§32–55, mas
simbolizada pelo triângulo retângulo de acrescenta a interpretação de Hórus, o
lados 3, 4 e 5, que Platão também ilustra filho de Osíris e Ísis.
na República: Hórus é o cosmo, o mundo
ordenado e belo, fruto da inteligência
organizadora que atua sobre a
matéria-prima do universo.
Unicidade do conteúdo simbólico
dos ritos (§§ 67–73)
Dentro do contexto cultural em
Assim como o sol, a lua, o que se insere, o dos Mistérios de Ísis,
firmamento, a terra e o mar são Plutarco faz um belíssimo
conhecidos por todos os povos, ainda que chamamento à tolerância religiosa
por nomes diferentes, assim também essa e cultural e à visão de que todos os
razão única que regula o universo e as homens compartilham do mesmo
potências que a ajudam são objeto de desejo pela verdade.
homenagens e denominações que variam
com a diversidade dos costumes. Razões de utilidade (§§ 74–80)
Esses diversos nomes e ritos servem
de símbolos de uma verdade só: o
princípio ternário do universo. Na parte final sua obra, Plutarco
Plutarco afirma que a forma dos ritos afirma que certos símbolos referem-se a
varia, mas que seus significados simbólicos fenômenos úteis ao Homem, isto é, que
são universais e apontam todos para a certos símbolos foram criados devido ao
mesma verdade. seu caráter educativo.
B. Conclusão
Ele retoma, assim, a abertura da
obra, quando diz que a busca da
O que subjaz a obra de Plutarco não é Verdade é o maior presente dos deuses
propriamente o mito de Ísis e Osíris e suas aos homens e o melhor presente que os
diversas interpretações, mas um profundo homens podem receber.
sentimento de tolerância religiosa e Dessa forma, Plutarco defende a
cultural. ideia de que todos os homens, não
Ao apresentar os diversos níveis importando a cultura nem a religião,
interpretativos do mito, Plutarco deixa ainda que por caminhos aparentemente
claro que, sob diversas formas, o mito é diferentes, são irmãos em busca de uma
comum a todos os povos, pelo menos mesma Verdade Universal.
os principais povos conhecidos da
época, embora a substância seja a FONTE:https://medium.com/@milesmithrae/plutarco-e-
mesma. os-mist%C3%A9rios-de-%C3%ADsis-e-os%C3%ADris-rod
rigo-pe%C3%B1aloza-15-iii-2016-701496e33c80
E, principalmente, que em todos os
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casos, o que move a celebração do mito em
cada povo é a busca da Verdade.
A Lenda de Ísis e Osíris

Era crença dos antigos egípcios, que a sua civilização lhes tinha sido transmitida diretamente pelo
Deus Thoth, que viera a terra justamente para essa missão civilizadora. Ele lhes deu os rudimentos da
civilização, ensinando-lhes a agricultura, a metalurgia e a organização social. Ele a ensinou a Osiris, o
primeiro rei a governar em todas as terras do Egito, e este a propagou entre todos os povos do reino
mantendo a harmonia e a paz no Egito até o dia em que foi assassinado por seu invejoso irmão Seth.

O Mito de Osíris e o drama da ressurreição desse deus, morto e esquartejado por Seth, seu invejoso
irmão, é o conteúdo dos chamados Mistérios Egípcios, ou Mistérios de Ísis e Osíris. Na origem esses
Mistérios eram tradições religiosas muito antigas, nas quais se celebrava o poder de regeneração concedida
por esses deus aos seus afiliados na terra.

O conteúdo desses rituais nunca foi descrito na literatura egípcia e só se tornou conhecido no
Ocidente através da narrativa feita por Plutarco, escritor grego do século V a C, que escreveu um longo
trabalho explicando o verdadeiro significado desse mito.
Os sacerdotes egípcios usavam esse mito para cultuar o poder regenerador da terra. Pois
assim como a semente lançada ao solo contém a vida que renascerá das trevas, também o homem que
morresse e fosse sepultado de acordo com os ritos instituídos pelos deuses renasciam na terra, no corpo do
seu sucessor, e nos Campos Elísios como ka (espírito) revigorado, capaz de viver eternamente.

E o seu espírito, iluminado pela luz de Rá, incorporava-se ao Princípio Criador de todos os seres (
Rá, o Sol radiante), tornando-se também um deus, cuja face brilhava para sempre, na forma de um astro
no céu. Daí a idéia de que cada estrela no céu é representativa de uma alma que foi admitida no céu.

Os egípcios viam o corpo humano como um conjunto de potencialidades que não se esgotavam na
vida terrestre, mas que se completava na existência do além-túmulo. Assim, aquele que obtivesse sucesso
em viver de acordo com os princípios da Maat ( A Justiça), adquiria os méritos para se tornar, ele também
um Osíris, revivendo num mundo ideal.

Eis porque o corpo humano não podia desaparecer com a morte, pois da sua conservação dependia a
preservação de algumas das potencialidades que o defunto necessitaria para viver feliz na outra vida.
Daí o desenvolvimento de técnicas de embalsamamento e conservação das múmias que até hoje desafiam
a ciência moderna.
Nesses dias anteriores aos tempos históricos, os deuses eram tidos como Mestres da construção
universal e os homens os seus aprendizes. O que os primeiros faziam no céu refletia sobre a terra, e o que
os homens faziam na terra repercutia no céu. Por isso a responsabilidade recíproca na construção e no
equilíbrio do edifício cósmico se dividia por igual entre homens e deuses.

Um dia esse equilíbrio foi rompido, por isso a desordem, a desarmonia, a injustiça, o mal, enfim,
entraram no universo e nele se mantém. E nele se manterá até que nós restabelecemos esse fluxo,
tornando-nos justos e perfeitos novamente.

FONTE: https://www.recantodasletras.com.br/ensaios/2107719

GRUPO DE ESTUDOS TOCA DA BRUXA

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