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Osíris

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Osíris (em egípcio: wsjr) é um deus da mitologia egípcia. Conhecido com o deus dos
mortos, além de ser a divindade da vegetação, do julgamento e do além. Em outras culturas, Osíris
seu nome é variavelmente transcrito em Asar, Ausir, Wesir, Ausare, Hagir, Heinir, Higor,
Hermes, Antar, Varor, entre outros. Oriundo de Busíris, no Baixo Egito, foi, primitivamente,
a deificação da força do solo, que faz a vegetação crescer; disto derivou seus atributos
posteriores, que o exaltam como o inventor da agricultura e consequentemente o
propiciador da civilização, do qual tornou-se uma espécie de patrono. Mais tarde, seus mitos
passaram a representá-lo como um mítico faraó que teria governado o Egito em tempos
imemoriais, sendo traído por seu próprio irmão, Seth, que o mata para obter o trono. Osíris,
vencendo a morte, renasce no Além, tornando-se o Senhor da vida pós morte e juiz dos
espíritos que lá chegam. Embora a trajetória de deus da vegetação para deus da vida após
morte pareça desconexa e incoerente, o que há de comum nessas atribuições é o conceito de
ciclos de vida e renascimento que tanto a vegetação quanto a passagem para o além
carregam. Assim, pode-se dizer que, resumidamente, Osíris é o deus do renascimento.

Osíris foi um dos deuses mais populares do Antigo Egito, cujo culto remontava às épocas
remotas da história egípcia e que continuou até a era Greco-Romana, quando o Egito perdeu
a sua independência política.

Marido de Ísis e pai de Hórus,[1] era ele quem julgava os mortos na "Sala das Duas
Verdades", onde se procedia à pesagem do coração ou psicostasia.

Osíris, é sem dúvida o deus mais conhecido do Antigo Egito, devido ao grande número de
templos que lhe foram dedicados por todo o país, porém, os seus começos foram os de
qualquer divindade local e é também um deus que julgava a alma dos egípcios se eles iam
para o paraíso (lugar onde só há fartura). Para os seus primeiros adoradores, Osíris era
apenas a encarnação das forças da terra e das plantas. À medida que o seu culto se foi
difundindo por todo o espaço do Egito, Osíris enriqueceu-se com os atributos das
divindades que suplantava, até que, por fim substituiu a religião solar. Por outro lado a Nome nativo

mitologia engendrou uma lenda em torno de Osíris, que foi recolhida fielmente por alguns
escritores gregos, como Plutarco. A dupla imagem que de ambas as fontes chegou até nós
deste deus, cuja cabeça aparece coberta com a mitra branca, é a de um ser bondoso que Local de culto Busiris · Abidos
sofre uma morte cruel e que por ela assegura a vida e a felicidade eterna a todos os seus Símbolo Gancho e malho · Atef
protegidos, bem como a de uma divindade que encarna a terra egípcia e a sua vegetação,
destruída pelo sol e a seca, mas sempre ressurgida pelas águas do Nilo. Cônjuge(s) Ísis
Pais Geb · Nut
Irmão(s) Ísis · Seti · Néftis
Índice Filho(s) Hórus · Anúbis

Nome Portal:Antigo Egito

Iconografia
O mito de Osíris
Mito e história
Símbolos
Referências

Nome
Segundo Diodoro Sículo, os primeiros egípcios, logo que surgiram, olharam para o céu e ficaram com temor do Universo, e
imaginaram dois deuses eternos, o Sol e a Lua, respectivamente Osíris e Ísis.[2] Osíris significa muitos-olhos, um significado
apropriado para representar os raios do Sol, que veem tudo, tanto a terra quanto o mar.[3] Os mitógrafos gregos, ainda segundo
Diodoro Sículo, identificaram Osíris com Dionísio e com a estrela Sirius; Diodoro cita poemas de Eumolpo e Orfeu identificando
Dionísio com a estrela Sirius.[4] Segundo alguns, Osíris era representado com uma capa de estrelas, imitando o céu estrelado.[5]

Segundo Isaac Newton, Osíris é um nome grego; eles interpretaram o lamento egípcio 0 Sihor, Bou Sihor como Osíris, Busíris.[6] Ele
identifica Osíris com o faraó Sesac ou Sesóstris que reinou de 1002 a.C. a 956 a.C..[7]

Iconografia
A representação mais antiga conhecida de Osíris data de 2019 a.C. sua
representação mais comum correspondia ao de um homem
mumificado com uma barba postiça, com braços que emergem do
corpo cruzados sob o peito.Ele segura o cajado hekat e o açoite
nekhakha.[8] Na cabeça Osíris apresentava a coroa atef, isto é, uma
coroa branca com duas plumas de avestruz. Em algumas
representações poderia ter um uraeus (serpente) sob a coroa e uns
cornos de carneiro.

Osíris Vegetante Poderia também ser retratado como uma múmia deitada de cujo corpo
emergiam espigas ("Osíris vegetante"). Esta representação está
associada a um prática dos Egípcios que consistia em regar uma estátua
do deus feita de terra e de trigo. Estas estátuas eram depois enterradas nas terras agrícolas, acreditando-se
que seriam a garantia de uma próspera colheita. Este costume está atestado desde a Pré-História do Egito
até à época ptolemaica.

A pele do deus poderia ser verde ou negra, cores que os Egípcios associavam à fertilidade e ao
renascimento.
Estátua de Osiris
A representação de Osíris como um animal era rara. Quando se verificava o deus poderia surgir como um
touro negro, um crocodilo ou um grande peixe.

O mito de Osíris
O mito de Osíris é conhecido graças a várias fontes, sendo a principal o relato de Plutarco (século I) De Iside et Osiride (Sobre Ísis e
Osíris). Alguns textos egípcios, como os Textos das Pirâmides, os Textos dos Sarcófagos e Livro dos Mortos, narram vários
elementos do mito, mas de uma forma fragmentária e desconexa.

Osíris é apresentado como filho de Geb e Nut,[9] tendo como irmãos Ísis, Néftis e Set. É portanto um dos membros da Enéade de
Heliópolis. Ísis não era apenas sua irmã, mas também a sua esposa.

Osíris governou a terra (o Egito), tendo ensinado aos seres humanos as técnicas necessárias à civilização, como a agricultura e a
domesticação de animais. Foi uma era de prosperidade que contudo chegaria ao fim.

O irmão de Osíris, Set, governava apenas o deserto, situação que não lhe agradava. Movido pela inveja, ele decide engendrar um
plano para matar o irmão. Auxiliado por setenta e dois conspiradores, Set convidou Osíris para um banquete. No decurso do
banquete, Set apresentou um magnífico sarcófago que prometeu entregar a quem nela coubesse. Os convidados tentaram ganhar a
caixa, mas ninguém coube nela, dado que Set a tinha preparado para as medidas de Osíris. Convidado por Set, Osíris entra na caixa.
É então que os conspiradores trancam-na e atiram-na para o rio Nilo. A corrente do rio arrasta a caixa até ao mar Mediterrâneo,
acabando por atingir Biblos (Fenícia).

Ísis, desesperada com o sucedido, parte à procura do marido, procurando obter todo o tipo de informações dos encontrados pelo
caminho. Chegada a Biblos, Ísis descobre que a caixa ficou inscrustrada numa árvore que tinha entretanto sido cortada para fazer
uma coluna no palácio real. Com a ajuda da rainha, Ísis corta a coluna e consegue regressar ao Egito com o corpo do amado, que
esconde numa plantação de papiros.

Contudo, Set encontra a caixa e furioso decide esquartejar Osíris em catorze pedaços o corpo que espalha por todo o Egito; em
alguns textos do período ptolemaico teriam sido dezesseis ou quarenta e duas partes. Quanto ao significado destes números, deve
referir-se que o catorze é número de dias que decorre entre a lua cheia e a lua nova e o quarenta era o número de províncias (ou
nomos) em que o Egito se encontrava dividido.

Ísis, auxiliada pela sua irmã Néftis, partiu à procura das partes do corpo de Osíris. Conseguiu reunir todas, com excepção do pénis,
que teria sido devorado por um ou três peixes, conforme a versão. Para suprir a falta deste, Ísis criou um falo artificial com caules
vegetais. Ísis, Néftis e Anúbis procedem então à prática da primeira mumificação. Ísis transforma-se em seguida num milhafre que
graças ao bater das suas asas sobre o corpo de Osíris cria uma espécie de ar mágico que acaba por ressuscitá-lo; ainda sob a forma de
ave, Ísis une-se sexualmente a Osíris e desta cópula resulta um filho, o deus Hórus. Ísis deu à luz este filho numa ilha do Delta,
escondida de Seth. A partir de então, Osíris passou a governar apenas o mundo dos mortos. Quanto ao seu filho, conseguiu derrubar
Seth e passou a reinar sobre a terra.

Mito e história

Alguns autores especulam que o mito de Osíris possa ter ligações com eventos históricos. Assim, Osíris seria um chefe nômade
responsável pela introdução da agricultura na região do Delta. Aqui teria entrado em conflito com Seth, líder das populações do
Delta. Osíris teria sido morto por Seth e vingado pelo seu filho.

Segundo Newton, Osíris e Busíris é como os gregos interpretaram o lamento egípcio O Siris e Bou Siris; Newton identifica Osíris
com vários conquistadores mitológicos: Sesac, Baco, Marte, o Hércules egípcio citado por Cícero e Belo.[7] Sua morte é dada no ano
956 a.C., e ele é morto por seu irmão Jápeto.[7]
Símbolos
O símbolo mais importante associado a Osíris era o pilar ou coluna djed. Não se sabe o
significado exacto deste símbolo, tendo sido proposto que representaria quatro pilares vistos uns
atrás dos outros, a coluna vertebral de um homem ou do próprio Osíris ou uma árvore de cedro
da Síria com os ramos cortados (esta última hipótese relaciona-se no relato mítico segundo o
qual a caixa-sarcófago ficou inscrustrado num cedro). O djed representava para os Egípcios a
estabilidade e a continuidade do poder.

O djed era o elemento principal de uma cerimónia ritual que se celebrava durante a festa heb sed
Pilares djed (a verde)
do faraó (o jubileu real), denominada como a "erecção da coluna djed" e das quais se conhecem
várias representações.

A nébride, ou seja, a pele de um animal esfolado (julga-se que seria a pele de uma vaca ou então de um felino) pendurada num pau
que está inserido num recipiente, era outro símbolo associado ao deus.

Osíris tinha como barca sagrada a nechemet, na qual as Ísis e Néftis eram representadas ocupando respectivamente a proa e a popa.

Referências
1. Isaac Newton, The Chronology of Ancient Kingdoms, Chapter 2: Of the Empire of Egypt, p.192
2. Diodoro Sículo, Biblioteca Histórica, Livro I, 11.1
3. Diodoro Sículo, Biblioteca Histórica, Livro I, 11.2
4. Diodoro Sículo, Biblioteca Histórica, Livro I, 11.3
5. Diodoro Sículo, Biblioteca Histórica, Livro I, 11.4
6. Isaac Newton, The Chronology of Ancient Kingdoms, Chapter 1: Of the Chronology of the First Ages of the Greeks, p.98
7. Isaac Newton, The Chronology of Ancient Kingdoms, A Short Chronicle from the First Memory of Things in Europe, to the
Conquest of Persia by Alexander the Great
8. Poliane Vasconi dos Santos, RELIGIÃO E SOCIEDADE NO EGITO ANTIGO: UMA LEITURA DO MITO DE ÍSIS E OSÍRIS NA
OBRA DE PLUTARCO, p.66 (http://www.athena.biblioteca.unesp.br/exlibris/bd/bas/33004048018P5/2003/santos_pv_me_assis.
pdf)
9. Textos das Pirâmides, 1. NUT AND THE DECEASED KING, UTTERANCES 1-11, 8d-8f na tradução por Samuel A. B. Mercer

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