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Edição bilíngue

Plutarco
DE ISIS E OSIRIS

TRADUÇÃO, INTRODUÇÃO E NOTAS


Maria Aparecida de Oliveira Silva
Plutarco
De Ísis e Osiris
Plutarco
De Ísis e Osíris

Tradução, introdução e notas

Maria Aparecida de Oliveira Silva


Copyright © 2022 by Maria Aparecida de Oliveira Silva

Direitos resenhados e protegidos pela Lei


n. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.

E proibida a reprodução total ou parcial sem autorização,


por escrito, da autora.

Produção editorial: Maria Aparecida de Oliveira Silva

Primeira revisão: Marcelo Carvalho

Segunda revisão: Angela Cavinatti

Revisão final: Francisca Luciana Sousa da Silva

Capa: Gabriel Araújo

Imagem de capa: Alto relevo de Isis e Osíris, templo de


Seth I em Abido, Egito. XIXâ dinastia.
ID 13312116© Bas photo | Dreamstime.com

Design e editoração: Tamar Fortes


ÊHÊHil y^GRADECIMENTOS

Esta tradução é fruto da fé coletiva na união de forças


atuantes em um projeto inédito voltado ao desenvolvimento dos
Estudos Clássicos no Brasil. Agradeço imensamente a energia de
cada participante, com suas distintas notas, mas com a consciência
uníssona de que somente o conhecimento pode nos elevar e nos
aproximar do divino; pois, como afirma Plutarco em seu prólogo:
“aspirar à divindade é o desejo da verdade” (De Isis e Osiris, 351E).
A verdade humana é um construto de investigações e raciocínios
elaborados ao longo dos anos, impossível de ser alcançada em sua
totalidade por uma só existência. No espaço de uma vida humana não
se é capaz de entender tudo porque pouco se viu e ouviu; diferente do
deus que tudo sabe por ter visto os acontecimentos desde o seu início
e sempre acompanhará o seu desenrolar. E o saber acumulado pela
humanidade, ainda que incompleto por sermos mortais, que move
nosso mundo e torna possível compreender cada vez mais a natureza
humana em suas diversas manifestações.

A todos que colaboraram para mais este estudo da obra


plutarquiana na minha carreira, por mais que eu escreva, não serei
capaz de expressar toda a minha gratidão e todo o meu carinho
por vocês que apoiaram este projeto! Não quero aqui citar nomes
individualmente, foram muitos amigos, colegas, alunos, familiares,
pessoas que conheci apenas por meio das mídias sociais, algumas
páginas especializadas que me ajudaram, pois temo esquecer alguém
e cometer alguma injustiça. Em razão disso, todos os nomes dos
participantes estão grafados em ordem alfabética no fim deste livro,
para que todos se sintam lembrados.

É com muita alegria que informo que esta tradução está


disponível em pdf no site: https://independent.academia.edu/
MariaAparecidadeOliveiraSilva, como forma de ampliarmos
nossa contribuição ao nosso país. A versão impressa é exclusiva dos
colaboradores da Campanha De Isis e Osíris, de Plutarco - Tradução,
edição e impressão, cuja primeira fase foi realizada de outubro a
dezembro de 2018 e a segunda, de abril a junho de 2021; com edição e
impressão executadas de julho de 2021 a fevereiro de 2022.

Muito obrigada a todos por esta experiência única!

Maria Aparecida de Oliveira Silva


ÊUÊUig ÇUMÁRIO

Agradecimentos xi

Prefácio 9

Introdução 31

Περί ιςιδος και οςιριδος ‫ ן‬De ísis e Osíris 53

Notas 179

Índice onomástico 247

Índice topográfico 257

Referências bibliográficas 261

Participantes 269
T)REFÁCIO

É interessante notar que Plutarco inicia a narrativa contida no


texto Isis e Osiris com uma espécie de epístola dirigida a Clea, que
presidia as Tríades de Delfos:

Tudo que é bom, ó Clea, [...] devem pedir para si junto aos
deuses, sobretudo suplicamos em nossa busca obter da
parte deles, o quanto for possível aos homens alcançar, o
conhecimento deles em sua essência. Porque não há nada
melhor para um homem receber nem mais venerável para
conceder a um deus que a verdade.
(Plutarco. De Isis e Osiris, 351C-D)

Em que pese sua competência literária, o que o torna um mestre


na escritura de biografias, a missão a que ele se propôs, ao ensaiar
uma interpretação histórica do mito de Isis e Osíris, levou Plutarco a
enfrentar problemas quase inexpugnáveis. Isto porque, para o filósofo
grego, a busca da verdade era a finalidade precípua de suas biografias.
Devido, entretanto, à escassez de fontes, ao acesso a informações
cifradas pelos valores egípcios, bem como à despreocupação total dos
próprios egípcios com a veracidade e a racionalidade de seus relatos,
eles, ao misturarem magia, política, religião, criavam um contexto
que não se submetia à razão, impossibilitando, com isso, qualquer
tipo de categorização de suas narrativas, o que dificulta, em muito,
sua análise.

Quando Plutarco se dispôs a entender os mitos egípcios,


passou, assim, a espreitar um mundo cheio de mistérios, a começar
pela própria linguagem escrita convocada para sua expressão, da
qual, aliás, ele possuía pouco domínio. Além disso, por formação,
fora levado a desprezar os hieróglifos por seu carácter imagético,
pela recorrência ao figurativo. Mais ainda, precisou se defrontar
com relatos que lhe chegavam trazidos (e traídos) por uma memória,
como alertava Fedro, segundo Platão (428-348 a.C.), constituída
“por histórias inventadas por Sócrates”. Em razão de tal contexto,
não surpreende encontrarem-se, no interior dessas narrativas míticas,
relatos de situações interpretadas, modificadas e/ou censuradas
por Plutarco. Ele próprio confessa, no encerramento de seu texto,
essas interferências: “Esses são mais ou menos os principais fatos
característicos do mito; dele foram retirados os mais desagradáveis,
como o desmembramento de Horo e a decapitação de Isis”.

No entanto, na visão dos egípcios, não houve, em nenhum


momento, um desmembramento de Hórus e, sim, de Osíris, após a
sua morte, o que é narrado por Plutarco em outro momento. Já Isis
foi agredida pelo filho no episódio em que o mesmo pensou haver
ela protegido Seth; mas ele não chegou às vias de fato - ela não foi
morta por ele. A liberdade, nesse relato, pode ser considerada como
inadequada, em se tratando de divindades, diz o sábio de Queroneia,
que se justifica citando as palavras de Esquilo (524-455 a.C.): “se
fossem ações e acontecimentos verdadeiros, deve-se cuspir e purificar

10 Margaret Marchic>ri Bakcs


a boca”. Importa particularmente para o presente texto contextualizar
algumas das características presentes na narrativa de Plutarco, ao
descrever os deuses egípcios Isis e Osiris, particularmente, no
momento em que ele se propõe a traçar um esboço da personalidade
e modo de ser desses protagonistas — seu caráter, modo de agir e
ditos.

Com vistas ao aprofundamento de sua visão sobre os egípcios,


Plutarco, ao escrever, recorre às fontes, interpelando Cleo, pois, por
formação e inquietude, como historiador, acreditava que:

invenções vazias, tais como os poetas e os logógrafos que,


como as aranhas, geram as primeiras idéias de si mesmos, sem
fundamento, tecem-nas e as expandem, mas com algumas
dificuldades e narrativas de sofrimentos, tu mesma as conheces.
(Plutarco. De Isis e Osíris, 358F)

Um outro exemplo desta preocupação se manifesta quando


Plutarco discorre sobre o surgimento do mundo na visão dos antigos
egípcios, assim se expressando:

é uma mistura que vem de poderes contrários, sem dúvida,


não com a mesma força, mas o melhor é o que predomina; e
é completamente impossível que o mal seja destruído, porque
está muito enraizado no corpo e na alma do universo, e está
sempre combatendo com o melhor.
(Plutarco. De Isis e Osíris, 371A)

Em sua perspectiva, na alma, “Osíris é a inteligência e a razão,


que são guias e soberanas sobre todas as coisas excelentes na terra, nos
ventos, nas águas”. Já quando se refere a Tífon, correspondente ao
Seth egípcio, Plutarco o configura com tudo o que “existe na alma
de patético, titânico, irracional e impulsivo”. Ao esboçar os traços
da personalidade dos protagonistas da narrativa, Plutarco atenta
para o caráter metafórico das qualificações empregadas. Em razão
disso, acredita que a Seth cabe o que há de mais estúpido dentre

Prefácio 11
os animais domésticos — o asno; e, dentre os animais selvagens, o
crocodilo e o cavalo do rio (hipopótamo). Os egípcios diziam que
Tífon escapou de Hórus porque se transformou em um crocodilo. Já
Osíris é representado por um olho e um cetro, o primeiro referindo
a previdência e o segundo, o poder. Ele é também frequentemente
aludido pela imagem de um gavião, ave que, por natureza, se destaca
pela agudez de visão, pela velocidade do voo e pelo pouquíssimo
alimento de que necessita para sobreviver.

Plutarco relata que, à época, circulava por toda parte, no


mundo egípcio, uma estátua de Osíris na forma humana, exibindo
seu membro viril ereto, uma menção explícita ao seu poder
fecundante e nutriz. Essa, não obstante, foi, segundo os egípcios, a
única parte do corpo dessa divindade que ficou faltando na busca de
Isis. Essa imagem de um deus com o falo ereto permite estabelecer
uma correspondência com Min. Assim, apesar da fama de loucos que
os egípcios gozavam entre os gregos, Plutarco, muito provavelmente,
surpreendeu-se com o tom fantástico que perpassa o encaminhamento
final desta narrativa mítica, concluída com o coroamento de Hórus
como rei do Egito e com sua escolha de Osíris para ocupar a função
de governante do mundo do além, conforme registro no Livro dos
mortos... O fato é que, ainda hoje, esses mitos seguem passíveis de
múltiplas interpretações e fomentam inúmeras discussões, o que
torna este livro tão instigante e necessário como exercício de reflexão.
Mas, por que se faz necessária uma nova tradução?

E Maria Aparecida quem responde a essa questão ao se dispor a


traduzir, de forma exemplar e irretocável, o texto original de Plutarco.
Ela esmiúça os sentidos da língua grega para encontrar, em suas
dobraduras c, este autor do princípio do século I. Assim, depurar seu
trabalho acadêmico e tornar compreensíveis as transculturações que
a dinâmica da linguagem provoca nos leitores modernos é sua meta

12 Margaret Marchic>ri Bakcs


principal, aliás, plenamente atingida nesta obra. Mas, afinal, de que
trata o mito de Isis e Osíris?

O mito de Heliópolis, pelos egípcios


E SEUS HISTORIADORES

Os antigos egípcios, entre os anos de 2350 e 2175 a.C.,


inscreveram nas paredes da sua pirâmide em Sakkara os famosos
Textos das Pirâmides, a maior e melhor coleção de literatura
religiosa do mundo antigo.

Fragmentos dos mitos antigos egípcios são encontrados nos


Textos das Pirâmides, tais como o 7075, o qual refere ao mito
cosmológico para explicar o efeito de que o sol aparece dos
cornos da vaca celeste, que posteriormente se manifestam na
deusa Hathor.

Esses egípcios antigos acreditavam em muitos deuses, cujas


histórias são hoje compreendidas como mitos que, referentes a
pessoas ou a coisas, só existem na imaginação, estando especialmente
associados a crenças religiosas e rituais. Embora o pensamento
moderno seja crítico e analítico, vale ressaltar que ele também inclui
as suas crenças, pois fundamenta-se muitas vezes em premissas e
raciocínios sobre os quais não fornece provas concretas de existência.
Muitas crenças são milenares. E as primeiras construções míticas
datam exatamente desses tempos remotos. Os textos conhecidos
como pertencentes às pirâmides não provêm das construções
monumentais de Gizé; suas inscrições estão presentes apenas nas
pirâmides da V dinastia. A primeira delas a conter esses relatos foi
a de Unas, o último faraó da V dinastia. Gaston Maspero (1885-
1915) foi quem primeiramente traduziu os encantamentos inscritos
na pirâmide de Teti (2323-2291 a.C.). Neles, o universo dos mortos
(J)uat) e o mundo celeste eram bastante semelhantes ao dos vivos
(Kernel}. Os egípcios acreditavam que, quando um morto superasse
as dificuldades do Julgamento dos Mortos, ele viveria nos campos de

Prefácio 13
lanu, lugar de natureza idílica, cujo significado é vida após a morte.
Veja-se o que diz sobre o tema o capítulo 147 do Livro dos Mortos:

...o morto refaz o caminho do deus Osíris, de modo a atingir


a sua justificação e juntar-se à esfera divina. No mundo dos
vivos não há igualdade, a desigualdade se dilui no caminho
dos mortos, a caminha do Maat. Nessa senda os juncos em
associação com a água produzem o efeito de vida e fertilidade.
Eles formam o caldo sagrado do oceano primordial.

Os egípcios chamavam o Livro dos Mortos de Capítulospara


sairá luz. Foi Richard Lepsius (1810-1884) quem denominou esses
textos de Livro dos Mortos. Lepsius foi também o primeiro tradutor
dos Textos dos Sarcófagos, que registram os espaços inicialmente
ocupados pela nobreza para a formalização do julgamento de
seus mortos. Os melhores exemplos desses procedimentos são os
encontrados nos sarcófagos da XI e XII dinastias, primeiro período
intermediário. Tudo indica haver sido James Henry Breasted (1865-
1935) quem sugeriu, para denominação desses registros, o título de
Textos dos Sarcófagos. Os egiptólogos que mais trabalharam com
os Textos dos Sarcófagos foram Alan Henderson Gardiner (1879-
1963) e Adriaan de Buck (1892-1959), esse último também editor de
seus seis volumes. Os papiros em que se encontram registrados esses
textos funerários mediam até mesmo 24 metros. E o seu custo podia
ser acessível, pois variava como o valor pago por outros serviços ou
aquisições - uma cama, um feixe de papiros, ou mesmo a metade da
remuneração do trabalho anual de um operário qualificado.

Esses textos constituem-se em um corpus de encantamentos,


cujo principal objetivo era promover a ressurreição e o bem-estar
dos falecidos. Quando talhados nas paredes, esses encantamentos
estão claramente separados uns dos outros por meio de um termo
introdutório e por linhas divisórias, o que indica se tratar de
enunciados’ distintos e independentes. E lugar comum a afirmação

14 Margaret Marchic>ri Bakcs


de que, dos egípcios antigos, especialmente daqueles que viveram
durante o Velho Reino ou em tempos anteriores, não se pode esperar
nada que se aproxime do que hoje se entende por pensamento
filosófico. Suas especulações de forma alguma se restringiam àquilo
que atualmente se compreende como uma demanda científica da
verdade. Essa busca intelectual, aliás, está completamente ausente
do grande corpo constitutivo da literatura religiosa proveniente do
antigo Egito, representado pelos famosos Textos das Pirâmides.

Para Mercer (1880-1969), o fato de esses povos primitivos


serem, essencialmente, movidos por apelos emocionais e volitivos,
sempre presentes em suas manifestações, determinava que as
conclusões a que chegassem não se fundamentassem em julgamentos
críticos, e, principalmente, complexos, pois, vale lembrar, o que
se pode chamar de filosofia egípcia era apresentada em termos
pictóricos. E evidente que eles raciocinavam de forma lógica, mas
raramente o faziam de maneira formal, como é o caso da construção
da Enéade Heliopolitana, que ilustra muito bem a sua forma de
especulação sobre o real.

Observando com atenção os textos das pirâmides em seu


conjunto, percebe-se que o mito de Heliopolis foi primeiramente
narrado com o nome e a estrutura de O Conto das pirâmides,
preservado no Papyrus Chester Beatty I, cuja principal característica
é a forma como evidencia o encaminhamento dos procedimentos
judiciais nos tempos primordiais do Egito Antigo, o que, sem dúvida,
o torna surpreendente. Muitos dos pesquisadores e egiptólogos que
se debruçaram sobre esse corpus, lidaram com As Contendas de
Hórus e Seth. John Gwyn Griffiths (1862-1934), por exemplo,
discorre sobre todo o conflito entre Hórus e Seth em seu livro The
conflict of Horus and Seth, discutindo os diferentes aspectos
envolvidos na batalha iniciada por Seth, inclusive as mutilações, o

Prefácio 15
episódio homossexual e o julgamento. Griffiths argumenta que se
trata de mito cuja origem é política e histórica e que a querela entre
Hórus e Seth tem a ver com lutas tribais anteriores à unificação
do Egito. Outros historiadores, não obstante, descartaram essa
ideia, como é o caso do autor de As contendas de Hórus e Seth,
que defende a posição de que esse relato, em particular, foi criado
simplesmente como um mito religioso, não devendo ser relacionado
ao contexto histórico.

Os textos das pirâmides foram primeiramente publicados por


Maspero (1846-1916) que obteve a permissão para copiá-los do Diretor
do Serviço de Antiguidades do Egito, François Auguste Mariette
(1821-1881), “o Pasha”, denominação conferida pelos turcos a pessoas
de excelência, como era o seu caso. Ao todo, Maspero então copiou
os textos das pirâmides de Pepi I (2289-2255 a.C.) e Merenre (2255-
2246 a.C.), havendo traduzido 4000 linhas da inscrição em hieróglifos.
Outra das grandes figuras da filologia egípcia do século XX foi o
egiptólogo alemão Kurt Seth (1869-1934). Ele fez descobertas em todos
os ramos da egiptologia, havendo conferido e reeditado os Textos das
Pirâmides, fruto do trabalho exaustivo de Maspero, seu principal autor.
E importante destacar que a edição modelo de Kurt Seth comporta
um total de 714 enunciados, acrescidos de textos adicionais, trazidos
posteriormente, perfazendo o número de 759 enunciados.

Maspero e Kurt Seth são as principais autoridades, em


língua inglesa, dessa fase da egiptologia mundial, juntamente com
Samuel Mercer (1880-1969) e Raymond Faulkner (1894-1982). Eles
pertencem ao grupo que defende a posição de que o aumento do
poder e atribuições ao rei estavam estreitamente ligados ao fato de
ele ser um representante de Hórus, crença que se difundiu com o
mito de Osíris, na V- dinastia. Considerado como o filho de Osíris,
Hórus, com essa origem, reforçou o mito de que todos os faraós são

16 Margaret Marchic>ri Bakcs


também filhos de Osíris. Em sua análise da literatura egípcia antiga,
Antonio Loprieno afirma que o Contendings c um dos primeiros
exemplos de “mitologia como gênero textual”, ou seja, de quando
a mitologia adentra no campo literário. Ele acredita que isso tem a
ver com a transformação da história em sátira política. Nessa direção,
Loprieno elogia seu orientando Marcelo Campagno, egiptólogo
argentino, por atribuir ao mito a função de concepção e difusão do
conceito de universo para os antigos egípcios. Loprieno também
destaca a ênfase que Marcelo confere à descrição da forma de atuação
dos primeiros procedimentos judiciais, ao tomar como referência o
percurso empreendido durante o processo de julgamento de Seth
como pretendente ao trono do rei Osíris.

Marcelo Campagno oferece uma solução bastante convincente


para o problema conceituai. Graças ao seu extraordinário domínio dos
estudos históricos e antropológicos, ele consegue demonstrar que:

a dicotomia da enciclopédia subjacente ao conto mitológico do


papiro Chester Beatty é aquela entre dois modelos (ou lógicas)
de organização social, aparentemente coexistindo - na realidade
social ou em termos de memória cultural - no Ramesside Egito.

Também é importante a contribuição de Campagno, mais


recentemente, em que ele considera a rivalidade entre Hórus e Seth
tal como relatada no Papiro Chester Beatty I, como evocativa do
triunfo do sistema de corte de Estado sobre o sistema de parentesco
baseado em práticas judiciais. Na publicação de Oxford do dito
papiro, contendo As disputas de Hórus e Seth, a discussão sobre
o conto é conduzida por Alan Gardiner, que compara essa narrativa
com as histórias das divindades gregas e com a Odisséia de Homero.
O fato é que o Livro dos Mortos, retirado das pirâmides, bem
como os textos do Papiro Chester Beatty I comportam inúmeros
ensinamentos sobre os procedimentos judiciais adotados no Egito
Antigo, que ainda hoje encantam juristas e egiptólogos.

Prefácio 17
Outros historiadores, no entanto, descartam essa pretensão
e, quando abordam As Contendas de Hórus e Seth, classificam
essa narrativa, em particular, como um mito religioso, sem nenhuma
relação com o contexto social e histórico. Sabe-se que os mais
remotos relatos dos antigos egípcios jamais estabeleceram claramente
a diferença entre oceano e mar, entre mar e lago, entre um lago,
um canal e um rio. Nun, entretanto, era equivalente ao abismo. De
acordo com essa teoria, no começo

...não existia nada em todo o mundo, exceto Nun, abismo ou


oceano primordial, do qual brotou uma colina; e nela, o deus
Atum, se auto criou. Então, desse sêmen ou saliva ele criou
outro deus, Shu, a atmosfera e, para ele, uma esposa, a deusa
Tefnut, uma divindade da umidade. Para este par nasceram
Geb, a terra; e Nut, o céu, que se tornaram pais de Osiris e
de sua esposa Isis; e Set e sua esposa Néftis. Atum e seus oito
descendentes formaram o Grande Enéade de Heliópolis
(Mercer, 1957, p. 88).

O Egito pré-dinástico era, de início, constituído por um grupo


de nomos. Um nomo era uma região territorial do país englobando
várias herdades e/ou aldeias, contando com um administrador
responsável pelo gerenciamento de seu território, mas não há
registros escritos sobre seu funcionamento, com exceção da presença
de tumbas e de vasos pré-dinásticos. A bandeira do clã principal em
relação a um grupo de clãs que se formara ao seu redor, conferia seu
nome ao nomo, ou seja, o nomo inteiro era designado pelo nome de
sua capital. E, mais tarde, quando, por vezes, a capital possuía um
santuário, chamado de casa’ do deus, ela, mais tarde, passava a ser
conhecida pelo nome da “casa” da divindade adorada no santuário.
Assim, a cidade de Busiris era a “Casa de Osíris”. Muitos animais
eram adorados nesses tempos. Os mais antigos tornaram-se
emblemáticos, tais como o touro e o leão. Com o correr do tempo
e o desenvolvimento do pensamento, os antigos egípcios passaram
a considerar o céu, a terra, o mar, a luz e a escuridão como deuses.

18 Margaret Marchic>ri Bakcs


Foi sobre essa grande massa de materiais, constituída pelas primeiras
lendas e narrativas, que os estudiosos sacerdotais de Heliopolis e
Mênfis mais tarde construíram sua teologia, os mitos.

O advento da escrita no antigo Egito ocorreu, acredita-


se, durante a Iâ dinastia, quando as primitivas paletas de ardósia,
contendo as palavras reais, apareceram. Datam do tempo de Menes,
primeiro faraó da Iâ dinastia, aquele responsável pela união do
Egito. Durante o seu reinado, ter-se-ia iniciado a vida intelectual no
Egito. A escrita, ainda em formação, tinha uma estrutura complexa,
comportando três classes de signos - os ideogramas, os sinais fonéticos
e os determinativos -, configurando-se como o sistema adequado
mais antigo hoje conhecido de escrita fonética, o que assegurava
ao Egito a liderança no avanço gradual, mas seguro, da civilização.
Desde os tempos da Iâ dinastia, os reis do Egito começaram a colocar
inscrições nas rochas do sul do Sinai, onde a mineração era realizada.

No chamado Antigo Império, pelos idos da IIIa dinastia, a


forma de organização do Estado já estava fixada, tendo, como titular
e cabeça de todos os departamentos, o faraó. Havia numerosos
funcionários para cobrar taxas, organizar os censos, operar com as
cortes judiciais. E, em assuntos administrativos, os egípcios antigos, de
pronto, descobriram o quanto os governantes podiam ser generosos e/
ou terríveis. A base da autoridade e da justiça era o rei que, divinizado,
dava respaldo aos atos praticados pelos vizires e funcionários. Sabe-se
que o mito de Isis e Osíris foi gerado no alvorecer da história egípcia,
a nordeste do Cairo atual, onde se encontravam as ruínas de Yunu,
que se tornaram conhecidas, com a obra de Heródoto, pelo nome
de Heliopolis, ou seja, a cidade do Sol. Embora essa referência tenha
ganhado forma a partir da visita de Heródoto (séc. V a.C.), o sítio,
como é natural, já era conhecido pelos egípcios, conforme registros
no Livro dos Mortos, advindo do período de unificação dos dois
reinos, cerca de 3.000 a.C.

Prefácio 19
Os desdobramentos do mito de Heliopolis foram inúmeros,
pois ele tornou públicos os sentimentos fundantes das relações
familiares contraídas a partir da terceira geração de deuses míticos,
quando do nascimento dos quatro filhos de Nut (deusa céu) e Geb
(deus terra): Osíris, Seth, Isis, Néftis. A companhia dos Nove Deuses,
originalmente situada em Heliópolis, foi, segundo a lenda egípcia,
responsável pela criação do deus do sol e seus descendentes. A origem
do vocábulo enéade é a palavra grega que designa nove. Os antigos
egípcios chamavam essas divindades coletivas de Pesdjet.

Núcleo do Mito de Heliópolis

A tragédia relatada nesta narrativa mítica teve início na


necessidade de fazer a partilha da herança recebida pelos filhos dos
criadores do céu (Nut) e da terra (Geb), que, pela grandiosidade
do legado, alimentou vaidades e despertou cobiças inimagináveis
no mundo divino egípcio. Mas, afinal, de que trata o mito de Isis
e Osíris? Por que é necessária uma discussão, que torna o livro de
Plutarco (46 a.C-148 d. C), tão instigante e necessário como exercício
de reflexão, exigindo inúmeras traduções? Quando Plutarco dispôs-
se a entender os mitos egípcios, passou a espreitar e a direcionar sua
atenção para um mundo tão cheio de mistérios que, sem dúvida, até
mesmo para ele, foi de difícil decifração. Aliás, é fato que, ainda hoje,
esses mitos seguem passíveis de múltiplas interpretações por parte de
sábios egiptólogos.

A questão central, responsável pelo desencadeamento da


narrativa mítica, reside no como realizar a partilha real, se a Osíris coube
a fertilidade e a Seth o deserto mortal? Para tornar mais complexa e
difícil essa relação, Isis, a mais bela do quarteto de irmãos, imagem
perfeita de mulher e protótipo da companheira ideal, casou-se
com Osíris para, com ele, formar uma descendência, eliminando,

20 Margaret Marchic>ri Bakcs


definitivamente, qualquer pretensão de Seth ao trono do Egito e ao
privilégio de a desposar. Como então, a partir desse contexto, poderia se
dar a relação entre os irmãos? Como poderia ser pacífica a convivência
entre eles a partir de uma situação tão desigual? A solução encontrada
por Seth foi o assassinato do irmão. Como se pode ver, este, que seria
um pensamento bastante atual, foi também aquele que motivou Seth a
tomar a decisão de matar o irmão.

A primeira tentativa de fazer justiça na repartição dos bens


ocorreu durante a realização de uma festa promovida por Seth que
serviu de engodo para o assassinato de Osíris. Nesse cenário festivo,
que contou com a participação de inúmeros deuses, muitos deles ainda
desconhecidos pelos estudiosos e cuja origem permanece inexplicada,
uma figura se destaca, Osíris, o protagonista principal do mito. Seth,
o organizador do evento, fez uma listagem dos quarenta e dois deuses
convidados e, ao final do banquete, expôs um magnifico sarcófago
em madeira preciosa e convidou todos os deuses a experimentá-
10, com a promessa de que ele daria o esquife a quem dentro dele
coubesse. Os deuses excitados disputaram então a hora de entrar no
caixão, mas ele ficou grande para todos, exceto para Osíris. Mal o
irmão entrou no esquife, Seth rapidamente o fechou e jogou o caixão,
com o corpo de Osíris, no rio Nilo. Teoricamente, Osíris morreu no
ato; mas, na prática, o herói egípcio permaneceu, não obstante o
crime praticado pelo irmão, em cena, de corpo presente, através dos
atos de sua esposa, cuja persistência acaba por fazê-lo ressuscitar. A
correnteza do rio arrastou a caixa funerária até o mar Mediterrâneo,
onde ela acabou por aportar na cidade fenícia de Biblos.

A narrativa, à medida que Seth começa a planejar o desfecho


sinistro para o impasse que o atormentava, vai-se impregnando de um
tom trágico: o mito reveste-se então de uma lógica racional, quase do
tipo causa/consequência, bem próxima da tragédia que, mais tarde,

Prefácio 21
se institui entre os gregos como gênero literário, como bem lembrou
Gardiner, profundo conhecedor das lendas gregas. O pioneirismo
desse tipo de relato, bem como a escolha do banquete como o cenário
adequado para o estabelecimento de um pacto político entre os
membros de uma elite permanece, ainda hoje, como um dos marcos
da teatrologia universal. Aliás, o poder dos fortes, das lideranças tem
sido, ao longo do tempo, como já destacava Homero (928 a 898 a.C.),
o terror dos humildes e o locus de atuação privilegiado pela literatura
a serviço da realeza.

ísis EM BUSCA DE OSÍRIS EM B1BLOS

Isis, inconsolada com a morte do marido, lamenta, juntamente


com sua irmã Néftis, a perda de Osíris, mas vai destemidamente à
luta, sob a forma de pássaro. O papel desempenhado por Isis, a partir
do momento em que ela sai, transtornada, em busca do sarcófago
de Osíris e chega à terra de Biblos, manifesta-se de duas formas:
a primeira delas marca a entrada em cena da figura feminina; a
segunda, confere-lhe a oportunidade para evidenciar o seu poder de
deusa, capaz de realizar todas as magias necessárias para conquistar o
seu objetivo maior - trazer Osíris à vida. Mas, com pesar, a heroína
acaba por descobrir que, nem mesmo aos deuses, tudo é permitido
por Rá. Ela herdou, entretanto, a astúcia que, na mitologia grega,
Zeus também destinou à mulher. Assim, Isis passa a lutar por um
outro mundo, onde Osíris possa reinar.

Nos desdobramentos da “odisséia” de Isis, ela chega a Biblos,


onde, desesperada, sai à procura do corpo do marido, buscando,
para tanto, obter todo o tipo de informações dos que encontra pelo
caminho. Nesse percurso, Isis acaba por descobrir a caixa funerária de
Osíris incrustrada em uma árvore, cortada para fazer uma coluna no
quarto do filho do rei de Biblos. Por sua extrema empatia, ela reconhece

22 Margaret Marchic>ri Bakcs


a preocupação da rainha de Biblos que, havendo recentemente parido
um menino, temia pela segurança do filho. Assim, a Isis desgrenhada
traveste-se de ingênua, delicada e, purificada de todas as sujeiras do
percurso, segue em direção ao castelo, lá se oferecendo como babá.

O tempo passa rápido e Isis, aos poucos, vai-se apaixonando


pelo bebê. Ela decide então agraciá-lo com o melhor presente possível
para um ser humano: a imortalidade. Para isso, durante sete noites,
acende, conforme prescrevia o ritual, dezenas de velas ao redor do
berço e gira outras tantas voltas, entoando uma cantoria de feitiço. Já
no final da magia, o rei acorda e sai gritando enlouquecido, avisando
aos guardas que havia fogo no quarto de seu filho. Tropeçando na
própria deusa, os soldados apagam o fogo. E Isis se lamenta, abraçada
à rainha a quem relata a sua própria história. Na sequência, Isis, com
a ajuda da rainha, o que assinala uma parceria nova e feminina no
mito, corta a árvore, recupera o sarcófago e regressa ao Egito com o
corpo de seu amado.

Seth, contudo, encontra a caixa e, furioso, esquarteja o corpo


de Osíris em catorze pedaços, que espalha por todo o Egito. Alguns
textos do período ptolomaico afirmam haver sido em dezesseis ou
quarenta e duas partes. Quanto ao significado desses números,
acreditam os estudiosos que eles devem referir-se ao número de
dias que decorre entre a lua cheia e a lua nova que é quatorze, ou
ao número de províncias (ou nomos) em que o Egito se encontrava
então dividido, ou seja, quarenta e duas, o que lhes confere uma força
mítica. Isis, auxiliada por sua irmã Néftis, parte então em busca das
partes do corpo de Osíris. Consegue reunir todas elas, com exceção
do pênis, que teria sido devorado por um ou três peixes, conforme as
diferentes versões. Para suprir a falta deste, Isis criou um falo artificial
com caules vegetais.

Prefácio 23
Isis, Néftis e Anúbis procederam então à prática da
primeira mumificação da História. Na sequência, Isis se transforma
em um milhafre, pássaro que, graças ao bater das asas sobre o corpo
de Osíris, cria uma espécie de ar mágico que acaba por ressuscitá-
10. Ainda sob a forma de ave, Isis une-se sexualmente a Osíris e,
dessa cópula, resulta um filho, o deus Hórus. Assim, no desenrolar
de acontecimentos tão fantásticos, o herói egípcio morto entra
novamente em cena: havia concebido um herdeiro! E Plutarco, com
toda a certeza, ficou confuso com as soluções encontradas para a
trama. Nem mesmo Aquiles, a grande figura masculina do mundo
grego, seria capaz de tal façanha, embora tivesse ao seu lado o astuto
Odisseu!

William Faulkner (1849-1982), que estudou com afinco


este ato de concepção, explica que a lenda da gravidez póstuma de
Isis por Osíris e o subsequente nascimento de Hórus criança é um
lugar comum na religião egípcia, embora, como em todas as crenças
religiosas, seus detalhes mudem, dependendo das fontes originais
consultadas. Uma delas é a formula 148 do Texto dos Sarcófagos,
que se refere especificamente à proclamação por Isis de sua gravidez
de Hórus e sua interpelação aos deuses para que protegessem a
ambos - mãe e filho. A fórmula em questão já havia sido estudada
por Gwyn Griffiths (1911-2004) no Conflito de Hórus e Seth (p.
52-53), mas ele destaca:

Minha tradução deste texto difere da sua em um número de


importantes aspectos, então me parece desejável estudá-lo
novamente. Por exemplo, se a minha interpretação da primeira
sentença for correta, Isis foi fecundada não pelo rude processo
físico descrito no texto das pirâmides, e ilustrado nas paredes
dos templos, notadamente em Abydos, mas por um flash de
iluminação que aterrorizou os deuses (Griffiths, Conflito de
Hórus e Seth, p. 52-53).

24 Margaret Marchic>ri Bakcs


Isso representa, de seu ponto de vista, explica Gwyn Griffihs,
um refinamento do mito original, análogo àquele que se refere à
criação de Shu pela exalação de um sopro em lugar da masturbação, o
que, certamente, produz uma dramática gênesis para o jovem Hórus.
Como a polêmica, se fosse gerada, seria muito forte, Griffiths propõe
uma solução neutra: “it is hoped that the following translation and
notes will enable scholars to decide between ns”. A partir de então,
Osíris passou a governar apenas o mundo dos mortos. Quanto ao
seu filho, ele conseguiu, como se verá na sequência, derrubar Seth e
reinar sobre a terra. A história de Isis, por sua vez, revela ser ela uma
deusa com imensos poderes mágicos, simbólicos e energéticos. O seu
nome é escrito, acompanhado de um símbolo que representa um
trono, o que possivelmente significa, para os antigos egípcios, a sua
enorme influência na condução do governo do Egito. E, como ela,
encontram-se outras tantas mulheres na chefia do Estado Egípcio em
variadas dinastias.

Nas primeiras referências à deusa nos Textos da Pirâmide,


Isis parece prever o assassinato de Osíris por Seth, e é descrita sentada
em desespero, ao lado de sua irmã, a deusa Néftis, ambas chorando
pelo irmão. Enquanto Osíris estava vivo, Isis, sua irmã e amada
companheira na terra, ajudou-o, com persistência e dedicação, a
conquistar o trono do Egito; enquanto morto, sua astúcia chegou ao
ponto de criar um outro mundo em que ele pudesse reinar. Caberia
mais uma vez questionar se Seth estava sendo justo ao lutar pelo seu
direito ao trono do Egito. Trata-se de questão de difícil resposta.
Mas, a verdade é que a divisão dos bens herdados dos criadores do céu
e da terra foi injusta, havendo com isso, incendiado o mundo divino
egípcio, desencadeando revoltas e querelas profundas.

Prefácio 25
Justiça entre os antigos egípcios

Dando sequência a essa narrativa mítica, Hórus que, nascido no


nordeste do Delta, havia sido escondido por Isis, em meio aos papiros,
para evitar a perseguição de Seth, ao crescer, demanda ao Tribunal
dos deuses, presidido pelo deus sol de Heliopolis, o trono do Egito.
Trava-se, com isso, uma nova luta pelo trono, desta vez entre Seth e seu
sobrinho já crescido, Hórus, luta essa que dura 80 anos e configura-
se como uma trama dolorosa e ardilosamente tecida, de intrigas, que
culminam com um assédio homossexual de Seth ao sobrinho. Conta
o mito que Seth faz uma outra festa para a qual convida Hórus. Desta
feita, ele não pensa em morte, mas, à noite, ataca homossexualmente
o sobrinho. Pela manhã, Hórus corre para contar à mãe o ocorrido e
mostra os sêmens do tio. Furiosa, Isis, colhe os sêmens do filho e os joga
de imediato, nas plantações de alface que o deus do deserto cultivava
pessoalmente, com todo o esmero. E Seth consome gulosamente as
verduras ali produzidas.

Em meio a vários episódios, Hórus, transtornado, pensando


que a mãe havia favorecido o tio na luta, termina ferindo-a. Mas,
Isis, com a sua magia, além de sobreviver à fúria do filho, restitui
a ele o olho ferido pelo cunhado insano, dando, com essa imagem,
origem ao mito conhecido como o “olho de Hórus”, outro símbolo
do poder exercido por Isis, que vem sendo aceito, através dos séculos,
como portador de uma missão apotropaica, a de proteção a quem o
utiliza. Segue-se então o julgamento. Geh, o “grande átrio”, deus da
terra, e presidente do tribunal divino no reino, chamado no Livro
das Pirâmides, de “filho mais velho de Shu”, juntamente com sua
irmã-consorte, Nut, a deusa celeste mais velha, ofereceu o seu espaço
terreno para o grande julgamento. Toth disse então que esta decisão
era um milhão de vezes correta.

26 Margaret Marchic>ri Bakcs


Diante dos deuses, novamente em assembléia, Isis, ao chamar
pelas sementes de Hórus e elas responderem estar na cabeça de
Seth, consegue então comprovar que o agressor era o tio. Os deuses
ouvem com atenção os procedimentos a serem adotados durante
o julgamento: eles comungam algumas crenças, tais como o fato
de que os olhos do falcão representam a lua e o sol. Isis convoca o
Vento Norte para dar as notícias a Osíris, seu sagrado marido e pai
de Hórus, pois era ele quem julgava os mortos na “Sala das duas
Verdades”, onde se procedia à pesagem do coração ou psicostasia.
Mas Seth não admitia a sua interferência; desejava disputar o poder
no corpo a corpo com Hórus. Toth argumentou que Hórus era filho
de Rá, mas que o próprio Rá acreditava ser melhor Seth ser o seu
filho, pois ele era mais forte fisicamente.

Como Isis intervém inúmeras vezes, Seth fica furioso e declara


então não aceitar participar de nenhuma corte da qual Isis faça parte.
Consegue, assim, a promessa de Rá de que isso seria aceito por todos.
Em razão do ocorrido, Rá transfere o julgamento para uma ilha,
ordenando ao barqueiro Nemty que não deixasse nenhuma mulher
como Isis cruzar as águas em direção à ilha. Mas os membros da corte
ali reunida desconsideraram a astúcia e a magia de Isis, que, disfarçada
de uma velha murcha, carregando um pote com farinha e usando um
anel sinete de ouro, aproximou-se do barqueiro com a desculpa de
levar comida para os pastores que lá trabalhavam há já cinco dias.
Apesar de torná-la ciente da ordem recebida, após regatear o preço,
Nemty concordou em levar Isis até a ilha mediante o seu pagamento
com um bolo e o anel de sinete.

Na ilha, Isis observou os deuses comendo pão. E utilizando-


se da magia, transformou-se em uma linda jovem que seduziu Seth,
muito sensível à beleza feminina. Ela relatou a ele ser uma viúva que
havia sido roubada de suas terras e implorou que Seth a defendesse.

Prefácio 27
Seth disse ser isso uma injustiça, o que era exatamente o que Isis
queria ouvir. Ela transformou-se em um pássaro, voou para os
galhos de uma acácia e informou o plenário de que o seu veredicto se
constituía na sua condenação. Rá precisou chamar a atenção devido à
algaravia que se formou no plenário. Seth começou a chorar, dizendo
que tudo fora um truque sujo de Isis. Ele chamou o barqueiro que
teve os dedos dos pés cortados pela desobediência.

Rá, furioso com a balbúrdia, manda que cessem com tudo.


Durante o julgamento, Isis relata o ocorrido; Seth, não obstante,
inverte tudo. Mas, como boa advogada, Isis, para dirimir qualquer
dúvida, pede aos juizes que convoquem os sêmens para verem sua
origem. Toth chama os sêmens de Hórus, que então aparecem sob a
forma de um disco solar sobre a cabeça de Seth. Assim, Isis prova a
culpa de Seth de agressão sexual: Seth é humilhado e Hórus vingado!
Em síntese, durante essa disputa, em que Seth faz um bem-sucedido
ataque sexual a Hórus, este último leva parte do sêmen de Seth como
testemunho do acontecido, o que determina com que Isis leve Seth
para o desprezo dos deuses. Ao pedir, frente ao tribunal, que o seu
sêmen seja chamado da cabeça de Seth, Hórus faz com que ele,
envergonhado, seja ridicularizado. No final do litígio, é Isis então
quem traz Seth em grilhões à Corte, perante a qual ele reconhece sua
derrota.

Mas, como Isis e Hórus chegam ao poder? A resposta é


simples: mediante a uma nova artimanha de Isis, que conseguiu
saliva de Rá e a misturou com a terra, na qual moldou uma serpente
que o picou quando ele por ela passou. Com o veneno caiu em uma
trêmula agonia febril. Isis então se ofereceu para, com sua magia,
aliviar a dor do deus sol em troca do seu nome secreto. Rá tenta
confundir a deusa, recitando uma lista de nomes, mas Isis se faz de
desentendida e permanece obstinada, recusando-se a curar o deus até

28 Margaret Marchic>ri Bakcs


que o verdadeiro nome lhe seja dito. Ela até piora o quadro, levando
o veneno a queimar Rá com mais intensidade. Então, deus sol, em
desespero, revela o seu segredo para Isis que se torna “a senhora dos
deuses que conhece Rá pelo seu verdadeiro nome”.

O aspecto mais relevante desta história é a permissão de Rá


para que Isis passe o conhecimento de seu nome misterioso para o seu
filho, Hórus. Em consequência desta revelação, o Faraó, por firme
determinação da deusa, tal qual Hórus, detém um poder com o qual
nenhum outro deus pode rivalizar.

E a criação do poder divino do Faraó!

Margaret Marchiori Bakos

Universidade Estadual de Londrina

Prefácio 29
30 Margaret Marchiori Bakos
T NTRODUÇÃO

Plutarco

Plutarco nasceu em Queroneia1, uma pequena cidade no


interior da Beócia, na província romana da Acaia, região que
encerrava a península do Peloponeso e o sul da antiga Grécia. As
dimensões da cidade foram comentadas por esse ilustre intelectual,
que abertamente declara seu intento de lá permanecer: “Nós
habitamos uma pequena cidade que amamos ocupar, para que não
se torne menor.” (Vida, de Demóstenes, 2.2)2. Nos dois primeiros
séculos de nossa era, como aponta Grimal, as cidades romanas são
urbanizadas e de grandes dimensões, e suas estruturas se assemelham
à da cidade de Roma (2003, p. 14). Em razão disso, conclui-se

1 Esta breve apresentação de Plutarco foi composta a partir de seus escritos e do


que foi publicado na tradução: Plutarco. Da malícia de Heródoto. Estudo, tradução
e notas de Maria Aparecida de Oliveira Silva. São Paulo: Edusp, 2013, p. 27-31.

2 Os trechos provenientes do Corpus Piutarchi, nome dado ao conjunto da obra


plutarquiana, citados nesta introdução foram traduzidos pela autora.

Introdução 31
que Plutarco, além de demonstrar seu apego à sua cidade natal,
também revela que a magnitude da cidade romana não ultrapassa
a importância de sua pequena cidade, local de memória histórica
dos gregos e de sua memória particular. Do mesmo modo, Plutarco
evidencia seu sentimento de pertença ao mundo grego, bem como
sua responsabilidade pela manutenção dos locais de memória de
seu povo, para que não desapareçam, literalmente, do espaço, e
para que, em última instância, a Grécia não perca sua identidade e
representatividade geográficas.

A cidade natal de Plutarco desponta no cenário histórico do


mundo greco-romano por ter servido de palco para as batalhas de
Filipe da Macedônia, ao lado de seu imberbe filho Alexandre (338
a.C.), e de Sula (86 a.C.). Wilamovitz-Moellendorf nos lembra que
a cidade natal de Plutarco traz sinais de uma dominação anterior
à romana realizada por Felipe da Macedônia, que, quando de sua
vitória na batalha de Queroneia, erigiu uma monumental estátua
comemorativa por ter-se tornado governante da Grécia (1995, p.
48). A pequena cidade, portanto, já era conhecida dos gregos e
romanos por assinalar momentos importantes de sua história. Não
por acaso, essas batalhas foram realizadas em Queroneia, notória por
sua importância na geopolítica greco-romana e por estar localizada
próxima ao desfiladeiro das Termópilas, passagem da Grécia ocidental
para a oriental, ponto estratégico para as ambições de dominação do
mundo grego (Pérez Jiménez, 1985, p. 7-8).

Estima-se que Plutarco tenha nascido em 45 d.C. Conforme


apurou Ziegler, alguns autores dataram sua morte em 125 ou até
mesmo em 127 d.C., mas, em seu entender, a datação correta para
sua morte é 120 d.C., por ser mais fundamentada (1951, cols. 639-
641), mas há vários autores que aceitam a data de 125 d.C. Embora
Plutarco tenha uma vastíssima produção literária, não há referências

32 Maria Aparecida de Oliveira Silva


de autores de seu tempo ou de épocas posteriores que tenham
escrito uma biografia sua ou ainda registrado dados desconhecidos
de sua vida pessoal. As informações de que dispomos encontram-se
distribuídas de forma esparsa em seus escritos.

Plutarco era bisneto de Nicarco, neto de Lâmprias, filho de


Autobulo, irmão de Timon e Lâmprias, casado com Timôxena e pai
de Autobulo, Plutarco, Quéron, Sociaro, Timôxena e um filho ou
filha de nome desconhecido. Plutarco não cita os nomes femininos de
sua família, com exceção de sua mulher e de sua filha. Em Consolação
à Esposa, Plutarco lamenta a perda de três filhos, dentre os quais está
o mais velho (609D), que, no entender de Flacelière, trata-se de outra
filha de Plutarco, porque o nome de seu pai, Autobulo, deveria ser
dado, conforme o costume, ao primeiro filho homem. Tal assertiva
está embasada no fato de Autobulo ter sobrevivido e de Sociaro
ter sido o outro filho morto de Plutarco3. Ele costuma ainda fazer
referências à sua família em vários momentos de sua extensa obra;
por exemplo, em Assuntos de Banquetes, apresenta o irmão Tímon
como organizador de um banquete (615C), registra conversas com
seu pai Autobulo (641F) e o irmão Lâmprias, que lembra o dito pelo
avô (668D).

Na biografia de Antônio, também registra histórias contadas


por seu avô Lâmprias (Vida de Antônio, 27.3) e por seu bisavô
Nicarco (57.7). Plutarco faz também diversas referências aos filhos
Autobulo, Plutarco e Sociaro em Se os Terrestres ou os Marinhos são
os mais Inteligentes dos Animais (959A-985C). Seu filho Autobulo
é o narrador de Diãlogo do Amor, ao passo que o filho Sociaro é
apresentado frequentando lições de poesia em seu tratado Como 0

3 Para mais detalhes, consultar Robert Flacelière, Emile Chambry e Marcei Juneaux,
‫'׳‬Introduction”, em Plutarque: Vies, t. I, Paris: Les Belles Lettres, 1957, nota 6, pp.
XIV-XV.

Introdução 33
Jovem Deve Ouvir Poesia (15A). Por não se encontrar em Queroneia,
em Consolação à Esposa, uma carta consolatoria enviada à sua mulher
após a morte da filha com apenas dois anos de idade, Plutarco revela
ter sido casado com Timôxena e que, juntos, tiveram uma filha com
o mesmo nome e que também perdera seu filho Quéron (609D).

No tratado Do E de Delfos, Plutarco relata que Nero esteve


em Atenas na mesma época em que estudara filosofia com o mestre
Amônio (385B). Em um artigo específico sobre a relação de Plutarco
com o filósofo egípcio, Jones conclui que eles se conheceram em
67 d.C. e que Amônio foi apresentado a Plutarco como mestre
de filosofia e comandante hoplita, quando da realização de uma
cerimônia pública em Atenas (1966, p. 206). Em um estudo
prosopográfico dos amigos de Plutarco, Puech descreve Amônio
como um filósofo platônico, mestre de Plutarco4, originário do
Egito e habitante de Atenas. O mestre egípcio também desenvolveu a
atividade de hoplita e exerceu magistratura em Atenas; de acordo com
a autora, suas tarefas políticas foram realizadas no final do governo
de Nero e no início dos anos 80. Amônio de Lamptras recebeu
cidadania romana com a intervenção de Méstrio Ânio Afrino,
passando a ser nomeado Méstrio Ânio (Puech, 1992, p. 4835).
Froidefond afirma que a contribuição da filosofia platônica na
composição da obra plutarquiana é irrefutável, todavia informa que
Amônio é um produto do platonismo de Alexandria, e o mestre se
estabelece em Atenas para dedicar-se à difusão da filosofia platônica,
embora não se possa mais falar, nesse momento, da influência direta
da Academia em seus ensinamentos, uma vez que o platonismo de
Amônio representa uma síntese dogmática das exegeses alexandrinas
(1987, p. 15-189).

4 Sobre a perspectiva plutarquiana do Egito, consultar: Silva (2013, p. 171-196).

34 Maria Aparecida de Oliveira Silva


Plutarco desempenhou importantes funções na vida pública
de sua região; a primeira delas foi logo ao retornar de seus estudos
em Atenas, quando foi nomeado embaixador junto ao procônsul
da Acaia, como registra em Preceitos Políticos (816B). Ocupou
igualmente os cargos de superintendente da edilícia pública e
chefe da guarda edilícia em sua cidade natal (811B-C); foi ainda
eleito beotarca (814D) e exerceu a função de arconte epônimo em
Queroneia (Assuntos de Banquetes, 642F). Por muitos anos, foi
sacerdote permanente de Apoio em Delfos (700E e 709A), agonoteta
dos jogos Pítios e membro do Conselho dos Anfictiões (Se um
Ancião Deve Engajar-se em Assuntos Piíhlicos, 7SSC).

Por sua amizade com Sósio Senecião, Plutarco conhece o


imperador Trajano, com quem também estabelece amizade e passa
a circular nos corredores dos palácios romanos, a proferir palestras e
a ministrar lições de filosofia a romanos ilustres (Ziegler, 1951, cols.
657-65 8). A fama proveniente de suas palestras e lições proporcionou-
lhe a aproximação com os romanos politicamente mais influentes,
como Lúcio Méstrio Floro (Grube, 1965, p. 14). Este fora o
responsável pela concessão da cidadania romana a Plutarco, que, em
agradecimento a seu amigo, adotou o nome de sua família e passou
a ser denominado, em Roma, de Méstrio Plutarco5. Como afirma
Roskam, Plutarco não registra o recebimento da cidadania romana
em sua obra, o que fortalece sua identificação com a cultura grega
(2004, p. 256). Sabe-se que Plutarco recebeu a cidadania romana
em razão de uma inscrição compilada por Dittenburger (SylP 829).
Trata-se de uma inscrição encontrada em uma inscrição aos pés da
estátua do imperador Adriano em Delfos, na qual Plutarco é citado
como o sacerdote oficial de seu santuário e com o nome de cidadão

5 Como Russell (1973, p. 8) observa, não se pode afirmar qual Imperador lhe
concedeu o título de cidadão romano em virtude do desconhecimento dos
estudiosos sobre o período exato em que Lúcio Méstrio Floro foi cônsul.

Introdução 35
romano Lucius Mestrius Plutarchus. Stadter esclarece que Delfos
era a segunda casa de Plutarco depois da de Queroneia e que sua
relação com o santuário se deu por mais de quinze anos, período
compreendido entre os governos de Nero e Adriano. Delfos, segundo
o autor, representava o domínio romano sobre a cultura grega ao
lado de Atenas, Esparta e Olímpia (2004, p. 19). Outro dado que
valida a inscrição citada é que Plutarco faz menção à sua amizade com
Méstrio Floro em várias passagens de sua obra, como, por exemplo,
cm Assuntos de Banquetes (626F).

Calcula-se que Plutarco tenha iniciado suas funções sacerdotais


em Delfos entre 95 e 100 d.C., período em que não mais exercia
cargos políticos, proferia palestras e ministrava cursos. Desde então
manteve uma vida monástica e passou a redigir seus escritos com
mais intensidade, em especial, as Vidas Paralelas, atividade que
desempenhou até o fim de sua vida. Plutarco relata seu sentimento de
honra em ter servido Apoio Pítio como sacerdote em Delfos no tratado
Se um Ancião Deve Engajar-se em Assuntos Públicos (792F). Ainda
hoje, no Museu de Delfos, encontra-se preservado e aberto à exposição
o célebre epigrama, um dístico, oferecido por délficos, queronenses e o
Conselho dos Anfictiões a Plutarco, com a seguintes palavras:

Δελφοί Χαιρωνεύσιν όρ,ού Πλούταρχον ίθηκαν,


τοϊς Άρ,φικτυόνων δόγρ,ασι πειθόρ,ενοι.

Os delfos junto com os queronenses ofertaram a Plutarco,


por obeceder o decreto dos Anfictions.6
(Dittenbmger Sylt3 843A)

6 Descendentes de Anfíction ou relativo a ele, que era o segundo filho de Deucalião e


de Pirra, foi um rei mítico de Termópilas, quando também realizava assembléias em
Delfos. Posteriormente, casou-se com uma filha de Crânao, rei de Atenas, e se tornou
seu rei após a morte do sogro. Conforme a tradição grega, Anfíction foi quem fez a
escolha do nome da cidade de Atenas e a da sua deusa protetora: Atena.

36 Maria Aparecida de Oliveira Silva


DO TRATADO

O sincretismo religioso de Roma se faz notar nas diversas


religiões presentes no império, do mitraísmo ao catolicismo, cujos
ritos eram seguidos não somente por estrangeiros mas também
por cidadãos romanos. O culto aos deuses egípcios Isis e Osíris se
destacavam entre os romanos, havia também os ritos dedicados a
Serápis, mas a deusa Isis é a que claramente se destaca. Diversos
monumentos são erigidos e muitas são as referências aos isíacos, ao
seu festival Isidis nauigium no qual celebravam sua participação
na navegação como protetora das embarcações e dos navegantes.
Embora não cite o nome desse festival, Apuleio narra sua experiência
em uma festa romana dedicada a Isis, então relata poderes da deusa
que vão além dos assuntos do mar, o autor conta que ela alcança o
céu, o mar, os seres humanos e todos os tipos de animais, selvagens
e domésticos, por isso o especial cuidado com a fertilidade e a
maternidade (O asno de ouro, 11.3-5). Apuleio conta que a deusa
lhe disse: cuius numen unicum multiformi specie, ritu uario/nomine
multiiugo totus ueneratus orbis, isto é, “sou a divindade única, a quem
o mundo inteiro venera sob múltiplas formas, ritos variados e os mais
diversos nomes” (O asno de ouro, 11.5.1). Portanto, Isis desponta
como a deusa principal dos isíacos, vista como a mãe do mundo. O
imaginário isíaco descrito por Apuleio não dista muito do descrito
por Plutarco, razão pela qual elabora um tratado sobre os deuses Isis
e Osíris, com notável admiração pela deusa.

De Isis e Osíris (Περί Ίσιδος και Όσίριδος ou De Iside et Osiride)


recebe este título no Códex de Máximo Planudes, com o número 32.
Enquanto recebe o título de Περί τοΰ κατ’ Ίσιν λόγου και Σάραπιν
ou Tratado sobre Isis e Serapis no Catálogo de Lâmprias e recebe o

7 Literalmente '‫׳‬Barco de Isis”, que era uma festa anual realizada em Roma, no dia 5
de março, em honra à deusa Isis.

Introdução 37
número 118. O primeiro título se difundiu mais em razão do próprio
conteúdo da obra, cuja temática principal é o mito de Isis e Osíris.
Griffiths explica que, quando Plutarco cita o nome de Clea, ele faz
referência à deusa Isis, por ser sacerdotisa de Isis (De Isis e Osíris,
351F) e ainda ter sido iniciada nos ritos de Osíris (364E) (1970,
p. 45). Padovani nos lembra que a figura e o nome de Osíris eram
amplamente conhecidos entre os gregos com o nome de Serápis, um
deus novo à época helenística (2015, p. 123). Em termos estatísticos,
o nome de Osíris é citado diretamente 102 vezes, enquanto o nome
de Serápis aparece grafado 12 vezes.

Sobre estes catálogos, aquele, como notou Lamberton (2001,


p. 5), no tratado Do declínio dos oráculos, Lâmprias é identificado
como seu irmão, e, como o próprio autor ressalta, a datação do
Catálogo de Lâmprias é desconhecida pelos estudiosos, o que,
em nosso entendimento, explica as divergências sobre o grau de
parentesco de Lâmprias em relação a Plutarco. Da mesma forma, é
importante lembrar que Lâmprias era o nome de seu avô e de seu
irmão (Assuntos de banquetes, 617E e 668D). Ressalte-se que não há
qualquer referência sobre Lâmprias como sendo seu filho na obra
plutarquiana. A produção literária de Plutarco atinge a notável soma
de 227 títulos, conforme apurado no Catálogo de Lâmprias, dos
quais 130 não chegaram aos nossos dias. Os títulos remanescentes
encontram-se organizados em duas obras intituladas Vidas Paralelas
e Obras Morais e de Costumes, originalmente listadas por Lâmprias.
No entanto, o Catálogo de Lâmprias não apresenta todas as obras
compostas por Plutarco e arrola obras de autoria duvidosa, o que
impossibilita aos estudiosos afirmar com exatidão o número de
títulos produzidos por ele.

No final do século XIII e início do XIV, Máximo Planudes,


um monge bizantino, divisou os escritos filosóficos, religiosos e de

38 μ aria Aparecida de Oliveira Silva


costumes das biografias dos homens ilustres e nomeou o conjunto dos
tratados plutarquianos àe. Moralia. Segundo a datação proposta por
Manfredini (1992, p. 123), Máximo Planudes realizou seu trabalho
de reunião dos escritos de Plutarco entre 1295 e 1296.’ Para conhecer
a extensão do trabalho de Máximo Planudes com os manuscritos de
vários autores da Antiguidade além de Plutarco, consultar: Schneider
(2009, p. 63-85). Bianconi (2011, p. 114) afirma que Máximo
Planudes concluiu seu Catálogo de dois volumes em 11 de julho de
1296 e que estes se encontram na Biblioteca Nacional da França, gr.
1671, onde também podemos encontrar uma versão menor em um
volume de seu Catálogo, gr. 1674. A Biblioteca Apostólica Vaticana
também abriga o volume destinado aos Tratados morais ou Moralia,
gr. 139, e há ainda uma cópia incompleta dos tratados na Biblioteca
Ambrosiana, que acolhe os de número 1 a 69 do Códex de Máximo
Planudes.

Quanto à época de sua escrita, a datação do tratado feita por


Jones (1966, p. 73) nos levar a crer que foi composto por volta de
115 a.C., quando Plutarco já estava em idade avançada8. O tratado
foi dedicado a Clea, uma sacerdotisa de Delfos, com quem Plutarco
parece nutrir profunda amizade e consideração9. De acordo com o
estudo prosopográfico dos amigos de Plutarco realizado por Puech
(1999, p. 4842-4843), Clea era parente de Mêmia Leôntis, que
pertencia a uma antiga família de Delfos e que por isso ela era a chefe
das Tíades10. A amizade de Clea com Plutarco ocorreu por meio do
sacerdócio em Delfos e pelas discussões filosóficas que travavam, a
sua confiança em Plutarco era tamanha que a sacerdotisa permitiu
que ele fosse responsável pela educação de sua filha Mêmia Eurídice,

8 Estima-se que Plutarco tenha vivido entre os anos 40 e 45 d.C. e 120 e 125 d.C.

9 Tradução de Maria Aparecida de Oliveira Silva (2019).

10 Sobre as Tíades, consultar o parágrafo 364E da tradução.

Introdução 39
que mais tarde se casará com Poliano, e juntos gerarão Flávia Clea,
que também chefiará as Tíades durante o período dos Antoninos.
Plutarco também dedica seu tratado Das virtudes das mulheres à
sacerdotisa e amiga Clea.

A amizade entre Plutarco e Clea era tão sólida que se estendeu à


filha de sua admirada amiga e companheira de sacerdócio em Delfos.
O tratado Preceitos conjugais é oferecido como presente aos recém-
casados Poliano e Eurídice. Esta é filha de Cleo, que se tornou amiga
de Plutarco à época em que ele desempenhou a função de sacerdote
em Delfos, e Poliano é filho de Sociaro, um amigo íntimo de nosso
autor. Quando recém-casados, Poliano e Cleo receberam um tratado
para celebrar sua união, como podemos ler a seguir:

Depois da lei pátria, com que a sacerdotisa de Deméter estabeleceu


a harmonia entre vós que fostes unidos pelo casamento, penso
também que o presente tratado, que atua em consonância
convosco e celebra ao mesmo tempo o vosso himeneu, podería
torna-se um tanto útil e afinado com o costume.
(Plutarco. Preceitos conjugais, 138B)

Quanto à natureza desse tratado plutarquiano, Ziegler (1951,


col. 636) coloca De Isis e Osíris m categoria dos escritos teológicos (Die
theologishen Schriften), com o que também concordaram Flacelière e
Irigoin (1987, p. 9). Plutarco segue o pensamento filosófico de Platão
que nos conduz à teologia, no sentido de elaborar um discurso sobre
os deuses a partir de preceitos filosóficos, dado que torna possível a
compreensão do divino, o que nos leva a entender melhor a seguinte
afirmação de Plutarco:

nas Leis, já mais velho, não por meio de alegorias nem


simbolicamente, mas com nomes adequados, afirma que com
uma só alma não se move o mundo, mas com muitas, talvez com
duas, certamente não menos; portanto, destas, é uma benéfica
e a outra lhe é contrária, também é artífice do contrário; deixa
também uma terceira que é uma natureza intermediária, não

40 Maria Aparecida de Oliveira Silva


desprovida de alma nem razão, nem de movimento próprio,
como alguns consideram, mas depende de ambas aquelas
duas, que seguem a melhor sempre, tanto a desejam como a
perseguem, o que se mostrará na continuação do nosso tratado,
que se propõe especialmente a acomodar a teologia dos egípcios
a essa filosofia.
(Plutarco. De ísis e Osíris, 370F-371A)

A interpretação filosófica e teológica do mundo que Plutarco


engendra em sua escrita tem como finalidade cosmogônica, voltada
para a criação e ordenamento do mundo. Os ritos religiosos egípcios
surgem associados ao Pitagorismo, a ida de Pitágoras ao Egito
levou-o a aprender e compreender a teologia egípcia e o capacitou a
interpretá-la à luz de sua filosofia, como podemos ler nos parágrafos
352C a 355D. A filosofia pitagórica em muito influenciou a de
Platão, não por acaso, como notou De Piemonte, já do prólogo deste
tratado é possível perceber a perspectiva platônica do mito, pois o
mito é importante para o conhecimento, e ainda a visão platônica
de tríade com Osíris, Isis e Tífon e a presença do mal no mundo
(2106, p. 81). Dillon afirma que Pitágoras é um filósofo muito
respeitado por Plutarco, por seus ensinamentos e seu modo de vida,
mas que, ao longo de sua vida, a sua preferência foi marcadamente
platônica (p. 143) Não podemos ainda deixar de lado o pensamento
heraclitiano que se manifesta na ideia plutarquiana de aparecimento e
desaparecimento e que claramente se refere ao aforisma de Heráclito:
“O que nasce tende a desaparecer”, como nos ensina Hadot (2004, p.
7-12). Petrucci reforça o argumento de que a cosmogonia proposta
por Plutarco segue a elaborada por Platão no diálogo Timeu, 21a7 e
ss., enfatizando o poder do bem, pois o mal não pode ser destruído
(2016, p. 235-236).

Introdução 41
DO ENREDO

Logo nas primeiras linhas de seu tratado, Plutarco revela o


tema central de sua obra: obter a verdade divina a partir do divino. Em
seguida, critica as narrativas míticas que se excedem nas descrições das
façanhas dos deuses e nos registros dos acontecimentos maravilhosos
que os circundam. Plutarco nos mostra que, na longa duração, essas
palavras perderam sua essência porque passaram a sofrer a interferência
de superstições e do gosto por narrativas fantasiosas. Como notou
Griffiths, Plutarco rejeita a superstição e o ateísmo de seu tempo,
aceita o politeísmo religioso egípcio, mas interpretado sob as lentes da
filosofia grega (1970, p. 32). Desse modo, a verdade sobre os deuses
torna-se imperativa e necessária para a relação entre homens e deuses,
para que os homens sejam justos ao falar de um ser divino sem a
presença de superstições nem de ações dissonantes da essência divina.
Não por acaso Plutarco inicia seu tratado assim:

Tudo que é bom, ó Clea, os inteligentes devem pedir para si


junto aos deuses, sobretudo suplicamos em nossa busca obter
da parte deles, o quanto for possível aos homens alcançar,
o conhecimento deles em sua essência. Porque não há nada
melhor para um homem receber nem mais venerável para
conceder a um deus que a verdade.
(Plutarco. De Isis e Osiris, 351C-D)

E clara a intenção de Plutarco de distinguir os homens dos


deuses, não lhes atribuindo a imortalidade como os antigos gregos
faziam, mas explicando que os deuses se diferenciam dos humanos
por seu conhecimento da verdade11. Portanto, é esta onisciência que
os torna divinos, algo que jamais poder ser aspirado pelo ser humano.
No entanto, a veneração pelos deuses encaminha os mortais a um
conhecimento elevado e dotado de verdade, através do conhecimento
dos assuntos divinos. Nesse sentido, Plutarco argumenta que a

ΊΊ Consultar o parágrafo 351E.


etimologia do nome da deusa Isis já nos conduz à verdade por meio
do senso de realidade que desperta em quem a cultua, conforme
lemos a seguir:

Pois Isis é um nome helênico, [...] a palavra sagrada, a que a deusa


reúne, organiza e transmite aos iniciados em seus ritos, por sua
natureza divina; com perseverança e uma vida moderada, com
privações de muitos alimentos e dos prazeres de Afrodite, impede
a licenciosidade e o gosto pelo prazer, para que permaneçam
austeros e firmes nos assuntos sagrados pelo costumeiro
serviço prestado aos deuses nos templos, pelos quais o fim é o
conhecimento do ser primeiro, do senhor e do inteligível, a quem
a deusa convida a buscar como se estivesse e convivesse junto a
ela e com ela. E o nome do seu templo também evoca claramente
conhecimentos e saberes da realidade; pois recebe o nome de
Iseion para que conheçamos a realidade, se, com razão e piedade,
entrarmos nos templos da deusa.
(Plutarco. Deísis e Osiris, 351F-352A)

O conhecimento adquirido junto aos deuses possibilita o


entendimento da origem do mundo, do seu ordenamento e do lugar
do mortal na terra e na relação com os deuses. Plutarco afirma que “o
deus concede aos homens o que eles necessitam e os torna partícipes
da inteligência e da sabedoria que lhe são próprias e das quais faz
uso,” {Deísis e ()siris, 351C). A sabedoria divina que toca o intelecto
humano o torna produtivo e autossuficiente, pois aprende a retirar
da terra, do céu e do mar tudo que precisa para a sua existência e
o culto aos deuses. Plutarco esclarece que o poder de Zeus se apoia
em um conhecimento abrangente, onisciente e admirável sabedoria,
elementos que justificam sua divindade eternidade, de onde conclui
que “aspirar à divindade é o desejo da verdade” (351E).

Como é característico de sua obra, Plutarco traz informações


sobre a religião e a religiosidade dos egípcios com o olhar de quem
se vê partícipe dessa cultura, tal pensamento é nutrido pelo fato de
elementos da cultura grega também terem influenciado os egípcios.
Desse modo, Plutarco apresenta pontos de contato entre esses dois
povos e alguns aspectos dessa relação entre essas diferentes culturas,
então explica a origem grega do nome da deusa egípcia Isis:

E muitos ainda têm concluído em suas investigações que ela


era filha de Hermes, e muitos outros, de Prometeu, porque
consideram a descoberta da sabedoria e da previsão como sendo
deste segundo, e a da gramática e a da música como sendo de
Hermes; por isso também chamam Isis de a primeira das
Musas, junto com Diceosine, por sua sabedoria [...]
(Plutarco. De Isis e Osiris, 352A)

Mas Isis não é a única, Plutarco associa Hórus a Apoio, Serápis


a Osiris, e muitos outros deuses egípcios a divindades de origem
grega, discorrendo com propriedade sobre a etimologia e a pronúncia
dos nomes no Egito (Richter, 2001, p. 196-197). Assim, Plutarco
revela ao mundo romano as marcas linguísticas deixadas pelos
séculos de convivência entre gregos e egípcios, com especial ênfase no
período em que os gregos colonizaram várias regiões do Egito. Este
processo de associação direta entre os nomes dos deuses gregos e os
egípcios, com as mesmas características e atributos, conhecido como
interpretatio Graeca, conforme nos esclarece Graf (1998, p. 1042-
1043). Convém lembrar que a religião e a religiosidade egípcias em
Plutarco manifestam ainda sua idealização tanto da cultura filosófica
e religiosa dos gregos como da religiosidade egípcia (Borghini, 1991,
p. 121). Sob essa perspectiva, Plutarco parece mesclar sua descrição
dos egípcios à sua visão do que seriam os gregos e sua conduta
filosófica. Observemos esta passagem:

Pois nenhum elemento irracional, nem fabuloso, nem em favor


da superstição, como alguns consideram, foi instituído nas suas
práticas religiosas, mas princípios éticos e causas úteis, e o que
não está desprovido da fina arte da investigação e do estudo da
sua natureza [...].
(Plutarco. De Isis e Osiris, 353E)

44 Maria Aparecida de Oliveira Silva


Plutarco aponta para a racionalização dos ritos e deuses
egípcios por meio da contribuição da filosofia grega na elaboração de
conceitos e na escrita de uma mitologia pautada na razão filosófica.
A análise de nosso autor destina-se à crítica dos cultos baseados nos
êxtases de seus integrantes, carregados de superstições e de ações
sem sentido. A religião em Plutarco está permeada pela razão, o que
confere ao ser humano a consciência de sua existência, um lugar no
mundo dos mortais que pode ou não lhe ser favorável. O conceito de
raciocínio lógico é constante nas obras plutarquiana e serve de baliza
para suas conclusões, um exemplo disso está expresso neste parágrafo:

Pois, dentre as doenças que são próprias do corpo, o raciocínio


lógico, mesmo enfraquecido, percebe-as, enquanto as que
são da alma, embora doente, porque ela mesma não tem o
discernimento de que sofre com isso, pois sofre com o que
julga; e devemos contar como o primeiro e o maior dos males
anímicos a ignorância, por meio da qual, o vício é incurável
para a maioria que com ele convive, passa a vida e morre.”
(Plutarco, Se aspaixões da alma sãopiores que as do corpo, 500E-F)

O raciocínio lógico (λογισμός/logismós) neste texto aparece


como algo intrínseco à condição humana, capaz de identificar
alterações no corpo, e as alterações da alma são afetadas pela ignorância
(άνοια/ánoia), que debilita sua capacidade de raciocinar sobre o seu real
estado. Além do raciocínio lógico (λογισμός/logismós), outro conceito
importante, derivado deste, é o de razão (λόγος/ logos), fundamental
para a compreensão da filosofia que o conduzirá ao caminho da
virtude, conforme lemos abaixo:

Não vês que os doentes resistem, recusam e rejeitam com


desprezo as refeições mais saborosas e dispendiosas; que lhes
oferecem e os forçam a aceitá-las, depois que a constituição do
corpo muda, a respiração torna-se eficiente, o sangue regulado
e a temperatura do corpo costumeira, levantam-se, agradecem
e sentem prazer em comer pão simples com queijo e agrião?
A razão incute na alma tal disposição. Serás independente se

Introdução 45
aprenderes o que é belo e bom; serás voluptuoso na pobreza e
viverás como rei, e desejarás uma vidasem trabalho e particular
não menos que uma vida de estratégias militares e cargos
políticos; se não vives sem o prazer de filosofar, por toda parte
viverás e aprenderás com prazer, e de tudo; e a riqueza te alegrará,
porque serás o benfeitor de muitos; e a pobreza, porque muitas
vezes não te preocuparás com ela; a fama, porque serás honrado;
e a falta de fama, porque não serás invejado.
(Plutarco. Da virtude e do vício, 101C-E)

A sorte do ser humano depende do seu raciocínio lógico, de sua


razão e de sua capacidade de pensar a sua existência através do divino e
de preencher seu pensamento com razão e sabedoria, sempre em busca
da verdade. A tradição filosófica à qual se filia Plutarco nos é revelada,
ele cita as referências de onde partiram suas conclusões:

E dão testemunho disso também os mais sábios dos helenos,


Sólon, Tales, Platão, Eudoxo, Pitágoras, como alguns dizem,
também Licurgo, que foram ao Egito e andaram em companhia
dos sacerdotes. Contam que Eudoxo escutou com atenção
Conúfis de Mênfis, e Sólon a Sônquis de Sais, e Pitágoras a
Enúfis, um heliopolitano.
(Plutarco. De Isis e Osíris, 354E)

Com isso, Plutarco delineia um panorama do pensamento


filosófico dos antigos gregos sobre o Egito por meio dos registros dos
sábios que conviveram com filósofos egípcios. Embora descreva uma
situação de troca cultural e intelectual entre gregos e egípcios, como
vimos, a inclinação de Plutarco é destacar a influência grega no Egito,
dado que se faz presente em muitos trechos de sua narrativa. O contato
dos gregos com os egípcios como algo indelével na constituição da
identidade egípcia, ele constrói essa aproximação etimológica dos
nomes dos deuses egípcios a vocábulos gregos com o objetivo único de
evidenciar a fundamental contribuição dos filósofos gregos. O papel
da filosofia grega no entendimento da religião egípcia afasta dela as
crendices e os pensamentos supersticiosos, pois:

46 Maria Aparecida de Oliveira Silva


Por isso, diante dessas questões, devemos sobretudo tomar
como guia a razão vinda da filosofia, refletir piedosamente
sobre cada uma das doutrinas e ritos, do mesmo modo que
Teodora disse que as palavras que com a mão direita ele oferecia
a alguns dos seus ouvintes eles as recebiam com a mão esquerda;
assim, nós não cometamos o erro de entender de outro modo
o que os costumes estabeleceram com excelência sobre os ritos
sacrificiais e as festas.
(Plutarco, De ísise Osíris, 378A-B)

E será por intermédio da filosofia grega que Plutarco


discursará em favor da filosofia e da religião como meios de se
encontrar a verdade através do conhecimento do divino, uma vez
sustentado pelos princípios filosóficos:

Por isso também Platão e Aristóteles chamam a essa parte da


filosofia de epóptica, o quanto os que ultrapassaram com o
auxílio da razão todas essas situações, confusas e misturadas,
que se deslocam em direção ao primeiro, simples e imaterial,
e tocam realmente a pura verdade que o cerca, como em um
festival com ritos místicos, consideram que atingiram o fim
último da filosofia.
(Plutarco, De ísis e Osíris, 382D-E)

Ao longo do tratado plutarquiano é exposto, ainda que


superficialmente, o pensamento de um grande número de filósofos
gregos, e dentre eles o mais citado é Platão. Plutarco dedica-se
com afinco a explicar os acontecimentos religiosos dos egípcios
empregando vários argumentos psicológicos, históricos, políticos,
econômicos e estéticos, com ênfase naqueles que ressaltam o conceito
de razão filosófico-religiosa contido em sua educação platônica.
Em um estudo de fôlego sobre a religião egípcia em Plutarco, Hani
demonstra que Plutarco descobriu no culto a Isis reflexões filosóficas
dos pensadores gregos, em particular os preceitos observados pelo
filósofo ateniense Platão (Hani, 1976, p. 8).

Introdução 47
Em seu tratado De Isis e Osiris, Plutarco sintetiza o sincretismo
religioso de gregos e egípcios, iniciado já à época ptolomaica. Desde a
instauração no Egito da dinastia dos Ptolomeus, seus reis estimularam
a criação de uma religião greco-egípcia. No entanto, esta jamais se
tornou predominante no Egito, como o próprio Plutarco admite,
quando se refere à diversidade cultural e religiosa dos territórios
egípcios (Calderón Dorda, 1996, p. 203). No entanto, a visão de
Egito que transmite em seu tratado privilegia a visão corrente na
cidade de Alexandria, como se a parte respondesse pelo todo (Scott-
Moncrieff, 1909, p. 89).

Outro ponto interessante nesse tratado, como notou


Pérez Lagarcha, reside no fato de Plutarco citar vários autores que
escreveram sobre o povo egípcio, exceto Heródoto. E é sabido
que o segundo livro da obra herodotiana é dedicado aos hábitos,
costumes e histórias do Egito. Com bem assinala o autor, as razões
estão emd malícia de Heródoto, 857 A-D, em que Plutarco censura
Heródoto por sua conduta favorável aos egípcios ao afirmar que
várias divindades gregas eram procedentes do Egito. Dessa maneira, o
discurso plutarquiano sobre o sincretismo filosófico e religioso entre
gregos e egípcios reforça seu sentimento de superioridade cultural dos
gregos (Pérez Lagarcha, 1990, p. 196). A interpretação herodotiana
dos egípcios recebe acirradas críticas de Plutarco, que contesta com
veemência a maledicência de Heródoto, quando atribui origem
egípcia aos deuses gregos Dioniso e Deméter e quando afirma que
Héracles foi um deus cultuado no Egito antes de sê-lo na Grécia (Da
Malícia deHeródoto, 857C-D).

Froidefond entende que Plutarco nos traz uma releitura do


Livro II - Euterpe, de Heródoto, pelas razões já expostas em seu
tratado Da malícia de Heródoto (1988, 56-59). E claro que Plutarco
não aceita o parecer de Heródoto sobre o Egito, pelo contrário,

48 Maria Aparecida de Oliveira Silva


vemos em muitos momento seus relatos serem dissonantes e até
contraditórios. O cerne da questão está na visão de Plutarco sobre
Heródoto, pois afirma que o historiador de Halicarnasso é um
“filobárbaro” ou philobarbaros (φιλοβάρβαρος). Plutarco também
cria um efeito de sentido ao se referir a Heródoto como “o nobre”
ou ho gennaios (ό γενναίος) {Da Malícia de Heródoto, 856E), termo
que deriva de génna (γέννα), cujo significado nos remete à “raça”,
“boa raça” e “descendência”. Entendemos que este termo é escolhido
de maneira irônica, porque deseja ressaltar a descendência grega de
Heródoto, mas que pertence a uma região de colonização grega na
Ásia Menor, portanto mais próxima dos bárbaros.

Heródoto é visto como um grego arcaico, que não foi


influenciado por esse racionalismo filosófico clássico, por isso
inconcebível para a estrutura dialógica deste tratado plutarquiano.
Pois, como afirma Lozano Castro, a religiosidade plutarquiana se
manifesta em três tendências marcantes: a influência egípcia, a da
própria religião grega e a convergência delas, concebidas a partir da
oposição “puro” e “impuro”, sob a influência da filosofia platônica
(Lozano Castro, 1994, p. 261-263). E como bem notou Parthey, no
entender de Plutarco, Heródoto interpreta a religião e a religiosidade
dos egípcios sob a ótica investigativa do historiador, não como ele
postula, o uso da história aliada à filosofia (1850, p. X).

Da tradução

Dezessete são os manuscritos que nos transmitem o texto do


tratado De Isis e Osíris, os mais citados nas traduções modernas são
Ambrosianus 859, que se encontra na Biblioteca Ambrosiana de
Milão, de 1295-1296, e o Parisinius graecus 1671 A, de 1296, uma
cópia do primeiro e está localizado na Biblioteca Nacional da França,
em Paris, em razão de serem as cópias mais antigas. Estes manuscritos

Introdução 49
são o resultado do exaustivo trabalho de classificação e ordenação
completa de todos de Moralia realizado pelo monge bizantino
Máximo Planudes. Entre os antigos, Eusébio de Cesareia, século IV
d.C, em Preparação evangélica, e Estobeu, see. V d.C., em Antologia,
este último cita vários trechos deste tratado (Pordomingo Pardo, 1995,
p. 46-48). Depois destes trabalhos, outros mais abrangentes foram
elaborados a partir destes que classificam e organizam as biografias
plutarquianas junto com os tratados morais.

Dentre as traduções publicadas nos tempos modernos, as


mais importantes são a de Samuel Squire, Samuel, com comentários
de Xylandri, Baxter!, Bentleii e Marklandi, reconhecidos editores
dos manuscritos plutarquianos; J. Bentham, Cambridge, em
174412; Gustav Parthey, em 185013, publicada por Nicolaische
Buchhandlung, em Berlim; Frank Cole Babbitt para a Loeb Classical
Library, em 1936; J. Gwyn Griffiths, publicada em Cambridge, em
1970; Marina Cavalli, publicada em Milão, em 1985; de François
Froidefond para a Les Belles Lettres (Coleção Budé), em Paris, 1988
e Francisca Pordomingo Pardo para a Gredos, Madrid, 1995. Em
língua portuguesa, com tradução direta do grego antigo, temos a de
Jorge Fallorca, publicada em Lisboa, em 2001, que não é bilíngue.
Agora temos a primeira tradução bilíngue em língua portuguesa feita
no Brasil, em São Paulo, entre os anos de 2019 e 2021, publicada em
2022, feita por Maria Aparecida de Oliveira Silva.

Esta tradução intenta seguir, na medida do possível, o original


grego em seus significado e sintaxe. Longe da pretensão de ser fiel ao
original por entender que a realidade linguística de nosso tempo não

12 A consulta a esta obra pode ser feita no site: https:Awellcomecollection.org/


works/cwszu9rw/items.

13 Edição que pode ser lida e baixada no site: https://digi.ub.uni-heidelberg.


de/diglit/plutarch1850.

50 Maria Aparecida de Oliveira Silva


corresponde à época de Plutarco, certamente há nuanças perceptíveis
apenas aos de seu tempo e que nós recebemos como informações,
por vezes desconexas. Esta realidade se impõe pelo espaço temporal
decorrido e pelo seu contexto histórico-cultural, os quais definem suas
particularidades nas escolhas das palavras que ora nos fornecem fios
que nos ligam a outros debates, muitos deles soltos, a nos intrigar e
nos fazer pensar sua razão de ser. A introdução desta tradução trouxe
apenas algumas das muitas questões levantadas ao longo deste tratado,
pela riqueza temática e conceituai de sua obra, fomos obrigados a fazer
um recorte, mas há outras questões levantadas nas notas que nos levam
diversas reflexões.

Introdução 51
ΕΡΙ ΙΣΙΔΟΣ ΚΑΙ

Π ΟΣΙΡΙΔΟΣ1

‫ן‬ e Isis e Osiris

1 Texto grego estabelecido por W. Sieveking. In: Plutarchi. Moralia. Vol. 2.3. De Iside
et Osiride. Ed. W. Sieveking. 2’ ed. Leipzig: Teubner, 1971.
35JC i. Πάντα μέν, ώ Κλέα, δει τάγαθά τούς νουν
έχοντας αίτεΐσθαι παρά των θεών, μάλιστα δε τής
περί αύτών επιστήμης δσον εφικτόν εστιν άνθρώποις
D μετιόντες εύχόμεθα τυγχάνειν παρ’ αύτών εκείνων·
ως ούθεν άνθρώπω λαβεΐν μεΐζον, ού χαρίσασθαι θεώ
σεμνότερον άληθείας. τάλλα μεν γάρ άνθρώποις δ θεός
ών δέονται δίδωσιν, νοΰ δε και φρονήσεως μεταδίδωσιν
οίκεΐα κεκτημένος ταΰτα και χρώμενος. ού γάρ άργύρω
και χρυσώ μακάριον τδ θειον ούδε βρονταΐς και
κεραυνοΐς ισχυρόν, άλλ’ επιστήμη και φρονήσει, και
τούτο κάλλιστα πάντων 'Όμηρος ών ε’ίρηκε περί θεών
άναφθεγξάμενος

’ή [Μν άγφοτέροιστν όγόν γένος ία πάτρη,


αΧλα Ζευς πρότερος γεγόνει και πλείονα ηΰει ’

σεμνοτέραν άπέφηνε τήν τού Δ ιός ήγεμονίαν επιστήμη


Ε και σοφία πρεσβυτέραν ούσαν. οΐμαι δε καί τής αιωνίου
ζωής, ήν δ θεός ε’ίληχεν, εύδαιμον είναι τδ τή γνώσει μή
προαπολείπειν τά γινόμενα· τού δε γινώσκειν τά δντα
καί φρονεΐν άφαιρεθέντος ού βίον άλλά χρόνον είναι τήν
άθανασίαν.

2. διό θειότητος δρεξίς εστιν ή τής άληθείας μάλιστα δε


τής περί θεών εφεσις, ώσπερ άνάληψιν ιερών τήν μάθησιν
εχουσα καί τήν ζήτησιν, άγνείας τε πάσης καί νεωκορίας
εργον δσιώτερον, ούχ ήκιστα δέ τή θεώ ταύτη κεχαρισμένον,
ήν σύ θεραπεύεις εξαιρέτως σοφήν καί φιλόσοφον ούσαν,
ως τούνομάγε φράζειν εοικε παντός μάλλον αύτή τδ είδέναι
F καί τήν επιστήμην προσήκουσαν. Ελληνικόν γάρ ή ΫΙσίς
εστι καί δ Τυφών πολέμιος ών τή θεώ καί δι’ άγνοιαν καί
άπάτην τετυφωμένος καί διασπών καί άφανίζων τον ιερόν
λόγον, δν ή θεός συνάγει καί συντίθησι καί παραδίδωσι τοΐς

54 Πλούταρχος | Plutarco
1. Tudo que é bom, ó Clea1, os inteligentes2 devem pedir 351C1
para si junto aos deuses, sobretudo suplicamos em nossa busca
obter da parte deles, o quanto for possível aos homens alcançar, o
conhecimento deles em sua essência. Porque não há nada melhor [ )
para um homem receber nem mais venerável para conceder a um
deus que a verdade3. Pois, quanto ao resto, o deus concede aos
homens o que eles necessitam e os torna partícipes da inteligência e
da sabedoria que lhe são próprias e das quais faz uso. Pois não é pela
prata e pelo ouro que o divino é bem-aventurado nem pelos trovões
e raios que é forte, mas por seu conhecimento e pensamento; dentre
tudo que já foi dito sobre os deuses, isso foi o que Homero4 recitou
do modo mais belo sobre os deuses com elevação na voz:

Sem dúvida, ambos tinham a mesma linhagem e uma sópátria,


mas Zeus5 havia nascido primeiro e era 0 que mais sabia‫״‬

revelou que a hegemonia de Zeus é mais venerável por seu


conhecimento e sua sabedoria, porque é a mais antiga. E penso E
também que a felicidade da vida eterna, que coube ao deus por
sorteio, é o que por ela conhecerá sem que os acontecimentos lhe
escapem; e se fossem retirados o conhecimento e o pensamento da
sua existência, a imortalidade não seria vida, mas o passar do tempo7.

2. Em razão disso, aspirar à divindade é o desejo da verdade8,


especialmente à relacionada aos deuses, como elevação dos assuntos
sagrados, obtendo-a por meio de aprendizado e investigação,
tarefa mais sagrada que toda purificação e dedicação ao templo,
não menos grata a essa deusa que tu serves9, porque ela é sábia e
filósofa com distinção, como o seu nome parece indicar10, mais
que tudo lhe convém o saber e o conhecimento. Pois Isis11 é um p
nome helênico, também o é Tífon12, que é inimigo da deusa e
está cego13 por ignorância e engano, subverte e esconde a palavra
sagrada, a que a deusa reúne, organiza e transmite aos iniciados

1 As numerações desta tradução seguem as divisões feitas por Henricus


Stephanus, séc. XVI, em parágrafos (351C-384C) e as de Máximo
Planudes, séculos XIII-XIV, em capítulos (1-80).

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 55


τελουμένοις διά θειώσεως σώφρονι μεν ενδελεχώς διαίτη και
βρωμάτων πολλών και αφροδισίων άποχαΐς κολουούσης το
352‫ ^־‬ακόλαστον και φιλήδονον, άθρύπτους δε και στερράς εν ίεροΐς
λατρείας εθιζούσης ύπομένειν, ών τέλος εστίν ή του πρώτου
καί κυ ρίου καί νοητού γνώσις, δν ή θεός παρακαλεΐ ζητεΐν παρ’
αύτή καί μετ’ αύτής όντα καί συνόντα. του δ’ ιερού τοΰνομα
καί σαφώς επαγγέλλεται καί γνώσιν καί ε’ίδησιν του δντος-
ονομάζεται γάρ Ίσεΐον ώς είσομένων το δν, αν μετά λόγου καί
δσίως είς τα ιερά της θεού παρέλθω μεν.

3. Έτι πολλοί μεν Έρμου, πολλοί δε Προμηθέως


ίστορήκασιν αυτήν θυγατέρα, ών τόν μεν έτερον σοφίας καί
προνοίας, Έρμήν δε γραμματικής καί μουσικής εύρετήν
νομίζοντες. διό καί τών εν Έρμου πόλει Μουσών τήν
g προτέραν Τσιν αμα καί Δικαιοσύνην καλούσι, σοφήν ούσαν,
ώσπερ ε’ίρηται, καί δεικνύουσαν τα θεία τοΐς αληθώς καί δικαίως
ίεραφόροις καί ίεροστόλοις προσαγορευομένοις· ουτοι δ’ είσίν οί
τόν ιερόν λόγον περί θεών πόσης καθαρεύοντα δεισιδαιμονίας
καί περιεργίας εν τη ψυχή φέροντες ώσπερ εν κίστη καί
περιστέλλοντες, τα μεν μέλανα καί σκιώδη τα δε φανερά καί
λαμπρά τής περί θεών ύποδηλούντες οίήσεως, οΐα καί περί τήν
εσθήτα τήν ίεράν άποφαίνεται. διό καί τό κοσμεΐσθαι τούτοις τούς
άποθανόντας Ίσιακούς σύμβολόν εστι τούτον τόν λόγον είναι
C μετ’ αύτών, καί τούτον έχοντας άλλο δε μηδέν εκεί βαδίζειν. ούτε
γάρ φιλοσόφους πωγωνοτροφίαι, ώ Κλέα, καί τριβωνοφορίαι
ποιούσιν ούτ’ Ίσιακούς αίλινοστολίαι καί ξυρήσεις· άλλ’ Ίσιακός
εστιν ώς αληθώς δ τα δεικνύμενα καί δρώμενα περί τούς θεούς
τούτους, δταν νόμω παραλαβή, λόγω ζητών καί φιλοσοφών περί
τής εν αύτοΐς αλήθειας.

4. έπεί τούς γε πολλούς καί τό κοινότατον τούτο καί


σμικρότατον λέληθεν, εφ’ δτω τάς τρίχας οί ιερείς άποτίθενται
καί λινός εσθήτας φορούσιν· οί μεν ούδ’ δλως φροντίζουσιν
είδέναι περί τούτων, οί δε τών μεν ερίων ώσπερ τών κρεών

56 Πλούταρχος | Plutarco
em seus ritos, por sua natureza divina; com perseverança e
uma vida moderada, com privações de muitos alimentos e
dos prazeres de Afrodite14, impede a licenciosidade e o gosto 352A
pelo prazer, para que permaneçam austeros e firmes nos assuntos
sagrados pelo costumeiro serviço prestado aos deuses nos templos,
pelos quais o fim é o conhecimento do ser primeiro, do senhor e
do inteligível15, a quem a deusa convida a buscar como se estivesse e
convivesse junto a ela e com ela. E o nome do seu templo também
evoca claramente conhecimentos e saberes da realidade; pois recebe
o nome de Iseion16 para que conheçamos a realidade, se, com razão
e piedade, entrarmos nos templos da deusa.

3. E muitos ainda têm concluído em suas investigações que


ela era filha de Hermes1', e muitos outros, de Prometeu18, porque
consideram a descoberta da sabedoria e da previsão como sendo
deste segundo, e a da gramática e a da música como sendo de
Hermes; por isso também chamam Isis de a primeira das Musas19, B
junto com Diceosine20, por sua sabedoria, como já foi dito21, que
mostra os assuntos divinos aos que, de modo verdadeiro e justo,
são chamados hieróforos22 e hieróstulos23; os primeiros são os que
carregam na alma, como em uma cesta, a palavra sagrada sobre os
deuses, que é isenta de toda superstição24 e indiscrição, enquanto os
segundos sugerem elementos obscuros e sombrios, também claros
e brilhantes da noção que têm dos deuses, que se evidenciam em
suas vestes sagradas. Por isso também, adornar com esses elementos
os Isiacos25 mortos é um sinal de que essa palavra está com eles,
de que a detêm e de que nada além dela caminha para a morada c
dos mortos com eles. Pois os filósofos não são os que deixam suas
barbas crescer, ó Clea, e trajam mantos puídos, nem Isiacos são os
que usam vestes de linho e se barbeiam26·, mas um Isiaco de verdade
é aquele que, quando recebe legitimamente da tradição o que se vê
e o que se faz a esses deuses, por meio da razão, busca e se aplica
filosoficamente ao estudo da verdade existente nisso.

4. Certamente, visto que a maioria não percebe isso, que é o


mais comum e o menos importante, o porquê os sacerdotes cortam
seus cabelos e trajam vestes de linho2'; uns não estão absolutamente
nada preocupados em saber disso, outros dizem que evitam a lã,

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osiris 57 ÈUÍgÍlÊ


352D σεβόμενους τό πρόβατου άπέχεσθαι λέγουσι, ξύρεσθαι δέ
τάς κεφαλάς διά τό πένθος, φορεΐν δε τά λινά διά την χρόαν,
ήν τό λίνον ανθούν άνίησι τη περιεχούση τον κόσμον αίθερίω
χαροπότητι προσεοικυΐαν. ή δ’ αληθής αιτία μία πάντων εστί·
‘καθαρού γάρ’ ή φησιν ό Πλάτων ‘ού θεμιτόν άπτεσθαι μη
καθαρω·’ περίσσωμα δε τροφής και σκύβαλον ούδεν άγνόν ουδέ
καθαρόν εστιν· εκ δε περιττωμάτων έρια και λάχναι και τρίχες
και όνυχες άναφύονται και βλαστάνουσι. γελοΐον οΰν ήν τάς
μεν αυτών τρίχας εν ταΐς άγνείαις άποτίθεσθαι ξυρωμένους και
Ε λειαινομενους πάν όμαλώς τό σώμα, τάς δε τών θρεμμάτων
άμπεχεσθαι και φορεΐν· και γάρ τον Ησίοδον οϊεσθαι δεΐλέγοντα

’μηθ’ ά.π'0 πεντόζοιο θεών έν θαιτ'ι θαλείς


αύον ά.π'0 χλωρού τάμνειν αίθωνι σιθήρω’

διδάσκειν ότι δει καθαρούς τών τοιούτων γενομενους


εορτάζειν, ούκ εν αύταΐς ταΐς ίερουργίαιςχρήσθαι καθάρσει
καί άφαιρεσει τών περιττωμάτων, τό δε λίνον φύεται μεν
εξ άθανάτου τής γής καί καρπόν εδώδιμον άναδίδωσι,
λιτήν δέ παρέχει καί καθαράν εσθήτα καί τώ σκέποντι μή
βαρύνουσαν, εύάρμοστον δέ προς πάσαν ώραν, ήκιστα δέ
φθειροποιόν, ως λέγουσι· περί ών έτερος λόγος.

F 5. οί δ’ ιερείς οϋτω δυσχεραίνουσι τήν τών


περιττωμάτων φύσιν, ώστε μή μόνον παραιτεΐσθαι τών
οσπρίων τά πολλά καί τών κρεών τά μήλεια καί ϋεια
πολλήν ποιοΰντα περίττωσιν, άλλά καί τούς άλας τών
σιτίων εν ταΐς άγνείαις άφαιρεΐν, άλλας τε πλείονας
αιτίας έχοντας καί τό ποτικωτέρους καί βρωτικωτέρους
ποιεΐν επιθήγοντας τήν δρεξιν. τό γάρ, ως Αρισταγόρας
έλεγε, διά τό πηγνυμένοις πολλά τών μικρών ζώων
εναποθνήσκειν άλισκόμενα μή καθαρούςλογίζεσθαι τούς
353^ άλας εύηθές εστι. λέγονται δέ καί τον Άπιν εκ φρέατος
ίδιου ποτίζειν, τού δέ Νείλου παντάπασιν άπείργειν, ού
μιαρόν ήγούμενοι τό ύδωρ διά τον κροκόδειλον, ως ένιοι
νομίζουσιν (ούδένγάρ ούτως τίμιον Αίγυπτίοις ώς ό Νείλος)· αλλά
πιαίνειν δοκεΐ καί μάλιστα πολυσαρκίαν ποιεΐν τό Νειλώον ύδωρ

58 Πλούταρχος | Plutarco
como a carne de ovelha porque a respeitam, eles raspam as cabeças 352D
por luto e trajam vestes de linho por sua cor, que à flor do linho
se aproxima, semelhante ao azul celeste do éter que envolve o
mundo. E a única causa verdadeira de tudo é: “não é permitido28
ao puro tocar o impuro!”29, no que Platão30 diz. E os resíduos dos
alimentos e os restos de refeição não são algo puro nem sacro; dos
resíduos nascem e crescem as lãs, os pelos, os cabelos e as unhas31.
Portanto, seria ridículo que, depois se despojarem dos seus cabelos
nas purificações, rasparem e depilarem todo o seu corpo por igual,
eles se cobrissem e se trajassem com a pele desses animais; de fato, E
devemos acreditar quando Hesiodo32 diz:

Não cortar dos cinco ramos, no banquete abundante


dos deuses, 0 seco do verde com 0 brilhanteferro”

ele ensina que devemos nos purificar de tais impurezas para


celebrarmos as festas, não realizarmos à época dessas cerimônias
sagradas a purificação e a retirada de secreções. E, com relação ao
linho, ele cresce em uma terra imortal, produz um fruto comestível,
produz vestes simples e limpas, também não é pesado para o que
protege, é conveniente para qualquer estação do ano e menos
perecível, como dizem; sobre isso, existe outro tratado34.

5. E os sacerdotes toleravam com tanta dificuldade a natureza das


secreções que não somente evitavam a maior parte dos legumes,
das carnes de carneiro e de porco, porque produzem secreções em
grande quantidade, mas também porque tiram o sal dos alimentos
nas purificações, e eles têm muitos outros motivos, também por
provocar o desejo e torná-los mais propensos à bebida e à comida35.
Pois isso, como Aristágoras36 dizia que considerar o sal impuro
é ingênuo, porque ele frequentemente captura em seus cristais
pequenos seres vivos que morrem neles. E dizem também que
Ápis37 bebia a água de um poço privado, que era completamente
afastado do Nilo38, não porque acreditavam que a água era impura
por causa do crocodilo, como alguns consideram (pois não existe
nada tão venerado pelos egípcios como o Nilo); mas parece que
beber a água do Nilo engorda e produz muito mais gordura; e não

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osiris 59


πινόμενον· ού βούλονται δέ τδνΆπιν ούτως εχειν ούδ’ εαυτούς, άλλ’
εύσταλή καί κουφά ταίς ψυχαίς περικείσθαι τα σώματα καί μή πιέζειν
μηδέ καταθλίβειν ίσχύοντι τώ θνητώ καί βαρύνοντι το θειον.

6. Οίνον δ’ οί μέν εν Ήλιου πόλει θεραπεύοντες τον θεόν


353Β ούκ είσφερουσι το παράπαν εις το ιερόν, ώς ού προσήκον
ύπηρέτας πίναν του κυρίου καί βασιλεως εφορώντος· οί δ’ άλλοι
χρώνται μέν δλίγω δε. πολλάς δ’ άοίνους αγνείας εχουσιν,
εν αΐς φιλοσοφοΰντες καί μανθάνοντες καί διδάσκοντες
τα θεία διατελοΰσιν. οί δε βασιλείς καί μετρητόν επινον
εκ των ιερών γραμμάτων, ώς Έκαταΐος ίστόρηκεν, ίερεΐς
δντες· ήρξαντο δε πίναν από Ψαμμητίχου, πρότερον δ’
ούκ επινον οίνον ούδ’ εσπενδον ώς φίλιον θεοΐς άλλ’ ώς
αίμα τών πολεμησάντων ποτέ τοΐς θεοΐς, εξ ών ο’ίονται
πεσόντων καί τη γη συμμιγεντων άμπελους γενεσθαι· διό
<φ καί το μεθύειν εκφρονας ποιεΐν καί παραπλήγας, ατε δη
τών προγόνων τού αίματος εμπιπλαμενους. ταΰτα μέν ούν
Εύδοξος εν τη δεύτερα τής περιόδου λεγεσθαί φησιν ούτως
ύπό τών ιερέων.

7. Ιχθύων δέ θαλαττίων πάντες μέν ού πάντων άλλ’


ενίων άπεχονται, καθάπερ Όξυρυγχΐται τών άπ’ άγκιστρου·
σεβόμενοι γάρ τδν δξύρυγχον ίχθύν δεδίασι μή ποτέ το
άγκιστρου ού καθαρόν εστιν δξυρύγχου περιπεσόντος
αύτώ· Συηνΐται δέ φάγρου· δοκεΐ γάρ επιόντι τώ Νείλω
συνεπιφαίνεσθαι καί την αύξησιν άσμενοις φράζειν
D αύτάγγελος δρώμενος, οί δ’ ίερεΐς άπεχονται πάντων·
πρώτου δέ μηνάς ενάτη τών άλλων Αιγυπτίων εκάστου
προ της αύλείου θύρας οπτόν ίχθύν κατεσθίοντος οί ίερεΐς
ού γεύονται μέν κατακαίουσι δέ προ τών θυρών τούς ιχθύς
δύο λόγους εχοντες, ών τόν μέν ιερόν καί περιττόν αύθις
άναλήψομαι συνάδοντα τοΐς περί Όσίριδος καί Τυφώνος
δσίως φιλοσοφουμενοις, δ δ’ εμφανής καί πρόχειρος ούκ
άναγκαΐον ούδ’ άπερίεργον δψον άποφαίνων τόν ίχθύν
Όμήρω μαρτυρεί μήτε Φαίακας τούς άβροβίους

60 Πλούταρχος | Plutarco
querem que Apis seja assim, nem eles mesmos, mas que seus corpos
sejam ágeis e leves para envolver suas almas e que não oprimam nem
pressionem o divino com a corpulência e o peso do mortal.

6. E os servidores do deus na cidade de Hélio39 não levam em


absoluto vinho para dentro do templo, porque não convém aos 353B
servos beber sob o olhar do seu senhor e do rei40; e os demais fazem
uso dele, mas pouco41. Eles têm muitos períodos de purificações,
nos quais filosofam, aprendem e ensinam assuntos divinos. E seus
reis bebiam a quantidade prescrita pelos Livros Sagrados, como
Hecateu42 havia concluído em sua investigação, porque também
eram sacerdotes; e começaram a bebê-10 a partir de Psamético43, e
antes dele não bebiam vinho nem faziam libações como algo dileto
aos deuses, mas como o sangue dos que outrora guerrearam contra
os deuses, dos que tombaram e se misturaram à terra, pensam que
deles nasceram os vinhedos; por isso também a embriaguez os torna C
insensatos e dementes, porque estavam cheios de sangue dos seus
antepassados. Isso é o que Eudoxo44, no segundo livro de sua Volta
à Terra, diz que assim é contado pelos sacerdotes.

7. E dos peixes marinhos45, todos se abstêm não de todos, mas


de alguns, como os habitantes de Oxirrinco '6, dos vindos de anzol;
pois veneram o peixe oxirrinco47, temem que um dia o anzol48 não
esteja puro, por ter caído em cima de um oxirrinco; e os habitantes
de Siene49, do pargo50; pois acham que ele aparece quando o Nilo
transborda para indicar sua cheia e alegrá-los, que ele é o portador
da notícia. E os sacerdotes se abstêm de todos; e no nono dia do D
primeiro mês51, quando cada um dos demais egípcios se senta
diante da porta do pátio com um peixe assado, os sacerdotes não
o provam, mas queimam completamente os peixes diante das
portas sob dois argumentos; o primeiro deles porque é sagrado e
extraordinário e está relacionado à piedade, elemento das doutrinas
filosóficas de Osiris52 e Tífon, retomaremos isso mais tarde53; o
outro porque é manifesto e palpável, para mostrar que o peixe não
é necessário nem requintado, isso se prova com Homero, nem os

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osiris 61 ?UigÍlÊ


μήτε τούς Ιθακήσιους ανθρώπους νησιώτας ίχθύσι
χρωμένους ποιοΰντι μήτε τούς Όδυσσέως εταίρους εν
πλώ τοσούτω και εν θαλάττη πριν εις εσχάτην ελθεΐν
353^ απορίαν, δλως δε καί τήν θάλατταν εκφυλον ήγοΰνται
καί παρωρισμένην ούδέ μέρος ούδέ στοιχεΐον άλλ’ οΐον
περίττωμα διεφθορός καί νοσώδες.

8. Ούδέν γάρ άλογον ούδέ μυθώδες ούδ’ ύπό


δεισιδαιμονίας, ώσπερ ένιοι νομίζουσιν, έγκατεστοιχειοΰτο
ταΐς ίερουργίαις, αλλά τα μέν ήθικάς έχοντα καί χρειώδεις
αίτιας, τα δ’ ούκ άμοιρα κομψότητος ιστορικής ή φυσικής
έστιν, οΐον το περί κρο μμύου. το γάρ έμπεσεΐν είς τον ποταμόν
καί άπολέσθαιτόν τής Ίσιδος τρόφιμον Δίκτυν ου κρομμύων
έπιδρασσόμενον εσχάτως άπίθανον- οί δ’ ιερείς άφοσιοΰνται
F καί δυσχεραίνουσι καί τό κρόμμυον παραφυλάττοντες,
δτι τής σελήνης φθινούσης μόνον εύτροφεΐν τούτο καί
τεθηλεναι πεφυκεν. εστι δε πρόσφορον ούθ’ άγνεύουσιν
ούθ’ εορτάζουσι, τοΐς μέν δτι διψήν τοΐς δ’ δτι δακρύειν
ποιεί τούς προσφερομενους. ομοίως δε καί τήν υν
άνίερον ζωον ήγοΰνται· ώς μάλιστα γάρ όχεύεσθαι δοκεΐ
τής σελήνης φθινούσης, καί τών τό γάλα πινόντων
εξανθεΐ τα σώματα λέπραν καί ψωρικάς τραχύτητας.
354Δ τον δέ λόγον, δν θύοντες απαξ υν εν πανσελήνω καί
κατεσθίοντες επιλέγουσιν, ώς δ Τυφών υν διώκων
προς τήν πανσέληνον ευρε τήν ξυλίνην σορόν, εν ή τό
σώμα του Όσίριδος εκειτο, καί διέρριψεν, ού πάντες
αποδέχονται, παράκουσμα τών νεωτέρων ώσπερ άλλα
πολλά νομίζοντες. Άλλα τρυφήν γε καί πολυτέλειαν
καί ήδυπάθειαν ούτω προβάλλεσθαι τούς παλαιούς
λέγουσιν, ώστε καί στήλην έστησαν εν Θήβαις εν τώ ίερώ
κεΐσθαι κατάρας εγγεγραμμένας εχουσαν κατά Μείνιος
του βασιλέως, δς πρώτος Αιγυπτίους τής άπλούτου καί
Β άχρημάτου καί λιτής άπήλ-λαξε διαίτης. λέγεται δέ καί
Τέχνακτις ό Βοκχόρεως πατήρ στρατεύουν

62 Πλούταρχος | Plutarco
delicados feácios nem os itacenses, homens ilhéus, serviam-se de
peixes, nem os companheiros de Odisseu54 em longa navegação e
no mar aberto, exceto quando iam para uma situação de extrema
dificuldade55. Em suma, também acreditam que o mar é estranho 353E
e externo aos limites da terra, não é parte nem elemento dela, mas
é tal um resíduo corrompido e nocivo56.

8. Pois nenhum elemento irracional, nem fabuloso, nem em


favor da superstição, como alguns consideram, foi instituído nas
suas práticas religiosas, mas princípios éticos e causas úteis, e o que
não está desprovido da fina arte da investigação e do estudo da sua
natureza, tal o que se refere à cebola. Pois Díctis57, filho de leite de
Isis, caiu no rio e morreu quando estava pegando cebolas com as
mãos, extremamente inacreditável; e os sacerdotes recusam a cebola
em rituais sagrados, detestam-na e a evitam, porque ela é a única f
que cresce e se desenvolve quando a Lua está minguando. E ela não
convém nem aos que se mantêm puros nem aos que celebram as
festas, a uns, porque produz sede e a outros, porque os faz chorar
quando a levam à boca. Do mesmo modo também, acreditam que
o porco58 é um animal impróprio ao templo; pois parece que eles
emprenham mais quando a Lua está minguando, e os corpos dos
que bebem o seu leite são cobertos por lepra e erupções cutâneas
violentas59. E argumentam porque sacrificam um porco uma única 354A
vez, na lua cheia, e o comem, porque enquanto Tífon perseguia
um porco na lua cheia, encontrou um ataúde de madeira no qual
jazia o corpo de Osíris e o espalhou por todos os lados60, mas nem
todos aceitam isso, consideram como algo, dentre as histórias
recentes, contrário à tradição, como muitas outras. Mas contam
que certamente os antigos lançavam mão da comodidade, do luxo
e da vida prazerosa, a ponto de reprovarem uma coluna levantada
no templo61, situado em Tebas62, com imprecações inscritas contra
o rei Mines63, o primeiro que afastou os egípcios de um gênero de
vida simples, sem riqueza nem dinheiro. E também contam que ß
Tenactis64, o pai de Bócoris65, quando realizava uma expedição

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 63 ?UigÍlÊ


έπ’ Άραβ>ας τής αποσκευής βραδυνούσης
ήδεως τω προστυχόντι σιτίω χρησάμενος
εΐτα κοιμηθείς β>αθύν ύπνον επί στιβάδος
άσπάσασθαι τήν ευτέλειαν, εκ δε τούτου
καταράσασθαι τω Μείνι καί των ιερέων
επαινεσάντων στηλιτεΰσαι τήν κατάραν.

9. Οί δε βασιλείς άπεδείκνυντο μεν εκ των ιερέων ή


των μαχίμων, του μεν δι’ ανδρείαν του δε διά σοφίαν γένους
αξίωμα καί τιμήν εχοντος. δ δ’ εκ μαχίμων αποδεδειγμένος
ευθύς εγίνετο των ιερέων καί μετείχε τής φιλοσοφίας
354C έπικεκρυμμένης τα πολλά μύθοις καί λόγοις άμυδράς
εμφάσεις τής αλήθειας καί διαφάσεις εχουσιν, ώσπερ άμέλει
καί παραδηλοΰσιν αύτοί προ των ιερών τάς σφίγγας επιεικώς
ίστάντες, ώς αινιγματώδη σοφίαν τής θεολογίας αύτών
εχούσης. τδ δ’ εν Σάι τής Άθηνάς, δ καί Τσιν νομίζουσιν,
εδος επιγραφήν εΐχε τοιαύτην ’εγώ είμι παν τδ γεγονός καί
δν καί εσόμενον καί τον εμδν πέπλον ούδείς πω θνητός
άπεκάλυψεν.’ ετι δε τών πολλών νομιζόντων ίδιον παρ’
Αίγυπτίοις όνομα του Διάς είναι τον Άμοΰν (δ παράγοντες
ήμεΐς Άμμωνα λέγομεν) Μανεθώς μεν δ Σεβεννύτης. τδ
D κεκρυμμένον ο’ίεται καί τήν κρύψιν ύπδ ταύτης δηλουσθαι
της φωνής, Έκαταΐος δ’ δ Αβδηρίτης φησί τούτω καί προς
άλλήλους τω ρήματι χρήσθαι τούς Αιγυπτίους, δταν τινά
προσκαλώνται· προσκλητικήν γάρ είναι τήν φωνήν, διό τον
πρώτον θεόν, δν τω παντί τον αύτδν νομίζουσιν, ώς άφανή
καί κεκρυμμένον δντα προσκαλούμενοι καί παρακαλοΰντες
εμφανή γενέσθαι καί δήλον αύτοΐς Άμοΰν λεγουσιν. Ή μεν
ούν εύλάβεια της περί τά θεία σοφίας Αιγυπτίων τοσαύτη ήν.

Ε 10. μαρτυροΰσι δε καί τών Ελλήνων οί σοφώτατοι,


Σόλων Θαλής Πλάτων Εύδοξος Πυθαγόρας, ώς δ’
ενιοί φασι, καί Λυκούργος εις Αίγυπτον άφικόμενοι καί
συγγενόμενοι τοΐς ίερεΰσιν. Εύδοξον μεν ούν Χονούφεώς

64 Πλούταρχος | Plutarco
militar contra os árabes, um dia em que seu equipamento demorou
a chegar, serviu-se com prazer do alimento que encontrou por acaso
e em seguida foi tomado por um sono profundo sobre um leito de
folhagem, porque se alegrou com a frugalidade, a partir de então,
lançou imprecações contra Mines, louvou as ações dos sacerdotes e
insculpiu em uma coluna a imprecação.

9. E os reis eram indicados pelos sacerdotes ou os guerreiros,


estes pela sua valentia e aqueles pela sua sabedoria, casta que
detinha honra e estima. E quem era indicado pelos guerreiros
logo se tornava um dos sacerdotes e participava da sua filosofia, a
maior parte dela está oculta em mitos e em histórias obscuras, com 354C
aparências e transparências de verdade, como, sem dúvida, eles
mesmos mostram quando convenientemente erigem esfinges66
diante dos templos, como se o seu discurso sobre os deuses e a
cosmologia deles tivesse uma sabedoria enigmática. E a estátua da
deusa Atena67 sentada em Sais68, que consideram como sendo de
Isis também, tinha tal inscrição: “eu sou tudo o que foi, o que é e
o que será, e o meu peplo69 nenhum mortal jamais levantou.”70 E
além disso, a maioria crê que o nome próprio de Zeus junto aos
egípcios1 é Ámon'2 (que nós corrompemos e dizemos “Ammón”)
Mâneton73, o sebenita, pensa que o oculto e o ocultamento são [ )
demonstrados por esse som; e Hecateu74, o abderita, afirma que
os egípcios usavam essa palavra entre eles quando chamavam
alguém; pois esse som é evocativo. Por isso, ao deus primeiro, que
consideram como o mesmo que está no todo75, como um ser
invisível e oculto, invocam e chamam para que se torne visível e
claro para eles, e dizem que é Ámon. Tamanha era a circunspecção
da sabedoria dos egípcios sobre os assuntos divinos.

10. E dão testemunho disso também os mais sábios dos


helenos, Sólon76, Tales77, Platão, Eudoxo, Pitágoras78, como E
alguns dizem, também Licurgo79, que foram ao Egito e andaram
em companhia dos sacerdotes80. Contam que Eudoxo escutou

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osiris 65 ?UigÍlÊ


φασι Μεμφίτου διακοΰσαι, Σόλωνα δε Σόγχιτος Σάίτου,
Πυθαγόραν δ’ Οίνούφεως Ήλιοπολίτου. μάλιστα δ’
ουτος, ώς εοικε, θαυμασθείς και θαυμάσας τούς άνδρας
άπεμιμήσατο το συμβολικόν αύτών και μυστηριώδες
άναμίξας αίνίγμασι τα δόγματα· τών γάρ καλούμενων
ιερογλυφικών γραμμάτων ούθεν άπολείπει τά πολλά τών
Πυθαγορικών παραγγελμάτων, οΐόν εστι τό μή ‘εσθίειν επί
δίφρου’ μηδ’£επίχοίνικοςκαθήσθαι’ μηδε‘φοίνικα φυτεύειν’
F μηδέ ‘πυρ μαχαίρα σκαλεύειν εν οικία.’ δοκώ δ’ εγωγε καί
τό την μονάδα τούς άνδρας δνομάζειν Απόλλωνα καί την
δυάδα Άρτεμιν, Αθήναν δε την εβδομάδα, Ποσειδώνα δε
τόν πρώτον κύβον εοικεναι τοΐς επί τών ιερών ίδρυμενοις
καί δρωμενοις νή Δία καί γραφομενοις. τόν γάρ βασιλέα καί
κύριον Όσιριν δφθαλμώ καί σκήπτρω γράφουσιν· ενιοι δε
355^ καί τούνομα διερμηνεύουσι πολυόφθαλμον, ώς τού μεν ος τό
πολύ, τού δ’ ιρι τόν οφθαλμόν Αίγυπτίαγλώττη φράζοντος·
τόν δ’ ούρανόν ώς άγήρω δι’ άιδιότητακαρδία θυμόν εσχάρας
ύποκειμενης. εν δε Θήβαις εικόνες ήσαν άνακείμεναι
δικαστών άχειρες, ή δε τού άρχιδικαστοΰ καταμύουσα τοΐς
δμμασιν, ώς άδωρον αμα την δικαιοσύνην καί άνεντευκτον
ούσαν. τοΐς δε μαχίμοις κάνθαρος ήν γλυφή σφραγΐδος· ού
γάρ εστι κάνθαρος θήλυς, άλλά πάντες άρσενες. τίκτουσι δε
τόν γόνον άφιεντες είς δνθον, δν σφαιροποιοΰσιν, ού τροφής
μάλλον ύλην ή γενεσεως χώραν παρασκευάζοντες.

11. 'Όταν ούν ά μυθολογοΰσιν Αιγύπτιοι περί τών


Β θεών άκούσης, πλάνας καί διαμελισμούς καί πολλά
τοιαΰτα παθήματα, δει τών προειρημένων μνημονεύειν
καί μηδέν ο’ίεσθαι τούτων λέγεσθαι γεγονός ούτω καί
πεπραγμένον· ού γάρ τόν κύνα κυρίως Έρμήν λέγουσιν,
άλλά τού ζώου τό φυλακτικόν καί τό άγρυπνον καί τό
φιλόσοφον, γνώσει καί άγνοια τό φίλον καί τό εχθρόν
δρίζοντος, ή φησιν δ Πλάτων, τώ λογιωτάτω τών θεών
συνοικειοΰσιν· ούδε τόν Ήλιον εκ λωτοΰ νομίζουσι βρέφος

66 Πλούταρχος | Plutarco
com atenção Conúfis81 de Mênfis82, e Sólon a Sônquis83 de Sais,
e Pitágoras a Enúfis84, um heliopolitano. E especialmente este,
como parece, porque foi admirado e admirou esses homens,
imitou o simbólico e os mistérios deles ao misturar suas doutrinas
com alegorias; pois, dentre os caracteres chamados hieróglifos, não
abandonam a maioria dos preceitos pitagóricos, tal é o não “comer
sobre um carro”85, nem “sentar-se sobre a quênice”86, nem “plantar
palmeiras, nem “cavoucar o fogo com uma faca87 em casa.”88 Eu, ao
menos, acho também que o que estes homens chamam mônada é F
Apoio89, a díada é Artemis90, a hebdômada é Atena e Posidon91 é o
primeiro cubo, que se assemelha às construções erigidas nos templos
e às suas liturgias, por Zeus! Também aos seus escritos. Pois o nome
do rei e senhor Osíris o escrevem com um olho e um cetro; e alguns
escrevem o seu nome como “o de muitos olhos, dizem que do os
vem o “muito”, enquanto do iri vem o “olho” na língua egípcia; 355^
e o céu, como não envelhece por sua eternidade, com um coração,
pelo ânimo, embaixo de um braseiro. E em Tebas, havia imagens
dos juizes erigidas sem as mãos, e a do chefe do tribunal com os
olhos fechados, porque a justiça é ao mesmo tempo incorruptível
e implacável. E os guerreiros tinham a figura de um escaravelho92
no seu selo; pois não existe escaravelho fêmea, ao contrário, todos
são machos. E eles se reproduzem quando jorram o sêmen no seu
excremento, que modelam em forma de esferas, preparam mais um
lugar de geração, não de alimentação.

11. Portanto, quando escutares o que os egípcios contam


sobre os mitos de seus deuses, errantes, desmembrados e com B
muitos tipos de sofrimentos, deves te lembrar do que foi dito antes
e pensar que nada disso que se diz tenha sido feito e acontecido
assim; pois não chamam Hermes propriamente de cão, mas do
que é próprio do animal, a sua qualidade para guarda, vigilância
e sabedoria93, conhece e desconhece ao distinguir o amigo e o
inimigo, pelo que diz Platão94, eles associam isso ao mais eloquente
dos deuses; nem consideram que Hélio tivesse nascido do lótus

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 67 ãUíglíÊ


άνίσχειν νεογιλόν, άλλ’ ούτως ανατολήν ήλιου γράφουσι,
τήν εξ υγρών ήλιου γινόμενη1; άναψιν αίνιττόμενοι. και γάρ
τον ώμότατον Περσών βασιλέα και φοβερώτατον Ώχον
άποκτείναντα πολλούς, τέλος δέ και τον Άπιν άποσφάξαντα
}‫־;־‬Λ· και καταδειπνήσαντα μετά των φίλων εκάλεσαν ‘μάχαιραν’
και καλοΰσι μέχρι νυν ούτως εν τω καταλόγω των βασιλέων, ού
κυρίως δήπου τήν ούσίαν αύτοΰ σημαίνοντες, άλλα τού τρόπου
τήν σκληρότητα καί κακίαν όργάνω φονικώ παρεικάζοντες.
ούτω δή τά περί θεών άκούσασα καί δεχομένη παρά τών
εξηγουμένων τόν μύθον όσίως καί φιλοσόφως καί δρώσα μεν
άεί καί διαφυλάττουσατών ιερών τάνενομισμένα, τού δ’ αληθή
δόξαν εχειν περί θεών μηδέν οίομένη μάλλον αύτοΐς μήτε θύσειν
D μήτε ποιήσειν αύτοΐς κεχαρισμένον, ούδεν ελαττον άποφεύξη
κακόν άθεότητος δεισιδαιμονίαν.

12. Λεγέσθω δ’ ó μύθος ουτος εν βραχυτάτοις ως ενεστι


μάλιστα τών αχρήστων σφόδρα καί περιττών άφαιρεθέντων.
της 'Ρέας φασί κρύφα τω Κρόνω συγγενομένης αίσθόμενον
επαράσασθαι τόν Ήλιον αύτη μήτε μηνί μήτ’ ενιαυτώ
τεκεΐν· ερώντα δε τής θεού τόν Έρμήν συνελθεΐν, εΐτα
παίξαντα πέττια προς τήν Σελήνην καί άφελόντα τών
φώτων έκαστου τό εβδομηκοστόν εκ πάντων ή μέρας πέντε
συνελεΐν καί ταΐς εξήκοντα καί τριακοσίαις επαγαγεΐν, άς
νυν επαγομένας Αιγύπτιοι καλοΰσι καί τών θεών γενεθλίους
Ε αγουσι. τή μέν πρώτη τόν ’Όσιριν γενέσθαι καί φωνήν αύτώ
τεχθέντι συνεκπεσείν, ώς δ πάντων κύριος είς φώς πρόεισιν. ένιοι
δέ Παμύλην τινάλέγουσιν έν Θήβαις ύδρευόμενον έκ τού ιερού
τού Διός φωνήν άκούσαι διακελευομένην άνειπείν μετά βοής,
δτι μέγας βασιλεύς εύεργέτης Όσιρις γέγονε, καί διά τούτο
θρέψαι τον ’Όσιριν έγχειρίσαντος αύτώ τού Κρόνου καί τήν τών
Παμυλίων εορτήν αύτώ τελείσθαι Φαλληφορίοις έοικυίαν. τή
δέ δεύτερα τόν Άρούηριν, δν Απόλλωνα, δν καί πρεσβύτερον
Ώρον ενιοι καλοΰσι, τή τρίτη δέ Τυφώνα μή καιρώ μηδέ κατά

68 Πλούταρχος | Plutarco
como um bebê recém-nascido, mas é assim que representam o
nascimento do Sol, expressam-se por alegorias que a luz do sol se
origina da umidade. De fato, Oco95, que era o mais cruel e temido
rei dos persas, que matou muitos e, por fim, degolou Ápis% e o
devorou em companhia dos seus amigos que o chamaram “faca”97 e 355C
o chamam assim até hoje no Catálogo dos reis, assinalando não a sua
própria essência, mas comparando a inflexibilidade e a maldade do
seu comportamento com o instrumento mortífero98. Desse modo,
escuta os acontecimentos sobre os deuses e os recebe daqueles que
explicam o mito de modo sagrado e filosófico, executa-os sempre
preservando as práticas dos sagrados ritos estabelecidos, pensa que
nada agrada mais aos deuses, nem sacrifício nem ação, que ter uma
crença verdadeira sobre eles evitarás um mal não menor ao ateísmo: D
a superstição.

12. E que esse mito seja contado em breves palavras, porque


nelas, sobretudo, o inútil e o supérfluo estão ocultos. Diz-se que
Reia" teve relações sexuais em segredo com Crono100, que Hélio
soube disso e lançou contra ela a imprecação de que não daria à luz
nem em um mês nem em um ano; e que Hermes, tomado de amor
pela deusa, uniu-se sexualmente a ela, depois jogou dados101 com
Selene102 e arrebatou-lhe a septuagésima parte de cada um dos seus
ciclos lunares, totalizando cinco dias de todos e acrescentou aos
trezentos e sessenta, que hoje os egípcios chamam de adicionais e
neles celebram o nascimento dos deuses103. No primeiro dia, nasceu ‫ן‬:
Osíris e, quando nasceu, uma voz saiu junto com ele e avisou que
“o senhor de tudo vem primeiro à luz”. E alguns contam que um
certo Pamiles104, enquanto estava buscando água no templo de
Zeus em Tebas, escutou uma voz que lhe ordenou que gritasse alto
que o grande rei e benévolo Osíris havia nascido e que, por isto,
criou Osíris, porque Crono colocou-o em suas mãos e ordenou-
lhe que instituísse a festa das Pamílias, que era semelhante à das
Faloforias105. No segundo dia, Aruéris106, a quem chamam Apoio
e alguns também o chamam Hórus, o Velho; e no terceiro, Tífon,

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 69


35T χώραν, άλλ’ άναρρήξαντα πληγή διά τής πλευράς
εξαλέσθαι. τέταρτη δε τήν Τσιν εν πανύγροις γενέσθαι,
τή δέ πέμπτη Νέφθυν, ήν και Τελευτήν και Άφροδίτην,
ενιοι δε και Νίκην όνομάζουσιν. είναι δε τόν μεν Όσιριν
εξ Ήλιου και τόν Άρούηριν, εκ δ’ Έρμου τήν Τσιν, εκ
δε του Κρόνου τόν Τυφώνα και τήν Νεφθυν. διό και
τήν τρίτην τών επαγομένων αποφράδα νομίζοντες οί
356Α βασιλείς ούκ εχρημάτιζον ούδ’ εθεράπευον αυτούς
μέχρι νυκτός. γήμασθαι δέ τω Τυφώνι τήν Νέφθυν, Τσιν
δέ καί Όσιριν ερώντας άλλήλων καί πριν ή γενέσθαι
κατάγαστρός ύπό σκότω συνεΐναι. ενιοι δέ φασι καί τόν
Άρούηριν ούτω γεγονέναι καί καλεΐσθαι πρεσβύτερον
Όρον ύπ’ Αιγυπτίων, Απόλλωνα δ’ ύφ’ Ελλήνων.

13. Βασιλεύοντα δ’ Όσιριν Αιγυπτίους μέν εύθύς


απόρου βίου καί θηριώδους άπαλλάξαι καρπούς τε δείξαντα
καί νόμους θέμενον αύτοΐς καί θεούς διδάξαντα τιμάν·
ύστερον δέγήν πάσαν ήμερούμενον επελθεΐν ελάχιστα μέν
Β όπλων δεηθέντα, πειθοΐ δέ τούς πλείστους καί λόγω μετ’
ωδής πάσης καί μουσικής θελγομένους προσαγόμενον·
δθεν Έλλησι δόξαι Διονύσω τόν αύτόν είναι. Τυφώνα δ’
άπόντος μέν ούθέν νεωτερίζειν διά τό τήν Τσιν ευ μάλα
φυλάττεσθαι καί προσέχειν εγκρατώς εχουσαν, επανελθόντι
δέ δόλον μηχανάσθαι συνωμότας άνδρας εβδομήκοντα
καί δύο πεποιημένον καί συνεργόν εχοντα βασίλισσαν εξ
Αιθιοπίας παρούσαν, ήν όνομάζουσιν Άσώ· τού δ’ Όσίριδος
εκμετρησάμενον λάθρα τό σώμα καί κατασκευάσαντα προς
τό μέγεθος λάρνακα καλήν καί κεκοσμημένην περιττώς
C είσενεγκεΐν είς τό συμπόσιον. ήσθέντων δέ τή δψει καί
θαυμασάντων ύποσχέσθαι τόν Τυφώνα μετά παιδιάς,
δς άν εγκατακλιθείς εξισωθή, διδόναι δώρον αύτω τήν
λάρνακα, πειρωμένων δέ πάντων καθ’ έκαστον, ώς ούδείς
ενήρμοττεν, εμβάντα τόν Όσιριν κατακλιθήναι· τούς
δέ συνωμότας επιδραμόντας επιρράξαι τό πώμα καί τά μέν

70 Πλούταρχος | Plutarco
não no momento oportuno nem no lugar certo, mas abriu sua 355F
mãe com um golpe e pulou através do seu flanco. E no quarto
dia, nasceu Isis, em lugares completamente úmidos10 '; no quinto,
Néftis108, que chamavam tanto Teleute109 como Afrodite, alguns
também Nice110. E que Osiris e Aruéris eram filhos de Hélio,
Isis de Hermes, e Tífon e Néftis de Crono. Por isso também que
os reis consideram nefasto o terceiro dia dos adicionais e não se 356A
ocupavam dos assuntos públicos nem cuidavam de si mesmos até
à noite. E contam que Néftis casou-se com Tífon, que Isis e Osíris
foram tomados de amor um pelo outro, mesmo antes de nascer,
que tiveram relações sexuais na escuridão do seu ventre. E alguns
também dizem que assim nasceu Aruéris, que é chamado de
Hórus, o Velho, pelos egípcios, e Apoio pelos helenos111.

13. E logo que Osíris começou a reinar sobre os egípcios,


ele os livrou de uma vida sem recursos e selvagem, mostrou-lhes
os frutos, instituiu leis e os ensinou a honrar os deuses112; mais
tarde, percorreu toda a terra para torná-la habitável; poucas
vezes necessitou das armas113, persuadia e arrastava a maioria B
enfeitiçada por sua palavra acompanhada de todo tipo de canto
e de música114. Por isso, os helenos acham que ele é o mesmo
que Dioniso115. E Tífon, na sua ausência, não fez nada de novo
porque Isis o vigiava muito bem e prestava atenção nele com
firmeza, mas, quando voltou, tramou um ardil contra ele, reuniu
setenta e dois homens conjurados e tinha como cúmplice uma
rainha vinda da Etiópia, a que eles chamam Aso116. E, às ocultas,
ele mediu o corpo de Osíris por completo e, com essa medida,
preparou uma arca bela e ornada de modo extraordinário e a levou
ao banquete. E porque ficaram deleitados e admirados com sua C
aparência, Tífon prometeu, com gracejos, que quem se deitasse
nela e fosse do mesmo tamanho, ele lhe daria a arca de presente.
E após cada um deles todos tê-la experimentado, ninguém nela
coube harmoniosamente, então Osíris veio e se deitou nela; e logo
uns conjurados correram para bater a tampa com força, enquanto

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 71 ÈUÍgÍlÊ


γόμφοις καταλαβόντας &ζωθ&ν, τών δέ θερμόν μόλιβδον
καταχεαμένους επί τον ποταμόν εξενεγκεΐν και μεθ είναι
διά τού Τανιτικοΰ στόματος εις τήν θάλασσαν, δ διά τούτο
μισητόν ετι νυν και κατάπτυστον νομίζειν Αιγυπτίους,
ταύτα δέ πραχθήναι λεγουσιν έβδομη επι δέκα μηνάς Άθύρ,
35® έν ω τόν σκορπίον δ ήλιος διεξεισιν, όγδοον έτος και εικοστόν
εκείνο βασιλεύοντος Όσίριδος. ενιοι δέ βεβιωκέναι φασ'ιν
αύτόν, ού βεβασιλευκεναι χρόνον τοσοΰτον.

14. Πρώτων δέ τών τόν περί Χεμμιν οίκούντων τόπον


Πανών και Σατύρων τό πάθος αίσθομένων και λόγον
εμβαλόντων περί τού γεγονότος τάς μέν αιφνίδιους τών
όχλων ταραχάς και πτοήσεις ετι νυν διά τούτο πανικάς
προσαγορεύεσθαι· τήν δ’ Τσιν αίσθομενην κείρασθαι
μέν ενταύθα τών πλοκάμων ένα και πενθιμον στολήν
άναλαβεΐν, όπου τή πόλει μέχρι νυν όνομα Κοπτώ. έτεροι
δέ τούνομα σημαί-νειν ο’ίονται στέρησιν· τό γάρ άποστερεΐν
Ε ‘κόπτειν’ λέγουσι. πλανωμένην δέ πάντη και απορούσαν
ούδένα παρελθεΐν άπροσαύδητον, άλλα και παιδαρίοις
συντυχοΰσαν έρωταν περί τής λάρνακος· τά δέ τυχεΐν
εωρακότα και φράσαι τό στόμα, δι’ ού τό άγγεΐον οί φίλοι
τού Τυφώνος είς τήν θάλασσαν εωσαν. εκ τούτου τά
παιδάρια μαντικήν δύναμιν εχειν οϊεσθαι τούς Αιγυπτίους
καί μάλιστα ταΐς τούτων όττεύεσθαι κληδόσι παιζόντων
εν ίεροΐς καί φθεγγομένων δ τι αν τύχωσιν. αίσθομένην
δέ τή αδελφή ερώντα συγγεγονέναι δι’ άγνοιαν ώς εαυτή
τόν Όσιριν καί τεκμήριον ίδοΰσαν τόν μελιλώτινον
στέφανον, δν εκείνος παρά τή Νέφθυι κατέ λιπε, τό
παιδίον ζητεΐν (εκθεΐναι γάρ εύθύς τεκοΰσαν διά φόβον
F τού Τυφώνος)· εύρεθέν δέ χαλεπώς καί μόγις κυνών
επαγόντων τήν Τσιν εκτραφήναι καί γενέσθαι φύλακα καί
οπαδόν αύτής Άνουβιν προσαγορευθέντα καί λεγόμενον
τούς θεούς φρουρεΐν, ώσπερ οί κύνες τούς ανθρώπους.

72 Πλούταρχος | Plutarco
outros bateram pregos do lado de fora, outros verteram chumbo
quente sobre ela, depois a levaram para o rio e a deixaram ir pela
embocadura do Tanítico em direção ao mar, a que, por isso, ainda
hoje, os egípcios consideram odiosa e desprezível. E dizem que essas
ações ocorreram no dezessete do mês de átir1' , enquanto o Sol
passava por escorpião, durante o vigésimo oitavo ano do reinado de 356D
Osiris. E alguns dizem que esse correspondia ao tempo devida, não
que tenha reinado por tanto tempo.

14. E os Pãs11s e os Sátiros119 que habitavam em um lugar nas


proximidades de Quêmis120 foram os primeiros que souberam do
ocorrido e deram a notícia do acontecido, por isso os tumultos
repentinos e espantos das massas ainda hoje são chamados
“pânicos”121; e quando Isis soube disso, ela cortou um dos cachos
dos seus cabelos ali e trajou uma veste de luto, no lugar onde está
a cidade que até hoje tem o nome de Copto122. E outros pensam
que o seu nome significa “privação”; pois dizem que o “privar” é
kóptein'-'‫׳‬. E vagava por toda parte, não sabia aonde ir nem faltava E
alguém a quem ela não dirigisse a palavra para perguntar, mas
também às crianças que encontrou ao acaso perguntou sobre a
arca; e, por acaso, esses a tinham visto e indicaram a embocadura
por onde os amigos de Tífon deixaram a caixa ir em direção ao
mar. Em razão disso, os egípcios pensam que as crianças têm poder
mântico, sobretudo os presságios vindos dos sons emitidos por eles
quando brincam nos templos e gritam o que lhes vem ao acaso124.
E quando Isis soube que Osíris, tomado de amor, havia tido
relações sexuais com sua irmã125 por ignorância, como se fosse com
ela, e viu como prova a coroa de meliloto126, a que ele deixou junto
a Néftís12', começou a procurar a criança (pois a expulsou logo que
lhe deu à luz por medo de Tífon); e foi encontrada com dificuldade F
e lida porque cães a guiaram, Isis a criou, tornou-se sua guardiã e
assistente e recebeu o nome de Anúbis128, diz-se que ele protege os
deuses, como os cães129, os homens.

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osiris 73


15. Έκδέτούτουπυθέσθαιπερίτήςλάρνακος,ώςπρόςτήν
Βύβλου χώραν ύπό τής θαλάσσης εκκυ μανθεΐσαν αυτήν ερείκη
τινί μαλθακώς δ κλύδων προσέμιξεν· ή δ’ ερείκη κάλλιστον
ερνος όλίγω χρόνω και μέγιστον άναδραμούσα περιέπτυξε
και περιέφυ και άπέκρυψεν εντός εαυτης. θαυμάσας δ’ δ
βασιλεύς τού φυτού τό μέγεθος και περιτεμών τόν περιέχοντα
τήν σορδν ούχ δρωμενην κορμόν έρεισμα τη στέγη ύπέστησε.
ταύτά τε πνεύματί φασι δαιμονίω φήμης πυθομένην τήνΤσιν
είς Βύβλον άφικέσθαι και καθίσασαν επί κρήνης ταπεινήν
και δεδακρυμένην άλλω μέν μηδενί προσδιαλέγεσθαι, της δέ
βασιλίδος τάς θεραπαινίδας άσπάζεσθαι καί φιλοφρονεΐσθαι
Β τήν τεκόμην παραπλέκουσαν αύτώνκαί τώχρωτί θαυμαστήν
ευωδίαν επιπνέουσαν άφ’ εαυτης. ίδούσης δέ της βασιλίδος
τάς θεραπαινίδας 'ίμερον εμπεσεΐν της ξένης τών τε τριχών τού
τεχρωτδς αμβροσίαν πνέοντος· ούτω δέ μεταπεμφθεΐσαν καί
γενομένην συνήθη ποιήσασθαι τού παιδιού τήν τίτθην. όνομα
δέ τώ μέν βασιλεΐ Μάλκανδρον εΐναί φασιν· αύτη δ’ οί μέν
Άστάρτην οί δέ Σάωσιν οί δέ Νεμανούν, δπερ αν "Ελληνες
Άθηνάίδα προσείποιεν.

C 16. τρέφειν δε την Τσιν αντί μαστού τόν δάκτυλον είς τδ


στόμα τού παιδιού διδοΰσαν, νΰκτωρ δε περικαίειν τά θνητά τού
σώματος· αυτήν δε γενομένην χελιδόνα τή κίονι περιπέτεσθαι
καί θρηνεΐν, αχρι ου τήν βασίλισσαν παραφυλάξασαν καί
εγκραγοΰσαν, ώς εΐδε περικαιόμενον τό βρέφος, άφελέσθαι τήν
αθανασίαν αυτού, τήν δε θεάν φανεράν γενομένην αίτήσασθαι τήν
κίονα τής στέγης· ΰφελοΰσαν δε ράστα περικόψαι τήν ερείκην,
εΐτα ταΰτην μεν οθόνη περικαλύψασαν καί μύρον καταχεαμένην
εγχειρίσαι τοΐς βασιλεΰσι καί νΰν ετι σέβεσθαι Βυβλίους τό ξύλον
εν ίερώ κείμενον ’Ίσιδος. τή δε σορώ περιπεσεΐν καί κωκΰσαι
D τηλικοΰτον, ώστε τών παίδων τού βασιλέως τόν νεώτερον εκθανεΐν·
τόν δε πρεσβύτερον μεθ’ εαυτής εχουσαν καί τήν σορόν είς πλοΐον
ενθεμένην άναχθήναι. τού δε Φαιδρού ποταμού ■πνεύμα τραχύτερον
εκθρέψαντος ΰπό τήν εω θυμωθεΐσαν άναξη ράναι τό ρεΐθρον.

74 Πλούταρχος | Plutarco
15. E depois disso, foi informada de que a arca fora levada em 3 57A
uma onda pelo mar até o território de Biblos130 e as ondas a fizeram
chegar suavemente a uma urze131. E a urze, um arbusto que em
pouco tempo cresceu belo e grande, abraçou-a e a escondeu no
seu interior. E o rei ficou maravilhado com o tamanho da planta,
cortou a parte que continha o ataúde, que não se via, e a usou
como um tronco longo para suporte de seu teto. E dizem que
logo após Isis ter sido informada disso por um vento divino, partiu
em direção a Biblos, sentou-se desestimulada e chorosa em uma
fonte, sem conversar nada com ninguém, mas quando as servas
da rainha passaram, saudou-as, tratou-as com cortesia, pediu-lhes
para trançar seus cabelos e soprou sobre a pele delas um perfume B
maravilhoso que vinha dela. E quando a rainha viu suas servas, veio-
lhe o desejo de saber quem era a estrangeira, dos seus cabelos e da
pele exalando ambrosia132; desse modo, mandou que a buscassem
e que se tornassem íntimas para que ela fosse a ama de leite do seu
menino133. E dizem que o nome do rei era Malcandro134; e uns
dizem que o dela era Astarte135, outros Saósis, e outros Nemanos,
a mesma que os helenos chamavam Atenaida.

16. E Isis o criava, no lugar do seio, ela colocava o dedo na boca ç;


do menino, e à noite queimava as partes mortais do seu corpo; e ela se
transformava em andorinha, voava em volta do tronco e gemia, até
que a rainha, que a vigiava, gritou alto, quando viu que o seu bebê
estava sendo queimado, e privou-o da imortalidade136. E a deusa se
manifestou e lhe pediu o tronco que fazia o suporte do teto; ela o
retirou com facilidade, cortou a ponta da urze, em seguida cobriu-a
com um tecido fino, verteu-lhe mirra e a colocou nas mãos dos
reis, ainda hoje os biblos veneram o tronco de madeira depositado
no templo de Isis. E caiu sobre o ataúde e lançou um lamento tão
grande a ponto de o mais novo dos filhos do rei ter morrido; mas D
manteve com ela o mais velho, colocou o tronco em um barco e o
levou. E quando do rio Fedro137 alimentou um vento mais forte ao
raiar da aurora, ela ficou irritada e secou o seu curso de água.

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osiris 75


17.'Όπου δε πρώτον ερημιάς ετυχεν, αυτήν καθ’
εαυτήν γενομένην άνοΐξαι τήν λάρνακα και τω προσώπω το
πρόσωπον επιθεΐσαν άσπάσασθαι και δακρύειν. του δε παιδιού
σιωπή προσελθόντος εκ τών όπισθεν και καταμανθάνοντος
αίσθομένην μεταστραφήναι και δεινόν ύπ’ οργής εμβλέψαι·
357Ε το δε παιδίον ούκ άνασχέ σθαι το τάρβος, άλλ’ άποθανεΐν.
οί δε φασιν ούχ ούτως, άλλ’ ώς ε’ίρηται τρόπον εκπεσεΐν είς
τήν θάλασσαν, εχειν δε τιμάς διά τήν θεόν· δν γάρ αδουσιν
Αιγύπτιοι παρά τά συμπόσια Μανερώτα, τούτον είναι, τινές
δέ τόν μέν παΐδα καλεΐσθαι Παλαιστινόν ή Πηλούσιον καί
τήν πόλιν επώνυμον άπ’ αύτοΰ γενεσθαι κτισθεΐσαν ύπό τής
θεού· τόν δ’ άδόμενον Μανερώτα πρώτον εύρεΐν μουσικήν
ίστοροΰσιν. ενιοι δε φασιν όνομα μέν ούδενός είναι, διάλεκτον
δέ πίνουσιν άνθρώποις καί θαλειάζουσι πρεπουσαν ‘αϊσιμα
τά τοιαυτα παρείη·’ τούτο γάρ τω Μανερώτι φραζόμενον
F άναφωνεΐν εκάστοτε τούς Αιγυπτίους, ώσπερ άμελει καί
τό δεικνύμενον αύτοΐς ε’ίδωλον άνθρώπου τεθνηκότος
εν κιβωτίω περιφερόμενον ούκ εστιν ύπόμνήμα τού
περί Όσίριδος πάθους, ή τινες ύπολαμβάνουσιν,
άλλ’ οίνωμενους παρακαλοΰντες αύτούς χρήσθαι
τοΐς παροΰσι καί άπολαύειν, ώς πάντας αύτίκα μάλα
τοιούτους εσομενους, αχαριν επίκωμον επεισάγουσι.

18. Τής δ’ Ίσιδος προς τόν υιόν Ώρον εν Βούτω


τρεφόμενον πορευθείσης τό δ’ άγγεΐον εκποδών
άποθεμενης Τυφώνα κυνηγετοΰντα νύκτωρ προς τήν
358Α σελήνην εντυχεΐν αύτώ καί τό σώμαγνωρίσαντα διελεΐν
είς τεσσαρεσκαίδεκα μέρη καί διαρρΐψαι, τήν δ’ Τσιν
πυθομενην άναζητεΐν εν βάριδι παπύρινη τά δ’ ελη
διεκπλεουσαν· δθεν ούκ άδικεΐσθαι τούς εν παπυρίνοις
σκάφεσι πλέοντας ύπό τών κροκοδείλων ή φοβουμένων ή
σεβομένων διά τήν θεόν, εκ τούτου δέ καί πολλούς τάφους
Όσίριδος εν Αίγύπτω λέγεσθαι διά τό προστυγχάνουσαν
εκάστω μέρει ταφάς ποιεΐν. οί δ’ ου φασιν, άλλ’ είδωλα

76 Πλούταρχος | Plutarco
17. E onde primeiro encontrou um lugar deserto, ela ficou
sozinha, abriu a arca, pôs-se face a face com ele, abraçou-o e chorou.
E, em silêncio, estava indo atrás deles o menino que os observava
de perto, quando ela o percebeu, virou-se e, dominada pela cólera,
olhou nos seus olhos com terror; e a criança não conseguiu suportar
o assombro, então morreu. E outros dizem que não foi assim, mas, 357E
como já foi dito antes138, que caiu no mar e obteve muitas honrarias
por causa da deusa; pois é esse quem os egípcios cantam nos
seus banquetes para Maneros139. E alguns chamam o menino de
Palestino ou Pelúsio, e a cidade tornou-se sua epônima por ter sido
fundada pela deusa140; concluíram por meio de investigações que
o celebrado Maneros foi o primeiro a descobrir a música. E alguns
dizem que esse não é o nome de ninguém, que é uma expressão
apropriada aos homens que estão bebendo e festejando, um “que
tal momento seja moderado!”. Pois isso é o que significa “Maneros”
cada vez que os egípcios a utilizam. Como, sem dúvida, mostram- [■
lhes a imagem de um homem morto carregada em uma caixinha
não é uma lembrança do que aconteceu com Osíris, como alguns
supõem, mas uma exortação a si mesmos enquanto bebem vinho,
servem-se dos bens presentes e os desfrutam; com o propósito de
que logo mais todos serão como ele, introduzem o desagradável
convidado141.

18. E Isis partiu em viagem com o seu filho Hórus, criado em


Buto142, e colocou o ataúde em um lugar distante; mas, à noite,
quando Tífon caçava à luz da lua, encontrou-o por acaso e, como
reconheceu o corpo, cortou-o em quatorze pedaços e jogou-os 358A
para todos os lados143, e Isis, depois de ter sido informada disso,
buscava-0 em um barco feito de papiro144, navegando nas várzeas
úmidas do Egito; desde então, os que navegam em botes feitos de
papiro não são atacados pelos crocodilos, ou porque temem ou
veneram a deusa. Por esses acontecimentos, também dizem que
existem muitos túmulos de Osíris, visto que, quando encontravam
cada uma de suas partes, construíam-lhe um túmulo. E alguns

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 77


ποιουμένην διδόναι καθ’ εκάστην πόλιν ώς τό σώμα
διδοΰσαν όπως παρά πλείοσιν εχη τιμάς καί, αν δ Τυφών
358Β έπικρατήση τού Ώρου, τον αληθινόν τάφον ζητών
πολλών λεγομένων και δεικνυμένων απαγόρευση, μόνον
δε τών μερών του Όσίριδος τήν Τσιν ούχ εύρεΐν τό αίδοΐον-
ευθύς γάρ εις τον ποταμόν ριφήναι και γεύσασθαι τόν τε
λεπιδωτόν αύτοΰ και τον φάγρον και τον όξύρυγχον, ώς
οΰς μάλιστα τών ιχθύων άφοσιοΰσθαι- τήν δ’ Τσιν άντ’
εκείνου μίμημα ποιησαμενην καθιερώσαι τον φαλλόν, ω
καί νυν εορτάζειν τούς Αιγυπτίους.

19. Έπειτα τω Ώρω τόν Όσιριν εξ Άιδου


παραγενόμενον διαπονεΐν επί τήν μάχην καί άσκεΐν,
εΐτα διερωτήσαι, τί κάλλιστον ήγεΐται- τού δέ φήσαντος
‘το πατρί καί μητρί τιμωρεΐν κακώς παθοΰσι’ δεύτερον
ερεσθαι, τί χρησιμώτατον ο’ίεται ζωον είς μάχην
C εξιοΰσι- τού δ’ Ώρου ‘ίππον’ είπόντος επιθαυμάσαι καί
διαπορήσαι, πώς ού λέοντα μάλλον άλλ’ ίππον- είπεΐν ούν
τόν Ώρον, ώς λέων μέν ώφέλιμον επιδεομένω βοήθειας,
ίππος δέ φεύγοντα διασπάσαι καί καταναλώσαι τόν
πολέμιον, άκούσαντ’ ούν ήσθήναι τόν Όσιριν, ώς ίκανώς
παρασκευασαμένου τού Ώρου. λέγεται δ’ δτι πολλών
μετατιθεμένων άεί προς τόν Ώρον καί ή παλλακή τού
Τυφώνος άφίκετο Θούηρις- δφις δέ τις επιδιώκων αύτήν
ύπό τών περί τόν Ώρον κατεκόπη, καί νυν διά τούτο
D σχοινίον τι προ-βάλλοντες είς μέσον κατακόπτουσι. τήν
μέν ούν μάχην επί πολλάς ήμέραςγενέσθαι καί κρατήσαι τόν
Ώρον- τόν Τυφώνα δέ τήν Τσιν δεδεμένον παραλαβοΰσαν
ούκ άνελεΐν, άλλά καί λΰσαι καί μεθεΐναι- τόν δ’ Ώρον ού
μετρίως ενεγκεΐν, άλλ’ επιβαλόντα τή μητρί τάς χεΐρας
άποσπάσαι της κεφαλής τό βασίλειον- Έρμήν δέ περιθεΐναι
βούκρανον αύτή κράνος, τού δέ Τυφώνος δίκην τω Ώρω
νοθείας λαχόντος βοηθήσαντος δέ τού Έρμου καί τόν Ώρον
ύπό τών θεώνγνήσιον κριθήναι- τόν δέ Τυφώνα δυσίν άλλαις

78 Πλούταρχος | Plutarco
dizem que não, mas que Isis moldava imagens dele e as dava cidade
por cidade, como se desse o seu corpo, a fim de que tivesse o
maior número de honras possível, e para que, se Tífon dominasse 358B
Hórus, fosse procurado o verdadeiro túmulo e lhe dissessem
que existiam muitos e sinalizados145, ele desistiría. E houve
somente uma parte de Osíris que Isis não conseguiu encontrar:
o membro viril; pois logo que foi jogado no rio, o lepidoto, o
pargo e oxirrinco o comeram, que são os mais evitados dentre
os peixes; e Isis fez uma imitação daquele e consagrou o falo,
ao qual ainda hoje os egípcios celebram uma festa.

19. Depois, quando Osíris chegou do Hades146 junto a Hórus,


treinava-0 para a batalha e o fazia se exercitar, logo lhe perguntou o
que ele considerava mais belo; foi quando ele lhe disse: “vingar o pai
e a mãe por terem sido maltratados”, em segundo lugar, perguntou
qual ele pensava que era o animal mais útil para que avançassem
na batalha; foi quando Hórus lhe disse: “o cavalo”, e ele ficou C
espantado e sem saber o que dizer, como um leão não era o mais
útil, mas um cavalo; então, Hórus disse que o leão era útil quando
se necessita de socorro, enquanto o cavalo era útil para dispersar o
inimigo e aniquilá-lo enquanto fúgia. Então, Osíris alegrou-se com
o que escutou, porque Hórus estava suficientemente preparado. E
conta-se que muitos mudaram de lado e foram continuamente para
o lado de Hórus, também a concubina de Tífon, Tuéris147; uma
serpente que a perseguia foi cortada em pedaços pelos partidários
de Hórus, por isso, ainda hoje lançam uma corda no meio deles e a D
cortam em pedaços. Sem qualquer dúvida, o combate ocorreu por
muitos dias e venceu Hórus; e Tífon, embora Isis o tenha recebido
atado, ela não o aniquilou, mas o soltou e o deixou ir; mas Hórus
não suportou isso de modo comedido, ao contrário, agarrou a mãe
com as mãos e arrancou a coroa da sua cabeça; e Hermes colocou
na sua cabeça um capacete em forma de vaca. E Tífon abriu um
processo contra Hórus porque ele era um bastardo, mas, com a
ajuda de Hermes, Hórus foi julgado legítimo pelos deuses; e Tífon

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 79


ράχαις καταπολεμηθήναι. τήν δ’ 5Ισιν εξ Όσίριδος ρετά τήν
τελευτήν συγγενορένου τεκεΐν ήλιτόρηνον και ασθενή τοΐς
κάτωθεν γυίοις τόν Άρποκράτην.

358Ε 20. Ταυτα σχεδόν εστι του ρύθου τα κεφάλαια τών


δυσφηροτάτων εξαιρεθέντων, οΐόν εστι τό περί τόν 'Ώρου
διαρελισρδν και τόν Ίσιδος άποκεφαλισρόν. δτι ρεν
οΰν, εί ταυτα περί τής ρακαρίας και άφθάρτου φύσεως,
καθ’ ήν ράλιστα νοείται τό θειον, ώς άληθώς πραχθέντα
και συρπεσόντα δοξάζουσι και λέγουσιν, ‘άποπτύσαι
δει και καθήρασθαι’ τό ‘στόρα’ κατ’ Αισχύλον, ούδεν
δει λεγειν προς σε· και γάρ αύτή δυσκολαίνεις τοΐς ούτω
παρανόρους και βαρβάρους δόξας περί θεών εχουσιν· δτι δ’
F ούκ εοικε ταυτα κοριδή ρυθεύρασιν άραιοΐς και διακενοις
πλάσρασιν, οΐαποιηταίκαίλογογράφοικαθάπεροίάράχναι
γεννώντες άφ’ εαυτών άπάρχάς άνυποθετους ύφαίνουσι
και άποτείνουσιν, άλλ’ έχει τινάς άπορίας και παθών
διηγήσεις, γινώσκεις αύτή. και καθάπερ οί ραθηρατικοί
τήν ΐριν ερφασιν είναι τού ήλιου λεγουσι ποικιλλορένην
359Α τη γτρός τό νέφος άναχωρήσει τής δψεως, ούτως δ ρΰθος
ενταύθα λόγου τίνος ερφασίς εστιν άνακλώντος επ’ άλλα
τήν διάνοιαν, ώς ύποδηλοΰσιν αϊ τε θυσίαι τό πενθιρον
εχουσαι και σκυθρωπόν ερφαινόρενον αϊ τε τών ναών
διαθέσεις πή ρεν άνειρένων εις πτερά και δρόρους
ύπαιθρίους και καθαρούς, πή δε κρυπτά και σκότια κατά
γης εχόντων στολιστήρια θηκαίοις εοικότα και σηκοΐς,
ούχ ήκιστα δ’ ή τών Όσιρείων δόξα, πολλαχοΰ κεΐσθαι
λεγορένου τού σώρατος· τήν τεγάρ Διοχίτην δνοράζεσθαι
πολίχνην λέγουσιν, ώς ρόνην τόν άληθινόν εχουσαν, εν
Β τ’ Άβύδω τούς εύδαίρονας τών Αιγυπτίων καί δυνατούς
ράλιστα θάπτεσθαι φιλοτιρουρένους δροτάφους είναι
τού σώρατος Όσίριδος. εν δε Μέρφει τρέφεσθαι τόν
Απιν ε’ίδωλον δντα τής εκείνου ψυχής, δπου καί τό
σώρα κεΐσθαι· καί τήν ρεν πόλιν οί ρεν δρρον άγαθών

80 Πλούταρχος | Plutarco
foi derrotado em outros dois combates. E de Osíris, com quem ela
teve relações sexuais depois de morto, Isis deu à luz a Harpocrates,
um prematuro e fraco nos membros inferiores.

20. Esses são mais ou menos os principais aspectos do 358E


mito, deles foram retirados os mais desagradáveis, como o
desmembramento de Hórus e a decapitação de Isis. Porque, se isso
sobre a natureza bem-aventurada e imperecível, segundo a qual é
especialmente concebida o divino, eles o consideram e contam
como se fossem feitos e fatos verdadeiros, “deve-se cuspir e purificar
a boca”148, conforme Esquilo149, nem devia dizer-te isso; de fato,
tu mesma recusarás aqueles que têm idéias anormais e bárbaras
sobre os deuses; que esses fatos não se assemelham em absoluto a
essas narrativas míticas inconsistentes e invenções vazias, tais como F
poetas e logógrafos que, como as aranhas, geram as primeiras idéias
de si mesmos; sem fundamento, tecem-nas e as expandem, mas
com algumas dificuldades e narrativas de sofrimentos, tu mesma
as conheces150. E como os matemáticos dizem que o arco-íris é o
reflexo do sol, que seu multicolorido é por nossa vista que se afasta
dele em direção à nuvem151; desse modo, o mito aqui é reflexo de 359A
um tipo de discurso que afasta sua mente para outras idéias, como
nos dão a entender os sacrifícios com duelo e a aparência sombria,
as disposições dos recintos dos templos152 por onde se lançam alas
e corredores ao ar livre e puro, por onde há também as criptas
e túmulos sob a terra, lugares com estátuas e vestes dos deuses,
que se assemelham a câmaras funerárias e tumbas, e não menos
importante é a crença sobre Osíris, quando se diz que seu corpo
jaz por toda parte; pois dizem que Dioquites153 é o nome dado a
uma pequena cidade, que é a única que tem o verdadeiro, e que
os egípcios afortunados e poderosos são enterrados em Abido154 B
por buscar as honras de estar em túmulos que estão no mesmo
lugar que o corpo de Osíris. Em Mênfis, era criado Ápis, imagem
da alma daquele, onde também jaz o seu corpo; e interpretam
que a cidade significa “porto dos bons”, e outros propriamente

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 81


ερμηνεύουσιν, οί δ’ ιδίως τάφον Όσίριδος. τήν δέ
προς Φιλαΐς νιστιτάνην άλλως μέν άβατον άπασι και
άπροσπελαστον είναι και μηδ’ όρνιθας επ’ αύτήν
καταίρειν μηδ’ ίχθΰς προσπελάζειν, ενι δέ καιρω τούς
ιερείς διαβαίνοντας εναγίζειν καί καταστέφειν το σήμα
μηδίθης φυτώ περισκιαζόμενον ύπεραίροντι πάσης
ελαίας μέγεθος.

21. Εύδοξος δέ πολλών τάφων εν Αίγύπτω λεγο μενών


359C εν Βουσίριδι το σώμα κεΐσθαι· καί γάρ πατρίδα ταύτην
γεγονεναι τού Όσίριδος· ούκετι μεντοι λόγου δεΐσθαι τήν
Ταφόσιριν· αύτό γάρ φράζειν τούνομα ταφήν Όσίριδος.
εώ δέ τομήν ξύλου καί σχίσιν λίνου καί χοάς χεομενας διά
το πολλά τών μυστικών άναμεμΐχθαι τούτοις. ού μόνον
δέ τούτων οί ιερείς λεγουσιν, άλλά καί τών άλλων θεών,
όσοι μή άγέννητοι μηδ’ άφθαρτοι, τά μέν σώματα παρ’
αύτοΐς κεΐσθαι καμόντα καί θεραπεύεσθαι, τάς δέ ψυχάς
εν ούρανώ λάμπειν άστρα καί καλεΐσθαι κύνα μέν τήν
Ίσιδος ύφ’ Ελλήνων, ύπ’ Αιγυπτίων δέ Σώθιν, Ώρίωνα δέ
D τήν 'Ώρου, τήν δέ Τυφώνος άρκτον, είς δέ τάς ταφάς τών
τιμωμένων ζώων τούς μέν άλλους συντεταγμένα τελεΐν,
μόνους δέ μή διδόναι τούς Θηβαΐδα κατοικοΰντας, ως
θνητόν θεόν ούδένα νομίζοντας, άλλ’ δν καλοΰσιν αύτοί
Κνήφ, άγέννητον όντα καί άθάνατον.

22. Πολλών δέτοιούτωνλεγομένωνκαίδεικνυμένων


οί μέν οίόμενοι βασιλέων ταΰτα καί τυράννων δι’
αρετήν ύπερφέρουσαν ή δύναμιν ή αξίωμα δόξαν
θεότητος επιγραψαμένων εΐταχρησαμένων τύχαις έργα
καί πάθη δεινά καί μεγάλα διαμνημονεύεσθαι ράστη
μέν άποδράσει τού λόγου χρώνται καί το δύσφημον
ού φαύλως άπό τών θεών επ’ ανθρώπους μεταφέρουσι
D καί ταύτας εχουσιν άπό τών ίστορουμένων βοήθειας,
ίστοροΰσι γάρ Αιγύπτιοι τόν μέν Έρμήν τω σώματι

82 Πλούταρχος | Plutarco
“túmulo de Osíris”. E próximo a Fila155 havia uma ilhazinha que
ainda por cima era absolutamente inacessível e inabordável, as
aves não pousavam nela, sequer os peixes se aproximavam dela,
e em uma época apropriada, os sacerdotes faziam a sua travessia
para oferecer sacrifícios fúnebres e coroar o seu túmulo, que é
sombreado por uma planta de medites156 que cresce acima do
tamanho de qualquer oliveira.

21. Eudoxo, dentre os muitos túmulos existentes no Egito,


diz que o seu corpo jaz em Busiris157; porque essa havia se tornado 359C
a pátria de Osíris; por certo, Tafosíris158 não precisa ainda de
argumento; pois seu próprio nome indica que é a tumba de
Osíris. E deixo de lado o corte da madeira, a fenda da pedra e o
derramamento de libações, porque muitos assuntos místicos estão
relacionados a eles. E não somente isso, mas também sobre os
demais deuses, quantos não sejam ingênitos nem incorruptíveis, os
sacerdotes dizem que seus corpos jazem fatigados junto a eles e que
por eles são honrados, enquanto suas almas brilham como astros no
céu e que a alma de Isis é chamada de Cão pelos helenos, Sótis, pelos
egípcios, e Orion, a de Hórus, e Ursa, a de Tífon. E para as tumbas D
dos animais venerados, os demais pagam o tributo estabelecido, e
os únicos que não o dão são os habitantes de Tebaida, porque não
cultuam nenhum deus mortal, mas o que eles mesmos chamam
Cnef, que é ingênito e imortal.

22. Porque existem muitos relatos e representações desse tipo,


celebram essas ações e experiências extraordinárias e grandiosas, de
reis e tiranos que pensam que despontaram por sua virtude, ou
poder, ou dignidade, que atribuíram a si mesmos uma reputação
divina, e que depois sofreram as ações da sorte com grandes e terríveis
sofrimentos, que facilmente escaparam do relato verdadeiro,
porque as narram com habilidade, transferem a difamação dos
deuses para os homens, com a ajuda dessas investigações159. Pois E
os egípcios concluem por meio de suas investigações que Hermes

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Ísis e Osíris 83


γ&νέσθα,ι γαλιάγκωνα, τόν δέ Τυφώνα τή χρόα πυρρόν,
λευκόν δέ τόν Όρον και μελάγχρουν τόν Όσιριν, ώς
τή φύσει γεγονότας ανθρώπους, ετι δέ και στρατηγόν
όνομάζουσιν Όσιριν και κυβερνήτην Κάνωβον, ου
φασιν επώνυμον γεγονεναι τόν αστέρα, και τό πλούον,
δ καλοΰσιν Έλληνες Αργώ, τής Όσίριδος νεώς ε’ίδωλον
επί τιμή κατηστερισμενον ού μακράν φερεσθαι του
Ώρίωνος και του Κυνός, ών τόν μέν 'Ώρου τόν δ’ Ίσιδος
ιερόν Αιγύπτιοι νομίζουσιν.

359F 23. δκνώ δε, μή τοΰτ’ ή τα ακίνητα κινεύν και


‘πολεμεύν ού τώ πολλώ χρόνω’ (κατά Σιμωνίδην) μόνον,
‘πολλοΐς δ’ ανθρώπων εθνεσι’ καιγενεσι κατόχοις ύπδ τής
προς τούς θεούς τούτους δσιότητος, ούδέν απολείποντας
εξ ούρανοΰ μεταφερειν επί γήν ονόματα τηλικαΰτα καί
τιμήν καί πίστιν ολίγου δεύν απασιν εκ πρώτης γενεσεως
jóoA ένδεδυκυΐαν εξιστάναι καί άναλύειν, μεγάλας μέν τώ άθέω
Λέοντι κλισιάδας άνοίγοντας καί εξανθρωπίζοντι τα θεία,
λαμπράν δέ τούς Εύημερου τού Μεσσηνίου φενακισμούς
παρρησίαν δίδοντας, δς αύτδς αντίγραφα συνθείς
απίστου καί ανυπάρκτου μυθολογίας πάσαν άθεότητα
κατασκεδάννυσι τής οικουμένης, τούς νομιζομένους
θεούς πάντας δμαλώς διαγράφων είς δνόματα στρατηγών
καί ναυάρχων καί βασιλέων ώς δή πάλαι γεγονότων εν δέ
Πάγχοντι γράμμασι χρυσούς άναγεγραμμένων, οΐς ούτε
βάρβαρος ούδείς ούθ’ Έλλην, άλλά μόνος Εύήμέρος, ώς
Β έοικε, πλεύσας είς τούς μηδα-μόθι γής γεγονότας μηδ’
όντας Παγχώους καί Τριφύλλους εντετύχηκε.

24. καίτοι μεγάλαι μέν ύμνοΰνται πράξεις εν


Άσσυρίοις Σεμιράμιος, μεγάλαι δέ Σεσώστριος εν
Αίγύπτω· Φρύγες δέ μέχρι νυν τά λαμπρά καί θαυμαστά
τών έργων Μάνικά καλοΰσι διά τό Μάνην τινά τών
πάλαι βασιλέων άγαθδν ανδρα καί δυνατόν γενέσθαι

84 Πλούταρχος | Plutarco
nasceu com um corpo de braços curtos, que Tífon tinha a
pele vermelha, Hórus, branca e Osíris, negra, como se tivessem
nascido homens por natureza. Além disso, nomearam Osíris
como estratego e Canobo160 como piloto, do qual, contam, que
o astro recebe o seu nome, e o barco, que os helenos chamam de
Argo161, uma representação da nau de Osíris, foi colocado entre
os astros em sua homenagem; e não se desloca muito além de
Orion e do Cão, que os egípcios consideram consagrados um a
Hórus e o outro, a Isis.

23. E temo que isto seja mover assuntos inamovíveis162 e ^F


somente “guerrear pornão muito tempo” (conforme Simônides163),
mas “contra muitas etnias de homens”164 e linhagens tomadas
por esses sentimentos de piedade aos deuses, que não deixam de
transferir nomes tão poderosos do céu para a terra, que falta pouco
para aniquilar e retirar a honra e a crença em todos desde a primeira
geração, abrindo grandes portas165 ao ateu Léon166 e que tornam 360A
humanos os assuntos divinos, concedendo brilhante liberdade
de expressão aos enganos do messênio Evêmero167, ele mesmo
narrou versões da mitologia sem credulidade nem realidade e as
espalhou para todo tipo de ateísmo do mundo habitado, quando
nomeia todos os deuses tradicionais no mesmo nível dos inscritos
nas listas168 dos estrategos, navarcas e reis, como se de fato tivessem
nascido em outros tempos, e inscreve-os com letras de ouro em
Panconte169, que nenhum bárbaro nem heleno, mas somente
Evêmero, como parece, navegou em direção aos que não nasceram
em lugar nenhum da terra, que não eram sequer pancoos e trífilos, B
mas ele os havia encontrado.

24. Por certo, são celebradas com hinos as grandes ações de


Semiramis170 entre os assírios e as grandes de Sesóstris171 no Egito;
e até hoje os frígios chamam “mânicos” os feitos brilhantes e
admiráveis por causa de Manes172, um dos seus reis de antigamente,
um homem bom e que se tornou poderoso junto a eles, que

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 85


παρ’ αύτοΐς, δν ενιοι Μάσνην καλοΰσι· Κύρος δέ Πέρσας
Μακεδόνας δ’ Αλέξανδρος ολίγου δεΐν επι πέρας τής γής
κρατούντας προήγαγον· άλλ’ όνομα και μνήμην βασιλέων
jóoC αγαθών εχουσιν. £εί δέ τινες εξαρθέντες ύπδ μεγαλαυχίας’
ώς φησιν ό Πλάτων ‘αμα νεότητι και άνοία φλέγόμενοι τήν
ψυχήν μεθ’ ύβρεως’ εδέξαντο θεών επωνυμίας καί ναών
ιδρύσεις, βραχύνήνθησεν ή δόξα χρόνον, εΐτα κενότητα καί
αλαζονείαν μετ’ άσεβείας καί παρανομίας προσοφλόντες

’ώκύμοροι καπνοϊο ΰίκην άρθέντες άπέπταν’

καί νυν ώσπερ αγώγιμοι δραπέται τών ιερών καί τών


βωμών άποσπασθέντες ούδεν άλλ’ ή τά μνήματα
καί τούς τάφους εχουσιν. δθεν Αντίγονος δ γέρων
Έρμοδότου τίνος εν ποιήμασιν αύτδν Ήλιου παΐδα
καί θεόν άναγορεύοντος ‘ού τοιαΰτά μοι’ εΐπεν ‘δ
D λασανοφόρος σύνοιδεν’. ευ δέ καί Λύσιππος δ πλάστης
Άπελλήν εμέμψατο τόν ζωγράφον, δτι τήν Αλεξάνδρου
γράφων εικόνα κεραυνόν ενεχείρισεν· αύτδς δέ λόγχην,
ής τήν δόξαν ούδέ εις άφαιρήσεται χρόνος άληθινήν καί
ίδιαν ούσαν.

25. ΒέλτιονούνοίτάπερίτδνΤυφώνακαί’Όσιρινκαί
Τσιν ιστορούμενα μήτε θεών παθήματα μήτ’ άνθρώπων,
άλλά δαιμόνων μεγάλων είναι νομίζοντες, οΰς καί
Πλάτων καί Πυθαγόρας καί Ξενοκράτης καί Χρύσιππος
επόμενοι τοΐς πάλαι θεολόγοις ερρωμενεστέρους μέν
άνθρώπων γεγονέναι λέγουσι καί πολύ τή δυνά-μει τήν
Ε φύσιν ύπερφέροντας ήμών, τό δέ θειον ούκ άμιγές ούδ’
άκρατον έχοντας, άλλά καί ψυχής φύσει καί σώματος
αίσθήσει εν συνειληχδς ήδονήν δεχομένη καί πόνον
καί δσα ταύταις επιγενόμενα ταΐς μεταβολαΐς πάθη
τούς μέν μάλλον τούς δ’ ήττον επιταράττει· γίνονται
γάρ ώς εν άνθρώποις καί δαίμοσιν άρετής διαφοραί καί
κακίας, τά γάρ Γιγαντικά καί Τιτανικά παρ’ Έλλησιν

86 Πλούταρχος | Plutarco
alguns chamam Masnes; e Ciro173 aos persas, e Alexandre174 aos
macedônios, faltou pouco para que alcançassem e dominassem
até os limites da terra; mas têm o nome e a memória dos bons reis.
“e se alguns são exaltados pela arrogância”, como diz Platão, “ao 360C
mesmo tempo, pela juventude e irreflexão, a alma inflamada pela
insolência”1 '5, aceitaram nomes de deuses e edificações de templos,
a sua glória floresceu por pouco tempo, mas depois, convencidos
pela vaidade e jactância acompanhadas de impiedade e transgressão,

prematuros na morte, comofumaça se elevaram e voaram1 6

e agora, como escravos fugitivos, arrancados dos templos e dos


altares, eles não têm nada além de tumbas e túmulos. Por isso,
Antigono, o velho177, quando um certo Hermódoto se proclamou
filho de Hélio e um deus em seus poemas, “tais qualidades
em mim”, disse, “o escravo que carrega o meu urinol não as
reconhece”178. E também Lisipo, o escultor, bem advertiu Apeles, D
o pintor, sobre a imagem de Alexandre que ele representara com
um raio na mão; enquanto ele o representou com uma lança, da
qual a glória nenhum tempo a retirará, porque é verdadeira e um
atributo próprio dele.

25. Portanto, é melhor os que consideram que as conclusões


das investigações dos relatos sobre Tífon, Osiris e Isis não são
desgraças próprias nem dos deuses nem dos homens, mas dos
grandes dêmones179, os que Platão, Pitágoras180, Xenocrates181 e
Crisipo182, que seguiram os antigos teólogos183, dizem que são
dotados de um poder sobre-humano e que ultrapassam em muito
a capacidade da nossa natureza, e eles não têm o divino constituído E
sem mistura nem puro, mas ele também participa da natureza da
alma e da percepção pelos sentidos do corpo, no qual recebe o
prazer, a fadiga e quantas paixões se sucederem por essas mudanças,
que perturbam a uns mais e a outros menos; pois, como entre os
homens, também entre os dêmones nascem as diferenças de virtude
e de vício. Pois os feitos dos Gigantes184 e dos Titãs185 são cantados

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osiris 87


άδόμενα και Κρόνου τινες άθεσμοι πράξεις και Πύθωνος
άντιτάξεις προς Απόλλωνα φυγαί τε Διονύσου και
πλάναι Δήμητρος ούδεν άπολείπουσι τών Όσιριακών
360F και Τυφωνικών άλλων θ’ ών πάσιν έξεστιν άνέδην
μυθολογούμενων άκούειν· δσα τε μυστικούς ίεροΐς
περικαλυπτόμενα και τελεταΐς άρρητα διασώζεται και
αθέατα προς τούς πολλούς, δμοιον έχει λόγον.

26. άκούομεν δε και 'Ομήρου τούς μεν αγαθούς


διαφόρως ‘θεοειδέας’ εκάστοτε καλοΰντος και
‘αντίθεους’ καί ‘θεών άπο μήδε’ έχοντας’, τω δ’ άπδ τών
3^1Α δαιμόνων προσρήματι χρωμενου κοινώς επί τε χρηστών

καί φαύλων

’δαιμόνιε, σχεδόν ελθέ■ τίη δειδίσσεαι οϋτωςΆργείονς;’

καί πάλιν

’αΧλ ’ ότε δή το τέταρτον έπέσσυτο δαίμονι Ισος, ’

καί
'Ήίμονίη, τί νύ σε Πρίαμος Πριάμοιό τε παιύις
τόσσα κακάρέζονσιν, ο τ’ άσπερχές μενεαίνεις
Ίλιον έξαλαπάξαι ένκτίμενον πτολίεθρον; ’

ώς τών δαιμόνων μικτήν καί άνώμαλον φύσιν εχόντων


καί προαίρεσιν. δθεν δ μέν Πλάτων Όλυμπίοις θεοΐς
τά δεξιά καί περιττά, τά δ’ άντίφωνα τούτων δαί-μοσιν
Β άποδίδωσιν· δ δέ Ξενοκράτης καί τών ή μερών τάς
άποφράδας καί τών εορτών, δσαι πληγάς τινας ή κοπετούς
ή νηστείας ή δυσφημίας ή αισχρολογίαν έχουσιν, ούτε
θεών τιμαΐς ούτε δαιμόνων ο’ίεται προσήκειν χρηστών,
άλλ’ είναι φύσεις εν τω περιεχοντι μεγάλας μέν καί
ίσχυράς, δύστροπούς δέ καί σκυθρωπάς, αϊ χαίρουσι
τοΐς τοιούτοις καί τυγχάνουσαι προς ούθεν άλλο χείρον
τρέπονται, τούς δέ χρηστούς πάλιν καί άγαθούς δ θ’
Ησίοδος, ‘άγνούς δαίμονας’ καί ’φύλακας άνθρώπων’

88 Πλούταρχος | Plutarco
junto aos helenos, algumas ações ilegais de Crono, o combate
de Píton186 contra Apoio, as fugas de Dioniso, as vagâncias de
Deméter, não ultrapassam os feitos de Osíris, de Tífon e das
narrativas de outros mitos que todos podem escutar livremente; 360F
quantos feitos estão ocultos em ritos místicos e cerimônias de
iniciação, e é guardado em segredo e nada contemplável à maioria,
tem semelhante argumento.

26. E escutamos Homero a todo momento chamar os


bons, de modo diferente, de “semelhantes aos deuses”187 e “iguais
aos deuses”188 e “absolutamente tomados pelos deuses”, mas usa a
denominação derivada de “dêmones”, usualmente, para os bons e 361A
para os maus:

Miserável18?, aproxima-te! Por que temes tanto os argivos?1?0

E outra vez:

Mas quando, pela quarta vez, lançou-se igual a um demon,1?1

Miserável1?2, 0 que então a ti, Priamo e osfilhos de Priamo


tantos malesfizeram, quefervorosamente desejas
destruira bem construída cidade de Ilion? ???

como se os dêmones tivessem uma natureza e um propósito misto


e mutável. Por isso, Platão atribui aos deuses olímpios a direita e o
número ímpar, e o contrário disso, aos dêmones194; e Xenocrates195 B
também pensa que os dias nefastos e as festas, quantas tenham
certas flagelações, ou golpes no peito, ou abstinências e maus
augúrios ou obscenidades, não são convenientes para honrar os
deuses nem os dêmones bons, mas existem em nosso entorno
naturezas grandes e poderosas, também intratáveis e sombrias,
as que se comprazem com tais honras e, depois de obtê-las, não
tendem para nenhuma outra coisa pior. E aos bons e úteis196, por
sua vez, Hesiodo os chama de “puros dêmones” e “guardiões

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 89


προσαγορεύει, ‘πλουτοδότας και τούτο γέρας βασιλήιον
έχοντας’· δ τε Πλάτων ερμηνευτικόν τό τοιοΰτον ονομάζει
jóiC γένος και διακονικόν εν μέσω θεών και άνθρώπων,
εύχάς μέν εκεί και δεήσεις άνθρώπων άναπέμποντας,
εκεΐθεν δέ μαντεία δεύρο και δόσεις άγαθών φέροντας.
Εμπεδοκλής δέ και δίκας φησί διδόναι τούς δαίμονας
ών αν εξαμάρτωσι και πλημμελήσωσιν

’α’ιθεριον μεν γάρ σφε μένος πόντονόε όιώκει,


πόντος §’ ές χθονός ούόας άπέπτυσε, γαϊα §’ ές οίύγάς
ήελίου ακύμαντος, ό S’αιθέρας εμβαλε όίναις■
άλλος §’έζάλλου όεχεται, οττυγέουσι όε πάντες’,

άχρι ου κολασθέντες ούτω και καθαρθέντες αύθις τήν


κατά φύσιν χώραν και τάξιν άπολάβωσι.

D 27. τούτων δέ και τών τοιούτων άδελφάλέγεσθαί φασι


περί Τυφώνος, ώς δεινά μέν ύπό φθόνου και δυσμενείας
είργάσατο και πάντα πράγματα ταράξας ενέπλησε κακών
γήν όμοΰ τι πάσαν και θάλασσαν, εΐτα δίκην έδωκεν· ή δέ
τιμωρός Όσίριδος άδελφή καί γυνή τήν Τυφώνος σβέσασα
καί καταπαύσασα μανίαν καί λύσσαν ού περιεΐδε τούς άθλους
καί τούς άγώνας, οΰς άνέτλη, καί πλάνας αύτής καί πολλά
μέν έργα σοφίας πολλά δ’ άνδρείας άμνηστίαν ύπολαβοΰσαν
μ καί σιωπήν, άλλά ταΐς άγιωτά-ταις άναμίξασα τελεταΐς
εικόνας καί ύπονοίας καί μιμήματα τών τότε παθημάτων
εύσεβείας όμοΰ δίδαγμα καί παραμύθιον άνδράσι καί
γυναιξίν ύπό συμφορών εχομένοις όμοιων καθωσίωσεν.
αύτή δέ καί Όσιρις εκ δαιμόνων άγαθών δι’ άρετήν είς θεούς
μεταβαλόντες, ώς ύστερον Ηρακλής καί Διόνυσος, αμα καί
θεών καί δαιμόνων ούκάπό τρόπου μεμιγμένας τιμάς έχουσι,
πανταχοΰ μέν, εν δέ τοΐς ύπερ γήν καί ύπό γήν δυνάμενοι
μέγιστον. ού γάρ άλλον είναι Σάραπιν ή τόν Πλούτωνά
φασι καίΤσιν τήν Περσέφασσαν, ώς Άρχέμαχος ε’ίρηκεν

90 Πλούταρχος | Plutarco
dos homens”, “doadores de riquezas e detentores desse privilégio
real”197; e Platão crê que tal raça fosse um tipo de intérprete e
auxiliar que está na posição intermediária entre os deuses e os 361C
homens, enviam para lá as suas orações e pedidos dos homens,
e de lá trazem a adivinhação e as doações de bens198 para cá.
Empédocles199 também diz que os dêmones são punidos quando
cometem algum erro e se comportam mal

Pois a força do éter os impele até 0 mar, e 0 mar os persegue


até a terra, e a terra os precipita aos raios do sol
infatigável, e 0 éter os lança nos redemoinhos;
um do outro os recebe, mas todos os odeiam,200

até que, após terem sido castigados assim e purificados, de novo


obtêm a sua posição por natureza.

27. E também situações análogas a essas são contadas, D


dizem, a respeito de Tífon, que operou ações terríveis por inveja
e animosidade, por isso perturbou tudo, encheu de males quase
toda a terra e o mar por igual, depois recebeu o seu castigo; e a
vingadora, irmã e esposa de Osíris, depois de ter sufocado e
interrompido a loucura e a fúria de Tífon, não permitiu os
combates e as lutas que suportou; e as suas errâncias e muitas obras
da sabedoria, muitas vezes, da coragem, caíram no esquecimento
e no silêncio, mas uniu aos mais puros ritos iniciatórios imagens, E
alegorias e representações dos sofrimentos de outrora, igualmente
consagrou uma lição de piedade e estímulo aos homens e
mulheres que passaram pelas mesmas vicissitudes. Ela e Osíris,
porque haviam se transformado de bons dêmones201 em deuses
por sua virtude, como mais tarde Héracles202 e Dioniso203, porque
são, ao mesmo tempo, deuses e dêmones, não fora do costume
têm honras mistas e são extremamente poderosos por toda parte,
nos territórios acima e abaixo da terra. Pois dizem que Scrápis2"1
não é outro Serápis senão Plutão205 e que Isis206 é Perséfone207,

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Ísis e Osíris 91


δ Εύβοεύς και δ Ποντικός Ήρακλείδης τό χρηστήριον
εν Κανώβω Πλούτωνος ηγούμενος είναι.

361F 28. Πτολεμαίος δ’ δ Σωτήρ δναρ εΐδε τόν εν


Σινώπη τού Πλούτωνος κολοσσόν, ούκ επιστάμενος
ούδ’ εωρακώς πρότερον οΐος ήν τήν μορφήν, κελεύοντα
κομίσαι τήν ταχίστηναύτδν είς Αλεξάνδρειαν, άγνοοΰντι
δ’ αύτω και άποροΰντι, πού καθίδρυται, και διηγουμένω
τοΐς φίλοις τήν δψιν εύρεθη πολυπλανής άνθρωπος
όνομα Σωσίβιος, εν Σινώπη φάμενος εωρακεναι τοιοΰτον
κολοσσόν, οΐον δ βασιλεύς ίδεΐν εδοξεν. επεμψεν ούν
Σωτελη και Διονύσιον, οϊ χρόνω πολλω και μόλις, ούκ
άνευ μεντοι θείας προνοίας, ήγαγον εκκλέψαντες. επεί
j62A δέ κομισθείς ώφθη, συμβαλόντες οί περί Τιμόθεον τόν
εξηγητήν καί Μανεθωνα τόν Σεβεννύτην Πλούτωνος
δν άγαλμα τώ Κερβερω τεκμαιρόμενοι καί τώ
δράκοντι πείθουσι τόν Πτολεμαίον, ώς ετέρου θεών
ούδενδς αλλά Σαράπιδός εστιν· ού γάρ εκεΐθεν ούτως
δνομαζόμένος ήκεν, άλλ’ είς Αλεξάνδρειαν κομισθείς
τδ παρ’ Αίγυπτίοις όνομα τού Πλούτωνος εκτήσατο
τόν Σάραπιν. καί μεντοι τά Ηρακλείτου τού φυσικού
λεγοντος Άιδης καί Διόνυσος ωύτδς δτεω μαίνονται
καί ληναΐζουσιν’ είς ταύτην ύπάγουσι τήν δόξαν, οί
γάρ άξιοΰντες Άιδην λεγεσθαι τδ σώμα τής ψυχής οΐον
Β παραφρονούσης καί μεθυούσης εν αύτω, γλίσχρως
άλληγοροΰσι. βελτιον δέ τόν Όσιριν είς ταύτδ συνάγειν
τώ Διονύσω τώ τ’ Όσίριδι τόν Σάραπιν, δτε τήν φύσιν
μετέβαλε, ταύτης τυχόντι τής προσηγορίας. διό πασι
κοινός δ Σάραπίς εστιν, ώς δή τόν Όσιριν οί τών ιερών
μεταλαβόντες ισασιν.

29. Ού γάρ άξιον προσέχειν τοΐς Φρυγίοις


γράμμασιν, εν οΐς λέγεται χαροπώς τούς μέν τού
Ήρακλέους γενέσθαι θυγάτηρ, ίσαιακοΰ δέ τού

92 Πλούταρχος | Plutarco
como já disse o eubeu Arquêmaco208 e Heraclides209 do Ponto210.
Pensa que é o oráculo de Plutão em Canobo211.

28. Ptolomeu212 Sóter213 viu em sonho o colosso de Plutão 361F


em Sinope214, sem saber nem ver antes qual era a sua forma,
ordenou que o transportassem o mais rapidamente possível para
Alexandria215. E, na ocasião, não conhecia nem sabia onde havia
sido erigido; depois de ter contado aos amigos sobre a sua visão, foi
encontrado um homem muito errante, seu nome era Sosíbio216,
que lhe disse que havia visto em Sinope um colosso desse tipo, tal
o rei achava ter visto. Então, enviou Sóteles21' e Dionísio218, os que,
com muito tempo e dificuldade; por certo, não sem a providência
divina, eles o levaram, porque o roubaram de lá219. E depois de ter
sido levado, foi exposto, e os discípulos de Timóteo220, o exegeta, 362A
e os de Mâneton, o sebenita, supunham que era de Plutão,
que essa estátua com Cérbero221 e a serpente222 testemunhava
por eles e persuadiram Ptolomeu de que a estátua não era de
nenhum outro deus, senão de Serápis; pois de onde veio não
era assim que a chamavam, mas, depois de ter sido levada à
Alexandria, recebeu o nome junto aos egípcios de Serápis.
Por certo, também o que Heráclito223, o filósofo da natureza,
disse: “Hades e Dioniso são o mesmo ser do qual são tomados
de delírio e celebram a festa dos pisadores de uva”224, o que
sustenta essa crença. Pois os que julgam que “Hades” é mesmo
que se chamar “corpo”, como se houvesse uma alma delirante B
e embriagada dentro dele, criam essa alegoria com tenacidade. E
melhor concluir que Osíris é o mesmo que Dioniso, e Osíris que
Serápis, quando mudou de natureza, que recebeu esse nome por
acaso. Por isso, Serápis é comum a todos, como sabem que o é
também Osíris os que participam dos ritos sagrados.

29. Pois não vale a pena prestar atenção nos Escritos


frígioE25, nos quais se diz que Héracles estava cheio de alegria
porque nasceu Isis, que seria sua filha, e não se importou quando

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 93


Ήρακλεους δ Τυφών, ούδε Φυλάρχου μή καταφρονεΐν
γράφοντας, δτι πρώτος είς Αίγυπτον εξ Ινδών Διόνυσος
ήγαγε δύο βούς, ών ήν τώ μεν Απις όνομα τώ δ’ Όσιρις·
j62C Σάραπις δ’ όνομα του τό πάν κοσμούντός εστι παρά τό
σαίρειν, δ καλλύνειν τινες και κοσμεΐν λέγουσιν. άτοπα
γάρ ταυτα του Φυλάρχου, πολλώ δ’ άτοπώτερα τά
τών λεγόντων ούκ είναι θεόν τόν Σάραπιν, άλλά τήν
Άπιδος σορόν ούτως όνομάζεσθαι, και χαλκάς τινας εν
Μεμφει πύλας λήθης και κωκυτού προσαγορευομενας,
δταν θάπτωσι τόν Απιν, άνοίγεσθαι βαρύ και σκληρόν
ψοφούσας· διό παντός ήχοΰντος ήμάς χαλκώματος
επιλαμβάνεσθαι. μετριώτερον δ’ οί παρά τό σεύεσθαι
καί τό σοΰσθαι τήν τού παντός άμα κίνησιν είρήσθαι
φάσκοντες. οί δε πλεΐστοι τών ιερέων είς ταύτό φασι
τόν Όσιριν συμπεπλέχθαι καί τόν Απιν, εξηγούμενοι
D καί διδάσκοντες ήμάς, ώς εμμορφον εικόναχρή νομίζειν
τής Όσίριδος ψυχής τόν Απιν. εγώ δ’, εί μεν Αιγύπτιόν εστι
τούνομα τού Σαράπιδος, εύφροσύνην αύτό δηλοΰν ο’ίομαι
καί χαρμοσύνην, τεκμαιρόμενος δτι τήν εορτήν Αιγύπτιοι
τά Χαρμόσυνα ‘Σαίρει’ καλοΰσιν. καί γάρ Πλάτων τόν
Άιδην ώς Αΐδούς υιόν τοΐς παρ’ αύτώγενομένοις καί προσηνή θεόν
ώνομάσθαι φησί· καί παρ’Αΐγυπτίοις άλλα τε πολλά τών ονομάτων
λόγον έχει καί τόν ύποχθόνιον τόπον, εις δν οϊονται τάς ψυχάς
άπέρχεσθαι μετά τήν τελευτήν, Άμένθην καλούσι σημαίνοντος
Ε τού ονόματος τόν λαμβάνοντα καί διδόντα. εΐ δε καί τούτο τών εκ
τής Ελλάδος άπελθόντων πάλαι καί μετακομισθέντων ονομάτων
εν εστιν, ύστερον επισκεψόμεθα· νύν δε τά λοιπά τής εν χερσί δόξης
προσδιέλθωμεν.

30. Ό μέν γάρ Όσιρις καί ή ^Ισις εκ δαιμόνων άγαθών


είς θεούς μετήλλαξαν· τήν δε τού Τυφώνος ήμαυρωμένην
καί συντετρυμμένην δύναμιν, ετι δε καί ψυχορραγούσαν καί
σφαδάζουσαν, εστιν αΐςπαρηγορούσιθυσίαις καί πραύνουσιν,
εστι δ’ δτε πάλιν εκταπεινούσι καί καθυβρίζουσιν εν

94 Πλούταρχος | Plutarco
Tífon nasceu; nem se deve importar quando Filarco226 escreve
que Dioniso foi o primeiro que conduziu dois bois da índia para
o Egito, dos quais, um cujo nome eraÁpis e o outro Osíris; e que
Serápis, de quem o nome vem de sairein, que alguns dizem que 362C
significa “embelezar” e “ornar”. Pois essas assertivas de Filarco
são absurdas, e muito mais absurdas as daqueles que dizem
que Serápis não era um deus, mas que este nome foi dado ao
ataúde de Ápis, que em Mênfis havia algumas portas de bronze
que eram chamadas de Lete22' e Cocito228, quando celebram
os funerais de Ápis229, elas se abrem com um barulho pesado e
forte; por isso colocamos as mãos sobre tudo que é de bronze
quando ressoa. E tem mais comedimento os que afirmam
que significa o movimento conjunto do universo a partir de
seiíesthai e soiisthaf30. E a maior parte dos sacerdotes diz que
Osíris e Ápis foram entrelaçados no mesmo ser, e nos mostram e
ensinam que é preciso considerar que Ápis é a imagem corpórea D
da alma de Osíris. E eu, se o nome de Serápis é egípcio, penso
que isso é por mostrar alegria e regozijo, há como testemunho
o que os egípcios chamam festival das Carmosinas Seri231. Pois
também Platão232 diz que Hades é filho da benevolência e que
recebe esse nome por ser um deus favorável aos que estão junto a
ele233; e entre os egípcios muitos outros nomes têm um sentido;
e o lugar subterrâneo, para onde pensam que as almas partem
depois da morte, chamam Amentes234, o nome que significa
“o que recebe e o que dá”. E se esse é um daqueles nomes que p
vieram da Hélade de antigamente e que foram transferidos de
lá235, mais tarde os examinaremos236; agora discorreremos sobre
o restante da crença que temos em mãos.

30. Então, Osíris e ísis se transformaram de dêmones


bons em deuses; e ao poder fraco e exaurido de Tífon, mas ainda
em luta contra a morte e se agitando convulsivamente, existem
os sacrifícios com os quais eles o acalmam e o apaziguam, é
quando novamente o humilham e o ultrajam em algumas festas,

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 95


τισιν εορταΐς, τών μέν ανθρώπων τούς πυρρούς και
προπηλακίζοντες, όνον δέ κατακρημνίζοντες, ώς
Κοπτΐται, διάτό πυρρόνγεγονεναιτόν Τυφώνα και όνώδη
j62F τήν χρόαν. Βουσιρΐται δέ και Λυκοπολΐται σάλπιγξιν ού
χρώνται το παράπαν ώς δνω φθεγγομέναις εμφερες. και
δλως τόν δνον ού καθαρόν άλλα δαιμονικόν ηγούνται
ζώον είναι διά τήν προς εκείνον ομοιότητα και πόπανα
ποιοΰντες εν θυσίαις τού τε Παϋνί και τού Φαωφί μηνάς
363Α έπιπλάττουσι παράσημον δνον δεδεμενον. εν δέ τή τού
Ήλιου θυσία τοΐς σεβομένοις τόν θεόν παρεγγυώσι μή
φορεΐν επί τω σώματι χρυσία μηδ’ δνω τροφήν διδόναι.
φαίνονται δέ καί οί Πυθαγορικοί τόν Τυφώνα δαιμονικήν
ήγούμενοι δύναμιν· λεγουσι γάρ εν άρτίω μετρώ εκτω καί
πεντηκοστώ γεγονεναι Τυφώνα· καί πάλιν τήν μέν τού
τριγώνου φύσιν Άιδου καί Διονύσου καί Άρεος είναι· τήν
δέ τού τετραγώνου 'Ρέας καί Αφροδίτης καί Δήμητρος καί
Εστίας καί Ήρας· τήν δέ τού δωδεκαγώνου Διός· τήν δέ τού
εκκαιπεντηκονταγωνίου Τυφώνος, ώς Εύδοξος ίστόρηκεν.

31. Αιγύπτιοι δέ πυρρόχρουνγεγονεναι τόν Τυφώνα


Β νομίζοντες καί τών βοών τούς πυρρούς καθιερεύουσιν,
ούτως ακριβή ποιούμενοι τήν παρατήρησιν, ώστε, καν
μίαν εχη τρίχα μελαιναν ή λευκήν, άθυτον ήγεΐσθαι·
θύσιμον γάρ ού φίλον είναι θεοΐς, άλλα τούναντίον,
δσα ψυχαΐς άνοσίων άνθρώπων καί άδικων είς ετερα
μεταμορφουμενων σώματα συνείληχε. διό τή μέν
κεφαλή τού Ιερείον καταρασάμενοι καί άποκόψαντες
είς τόν ποταμόν ερρίπτουν πάλαι, νΰν δέ τοΐς ξενοις
άποδίδονται· τόν δέ μέλλοντα θύεσθαι βουν οί
σφραγισταί λεγόμενοι τών ιερέων κατεσημαίνοντο,
τής σφραγΐδος, ώς ιστορεί Κάστωρ, γλυφήν μέν
εχούσης άνθρωπον είς γόνυ καθεικότα ταΐς χερσίν
C όπίσω περιηγμέναις, εχοντα κατά τής σφαγής ξίφος
εγκείμενον. άπολαύειν δέ καί τόν δνον, ώσπερ ε’ίρηται,

96 Πλούταρχος | Plutarco
e censuram com palavras grosseiras os homens que têm cabelos
vermelhos e atiram um asno do alto de um precipício, como os
coptitas, porque Tífon tinha nascido vermelho e com a aparência
de um asno. E buritas e licopolitanos não usam em absoluto as 362F
trombetas, porque emitem sons semelhantes ao de um asno237. Em
uma palavra, pensam que o asno é um animal impuro, mais ainda,
demônico238, por sua semelhança com aquele; quando fazem os
bolos redondos nos sacrifícios durante os meses paini e faofi239,
modelam neles a marca de um asno amarrado. No sacrifício em 363A
honra de Hélio, aos que veneram o deus, recomendam que não
levem em seu corpo peças de ouro nem deem alimento a um
asno. Também os pitagóricos240 mostram seu entendimento de
que o poder de Tífon é demônico; pois dizem que Tífon nasceu
em uma medida par, a quinquagésima sexta; por sua vez, que a
natureza do triângulo é a de Hades, de Dioniso e de Ares211; e a
do quadrado de Reia, Afrodite, Deméter, Héstia242 e Hera243; a do
dodecágono de Zeus; e a do polígono de cinquenta e seis lados de
Tífon, conforme Eudoxo concluiu em sua investigação.

31. E porque os egípcios creem que Tífon tinha a pele


vermelha, 244 eles lhe consagram os bois vermelhos, que B
examinavam com tanta precisão, de modo que, se tivesse um
único pelo negro ou branco, acreditavam que era impróprio
para ser uma oferenda sacrificial245; o que os deuses têm como
sacrifício não o seu querido, mas o contrário, o que tem recebido
as almas dos homens impuros e injustos metamorfoseados em
outros corpos246. Por isso, após ter proferido imprecações sobre a
cabeça da vítima sacrificial e a cortado, antigamente eles a atiravam
no rio, mas hoje a vendem aos estrangeiros; e o boi que ia ser
sacrificado era marcado com um selo pelos sacerdotes, chamados
os esfragistas247, como conclui Castor248 em sua investigação,
com a imagem de um homem colocado de joelhos com
as mãos amarradas atrás das costas, com uma espada enfiada na C
garganta. E pensam que o asno perecia, como já foi dito, por sua

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 97


τής δμοιότητος διά τήν άμαθίαν και τήν ΰβ>ριν ούχ
ήττον ή διά τήν χρόαν ο’ίονται· διό και τών Περσικών
βασιλέων εχθραίνοντες μάλιστα τόν Ήχον ώς εναγή και
μιαρόν, όνον επωνόμασαν. κάκεΐνος είπών ‘ό μεντοι όνος
ουτος ύμών κατευωχήσεται τόν βουν’ έθυσε τόν Άπιν,
ώς Δείνων ίστόρηκεν. οί δε λεγοντες εκ τής μάχης επ’
όνου τώ Τυφώνι τήν φυγήν επτά ή μέρας γενέσθαι καί
363D σωθέντα γεννήσαι παΐδας Ίεροσόλυμον καί Ιουδαίον,
αύτόθεν είσί κατάδηλοι τά Ιουδαϊκά παρέλκοντες είς
τόν μύθον.

32. Ταΰτα μέν οΰν τοιαύτας ύπονοίας δίδωσιν· άπ’


άλλης δ’ άρχής τών φιλοσοφώτερόν τι λέγειν δοκούντων
τούς άπλουστάτους σκεψώμεθα πρώτον, ουτοι δ’ είσίν οί
λέγοντες, ώσπερ "Ελληνες Κρόνον άλληγορουσι τόν χρόνον,
Ήραν δέ τόν άέρα, γένεσιν δέ Ηφαίστου τήν είς πυρ άέρος
μεταβολήν, ούτω παρ’ Αίγυπτίοις Νείλον είναι τόν Όσιριν
Ίσιδι συνόντα τή γή, Τυφώνα δέ τήν θάλασσαν, είς ήν δ
Νείλος εμπίπτων άφανίζεται καί διασπάται, πλήν δσον ή γή
μέρος άναλαμβάνουσα καί δεχομένη γίγνεται γόνιμος ύπ’
Ε αύτου. καί θρήνος εστιν ιερός επ’ αύτου Κρόνου γενόμενος,
θρηνεί δέ τόν εν τοΐς άριστεροΐς γινόμενον μέρεσιν, εν δέ τοΐς
δεξιοΐς φθειρόμενον. Αιγύπτιοι γάρ ο’ίονται τά μέν εώα τού
κόσμου πρόσωπον είναι, τά δέ προς βορραν δεξιά, τά δέ προς
νότον άριστερά· φερό μένος ούν εκ τών νοτίων δ Νείλος,
εν δέ τοΐς βορείοις ύπδ τής θαλάσσης καταναλισκόμένος
εικότως λέγεται τήν μέν γένεσιν εν τοΐς άριστεροΐς έχειν,
τήν δέ φθοράν εν τοΐς δεξιοΐς. διό τήν τε θάλασσαν οί ίερεΐς
άφοσιοΰνται καί τόν αλα Τυφώνος άφρδν καλοΰσι, καί
τών άπαγορευομένων εν εστιν αύτοΐς επί τραπέζης αλα
F μή προτίθεσθαι· καί κυβερνήτας ού προσαγορεύουσιν, δτι
χρώνται θαλάττη καί τόν βίον άπδ τής θαλάττης έχουσιν·
ούχ ήκιστα δέ καί τόν ίχθύν άπδ ταύτης προβάλλονται τής
αίτιας καί τό μισεΐν ίχθύι γράφουσιν. εν Σάι γοΰν εν τώ

98 Πλούταρχος | Plutarco
semelhança, por sua ignorância e insolência, não menos que pela
cor do seu pelo; por isso também, dentre os reis da Pérsia, eles
odeiam especialmente Oco249, tido como maldito e impuro250,
a quem eles deram o título de asno. E aquele, após dizer que:
“por certo, esse asno se deleitará do vosso boi”, e sacrificou Ápis,
como concluiu Dínon251 em sua investigação. E os que contam
que a fuga de Tífon da batalha ocorreu, durante sete dias252, em
cima de um asno e que, depois de ter se salvado, gerou os filhos 363E)
Hierosólimo e Judeu253, a partir daí é evidente que acrescentam
elementos judaicos ao mito254.

32. Portanto, tais são as interpretações que dão a essas


alegorias; a partir de outro princípio, dentre os que parecem
dizer algo mais filosófico, examinemos primeiro as mais simples.
Esses são os que dizem que, como os helenos fazem a alegoria
de Crono com o tempo, de Hera com o ar e o nascimento de
Hefesto255 como a mudança do ar em fogo, do mesmo modo,
entre os egípcios, Osíris é o Nilo que se une com a terra, e Tífon
é o mar, no qual o Nilo deságua, desaparece e se dispersa, exceto
o quanto a terra recebe como sua parte e, após recebê-lo, torna-
se fecunda por causa dele. E existe um treno256 sagrado em honra E
de Crono; nesse treno, ele nasce nos territórios à esquerda de suas
margens, enquanto é destruído à direita. Pois os egípcios pensam
que as regiões voltadas para a aurora são a cara do mundo, as que
estão voltadas para o norte à direita e as meridionais à esquerda257;
portanto, o Nilo, que corre do Sul e que é distribuído pelo mar
nas regiões do norte, dizem com razão que tem seu nascimento
à esquerda e sua morte à direita. Por isso, os sacerdotes rejeitam
as expiações do mar e chamam o sal de “espuma de Tífon”258,
e dentre o que lhes é proibido, um é que eles não coloquem sal
em sua mesa; também que não dirijam a palavra aos pilotos259, F
porque usam o mar e do mar obtêm seu meio de vida; e por esse
motivo também, não menos evitam o peixe vindo dele, e escrevem
“odiar” com a imagem de um peixe. Então, em Sais, no vestíbulo

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 99


προπύλω του ίεροΰ τής Αθήνας ήν γεγλυμμένον βρέφος,
γέρων και μετά τούτον ιέραξ, εφεξής δ’ ιχθύς, επι πασι
δ’ ϊππος ποτάμιος. εδήλου δέ συμβολικώς ‘ω γινόμενοι
και άπογινόμενοι, θεός αναίδειαν μισεί’, τό μέν γάρ
βρέφος γενέσεως σύμβολον, φθοράς δ’ δ γέρων· ίέρακι
δέ τόν θεόν φράζουσιν, ίχθύι δέ μίσος, ώσπερ ε’ίρηται,
διά τήν θάλατταν, ϊππω ποταμίω δ’ άναίδειαν· λέγεται
364Α γ^ρ άποκτείνας τόν πατέρα τή μητρί βία μίγνυσθαι.
δόξειε δ’ άν καί τό ύπδ τών Πυθαγορικών λεγόμενον,
ώς ή θάλαττα Κρόνου δάκρυόν εστιν, αίνίττεσθαι τό μή
καθαρόν μηδέ σύμφυλον αύτής. Ταΰτα μέν ούν έξωθεν
είρήσθω κοινήν εχοντα τήν ιστορίαν·

33. οί δέ σοφώτεροι τών ιερέων ού μόνον τόν Νείλον


Όσιριν καλοΰσιν ού δέ Τυφώνατήν θάλασσαν, άλλ’ Όσιριν
μέν άπλής απασαν τήν ύγροποιόν άρχήν καί δύναμιν,
αιτίανγενέσεως καί σπέρματος ούσίαν νομίζοντες, Τυφώνα
δέ παν τό αύχμηρδν καί πυρώδες καί ξηραντικόν δλως καί
Β πολέμιον τή ύγρότητι· διό καί πυρρόχρουν γεγονέναι τω
σώματι καί πάρωχρον νομίζοντες ού πάνυ προθύμως
εντυγχάνουσιν ούδ’ ήδέως δμιλοΰσι τοΐς τοιούτοις τήν
δψιν άνθρώποις. τόν δ’ Όσιριν αύ πάλιν μελάγχρουν
γεγονέναι μυθολογοΰσιν, δτι παν ύδωρ καίγήν καί ίμάτια
καί νέφη μελαίνει μιγνύμενον, καί τών νέων ύγρότης
ενοΰσα παρέχει τάς τρίχας μελαίνας, ή δέ πολίωσις οΐον
ώχρίασις ύπδ ξηρότητος επιγίνεται τοΐς παρακμάζουσι.
καί τό μέν έαρ θαλερόν καί γόνιμον καί προσηνές, τό δέ
φθινόπωρον ύγρότητος ενδεία καί φυτοΐς πολέμιον καί
ζώοις νοσώδες, δ δ’ εν Ήλιου πόλει τρεφόμενος βοΰς,
C δν Μνεΰιν καλοΰσιν (Όσίριδος δ’ ιερόν, ένιοι δέ καί του
Άπιδος πατέρα νομίζουσι), μέλας εστί καί δευτέρας έχει
τιμάς μετά τόν Άπιν. έτι τήν Αίγυπτον εν τοΐς μάλιστα
μελάγγειον ούσαν, ώσπερ τό μέλαν του δφθαλμοΰ,
Χημίαν καλοΰσι καί καρδία παρεικάζουσι· θερμή γάρ

100 Πλούταρχος | Plutarco


do templo de Atena, havia a imagem esculpida de um bebê, de
um velho, depois dele, de um gavião seguido de um peixe, e sobre
todos, um cavalo do rio260. E isso mostrava de modo simbólico
que “ó vós que nasceis e morreis, o deus odeia a impudência”261.
Pois o bebê é o símbolo do nascimento e o velho, da morte; e
afirmam que o deus é representado por um gavião, o ódio por um
peixe, como já foi dito, por causa do mar, e a impudência262 pelo
cavalo do rio263; pois diz-se que, depois de matar o pai, relaciona-se 364A
sexualmente à força com a sua mãe. Podería parecer também que
o dito pelos pitagóricos em alegorias que o mar é uma lágrima de
Crono264, que não é puro nem tem afinidade com ele. Então, que
isso seja dito como algo fora da investigação comum.

33. E os mais sábios dos sacerdotes não somente


chamam o Nilo de Osiris e Tífon de mar, mas Osíris de
todo poder e princípio da umidade, porque o consideram
causa da geração e da fecundação, e Tífon, de toda a secura,
ardência, em uma palavra, aridez e inimigo da umidade;
por isso também, acreditam que ele nasceu com a pele do B
corpo vermelha e levemente pálida, eles não encontram com
muito boa vontade nem estão com prazer em companhia de
homens com essa aparência. Osíris, por sua vez, nasceu com
a pele negra, como narram os mitos, porque a água, quando
se mistura à terra, às vestes e às nuvens torna tudo negro,
e a umidade existente nos jovens produz cabelos negros,
enquanto o grisalho, como se sua palidez fosse pela secura,
sobrevêm aos que envelhecem. E a primavera é florescente,
fecunda e agradável, enquanto o outono, pela necessidade de
umidade, é hostil a plantas e nocivo aos animais. E, na cidade
de Hélio265, foi criado um boi que chamavam de Mnévis266 (e C
que está consagrado a Osíris, que também alguns consideram
pai de Apis, é negro e tem o segundo lugar nas honras
depois de Apis. O Egito é ainda uma terra mais negra que as
outras267, chamam-na de Quêmia268, como o negro do olho,

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris ‫וסו‬


εστι και ύγρά και τοΐς νοτίοις μέρεσι τής οικουμένης,
ώσπερ ή καρδία τοΐς εύωνύμοις του ανθρώπου, μάλιστα
εγκεκλεισται και προσκεχώρηκεν.

34. Ήλιον δε και Σελήνην ούχ αρμασιν άλλα πλοίοις


όχήμασι χρωμένους περιπολεΐν φασιν αίνιττόμενοι τήν
άφ’ ύγροΰ τροφήν αυτών και γενεσιν. ο’ίονται δέ και
364D Όμηρον ώσπερ Θαλήν μαθόντα παρ’ Αιγυπτίων ύδωρ
αρχήν απάντων και γενεσιν τίθεσθαι· τόν γάρ Ωκεανόν
Όσιριν είναι, τήν δέ Τηθύν 5Ισιν ώς τιθηνουμενην
πάντα και συνεκτρεφουσαν. και γάρ Έλληνες τήν του
σπέρματος πρόεσιν άπουσίαν καλουσι και συνουσίαν
τήν μΐξιν, καί τόν υιόν άπό του ΰδατος καί του υσαι,
καί τόν Διόνυσον’ ΰην’ ώς κύριον τής ύγρας φύσεως
ούχ έτερον όντα τού Όσίριδος· καί γάρ τόν Όσιριν
Ελλάνικος "Τσιριν εοικεν άκηκοέναι ύπό τών ιερέων
λεγόμενον· ούτω γάρ όνομάζων διατελεΐ τόν θεόν,
εικότως άπό τής φύσεως καί τής εύρέσεως.

Ε 35. Ότι μέν ούν ó αύτός εστι Διονύσω, τίνα μάλλον


ή σέ γινώσκειν, ώ Κλέα, δή προσήκόν εστιν, άρχηίδα
μέν ούσαν εν Δελφοΐς τών Θυιάδων, τοΐς δ’ Όσιριακοΐς
καθωσιωμένην ίεροΐς άπό πατρός καί μητρός; εί δέ τών
άλλων ένεκα δει μαρτύρια παραθέσθαι, τά μέν άπόρρητα
κατά χώραν εώμεν, ά δ’ εμφανώς δρώσι θάπτοντες
τόν Απιν οί ιερείς, όταν παρακομίζωσιν επί σχεδίας
τό σώμα, βακχείας ούδέν άποδεΐ· καί γάρ νεβρίδας
περικαθάπτονται καί θύρσους φοροΰσι καί βοαΐςχρώνται
καί κινήσεσιν ώσπερ οί κάτοχοι τοΐς περί τόν Διόνυσον
όργιασμοΐς. διό καί ταυρόμορφα Διονύσου ποιοΰσιν
άγάλματα πολλοί τών Ελλήνων· αί δ’ Ήλείων γυναίκες
F καίπαρακα-λοΰσιν εύχόμεναι ‘ποδί βοείω τόν θεόν ελθεΐν’
προς αύτάς. Άργείοις δέ βουγενής Διόνυσος επίκλην
εστίν· άνακαλοΰνται δ’ αύτόν ύπό σαλπίγγων εξ ΰδατος

102 Πλούταρχος | Plutarco


e a comparam ao coração; pois é quente, úmida e está nas
regiões do sul habitado, como o coração está ao lado esquerdo
do homem, completamente encerrado e desse lado.

34. Também dizem que Hélio e Selene não usam carros,


mas barcos como meio de transporte para andar ao redor do
mundo, dando a entender que obtêm seu princípio e origem na
umidade. E pensam ainda que Homero, como Tales269 aprendeu 364D
com os egípcios, considerava a água como princípio e origem
de tudo; pois o Oceano270 é Osíris e Tétis271 é Isis, como
a que tudo nutre e alimenta. De fato, os helenos chamam
a emissão de esperma de apousia77 e a união sexual de
synousían- ’‘, e o hyos11 a partir de hydor7s e de hysaí176,
Dioniso Hyên1", porque é o senhor da natureza úmida e
não outro que Osíris; de fato, Helânico278 diz que parece ter
escutado os sacerdotes chamarem Osíris de Hysiris179·, pois
assim chamam o deus com frequência, com razão, por sua
natureza e a descoberta que fez2s0.

35. Então, que Osíris é o mesmo que Dioniso, a quem é [■


mais adequada que tu para sabê-lo, ó Clea, porque foste a
chefe das Tíades281 em Delfos, consagrada por seu pai e por sua
mãe nos ritos sagrados de Osíris?282 Se por causa dos demais,
deve-se apresentar testemunhos, deixemos os mistérios no seu
território, mas o que os sacerdotes fazem às claras enquanto
enterram Ápis283, quando transportam o seu corpo em uma
barca284, em nada difere das celebrações dos mistérios de Baco285;
de fato, cobrem-se com peles de corça, carregam tirsos, gritam
e se agitam, como os possuídos nas celebrações dos mistérios
de Dioniso. Por isso também muitos helenos fazem estátuas de
Dioniso em forma de um touro286; e as mulheres de Elea também
o invocam suplicando que “o deus venha com o pé bovino”287 F
para elas. E entre os argivos, Dioniso é chamado pelo epíteto de
búgenes288; eles o invocam por meio de trombetas289 e, quando

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 103


εμβάλλοντες είς τήν άβυσσον άρνα τώ Πυλαόχω· τάς δέ
σάλπιγγας εν θύρσοις άποκρύπτουσιν, ώς Σωκράτης εν
τοΐς περί οσίων ε’ίρηκεν. δμολογεΐ δέ καί τά Τιτανικά καί
Νυκτελια τοΐς λεγομένοις Όσίριδος διασπασμοΐς καί
ταΐς άναβιώσεσι καί παλιγγενεσίαις· δμοίως δέ καί τά
365Α περί τάς ταφάς. Αιγύπτιοί τε γάρ Όσίριδος πολλαχοΰ
θήκας, ώσπερ ε’ίρηται, δεικνύουσι, καί Δελφοί τά του
Διονύσου λείψανα παρ’ αύτοΐς παρά τό χρηστήριον
άποκεΐσθαι νομίζουσι, καί θύουσιν οί δσιοι θυσίαν
άπόρρητον εν τω ίερω τού Απόλλωνος, δταν αί Θυιάδες
εγείρωσι τόν Λικνίτην. δτι δ’ ού μόνον τού οίνου
Διόνυσον, άλλά καί πάσης ύγρας φύσεως Έλληνες
ηγούνται κύριον καί άρχηγόν, άρκεΐ Πίνδαρος μάρτυς
είναι λεγων ‘δενδρεων δέ νομόν Διόνυσος πολυγαθής
αύξάνοι, άγνδν φέγγος οπώρας·’ διό καί τοΐς τόν Όσιριν
σεβομενοις άπαγορεύεται δενδρον ήμερον άπολλύναι
καί πηγήν ύδατος εμφράττειν.

Β 36. Ού μόνον δέ τόν Νείλον, άλλά παν ύγρόν


άπλώς Όσίριδος άπορροήν καλοΰσι, καί τών ιερών άεί
προπομπεύει τό ύδρεΐον επί τιμή τού θεού, καί θρύω
βασιλέα καί τό νότιον κλίμα τού κόσμου γράφουσι,
καί μεθερμηνεύεται τό θρύον ποτισμός καί κύησις
πάντων καί δοκεΐ γεννητικω μορίω τήν φύσιν εοικέναι.
τήν δέ τών Παμυλίων εορτήν άγοντες, ώσπερ ε’ίρηται,
φαλλικήν ούσαν άγαλμα προτίθενται καί περιφέρουσιν,
ου τό αίδοΐον τριπλάσιόν εστιν· άρχή γάρ δ θεός, άρχή
δέ πάσα τω γονίμω πολλαπλασιάζει τό εξ αύτής. τό δέ
πολλάκις είώθαμεν καί τρις λέγειν, ώς τό ‘τρισμάκαρες’
C καί ‘δεσμοί μέν τρις τόσσοι άπείρονες’, εί μή νή Δία
κυρίως εμφαίνεται τό τριπλάσιον ύπό τών παλαιών· ή
γάρ ύγρά φύσις άρχή καί γένεσις ούσα πάντων εξ αύτής

104 Πλούταρχος | Plutarco


sai da água, lançam um cordeiro no abismo para o Guardião da
Porta290; e as trombetas estão ocultas nos tirsos, como Sócrates291,
em seu tratado Das cerimônias sagradas, já contou. Também as
Titânicas292 e as Nictélias293 são semelhantes ao que dizem sobre os
desmembramentos de Osíris, suas ressurreições e transmigrações
de almas; e igualmente os assuntos relacionados às tumbas. Pois 365A
os egípcios exibem câmaras funerárias de Osíris por toda parte,
como já foi dito294, e os delfos creem que os restos de Dioniso estão
com eles, junto ao oráculo; e os Hosios295 realizavam sacrifícios no
templo de Apoio, quando as Tíades despertavam Licnitcs2*. E os
helenos pensam que Dioniso não somente é o senhor e criador do
vinho, mas também de toda umidade da natureza, basta Pindaro29'
para ser nossa testemunha, quando diz “Que Dioniso, cheio de
alegria e puro esplendor do outono298, aumente a frutificação
das árvores!”299 Por isso também, anuncia-se a proibição aos que
veneram Dioniso de destruir qualquer cultivo ou tapar qualquer
fonte de água.

36. Não somente ao Nilo, mas a toda umidade chamam ß


simplesmente de emanação de Osíris, e dentre as procissões
sagradas, um recipiente com água sempre andava na frente,
abrindo a procissão em honra do deus. E escrevem “rei” e “região
meridional do mundo” com a imagem de um junco, e o junco é
interpretado como a irrigação e a concepção de tudo, também se
parece com um membro de geração, por sua natureza semelhante,
era uma estátua fálica. E celebravam a festa das Pamílias, como já
foi dito, onde o seu membro viril é três vezes maior; pois o deus é o
princípio, e todo princípio multiplica por sua fecundidade o que
vem dele. E frequentemente estamos acostumados a dizer “três
vezes”, como “três vezes bem-aventurados”300 e “laços três vezes C
tantos, infinitos”301, a não ser, por Zeus, que a expressão “três
vezes” seja revelada no seu sentido próprio pelos antigos; pois a
natureza úmida é o princípio e a origem de tudo e produz de si os
três primeiros elementos materiais, a terra, o ar e o fogo. De fato,

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 105


τά πρώτα τρία σώματα, γην αέρα και πυρ, εποίησε. και γάρ
δ προστιθέμενος τώ μύθω λόγος, ώς του Όσίριδος δ Τυφών
τδ αίδοΐον ερριψεν είς τόν ποταμόν, ή δ’ ^Ισις ούχ ευρεν,
άλλ’ εμφερές άγαλμα θεμένη καί κατασκευάσασατιμάν καί
φαλληφορεΐν εταξεν, ενταύθα δή περιχωρεΐ διδάσκων, δτι
τδγόνιμον καί τδ σπερματικόν του θεού πρώτην εσχεν ύλην
365D τήν υγρότητα καί δι’ ύγρότητος ενεκράθη τοΐς πεφυκόσι
μετέχειν γενέσεως. άλλος δέ λόγος εστίν Αιγυπτίων, ώς
Άποπις Ήλιου ών αδελφός επολέμει τώ Διί, τόν δ’ Όσιριν
δ Ζευς συμμαχήσαντα καί συγκαταστρεψάμενον αύτω
τόν πολέμιον παΐδα θέμενος Διόνυσον προσηγόρευσε.
καί τούτου δέ τού λόγου τδ μυθώδες εστιν άποδεΐξαι τής
περί φύσιν άληθείας άπτόμενον. Δία μέν γάρ Αιγύπτιοι τδ
πνεύμα καλοΰσιν, ω πολέμιον τδ αύχμηρδν καί πυρώδες·
τούτο δ’ ήλιος μέν ούκ εστι, προς δ’ ήλιον έχει τινά
συγγένειαν· ή δ’ ύγρότης σβεννύουσα τήν ύπερβολήν τής
ξηρότητος αύξει καί ρώννυσι τάς αναθυμιάσεις, ύφ’ ών τδ
πνεύμα τρέφεται καί τέθηλεν.

Ε 37. Έτι τε τόν κιττδν δν Έλληνες τε καθιερούσι


Διονύσω καί παρ’ Αίγυπτίοις λέγεται ‘χενόσιρις’
δνομάζεσθαι σημαίνοντος τού δνόματος, ώς φασι, φυτδν
Όσίριδος. Αρίστων τοίνυν δγεγραφώς Αθηναίων άποικίας
επιστολή τινι Άλεξάρχου περιέπεσεν, εν ή Δ ιός ιστορείται
δέ καί Ίσιδος υιός ών δ Διόνυσος ύπ’ Αιγυπτίων ούκ
Όσιρις άλλ’ Άρσαφής εν τώ άλφα γράμματι λέγεσθαι
δηλούντος τδ άνδρεΐον τού δνόματος. εμφαίνει δέ τούτο
καί δ Έρμαΐος εν τή πρώτη περί τών Αιγυπτίων εορτών·
F δβριμονγάρ φησι μεθερμηνευόμενον είναι τόν Όσιριν. εώ
δέ Μνασέαν τώ Έπάφω προστιθέντα τόν Διόνυσον καί τόν
Όσιριν καί τόν Σάραπιν, εώ καί Άντικλείδην λέγοντα τήν
5Ισιν Προμηθέως ούσαν θυγατέρα Διονύσω συνοικεΐν· αί
γάρ είρημέναι περί τάς εορτάς καί τάς θυσίας οικειότητες
εναργεστέραν τών μαρτύρων τήν πίστιν εχουσι.

106 Πλούταρχος | Plutarco


ο relato que se acrescenta ao mito é o de que Tífon lançou o
membro viril de Osíris no rio, e Isis não o encontrou, mas fez
uma imitação dele e o modelou como era, ordenou que ele
fosse honrado e que carregassem o falo em procissão302; então,
esse é o momento em que ensina que o poder fecundante e
reprodutor do deus teve como sua primeira matéria a umidade,
e através da umidade e misturou a tudo que, por natureza, 365D
participa da geração. E existe outro relato entre os egípcios, o de
que Apópis303, que era irmão de Hélio, guerreou contra Zeus, e
este, com Osíris, Zeus fez uma aliança e juntos realizaram uma
expedição militar contra o inimigo, que ele adotou como filho e
lhe deu o nome Dioniso. E o elemento mítico que é próprio desse
relato mostra que está em contato com uma verdade característica
da natureza. Pois os egípcios chamam Zeus de vento, que tem
como inimigo a secura e a ardência; este não é o Sol, mas tem
alguma familiaridade com ele; e a umidade, quando abranda o
excesso de secura, aumenta e fortalece as exalações pelas quais o
vento é alimentado e revigorado.

37. E, além disso, os helenos consagram a hera304 a Dioniso; p


diz-se que recebe o nome de “quenosíris” entre os egípcios e que
o seu nome significa “planta de Osíris”. Entretanto, Ariston305, o
autor de Colonização dos atenienses, encontrou uma certa carta de
Alexarco306, na qual concluiu por meio de sua investigação que
Dioniso, filho de Zeus e de Isis, é chamado pelos egípcios não
de Osíris, mas de Arsafes30', com a grafia de um só alfa, nome
que designa a virilidade. E Hermeu308 também esclarece isso no
primeiro livro sobre Os festivais egípcios-, pois disse que Osíris
é traduzido como vigoroso. E deixo de lado Mnáseas,309 que F
relaciona Epafo310 a Dioniso, a Osíris e Serápis311, também deixo
de lado Anticlides,312 que diz que Isis era filha de Prometeu313, que
coabitou com Dioniso; pois as particularidades já mencionadas
sobre suas festas e ritos têm uma credibilidade que é mais notável
que os testemunhos.

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 107


3^6A 38. Τών τ’άστρων τόν σείριον Όσίριδος νομίζουσιν
υδραγωγόν όντα και τόν λέοντα τιμώσι και χάσμασι
λεοντείοις τα τών ιερών θυρώματα κοσμουσιν, δτι
πλημμυρεΐ Νείλος

’ήελίου τα πρώτα συνερχομένοιο 'λέοντι. ’

ώς δε Νείλον Όσίριδος απορροήν, ούτως Ίσιδος σώμα


γην λεγουσι και νομίζουσιν ού πάσαν, άλλ’ ής δ Νείλος
επιβαίνει σπερμαίνων και μιγνύμένος· εκ δε τής συνουσίας
ταύτηςγεννώσι τόν Ώρον. εστι δ’ Ώρος ή πάντα σώζουσα
και τρέφουσα του περιέχοντας ώρα και κράσις άέρος,
δν εν τοΐς ελεσι τοΐς περί Βουτον ύπδ Λητούς τραφήναι
λέγουσιν· ή γάρ υδατώδης και διάβροχος γη μάλιστα τάς
Β σβεννυούσας και χαλώσας τήν ξηρότητα και τόν αύχμδν
αναθυμιάσεις τιθηνεΐται. Νέφθυν δε καλουσι της γης τά
έσχατα και παρόρια και ψαύοντα τής θαλάττης· διό και
Τελευτήν επονο μάζουσι τήν Νέφθυν και Τυφώνι δε συνοικεΐν
λέγουσιν. δταν δ’ ύπερβαλών και πλεονάσας δ Νείλος
επέκεινα πλησιάση τοΐς εσχατεύουσι, τούτο μΐξιν Όσίριδος
προς Νέφθυν καλουσιν ύπδ τών άναβλαστανόντων φυτών
ελεγχομένην· ών και τό μελίλωτόν εστιν, ου φησι μύθος
άπορρυέντος και ύπολειφθέντος α’ίσθησιν γενέσθαι Τυφώνι
τής περί τόν γάμον αδικίας, δθεν ή μεν Τσις ετεκε γνησίως
C τόν Ώρον, ή δέ Νέφθυς σκότιον τόν Άνουβιν. εν μέντοι
ταΐς διαδοχαΐς τών βασιλέων άναγράφουσι τήν Νέφθυν
Τυφώνι γημαμένην πρώτην γενέσθαι στεΐραν· εί δέ τούτο
μή περί γυναικδς άλλά περί τής θεού λέγουσιν, αίνίττονται
τό παντελώς τήςγής άγονον και άκαρπον ύπδ στερρότητος.

39. Ή δέ Τυφώνος επιβουλή και τυραννις αύχμου


δύναμις ήν επικρατήσαντος και διαφορήσαντος τήν
τε γεννώσαν υγρότητα τόν Νείλον και αύξουσαν, ή δέ
συνεργδς αύτου βασιλις Αίθιόπων αίνίττεται πνοάς νοτίους
εξ Αιθιοπίας· δτανγάρ αυται τών ετησίων επικρατήσωσι τά

108 Πλούταρχος | Plutarco


38. E dentre os astros, creem que Sírio é o de Osíris, 366A
porque traz água, também honram o Leão314 e adornam
as portas dos templos com faces de leões, porque o Nilo
transborda315

Quando 0 Sol, pela primeira vez, entra em Leão.31‫״‬

Que o Nilo é uma emanação de Osíris, como dizem e consideram


a terra o corpo de Isis, não toda, mas a que o Nilo atinge para
fecundá-la e misturar-se com ela; e desta união nasceu Hórus.
E Hórus é toda a terra que preserva e nutre, porque é a hora 317
e mistura do ar que a envolve, o que contam que foi criado por
Leto31s nas várzeas úmidas em torno de Buto; pois a terra está
encharcada e cheia de umidade, e nutre mais as exalações que
atenuam e dissipam a aridez e a secura. E chamam Néftis os B
territórios extremos da terra, os que estão junto às montanhas
e os que tocam o mar; por isso também conferem a Néftis o
epíteto de Teleute319, que coabitou com Tífon. E quando o Nilo
ultrapassa seus limites e enche, aproxima-se a esses territórios
extremos, isso é o que eles chamam união de Osíris e Néftis,
que é comprovada pelas plantas que desabrocham; dentre elas,
está também o meliloto, sobre o qual o mito diz que, depois de
ter caído e sido abandonado, ele se tornou a pista da traição ao
leito cometida por Tífon. Por isso, Isis deu legitimamente à luz a
Hórus, e Néftis, ao ilegítimo Anúbis. Por certo, nas Genealogias C
dos reis está escrito que Néftis, depois de ter desposado Tífon,
no início era estéril; dizem isso não a respeito da mulher, mas da
deusa, expressam-se por alegorias que a terra era completamente
infértil e sem fruto por sua excessiva dureza.

39. E a insídia e a tirania de Tífon são o poder da secura que


predomina e dissipa a umidade geradora do Nilo e o faz crescer, e
a sua aliada era a rainha dos etíopes, que alegoricamente eram os
ventos do sul vindos da Etiópia; pois, quando esses predominam
sobre os etésios320 que empurram as nuvens até a Etiópia e

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 109


j66D νίφη προς τήν Αιθιοπίαν ελαυνόντων και κωλύσωσι τούς
τόν Νείλον αύξοντας όμβρους καταρραγήναι, κατέχων
δ Τυφών επιφλέγει, και τότε κρατήσας παντάπασι τόν
Νείλον είς εαυτόν ύπ’ άσθενείας συσταλέντα καί ρυεντα
κοΐλον καί ταπεινόν εξέωσεν είς τήν θάλασσαν, ή γάρ
λεγομένη κάθειρξις είς τήν σορδν Όσίριδος ούδέν εοικεν
άλλ’ ή κρύψιν ύδατος καί άφανισμδν αίνίττεσθαι· διό
μηνάς Άθύρ άφανισθήναι τόν Όσιριν λεγουσιν, δτε
τών ετησίων άπολειπόντων παντάπασιν δ μέν Νείλος
ύπονοστεΐ, γυμνουται δ’ ή χώρα, μηκυνομενης δέ τής
νυκτδς αύξεται τδ σκότος, ή δέ του φωτός μαραίνεται καί
Ε κρατείται δύναμις, οί δ’ ιερείς άλλατε δρώσι σκυθρωπά καί
β>ουν διάχρυσον ίματίω μελάνι βυσσίνω περιβάλλοντες
επί πενθεί τής θεού δεικνύουσι (βουν γάρ Ίσιδος εικόνα
καίγής νομίζουσιν) επί τεσσαρας ή μέρας άπδ τής έβδομης
επί δέκα εξής· καί γάρ τά πενθούμενα τέσσαρα, πρώτον
μέν δ Νείλος άπολείπων καί ύπονοστών, δεύτερον δέ τά
βόρεια πνεύματα κατασβεννύμενα κομιδή τών νοτίων
επικρατούντων, τρίτον δέ τδ τήν ή μέραν ελάττονα
γίνεσθαι τής νυκτός, επί πάσι δ’ ή τής γης άπογύμνωσις
αμα τή τών φυτών ψιλότητι τηνικαΰτα φυλλορροούντων.
F τή δ’ ενάτη επί δέκα νυκτός επί θάλασσαν κατίασι, καί
τήν ίεράν κίστην οί στολισταί καί οί ιερείς εκφέρουσι
χρυσοΰν εντός εχουσαν κιβώτιον, είς δ ποτίμου λαβόντες
ύδατος εγχέουσι, καί γίνεται κραυγή τών παρόντων ώς
εύρημένου τού Όσίριδος· εΐτα γήν κάρπιμον φυρώσι
τω ύδατι καί συμμίξαντες άρώματα καί θυμιάματα τών
πολυτελών άναπλάττουσι μηνοειδές άγαλμάτιον καί
τούτο στολίζουσι καί κοσμοΰσιν εμφαίνοντες δτι γής
ούσίαν καί ύδατος τούς θεούς τούτους νομίζουσι.

367Α 40. Τής δ’ Ίσιδος πάλιν άναλαμβανούσης τόν


Όσιριν καί αύξανούσης τόν Ώρον άναθυμιάσεσι καί
δμίχλαις καί νέφεσι ρωννύμενον εκρατήθη μέν, ούκ

110 Πλούταρχος | Plutarco


impedem que as chuvas que fazem crescer o Nilo321 caiam, 366D
Tífon o domina e o faz evaporar com o seu fogo, e no momento
em que domina completamente o Nilo, que é tomado pela
exaustão e corre diminuído e quase sem volume, para lançá-lo
com dificuldade em direção ao mar. Pois a chamada clausura no
ataúde de Osíris expressam por meio de alegorias que isso não
parece nada além de ocultamento e desaparecimento da água;
por isso, dizem que o desaparecimento de Osíris aconteceu no
mês de átir,322 que é quando os ventos etésios cessam e o Nilo
desaparece completamente sob a terra; e o seu território se
desnuda, aumenta a escuridão da noite que se prolonga, o poder
da sua luz desaparece e é vencido, os sacerdotes realizam outros E
ritos sombrios e no luto da deusa cobrem uma vaca dourada
com um manto de linho negro (pois creem que a vaca323 é uma
imagem de Isis324 e da terra) e a exibem durante quatro dias
seguidos a partir de dezessete desse mês; de fato, são quatro
dias de rituais de luto, o primeiro é porque o Nilo cessa seu
fluxo e desaparece sob a terra; o segundo, porque os ventos
do norte são extintos, completamente vencidos pelos do sul;
o terceiro, porque o dia se torna menor que a noite, além de
tudo isso, o desnudamento da terra com a ausência das plantas,
que então perdem as folhas. E no décimo nono dia, à noite, p
descem até o mar, e os estolistas325 e os sacerdotes levam o cesto
sagrado com um cofre de ouro dentro, dentro do qual vertem
água potável326 que tinham com eles, e surge um clamor dos
presentes como se tivesse encontrado Osíris; depois molham
a terra fértil com água e a misturam com aromas e perfumes
de alto valor, modelam uma pequena imagem em forma de
lua crescente, vestem-na e a ornam, revelando que consideram
esses deuses substância de terra e água.

40. E quando Isis tomou Osíris pelos braços novamente e 367A


fez com que Hórus crescesse, por meio de exalações, brumas
úmidas e nuvens, ele se tornou forte, Tífon foi vencido, mas não

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris ‫ווו‬


άνηρέθη δ’ δ Τυφών· ού γάρ ε’ίασεν ή κυρία τής γής θεός
άναιρεθήναι παντάπασι τήν άντικειμένην τή ύγρότητι φύσιν,
άλλ’ εχάλασε και ανήκε βουλομένη διαμένειν τήν κρασιν· ού
γάρ ήν κόσμον είναι τέλειον εκλιπόντος και άφανισθέντος
τού πυρώδους, εί δε ταΰτα μή λέγεται παρά τό είκός, ούδ’
εκείνον αν τις άπορρίψειε τόν λόγον, ώς Τυφών μέν εκράτει
πάλαι τής Όσίριδος μοίρας· θάλασσα γάρ ήν ή Αίγυπτος,
διό πολλά μέν εν τοΐς μετάλλοις καί τοΐς δρεσιν εύρίσκεται
μέχρι νυν κογχύλια εχειν· πασαι δέ πηγαί καί φρέατα πάντα
367Β πολλών ύπαρ-χόντων άλμυρόν ύδωρ καί πικρόν εχουσιν,
ώς αν ύπόλειμμα τής πάλαι θαλάσσης έωλον ενταυθοΐ
συνερρυηκός. δ δ’ Όρος χρόνω τού Τυφώνος επεκράτησε,
τουτέστιν εύκαιρίας δμβρίων γενομένης δ Νείλος εξώσας
τήν θάλασσαν άνέφηνε τό πεδίον καί άνεπλήρωσε ταΐς
προσχώσεσιν. δ δή μαρτυρούσαν έχει τήν α’ίσθησιν· δρώμεν
γάρ ετι νυν επιφέροντι τώ ποταμω νέαν ίλύν καί προάγοντι
τήν γήν κατά μικρόν ύποχωροΰν δπίσω τό πέλαγος καί
τήν θάλασσαν τό ύψος τών εν β>άθει λαμβανόντων διά τάς
προσχώσεις άπορρέουσαν· τήν δέ Φάρον, ήν 'Όμηρος ήδει
C δρόμον ήμέρας άπέχουσαν Αίγύπτου, νυν μέρος ούσαν
αύτής, ούκ αύτήν άναδραμοΰσαν ούδέ προσαναβασαν,
άλλά τής μεταξύ θαλάττης άναπλάττοντι τώ ποταμω καί
τρέφοντι τήν ήπειρον άνασταλείσης. Αλλά ταΰτα μέν
δμοια τοΐς ύπδ τών Στωικών θεολογουμένοις εστί· καί γάρ
εκείνοι τό μέν γόνιμον πνεύμα καί τρόφιμον Διόνυσον είναι
λέγουσι, τό πληκτικόν δέ καί διαιρετικόν Ήρακλέα, τό δέ
δεκτικόν Άμμωνα, Δήμητρα δέ καί Κόρην τό διά τής γής
καί τών καρπών διήκον, Ποσειδώνα δέ τό διά τής θαλάττης.

41. οί δέ τοΐσδε τοΐς φυσικοΐς καί τών άπ’ άστρολογίας


D μαθηματικών ενια μιγνύντες Τυφώνα μέν ο’ίονται τόν
ήλιακδν κόσμον, Όσιριν δέ τόν σεληνιακόν λέγεσθαι· τήν μέν
γάρ σελήνην γόνιμον τό φώς καί ύγροποιδν εχουσαν εύμενή
καίγοναΐς ζώων καί φυτών είναι βλαστήσεσι· τόν δ’ ήλιον

112 Πλούταρχος | Plutarco


aniquilado; pois a deusa senhora da terra não permitiu que fosse
aniquilado por completo a natureza oposta ao úmido, mas o
desatou e o deixou ir, porque desejava manter a mistura; pois não
podería haver um mundo que fosse completo se o fogo faltasse
e desaparecesse. Mas se esses eventos que eles contam não estão
longe da verossimilhança, em nada podería se recusar o relato de
que Tífon antigamente tinha o poder sobre as regiões destinadas
a Osíris; pois o Egito era mar327. Por isso, entre as minas e as
montanhas, encontra-se até hoje muitas que têm conchas; e todas
as fontes e todos os poços, que são muitos, que têm água salgada 367B
e amarga, como se fosse resto conservado do mar que outrora
corria ali. E Hórus, com o tempo, dominou Tífon, isso quer
dizer que, após ter ocorrido abundantes chuvas, o Nilo expulsa
o mar, mostra-se na planície e preenche de terra as aluviões. De
fato, é o que tem testemunhado a nossa percepção; pois vemos
ainda hoje quando o rio deposita novo sedimento e avança para a
terra, pouco a pouco a planície alagada empurra para trás também
o mar e há a elevação das partes que estavam na profundeza por
causa das aluviões depositadas; e Faro328, que Homero sabia que
distava o percurso de um dia do Egito, agora é parte dele, isso não C
é porque essa ilha se mudou nem se aproximou, mas porque o
espaço intermediário do mar foi preenchido pelo rio e alimentou
a planície que se estendeu. Mas isso é semelhante aos discursos
sobre os deuses e a cosmologia feita pelos estoicos; de fato, aqueles
dizem que o sopro fecundante e nutriz é Dioniso, o que une e
divide é Héracles, o que recebe é Ámon, enquanto Deméter e
Core329 são o que se espalha através da terra e seus frutos, e Posidon
é o que se espalha através do mar.

41. E os que unem os discursos matemáticos vindos da


astronomia aos físicos pensam que Tífon é o mundo solar, e D
dizem que Osíris é o lunar; pois a Lua, porque tem a luz fecunda
e úmida, é propícia à geração dos animais e ao crescimento das
plantas; e o Sol, com seu fogo excessivo e seco, fortemente

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 113


άκράτω ττυρί και σκληρώ καταθάλπειν τε και καταυαίνειν τα
φυόμενα και τεθηλότα και τό πολύ μέρος της γης παντάπασιν
ύπδ φλογμοΰ ποιεΐν άοίκητον και κατακρατεΐν πολλαχοΰ και
της σελήνης, διό τόν Τυφώνα Σήθ άεί Αιγύπτιοι καλοΰσιν,
δπερ εστι καταδυναστεΰον ή καταβιαζόμενον, και τω μεν ήλίω
τόν Ήρακλεα μυθολογοΰσιν ενιδρυμενον συμπεριπολεΐν, τή
367Ε δέ σελήνη τόνΈρμην·λόγουγάρ εργοις εοικεκαι περί σοφίας
τα τής σελήνης, τα δ’ ήλιου πληγαΐς ύπό β>ίας και ρώμης
περαινομεναις. οί δέ Στωικοί τόν μέν ήλιον εκ θαλάττης
άνάπτεσθαι καί τρεφεσθαί φασι, τή δέ σελήνη τα
κρηναία καί λιμναία νάματα γλυκεΐαν άναπεμπειν καί
μαλακήν άναθυμίασιν.

42. Έβδομη επί δέκα τήν Όσίριδος γενέσθαι τελευτήν


Αιγύπτιοι μυθολογοΰσιν, εν ή μάλιστα γίνεται μειουμένη
κατάδηλος ή πανσέληνος, διό καί τήν ή μέραν ταύτην
άντίφραξιν οί Πυθαγόρειοι καλοΰσι, καί δλως τόν άριθμόν
τούτον άφοσιοΰνται· τού γάρ εξκαίδεκα τετραγώνου καί τού
F δκτωκαίδεκα ετερομήκους, οΤς μόνοις άριθμών επιπέδων
συμβέβηκε τάς περιμέτρους ισας εχειν τοΐς περιεχομένοις
ύπ’ αύτών χωρίοις, μέσος δ τών επτακαίδεκα παρεμπίπτων
άντιφράττει καί διαζεύγνυσιν άπ’ άλλήλων καί διαιρεί,
κατά τόν επόγδοον λόγον είς άνισα διαστήματα τεμνόμενος.
ετών δ’ άριθμόν οί μέν βιώσαι τόν Όσιριν οί δέ βασιλεΰσαι
j68A λέγουσιν οκτώ καί είκοσι· τοσαΰτα γάρ εστι φώτα τής
σελήνης καί τοσαύταις ήμέραις τόν αύτής κύκλον εξελίσσει,
τό δέ ξύλον εν ταΐς λεγομέναις Όσίριδος ταφαΐς τέμνοντες
κατασκευάζουσιλάρνακα μηνοειδή διάτό τήν σελήνην, δταν
τώ ήλίω πλησιάζη, μηνοειδή γινομένην άποκρύπτεσθαι.
τόν δ’ είς δεκατέσσαρα μέρη τού Όσίριδος διασπασμόν
αίνίττονται προς τάς ή μέρας, εν αις φθίνει μετά πανσέληνον
άχρι νουμηνίας τό άστρον. ή μέραν δέ, εν ή φαίνεται πρώτον
εκφυγοΰσα τάς αύγάς καί παρελθοΰσα τόν ήλιον, ’άτελές
Β άγαθόν’ προσαγορεύουσιν· δ γάρ Όσιρις άγαθο-ποιός,

114 Πλούταρχος | Plutarco


aquece e seca os seres que nascem e brotam, também a maior
parte da terra é completamente inabitável e domina por toda
parte, também a Lua. Por isso os egípcios sempre chamam Tífon
de Seth330, que é o mesmo que o opressor ou o constrangedor; e
sobre o mito de Héracles narram que ele construiu sua casa no
Sol e que anda junto com ele ao redor do mundo, e Hermes
com a Lua331; pois as obras da razão e a relacionadas à sabedoria 367E
se parecem com as da Lua, enquanto as do Sol com os golpes
executados com violência e força332. E os estoicos dizem que o Sol
se sustenta e se alimenta do mar, enquanto as águas das fontes e
dos pântanos enviam à Lua doces e suaves exalações.

42. Os egípcios narram no mito de Osíris cuja morte


aconteceu no décimo sétimo dia, no qual a lua cheia se
torna mais visível e começa a minguar. Por isso também,
os pitagóricos chamam esse dia de interposição e afastam-
se completamente desse número; pois entre o número
quadrado dezesseis e o retângulo dezoito, que sâo os únicos
dentre os números planos333 que têm os perímetros iguais aos F
das suas áreas, o que está no meio deles é o número dezessete,
que interpõe, desliga um do outro e os divide, conforme a
proporção de nove para oito dividida em partes desiguais.
Enquanto uns dizem que é o número dos anos de vida de
Osíris, outros que os dos anos em que reinou foram vinte e
oito; pois tantas sâo as iluminações da lua e ela gira durante 368A
o seu ciclo por tantos dias. E, nos chamados fúnerais de Osíris,
eles cortam a madeira e preparam a arca em forma de lua
crescente por causa da Lua, quando se aproxima do Sol, surge
como lua crescente por ter sido eclipsada. Por meio de alegorias,
contam que o desmembramento de Osíris em catorze partes
está relacionado a esses dias, nos quais o astro mingua, depois da
lua cheia até a lua nova. E o dia em que se mostra pela primeira
vez, depois de ter escapado dos raios do sol e ultrapassado o Sol,
eles o chamam de “bem incompleto”; pois Osíris é benéfico e o B

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 115


και τούνομα πολλά φράζειν, ούχ ήκιστα δέ κράτος
ενεργούν και αγαθοποιόν δ λέγουσι. τό δ’ έτερον όνομα
τού θεού τόν Όμφιν ευεργέτην δ Έρμαΐός φησι δηλούν
ερμηνευόμενον.

43. Ο’ίονται δέ προς τά φώτα τής σελήνης εχειν τινά


λόγον του Νείλου τάς αναβάσεις, ή μέν γάρ μεγίστη περί
τήν Έλεφαντίνην οκτώ γίνεται καί είκοσι πήχεων, δσα
φώτα καί μέτρα τών εμμήνων περιόδων εκάστης εστιν-
ή δέ περί Μένδητα καί Ξόιν βραχυτάτη πήχεων εξ προς
τήν διχότομον· ή δέ μέση περί Μέμφιν, δταν ή δικαία,
j68C δεκατεσσάρων πήχεων προς τήν πανσέληνον. τόν δ’
Άπιν εικόνα μέν Όσίριδος έμψυχον είναι, γίνεσθαι δέ,
δταν φώς ερείση γόνιμον άπδ τής σελήνης καί καθάψηται
βοδς όργώσης. διό καί τοΐς τής σελήνης σχήμασιν
εοικε πολλά του Άπιδος περιμελαινομένου τά λαμπρά
τοΐς σκιεροΐς. ετι δέ τή νουμηνία του Φαμενώθ μηνάς
εορτήν άγουσιν εμβασιν Όσίριδος είς τήν σελήνην
δνομάζοντες, εαρος άρχήν οΰσαν. οΰτω τήν Όσίριδος
δύναμιν εν τή σελήνη τιθέντες τήν 5Ισιν αύτώ γένεσιν
οΰσαν συνεΐναι λέγουσι. διό καί μητέρα τήν σελήνην
του κόσμου καλούσι καί φύσιν εχειν άρσενόθηλυν
D ο’ίονται πληρουμένην ύφ’ ήλιου καί κυισκομένην, αυτήν
δέ πάλιν είς τόν άέρα προϊεμένην γεννητικάς άρχάς καί
κατασπείρουσαν- ού γάρ άεί τήν φθοράν επικρατεΐν τήν
Τυφώνειον, πολλάκις δέ κρατουμένην ύπό τήςγενέσεως
καί συνδεομένην αΰθις άναλύεσθαι καί διαμάχεσθαι
προς τόν Ώρον. εστι δ’ οΰτος δ περίγειος κόσμος ούτε
φθοράς άπαλλαττόμένος παντάπασιν ούτε γενέσεως.

44. Ένιοι δέ καί τών εκλειπτικών αίνιγμα ποιούνται τόν


μύθον- εκλείπει μέν γάρ ή σελήνη πανσέληνος εναντίαν τού
ήλιου στάσιν εχοντος προς αυτήν είς τήν σκιάν εμπίπτουσα
τής γης, ώσπερ φασί τόν Όσιριν είς τήν σορόν. αύτή δέ πάλιν

116 Πλούταρχος | Plutarco


seu nome denota muitos sentidos, e não menos o seu poder ativo
e benéfico, é o que dizem. E o outro nome do deus, que é Onfis,
Hermeu diz que esse claramente significa “benévolo”.

43. Pensam que as fases da lua têm alguma relação com


a cheia do Nilo. Pois o maior nível, em Elefantina334, é de
vinte e oito côvados, quantos são as iluminações da lua e a
duração de cada um dos seus períodos; o menor nível em
Mendes335 e em Xóis336 é de sete côvados, que são os seis dias
para a meia lua; o nível médio, na região de Mênfis, quando
é normal, é de catorze côvados e está relacionado à lua cheia.
E que Ápis é a imagem viva de Osíris e nasce quando uma ·jó8C
luz fecundante cai da lua e engendra uma vaca no céu. Por
isso, também, muitas representações de Ápis, que é rodeado
de manchas negras parecidas com as fases da lua, tem suas
partes brilhantes cercadas de sombras. Além disso, na lua
nova do mês famenot33', celebram uma festa que dão o nome
de “entrada de Osíris na Lua”, que é o início da primavera.
Desse modo, colocam o poder de Osíris na Lua, dizem que
Isis é a geração e que teve relações íntimas com ele. Por isso
também, chamam a Lua de “mãe do mundo” e pensam que
ela tem a natureza masculina e feminina, quando engendrada
e fecundada pelo Sol, por sua vez, ela lança no ar princípios D
geradores e os dissemina338; pois não é sempre que a
destruição típica de Tífon prevalece, muitas vezes é vencida
e atada pelo poder da geração, e que de novo se solta e luta
intensamente contra Hórus. E esse é o mundo terrestre que
não está completamente livre nem da destruição nem da
geração.

44. E alguns também imaginam o mito como uma


alegoria dos eclipses; pois a lua cheia é eclipsada quando
tem o Sol do lado do seu contrário e ela cai na sombra da
Terra, contam, como Osíris no ataúde. E ela por sua vez

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 117


JÓ8E αποκρύπτει και αφανίζει ταΐς τριακάσιν, ού μην αναιρείται
παντάπασι τόν ήλιον, ώσπερ ούδέ τόν Τυφώνα ή Τσις. ***
γεννώσης τής Νέφθυος τόν Άνουβιν Τσις ύποβάλλεται·
Νεφθυςγάρ εστι τό ύπόγήν και αφανές, Τσις δέ τό ύπερ τήν
γήν και φανερόν, δ δε τούτων ύποψαύων και καλούμενος
δρίζων κύκλος επίκοινος ών άμφοΐν Άνουβις κεκληται
και κυνί τδ είδος άπεικάζεται· και γάρ δ κύων χρήται τη
δψει νυκτός τε και ημέρας δμοίως. και τοιαύτην εχειν δοκεΐ
παρ’ Αίγυπτίοις τήν δύναμιν δ Άνουβις, οϊαν ή Εκάτη
παρ’ Έλλησι, χθόνιος ών όμοΰ και ’Ολύμπιος, ενίοις δέ
δοκεΐ Κρόνος δ Άνουβις είναι· διό πάντα τίκτων εξ εαυτού
F και κύων εν εαυτω τήν τού κυνδς επίκλησιν εσχεν. εστι
δ’ ούν τοΐς σεβομένοις τόν Άνουβιν άπόρρητόν τι, και
πάλαι μέν τάς μεγίστας εν Αίγύπτω τιμάς δ κύων εσχεν·
επει δέ Καμβύσου τόν Απιν άνελόντος και ρίψαντος
ούδέν προσήλθεν ούδ’ εγεύσατο τού σώματος άλλ’ ή
μόνος δ κύων, άπώλεσε τδ πρώτος είναι και μάλιστα
τιμασθαι τών ετέρων ζώων. Είσί δέ τινες οί τδ σκίασμα
τής γης, είς δ τήν σελήνην δλισθάνουσαν εκλείπειν
νομίζουσι, Τυφώνα καλοΰντες·

369Α 45. δθεν ούκ άπέοικεν είπεΐν, ώς ίδια μέν ούκ


δρθώς έκαστος, όμοΰ δέ πάντες δρθώς λέγουσιν· ού γάρ
αύχμδν μόνον ούδ’ άνεμον ούδέ θάλατταν ούδέ σκότος,
άλλά παν δσον ή φύσις βλαβερόν καί φθαρτικδν έχει,
μόριον τού Τυφώνος εστιν είπεΐν. ούτε γάρ εν άψύχοις
σώμασι τάς τού παντός άρχάς θετέον, ώς Δημόκριτος
καί Επίκουρος, ούτ’ άποίου δημιουργόν ύλης ένα
λόγον καί μίαν πρόνοιαν, ώς οί Στωικοί, περιγινομένην
άπάντων καί κρατούσαν- άδύνατον γάρ ή φλαΰρον
δτιοΰν, δπου πάντων, ή χρηστόν, δπου μηδενδς δ θεός
g αίτιος, εγγενέσθαι. ‘παλίντονος’ γάρ ‘άρμονίη κόσμου,
δκωσπερ λύρης καί τόξου’ καθ’ Ηράκλειτον· καί κατ’

118 Πλούταρχος | Plutarco


oculta o Sol e o faz desaparecer nos trigésimos dias do mês, 368E
sem dúvida, não o aniquila completamente, como Isis a
Tífon. ***339 Quando Néftis gerou Anúbis, Isis o colocou
sob sua proteção; pois Néftis é o que está sob a terra e o
invisível, enquanto Isis é o que está em cima da terra e o
visível, e o círculo que os toca é chamado horizonte, ambos
são chamados de Anúbis e representado com a imagem de
um cão; de fato, o cão usa sua visão por igual de noite e de
dia. E parece que Anúbis tem tal poder entre os egípcios,
tal Hécate340 entre os helenos, que é igualmente ctônico e
olímpio. E alguns pensam que Anúbis é Crono; porque
concebe341 em si e gera de si mesmo, recebeu o nome de cão342. F
Portanto, é algo impronunciável aos adoradores de Anúbis, e
no Egito de outrora o cão recebia as maiores honras; visto que
Cambises343 matou Apis344 e o empurrou com força, nenhum
outro animal se aproximou dele, nem provou do seu corpo, a não
ser o cão, o único, que perdeu sua primazia e foi o mais honrado
dentre os outros animais. Existem os que dão o nome de sombra
da Terra a Tífon, no ponto em que consideram que a Lua se
desloca e se eclipsa;

45. Por isso, não é inverossímil dizer que, se cada um dessas 369A
interpretações em particular não está correta, todas juntas se
expressam corretamente; pois não é só dizer que existe secura,
nem vento, nem mar, nem escuridão, mas tudo que a natureza
tem prejudicial e destruidor é a parte que caracteriza Tífon. Pois
nem nos corpos inanimados devemos estabelecer as origens do
universo345, como Democrito346 e Epicuro34', nem se deve aceitar
uma única razão artífice de uma matéria sem propriedade e
uma única providência que domina e comanda tudo, como
os estoicos; pois é impossível que exista qualquer tipo de
mau, em qualquer lugar, ou algo de bom, onde o deus não é
a causa de nada, pois “a harmonia do mundo é precisamente ß
como a harmonia de um arco ou de uma lira que se estende

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 119


Εύριπίδην

’ούκ άν γένοιτο χωρίς έσθλά καί κακά,


άΧλ’ εστι τις σύγκρασις ωστ’εχειν καλώς. ’

διό και παμπάλαιος αύτη κάτεισιν εκ θεολόγων και


νομοθετών ε’ίς τε ποιητάς και φιλοσόφους δόξα, τήν
αρχήν άδεσποτον εχουσα, τήν δέ πίστιν ίσχυράν και
δυσεξάλειπτον, ούκ εν λόγοις μόνον ούδ’ εν φήμαις, άλλ’
εν τε τελεταΐς εν τε θυσίαις και β>αρβ>άροις και Έλλησι
πολλαχοΰ περιφερόμενη, ώς ούτ’ άνουν και άλογον και
69{‫־‬C άκυβερνητον αίωρεΐται τώ αύτομάτω τό παν, ούθ’ εις
εστιν δ κρατών και κατευθύνων ώσπερ ο’ίαξιν ή τισι
πειθηνίοις χαλινοΐς λόγος, άλλα πολλά και μεμιγμενα
κακοΐς και άγαθοΐς μάλλον δέ μηδέν ώς άπλώς είπεΐν
άκρατον ενταύθα τής φύσεως φερούσης ού δυεΐν πίθων εις
ταμίας ώσπερ νάματα τά πράγματα καπηλικώς διανεμων
άνακεράννυσιν ήμίν, άλλ’ άπδ δυεΐν εναντίων άρχών καί
δυεΐν άντιπάλων δυνάμεων, τής μέν επί τά δεξιά καί κατ’
εύθεΐαν ύφηγουμενης, τής δ’ εμπαλιν άναστρεφούσης καί
άνακλώσης δ τε βίος μικτός δ τε κόσμος, εί καί μή πας,
D άλλ’ δ περίγειος ουτος καί μετά σελήνην άνώμαλος καί
ποικίλος γεγονε καί μεταβολάς πάσας δεχόμενος, εί γάρ
ούδέν άναιτίως πεφυκε γίνεσθαι, αιτίαν δέ κακού τάγαθδν
ούκ αν παράσχοι, δεΐγενεσιν ίδιαν καί άρχήν ώσπερ άγαθού
καί κακού τήν φύσιν εχειν.

46. Καί δοκεΐ τούτο τοΐς πλείστοις καί σοφωτάτοις·


νομίζουσι γάρ οί μέν θεούς είναι δύο καθάπερ άντιτεχνους,
τόν μέν άγαθών, τόν δέ φαύλων δημιουργόν· οί δέ τόν μέν
γάρ άμείνονα θεόν, τόν δ’ έτερον δαίμονα καλούσιν, ώσπερ
Ζωροάστρης δ μάγος, δν πεντακισχιλίοις ετεσι τών Τρωικών
ρ γεγονεναι πρεσβύτερον ίστορούσιν. ουτος ούν εκάλει τόν μέν
Ώρομάζην, τόν δ’ Άρειμάνιον· καί προσαπεφαίνετο τόν μέν
εοικεναι φωτί μάλιστα τών αισθητών, τόν δ’ εμπαλιν σκότω

120 Πλούταρχος | Plutarco


e se distende”348, conforme Heráclito; também conforme
Euripides349:

não surgiríam 'a parte os bens e os males


mas há um tipo de mistura para haver 0 bem.350

Por isso, também, essa mais antiga doutrina vinda dos teólogos,
dos legisladores, que chegou até poetas e filósofos, que tem a sua
origem anônima, embora tenha sua força inabalável e constante,
não somente em relatos e tradições, mas em ritos de iniciação e
festivais, tanto entre bárbaros como entre os helenos, celebrada
em muitos lugares; não sem inteligência, sem razão, sem piloto, o 369C
todo não flutua no ar ao acaso, nem existe uma única razão
que o domina e dirige, tal tivesse timões e freios obedientes,
mas muitas vezes vêm misturados com bens e males, para
dizer de modo simples: nada do que a natureza produz é
completamente sem mistura, um único despenseiro não
nos serviría de dois barris351, como os líquidos, bebidos
sem mistura, mas de dois princípios opostos e dois poderes
contrários, um que nos guia para a direita em linha reta, e
o outro que nos volta e empurra para trás, e a vida é uma
mistura e o mundo, se nem tudo é esse terrestre, além da Lua, D
é irregular e variável, nascido para receber toda espécie de
mudanças. Pois se, por natureza, nada nasce sem uma causa,
e a causa do mal não é o bem, a natureza deve ter, como o
bem, um princípio próprio do mal.

46. E a maioria e os mais sábios pensam que isso é bom; pois


uns consideram que existem dois deuses, como se fossem rivais,
um artífice dos bens e o outro dos males; outros chamam o
melhor “deus” e o outro “dêmon”, como Zoroastro352, o mago,
que concluíram em suas investigações que ele nasceu cinco
mil anos antes da guerra de Troia. Portanto, este chamava a um E
Horomazes353 e a outro Arimânio354; e declarava que um se parecia
mais com a luz do sensível, e o outro, ao contrário, com a escuridão

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 121


και άγνοια, μέσον δ’ άμφοΐν τον Μίθρην είναι· διό και
Μίθρην Πέρσαι τον μεσίτην δνομάζουσιν· εδίδαξε δε τω
μεν εύκταΐα θύειν και χαριστήρια, τω δ’ αποτρόπαια και
σκυθρωπά, πόανγάρ τινακόπτοντες δμωμι καλουμένην
εν δλμω τον Άιδην ανακαλούνται και τον σκότον, εΐτα
μίξαντες αϊματι λύκου σφαγέντος εις τόπον άνήλιον
εκφέρουσι και ρίπτουσι. και γάρ των φυτών νομίζουσι
τά μεν του αγαθού θεού, τά δε του κακού δαίμονος είναι,
3^9^ και των ζώων ώσπερ κύνας και δρνιθας και χερσαίους
εχίνους του αγαθού, του δε φαύλου μυς ενύδρους είναι·
διό καί τδν κτείναντα πλείστους εύδαιμονίζουσιν.

47. ού μην άλλα κάκεΐνοι πολλά μυθώδη περί τών


θεών λεγουσιν, οΐα καί ταΰτ’ εστίν. δ μεν Ώρομάζης
εκ τού καθαρωτάτου φάους δ δ’ Αρειμάνιος εκ τού
ζόφου γεγονώς πολεμοΰσιν άλλήλοις· καί δ μεν εξ
37°Α
θεούς εποίησε, τον μεν πρώτον εύνοιας, τον δε δεύτερον
άληθείας, τον δε τρίτον εύνομίας, τών δε λοιπών τον
μεν σοφίας, τον δε πλούτου, τον δε τών επί τοΐς καλοΐς
ήδέων δημιουργόν· δ δε τούτοις ώσπερ άντιτεχνους
ίσους τον άριθμόν. εΐθ’ δ μεν Ώρομάζης τρις εαυτόν
αύξήσας άπεστη τού ήλιου τοσοΰτον, δσον δ ήλιος τής
γής άφεστηκε, καί τον ούρανδν άστροις εκόσμησεν·
ένα δ’ άστερα προ πάντων οΐον φύλακα καί προόπτην
εγκατεστησε τον σείριον. άλλους δε ποιήσας τεσσαρας
καί είκοσι θεούς είς ωδν εθηκεν. οί δ’ άπδ τού Αρειμάνιου
Β γενόμενοι καί αύτοί τοσοΰτοι διατρήσαντες το ωδν γαν***,

δθεν άναμεμικται τά κακά τοΐς άγαθοΐς. έπεισι δε χρόνος


είμαρμενος, εν ω τον Άρειμάνιον λοιμόν επάγοντα καί λιμόν
ύπδ τούτων άνάγκη φθαρήναι παντάπασι καί άφανισθήναι,
τής δε γής επιπέδου καί δμαλής γενομένης ένα βίον καί
μίαν πολιτείαν άνθρώπων μακαρίων καί δμογλώσσων
άπάντων γενέσθαι. Θεόπομπος δέ φησι κατά τούς μάγους
άνά μέρος τρισχίλια έτη τον μεν κρατεΐν τον δέ κρατεΐσθαι

122 Πλούταρχος | Plutarco


e a ignorância, e que, no meio de ambos, estava Mitra355; por
isso, também, os persas dão o nome Mesites356 a Mitra; e ensina
a realizar a um sacrifícios, preces e ações de graças, ao outro,
apotropaicos e melancólicos. Pois maceram em um morteiro
um tipo de erva chamada amorno357, invocam Hades e as trevas,
depois eles a misturam com sangue de lobo degolado e a levam
para um lugar sem a luz do sol e lá a derramam. Pois acreditam
que, dentre as plantas, umas são próprias do deus bom, e outras,
do dêmon mau; e dentre os animais, como cães, aves e ouriços 3tyF
da terra, são próprios do bom, enquanto o rato d’água é do mau;
por isso também, eles consideram feliz quem mata uma grande
quantidade deles358.

47. Sem dúvida, também aqueles contam muitos outros


relatos míticos a respeito dos deuses. Como a que Horomazes,
nascido da mais pura luz, e Arimânio, nascido das trevas
subterrâneas, guerreiam entre si; que ele criou os seis deuses, o 37°'^
primeiro era da benevolência, o segundo, da verdade, o terceiro
da equidade, e dentre os restantes, um da sabedoria e o outro da
riqueza, e o terceiro artífice dos prazeres contidos no que é belo;
e Arimânio, como seus antagonistas, criou um número igual ao
deles. Depois Horomazes aumentou três vezes mais em altura e
passou a distar da Terra o tanto que o Sol estava afastado da Terra, e
adornou o céu com estrelas; e colocou uma estrela à frente de todas
como guardiã e vigia, a Sírio. E criou outros vinte e quatro deuses
e os colocou em um ovo. E os nascidos de Arimânio, também
esses outros tantos, perfuraram o ovo ***359, desde então, os males B
foram misturados aos bens. E sobrevirá o tempo marcado pelo
destino no qual Arimânio, condutor da peste e da fome, deve ser
completamente destruído por elas e desaparecer360, então a terra
se tornará plana e lisa, surgirá um único meio de vida e uma única
forma de governo dos homens divinamente felizes, todos falantes
de uma mesma língua. E Teopompo361 diz, de acordo com os
magos, que cada um dos deuses na sua vez dominará durante três

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osiris 123


τών θεών, άλλα δέ τρισχίλια μάχεσθαι και πολεμεΐν και
άναλύειν τα του ετέρου τόν έτερον, τέλος δ’ άπολείπεσθαι
37°C τόν Άιδην· και τούς μέν ανθρώπους εύδαίμονας εσεσθαι
μήτε τροφής δεομένους μήτε σκιάν ποιοΰντας, τόν δέ
ταυτα μηχανησάμενον θεόν ήρεμεΐν και άναπαύεσθαι
χρόνον καλώς μέν ού πολύν τω θεώ, ώσπερ άνθρώπω
κοιμωμένω μέτριον. Ή μέν ούν μάγων μυθολογία
τοιοΰτον έχει τρόπον·

48. Χαλδαΐοι δέ τών πλανήτων, οΰς θεούς


γενεθλίους καλοΰσι, δύο μέν άγαθουργούς, δύο δέ
κακοποιούς, μέσους δέ τούς τρεις άποφαίνουσι και
κοινούς, τά δ’ Ελλήνων πάσί που δήλα, τήν μέν αγαθήν
Διάς ’Ολυμπίου μερίδα, τήν δ’ άποτρόπαιον Άιδου
ποιουμένων, εκ δ’ Αφροδίτης καί Άρεος Αρμονίαν
D γεγονέναι μυθολογούν-των, ών ó μέν απηνής καί
φιλόνεικος, ή δέ μειλίχιος καί γενέθλιος. σκόπει δέ τούς
φιλοσόφους τούτοις συμφερομένους. Ηράκλειτος μέν γάρ
άντικρυς ‘πόλεμον’ ονομάζει ‘πατέρα καί βασιλέα καί κύριον
πάντων’, καί τόν μέν 'Όμηρον εύχόμενον ‘εκ τε θεών εριν
εκ τ’ άνθρώπων άπολέσθαι’ ‘λανθάνειν’ φησί ‘τή πάντων
γενέσει καταρώμενον εκ μάχης καί άντιπαθείας τήν γένεσιν
εχόντων, ήλιον δέ μή ύπερβήσεσθαι τούς προσήκοντας
όρους- εί δέ μή, Κλώθάς μιν Δίκης επικούρους εξευρήσειν’.
Εμπεδοκλής δέ τήν μέν άγαθουργόν άρχήν ‘Φιλότητα’ καί
‘Φιλίαν’ πολλάκις, ετι δ’ ‘Αρμονίαν’ καλεΐ£θεμερώπιν’, τήν
Ε δέχείρονα‘Νεΐκος ούλόμενον’ καί ‘Δήριν αίματόεσσαν’. καί
οί μέν Πυθαγορικοί διά πλειόνων ονομάτων κατηγοροΰσι
του μέν άγαθοΰ τό εν τό πεπερασμένον τό μένον τό εύθύ
τό περισσόν τό τετράγωνον τό ίσον τό δεξιόν τό λαμπρόν,
του δέ κακοΰ τήν δυάδα τό άπειρον τό φερόμενον τό
καμπύλον τό άρτιον τό έτερό μηκες τό άνισον τό άριστερόν
τό σκοτεινόν, ώς ταύτας άρχάς γενέσεως ύποκειμένας-
Αναξαγόρας δέ νουν καί άπειρον, Αριστοτέλης δέ τό

124 Πλούταρχος | Plutarco


mil anos e o outro será dominado, e que durante outros três mil
combaterão, guerrearão e destruirão os domínios um do outro362,
que, por fim, Hades será dominado; e os homens serão felizes, não 370C
necessitarão de alimento nem terão sombra, e o deus que tramar
isso ficará tranquilo e repousará bem, não por muito tempo para
um deus, o espaço de tempo de um homem dormir. Portanto, a
mitologia dos magos tem tal caráter.

48. E os caldeus363 dão nome de planetas aos deuses que


chamam protetores da estirpe, dois são benéficos e os outros
dois maléficos, e os outros três se revelam intermediários e
comuns a eles. E as doutrinas dos helenos são de algum modo
evidentes para todos, porque tornam a parte boa própria de
Zeus Olímpio e a abominável de Hades, e narram no mito
sobre Harmonia que ela é nascida de Afrodite e Ares364,
então um é cruel e destruidor, e a outra é doce e protetora D
da estirpe. Observa que os filósofos estão de acordo com
esses relatos. Pois Heráclito, sem dissimulação, dá à guerra
o nome de “pai, rei e senhor de todos”365 e diz que, quando
Homero suplica que “a discórdia entre os deuses e os
homens seja destruída”366, “sem perceber, fez imprecações
contra a geração de todos os seres, que tem sua origem na
guerra e na oposição”36', que o Sol não ultrapassará os limites
estabelecidos; se não, encontrarias Clotes368, protetoras de
Dice369.” E Empédocles frequentemente chama o princípio
benéfico de “Amor” e “Amizade”, e ainda Harmonia de
“olhar terno”, e o princípio do mal “Discórdia destruidora” E
e “Luta sangrenta”370. E os pitagóricos, por meio de muitos
nomes, declaram que é próprio do bem, o uno, o limitado,
o estável, o reto, o ímpar, o quadrado, o igual, a direita, o
brilhante, enquanto é próprio do mal a díade, o ilimitado, o
móvel, o curvo, o par, o retângulo, o desigual, a esquerda, o
sombrio, que estabelecem como os princípios da geração371;
e Anaxágoras3 2 chama “inteligência” e “infinito”3'3,

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 125


μέν είδος τό δέ στερησιν, Πλάτων δέ πολλαχού μέν οΐον
επηλυγαζό μένος και παρακαλυπτό μένος τών εναντίων
αρχών τήν μέν ταύτόν ονομάζει, τήν δέ θάτερον· εν δέ
37°F τοΐς Νόμοις ήδη πρεσβύτερος ών ού δι’ αίνιγμών ούδέ
συμβολικώς, άλλά κυρίοις όνόμασιν ού μια ψυχή φησι
κινεΐσθαι τόν κόσμον, άλλά πλείοσιν ’ίσως δυεΐν δέ
πάντως ούκ ελάττοσιν· ών τήν μέν άγαθουργόν είναι,
τήν δ’ εναντίαν ταύτη καί τών εναντίων δημιουργόν·
άπολείπει δέ καί τρίτην τινά μεταξύ φύσιν ούκ
άψυχον ούδ’ άλογον ούδ’ άκίνητον εξ αύτής, ώσπερ
ενιοι νομίζουσιν, άλλ’ άνακειμενην άμφοΐν εκείναις,
371Ä εφιεμενην δέ τής άμείνονος άεί καί ποθούσαν καί
διώκουσαν, ώς τά επιόντα δηλώσει τού λόγου τήν
Αιγυπτίων θεολογίαν μάλιστα ταύτη τή φιλοσοφία
συνοικειούντος.

49. Μεμιγμενη γάρ ή τοΰδε τού κόσμου γενεσις καί


σύστασις εξ εναντίων, ού μήν ίσοσθενών, δυνάμεων, άλλά
τής βελτίονος τό κράτος εστίν· άπολεσθαι δέ τήν φαύλην
παντάπασιν άδύνατον, πολλήν μέν εμπεφυκυΐαν τω σώματι,
πολλήν δέ τή ψυχή τού παντός καί προς τήν βελτίονα άεί
δυσμαχοΰσαν. εν μέν ούν τή ψυχή νους καί λόγος ó τών
άριστων πάντων ήγεμών καί κύριος Όσιρίς εστιν, εν δέγή καί
Β πνεύμασι καί ύδασι καί ούρανώ καί άστροις τό τεταγμενον
καί καθεστηκός καί ύγιαΐνον ώραις καί κράσεσι καί περιόδοις
Όσίριδος άπορροή καί είκών εμφαινομενη· Τυφών δέ τής
ψυχής τό παθητικόν καί τιτανικόν καί άλογον καί εμπληκτον,
τού δέ σωματικού τό επίκηρον καί νοσώδες καί ταρακτικόν
άωρίαις καί δυσκρασίαις καί κρύψεσιν ήλιου καί άφανισμοΐς
σελήνης οΐον εκδρομαί καί άφηνιασμοί καί Τυφώνος· καί
τούνομα κατηγορεί τό Σήθ, ώ τόν Τυφώνα καλούσι· φράζει
μέν τό κατα δυναστεύον καί καταβιαζόμενον, φράζει δέ τήν
πολλάκις άναστροφήν καί πάλιν ύπεκπήδησιν. Βέβωνα δέ
C τινές μέν ένα τών τού Τυφώνος εταίρων γεγονεναι λεγουσιν,

126 Πλούταρχος | Plutarco


Aristóteles374 chama um de “Forma” e o outro de
“Privação”375, Platão, que muitas vezes se expressa de modo
velado e oculto, dos princípios contrários dá a um o nome de
“o idêntico” e ao outro, de “o diferente”376; e nas Leis', já mais 370F
velho, não por meio de alegorias nem simbolicamente, mas com
nomes adequados, afirma que com uma só alma não se move
o mundo, mas com muitas, talvez com duas, certamente não
menos; portanto, destas, é uma benéfica e a outra lhe é contrária,
também é artífice do contrário; deixa também uma terceira que é
uma natureza intermediária, não desprovida de alma nem razão,
nem de movimento próprio, como alguns consideram, mas
depende de ambas aquelas duas, e seguem a melhor sempre, tanto 37 r A
a desejam como a perseguem, o que se mostrará na continuação
do nosso tratado, que se propõe especialmente a acomodar a
teologia3 8 dos egípcios a essa filosofia.

49. Pois a origem e a composição do mundo é uma mistura


que vem de poderes contrários, sem dúvida, não com a mesma
força, mas o melhor é o que predomina; e é completamente
impossível que o mal seja destruído, porque está muito enraizado
no corpo e na alma do universo, e está sempre combatendo com
o melhor. Portanto, na alma, Osíris é a inteligência e a razão, que é
guia e soberana de tudo que excele na terra, nos ventos, nas águas,
no céu e nos astros, o que é regulado, constante e saudável, em g
relação com as estações, as temperaturas, os ciclos vêm de Osíris
e emanação da sua imagem; e Tífon é do que existe na alma de
sensível, titânico, irracional e impulsivo, também do corpóreo,
do que perece e é nocivo e perturbador nas estações impróprias
e nas intempéries, nos eclipses do sol e desaparições da lua, como
as saídas intempestuosas e as rebeldias de Tífon; e o seu nome
prova o de Seth379, pelo que o chamam Tífon; que significa a
força opressora e constrangedora, e significa o frequente retorno
e despontar. E alguns dizem que Bebón380 se tornou um dos
companheiros de Tífon, e Mâneton, afirma que o próprio Tífon c

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 127


Μανεθώς δ’ αυτόν τον Τυφώνα και Βέβωνα καλεΐσθαι·
σημαίνει δέ τούνομα κάθεξιν ή κώλυσιν, ώς τοΐς πράγμασιν
δδώ βαδίζουσι και προς δ χρή φερο μένοις ενισταμένης της του
Τυφώνος δυνάμεως.

50. διό και τών μέν ήμερων ζώων άπονέμουσιν αύτώ


τό άμαθέστατον, όνον· τών δ’ αγρίων τα θηριωδέστατα,
κροκόδειλον καί τόν ποτάμιον ίππον- περί μέν οΰν του
όνου προδεδηλώκαμεν- εν Έρμου πόλει δέ Τυφώνος
άγαλμα δεικνύουσιν ίππον ποτάμιον, εφ’ ου βεβηκεν
ιέραξ δφει μαχόμενος, τώ μέν ϊππω τόν Τυφώνα
371D δεικνύντες, τώ δ’ ίέρακι δύναμιν καί άρχήν, ήν βία
κτώμενος δ Τυφών πολλάκις ούκ άνίεται ταραττόμενος
ύπδ τής κακίας καί ταράττων. διό καί θύοντες έβδομη
του Τυβί μηνός, ήν καλοΰσιν άφιξιν Ίσιδος εκ Φοινίκης,
επιπλάττουσι τοΐς ποπάνοις ίππον ποτάμιον δεδεμένον.
εν δ’ Απόλλωνος πόλει νενομισμένον εστι κροκοδείλου
φαγεΐν πάντως έκαστον- ήμέρα δέ μια θηρεύσαντες
όσους αν δύνωνται καί κτείναντες άπαντίκρυ του ιερού
προβάλλουσι καί λέγουσιν ώς δ Τυφών τόν Όρον
Ε άπέδρα κροκόδειλος γενόμένος, πάντα καί ζώα καί φυτά
καί πάθη τά φαύλα καί βλαβερά Τυφώνος έργα καί μέρη
καί κινήματα ποιούμενοι.

51. Τόν δ’ Όσιριν αύ πάλιν δφθαλμώ καί σκήπτρω


γράφουσιν, ών τό μέν τήν πρόνοιαν εμφαίνειν, τό δέ
τήν δύναμιν, ώς Όμηρος τόν άρχοντα καί βασιλεύοντα
πάντων ‘Ζην’ ύπατον καί μήστωρα’ καλών καί εοικε τώ
μέν ύπάτω τό κράτος αύτοΰ, τώ δέ μήστωρι τήν εύ βουλίαν
καί τήν φρόνησιν σημαίνειν. γράφουσι δέ καί ίέρακι τον
θεόν τούτον πολλάκις· εύτονία γάρ δψεως ύπερβάλλει
καί πτήσεως δξύτητι καί διοικεΐν αυτόν ελάχιστη

128 Πλούταρχος | Plutarco


também é chamado de Bebón; e o seu nome indica obstáculo
ou impedimento, porque os acontecimentos vão no seu
caminho e seguem em direção ao que precisa da resistência do
poder de Tífon.

50. Por isso também, dentre os animais domésticos,


consagraram-lhe o mais estúpido, o asno; e dentre os animais
selvagens, os mais ferozes, o crocodilo e o cavalo do rio381; então,
a respeito do asno nós já esclarecemos isso antes; na cidade de
Hermes382, exibem uma estátua de um cavalo do rio383 como
se fosse a de Tífon, sobre ela vai um gavião lutando com uma
serpente, representam Tífon semelhante a um cavalo, e a um
gavião por seu poder e autoridade que Tífon adquire muitas 371! )
vezes por meio da violência, que não cessa de atormentar e de
ser atormentado pela sua maldade. Por isso também, quando
realizam sacrifícios no dia sete do mês de tibi384, que chamam de
“Regresso de Isis da Fenícia”385, modelam um cavalo do rio atado
sobre os bolos redondos. E na cidade de Apoio386 está estabelecido
por lei que absolutamente cada cidadão coma um crocodilo; e em
um único dia, caçavam quantos podiam e os matavam, depois os
jogavam diante do templo e diziam que Tífon escapou de Hórus
porque se transformou em um crocodilo387, e consideravam todos
os animais, plantas, acontecimentos ruins e funestos, ações, partes E
e movimentos de Tífon.

51. E a Osíris, por sua vez, representam-no com um olho


e um cetro, aquele expressa a previdência e este, o poder, como
quando Homero chama o chefe e rei de todos de “Zeus supremo
e conselheiro”388, parece que com a palavra “supremo” indica o
seu poder, e com a palavra “conselheiro” a sua sensatez e sabedoria
divina. E frequentemente também representam esse deus com um
gavião389; pois se sobressai por natureza pela agudez de sua visão e a
velocidade de seu voo, e ele se nutre com pouquíssimo alimento. E

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 129


τροφή πεφυκε. λέγεται δέ και νεκρών άταφων δμμασι
37!F γήν ύπερπετόμενος επιβάλλειν· δταν δε πιόμενος επί τόν
ποταμόν καταίρη, τό πτερόν ϊστησιν ορθόν· πιών δε κλίνει
τούτο πάλιν· ω δήλός εστι σεσωσμενος και διαπεφευγώς
τόν κροκόδειλον· αν γάρ άρπασθή, μένει τό πτερόν ώσπερ
εστη πεπηγός. πανταχοΰ δε και άνθρωπόμορφον Όσίριδος
άγαλμα δεικνύουσιν εξορθιάζον τω αίδοίω διά τό γόνιμον
καί τό τρόφιμον, άμπεχόνη δε φλογοειδεΐ στέλλουσιν
372Α αύτοΰ τάς εικόνας, ήλιον σώμα τής τάγαθοΰ δυνάμεως
ώς όρατόν ουσίας νοητής ήγούμενοι. διό καί καταφρονεΐν
άξιόν εστι τών τήν ήλιου σφαίραν Τυφώνι προσνεμόντων,
ω λαμπρόν ούδέν ούδέ σωτήριον ούδέ τάξις ούδέ γενεσις
ούδέ κίνησις μετρον εχουσα καί λόγον, άλλα τάναντία
προσήκει· καί ξηρότητα καί αύχμόν, οΐς φθείρει πολλά τών
ζώων καί βλαστανόντων, ούχ ήλιου θετεον εργον, άλλά
τών ενγή καί άερι μή καθ’ ώραν κεραννυμενών πνευμάτων
καί ύδάτων, δταν ή τής άτάκτου καί άορίστου δυνάμεως
άρχή πλημμελήσασα κατάσβεση τάς άναθυμιάσεις.

Β 52. Έν δέ τοΐς ίεροΐς ύμνοις τού Όσίριδος


άνακαλοΰνται τόν εν ταΐς άγκάλαις κρυπτό μενον τού
Ήλιου καί τή τριακάδι τού Έπιφί μηνάς εορτάζουσιν
οφθαλμών Ώρου γενεθλιον, δτε σελήνη καί ήλιος επί
μιας εύθείας γεγόνασιν, ώς ού μόνον τήν σελήνην άλλά
καί τόν ήλιον δμμα τού Ώρου καί φώς ήγούμενοι. τή δέ
όγδοη φθίνοντος τού Φαωφί βακτηρίας ήλιου γενεθλιον
άγουσι μετά φθινοπωρινήν ισημερίαν, εμφαίνοντες οΐον
ύπερείσματος δεΐσθαι καί ρώσεως τω τε θερμώ γιγνόμενον
ενδεα καί τω φωτί ενδεα, κλινόμενον καί πλάγιον άφ’ ήμών
C φερόμενον. ετι δέ τήν βουν ύπό τροπάς χειμερινάς επτάκις
περί τόν ναόν τού Ήλιου περιφερουσι, καί καλείται
ζήτησις Όσίριδος ή περιδρομή, τό ύδωρ χειμώνος τής θεού
ποθούσης· τοσαυτάκις δέ περιίασιν, δτι τήν άπό τροπών
χειμερινών επί τροπάς θερινάς πάροδον εβδόμω μηνί

130 Πλούταρχος | Plutarco


conta-se também que ele voa sobre os cadáveres insepultos e
joga terra sobre seus olhos390; e quando desce ao rio para beber, 371
deixa uma asa levantada; e depois de beber, baixa-a novamente;
pelo que é evidente que se salva e escapa do crocodilo; pois, se
for capturado, a sua asa permanece firmemente levantada. E por
toda parte, exibem uma estátua de Osíris na forma humana com
o membro viril ereto, porque mostram seu poder fecundante e
nutriz. E cobrem suas imagens com um véu de cor vermelho
fogo391, porque consideram o Sol como o corpo do poder 372A
benéfico e como a luz visível da substância inteligível392. Por isso,
também, é justo desprezar os que atribuem a esfera solar a Tífon,
para quem nada é brilhante, nem salvador, nem ordem, nem
geração, nem movimento com medida e razão, mas o contrário
a isso lhe convém393; a secura e a aridez que destroem muitos
animais e plantas não devem ser consideradas obras do Sol, mas
dos ventos e das águas, que se misturam na terra e no ar em um
momento que não lhes é adequado, quando o princípio do poder
desordenado e ilimitado extingue com potência as exalações.

52. Nos hinos sagrados de Osíris invocam “aquele que está B


oculto nos braços de Hélio” e no trigésimo dia do mês epifi394
celebram uma festa para o nascimento dos olhos de Hórus395,
quando a Lua e o Sol se encontram em uma reta, por pensarem
que não somente a Lua, mas também o Sol são o olho e a luz
de Hórus. No oitavo dia, depois de terminado o mês faofi3%,
celebram o nascimento do “bastão do Sol”, depois do equinócio
de outono, significa que necessita de apoio e firmeza porque se
torna carente de calor e luz, caso se incline e se afaste obliquamente
de nós. Além disso, durante a época em que estão sob o solstício de
inverno, conduzem uma vaca sete vezes em volta do altar onde está C
a imagem de Hélio, e essa volta é chamada de “busca de Osíris”,
porque a deusa no inverno deseja a água39'; e dão a volta esse tanto
de vezes em torno dela porque no sétimo mês termina o período
do solstício de inverno e chega o de verão398. E conta-se também

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 131


συ μπεραίνει. λέγεται δέ και θΰσαι τώ ήλίω τετράδι μηνδς
ίσταμένου πάντων πρώτος Όρος δ Ίσιδος, ώς εν τοΐς
επιγραφομένοις Γενεθλίοις 'Ώρου γεγραπται. και μην
ημέρας εκάστης τριχώς επιθυμιώσι τώ ήλίω, ρητίνην
μέν ύπδ τάς άνατολάς, σμύρναν δέ μέσουρανοΰντι, τδ
δέ καλούμενον κΰφι περί δυσμάς· ών έκαστον δν έχει
372D λόγον, ύστερον άφηγήσομαι. τόν δ’ ήλιον πάσι τούτοις
προστρέπεσθαι καί θεραπεύειν ο’ίονται. καί τί δει πολλά
τοιαΰτα συνάγειν; είσί γάρ οί τόν Όσιριν άντικρυς ήλιον
είναι καί δνομάζεσθαι Σείριον ύφ’ Ελλήνων λέγοντες,
εί καί παρ’ Αίγυπτίοις ή πρόθεσις του άρθρου τούνομα
πεποίηκεν άμφιγνοεΐσθαι, τήν δ’ Τσιν ούχ ετέραν τής
σελήνης άποφαίνοντες· δθεν καί τών αγαλμάτων αύτής
τά μέν κερασφόρα του μηνοειδούς γεγονέναι μιμήματα,
τοΐς δέ μελανοστόλοις εμφαίνεσθαι τάς κρύψεις καί
τούς περισκιασμούς εν οΐς διώκει ποθούσα τόν ήλιον,
διό καί προς τά ερωτικά τήν σελήνην επικαλούνται,
Ε καί τήν Τσιν Εύδοξός φησι βραβεύειν τά ερωτικά, καί
τούτοις μέν άμωσγέπως τού πιθανού μέτεστι, τών δέ
Τυφώνα ποιούντων τόν ήλιον ούδ’ άκούειν άξιον. άλλ’
ήμεΐς αύθις τόν οίκεΐον λόγον άναλάβωμεν.

53. Ή γάρ Τσίς εστι μέν τδ τής φύσεως θήλυ καί


δεκτικόν άπάσης γενέσεως, καθδ τιθήνη καί πανδεχής
ύπδ τού Πλάτωνος, ύπδ δέ τών πολλών μυριώνυμος
κέκληται διά τδ πάσας ύπδ τού λόγου τρεπομένη
μορφάς δέχεσθαι καί ιδέας, έχει δέ σύμφυτον έρωτα τού
πρώτου καί κυριωτάτου πάντων, δ τάγαθώ ταύτόν εστι,
κάκεΐνο ποθεί καί διώκει· τήν δ’ εκ τού κακού φεύγει
F καί διωθεΐται μοίραν, άμφοΐν μέν ούσα χώρα καί ύλη,
ρέπουσα δ’ άεί προς τδ βέλτιον καί παρέχουσα γεννάν
εξ εαυτης εκείνω καί κατασπείρειν είς εαυτήν άπορροάς
καί δμοιότητας, αΐς χαίρει καί γέγηθε κυισκομένη καί

132 Πλούταρχος | Plutarco


que Hórus, o filho de Isis, foi o primeiro dentre todos a realizar
sacrifícios para o Sol no quarto dia do mês, como está escrito nos
Aniversários dos nascimentos de Homs’". E, sem dúvida, cada dia
queimam perfumes três vezes em honra ao Sol: de resina quando
ele nasce, de mirra ao meio-dia e do chamado cifi400 quando se
põe; cada uma delas tem a sua lógica, depois esclarecerei isso401. E
acreditam que com todas elas tornam o Sol propício e o honram. 3721)
E por que se deve reunir com frequência fatos como esses? Pois
existem os que dizem abertamente que Osíris é o Sol402, que
também é chamado de Sírio403 pelos helenos, entre os egípcios,
eles fazem a anteposição do artigo ao nome e isso faz com que seu
nome seja incerto, e esclarecem que Isis não é outra senão a Lua;
por isso também, dentre as suas estátuas, as que trazem chifres,
são imagens da lua em quarto crescente, enquanto aquelas que
estão cobertas de preto representam os desaparecimentos e as
ocultações nas quais persegue, desejosa, o Sol. Por isso também,
invocam a Lua para os assuntos amorosos, e Eudoxo afirma
que Isis preside os assuntos amorosos. E essas opiniões de modo [;
algum são de confiança, e dentre as que elaboraram sobre Tífon,
a do Sol não é digna de ser escutada. Mas nós devemos retomar o
nosso próprio discurso.

5 3. Pois Isis é a essência feminina da natureza e receptora de


todo tipo de geração, de tal modo que é chamada “nutriz” e “a
que tudo recebe” por Platão404, e pela maioria de “a de incontáveis
nomes”, por ser conduzida pela razão quando recebe todos os
tipos de formas e elementos. E tem um amor inato pelo primeiro
e o senhor absoluto de todos, que tem o mesmo princípio do
bem, deseja e o persegue; e foge e recusa parte em qualquer mal,
embora sejam para ambos lugar e matéria, inclina-se sempre para F
o melhor e lhe oferece a possibilidade de engendrar dela e que ela
seja engendrada por seus gérmens e semelhantes, com o que se
regozija e se alegra por estar grávida e cheia de seus gérmens. Pois a

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 133


ύποπιμπλαμένη τών γενέσεων. είκών γάρ εστιν ουσίας
ή εν ύλη γένεσις και μί μη μα τού δντος το γινόμενον.

373^ 54. δθεν ούκ από τρόπου μυθολογοΰσι την Όσίριδος


ψυχήν άίδιον είναι και άφθαρτον, τδ δέ σώμα πολλάκις
διασπάν και άφανίζειν τον Τυφώνα, την δ’Τσιν πλανωμένην
και ζητεΐν και συναρμόττειν πάλιν, τδ γάρ δν και νοητόν
και αγαθόν φθοράς και μεταβολής κρεΐττόν εστιν· ας δ’ απ’
αύτοϋ τδ αισθητόν και σωματικόν εικόνας εκμάττεται και
λόγους και ε’ίδη και δμοιότητας αναλαμβάνει, καθάπερ εν
κηρώ σφραγίδες ούκ άεί διαμενουσιν άλλα καταλαμβάνει
τό άτακτον αύτάς και ταραχώδες ενταύθα της άνω χώρας
άπεληλαμενον και μαχόμενον προς τόν Ώρον, δν ή Τσις
Β εικόνα του νοητού κόσμον αισθητόν δντα γεννά- διό και
δίκην φεύγειν λέγεται νοθείας υπό Τυφώνος, ώς ούκ ών
καθαρός ούδ’ ειλικρινής οΐος δ πατήρ, λόγος αύτάς καθ’
εαυτόν αμιγής καί απαθής, άλλα νενοθευμένος τή ύλη διά τό
σωματικόν, περιγίνεται δέ καί νικά τού Έρμου, τουτέστι τού
λόγου, μαρτυροΰντος καί δεικνύοντος, δτι προς τό νοητόν
ή φύσις μετασχηματιζομένη τόν κόσμον άποδίδωσιν. ή
μέν γάρ ετι τών θεών εν γαστρί τής 'Ρέας δντων εξ Ίσιδος
καί Όσίριδος λεγομένη γένεσις Απόλλωνος αίνίττεται τό
πριν εκφανή γενέσθαι τόνδε τόν κόσμον καί συντελεσθήναι
C τω λόγω τήν ύλην φύσει ελεγχομένην επ’ αύτήν άτελή
τήν πρώτην γένεσιν εξενεγκεΐν· διό καί φασι τόν θεόν
εκείνον άνάπηρον υπό σκότω γενέσθαι καί πρεσβύτερον
Ώρον καλοΰσιν- ου γάρ ήν κόσμος, άλλ’ ε’ίδωλόν τι καί
κόσμου φάντασμα μέλλοντος-

55. δ δ’ Ώρος ουτος αύτός εστιν ώρισμένος καί


τέλειος, ούκ άνηρηκώς τόν Τυφώνα παντάπασιν, άλλά
τδ δραστήριον καί ισχυρόν αύτοΰ παρηρημένος. δθεν
εν Κόπτω τδ άγαλμα τού Ώρου λέγουσιν εν τή ετέρα

134 Πλούταρχος | Plutarco


imagem da essência é a procriação na matéria e uma imitação do
que realmente é.

54. Por isso, não de modo absurdo, narram em seu mito 373A
que a alma de Osíris é eterna e incorruptível, e que Tífon
desmembrou seu corpo muitas vezes e escondeu suas partes,
enquanto Isis vagava e as procurava para novamente juntá-las.
Pois o ser, o inteligível e o bem são superiores a toda corrupção
e mudança; e as imagens que provêm dele modelam o sensível
e o corpóreo; e recebe as razões, as formas e as semelhanças,
como selos na cera, não permanecem sempre, mas a desordem
e a perturbação se apoderam delas e as removem daqui para o
território de cima e combatem contra Hórus, a quem, sendo
o mundo sensível, Isis engendra como imagem do inteligível; B
por isso também, diz-se que Hórus é acusado de bastardia por
Tífon, porque não é puro nem legítimo como seu pai, como
a própria razão em si, sem mistura e impassível, mas que se
tornou bastardo pela matéria, por causa da sua parte corpórea.
Mas Hórus triunfa e vence, porque Hermes, este que é a razão,
atesta e mostra que a natureza se transforma e produz o mundo
conforme o inteligível405. Pois conta-se que Isis e Osíris estavam
ainda no ventre de Reia406, quando houve a geração de Apoio
por Isis e Osíris, o que nos dá a entender que antes deste mundo
se tornar visível e ser completo pela razão, a matéria produziu a sua C
primeira geração, ainda que traga imperfeição em si mesma;
por isso também, afirmam que aquele deus nasceu mutilado
na escuridão e o chamam Hórus, o Velho407; porque não era
o mundo, mas imagem e aparência do mundo que estaria
prestes a existir.

5 5. E esse Hórus é o mesmo determinado e perfeito, que não


destruiu Tífon completamente, mas que o privou de sua força
e atividade. Por isso, uma estátua de Hórus em Copto segura
em uma das mãos o membro viril de Tífon; e contam no mito

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 135


χειρί Τυφώνος αιδοία κατέχειν και τόν Έρμήν μυθολογούσα
εξελόντα τού Τυφώνος τα νεύρα χορδαΐς χρήσασθαι,
373^ διδάσκοντες ώς τό παν δ λόγος διαρμοσά-μενος σύμφωνον
εξ άσυμφώνων μερών εποίησε και τήν φθαρτικήν ούκ
άπώλεσεν άλλ’ άνεπήρωσε δύναμιν. δθεν εκείνη μέν ασθενής
και αδρανής ενταύθα, φυρομένη και προσπλεκομένη τοΐς
παθητικοΐς και μεταβολικοΐς μέρεσι, σεισμών μέν εν γή και
τρόμων, αύχμών δ’ εν αέρι και πνευμάτων άτοπων, αύθις δέ
πρηστήρων και κεραυνών δημιουργός εστι· φαρμάττει δέ και
λοιμοΐς ύδατα και πνεύματα και μέχρι σελήνης άνατρέχει
και άναχαιτίζει συγχέουσα και μελαίνουσα πολλάκις τό
λαμπρόν, ώς Αιγύπτιοι νομίζουσι και λέγουσιν, δτι τού
Ε 'Ώρου νΰν μέν επάταξε νΰν δ’ εξελών κατέπιεν δ Τυφών
τόν δφθαλμόν, εΐτα τω Ήλίω πάλιν άπέδωκε· πληγήν μέν
αίνιττόμενοι τήν κατά μήνα μείωσιν της σελήνης, πήρωσιν
δέ τήν εκλειψιν, ήν δ ήλιος ίαται διαφυγούση τήν σκιάν τής
γης εύθύς άντιλάμπων.

56. ή δέ κρείττων και θειοτέρα φύσις εκ τριών


εστι, τού νοητού και τής ύλης και τού εκ τούτων, δν
κόσμον Έλληνες δνομάζουσιν. δ μέν ούν Πλάτων τδ
μέν νοητόν και ιδέαν και παράδειγμα και πατέρα, τήν
δ’ ύλην και μητέρα και τιθήνην έδραν τε και χώραν
γενέσεως, τδ δ’ εξ άμφοΐν εγγονον καιγένεσιν δνομάζειν
F ε’ίωθεν. Αιγυπτίους δ’ αν τις είκάσειε τών τριγώνων τδ
κάλλιστον τιμάν μάλιστα τούτω τήν τού παντός φύσιν
δμοιοΰντας, ώς καί Πλάτων εν τή πολιτεία δοκεΐ τούτω
προσκεχρήσθαι τδ γαμήλιον διάγραμμα συντάττων.
έχει δ’ εκείνο τδ τρίγωνον τριών τήν προς δρθίαν καί
τεττάρων τήν βάσιν καί πέντε τήν ύποτείνουσαν ίσον
374Α ταΐς περιεχούσαις δυναμένην. είκαστέον ούντήν μέν προς
δρθίαν αρρενι, τήν δέ βάσιν θηλεία, τήν δ’ ύποτείνουσαν
άμφοΐν εγγόνω· καί τόν μέν Όσιριν ώς άρχήν, τήν δ’ Τσιν

136 Πλούταρχος | Plutarco


de Hermes que ele arrancou os nervos de Tífon e os usou como
cordas para seu instrumento musical408, e nos ensinam como a
razão organizou o todo, criou o harmônico a partir das partes 373®
desarmônicas e não fez perecer seu poder destruidor, mas o
mutilou. Por isso, ainda que fraco e inativo, ele está misturado
e relacionado às partes sensíveis e metabolicas, é artífice
dos abalos e dos tremores na terra, da aridez e dos ventos
intempestivos no ar e, além disso, dos raios e dos trovões;
e envenena com as pestes as águas e os ventos, também até
alcançar a Lua, e ele a agita e a perturba, e frequentemente
escurece o seu brilho, como os egípcios consideram e dizem
que ora Tífon golpeia o olho de Hórus, ora o arranca e o ‫ן‬
devora, depois o devolve a Hélio; expressam-se por alegorias
que o golpe é o minguante mensal da lua e que a mutilação é
o seu eclipse, que o Sol cura para que sobreviva à sombra da
Terra e novamente brilhe.

56. E a natureza, melhor e mais divina, é composta de


três partes: a inteligível, a matéria e o que vem dessas, o que os
helenos dão o nome de mundo. Portanto, Platão409 costuma
chamar o inteligível de “ideia”, a matéria de “mãe”, “nutriz”,
“base” e “lugar” da geração, e dão o nome ao que vem de
ambos de “descendente” e “geração”. Poderia se conjecturar
que os egípcios honram sobretudo o mais belo dos F
triângulos quando o igualam à natureza do universo, como
também Platão na República410 parece usá-lo para estabelecer
o diagrama do casamento. E esse triângulo tem a altura de
três unidades, a base de quatro e a hipotenusa de cinco, e o
seu quadrado é igual aos quadrados dos outros dois lados.
Portanto, deve-se comparar a altura ao macho, a base à fêmea 374^
e a hipotenusa ao filho dos dois; e Osíris como o princípio,
Isis como a receptora e Hórus como o resultado. Pois o três

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 137


ώς υποδοχήν, τόν δ’ Ώρον ώς άποτέλεσμα. τα μεν γάρ τρία
πρώτος περισσός εστι και τέλειος· τα δέ τέτταρα τετράγωνος
άπδ πλευράς άρτιου τής δυάδος· τά δέ πέντε πή μέν τω
πατρ'ι πή δέ τή μητρί προσέοικεν εκ τριάδος συγκείμενα καί
δυάδος. καί τά πάντα τών πέντε γέγονε παρώνυμα, καί τό
άριθμήσασθαι πεμπάσασθαι λέγουσι. ποιεί δέ τετράγωνον
ή πεντάς άφ’ εαυτής, όσον τών γραμμάτων παρ’ Αίγυπτίοις
374Β τό πλήθος εστι, καί όσων ενιαυτών εζη χρόνον δ Απις. τόν
μέν οΰν Ώρον είώθασι καί Μίν προσαγορεύειν, δπερ εστιν
όρώμενον- αισθητόνγάρ καί όρατόν δ κόσμος, ή δ’ Ώσις εστιν
δτε καί Μούθ καί πάλιν Άθυρι καί Μεθύερ προσαγορεύεται·
σημαίνουσι δέ τω μέν πρώτω τών ονομάτων μητέρα, τω
δέ δευτέρω οΐκον Ώρου κόσμιον, ώς καί Πλάτων χώραν
γενέσεως καί δεξαμενήν, τό δέ τρίτον σύνθετόν εστιν εκ τε τού
πλήρους καί τού αίτιου· πλήρης γάρ εστιν ή ύλη τού κόσμου
καί τω άγαθω καί καθαρω καί κεκοσμημένω σύνεστιν.

C 57. Δόξειε δ’ αν ίσως καί δ Ησίοδος τά πρώτα πάντων


Χάος καί Γήν καί Τάρταρον καί Έρωτα ποιων ούχ ετέρας
λαμβάνειν άρχάς, άλλά ταύτας· ε’ί γε δή τών ονομάτων
τή μέν Ίσιδι τό τής Γής, τω δ’ Όσίριδι τό τού Έρωτος,
τω δέ Τυφώνι τό τού Ταρτάρου μεταλαμβάνοντές πως
άποδίδομεν· τό γάρ Χάος δοκεΐ χώραν τινά καί τόπον τού
παντός ύποτίθεσθαι. προσκαλείται δέ καί τόν Πλάτωνος
άμωσγέπως τά πράγματα μύθον, δν Σωκράτης εν Συμποσίω
περί τής τού Έρωτος γενέσεως διήλθε, τήν Πενίαν λέγων
τέκνων δεομένην τω Πόρω καθεύδοντι παρακλιθήναι καί
κυήσασαν εξ αύτου τεκεΐν τόν ’Έρωτα φύσει μικτόν δντα
D καί παντοδαπόν, ατε δή πατρός μέν άγα-θοΰ καί σοφού καί
πάσιν αύτάρκους, μητρός δ’ άμηχάνου καί άπορου καί δΓ
ένδειαν άεί γλιχομένης ετέρου καί περί έτερον λιπαρούσης
γεγενημένον. δ γάρ Πόρος ούχ έτερός εστι τού πρώτως
ερατοΰ καί εφετοΰ καί τελείου καί αύτάρκους· Πενίαν δέ
τήν ύλην προσεΐπεν ενδεα μέν ούσαν αύτήν καθ’ εαυτήν

138 Πλούταρχος | Plutarco


é o primeiro número ímpar e perfeito411; e o quatro é o
quadrado do número par dois; e o cinco se parece um tanto
com seu pai e um tanto com sua mãe, porque é a soma do
três e do dois. E pânta3- origina-se de pente413, e dizem que
pempasásthaisigrüíica. “contar por cinco”414. E cinco forma
um quadrado a partir de si mesmo, que é tanto o número
das letras do alfabeto junto aos egípcios quanto dos anos
que o boi Ápis viveu. Então, costumam chamar Hórus de 374 B
Min415, que é o mesmo que “o que se vê”; pois o mundo é
perceptível e visível. E Isis é ora chamada de Mut41é, ora de
Átiri, ora de Metier; que significam: o primeiro dos nomes
“mãe”, o segundo “a casa do mundo de Hórus”, como
também Platão afirma “lugar de geração e receptora”, e o
terceiro é composto de “pleno” e de “causa”; pois a matéria
do mundo é plena e relaciona-se com o bem, o puro e o
ordenado417.

57. Podería parecer talvez que Hesiodo418, ao compor C


que os primeiros de todos foram Caos419, Geia420, Tártaro421 e
Eros422, não aceitava outros princípios, mas esses; se de fato os
substituirmos de algum modo, atribuirmos o nome de Isis a
Geia, e o de Osíris a Eros, e o de Tífon a Tártaro; pois o Caos
parece colocá-lo embaixo, como território e lugar do universo.
E de algum modo isso nos faz lembrar os acontecimentos do
mito de Platão, o que Sócrates contou no Banquete^23 sobre o
nascimento de Eros, que Penia424 carecia de filhos e se deitou
com Poro425 enquanto ele dormia, que engravidou dele e deu
à luz a Eros, que tem uma natureza mista e muito variada,
porque de pai bom, sábio e em tudo autossuficiente, e uma D
mãe inábil e carente de recursos e que, por sua carência, sempre
deseja vivamente algo e pede algo outro com insistência. Pois
Poro não é outro que o primeiro amado, desejado, perfeito
e autossuficiente; enquanto atribui a matéria à Penia, que é
carente em si do bem, depois de saciada por ele, deseja-0 sempre

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 139


του άγαθοΰ, πληρουμενην δ’ ύπ’ αύτοΰ και ποθούσαν άεί
και μεταλαμβάνουσαν. δ δεγενόμενος εκ τούτων κόσμος
και Ώρος ούκ άίδιος ούδ’ απαθής ούδ’ άφθαρτος, άλλ’
άειγενής ών μηχαναται ταΐς τών παθών μεταβολαΐς και
περίοδο ις άεί νέος και μη δε ποτέ φθαρησόμενος διαμενειν.

374Ε 58. Χρηστέον δε τοΐς μύθοις ούχ ώς λόγοις πάμπαν


ούσιν, άλλά τό πρόσφορον έκαστου τό κατά τήν
ομοιότηταλαμβάνοντας. δταν ούν ύληνλέγωμεν, ού δει
προς ενίων φιλοσόφων δόξας άποφερομένους άψυχόν
τι σώμα και άποιον αργόν τε και άπρακτον εξ εαυτού
διανοεΐσθαι· και γάρ ελαιον ύλην μύρου καλού μεν και
χρυσόν αγάλματος, ούκ δντα πάσης έρημα ποιότητος·
αύτήν τε τήν ψυχήν και τήν διάνοιαν του άνθρώπου
ώς ύλην επιστήμης και άρετής τω λόγω κοσμεΐν και
ρυθμίζειν παρεχομεν, τόν τε νουν ενιοι τόπον ειδών
F άπεφήναντο και τών νοητών οΐον έκμαγεΐον. ενιοι δε και
τό σπέρμα τής γυναικός ού δύναμιν ούδ’ άρχήν, ύλην
δέ και τροφήν γενέσεως είναι δοξάζουσιν· ών έχομένους
χρή και τήν θεόν ταύτην ούτω διανοεΐσθαι τού πρώτου
θεού μεταλαγχάνουσαν άεί και συνοΰσαν ερωτι τών περί
έκεΐνον άγαθών και καλών ούχ ύπεναντίαν, άλλ’ ώσπερ
375'Χ άνδρα νόμιμον και δίκαιον έραν, αν δικαίως συνή, καί
γυναίκα χρηστήν εχουσαν άνδρα καί συνοΰσαν δμως
ποθεΐν λέγομεν, ούτως άεί γλιχομένην έκείνου καί
περί έκεΐνον λιπαροΰσαν καί άναπιμπλαμένην τοΐς
κυριωτάτοις μέρεσι καί καθαρωτάτοις·

59. οπού δ’ δ Τυφών παρεμπίπτει τών έσχάτων


άπτόμενος, ένταΰθα δοκοΰσαν έπισκυθρωπάζειν καί
πενθεΐν λεγομένην καί λείψαν’ άττα καί σπαράγματα
του Όσίριδος άναζητεΐν καί στολίζειν ύποδεχομένην τά
φθειρόμενα καί άποκρύπτουσαν, οΐσπερ άναφαίνει πάλιν
Β τά γινόμενα καί άνίησιν έξ έαυτής. 01 μεν γάρ έν ούρανω

140 Πλούταρχος | Plutarco


e dele participa. E o que nasceu deles é o mundo, que também
é Hórus, não é eterno, nem impassível, nem incorruptível, mas
duradouro426 e usa seu engenho para permanecer sempre jovem
nas mudanças e nos ciclos dos acontecimentos, jamais vive na
destruição.

58. E os mitos não devem ser usados como relatos 374E


perfeitamente investigados, mas para o que for conveniente
de cada um deles, conforme sua coerência. Portanto, quando
falamos de matéria, não devemos nos deixar levar pelas opiniões
de alguns filósofos e pensá-las como um corpo sem alma,
sem qualidade, sem atividade nem ação em si mesmo; de fato,
chamamos óleo de oliva a matéria do perfume e ouro a matéria da
estátua, e sua matéria não está isenta de toda qualidade; a própria
alma e a inteligência do homem, como matéria de conhecimento
e virtude, usamos a razão para ordená-las e colocá-las em um
ritmo, e alguns revelam que o pensamento é o lugar das idéias e F
recebe tal impressão do inteligível427. E alguns também pensam
que o esperma428 da mulher não é potência nem princípio, mas
matéria e alimento da geração; disso, devemos pensar também
que essa deusa, que participa sempre do deus primeiro e está
unida a ele pelo, em torno ao bem e ao belo daquele que não se
opõe a ele, mas, como afirmamos que um marido legítimo e justo 375a
ama, se com justiça convive; e uma mulher honesta que tem um
marido e convive com ele, e o deseja sempre; do mesmo modo, a
deusa sempre deseja ardentemente àquele, àquele que se apega e se
preenche de suas partes mais importantes e puras.

59. Por isso, Tífon intervém e alcança as regiões limítrofes,


nessas a deusa parece entristecida e enlutada, e busca restos e
pedaços de Osíris, e os põe em ordem, acolhe-os embaixo de
suas vestes e os oculta, com os quais traz à luz novamente o
que há de ser e o projeta de si mesma. Pois os raciocínios, as
B

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 141


και αστροις λόγοι και είδη και άπορροα'ι του θεού μένουσι,
τα δ’ εν τοΐς παθητικοΐς διεσπαρμένα, γη και θαλάττη και
φυτοΐς και ζωοις, διαλυόμενα και φθειρόμενα και θαπτόμενα
και πολλάκις αΰθις εκλάμπει και αναφαίνεται ταΐς γενέσεσι.
διό τόν Τυφώνα τή Νεφθυι συνοικεΐν φησιν ó μύθος, τόν δ’
Όσιριν κρύφα συγγενεσθαι· τα γάρ έσχατα μέρη τής ύλης,
α Νέφθυν και Τελευτήν καλοΰσιν, ή φθαρτική μάλιστα
κατέχει δύναμις· ή δέγόνιμος και σωτήριος ασθενές σπέρμα
και αμαυρόν είς ταυτα διαδίδωσιν άπολλύμενον ύπό του
Τυφώνος, πλήν όσον ή Τσις ύπολαμβάνουσα σώζει καί
τρέφει καί συνίστησι·

375C 60. καθόλου δ’ άμείνων ουτός εστιν, ώσπερ καί


Πλάτων υπονοεί καί Αριστοτέλης, κινείται δέ τής
φύσεως τό μέν γόνιμον καί σωτήριον επ’ αυτόν καί προς
τό είναι, τό δ’ άναιρετικόν καί φθαρτικόν άπ’ αύτοΰ καί
προς τό μή είναι, διό τό μέν Τσιν καλουσι παρά τό ϊεσθαι
μετ’ επιστήμης καί φέρεσθαι, κίνησιν οΰσαν έμψυχον καί
φρόνιμον· ού γάρ εστι τούνομα βαρβαρικόν, άλλ’ ώσπερ
τοΐς θεοΐς πασιν άπό δυεΐν ρημάτων του θεατού καί του
θέοντος έστιν όνομα κοινόν, ούτω τήν θεόν ταύτην άπό
D τής επιστήμης αμα καί τής κινήσεως Τσιν μέν ήμεΐς,
Τσιν δ’ Αιγύπτιοι καλοΰσιν. ούτω δέ καί Πλάτων φησί
τήν ούσίαν δηλοΰντος τούς παλαιούς ‘ίσίαν’ καλοΰντας·
ούτω καί τήν νόησιν καί τήν φρόνησιν, ώς νοΰ φοράν καί
κίνησιν οΰσαν ίεμένου καί φερομένου, καί τό συνιέναι καί
τάγαθόν δλως καί άρετήν επί τοΐς εύροοΰσι καί θέουσι
θέσθαι· καθάπερ αΰ πάλιν τοΐς άντιφωνοΰσιν όνόμασι
λοιδορεΐσθαι τό κακόν, τό τήν φύσιν εμποδίζον καί
συνδέον καί ϊσχον καί κωλΰον ϊεσθαι καί ίέναι κακίαν
άπορίαν δειλίαν άνίαν προσαγορεύοντας.

61. ó δ’ Όσιρις εκ του όσιου καί ίεροΰ τούνομα


μεμιγμένον έσχηκε· κοινός γάρ εστι τών εν ούρανώ καί τών
Ε έν Άιδου λόγους, ών τά μέν ιερά τά δ’ δσια τοΐς παλαιοΐς

142 Πλούταρχος | Plutarco


formas e as emanações do deus permanecem no céu e nos
astros, mas disseminadas nas partes sensíveis: na terra, no
mar, nas plantas e nos animais; dissolvidas, corrompidas e
enterradas e frequentemente brilham de novo e reaparecem
nos princípios gerativos. Por isso, o mito conta que Tífon
coabita com Néftis, e que Osíris teve relações sexuais com
ela em segredo; pois, quanto às partes extremas da matéria,
as que chamam de Néftis e Teleute, a destruição é a que mais
detém poder; a fecundação e a preservação lhes concede um
esperma fraco e débil, que é destruído por Tífon, exceto o
que Isis recolhe, salva, nutre e adensa.

60. E, em geral, ele é o melhor429, como supõe Platão, 375^ ‫־‬


também Aristóteles430. E o princípio fecundante e preservador
da natureza se move até ele e se inclina para o ser, e o elemento
destruidor e corruptor afasta-se dele e inclina-se ao não ser. Por
isso, chamam Isis por esse nome, que deriva de hiesthai'''‫ ׳‬com
epislrmê'-‫׳‬- e phéresthai' ' '‫׳‬, porque ela é um movimento animado
e sensato; pois o nome não é de origem bárbara, mas, como todos
os deuses434, têm um nome comum que deriva de duas palavras,
de theatósl V1 e theontos'v, do mesmo modo, essa deusa deriva de
epistemee kinesis'"'‫ ׳‬juntas, e nós a chamamos de ísis, e os egípcios D
também a chamam de Isis438. Assim também, Platão afirma que
os antigos esclareciam a ousia quando a chamavam de zàzh439; assim
também nóêsií^ e a phrónêsi^1, como ímpeto e movimento do
espírito que se lança442 e que se move, e a compreensão, o bem em
geral e a virtude são atribuídos aos que fluem e correm443; como,
por sua vez, com nomes contrários insultam o mal, aquele que
tem a natureza atada, retida e impedida de se lançar e ir, palavras
como kakia'", aporia^, deilia"!" e anio*^.

61. Osíris tem seu nome vindo de uma mistura de hósios^


e hierós""‘: pois existe algo comum dentre o que há no céu e o que
há no Hades, que são racionais, dentre os quais, uns os antigos E

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 143


&θος ην προσαγορεύειν. δ δ’ άναφαίνων τά ουράνια
και τών άνω φερομένων λόγος Άνουβις εστιν δτε και
Έρμάνουβις δνομάζεται, τδ μέν ώς τοΐς άνω τδ δ’ ώς τοΐς
κάτω προσήκων, διό και θύουσιν αύτώ τδ μέν λευκόν
άλεκτρυόνα, τδ δέ κροκίαν, τά μέν ειλικρινή και φανά,
τά δέ μικτά και ποικίλα νομίζοντες. ού δει δέ θαυμάζειν
τών δνομάτων τήν είς τδ Ελληνικόν άνάπλασιν· καί
γάρ άλλα μυρία τοΐς μεθισταμένοις εκ τής Ελλάδος
συνεκπεσόντα μέχρι νυν παραμένει καί ξενιτεύει
παρ’ ετέροις, ών ενια τήν ποιητικήν άνακαλουμένην
3751 διαβάλλουσιν ώς βαρβαρίζουσαν οί γλώττας τά τοιαΰτα
προσαγορεύοντες. εν δέ ταΐς Έρμου λεγομέναις βίβλοις
ίστοροΰσι γεγράφθαι περί τών ιερών δνομάτων, δτι
τήν μέν επί τής τού ήλιου περιφοράς τεταγμένην
δύναμιν Ώρον, Έλληνες δ’ Απόλλωνα καλοΰσι· τήν
δ’ επί τού πνεύματος οί μέν Όσιριν, οί δέ Σάραπιν,
*** οί δέ Σώθιν Αίγυπτιστί· σημαίνει δέ κύησιν ή τδ
κύειν. διό καί παρατροπής γενομένης τού δνόματος
Ελληνιστί κύων κέκληται τδ άστρον, δπερ ’ίδιον τής
Ίσιδος νομίζουσιν. ήκιστα μέν ούν δει φιλοτιμεΐσθαι
περί τών δνομάτων, ού μήν άλλά μάλλον ύφείμην αν
τού Σαράπιδος Αίγυπτίοις ή τού Όσίριδος, εκείνο μέν
ούν ξενικόν, τούτο δ’ Ελληνικόν, άμφω δ’ ενός θεού καί
μιας δυνάμεως ήγούμενος.

62. Έοικε δέ τούτοις καί τά Αιγύπτια, τήν μέν γάρ


Τσιν πολλάκις τω τής Αθήνας δνόματι καλοΰσι φράζοντι
τοιοΰτον λόγον ‘ήλθον άπ’ εμαυτής,’ δπερ εστιν αύτοκινήτου
φοράς δηλωτικόν· δ δέ Τυφών, ώσπερ ε’ίρη-ται, Σήθ καί
Β
Βέβων καί Σμύ δνομάζεται, βίαιόν τινα καί κωλυτικήν
επίσχεσιν ή τιν’ ύπεναντίωσιν ή άναστροφήν εμφαίνειν
βουλομένων τών δνομάτων. ετι τήν σιδηρΐτιν λίθον δστέον
Ώρου, Τυφώνος δέ τόν σίδηρον, ώς ιστορεί Μανεθώς,

144 Πλούταρχος | Plutarco


tinham o costume de chamar de hieráiV> e os outros, de hósia'v\
E o nome Anúbis é aquele que revela o celeste e o que se eleva
para o alto, ora também é chamado de Hermanúbis452, pelo
fato de que é conveniente ao que está no alto e ao outro que está
embaixo. Por isso também, ora realizam sacrifícios para ele com
um galo branco, ora amarelo, porque consideram que o primeiro
é puro e luminoso e o outro é misturado e variado. Não devemos
nos admirar dessa formação dos nomes em estilo helênico; pois
também há outros milhares que vieram com os imigrantes da
Hélade que permanecem até hoje e vivem como hóspedes junto
aos estrangeiros, dentre os quais, alguns que a arte poética evoca, 375
acusam-na de cometer barbarismos, os que chamam tais nomes de
“empréstimos linguísticos”453. Nos chamados LivrosdeHermeS^,
concluem por meio de investigação que, a respeito dos nomes
sagrados, está escrito que ao poder que ordena a circunvolução
do Sol os egípcios chamam de Hórus e os helenos, de Apoio; e a
do vento, uns, Osíris e outros, Serápis, ***455 e outros, Sótis456, em
língua egípcia; e significa kyêsiS15' ou kyeirí^. Por isso também, 376A
com a mudança no nome em língua helena, o astro é chamado
kyõn'"’-‘, o mesmo que consideram que é próprio de Isis. Portanto,
não devemos mais procurar competir a respeito dos nomes, mas,
sem dúvida, penso que a grafia do nome de Serápis é anterior ao
de Osíris entre os egípcios, porque aquela é de origem estrangeira
e esse de procedência helênica, e ambos são característicos de um
único deus e um único poder.

62. E se parecem com esses também os nomes egípcios.


Pois muitas vezes dão a Isis o nome de Atena, quando dizem tal
expressão: “sai de mim mesma”, que significa um ímpeto de um
movimento vindo de si mesma460; e Tífon, como á foi dito461, é B
chamado de Seth, Bebón462 e Smu463, porque seus nomes tendem
a revelar um obstáculo violento ou um certo impedimento ou
inversão. Além disso, chamam a pedra de ferro464 de “osso de
Hórus”, e o ferro de “osso de Tífon”, conforme conclui Mâneton

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 145


καλοΰσιν· ώσπερ γάρ δ σίδηρος πολλάκις μέν ελκομένω
και επομένω προς τήν λίθον δμοιός εστι, πολλάκις
δ’ άποστρέφεται καί αποκρούεται προς τουναντίον,
ούτως ή σωτήριος καί αγαθή καί λόγον εχουσα τού
κόσμου κίνησις επιστρέφει τότε καί προσάγεται καί
μαλακωτεραν ποιεί πείθουσα τήν σκληράν εκείνην καί
τυφώνειον, εΐτ’ αύθις άνασχεθεΐσα είς εαυτήν άνεστρεψε
376C καί κατεδυσεν είς τήν απορίαν, ετι φησί περί τού Δ ιός
δ Εύδοξος μυθολογεΐν Αιγυπτίους, ώς τών σκελών
συμπεφυκότων αύτω μή δυνάμενος β>αδίζειν ύπ’
αισχύνης εν ερημία διέτριβεν· ή δ’ Τσις διατεμοΰσα καί
διαστήσασα τά μέρη ταΰτα τού σώματος άρτίποδα τήν
πορείαν παρέσχεν. αίνίττεται δέ καί διά τούτων δ μύθος,
δτι καθ’ εαυτόν δ τού θεού νους καί λόγος εν τω άοράτω
καί άφανεΐ βεβηκώς είςγένεσιν ύπδ κινήσεως προήλθεν.

63. Εμφαίνει καί τδ σεΐστρον, δτι σείεσθαι


δει τά δντα καί μηδέποτε παύεσθαι φοράς, άλλ’ οΐον
εξεγείρεσθαι καί κλονεΐσθαι καταδαρθάνοντα καί
D μαραινόμενα, τόν γάρ Τυφώνά φασι τοΐς σείστροις
άποτρέπειν καί άποκρούεσθαι δηλοΰντες, δτι της φθοράς
συνδεούσης καί ίστάσης αύθις άναλύειτήν φύσιν καί άνίστησι
διά τής κινήσεως ή γένεσις. τού δέ σείστρου περιφερούς
άνωθεν δντος ή άψίς περιέχει τά σειόμενα τέτταρα. καί γάρ ή
γεννωμένη καί φθειρομένη μοίρα τού κόσμου περιέχεται μέν
ύπδ τής σεληνιακής σφαίρας, κινείται δ’ εν αύτή πάντα καί
μεταβάλλεται διά τών τεττάρων στοιχείων, πυράς καί γης
καί ύδατος καί άέρος. τή δ’ άψΐδι τού σείστρου κατά κορυφήν
εντορεύουσιν αίλουρον άνθρώπου πρόσωπον εχοντα,
Ε κάτω δ’ ύπδ τά σειόμενα πή μέν Ίσιδος πή δέ Νέφθυος
πρόσωπον, αίνιττόμενοι τοΐς μέν προσώποις γένεσιν καί
τελευτήν (αύται γάρ είσι τών στοιχείων μεταβολαί καί
κινήσεις), τω δ’ αίλούρω τήν σελήνην διά τδ ποικίλον
καί νυκτουργδν καί γόνιμον τού θηρίου, λέγεται γάρ εν

146 Πλούταρχος | Plutarco


em sua investigação; pois, como o ferro é frequentemente arrastado
e segue em direção à pedra que lhe é semelhante465, mas também é
frequentemente afastado e impelido a se movimentar em direção
a uma pedra que lhe é oposta, assim é o movimento salvador,
bom e racional do mundo, então o puxa, arrasta-0 e o torna
mais suave; porque persuade, aquela inflexibilidade e destruição
típica de Tífon; depois, outra vez a recebe em si mesmo, revira-
se e mergulha na dificuldade. Além disso, a respeito de Zeus, 376C
Eudoxo afirma que os egípcios contam sobre o seu mito que,
porque ele nasceu com as pernas unidas, não podia caminhar e
passava o tempo na solidão por vergonha delas; e Isis as cortou em
duas e dividiu essas partes do seu corpo, o que lhe proporcionou
uma caminhada com pés ágeis. E o mito se expressa por meio de
alegorias através disso, porque, em si mesmo, a inteligência e a
razão do deus estão no invisível e no oculto, e chegam à geração
por meio de seu movimento.

63. E o sistro466 também mostra que a existência deve ser


sacudida467 e jamais se deve cessar seu movimento, mas como
que despertá-lo e agitá-lo quando adormecer e se exaurir. Pois D
dizem que afastam e repelem Tífon com os sistros, mostram que,
quando a destruição amarra e detém a natureza, novamente
a geração solta e libera a natureza através do movimento.
Porque o sistro é arredondado no alto, o seu arco contém os
quatro elementos que são sacudidos. De fato, a parte gerada e
destruída do mundo é sustentada pela esfera lunar, que se move
em si mesma e se altera por meio desses quatros elementos,
fogo, terra, água e ar. E no alto da curva do sistro talham em
relevo um gato com a face humana, e embaixo, por baixo
daquilo que é sacudido, de um lado a face de Isis e de outro, a E
de Néftís, e com essas faces expressam, por meio de alegorias, o
nascimento e a morte (pois esses são alterações e movimentos
dos elementos), e com o gato468, a Lua, pela variedade das cores
de sua pelagem, por ser noturno e pela fecundidade do animal.

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 147


τίκτειν, εΐτα δύο και τρία και τέσσαρα και πέντε, και
καθ’ εν ούτως άχρι τών επτά προστίθησιν, ώστ’ οκτώ
και ε’ίκοσι τα πάντα τίκτειν, δσα καί τής σελήνης φώτ’
εστιν. τούτο μέν ούν ’ίσως μυθωδέστερον· αί δ’ εν τοΐς
δμμασιν αύτοΰ κόραι πληροΰσθαι μέν καί πλατύνεσθαι
37® δοκοΰσιν εν πανσελήνω, λεπτύνεσθαι δε καί μαραυγεΐν
εν ταΐς μειώσεσι τού άστρου, τω δ’ άνθρωπομόρφω τού
αίλούρου τό νοερόν καί λογικόν εμφαίνεται τών περί
τήν σελήνην μεταβολών.

64. Συνελόντι δ’ είπεΐν ούθ’ ύδωρ ούθ’ ήλιον ούτε γήν


ούτ’ ούρανόν Όσιριν ή Ίσιν όρθώς έχει νομίζειν ούδε πΰρ
Τυφώνα πάλιν ούδ’ αύχμόν ούδε θάλατταν, άλλ’ άπλώς
377α δσον εστιν εν τούτοις άμετρον καί άτακτον ύπερβολαΐς
ή ενδείαις Τυφώνι προσνεμοντες, τό δε κεκοσμημενον
καί αγαθόν καί ωφέλιμον ώς Ίσιδος μέν έργον εικόνα δέ
καί μίμημα καί λόγον Όσίριδος σεβόμενοι καί τιμώντες
ούκ άν άμαρτάνοιμεν. άλλά καί τόν Εύδοξον άπιστοΰντα
παύσομεν καί διαποροΰντα, πώς ούτε Δήμητρι τής τών
ερωτικών επιμελείας μέτεστιν άλλ’ Ίσιδι τόν τε Διόνυσον
Όσίριδι προσομοιοΰσι τόν ού τόν Νείλον αύξειν ούτε
τών τεθνηκότων άρχειν δυνάμενον. ενί γάρ λόγω κοινώ
τούς θεούς τούτους περί πάσαν άγαθοΰ μοίραν ήγούμεθα
τετάχθαι καί παν δσον ένεστι τή φύσει καλόν καί άγαθόν
Β διά τούτους ύπάρχειν, τόν μέν διδόντα τάς άρχάς, τήν δ’
ύποδεχομένην καί διανέμουσαν.

65. Ούτω δέ καί τοΐς πολλοΐς καί φορτικοΐς


επιχειρήσομεν, ε’ίτε ταΐς καθ’ ώραν μεταβολαΐς τού
περιέχοντος ε’ίτε ταΐς καρπών γενέσεσι καί σποραΐς
καί άρότοις χαίρουσι τά περί τούς θεούς τούτοις
συνοικειοΰντες καί λέγοντες θάπτεσθαι μέν τόν Όσιριν,
δτε κρύπτεται τή γή σπειρόμενος δ καρπός, αύθις
δ’ άναβιοΰσθαι καί άναφαίνεσθαι, δτε βλαστήσεως

148 Πλούταρχος | Plutarco


Pois diz-se que primeiro dá à luz a um, em seguida, dois, três,
quatro, cinco, e um a um, e assim até sete, de modo que pari a
um total de vinte e oito, quantas são também as iluminações da
Lua. E isso talvez seja demasiado mítico; e pensam que as pupilas
nos olhos dele se enchem e se ampliam na lua cheia, enquanto
diminui e contrai as pupilas nas épocas minguantes do astro. Com 37®
representação humana do gato, revela-se o elemento intelectual e
lógico das mudanças da Lua.

64. Para dizer em poucas palavras, não é correto considerar


que a água, nem o Sol, nem a Terra, nem o céu, são Osíris ou
Isis, nem, por sua vez, o fogo, nem a secura, nem o mar são
Tífon, mas simplesmente atribuem o quanto existe neles
de desmedida, desordem, excessos ou carências, enquanto 377^
se reverenciássemos e honrássemos o ordenado, o bom e o
útil como obra de Isis e imagem, imitação e razão de Osíris,
não cometeriamos um erro. Mas também, silenciaríamos
Eudoxo, que não acreditava e duvidava que Deméter não
estava entre as que cuidavam dos assuntos amorosos, mas
sim Isis, porque comparam Dioniso a Osíris, mas ele não
tem o poder de fazer encher o Nilo nem de comandar os
mortos. Por uma única razão comum, pensamos que esses
deuses foram determinados para qualquer parte do bem e
tudo quanto existe na natureza que é belo e bom existe por
causa deles, porque um concede os princípios, e a outra os B
recebe e distribui.

65. E desse modo atacaremos também a maioria dos


grosseiros orgulhosos que se alegra em associar as mudanças
de estação às gerações dos frutos, sementes e arados, os
assuntos desses deuses e, ao dizer que Osíris é enterrado
quando o fruto semeado se oculta na terra, novamente
volta à vida e reaparece quando começa a brotar469; por isso
também, diz-se que Isis, ao perceber que estava grávida,

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 149


αρχή· διό και λεγεσθαι τήν 5Ισιν αίσθομενην δτι κύει
περιάψασθαι φυλακτήριον έκτη μηνάς ίσταμενου
377C Φαωφί, τίκτεσθαι δέ τόν Άρπο-κράτην περί τροπάς
χειμερινάς ατελή και νεαρόν εν τοΐς προανθοΰσι και
προβλαστάνουσι (διό και φακών αύτώ φυόμενων
άπαρχάς επιφερουσι), τάς δέ λοχείους ή μέρας εορτάζειν
μετά τήν εαρινήν ισημερίαν, ταΰτα γάρ άκούοντες
άγαπώσι και πιστεύουσιν, αύτόθεν εκ τών προχείρων
καί συνήθων τό πιθανόν ελκοντες.

66. Καί δεινόν ούδεν, άν πρώτον μέν ήμΐν τούς


θεούς φυλάττωσι κοινούς καί μή ποιώσιν Αιγυπτίων
ίδιους μηδέ Νείλον ήν τε Νείλος άρδει μόνην χώραν
τοΐς όνόμασι τούτοις καταλαμβάνοντες μηδ’ έλη μηδέ
λωτούς μή θεοποιίαν λεγοντες άποστερώσι μεγάλων
θεών τούς άλλους ανθρώπους, οΤς Νείλος μέν ούκ εστιν
D ούδέ Βοΰτος ούδέ Μεμφις, 5Ισιν δέ καί τούς περί αύτήν
θεούς εχουσι καί γιγνώσκουσιν άπαντες, ενίους μέν ού
πάλαι τοΐς παρ’ Αιγυπτίων όνόμασι καλεΐν μεμαθηκότες,
εκάστου δέ τήν δύναμιν εξ άρχής επιστάμενοι καί τιμώντες·
δεύτερον, δ μεΐζόν εστιν, δπως σφόδρα προσεξουσι καί
φοβήσονται, μή λάθωσιν είς πνεύματα καί ρεύματα καί
σπόρους καί άρότους καί πάθη γής καί μεταβολάς ωρών
διαγράφοντες τά θεία καί διαλύοντες, ώσπερ οί Διόνυσον
τόν οίνον, Ήφαιστον δέ τήν φλόγα· Φερσεφόνην δε
φησί που Κλεάνθης τό διά τών καρπών φερόμενον καί
φονευόμενον πνεύμα, ποιητής δε τις επί τών θεριζόντων

[■ ’τήμος 8τ’αίζηοι Λη^ήτεβα κωλοτομεύσΊν■’

ούδέν γάρ ουτοι διαφερουσι τών ιστία καί κάλους καί


άγκυραν ήγου μενών κυβερνήτην καί νήματα καί κρόκας
ύφάντην καί σπονδείον ή μελίκρατον ή πτισάνην ιατρόν·
άλλά δεινάς καί άθεους εμποιοΰσι δόξας, άναισθήτοις
καί άψύχοις καί φθειρομεναις άναγκαίως ύπ’ άνθρώπων

150 Πλούταρχος | Plutarco


colocou em volta do seu pescoço um amuleto no sexto
dia do mês faofi470 e no solstício de inverno deu à luz a
Harpocrates, imperfeito e recente entre as flores que brotam 377C
e desabrocham antes do tempo (por isso também, oferecem-
lhe as primícias das lentilhas nascentes), e depois do equinócio
da primavera, celebram os dias de resguardo do seu parto4'1.
Pois se comprazem quando escutam isso e acreditam, porque
daí absorvem informações acessíveis a todos e as que estão
habituados.

66. E não seria nada ruim se, em primeiro lugar, nós


mantivéssemos os deuses como sendo comuns472 e não os
tornássemos como próprios dos egípcios, se não se atribuíssem
somente os seus nomes ao Nilo e ao território que o Nilo irriga,
e se dissessem que as várzeas úmidas do Egito e os lótus são obras
dos deuses, não privariam os demais homens dos grandes deuses,
entre os quais não estão Nilo, nem Buto, nem Mênfis, e muitos D
ainda mantêm e reconhecem Isis e os deuses que a cercam, há não
muito tempo atrás, a alguns aprenderam a chamar esses nomes
com os egípcios, mas conhecem desde o início o poder de cada um
deles e os honram; em segundo lugar, o que é mais importante,
para que prestem muita atenção neles e os temam, para que
eles percebam que anulam e diluem o divino em ventos, ares,
sementes, terras aradas, acidentes da terra e mudanças das estações,
como a Dioniso o vinho e a Hefesto a chama; e Cleantes473 disse
em algum lugar que Perséfone é um sopro do vento que é levado
e morto através dos frutos, e um poeta a respeito dos ceifadores

então, quando homens robustos desmembram Deméterf * E

pois esses não diferem em nada dos que imaginam que velas,
cordas e âncora sejam um piloto, e fios e tramas do tecido um
tecelão, e um espondeu475, ou um hidromel, ou uma tísana, um
médico; mas incutem idéias terríveis e ateias, porque aplicam
os nomes dos deuses no insensível, inanimado e destrutivo,

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 151


δεομένων και χρωμένων φύσεσι και πράγμασιν ονόματα
θεών επιφέροντες. ταΰτα μέν γάρ αύτά νοήσαι θεούς ούκ
εστιν.

67. ού γάρ άνουν ούδ’ άψυχον ούδ’ άνθρώποις δ θεός


ύποχείριον· άπδ τούτων δέ τούς χρωμένους αύτοΐς και
377^ δωρουμενους ήμΐν και παρέχοντας αέναα και διαρκή
θεούς ενομίσαμεν, ούχ ετέρους παρ’ ετέροις ούδέ
βαρβάρους και Έλληνας ούδέ νοτίους και βορείους·
άλλ’ ώσπερ ήλιος καί σελήνη καί ούρανδς καί γή καί
θάλασσα κοινά πασιν, δνομάζεται δ’ άλλως ύπ’ άλλων,
ούτως ενός λόγου του ταΰτα κοσμοΰντος καί μιας
378Α πρόνοιας έπιτροπευούσης καί δυνάμεων ύπουργών επί
πάντα τεταγμένων ετεραι παρ’ ετέροις κατά νόμους
γεγόνασι τιμαί καί προσηγορίαι, καί συμβόλοιςχρώνται
καθιερωμένοις οί μέν άμυδροΐς οί δέ τρανοτέροις, επί τά
θεία τήν νόησιν δδηγοΰντες ούκ άκινδύνως· ενιοι γάρ
άποσφαλέντες παντάπασιν είς δεισιδαιμονίαν ώλισθον,
οί δέ φεύγοντες ώσπερ έλος τήν δεισιδαιμονίαν ελαθον
αύθις ώσπερ είς κρημνόν εμπεσόντες τήν άθεότητα.

68. Δ ιδ δει μάλιστα προς ταΰταλόγον εκ φιλοσοφίας


μυσταγωγδν άναλαβόντας δσίως διανοεΐσθαι τών
λεγομένων καί δρωμένων έκαστον, ϊνα μή, καθάπερ
Β Θεόδω-ρος εΐπετούςλόγους αύτοΰ τή δεξιά προτείνοντος
ενίους τή άριστερα δέχεσθαι τών άκροωμένων, ούτως
ήμεΐς ά καλώς οί νόμοι περί τάς θυσίας καί τάς εορτάς
έταξαν ετέρως ύπολαμβάνοντες εξαμάρτωμεν. δτι γάρ
επί τόν λόγον άνοιστέον απαντα, καί παρ’ αύτών εκείνων
εστι λαβεΐν. τή μέν γάρ ενάτη επί δέκα τοΰ πρώτου
μηνάς εορτάζοντες τώ Ερμή μέλι καί σΰκον εσθίουσιν
επιλέγοντες ‘γλυκύ ή άλήθεια’· τό δέ τής Ίσιδος
φυλακτήριον, δ περιάπτεσθαι μυθολογοΰσιν αύτήν,
εξερμηνεύεται ‘φωνή άληθής.’ τόν δ’ Άρποκράτην ούτε

152 Πλούταρχος | Plutarco


forçosamente destruídos pelos homens, que necessitam e usam.
Pois não é possível pensar que esses sejam deuses em sua essência.

67. Pois o deus não é desprovido de inteligência, nem


inanimado, nem submisso aos homens; por isso nós os
reconhecemos como deuses, porque são úteis para nós e nos
presenteiam e nos oferecem frutos de modo suficiente e perene, 377F
não são diferentes em diferentes povos, nem bárbaros nem
helenos, nem meridionais nem setentrionais; mas como o Sol e a
Lua, o céu, a terra e o mar que todos os têm em comum, porém
são chamados de diferentes modos por diferentes povos, é assim
porque é a única razão que ordena isso e a única providência que as
governa e os únicos poderes que auxiliam em tudo, que surgiram 37^
entre diferentes povos; conforme seus costumes, recebem
diferentes honras e nomes, e usam seus símbolos consagrados,
uns obscuros, outros mais claros, conduzem, não sem risco, a
inteligência ao caminho do divino; pois uns se esbarram nele e
caem completamente na superstição, enquanto outros fogem
dela, mas vão para as várzeas úmidas da superstição, sem notar,
retornam, como se tivessem caído no desfiladeiro do ateísmo4'6.

68. Por isso, diante dessas questões, devemos sobretudo


tomar como guia a razão vinda da filosofia, refletir piedosamente
sobre cada uma das doutrinas e ritos, do mesmo modo que
Teodoro4'' disse que as palavras que com a mão direita ele oferecia B
e alguns ouvintes eles as recebiam com a mão esquerda; assim
nós não cometamos o erro de entender de outro modo o que os
costumes estabeleceram com excelência sobre os ritos sacrificiais
e as festas. Porque tudo está dito na palavra e se pode obter a
partir de si mesma. Pois no décimo nono dia do primeiro mês,
os egípcios celebram uma festa em honra a Hermes4'8, comem
mel e fígado, e logo dizem “coisa doce é a verdade”; e o amuleto
de Isis em cujo mito narram que ela o colocou em seu pescoço, é
interpretado como “voz verdadeira”4'9. E Harpocrates480 não deve

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 153


378c θεόν ατελή και νήπιον ούτε χεδρόπων τινά νομιστέον,
άλλα του περί θεών εν άνθρώποις λόγου νεαρού και
ατελούς και άδιαρθρώτου προστάτην και σωφρονιστήν·
διό τω στόματι τόν δάκτυλον έχει προσκείμενον
εχεμυθίας και σιωπής σύμβολον, εν δε τω Μεσορή μην'ι
τών χεδρόπων επιφεροντες λεγουσιν ‘γλώσσα τύχη,
γλώσσα δαίμων.’ τών δ’ εν Αίγύπτω φυτών μάλιστα
τή θεώ καθιερώσθαι λέγουσι τήν περσεαν, δτι καρδία
μεν δ καρπός αύτής, γλώττη δέ τό φύλλον έοικεν. ούδεν
γάρ ών άνθρωπος έχειν πεφυκε θειότερον λόγου καί
μάλιστα τού περί θεών ούδέ μείζονα ροπήν έχει προς
D εύδαιμονίαν. διό τω μέν είς τό χρηστή- ριον ενταύθα
κατιόντι παρεγγυώμεν δσια φρονεΐν, εύφημα λεγειν·
οί δέ πολλοί γελοία δρώσιν εν ταΐς πομπαΐς καί ταΐς
εορταΐς εύφημίαν προκηρύττοντες, εΐτα περί τών θεών
αύτών τά δυσφημότατα καί λεγοντες καί διανοούμενοι.

69. Πώς ούν χρηστεον εστί ταΐς σκυθρωπαΐς καί


άγελάστοις καί πενθίμοις θυσίαις, εί μήτε παραλείπειν τά
νενομισμενακαλώς έχει μήτε φύ ρειν τάς περί θεών δόξας καί
συνταράττειν ύποψίαις άτόποις; καί παρ’ Έλλησιν δμοια
πολλάγίνεται περί τόν αύτδν δμοΰ τι χρόνον, οΤς Αιγύπτιοι
δρώσιν εν τοΐς Ίσείοις. καί γάρ Άθήνησι νηστεύουσιν αί
Ε γυναίκες εν Θεσμοφορίοις χαμαί καθήμεναι, καί Βοιωτοί
τά τής Άχαίας μέγαρα κινοΰσιν επαχθή τήν εορτήν εκείνην
δνομάζοντες, ώς διά τήν τής Κόρης κάθοδον εν άχει τής
Δήμητρος ούσης. έστι δ’ δ μήν ούτος περί Πλειάδας
σπόριμος, δν Άθύρ Αιγύπτιοι, Πυανεψιώνα δ’ Αθηναίοι,
Βοιωτοί δέ Δαμάτριον καλοΰσι. τούς δέ προς εσπέραν
οίκοΰντας ιστορεί Θεόπομπος ήγεΐσθαι καί καλεΐν τόν
μέν χειμώνα Κρόνον, τό δέ θέρος Άφροδίτην, τό δ’ έαρ
Περσεφόνην· εκ δέ Κρόνου καί Αφροδίτης γεννασθαι
πάντα. Φρύγες δέ τόν θεόν οίόμενοι χειμώνος καθεύδειν
θέρους δ’ εγρηγορέναι τότε μέν κατευνασμούς, τότε δ’

154 Πλούταρχος | Plutarco


ser considerado um deus imperfeito e infantil, nem característico 378C
das leguminosas, mas que ele é dirigente e conselheiro da palavra
sobre os deuses entre os homens, que é infantil, imperfeita e
inarticulada; por isso, tem o dedo dentro da boca como símbolo
de discrição e silêncio, e no mês mesore481 trazem as leguminosas
e dizem “língua é sorte, língua é um dêmon”. E dentre as plantas
que existem no Egito, dizem que a persea482 é dedicada à deusa,
porque o fruto dela é semelhante a um coração e a sua folha, a
uma língua. Pois o homem, por natureza, não possui nada mais
divino que a palavra e especialmente a relacionada aos deuses, nem
tem maior influência para a felicidade. Por isso, àquele que desce
aqui para ir consultar o oráculo483, recomendamos refletir sobre D
assuntos piedosos, dizer palavras benéficas; mas a maioria comete
atos ridículos nas procissões e nas festas ao proferir palavras de
bom augúrio, depois diz e pensa o que é mais injurioso a respeito
dos próprios deuses.

69. Portanto, como devemos realizar os sacrifícios sombrios,


tristes e enlutados, se não é bom omitir os ritos tradicionais nem
confundir as opiniões sobre os deuses nem as desconcertar
com suspeitas absurdas? E entre os helenos há muitos ritos
semelhantes, quase à mesma época aos que os egípcios realizam
nos Iseions484. De fato, em Atenas, as mulheres celebram as
Tesmofórias485, jejuando, sentadas no chão, e os beócios movem E
os santuários dos templos de Aquca186 e lhe dão o nome “Festa da
Aflição”, por causa da descida de Core, porque Deméter estava
na aflição. E esse mês das Plêiades487 e do cultivo que os egípcios
chamam de átir, os atenienses, de pianépsion e os beócios, de
damatrio488. Sobre os habitantes que estão na direção do poente,
Teopompo conclui em sua investigação que eles pensam e
chamam o inverno de Crono, o verão de Afrodite e a primavera
de Perséfone; e que todas essas estações nasceram da união de
Crono e de Afrodite. E os frígios pensam que o deus dorme no
inverno e desperta no verão, e celebram os mistérios de Baco para

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 155


378F ανεγέρσεις βακχαύοντας αύτω τελοΰσι· Παφλαγόνες
δε καταδεΐσθαι και καθείργνυσθαι χειμώνος, ήρος δέ
κινεΐσθαι και άναλύεσθαι φάσκουσι·

70. και δίδωσιν δ καιρός υπόνοιαν επί τών καρπών


τή άποκρύψει γενέσθαι τόν σκυθρωπασμόν, ούς οί
παλαιοί θεούς μέν ούκ ενόμιζον, άλλα δώρα θεών
αναγκαία καί μεγάλα προς τδ μή ζην αγρίως καί
379‫ ^־‬θηριωδώς· καθ’ήν δ’ ώραν τούς μέν άπδ δένδρων αώρων
άφανιζομένους παντάπασιν καί απολείποντας, τούς
δέ καί αύτοί κατέσπειρον ετι γλίσχρως καί άπόρως,
διαμώμενοι ταΐς χερσί τήν γην καί περιστέλλοντες
αύθις, επ’ άδήλω τώ πάλιν εκφανεΐσθαι καί συντέλειαν
εξειν άποθέμενοι πολλά θάπτουσιν δμοια καί
πενθοΰσιν επραττον. εΐθ’ ώσπερ ήμεΐς τόν ώνούμενον
β>ιβ>λία Πλάτωνος ώνεΐσθαί φαμεν Πλάτωνα καί
Μένανδρον ύποκρίνεσθαι τόν τά Μενάνδρου ποιήμαθ’
διατιθέμενον, ούτως εκείνοι τοΐς τών θεών δνόμασι τά
Β τών θεών δώρα καί ποιήματα καλεΐν ούκ εφείδοντο,
τιμώντες ύπδ χρείας καί σεμνύνοντες. οί δ’ ύστερον
άπαιδεύτως δεχόμενοι καί άμαθώς άναστρέφοντες επί
τούς θεούς τά πάθη τών καρπών καί τάς παρουσίας τών
άναγκαίων καί άποκρύψεις θεών γενέσεις καί φθοράς ού
προσαγορεύοντες μόνον άλλά καί νομίζοντες άτοπων καί
παρανόμων καί τεταραγμένων δοξών αύτούς ενέπλησαν,
καίτοι τού παραλόγου τήν άτοπίαν εν δφθαλμοΐς εχοντες. δ
μέν ούν Ξενοφάνης δ Κολοφώνιος ήξίωσε τούς Αιγυπτίους,
εί θεούς νομίζουσι, μή θρηνεΐν, εί δέ θρηνοΰσι, θεούς μή
νομίζειν, άλλ’ δτι γελοΐον αμα θρηνοΰντας εύχεσθαι τούς
καρπούς πάλιν άναφαίνειν καί τελειοΰν εαυτοΐς, δπως
πάλιν άναλίσκωνται καί θρηνώνται·

C 71. τδ δ’ ούκ εστι τοιοΰτον, άλλά θρηνοΰσι μέν


τούς καρπούς, εύχονται δέ τοΐς αίτίοις καί δοτήρσι

156 Πλούταρχος | Plutarco


que durma em uma estação e acorde em outra; e os paflagônios 378F
contam que seu deus está inteiramente amarrado e trancado no
inverno, e na primavera ele se movimenta e se liberta.

70. E aocasião oferece asuspeitadequeseuar sombrio acontece


porque ele escondeu os frutos489, os que os antigos não cultuavam
como deuses, mas como presentes dos deuses, necessários e
importantes para que não vivessem de modo rude e selvagem; e
na estação em que viam os frutos desaparecendo completamente 379^
das árvores e lhes fazendo falta, e ainda semeavam grãos com
privação e dificuldade, porque cavavam a terra com suas mãos
e a cobriam novamente, depositavam a semente com a incerteza
de se iria crescer e amadurecer, e realizavam muitas cerimônias
semelhantes ao que enterravam alguém e ficavam enlutados.
Depois, como nós dizemos sobre quem compra livros de Platão
que compra Platão e de quem representa os poemas de Menandro
que representa Menandro, assim aqueles que não nos poupam
com esses nomes dados aos deuses que estão relacionados
com dons e obras dos deuses, que os honram e os veneram por B
sua utilidade. E os pósteros aceitarão isso de modo incauto e
sem discernimento transferirão para os deuses as vicissitudes dos
frutos e não somente os chamarão assim e aceitarão as presenças
e os desparecimentos dos produtos necessários a nascimentos e
mortes dos deuses, mas também considerarão crenças absurdas,
ilegítimas e perturbadoras, embora façam saltar o absurdo de sua
irracionalidade aos nossos olhos. Então, Xenocrates de Cólofon490
julgava que os egípcios, se creem nos deuses, não choram por eles,
mas se choram por eles, é porque não creem nos deuses, porque
é ridículo que chorem ao mesmo tempo em que suplicam para
os frutos reaparecerem e amadurecerem para eles, a fim de que
novamente sejam consumidos e chorados.

71. E isso não é assim, mas sim que se lamentam pelos frutos C
e suplicam aos deuses produtores e doadores deles para que

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 157


θ&οίς ετέρους πάλιν νέους ποιεΐν και άναφύειν άντ'ι τών
άπολλυμένων. δθενάρισταλέγεται παρά τοΐς φιλοσόφοις
τό τούς μή μανθάνοντας δρθώς άκούειν ονομάτων
κακώς χρήσθαι και τοΐς πράγμασιν· ώσπερ Ελλήνων
οί τά χαλκά καί τά γραπτά καί λίθινα μή μαθόντες
μηδ’ εθισθέντες άγάλματα καί τιμάς θεών άλλά θεούς
καλεΐν, εΐτα τολμώντες λέγειν, δτι τήν Αθήναν Λαχάρης
εξέδυσε, τόν δ’ Απόλλωνα χρυσούς βοστρύχους εχοντα
379D Διονύσιος άπέκειρεν, δ δέ Ζεύς δ Καπετώλιος περί τόν
εμφύλιον πόλεμον ενεπρήσθη καί διεφθάρη, λανθάνουσι
συνεφελκόμενοι καί παραδεχόμενοι δόξας πονηράς
επομένας τοΐς δνόμασιν. Τούτο δ’ ούχ ήκιστα πεπόνθασιν
Αιγύπτιοι περί τά τιμώμενα τών ζώων. Έλληνες μέν
γάρ εν γε τούτοις λέγουσιν δρθώς καί νομίζουσιν ιερόν
Αφροδίτης ζώον είναι τήν περιστεράν καί τόν δράκοντα
τής Αθήνας καί τόν κόρακα τού Απόλλωνος καί τόν κύνα
τής Άρτέμιδος, ώς Εύριπίδης·

”Εκάτης άγαλμα φωσφόρου κύων εση ’■

Αιγυπτίων δ’ οί πολλοί θεραπεύοντες αύτά τά ζώα καί


περιέποντες ώς θεούς ού γέλωτος μόνον ούδέ χλευα-σμού
Ε καταπεπλήκασι τάς ιερουργίας, άλλά τούτο τής άβελτερίας
ελάχιστόν εστι κακόν· δόξα δ’ εμφύεται δεινή τούς μέν άσθενεΐς
καί άκάκους είς άκρατον ύπερείπουσα τήν δεισιδαιμονίαν,
τοΐς δέ δριμυτέροις καί θρασυτέροις είς άθέους εμπίπτουσα
καί θηριώδεις λογισμούς, ή καί περί τούτων τά είκότα διελθεΐν
ούκ άνάρμοστόν εστι·

72. τό μέν γάρ είς ταύτα τά ζώα τούς θεούς τόν Τυφώνα
δείσαντας μεταβαλεΐν, οΐον άποκρύπτοντας εαυτούς σώμασιν
ιβεων καί κυνών καί ίεράκων, πάσαν ύπερπέπαικε τερατείαν
F καί μυθολογίαν, καί τό ταΐς ψυχαΐς τών θανόντων δσαι
διαμένουσιν είς ταύτα μόνα γίνεσθαι τήν παλιγγενεσίαν

158 Πλούταρχος | Plutarco


produzam outros novos e os façam crescer em lugar dos
desaparecidos. Por isso, as melhores palavras são ditas junto
aos filósofos: quem não aprende a ouvir corretamente os
nomes também fazem mal uso das representações; como,
entre os helenos, que não aprenderam e não se acostumaram
a chamá-los de bronzes, pinturas e mármores, imagens
e honras dos deuses, mas a chamá-los de deuses, depois
ousam dizer que Lácares491 desnudou Atena, que Dioniso
cortou os cachos dourados de Apoio e que Zeus Capitolino 379D
foi queimado e destruído na guerra civil492, não percebem
que se agarram a opiniões perversas e as aceitam por serem
derivadas desses nomes. E os egípcios não são menos
afetados por suas honras aos animais. Pois, nesses assuntos,
os helenos se expressam corretamente e consideram que
o animal consagrado a Afrodite é a pomba; a serpente,
a Atena; o corvo, a Apoio; e o cão, a Artemis, conforme
Euripides:

uma imagem de Hécateporta-luz, um cão serás.''1

E, quando a maioria dos egípcios venera os próprios animais


e os trata como deuses, não somente enche por completo
os ritos sagrados de ridículo e zombaria, mas isso é um mal E
menor de sua tolice; mas nasce uma crença terrível, que
subverte os fracos e inocentes em pura superstição, e joga seus
raciocínios ateus e selvagens sobre os mais rudes e simples.
Pelo que não destoa examinar a verossimilhança deles.

72. Isso de os deuses se transformarem nesses animais,


porque têm medo de Tífon, como se ocultarem em corpos
de íbis, cães, gaviões, já ultrapassa todo relato extraordinário
e mitológico494, e que, pelas almas dos mortos, quantas p
sobrevivam, o seu renascimento acontece somente nesses

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 159


δμοίως άπιστον. τών δέ βουλομένων πολιτικήν τινα
λεγειν αιτίαν οί μέν Όσιριν εν τή μεγάλη στρατιά
φασιν είς μέρη πολλά διανείμαντα τήν δύναμιν
(λόχους καί τάξεις Έλληνικώς καλούσιν), επίσημα
δούναι καί ζωόμορφα πασιν, ών έκαστον τω γενει τών
συννεμηθεντων ιερόν γενεσθαι καί τίμιον· οί δέ τούς
j8oA ύστερον βασιλείς εκπλήξεως ένεκα τών πολεμίων εν
ταΐς μάχαις επιφαίνεσθαι θηρίων χρυσας προτομάς
καί άργυρας περιτιθεμένους· άλλοι δέ τώνδε τών
δεινών τινα καί πανούργων βασιλέων ίστοροΰσι τούς
Αιγυπτίους καταμαθόντα τή μέν φύσει κούφους καί
προς μεταβολήν καί νεωτερισμόν δξυρρόπους όντας,
άμαχον δέ καί δυσκάθεκτον ύπό πλήθους δύναμιν εν
τω συμφρονεΐν καί κοινοπραγεΐν έχοντας, άίδιον αύτοΐς
εγκατασπεΐραι δείξαντα δεισιδαιμονίαν διαφοράς
άπαύστου πρόφασιν. τών γάρ θηρίων, ά προσέταξεν
Β άλλοις άλλα τιμάν καί σέβεσθαι, δυσμενώς καί
πολεμικώς άλλήλοις προσφερομένων καί τροφήν
ετέρων έτερα προσίεσθαι πεφυκότων άμύνοντες άεί τοΐς
οίκείοις έκαστοι καί χαλεπώς άδικουμένων φέροντες
ελάνθανον ταΐς τών θηρίων εχθραις συνεφελκόμενοι
καί συνεκπολεμούμενοι προς άλλήλους. μόνοι γάρ ετι
νυν Αιγυπτίων Λυκοπολΐται πρόβατον εσθίουσιν, επεί
καί λύκος, δν θεόν νομίζουσιν· οί δ’ Όξυρυγχΐται καθ’
ή μας τών Κυνοπολιτών τόν δξύρυγχον ίχθύν εσθ ιόντων
κύνα συλλαβόντες καί θύσαντες ώς ίερεΐον κατέφαγον,
εκ δέ τούτου καταστάντες είς πόλεμον άλλήλους τε
C διέθηκαν κακώς καί ύστερον ύπό 'Ρωμαίων κολαζόμενοι
διετέθησαν.

73. πολλών δέ λεγόντων είς ταΰτα τά ζώα τήν


Τυφώνος αύτοΰ διηρήσθαι ψυχήν αίνίττεσθαι δόξειεν αν
δ μύθος, δτι πάσα φύσις άλογος καί θηριώδης τής τού
κακού δαίμονοςγέγονε μοίρας, κάκεΐνον εκμειλισσόμενοι

160 Πλούταρχος | Plutarco


animais é igualmente inacreditável495. E dentre os que querem
dizer que existe uma razão um tanto política, uns dizem que
Osíris, em sua grande expedição, repartiu o seu poderio militar
em muitas divisões (que os helenos chamam de companhias
e tropas) e deu insígnias em forma de animais a todas, e cada
um deles tornou-se sagrado e honrado por sua estirpe496;
e conforme outros, os reis posteriores, para causar o terror entre os 380A
inimigos, apareciam nas batalhas com os rostos envoltos em uma
máscara de ouro e prata de animais selvagens49'; e outros concluem
ainda, por meio de suas investigações, que um dos seus terríveis
e malvados reis percebeu que os egípcios eram por natureza
levianos e inclinados à mudança e à inovação, mas que, por seu
grande número, tinha um poder invencível e incontível quando
atuavam em consonância e de comum acordo, semeou entre eles,
ao trazer à tona a superstição, um incessante motivo de discórdia.
Pois, dentre os animais selvagens que determinou honrar e venerar
a uns em alguns lugares, e a outros em lugares diferentes, tinham B
um modo hostil e combativo e destinados por natureza a ser
alimento uns dos outros, cada um defendia os seus e suportavam
mal quando prejudicados, sem perceber, eram arrastados por
hostilidades dos animais selvagens e guerreavam uns contra os
outros. Pois ainda hoje os licopolitanos498 são os únicos dentre
os egípcios que se alimentam de ovelha, porque o faz também o
lobo, a quem consideram um deus; e os habitantes de Oxirrinco
em nossa época, porque os habitantes de Cinópolis499 comiam o
peixe oxirrinco, capturaram um cão, imolaram-no e o comeram
como se fosse uma vítima sacrificial, por isso posicionaram-se
para guerrear, e fizeram mal uns aos outros e mais tarde foram C
castigados pelos romanos, e se contiveram500.

73. Quando muitos dizem que a alma do próprio Tífon


foi repartida entre esses animais, o mito parecería explicar por
meio de alegorias que toda natureza irracional e selvagem vem da
parte nascida do dêmom mal, e que, para aplacá-lo e apaziguá-lo,

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 161


και παρηγοροΰντες περιέπουσι ταΰτα και θεραπεύουσιν·
αν δέ πολύς εμπίπτη και χαλεπός αύχμός επάγων
υπερβαλλόντως ή νόσους ολέθριους ή συμφοράς άλλας
παραλόγους και άλλοκότους, ενια τών τιμωμένων οί ιερείς
j8oA άπάγοντες ύπό σκότω μετά σιωπής καί ησυχίας άπειλοΰσι
καί δεδίττονται τό πρώτον, αν δ’ επιμένη, καθιερεύουσι
καί σφάττουσιν, ώς δή τινα κολασμόν όντα του δαίμονος
τούτον ή καθαρμόν άλλως μεγαν επί μεγίστοις· καί γάρ
εν Είλειθυίας πόλει ζώντας ανθρώπους κατεπίμπρασαν,
ώς Μανεθώς ίστόρηκε, Τυφωνείους καλουντες καί τήν
τέφραν αύτών λικμώντες ήφάνιζον καί διέσπειρον.
άλλα τούτο μέν εδρατο φανερώς καί καθ’ ένα καιρόν
εν ταΐς κυνάσιν ήμέραις· αί δέ τών τιμωμένων ζώων
καθιερεύσεις απόρρητοι καί χρόνοις άτάκτοις προς τά
συ μπίπτονταγινόμεναι τούς πολλούς λανθάνουσι, πλήν
Ε όταν Άπιδος ταφάς εχωσι καί τών άλλων άναδεικνύντες
ενια πάντων παρόντων συνεμβάλλωσιν οίόμενοι τού
Τυφώνος άντιλυπεΐν καί κολούειν τό ήδόμενον. δ γάρ
Άπις δοκεΐ μετ’ ολίγων άλλων ιερός είναι τού Όσίριδος·
εκείνω δέ τά πλεΐστα προσνέμουσι. καν αληθής δ
λόγος ούτος, σημαίνειν ήγοΰμαι τό ζητούμενον επί τών
όμολογουμένων καί κοινάς εχόντων τάς τιμάς, οΐόν
εστιν ΐβις καί ιέραξ καί κυνοκέφαλος, αύτδς δ Άπις·
ούτω δή γάρ τόν εν Μένδητι τράγον καλοΰσι.

74. Λείπεται δέ δή τό χρειώδες καί τό συμβολικόν, ών


ενια θατέρου, πολλά δ’ άμφοΐν μετέσχηκε. βουν μέν ούν καί
F πρόβατον καί ίχνεύ μονά δήλον δτι χρείας ένεκα καί ώφελείας
ετίμησαν, ώς Λήμνιοι κορύδους τά τών άττα λάβων
εύρίσκοντας ωά καί κύπτοντας, Θεσσαλοί δέ πελαργούς, δτι
πολλούς δφεις τής γής άναδιδούσης επιφανέντες εξώλεσαν
άπαντας (διό καί νόμον εθεντο φεύγειν δστις αν άποκτείνη
πελαργόν)· άσπίδα δέ καί γαλήν καί κάνθαρον, εικόνας τινάς
εν αύτοΐς άμαυράς ώσπερ εν σταγόσιν ήλιου τής τών θεών

162 Πλούταρχος | Plutarco


respeitam e honram esses animais; e se ocorrer uma secura intensa
e difícil, que traz com desmedida quer uma doença destruidora
quer outros tipos de desgraças imprevistas e espantosas, alguns
que são honrados, os sacerdotes os levam pela escuridão em
silêncio e tranquilidade; em primeiro lugar, eles os ameaçam e j8oA
os atemorizam, se persistir, oferecem-nos como sacrifício e o
degolam, como se fosse um castigo para esse dêmon ou outro
grande modo de purificação em ocasiões importantes; de fato, na
cidade de Ilitia501, queimavam os homens vivos, como concluiu
Mâneton em sua investigação, uns a quem chamavam tifônios,
quando espalhavam suas cinzas, faziam-nas desaparecer e as
dispersavam. Mas isso era feito em público e em uma só ocasião,
nos dias caninos502; enquanto as imolações dos animais venerados,
porque eram misteriosasesem um período determinado, amaioria
não nota quando elas ocorrem, exceto quando faziam o enterro
de Ápis e indicavam alguns outros animais, com todos presentes, E
lançavam-nos em uma fossa comum, porque acreditavam que
afligiam Tífon e encurtavam seu prazer. Pois Ápis parece que está
em companhia de outros poucos animais de Osíris; e a maioria
dedicada àquele. Mesmo que esse relato seja verdadeiro503, penso
que indica a busca dos que são reconhecidos e recebem honras
comuns, como a íbis, o gavião, o cinocéfalo, o próprio Ápis; pois
assim chamam o bode504 de Mendes505.

74. Abandona-se então sua utilidade e seu valor simbólico,


dos quais alguns participam, mas muitos de ambos. Portanto, é
evidente que os honram um boi, uma ovelha e um icnêumone506,
por sua utilidade e seu proveito, como os lêmnios honram F
as cotovias porque elas descobrem os ovos dos gafanhotos e
os partem, e os tessálios, as cegonhas, porque, quando a terra
produziu muitas serpentes, elas apareceram e mataram todas (por
isso também estabeleceram uma lei que processava quem matasse
uma cegonha)507; e a áspide, a doninha, o escaravelho, porque
veem neles algumas imagens débeis do poder dos deuses, como as

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 163


δυνάμεως κατιδόντες. τήν μέν γάργαλήν ετι πολλοί νομίζουσι
και λέγουσι κατά τό ούς όχευομένην τω δέ στο μάτι τίκτουσαν
εϊκασμα τής του λόγου γενέσεως είναι· τό δέ κανθάρων γένος
ούκ εχειν θήλειαν, άρρενας δέ πάντας άφιέναι τόν γόνον εις
τήν σφαιροποιουμένην ύλην, ήν κυλινδούσιν άντιβάδην
ώθούντες, ώσπερ δοκεΐ τόν ουρανόν δ ήλιος ες τουναντίον
περιστρέφειν αυτός άπό δυσμών επί τάς άνατολάς φερόμενος·
ασπίδα δ’ ως άγήρω καίχρωμένην κινήσεσιν άνοργάνοις μετ’
εύπετείας καί ύγρότητος αστραπή προσείκασαν.

j81B 75. ού μήν ούδ’ δ κροκόδειλος αίτιας πιθανής


άμοιροΰσαν εσχηκε τιμήν, άλλα μίμημα θεού λέγεται
γεγονέναι μόνος μέν άγλωσσος ών· φωνής γάρ δ
θειος λόγος άπροσδεής εστι καί £δι’ άψόφου βαίνων
κελεύθου κατά δίκην τά θνήτ’ άγει’· μόνου δέ φασιν εν
ύγρω διαιτωμένου τάς όψεις ύμένα λεΐον καί διαφανή
παρακαλύπτειν εκ τού μετώπου κατερχόμενον, ώστε
βλέπειν μή βλεπόμενον, δ τω πρώτω θεω συμβέβηκεν.
δπου δ’ αν ή θήλεια τής χώρας άποτέκη, τούτο Νείλου
πέρας επίσταται τής αύξήσεως γινόμενον, εν ύγρω γάρ
ού δυνάμεναι, πόρρω δέ φοβούμεναι τίκτειν, ούτως
C ακριβώς προαισθάνονται τό μέλλον, ώστε τω ποταμω
προσελθόντι χρήσθαι λοχευόμεναι, καί θάλπουσαι δέ τά
ώά ξηρά καί άβρεκτα φυλάσσειν. εξήκοντα δέ τίκτουσι
καί τοσαύταις ήμέραις εκλέπουσι καί τοσούτους ζώσιν
ενιαυτούς οί μακρότατον ζώντες, δ τών μέτρων πρώτον εστι
τοΐς περί τά ούράνια πραγματευομένοις. άλλά μήν τών δι’
άμφότερα τιμωμένων περί μέν τού κυνδς ε’ίρηται πρόσθεν·
ή δ’ ΐβις άποκτείνουσα μέν τά θανατηφόρα τών ερπετών
εδίδαξε πρώτη κενώματος ιατρικού χρείαν κατιδόντας
D αύτήν κλυζομένην καί καθαιρομένην ύφ’ εαυτής, οί δέ
νομιμώτατοι τών ιερέων καθάρσιον ύδωρ άγνιζόμενοι
λαμβάνουσιν δθεν ΐβις πέπωκεν· ού πίνει γάρ ή νοσώδες ή
πεφαρμαγμένον ούδέ πρόσεισι. τή δέ τών ποδών διαστάσει

164 Πλούταρχος | Plutarco


do Sol nas gotas de chuvas. Pois a maioria ainda cultua a doninha
e diz que ela engravida pelos ouvidos e dá à luz pela boca, que isso
é a imagem da geração da palavra508; e a espécie do escaravelho não
tem fêmea, são todos machos, que depositam o seu sêmen em uma
matéria que modelam em forma de esfera, giram-na e a empurram
resistindo de pé firme, como o Sol parece que gira no céu na direção
contrária quando se dirige do poente ao nascente509; e a áspide510,
como não envelhece, e movimenta-se, mesmo sem órgãos, com
facilidade e ligeireza, comparam-na a um raio.

75. Sem dúvida, sequer o crocodilo511 teria honra sem um ·j81B


motivo confiável, mas conta-se que ele é a imagem característica
do deus porque é o único que nasce sem língua; pois a palavra
divina não necessita de voz e “anda por um caminho silencioso
e conduz os assuntos dos mortais conforme a justiça”512; e dizem
que é o único que vive em ambiente aquático, que seus olhos são
escondidos por uma membrana lisa e transparente que cai da sua
fronte, de modo que vê, mas não é visto, o que acontece com a face
de um deus. E sobre o lugar do território onde a fêmea deposita
seus ovos, sabe-se que é o limite de onde ocorre a cheia do Nilo.
Pois não podem botar seus ovos em ambiente aquático, mas têm
medo de ir longe, desse modo, preveem precisamente o que vai C
acontecer, de modo que usam a cheia do rio para pô-los e guardá-
los aquecidos nos pontos secos e sem inundação. E eles põem
sessenta, o número de dias que levam para sair de seus ovos equivale
aos dos anos que eles vivem, número que os astrônomos513 têm
como a primeira unidade de medida. Mas, sem dúvida, dentre os
que são honrados por ambas as características, o que já foi dito
antes sobre o cão514; porque mata répteis mortíferos, a íbis foi a
primeira que ensinou o uso da purgação médica, por vê-la purgar-
se e purificar-se por si mesma, então os sacerdotes mais regrados, D
para se purificar, pegam água do lugar onde a íbis515 bebeu; pois ela
não a bebe quer esteja insalubre ou envenenada, sequer se aproxima
dela. Com a distância das patas umas das outras e o bico, forma-

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 165


προς άλλήλους και τό ρόγχος ισόπλευρον ποιεί τρίγωνον,
ετι δ’ ή τών μελάνων πτερών προς τα λευκά ποικιλία καί
μΐξις εμφαίνει σελήνην άμφίκυρτον. ού δει δέ θαυμάζειν, εί
γλίσχρας ομοιότητας ούτως ήγάπησαν Αιγύπτιοι, καί γάρ
καί "Ελληνες εν τεγραπτοΐς εν τε πλαστοΐς είκάσμασι θεών
εχρήσαντο πολλοΐς τοιούτοις, οΐον εν Κρήτη Δ ιός ήν άγαλμα
μή εχον ώτα· τώ γάρ άρχοντι καί κυρίω πάντων ούδενός
381Ε άκούειν προσήκει. τώ δέ τής Αθήνας τόν δράκοντα Φειδίας
παρεθηκε, τώ δέ της Αφροδίτης εν Ήλιδι τήν χελώνην,
ώς τάς μέν παρθένους φυλακής δεομενας, ταΐς δέ γαμεταΐς
οίκουρίαν καί σιωπήν πρεπουσαν. ή δέ τού Ποσειδώνος
τρίαινα σύμβολόν εστι τής τρίτης χώρας, ήν θάλαττα
κατέχει μετά τόν ούρανόν καί τόν άέρα τεταγμένη· διό καί
τήν Άμφιτρίτην καί τούς Τρίτωνας ούτως ώνόμασαν. Οί δέ
Πυθαγόρειοι καί άριθμούς καί σχήματα θεών εκόσμησαν
προσηγορίαις. τό μέν γάρ ισόπλευρον τρίγωνον εκάλουν
F Αθήναν κορυφαγενή καί τριτογένειαν, δτι τρισί καθέτοις
άπό τών τριών γωνιών άγομέναις διαιρείται· τό δ’ εν
Απόλλωνα πλήθους άποφάσει καί δι’ άπλότητα τής
μονάδος· εριν δέ τήν δυάδα καί τόλμαν, δίκην δέ τήν
τριάδα· τού γάρ άδικεΐν καί άδικεΐσθαι κατ’ ελλειψιν καί
ύπερβολήν δντος τό ίσότητι δίκαιον εν μέσω γέγονεν· ή δέ
j82A καλούμένη τετρακτύς, τά εξ καί τριάκοντα, μέγιστος ήν
δρκος, ώς τεθρύληται, καί κόσμος ώνόμασται, τεσσάρων
μέν άρτιων τών πρώτων, τεσσάρων δέ τών περισσών είς
ταύτό συντιθεμένων άποτελούμένος.

76. ε’ίπερ ούν οί δοκιμώτατοι τών φιλοσόφων ούδ’


εν άψύχοις καί άσωμάτοις πράγμασιν αίνιγμα τού
θείου κατιδόντες ήξίουν άμελεΐν ούδέν ούδ’ άτιμάζειν,
ετι μάλλον, οΐμαι, τάς εν αίσθανομέναις καί ψυχήν
εχούσαις καί πάθος καί ήθος φύσεσιν ιδιότητας κατά
τό ήθος άγαπητέον ούν ού ταΰτα τιμώντας, άλλά διά
τούτων τό θειον ώς εναργεστέρων εσόπτρων καί φύσει

166 Πλούταρχος | Plutarco


se um triângulo equilátero, além disso, a variedade e a mistura de
suas asas negras com tonalidades brancas representam a lua no
seu quarto crescente516. E não devemos nos espantar se os egípcios
gostam tanto dessas vagas semelhanças. De fato, os helenos nas
imagens em pinturas e em esculturas dos seus deuses representaram
muitas desse modo; assim, em Creta51', havia uma estátua de
Zeus que não tinha as orelhas; pois não convém ao comandante
e ao chefe ouvir ninguém. E Fídias518 acrescentou uma serpente ·j81E
à de Atena e uma tartaruga à de Afrodite na Elide519, porque as
virgens necessitam de proteção, e convém às casadas o silêncio e
o hábito de ficar em casa. E o tridente de Posidon é símbolo do
terceiro território, o que ocupa o mar, situado abaixo do céu e do
ar; por isso também nomearam assim Anfitrite520 e os Tritões521.
Enquanto os pitagóricos fixaram números e figuras geométricas
com nomes de deuses. Pois eles chamavam o triângulo equilátero
de Atena Corifagene522 e Tritogênea523, porque se divide em três
linhas perpendiculares que saem dos três ângulos; e o número um é F
o de Apoio, porque é sua negação e pela simplicidade da mônada521;
e a díade525 recebeu o nome de “discórdia” e “ousadia”, e a tríade526
de “justiça”; pois, quando se comete injustiça e se é injustiçado, por
excesso e por defeito, produz-se a justiça porque a igualdade está
situada no meio; e o chamado quaternário, o trinta e seis, era um
juramento importante, como é repetido incessantemente, e recebe 382A
o nome de mundo52 ', que resulta da soma dos quatros primeiros
números pares e dos quatro primeiros números ímpares.

76. Portanto, se é verdade que os mais notáveis dentre os


filósofos, porque não viram em bens inanimados e incorporeos
nada além de um enigma divino, julgaram que era justo não se
despreocupar deles nem os desvalorizar; além do mais, creio,
devemos apreciar as particularidades que há nas naturezas
que têm percepções, alma, sentimento e caráter, porque não
honram esses animais, mas o divino através deles, como se, por
torná-los seus espelhos mais claros e também por natureza. E

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Ísis e Osíris 167


γεγονότων, αληθές δέ και τοΰτ’ έστιν, ώς δργανον τήν
j82B ψυχήν δει του πάντα κοσμοΰντος θεού νομίζειν και
δλως άξιοΰνγε μηδέν άψυχον εμψύχου μηδ’ άναίσθητον
αισθανόμενου κρεΐττον είναι μηδ’ άν τόν σύμπαντά τις
χρυσόν δμοΰ και σμάραγδον εις ταύτδ συμφορήση.
ούκ εν χρόαις γάρ ούδ’ εν σχήμασιν ούδ’ εν λειότησιν
εγγίνεται τό θειον, άλλ’ άτιμοτέραν έχει νεκρών μοίραν,
δσα μή μετεσχε μηδέ μετεχειν τού ζην πέφυκεν. ή δέ
ζώσα και βλέπουσα και κινήσεως άρχήν εξ αύτής εχουσα
και γνώσιν οικείων και άλλοτρίων φύσις κάλλους τ’
εσπακεν άπορροήν και μοίραν εκ τού φρονοΰντος, ‘δτω
κυβερναται τό τε σύμπαν’ καθ’ Ηράκλειτον, δθεν
ού χείρον εν τούτοις εικάζεται τό θειον ή χαλκοΐς και
C λιθίνοις δημιουργήμασιν, ά φθοράς μέν ομοίως δέχεται
καί επιχρώσεις, αίσθήσεως δέ πάσης φύσει καί συνεσεως
εστερηται. Περί μέν ούν τών τιμωμένων ζώων ταΰτα
δοκιμάζω μάλιστα τών λεγομένων·

77. στολαί δ’ αί μέν Ίσιδος ποικίλαι ταΐς βαφαΐς


(περί γάρ ύλην ή δύναμις αύτής πάντα γινομένην καί
δεχομένην, φως σκότος, ή μέραν νύκτα, πυρ ύδωρ, ζωήν
θάνατον, άρχήν τελευτήν)· ή δ’ Όσίριδος ούκ έχει σκιάν
ούδέ ποικιλμόν, άλλ’ εν άπλοΰν τό φωτοειδές· άκρατον
γάρ ή άρχή καί άμιγές τό πρώτον καί νοητόν, δθεν άπαξ
D ταύτην άναλαβόντες άποτί-θενται καί φυλάττουσιν
άόρατον καί άψαυστον, ταΐς δ’ Ίσιακαΐς χρώνται
πολλάκις. εν χρήσει γάρ τά αισθητά καί πρόχειρα
δντα πολλάς άναπτύξεις καί θέας αύτών άλλοτ’ άλλως
άμειβομένων δίδωσιν· ή δέ τού νοητού καί ειλικρινούς
καί άπλοΰ νόησις ώσπερ άστραπή διαλάμψασα τής
ψυχής άπαξ ποτέ θιγεΐν καί προσιδεΐν παρέσχε. διό καί
Πλάτων καί Αριστοτέλης εποπτικόν τούτο τό μέρος
τής φιλοσοφίας καλοΰσιν, καθ’ δσον οί τά δοξαστά καί

168 Πλούταρχος | Plutarco


isso também é verdade que devemos considerar a alma como
um instrumento do deus que ordena o todo e, em geral, 382B
julgam justo que nada do inanimado é superior ao animado,
nem o que é desprovido de percepção ao que tem percepção,
sequer alguém poderia reunir todo o ouro e esmeralda ao
mesmo tempo e em um mesmo lugar. Pois o divino não tem
lugar nem nas cores, nem nas formas, nem nas superfícies
lisas, mas tem uma parte de honra que é inferior à dos mortos,
quantas não participaram nem por natureza lhes é permitido
participar da vida. E a natureza que vive, que vê, que tem em
si mesma o princípio do movimento e que é ciente do que lhe
é próprio e estranho, atraiu para si uma emanação e uma parte
da beleza vinda dessa inteligência528 que “pilota o Universo”529,
segundo Heráclito. Por isso, o divino está representado nisso
não pior que em obras em bronzes e mármores que podem C
igualmente sofrer destruições e colorações superficiais, e
que estão privadas por natureza de toda percepção sensorial
e de entendimento. Portanto, a respeito dos animais que são
honrados, isso é o que eu aprovo mais do que é dito.

77. E as vestes de Isis têm tingimentos de cores variadas530


(pois o poder dela sobre a matéria que se torna o todo e nos
recebe, luz - escuridão, dia - noite, fogo - água, vida - morte,
princípio - fim); e a de Osíris não tem sombra nem variação,
mas é uma pura: a da luz; pois sua origem é pura, sem mistura e
inteligível. Por isso que, por terem posto essa uma única vez, ea p
retiram e a guardam sem ser vista nem tocada, enquanto usam
muitas vezes as de Isis. Pois é no uso que está o perceptível e
o tangível que conferem muitas formas de difusões e aspectos
de si mesmo em diferentes variações; a noção do inteligível,
o puro e simples, através da alma, como o relâmpago, dá a
oportunidade de tocá-lo e de vê-lo uma única vez531. Por isso
também Platão e Aristóteles chamam a essa parte da filosofia
de epóptica532, o quanto os que ultrapassaram com o auxílio

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 169


μικτά και παντοδαπά ταΰτα παραμειψάμενοι τώ λόγω
προς τό πρώτον εκείνο και άπλοΰν και αυλόν εξάλλονται
j82E κα! θιγόντες αληθώς τής περί αύτό καθαράς αλήθειας
οΐον εν τελετή τέλος εχειν φιλοσοφίας νομίζουσι.

78. Και τοΰθ’ δπερ οί νυν ίερεΐς άφοσιούμενοι καί


παρακαλυπτόμενοι μετ’ εύλαβείας ύποδηλοΰσιν, ώς δ θεός
ουτος άρχει καί βασιλεύει τών τεθνηκότων ούχ έτερος ών
του καλούμενου παρ’ Έλλησιν Άιδου καί Πλούτωνος,
άγνοούμενον δπως αληθές εστι, διαταράττει τούς πολλούς
ύπονοοΰντας εν γή καί ύπδ γήν τόν ιερόν καί δσιον ώς
αληθώς Όσιριν οίκεΐν, δπου τα σώματα κρύπτεται τών
τέλος εχειν δοκούντων. δ δ’ εστι μέν αύτδς άπωτάτω τήςγής
F άχραντος καί αμίαντος καί καθαρός ούσίας άπάσης φθοράν
δεχομένης καί θάνατον, ανθρώπων δέ ψυχαΐς ενταυθοΐ μέν
ύπδ σωμάτων καί παθών περιεχομέναις ούκ εστι μετουσία
τού θεού πλήν δσον δνείρατος άμαυροΰ θιγεΐν νοήσει
διά φιλοσοφίας· δταν δ’ άπολυθεΐσαι μεταστώσιν είς τδ
άειδές καί άόρατον καί άπαθές καί άγνόν, ουτος αύταΐς
ήγεμών εστι καί βασιλεύς δ θεός εξηρτημέναις ώς άν
άπ’ αύτοΰ καί θεωμέναις άπλήστως καί ποθούσαις τδ
μή φατδν μηδέ ρητόν άνθρώποις κάλλος· ου τήν 5Ισιν δ
παλαιός άποφαίνει λόγος ερώσαν άεί καί διώκουσαν καί
συνοΰσαν άναπιμπλάναι τά ενταύθα πάντων καλών καί
άγαθών, δσαγενέσεως μετέσχηκε. Ταΰτα μέν ούν ούτως
έχει τόν μάλιστα θεοΐς πρέποντα λόγον·

79. εί δέ δει καί περί τών θυμιωμένων ■ημέρας


εκάστης είπεΐν, ώσπερ ύπεσχόμην, εκείνο διανοηθείη
τις άν πρότερον, ώς άεί μέν οί άνδρες εν σπουδή μεγίστη
Β τίθενται τά προς ύγίειαν επιτηδεύματα, μάλιστα δέ ταΐς
ίερουργίαις καί ταΐς άγνείαις καί διαίταις ούχ ήττον
ενεστι [τουτί] τού όσιου τδ ύγιεινόν. ούγάρ ωοντο καλώς
εχειν ούτε σώμασιν ούτε ψυχαΐς ύπούλοις καί νοσώδεσι

170 Πλούταρχος | Plutarco


da razão todas essas situações, confusas e misturadas, que se
deslocam em direção ao primeiro, simples e imaterial, e tocam
realmente a pura verdade que o cerca, como em um festival com 382E
ritos místicos, consideram que atingiram o fim último da filosofia.

78. E é isso mesmo que os atuais sacerdotes, ao cumprir seu


dever religioso e mantê-lo oculto, com precaução o anunciam,
como esse deus comanda e reina sobre os mortos não é outro que
o chamado com o nome de Hades e de Plutão junto aos helenos,
por ignorar de que modo é verdadeiro, perturba a maioria que
suspeita que o sagrado e piedoso Osíris está na terra e habita
verdadeiramente embaixo da terra, onde se ocultam os corpos dos
que parecem ter alcançado o seu fim. Mas ele está muito longe da
terra, inalterado, incorruptível, puro de toda substância que aceita F
a destruição e a morte, e às almas humanas aqui embaixo, cercadas
de corpos e paixões, não lhes é permitido participar do deus, exceto
o quanto é possível a inteligência tocar em um sonho obscuro por
meio da filosofia; e quando elas se libertam das amarras, mudam
para onde não há forma, é invisível, impassível e puro, e esse deus 383A
é seu guia e rei, ficam nesse lugar como se estivessem suspensas,
porque contemplam-no insaciavelmente e desejam a sua beleza,
que é indizível e inexprimível aos homens; dela, o antigo mito
revela que Isis é sempre tomada de amor por ela533, persegue-a e
tem relações sexuais com ela, aqui embaixo, repleta de todo o belo
e bom, quantos participem da geração534. Portanto, esse é assim o
relato mais conveniente aos deuses.

79. E se devo falar também dos que queimam os incensos


de cada dia, como prometí535; em primeiro lugar, podería se ter
atentado para o fato de que os egípcios sempre põem muito zelo nas
atividades relacionadas à saúde536, e especialmente nas cerimônias B
sagradas, nas purificações e regimes de vida, a saúde não está menos
presente nela que a piedade. Pois pensavam que não era bom servir
ao puro, o que é completamente intacto e incorruptível com

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 171


θεραπεύειν τό καθαρόν καί άβλαβες πάντη καί αμίαντον, έπεί
τοίνυν ό αήρ, ω πλεΐστα χρώμεθα καί σύνεσμεν, ούκ αεί τήν
αυτήν έχει διάθεσιν καί κράσιν, άλλά νύκτωρ πυκνοΰται καί
πιέζει τό σώμα καί συνάγει τήν ψυχήν είς τό δύσθυμον καί
πεφροντικός οΐον άχλυώδη γινομένην καί βαρεΐαν, άναστάντες
ευθύς έπιθυμιώσι ρητίνην θεραπεΰοντες καί καθαίροντες
383C τόν αέρα τή διακρίσει καί τό σύμφυτον τώ σώματι πνεύμα
μεμαρασμένον άναρριπίζοντες έχούσης τι τής οσμής σφοδρόν
καί καταπληκτικόν, αύθις δέ μεσημβρίας αισθανόμενοι σφόδρα
πολλήν καί βαρεΐαν άναθυμίασιν άπόγής έλκοντα βία τόν ήλιον
καί καταμιγνΰοντα τώ αέρι τήν σμύρναν έπιθυμιώσι· διαλύει
γάρ ή θερμότης καί σκίδνησι τό συνιστάμενον έν τώ περιέχοντι
θολερόν καί ίλυώδες. καί γάρ οί ιατροί προς τά λοιμικά πάθη
βοηθεΐν δοκοΰσι φλόγα πολλήν ποιοΰντες ώς λεπτύνουσαν
τόν άέρα· λεπτύνει δέ βέλτιον, έάν εύώδη ξύλα καίωσιν, οΐα
D κυπαρίττου καί άρκεύθου καί πεύκης. Άκρωνα γοΰν τόν
ιατρόν εν Άθήναις ύπό τόν μέγαν λοιμόν εύδοκιμήσαι
λέγουσι πυρ κελεύοντα παρακαίειν τοΐς νοσοΰσιν· ώνησε
γάρ ούκ ολίγους. Αριστοτέλης δέ φησι καί μύρων καί
άνθέων καί λειμώνων ευώδεις άποπνοίας ούκ ελαττον
εχειν τού προς ηδονήν τό προς ύγίειαν, ψυχρόν όντα
φύσει καί παγετώδη τόν εγκέφαλον ήρέμα τή θερμ,ότητι
καί λειότητι διαχεούσας. εί δε καί τήν σμύρναν παρ’
Αίγυπτίοις σάλ καλοΰσιν, εξερμηνευθέν δε τοΰτο
μάλιστα φράζει τής ληρήσεως εκσκορπισμόν, εστιν ήν
καί τοΰτο μαρτυρίαν τώ λόγω τής αιτίας δίδωσιν.

Ε 80. τό δε κΰφι μίγμα μέν εκκαίδεκα μερών


συντιθεμένων εστί, μ,έλιτος καί οίνου καί σταφίδος
καί κυπέρου ρητίνης τε καί σμύρνης καί άσπαλάθου
καί σεσέλεως, ετι δέ σχίνου τε καί άσφάλτου καί θρύου
καί λαπάθου, προς δέ τούτοις άρκευθίδων άμφοΐν

172 Πλούταρχος | Plutarco


corpos e almas contaminados e doentes. Visto que o ar, o que
mais utilizamos e com o qual existimos, não tem sempre a
mesma composição e temperatura, mas torna-se denso à noite,
oprime o corpo e conduz a alma ao desânimo e à inquietação,
como se a tornasse sombria e pesada, eles logo se levantam,
queimam bolas de resina perfumada53 ', tratam e purificam o
ar com sua dissolução e reanimam o espírito inato ao corpo 383C
desfalecido, porque o seu odor tem algo de violento e assustador.
E por sua vez, ao meio-dia, quando percebem que o Sol arrasta
com força uma intensa e densa exalação da terra e a mistura com
ar, queimam mirra; pois o seu calor dissolve e dispersa o lodoso
e o lamacento que está concentrado na atmosfera. De fato, os
médicos pensam que estão ajudando nas doenças pestilentas
quando fazem uma grande fogueira para que o ar se torne
rarefeito; e o melhor se torna rarefeito se queimar madeiras
odorantes, tais como o cipreste, o zimbro e o pinheiro. Durante
o tempo em que Atenas foi acometida pela grande peste, contam
que o médico Ácron538 tornou-se célebre quando ordenou que
acendessem fogo junto aos doentes; pois não foram poucos
os que ele ajudou. E Aristóteles também afirma que exalações
das fragrâncias dos perfumes líquidos, das flores e dos campos
não tem menos influência sobre a saúde que o prazer, porque
distendem prazerosamente com seu calor e suavidade o cérebro,
que é por natureza frio e gelado539, se também entre os egípcios
chamam a mirra de sál e isso é interpretado especialmente como
“dissipação” da loucura, isso também oferece um testemunho
da causa de seu uso.

80. E o cifi540 é uma mistura composta de dezesseis partes, que E


são: uma parte de mel, de vinho, de uva passa, de junça longa, de
bolas de resina perfumada e mirra, de aspálato541, de seseli542, além
disso, de lentisco e betume, de junco, de labaça, e além deles, ambos
os tipos de zimbro (chamam um deles maior e outro, menor) e de

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 173


(ών τήν μέν μείζονα τήν δ’ ελάττονα καλοΰσι) και
καρδαμώμου και καλάμου, συντίθενται δ’ ούχ όπως
ετυχεν, άλλα γραμμάτων ιερών τοΐς μυρεψοΐς, δταν ταυτα
μιγνύωσιν, άναγιγνωσκομενών, τόν δ’ άριθμόν, εί και πάνυ
δοκεΐ τετράγωνος άπό τετραγώνου και μόνος εχων τών ’ίσων
ΐ8Ψ ισάκις άριθμών τω χωρίω τήν περίμετρον ϊσην αγαπά- σθαι
προσηκόντως, ελάχιστα ρητέον ε’ίςγε τούτο συνεργεΐν, άλλά
τά πλεΐστα τών συλλαμβανο μενών άρωματικάς εχοντα
δυνάμεις γλυκύ πνεύμα καί χρηστήν μεθίησιν άναθυμίασιν,
ύφ’ ής δ τ’ άήρ τρεπόμενος καί τό σώμα διά τής πνοής
κινού μενον λείως καί προσηνώς ύπνου τε κρασιν επαγωγόν
ϊσχει καί τά λυπηρά καί σύντονα τών μεθημερινών
φροντίδων ανευ μέθης οΐον αμματα χαλά καί διαλύει·
384Α καί τό φανταστικόν καί δεκτικόν ονείρων μόριον ώσπερ
κάτοπτρον άπολεαίνει καί ποιεί καθαρώτερον ούδεν ήττον
ή τά κρούματα τής λύρας, οΐς εχρώντο προ τών ύπνων οί
Πυθαγόρειοι, τό εμπαθές καί άλογον τής ψυχής εξεπάδοντες
ούτω καί θεραπεύοντες. τάγάρ όσφραντά πολλάκις μέν τήν
α’ίσθησιν άπολείπουσαν άνακαλεΐται, πολλάκις δέ πάλιν
άμβλύνει καί κατηρεμίζει διαχεομενων εν τω σώματι τών
άναλωμάτων ύπό λειότητος· ώσπερ ενιοι τών ιατρών τόν
ύπνον εγγίνεσθαι λεγουσιν, δταν ή τής τροφής άναθυμίασις
οΐον ερπουσα λείως περί τά σπλάγχνα καί ψηλαφώσα ποιή
τινα γαργαλισμόν. τω δέ κΰφι χρώνται καί πόματι καί
Β χρίματι· πινόμενον γάρ δοκεΐ τά εντός καθαίρειν, ....
χρΐμα μαλακτικόν, αν ευ δέ τούτων ρητίνη μεν εστιν
εργον ήλιου καί σμύρνα προς τήν εϊλην τών φυτών
εκδακρυόντων, τών δέ τό κΰφι συντιθεντων εστιν ά
νυκτί χαίρει μάλλον, ώσπερ δσα πνεύμασι ψυχροΐς καί
σκιαΐς καί δρόσοις καί ύγρότησι τρεφεσθαι πεφυκεν·
επεί τό τής ή μέρας φως εν μέν εστι καί άπλοΰν καί τόν

174 Πλούταρχος | Plutarco


cardamomo e de cálamo. Como não os combinam ao acaso, ao
contrário, leem os escritos sagrados aos perfumistas quando
os misturam. E quanto ao número, ainda que mais pareça
convenientemente lhes agradar, o quadrado do quadrado e
o único dentre os números que forma um quadrado tem o
perímetro igual a sua área543, deve ser dito que ele contribuiu 3^}!
um pouco ao menos nesse ponto, mas a maior parte das
substâncias combinadas tem poderes aromáticos, aroma
doce e benéfica exalação, sob seu efeito, o ar sofre alteração
e o corpo, movendo-se pela emanação e deslizando doce e
agradavelmente, mantém-se seduzido por essa temperatura do
sono e libera as aflições e as fortes tensões das preocupações
quotidianas, sem a embriaguez, como nós que se desatam; e
a parte imaginativa e capaz de receber os sonhos544, como um 384A
espelho, pule-a e a faça mais pura, nada menos que as árias da
lira, as que os pitagóricos545 usavam antes dos seus sonhos;
e desse modo, cuidavam e acalmavam a parte instintiva e
irracional da alma. Pois as substâncias que exalam odores
muitas vezes reanimam a percepção perdida; e muitas vezes,
por sua vez, enfraquece-0 e o acalma, quando essas emanações,
por sua doçura, espalham-se pelo corpo; como alguns médicos
dizem que o sono acontece quando há a exalação do alimento,
como que arrastado docemente em volta das vísceras e as vai
apalpando, como uma sensação de prazer provocada pela
cócega. E usam o cifi tanto como poção como unguento; pois B
parece que quando é bebido purifica os órgãos internos, ....516 um
unguento laxante. E fora isso, a resina e a mirra são obra do Sol
diante do calor do dia, quando as plantas derretem-se em lágrimas,
e entre os compostos do cifi há os que são mais deleitantes à noite,
como quantos por natureza se alimentam de ventos frios, sombras,
orvalhos e umidades; visto que a luz do dia é una e simples, Pindaro

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis ε Osíris 175


ήλιον δ Πίνδαρος δρασθαί φησιν ‘ερήμης δι’ αίθερος’, δ
δέ νυκτερινός άήρ κράμα και σύμμιγμα πολλών γεγονε
φώτων και δυνάμεων οΐον σπερμάτων είς εν άπό παντός
384C άστρου καταρρεόντων. εικότως οΰν εκείνα μέν ώς απλά
καί άφ’ ήλιου τήν γενεσιν εχοντα δι’ ή μέρας, ταυτα
δ’ ώς μικτά καί παντοδαπά ταΐς ποιότησιν άρχομενης
νυκτός επιθυμιώσι.

176 Πλούταρχος | Plutarco


diz que o Sol é visto “através do deserto éter”547, e o ar da noite é um
composto e uma mistura de muitas luzes e potencialidades que,
como gérmens, a partir de todo tipo de astro, confluent em um
único ponto. Portanto, com razão, queimam aqueles durante o dia, 384C
porque são compostos simples e têm sua origem no Sol; enquanto
essas, que são misturadas e de todos os tipos de substâncias, quando
começa a noite.

Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris 177


1 De origem helena, Clea era sacerdotisa de Dioniso em Delfos, desempenhava
a função de chefe das Trades, era iniciada nos Mistérios de Osiris e exercia
atividades religiosas no templo de Isis. Plutarco ainda lhe dedica o tratado
Das virtudes das mulheres.
2 A expressão é τούς νοΰν έχοντας (toils noún ékhontas), que literalmente
significa “os que têm inteligência”, pois entendemos noún como
“inteligência”, no sentido de que se trata da faculdade humana de conhecer,
compreender e aprender coisas.

3 A αλήθεια (aletbeia), ou a verdade, proposta por Plutarco está relacionada


a esta expressa por Platão: “e eles serão condenados pela verdade por sua
perversidade e injustiça” (Apologia de Sócrates, 39b. 5), na qual a verdade
aparece com o sentido de onisciência divina, pois ao deus coube por sorte
conhecer os fatos. Plutarco explica seu conceito de verdade logo adiante em
351E. Doravante, a tradução cuja autoria não for identificada pertence a
esta tradutora, exceto os excertos de obras publicadas.

4 Poeta épico heleno a quem é atribuída a autoria dos versos em hexâmetro


dactílicos da Iliada e da Odisséia. Estudos realizados sobre a cronologia de
suas obras nos trazem informações de que elas datam dos séculos XII a IX a.C.
5 Pai dos deuses e dos homens, Zeus, filho de Crono e Reia, reinou sobre todos
após destronar seu pai; sobre a origem e os acontecimentos que antecederam
seu reinado, Hesiodo nos conta: “Mas quando a Zeus pai dos Deuses e dos
homens/ ela devia parir, suplicou-lhe então aos pais queridos,/ aos seus, à
Terra e ao Céu constelado,/comporem um ardil para que oculta parisse/ o
filho, e fosse punido pelas Erínias do pai/ e filhos engolidos o grande Crono
de turvo pensar./ Eles escutaram e atenderam à filha querida/ e indicaram
quanto era destino ocorrer/ ao rei Crono e ao filho de violento ânimo./
Enviaram-na a Licto, gorda região de Creta,/ quando ela devia parir o filho
de ótimas armas,/ o grande Zeus, e recebeu-o Terra prodigiosa/ na vasta
Creta para nutri-lo e criá-lo.” (Teogonia, 468-480), in: Hesiodo. Teogonia:
a origem dos deuses. Edição bilíngue. Estudo e tradução de Jaa Torrano. 3-
edição. São Paulo: Iluminuras, 1995. Dentre os vários atributos de Zeus,
estava o poder de fazer chover, provocar trovoadas e lançar raios.

6 Homero. Ilíada, 13.354-355; no entanto, o poeta aqui se refere aos deuses


Zeus e Posidon. O pensamento plutarquiano sobre a relação existente entre
a anterioridade e a sabedoria dialoga com o exposto por Platão em Leis,
752c, e com Pólux. Onomástico, 2.12.

7 Em outro tratado, Plutarco afirma que: “pois, o deus não é feliz por seu
tempo de vida, mas por sua virtude, pois isso é o divino, e também é belo
ser seu comandado.” (ού γάρ χρόνω ζωής ò θεός ευδαίμων αλλά τής αρετής
τω άρχοντι- τούτο γάρ θειον έστι, καλόν δ' αύτής καί τό άρχόμενον.) (Λ um
governante sem instrução, 78 ΙΑ).
8 E mais uma vez Plutarco retoma reflexões sobre verdade, conhecimento e
inteligência como características do divino e reacende o debate já exposto
por Platão: “Então, como o pensamento do deus é nutrido pela inteligência
e pelo conhecimento incólume, também o de toda alma cuidaria para
receber o que lhe convém, porque vê através do tempo o ser que aprecia e
contempla a verdade que o nutre e o alegra, até o momento em que o giro
da roda volta ao mesmo lugar.” {hedro, 247d.l-5). Portanto, notamos que
este tratado é marcadamente neoplatônico, como a maioria dos escritos por
Plutarco, que tem Platão como fonte de inspiração e sustentação teórica,
mas é interessante anotar que Plutarco exerce sua liberdade para ora segui-
los, ora apresentar releituras dos preceitos platônicos.

9 Note a referência direta feita por Plutarco à sacerdotisa que nos informa
que Clea foi sacerdotisa de Isis.

10 Como veremos em 375C, Plutarco relaciona a deusa Isis à sabedoria.

180 Maria Aparecida de Oliveira Silva


11 Isis é a esposa de seu irmão Osíris, mãe de Hórus, o Deus dos Céus. A
deusa é considerada a mãe dos deuses e a divindade relacionada à magia.
A representação mais recorrente de Isis é a de uma vaca segurando o
símbolo da Lua, por isso esse animal é consagrado a deusa. Outro aspecto
interessante dessa divindade e que, ao contrário das demais divindades
egípcias, Isis não tinha um local específico para o seu culto, além de ter
alcançado prestígio entre os antigos helenos e os romanos. Sobre o culto
a Isis, Heródoto nos conta que: “todos os egípcios sacrificam bois puros,
os mais vigorosos e os vitelos, enquanto não lhes é permitido sacrificar as
vacas, mas são oferendas sacrificiais de Isis. Pois a estátua de Isis era de uma
figura feminina com chifres de vaca, conforme os helenos representavam
Io, e todos os egípcios igualmente veneram de modo mais considerável as
vacas de todos os rebanhos.”. {Histórias. 2.41). In: Heródoto. Histórias.
Livro II - Euterpe. Tradução, introdução e notas de Maria
Aparecida de Oliveira Silva. São Paulo: Edipro, 2016.

12 0 filho mais novo de Geia e do Tártaro, um ser monstruoso, intermediário


entre homem e fera. Era o mais forte de todos os filhos de Geia, maior
que todas as montanhas; a sua cabeça tocava nas estrelas. Em vez de
dedos, Tífon tinha dragões em suas mãos e a cintura cercada por víboras;
também possuía asas e os seus olhos soltavam fogo. Ao abrir os braços, as
mãos de Tífon atingiam o Oriente e o Ocidente. Quando Tífon resolveu
atacar o céu, os deuses fugiram para o Egito e se esconderam no deserto.
Apenas Zeus e Atena resistiram ao ataque de Tífon. O combate aconteceu
no monte Cásio, entre o Egito e a Arábia, quando Zeus o fulminou
com os seus raios. Consultar: Apolodoro. Biblioteca, 1.6.3. Homero
canta algumas características de Tífon - aqui com a variante da tradução
apresentada, na qual ele é chamado de Tifeu - como vemos nos seguintes
versos: “Os outros Dânaos avançam qual fogo que o solo abrasasse./ Como
a Terra, que geme ao mostrar-se agastado Zeus grande,/ que com os raios
se apraz, quando em torno a Tifeu a vergasta, entre os Arimos, local onde
se acha Tifeu, e o que dizem:/ do mesmo modo estrondava com o peso
dos pés o chão todo,/ quando os heróis avançavam, cortando, ligeiros,
o campo.” (Iliada, 2.780-785). In: Homero. Iliada. 3. ed. Tradução e
introdução Carlos Alberto Nunes. São Paulo: Melhoramentos, 1960.
Igualmente Pindaro destaca essas características de Zeus e de Tífon nestes
versos: “Soberano condutor dos trovões de pés incansáveis,/ ó Zeus!
As tuas Horas,/ dando voltas ao som do canto de variados tons de lira,
me enviaram/ como testemunha dos elevadíssimos jogos;/ mas quando
os amigos da hospitalidade alcançam êxito,/ logo os nobres se alegram

Notas 181
com a doce notícia./ Pois bem, filho de Cronos, tu que domina o Etna,/
peso tempestuoso/ do terrível Tifão de cem cabeças,/ recebe, em nome
das Graças, próprio de um vencedor olímpico/ este cortejo processional,
luz duradoura de façanhas de vastos poderes.”. (Olímpica, 4.1-10), in:
Pindaro, As odes olímpicas. Introdução, tradução e notas de Glória Braga
Onelley e Shirley Peçanha. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2016.

13 Esquilo faz referência ao caráter colérico de Tífon: “Chega, perseguida


pelo dardo/ do vaqueiro alado,/ ao nutriente bosque de Zeus,/ prado
nutrido de neve, que/ a ira de Tífon invade)”. (Suplicantes, 556-560), in:
Esquilo. Tragédias. Edição bilíngue. Estudo e tradução de Jaa Torrano.
São Paulo: Iluminuras/Fapesp, 2009.

14 Deusa do amor, filha de Urano, nascida dos órgãos sexuais de seu pai,
cortados por Crono, que caíram nas ondas do mar e que, em suas espumas,
geraram Afrodite. Nas águas do mar, a deusa foi levada a ilha de Citera e,
em seguida, a Cipro, ou Chipre. Conforme lemos nestes versos: “Conta-
me, Musa, sobre os trabalhos de Afrodite de ouro,/ de Cípris que fez
nascer o doce desejo nos deuses/ e submeteu a raça dos homens mortais,/
dos pássaros vindos de Zeus e todas as feras selvagens/ que a terra nutre
em grande número tanto quanto o mar/ Mas há três corações que ela não
pode persuadir ne seduzir:/a filha de Zeus, que a porta-égide, Atena de
olhos brilhantes. [...] Jamais Afrodite que ama sorrir poderá submeter/
às leis do amor a brilhante Artemis de flechas de ouro; [...] Nem sequer
a Virgem Venerável se compraz com os trabalhos de Afrodite -/ a qual
Crono engendrou por si mesmo, [...] (h.Hom. 5: A Afrodite, 1-22),
tradução de Flávia R. Marquetti. In: Hinos homéricos. Edição bilíngue.
Tradução, notas e estudo de vários tradutores. Edição e organização de
Wilson Alves Ribeiro Jr. São Paulo: Editora da Unesp, 2010.

15 Plutarco desenvolve essa afirmação abaixo em 355E.

16 Templo dedicado à deusa Isis, tratava-se de um local que não era exclusivo
para cerimônias religiosas, também era usado para ensinar os mistérios
isíacos aos iniciantes, além de ser um local de reunião para iniciados, os
chamados Isíacos. Por esta característica de ser um local da verdade e da
realidade, é possível interpretar Ίσεϊον como a junção de είσει τό ôv ou de
είσει ίων, a partir desta afirmação plutarquiana: “ονομάζεται γάρ Ίσεϊον
ονομάζεται γάρ Ίσεϊον ώς εΐσομένων τό ον”, que traduzimos por “pois
recebe o nome de Iseion para que conheçamos a realidade”.

182 Maria Aparecida de Oliveira Silva


17 Filho de Zeus e de Maia, o deus nasceu em uma caverna, no alto do Monte
Cilene, ao sul da Arcádia. Mensageiro dos deuses, Hermes tem o poder de
circular entre o mundo dos vivos e o dos mortos.
18 Filho de lápeto, um titã, e de Ásia, filha de Oceano, Prometeu é primo
de Zeus. O mito de Prometeu é contado por Hesiodo na Teogonia,
sobre sua origem conta: “lápeto deposou Clímene de belos tornozelos/
virgem Oceanina e entraram no mesmo leito./ Ela gerou o filho Atlas de
violento ânimo,/ pariu o sobreglorioso Menécio e Prometeu/ astuto de
iriado pensar e o sem-acerto Epimeteu/ que foi um mal dês o começo aos
homens come-pão,/ pois primeiro aceitou de Zeus moldada a mulher
virgem”, tradução de Jaa Torrano. In: Hesiodo, Teogonia: a origem dos
deuses, op. cit. Esquilo, em Prometeu acorrentado, faz Crato ironizar o
poder de previsão do Titã: “Agora aqui se insolente e os privilégios dos
deuses/ rouba e entrega aos efêmeros. Qual das tuas/ penas os mortais
podem eliminar por ti?/ As divindades te chamam pelo falso nome/
Prometeu; tu mesmo precisas de previsão,/ para o modo como te libertaras
deste engenho.” {Prometeu acorrentado, 82-87). In: Esquilo. Prometeu
acorrentado. Tradução e notas de Maria Aparecida de Oliveira Silva. São
Paulo: Martin Claret, 2019. Esquilo faz um jogo de palavras com o nome
de Prometeu, aqui no acusativo singular, Προμηθέα {Promêthéa') com ο
substantivo προμηθέως {promêthéõs), que traduzimos por “previsão”.

19 As Musas eram filhas da deusa Mnemôsine (personificação da Memória) e


de Zeus pai e trazem ora o epiteto de Picrides, ora de Heliconias. Elas eram
em número nove; a saber: Calíope (poesia épica), Clio (história), Euterpe
(lírica e música de flauta), Melpômene (tragédia), Terpsícore (dança),
Erato (hinos e música para lira), Polímnia (cantos sacros), Talia (comédia)
e Urânia (astronomia).

20 Δικαιοσύνη {Dikaiosyne), ou Diceosine, era a personificação da Justiça.

21 Consultar 351E.

22 Responsáveis por supervisionar os procedimentos do culto.

23 Logo adiante em 366F, Plutarco os denominará também de estolistas. Os


hieróstulos ou estolistas vestiam e adornavam as estátuas dos deuses com
vestes sagradas e objetos específicos das divindades, pois conheciam todos
os preceitos dos ritos sacrificiais, de acordo com as informações que nos
foram passadas por Clemente de Alexandria, Micelàneas, 5.4.36.

Notas 183
24 Plutarco tem um tratado específico sobre a superstição que assim a explica:
“A ignorância e o desconhecimento a respeito dos deuses corre logo desde
o início através de dois fluxos, um produz, como em territórios secos, o
ateísmo nos caracteres rudes, enquanto o outro, como nos úmidos, a
superstição nos que são moles.” (Da superstição, 164E).

25 Nome dado aos sacerdotes da deusa Isis.

26 A crer no próprio Plutarco, barbear-se parece que era um costume corrente


em sua época, pois a barba era um sinal que identificava um filósofo,
conforme depreendemos deste relato: “Mas se caça um jovem conhecedor
das letras e estudioso, logo está entre os livros, a sua barba desce até os pés,
a coisa é vestir uma capa surrada e ter indiferença do filósofo, e pela boca os
números e os triângulos retângulos de Platão. E se um indolente, beberrão
e rico, por sua vez, precipitar-se diante dele, 'Lm seguida, despiu-se de
seus farrapos 0 muito sagaz Odisseu‫״‬, o manto grosseiro foi jogado, e a
sua barba foi aparada, como um campo sem frutos, e vasos para manter
frescos os vinhos, taças, sorrisos nas caminhadas e zombarias contra os
filósofos.” (Como distinguir 0 bajulador do amigo, 52C-D), in: Plutarco.
Como distinguir 0 bajulador do amigo. Tradução, introdução e notas de
Maria Aparecida de Oliveira Silva. São Paulo: Edipro, 2015. Mas, como o
próprio Plutarco aqui afirma, nem todos que usam barbas são verdadeiros
filósofos, nem todos que se barbeiam são verdadeiros sacerdotes.

27 Heródoto relata que os egípcios: “são de longe os mais tementes aos deuses
dentre todos os homens e tem os seguintes costumes: bebem em tacinhas
de bronze, que eles lavam todos os dias, não um e outro não, mas todos
o fazem. Trajam vestimentas de linho sempre recém-lavadas, prestando
atenção, sobretudo, nisso. E praticam a circuncisão dos seus genitais por
causa da limpeza, preferindo estarem mais limpos do que bem-vestidos.”
(Histórias, 2.37). Sobre suas vestes, o historiador conta que “trajavam
túnicas de linho com franjas em volta das pernas, as quais eles chamam
calasíris-, e sobre elas portavam mantos brancos de lâ, jogados por cima.
Todavia, eles não entram trajados com roupas de lâ nos templos nem são
enterrados com elas, pois isso não é permitido pela lei divina.”. (Histórias,
2.37). In: Heródoto. Histórias. Livro II- Euterpe, op. eit.

28 θε [Λιτός (themitós) significa “ο que é permitido pelas leis divinas”.

29 Platão, Fédon, G7\o.

184 Maria Aparecida de Oliveira Silva


30 Filósofo heleno, século IV a.C., discípulo de Sócrates, escritor do gênero
dialógico pelo qual perpassam seus conceitos filosóficos de forma dialética.

31 A respeito dos cuidados dos sacerdotes com suas vestes e seu corpo, temos
também o registrado por Heródoto: “os sacerdotes raspam todo o corpo
a cada três dias, para que não tenham piolho e para que nenhum outro
tipo de contaminação lhes ocorra quando estão servindo aos deuses. Os
sacerdotes trajam vestimentas somente de linho e calçam sandálias feitas
de papiro, não lhes e permitido usar nenhum outro tipo de vestimenta
nem sandálias de outros materiais. Banham-se duas vezes a cada dia, cada
uma delas com água fria, e ainda duas vezes por noite, e cumprem com
outras inúmeras cerimônias religiosas, por assim dizer.”. {Histórias, 2.37).
In: Heródoto. Histórias. Livro II-Euterpe, op. eit.

32 Poeta nascido na cidade de Ascra, na Beócia, século VIII a.C.

33 Hesiodo, Os trabalhos e os dias, 742-743, onde faz referência à proibição


feita aos convivas de cortar suas unhas à mesa. Em Vida de Pitágoras,
21.100, lâmblico afirma que os pitagóricos seguiam o preceito de não
cortar suas unhas durante os sacrifícios.

34 Plutarco não redigiu nenhum tratado específico sobre o tema, ao menos


não temos registro disso em nenhum dos catálogos ou listas de obras
plutarquianas. Temos apenas esta breve referência: “Que as transformações
dos animais segundo o gênero do abate e da morte se estendem à pele, ao
pelo e às unhas insinua-o também Homero, que, no seu modo de dizer
a propósito das peles e das correias, se refere a “uma correia de couro de
bois que não morreram de doença ou velhice, mas que foram degolados,
torna-se firme e espessa. Mas, quando são atacados por animais selvagens,
os cascos ficam negros, o pelo cai e a pele fica escamada e rompe-se aos
pedaços.” {Assuntos de banquetes, 642C), tradução de José Luís Brandão.
In: Plutarco. Obras morais. No banquete - I. Livros I-IV. Tradução do
grego, introdução e notas de Carlos de Jesus, José Luís Brandão, Martinho
Soares, Rodolfo Lopes. Coordenação de José Ribeiro Ferreira. Coimbra:
CECH, 2008. Igualmente faz rápidas referências em seu tratado Questões
romanas, 286E.
35 Sobre a alimentação dos sacerdotes, Heródoto registra: “os alimentos
sagrados são cozidos para eles; todos os dias, cada um deles tem grande
quantidade de carnes de bois e de gansos e lhes dão vinho de uva; não lhes
é permitido se alimentarem de peixes. Os egípcios não semeiam nenhum

Notas 185
tipo de fava no seu território e, quando elas nascem, não as comem nem
cruas nem cozidas; de fato, os sacerdotes não suportam quando as veem,
considerando que nenhuma fava é pura.”. {Histórias, 2.37). In: Heródoto.
Histórias. Livro II - Euterpe, op. eit. Em um relato tardio, Porfírio registra
que os egípcios não comiam peixe {Da abstinência, 4.7).

36 Nascido em Mileto, Aristágoras é um historiador do século IV a.C.

37 Divindade egípcia que era a personificação da Terra, como Geia para os


helenos. Havia também uma cidade consagrada a esse deus que recebeu
o seu nome; Ápis está localizada na região do Baixo Egito. Sobre Ápis,
Heródoto conta que: “E Psamético dominou todo o Egito e construiu
pórticos no templo de Hefesto, em Mênfis, voltados para o lado sul e
ainda um pátio aberto em honra a Ápis, no qual, quando Ápis aparecia,
ele era alimentado; e ele construiu os pórticos em frente, em um lugar
todo rodeado de colunas e cheio de figuras; e, no lugar de colunas, foram
colocadas figuras colossais de doze côvados de altura no pátio aberto. E
Ápis, conforme a língua dos helenos, é “Épafo”. {Histórias, 2.153). In:
Heródoto. Histórias. Livro II - Euterpe, op. cit. E Heródoto assim ο
descreve: “E Ápis, esse Épafo, e um vitelo que nasceu de uma vaca que
não mais existira e que não gerara nenhuma outra cria em seu ventre;
e os egípcios dizem que um raio de luz que veio do céu cobriu a vaca e
que, depois disso ter acontecido com ela, pariu Ápis. E esse vitelo que é
chamado de Ápis tem os seguintes sinais: ele é negro, tem um triângulo
branco na sua fronte, uma imagem que se assemelha a uma águia no seu
dorso, tem pelos duplos em seu rabo e embaixo da sua língua existe um
escaravelho.”. {Histórias, 3.28). Heródoto. Histórias. Livro III - Talia.
Tradução, introdução e notas de Maria Aparecida de Oliveira Silva. São
Paulo: Edipro, 2017.

38 Segundo maior rio do mundo em extensão, o Rio Nilo corta quase todos
os territórios do norte da África.

39 Também conhecida como Heliopolis. Para mais detalhes, veja o texto de


Margaret Bakos sobre o mito de Heliópolis no prefácio desta tradução.

40 Isto é, não lhes convinha beber durante o dia.

41 Diodoro Siculo também registra o comedimento dos sacerdotes e ainda


destaca suas práticas de higiene e saúde, conforme lemos a seguir: “eles
tinham o costume de se servirem de alimentos frugais, consumiam somente
carnes de vitelo e de ganso, bebiam uma determinada medida que não

186 Maria Aparecida de Oliveira Silva


era capaz de produzir inconveniente saciedade ou embriaguez. Em geral,
o que estava assim determinado para sua dieta era tão moderadamente
estabelecido que parece não um legislador, mas o melhor dos médicos que
tem em conta a saúde.” {Biblioteca histórica, 1.70.11).

42 Nascido em Abdera, Hecateu visitou o Egito no reinado de Ptolomeu I,


no século III a.C.

43 Não sabemos ao certo de quem se trata, o nome nos leva a crer que descende
de Psamético, que foi Faraó da XXVI dinastia do Egito, 690-610 a.C.

44 Eudoxo de Cnido, século IV a.C., é assim apresentado por Diogenes


Laércio: “Êudoxos, filho de Aisquines, nasceu em Cnidos e foi astrônomo,
geômetra, médico e legislador. Aprendeu geometria com Arquitas e
medicina com o siceliota Filistíon, segundo o testemunho de Calímacos
em seus Quadros Sinópticos. Na Sucessão de Filósofos, Sotíon diz que
Êudoxos também foi ouvinte de Platão. Tinha vinte e três anos de idade e
atravessava uma situação difícil quando, atraído pela fama dos socráticos,
viajou para Atenas com o médico Teomêdon, por quem era mantido
(segundo outros autores foi seu amásio). Desembarcando no Peiraeus,
todos os dias ia a Atenas, e regressava após haver ouvido os sofistas. Após
uma estada de dois meses, regressou à pátria e, ajudado por contribuições
dos amigos, viajou de lá para o Egito durante um ano e quatro meses,
raspou a barba e as sobrancelhas, e segundo alguns autores escreveu a
Octaeteris. Do Egito foi para Cízicos e para a Propontis a fim de ensinar
filosofia, porém dirigiu-se à corte de Máusolos. De lá regressou a Atenas,
trazendo consigo numerosos discípulos, segundo dizem alguns autores
para molestar Platão, que a princípio o menosprezara.” (Vidas e doutrinas
dosfilósofos ilustres, 8.86-87). In: Diogenes Laêrtios. Vida e doutrinas dos
filósofos ilustres. Tradução do grego, introdução e notas de Mario da Gama
Kury. Brasília: UnB, 1977. Convém ressaltar que a grafia dos nomes foi
mantida conforme o original citado, e que ela não se assemelha a usada
neste livro por nos pautarmos na obra de Maria Helena Prieto, que pode
ser consultada nas referências bibliográficas deste Livro VI- Èrato.

45 Diogenes Laércio registra alguns hábitos dos pitagóricos que nos levam a
crer que estes se inspiraram em rituais egípcios, como podemos depreender
deste relato: ‘Acima de tudo Pitágoras proibia seus adeptos de comerem
peixes, chamados salmonete e melanuro, prescrevia a abstinência tanto
do coração dos animais como das favas, e segundo Aristóteles também do
rúmen e da cabrinha. Outros autores dizem que ele se contentava às vezes

Notas 187
apenas com o mel ou o favo, e pão, e que durante o dia não bebia vinho,
e juntamente com o pão comia frequentemente verduras cozidas e cruas,
e raramente peixe. Sua roupa era imaculadamente alva, e suas cobertas
eram também alvas e de lã (não se usavam ainda as de linho naquelas
regiões). Nunca o viram comer demais, ou dedicar-se aos prazeres do
amor, ou embriagar-se.”. In: Diogenes Laêrtios. Vidas e doutrinas dos
filósofos ilustres. Tradução do grego, introdução e nota de Mário da Gama
Kury. Brasília: Editora da UnB, 1977. Para reforçar nosso pensamento,
em outro tratado Plutarco afirma sobre Pitágoras que: “Concorda-se que
ele conviveu entre os sábios egípcios por muito tempo, emulava muitas
coisas deles e aprovava sobretudo os seus rituais sagrados.” (Assuntos de
banquetes, 729A).
46 Cidade localizada no Alto Egito.

47 Eliano também afirma que o oxirrinco era um peixe cultuado pelos


egípcios, porque teria nascido das feridas de Osíris (História dos animais,
10.46).

48 Encontramos a mesma afirmação em Estrabão, Geografia, XVII, 1, 40;


Eliano, História dos animais, X, 46 e Clemente de Alexandria, Exortações
aos helenos, 2.39.5.
49 Cidade situada ao Sul do Egito, às margens do Rio Nilo.

50 Notamos semelhanças entre os relatos de Plutarco e de Eliano, pois este


também afirma que o pargo era considerado sagrado entre os habitantes
de Siene e acrescenta que os de Elefantina fazem o mesmo com o meota,
também destaca a época da cheia do Nilo em que os peixes saltam
anunciando a chegada da água e que com isso alegram os egípcios. Para
mais detalhes, consultar: Eliano, História dos animais, 10.19.

51 Trata-se do mês to th, 6 de setembro, quando as primeiras manifestações


da estrela de Isis despontam no céu, conhecida como Sírio, que aparece à
época dos transbordamentos e das inundações do Nilo.

52 Sobre a origem de Osíris, Diodoro Siculo nos conta que: “Portanto, os


homens do Egito nascidos antigamente, porque olhavam para o mundo
e a natureza do universo, assombrados e maravilhados, supuseram que
havia dois deuses eternos e primeiros: o Sol e a Lua, dos quais, a um
deram o nome de Osíris e a outra de Isis, que receberam esses nomes por
sua etimologia. Pois dentro das interpretações desses nomes no dialeto

188 Maria Aparecida de Oliveira Silva


helênico, Osíris é apropriadamente “de muitos olhos”, pois quando lança
seus raios de luz por toda parte, como se tivesse muitos olhos, observa toda
a terra e o mar.” {Biblioteca Histórica, 1.11.1-2).

53 Clemente de Alexandria explica que eles não o comiam porque “afirmam


que os peixes não respiram esse ar.” {Micelàneas, 7.6.34).

54 Filho de Laerte, rei de Itaca, e Anticleia. Personagem homérica que


participou da guerra de Troia, destacada por sua prudência. Figura na
Iliada e tem seu retorno de Troia narrado por Homero na Odisséia, que
trata de suas aventuras até alcançar Itaca, voltar para os braços de sua
esposa Penelope e rever seu filho Telêmaco.

55 Plutarco se refere a estes versos: “Quando me achava sozinho e afastado dos


outros, buscou-me,/ pois pelos cantos dessa ilha eles sempre vagando se
achavam,/ com anzóis curvos pescando, que os ventres a fome apertava”.
{Odisséia, 4.368-369) e “Quando, porém, se acabou tudo quanto se achava
na nave,/ a percorrer a ilha toda se viram forçados, em busca/ de algumas aves
e peixes, munidos de anzóis retorcidos,/ ou o que achassem, que o estômago
a todos a fome afligia.”. {Odisséia, 12.329-332). In: Homero. Odisséia.
Tradução de Carlos Alberto Nunes. São Paulo: Melhoramentos, 1962.

56 Plutarco registra o mesmo em Assuntos de banquetes, 729B. Interessante


perceber que o mar aparece na literatura helena como um excremento da
terra, o local de despejo de suas impurezas.

57 Filho do rei que acolheu Isis.

58 A respeito disso, temos o seguinte registro de Heródoto: “E os egípcios


acreditam que o porco seja um animal impuro; também isso, se alguém
tocasse em um porco passando entre eles, então ele se afastava, caminhava
até o rio e mergulhava com suas túnicas; e isso: os porqueiros, mesmo sendo
egípcios de nascimento, eram os únicos dentre todos que não entravam
em nenhum templo do Egito, nem queriam dar suas filhas em casamento
para eles, nem aceitar as deles em casamento, mas os porqueiros davam e
aceitavam suas filhas em casamento uns aos outros. Portanto, os egípcios
não consideram justo sacrificar um porco para qualquer um desses deuses,
para Selene e Dioniso, que são os únicos ao mesmo tempo, na mesma lua
cheia, que, depois de sacrificatos porcos, comem suas carnes.”. {Histórias,
2.47). In: Heródoto. Histórias. Livro II-Euterpe, op. tit.

Notas 189
59 Isso também é dito em Assuntos de banquetes, 670F. O relato de Eliano
parece ter tido a mesma fonte de Plutarco, ou o próprio, pois é quase
idêntico, a não ser pelo fato de que afirma que Eudoxo não acreditava
que os egípcios sacrificavam porcos, porque pisava na terra semeada e
enterrava o grão nela, evitando que os pássaros se alimentassem, e que
Mâneton afirma ter ouvido relatos sobre quem bebia leite de porca e era
acometidos por terríveis erupções cutâneas e lepra; consultar: Da natureza
dos animais, 10.16.
60 Plutarco narra esse episódio nos parágrafos 357 e 358A.

61 Trata-se do templo dedicado à deusa Isis.

62 Cidade localizada no Antigo Egito, cujo nome atual é Luxor.

63 Também chamado de Menes ou de Min, de quem Heródoto nos conta


o seguinte: “E diziam que Min foi o primeiro homem a reinar no Egito;
em sua época, excetuando a província de Tebas, todo o Egito era um
pântano; e que nada brotava nos dias de hoje abaixo do Lago Méris, e
que sua navegação é de sete dias, partindo do mar e subindo rio acima.”.
{Histórias, 2.4). In: Heródoto. Histórias. Livro II-Euterpe, op. eit.
64 Após uma guerra interna pelo poder, autoproclamou-se faraó do Baixo
Egito em 725 a.C.

65 Faraó do Egito por volta de 718-712 a.C. Eliano conta que se tratava de
um faraó sábio e justo {Da natureza dos animais, 12.3).

66 Hábito que também merece o registro de Clemente de Alexandria,


Micelàneas, 5.31.5.
67 Também chamada de Nit, era a deusa principal da cidade de Sais, que
desposou por engano Osíris, por terem-na confundido com Isis.

68 Cidade localizada na região do Baixo Egito, próxima ao Delta do Nilo, foi


capital do Egito no século VIII a.C., durante a XXIV dinastia egípcia.

69 Túnica feminina muito usada na antiga Hélade.

70 Esta inscrição aparece do diálogo Timeu, de Platão.

71 De acordo com Heródoto: “Héracles queria de toda maneira ver Zeus,


mas o deus não queria ser visto por ele e, por fim, depois de Héracles ter
insistido, Zeus tramou o seguinte: tirou a pele de um carneiro, colocou na
sua fronte a cabeça cortada do carneiro, vestiu o tosâo e assim se mostrou

3| 190 Maria Aparecida de Oliveira Silva


para ele. Desde então, os egípcios moldam suas estátuas de Zeus com a
cabeça de um carneiro, e os amônios fazem-na graças aos egípcios e aos que
são colonos dos egípcios e etíopes, e falam uma língua que está entre ambas.
Parece-me que também o nome que os amônios têm vem disso, eles o
colocaram como o seu epônimo; pois os egípcios chamam Zeus de Ámon.”.
{Histórias, 2.4). In: Heródoto. Histórias. Livro II-Euterpe, op. eit.
72 Originário de Karnak, um deus da mitologia egípcia, considerado o rei dos
deuses e o criador da vida, sendo identificado com o Sol.

73 Sacerdote egípcio do reinado de Ptolomeu I, escreveu uma obra intitulada


Crônicas, onde trata da religião e da história da sua pátria, em três volumes,
infelizmente perdidos, dos quais temos apenas alguns fragmentos.

74 Contemporâneo de Ptolomeu I escreveu um longo tratado intitulado Da


filosofia dos egípcios.
75 Alguns tradutores interpretam τω παντί como “mundo” ou “universo”.

76 Legislador e poeta ateniense, século VI a.C., também considerado um


dos Sete Sábios. Sobre ele, há uma biografia plutarquiana; ler Vida de
Sólon, de Plutarco. Também podemos colher informações a seu respeito
em Constituição de Atenas, de Aristóteles, e de seus próprios poemas e
fragmentos.

77 Tales de Mileto, século VI a.C., considerado o primeiro filósofo naturalista,


afirmava que todas as coisas derivavam da água. Político hábil e de grande
conhecimento prático, foi nomeado sábio e figurava entre os Sete Sábios
do mundo antigo. Diogenes Laércio redigiu uma breve biografia de Tales
de Mileto. Consultar: Vidas e doutrinas dosfilósofos ilustres, 1.1.

78 Filósofo e matemático, sec. VI a.C., nasceu em Sarnos, mas foi obrigado


a migrar por conta da tirania de Polícrates, quando foi para Crotona, no
sul da Península Itálica, por volta de 513 a.C., onde fundou a sua escola.
Embora não tenha escrito nenhum livro, seus pensamentos filosóficos
influenciaram diversos filósofos.

79 Legislador espartano, século VII a.C., conhecido por ter implementado


um conjunto de leis denominado Grande Retra, que os espartanos
acreditavam terem sido ditadas pelo Oráculo de Delfos. Para mais detalhes
sobre o legislador e suas leis, consultar Plutarco, Vida de Licurgo e Vida de
Sólon (16.2), e Xenofonte, A constituição dos lacedemônios.

Notas 191
80 Diodoro Siculo registra que “os sacerdotes egípcios concluem, por meio de
suas investigações das escrituras dos livros sagrados, que antigamente foram
até eles Orfeu, Museu, Melampo, Dédalo e, além deles, o poeta Homero, o
cidadão espartano Licurgo e, ainda, o ateniense Sólon e o filósofo Platão, foi
também o sâmio Pitágoras e o matemático Eudoxo e, além de Demócrito de
Abderae o quio Enópides.” {Biblioteca histórica, 1.96.2).

81 Segundo Diogenes Laércio, Conúfis era sacerdote em Heliópolis e tinha


Eudoxo como companheiro (Vidas e doutrinas dosfilósofos ilustres, 8.90).

82 Cidade do Egito antigo fundada pelo Faraó Menes aproximadamente em


3000 a.C. Também foi a primeira região administrativa (νομός/ nomas') do
Baixo Egito.

83 Sacerdote egípcio de Sais.

84 Sacerdote egípcio.

85 Quer dizer, “não fazer duas coisas ao mesmo tempo”.

86 Um dito que significa não “comer e viver ocioso”.

87 A μάχαιρα é uma faca sacrificial, também pode ser uma espada curta usada
em guerra, mas o contexto nos leva mais ao seu significado primeiro.

88 Alguns desses ditos são reproduzidos e explicados por Plutarco, conforme


lemos a seguir: “Em geral, convém afastar as crianças da convivência dos
homens maldosos; pois elas carregam consigo alguma vileza deles. Pitágoras
também declarou isso por um enigma que eu interpretei e explicarei; pois
isso concorre com muito peso para a aquisição da virtude. Tal é: “Não
degustar melanuro”, isso para dizer que não gaste seu tempo com ho-
mens negros, por sua malícia. “Não passar por cima da balança”, isso para
dizer que se deve fazer um discurso muito mais pela justiça, não passar
por cima dela. “Não sentar na quênice”, que se deve evitar a inatividade
e ser precavido, para nos provermos com o alimento necessário. “Não
dar sua mão direita a qualquer um”, não em vez de precisar reconciliar-se
prontamente. “Não portar anel apertado”, que deve se preocupar com a
liberdade de sua vida, não colocá-la em nenhuma prisão. “Não atiçar fogo
com ferro”, não em vez de incitar à cólera quem está irritado; pois isso não
convém, mas abrandar os encolerizados. “Não comer coração”, que não
perturbe sua alma com preocupações, porque ela se cansa. “Abster-se das
favas”, que não se deve participar da política; pois outrora eram escolhidos
por meio de favas, e as votações colocavam termo aos seus comandos.

192 Maria Aparecida de Oliveira Silva


“Não jogar comida no urinol”, indica que não convém lançar um dis-
curso citadino para uma alma perversa; pois o discurso é um alimento
do pensamento, e a perversidade desses homens o torna impuro. “Não
se volte quando chegar ao seu limite”, isto é, quando formos morrer e
virmos mais próximo o termo de nossas vidas, suportar com satisfação e
não esmorecer.” em seu tratado (Da educação das crianças, 12D-E). In:
Plutarco. Da educação das crianças. Tradução, introdução e notas de
Maria Aparecida de Oliveira Silva. São Paulo: Edipro, 2015.

89 Filho de Zeus e Leto, irmão gêmeo da deusa Artêmis, Apoio e considerado


o deus da adivinhação e da música, conhecido também por sua excepcional
beleza física.
90 Filha de Zeus e de Leto, além de ser a deusa do parto e da caça, Artemis
estava relacionada à Lua por oposição ao seu irmão gêmeo Apoio, que
estava associado ao Sol, assim, ela portava arco e flecha prateado; e ele,
dourado. Embora no Hino homérico a Artemis, tenhamos a descrição de
suas flechas como sendo douradas, logo no primeiro verso.

91 Deus dos mares, filho de Crono e Reia. Como deus do mar, Posidon tem
o poder de controlar as ondas, as tempestades, as marés, os rios e os lagos,
e ainda de criar fontes, tudo com o toque de seu tridente.

92 De acordo com Porfírio, Da abstinência, 4.9, o escaravelho era a imagem


viva do Sol. O sofista Eliano nos traz mais informações sobre o escaravelho:
“O escaravelho é um inseto sem fêmea, e fecunda seu sêmen em uma esfera
e a faz girar; vinte e oito dias depois de feito isso e de tê-la aquecido, logo
no dia seguinte, expulsa dela a sua cria. Os guerreiros egípcios tinham um
escaravelho gravado em seus anéis, porque o legislador falou de modo
alegórico que os que lutam pelo seu território devem ser por completo e
de toda forma machos, visto que o escaravelho também não participa da
natureza da fêmea.” (Da natureza dos animais, 10.15).

93 Interessante notar que Plutarco associa o cão ao filósofo, talvez pelo


conhecido apreço de Sócrates por esse animal.

94 Platão, República, 375c.

95 Trata-se do rei Artaxerxes III, 425-338 a.C. O seu nome antes da sua
ascensão ao trono era Oco.

96 Esta versão apresentada por Plutarco difere da herodotiana, que é a


seguinte: “Quando os sacerdotes lhe trouxeram Ápis, Cambises, sendo

Notas 193
como que o mais destinado, puxando para fora o seu punhal e querendo
golpear o ventre de Ápis, atingiu sua coxa; e, sorrindo, disse aos sacerdotes:
Cabeças ruins! Esses são os seus deuses, cheios de sangue e feitos de
carne, que são atingidos pelo aço? Certamente, esse é o deus digno dos
egípcios, mas vos não estais alegres porque estais me dando motivos para
risadas.”. Depois de ter dito isso, ele ordenou-lhes que executassem a
tarefa de chicotear os sacerdotes, e que capturassem e matassem os outros
egípcios que estivessem festejando. De fato, ao terminar a festa que havia
entre os egípcios, os sacerdotes receberam suas punições, e Ápis morreu
porque havia sido ferido na coxa e estirado no templo; e depois de Ápis
ter morrido por causa do seu ferimento, os sacerdotes o enterraram às
ocultas de Cambises.”. {Histórias, 3.29). In: Heródoto. Histórias. Livro
III - Talia, op. eit.
97 Conforme dito antes, a [χάχαιρα é uma faca sacrificial, também pode ser
uma espada curta usada em guerra. Como Ápis foi morto e devorado,
Plutarco nos apresenta um sacrifício seguido de banquete, tal como
vemos em Homero, um exemplo disso é o sacrifício de Nestor em honra à
deusa Atenas. Consultar: Homero, Odisséia, 3.445-463.
98 Em outro relato sobre o assassinato de Ápis, Eliano conta que: “Os
habitantes de Busiris, de Abido, a egípcia, e da cidade de Lico abominavam
o som da trombeta porque se parece com zurro de um asno. Mas eles
também tinham o culto de Serápis e odiavam o asno. Como o persa
Ocos sabia disso, matou Ápis, deificou o asno, e quis causar extremos
sofrimentos aos egípcios. E então fez justiça ao sagrado boi, não menos
que a que pagou Cambises, que foi o primeiro a cometer esse sacrilégio.”
{Da natureza dos animais, 10.28).
99 é uma das Titanides, filha de Geia e de Urano, desposou Crono, com
quem gerou Héstia, Deméter, Hera, Hades, Posidon e Zeus.

100 Filho mais novo de Urano e de Geia, pertence àchamadaprimeirageração


divina.

101 Platão relata que o deus Toth inventou o jogo de damas e o de dados
{Fedro, 274d).
102 Personificação da Lua, Selene era filha de Hipério e Tia, representada por
uma mulher bela e jovem. Como Hélio (personificação do Sol), que
conduzia um carro dourado, ela conduzia um carro prata, puxado por
dois cavalos.

194 Maria Aparecida de Oliveira Silva


103 Sobre o calendário egípcio, Heródoto escreveu: “os egípcios foram os
primeiros dentre todos os homens que descobriram a duração do
ano, dividindo-o em doze partes, em conformidade com as estações;
e costumavam dizer que descobriram isso por causa dos astros. E eles
conduzem esse assunto de modo mais sábio que os helenos, parece-me,
porque os helenos acrescentam, a cada três anos, um mês para intercalar
por causa das estações, mas os egípcios transferem trinta dias para os doze
meses e acrescentam cinco dias a cada ano além desse número, eles têm o
ciclo das estações para este se perfazer e ficar completo.”. {Histórias, 2.4).
In: Heródoto. Histórias. Livro II - Euterpe, op. eit.

104 Um deus egípcio que era conhecido ser priápico.

105 Procissões em honra ao deus Dioniso, por ser considerado um deus


fecundador. Como vimos em 2.42, Heródoto conta que os egípcios
o chamavam de Dioniso, e logo depois o historiador registra como os
egípcios honravam Dioniso: “os egípcios celebram o restante da festa
a Dioniso, quase em tudo conforme as mesmas práticas dos helenos,
exceto as danças. Em lugar dos falos, eles têm outras invenções, como
estátuas com um côvado de altura, movidas por meio de cordas, que as
mulheres carregam pelos povoados, movendo suas partes pudendas, não
muito menores que o restante do corpo; e um flautista anda na frente,
enquanto elas o acompanham cantando hinos a Dioniso. Por qual
motivo têm as partes pudendas maiores e por qual razão somente essas
partes do corpo se movem, há um livro sagrado que discorre a respeito
disso.”. {Histórias, 2.48). In: Heródoto. Histórias. Livro II-Euterpe, op.
eit.
106 Ou Haroéris é uma transcrição do egípcio Hr Wr, “Hórus, o Grande”.

107 Essa é primeira vez que Plutarco relaciona a deusa Isis a locais úmidos ou
à umidade em seus escritos, a segunda vez também ocorre neste tratado,
no parágrafo 365F abaixo.

108 Conhecida como “a senhora da casa”, não dispomos de informações


precisas sobre Néftis.

109 Plutarco é o único a autor a fazer referência a Teleute.

110 Personificação da Vitória, representada sempre voando rapidamente


com suas enormes asas, é filha de Palas e de Estige; portanto, pertence à
primeira geração divina.

Notas 195
111 Heródoto não cita o nome de Aruéris, mas traz aversão que associa Hórus
ao deus Apoio: “Mas, antes desses homens, os deuses governavam no
Egito e eles habitavam junto aos homens, também sempre um deles
era o mais poderoso. E que o último deus que reinou no Egito foi
Hórus, o filho de Osíris, o qual os helenos nomearam Apoio; ele pôs
fim ao reinado de Tífon e foi o último deus que reinou sobre o Egito.”
{Histórias, 2.144). In: Heródoto. Histórias. Livro II- Euterpe, op. eit.
112 Quanto ao caráter civilizatório de Osíris junto com Isis, Diodoro Siculo
conta que: “Pois primeiro fez a raça dos homens parar de se devorar uns
aos outros, após Isis descobrir o fruto do trigo e da cevada, que crescia
ao acaso pelo território junto com o restante da plantação e que era
desconhecido pelos homens, depois de Osíris também ter inventado o
cultivo deles, com prazer, todos mudaram sua alimentação por causa do
prazer físico dos frutos descobertos e por mostrar como convém abster-
se da crueldade de uns contra os outros.” {Biblioteca histórica, 1.14.5).

113 Plutarco destaca aqui o uso da arte retórica, da habilidade com a palavra
em vez de uma postura bélica, conquistadora do mundo pelo uso da
força militar. Podemos ver aqui uma crítica velada ao seu tempo, época
em que Roma expande seus limites e aumenta seu poder por meio de
guerras.

114 Plutarco nos faz lembrar o mito de Orfeu, que tinha a capacidade de
encantar a todos com seu canto e música.

115 O costume de tratar Osíris como sendo Dioniso já se encontra registrado


em Heródoto: “De fato, aqueles que dedicam um templo a Zeus Tebano,
que são de uma província tebana, esses todos se mantêm longe das ovelhas
e sacrificam as cabras (pois, de fato, todos os egípcios não veneram os
seus deuses do mesmo modo, exceto Isis e Osíris, então dizem que ele e
Dioniso; e que todos os veneram do mesmo modo); aqueles que possuem
um templo de Mendes, ou são da província mendésia, esses se mantêm
longe das cabras e sacrificam as ovelhas.” {Histórias, 2.42) E afirma logo
adiante que “Osíris é Dioniso, conforme a língua da Hélade.” {Histórias,
2.144). In: Heródoto. Histórias. Livro II- Euterpe, op. tit.

116 Somente Plutarco cita o nome dessa rainha, e traz mais informações
adiante em 366C.

117 Corresponde a 13 de novembro no nosso calendário.

196 Maria Aparecida de Oliveira Silva


118 Filho de Hermes e de Driope, Pan é considerado o deus dos pastores e
dos rebanhos. Os helenos contam que ele é originário da Arcádia
e representado como uma divindade semi-humana, tem um rosto
barbudo, o queixo saliente e a testa com dois chifres; seu corpo e peludo e
os membros inferiores são de bode. Os seus atributos mais frequentes são
uma siringe (flauta de Pan), um cajado de pastor e uma coroa de pinheiro.
Pan gerou os dozes Pãs a que se refere Plutarco, estes compunham uma
espécie inferior de Sátiros, que também acompanhavam o deus Dioniso
em seus cortejos.

119 Também chamados Silenos, metade homem e metade bode, são seres da
natureza que acompanham Dioniso em suas festividades. Os Sátiros
perseguiam a Mênades e as Ninfas, com suas caudas longas e seus
membros viris sempre eretos.

120 Heródoto nos traz o seguinte relato sobre esta cidade: “Mas há Quêmis,
uma grande cidade da província de Tebas, próxima a Neápolis; nessa
cidade, existe um templo quadrado de Perseu, filho de Dânae, e em
volta dele nasceram palmeiras; e os vestíbulos do templo eram feitos de
pedras muito grandes; e sobre eles havia duas estátuas de pedras enormes,
colocadas de pé; e nesse recinto sagrado existe um santuário, no qual
há uma estátua de Perseu em pé.”. (Histórias, 2.91). In: Heródoto.
Histórias. Livro II - Euterpe, op. eit.
121 Plutarco lembra aqui as situações em que os animais que ficavam
temerosos com trovões e raios, e os antigos atribuíam a Pan o temor dos
animais, afirmando que esses “pânicos” eram causados por Pan.

122 Eliano conta que “Em Copto, no Egito, os egípcios veneram Isis com
diversos ritos sagrados, sobretudo, com adoração e serviço por luto ao
marido, aos filhos e aos irmãos.” (Da natureza dos animais, 2.23).

123 Note-se asonoridade similar entre Copto e κόπτω (kópto), que é a primeira
pessoa do singular do presente do indicativo do verbo κόπτειν (kópteiri)
significa “cortar”.
124 Eliano nos conta que “Então, Ápis era um bom adivinho, não faze sentar,
por Zeus, jovens virgens ou mulheres idosas sobre algumas tripodes,
sequer as vasilhas cheias de borra sagrada, mas alguém suplica a este
deus, e crianças estão brincando fora, pulam ao som dos aulos, e ficam
inspiradas com o seu ritmo e proferem cada uma das palavras do deus,

Notas 197
como se fossem mais verdadeiras que as que são ditas às margens do
Sagre.” (Da natureza dos animais, 11.10).

125 Trata-se de Néftis.

126 A coroa de melitoto era o presente que os amantes costumavam levar para
suas amadas durante as suas visitas noturnas.

127 Sobre esse episódio, consultar também os parágrafos 366B-C, 368E e


375B deste tratado.

128 Anúbis carrega o epíteto de “deus embalsamador”, representado por um


cão.

129 Diodoro Siculo nos traz este registro sobre os cães: “O cão é útil para a caça
e a vigilância; por isso ao deus chamado entre eles Anúbis, representam-
no com uma cabeça de cão, porque mostra que protegia os corpos de
Osíris e Isis.” (Biblioteca histórica, 1.87.2).

130 Cidade localizada no litoral da Fenícia, de onde se importava o papiro.

131 Segundo Houaiss: “arbusto de até 3 m (Erica arborea'), nativo do


Mediterrâneo às montanhas tropicais da África, com raízes de que se
fazem cachimbos, folhas verticiladas e flores brancas, aromáticas, em
paniculas piramidais, usado em perfumaria; estorga, queiroga, torga,
torgo, urze-branca”.

132 Era o alimento dos deuses do Olimpo.

133 A semelhança com o mito de Deméter se faz clara neste episódio do


mito de Isis, basta comparar com o narrado nos versos 100 ss dos Hinos
homéricos, como contado por Apolodoro, Biblioteca, 1.15 e ainda
temos os versos de Calímaco em seu Hino a Deméter. Portanto, a versão
plutarquiana do mito de Isis apresenta este componente narrativo que
nos remete a Hélade, à mitologia dos seus antepassados.

134 Rei que acolheu Osíris quando estava morto.

135 Associada à deusa do amor, Astarte era a deusa protetora de Sidon e de


Biblos.

136 O relato de Plutarco nos remete ao mito de Deméter, que também


colocava Demofonte no fogo, mas foi flagrada por Metarina, o que
a impediu de prosseguir, conforme lemos nestes versos: “Durante as
noites o ocultava no ardor do fogo com um tiçâo, / às escondidas dos

3| 198 Maria Aparecida de Oliveira Silva


seus pais. Para eles, era grande espanto/ que ele crescesse rápido e fosse
na face semelhante aos deuses. / E Deméter o faria sem velhice e imortal,
/ se, por sua imprudência, a bem cinturada/ Metanira, durante a noite,
vigiando do perfumado tálarno,/ não a observasse. Ela gritou e socou as
coxas, / receosa por seu filho e mui errada no ânimo;/ então, gemendo
aladas palavras lhe dirigiu:/ “Filho Demofonte, a estrangeira em muito
fogo/ oculta-te, e em mim lamento e desgostos pérfidos coloca.”/
Lamentando-se, assim falou, e a diva entre as deusas ouvia, (h. Horn.
2: A Deméter, 239-250), tradução de Maria Lúcia G. Massi. In: Hinos
homéricos. op. cit.
137 Rio que passa ao sul da cidade de Biblos.

138 Consultar o parágrafo 355E.

139 Temos a versão herodotiana sobre as origens de Maneros: “Entre os seus


costumes, existem hábitos que são diferentes e únicos, além disso, existe
um único hino, o de Lino, cantado na Fenícia, em Cipro e em outros
territórios; todavia, conforme o povo, ele tem um nome, mas é o mesmo
que os helenos cantam, ao qual dão o nome de Lino, para ficar admirado
com muitos e outros assuntos a respeito dos egípcios, um deles ainda e
o de onde eles adotaram o nome de Lino. E eles parecem que sempre
cantaram esse hino no passado. E Lino, entre os egípcios, é chamado
Maneros. E os egípcios me disseram que ele era o único filho do primeiro
rei do Egito; porque ele morreu jovem demais, ele era honrado pelos
egípcios com esses cantos fúnebres, e que esse era o primeiro e o único
hino que eles tinham.”. (Histórias, 2.79). In: Heródoto. Histórias.
Livro II- Euterpe, op. cit. Há ainda referências a Maneros em Pausanias,
Descrição da Hélade, IX, 29, 3 e Ateneu, Deipnosofistas, 620A.
140 Trata-se de Pelúsio, cidade localizada no Baixo Egito, próxima à
embocadura pelusíaca do Nilo, e muito bem fortificada.

141 Em outro tratado, Plutarco descreve este costume egípcio: “Os egípcios
cultivam o acertado costume de levar para os banquetes um esqueleto,
que mostram depois aos convivas, exortando-os a lembrar-se de que
em breve serão como ele. E se bem que a presença deste comensal seja
incômoda e pouco adaptada à circunstância, tem ainda assim alguma
utilidade, pois não os incita à bebida e à folgaça, mas antes à amizade
e ao mútuo afeto, dissuadindo-os de se desgastarem muito em grandes
contendas, quando é tão curta a duração desta vida.” (Banquete dos sete

Notas 199
sábios, 148A-B). In: Plutarco. Obras morais. O banquete dos sete sábios.
Tradução do Grego, introdução e notas de Delfim F. Leão. Coimbra:
CECH, 2008. Heródoto também registra esse costume: “Nos encontros
convivais dos seus ricos, depois de terem terminado de jantar, um
homem carrega um cadáver representado em uma urna cineraria de
madeira, imitado o mais próximo possível em sua pintura e seu entalhe,
com o tamanho total de mais ou menos um ou dois côvados; depois de
o homem tê-lo mostrado para cada um dos convivas, ele diz: “Quando
olhares para isto, bebe e te alegra; pois estarás assim depois de morto”.
E fazem isso nos seus banquetes.”. (Histórias, 2.78). In: Heródoto.
Histórias. Livro II- Euterpe, op. eit.
142 Cidade do Baixo Nilo, cujo significado é “Casa de Uto”, que os egípcios
associam à deusa Leto.

143 Diodoro Siculo conta que Tífon dilacerou Osíris em vinte e seis pedaços
(Biblioteca histórica, 1.2).
144 Heródoto já registra o uso do papiro na construção de embarcações à vela,
conforme lemos neste relato: “as embarcações que eles têm, nas quais
eles transportam suas mercadorias, são feitas da madeira da acácia, e a
sua forma é mais semelhante à da flor de lótus cireneu, cuja seiva é uma
goma. Depois de eles terem cortado em partes as madeiras dessa acácia
no tamanho de dois côvados de comprimento e de as terem reunido em
forma de tijolos, eles constroem suas embarcações do seguinte modo: eles
prendem em volta, juntando, com cavilhas sólidas e extensas, os cortes
de madeira de dois côvados; depois de terem construído a embarcação
desse modo, distendem as vigas transversais que unem os dois lados
da embarcação a parte alta delas; e não utilizam traves do arcabouço
da embarcação; as suturas de dentro, portanto, fecham com a folha do
papiro. E eles fazem apenas um leme, e este passa por meio de sua quilha;
e eles utilizam o mastro de madeira de acácia, e suas velas são de folhas de
papiro.”. (Histórias, 2.96). In: Heródoto. Histórias. Livro II - Euterpe,
op. cit.
145 Segundo Diodoro Siculo, após encontrar os pedaços do corpo de Osíris,
a deusa: “contam que modelou para cada uma das partes uma imagem
em forma humana de substâncias aromáticas e cera, semelhante a Osíris
em tamanho; convocou os sacerdotes por categorias e fez todos eles
prometer que não revelariam nada a ninguém; e em particular disse a
cada um deles que, somente entre eles, depositava o túmulo, e recordava-

200 Maria Aparecida de Oliveira Silva


lhes os benefícios, e os exortou a que, com o corpo enterrados em seus
próprios territórios, honravam Osíris como deus e que lhe consagrassem
o animal que quisessem, como antes a Osíris, e depois da sua morte,
consideraram-no digno das mesmas honras fúnebres que aquele”.
{Biblioteca histórica, 1.21. 5-6). Convém notar que Plutarco segue esta
versão dos pedaços do corpo de Osíris espalhados em diversos locais
onde mais tarde se tornaram seus túmulos em 359A e 365A.

146 Filho de Crono e de Reia, portanto, irmão de Zeus. Hades é o deus


dos Mortos, quando da divisão do mundo em que Zeus obteve o céu,
Posidon, o mar, a Hades coube o mundo subterrâneo. Hades também o
nome da casa dos mortos, homônimo do deus.

147 Deusa-hipopótamo ou Deusa cavalo do rio.

148 Fragmento de uma peça desconhecida de Esquilo.

149 Tragediógrafo nascido em Elêusis, 525-455 a.C., também combateu na


guerra contra os persas em Maratona, fato que mereceu registro em seu
epitáfio, sem qualquer referência aos seus versos trágicos, o que nos revela
a importância desse acontecimento na história da Hélade e o quanto o
sentimento de uma grande conquista coletiva ainda estava em primeiro
plano à época de Esquilo.

150 E interessante notar essas interpolações na narrativa plutarquiana que ora


conversa com o leitor, ora apresenta uma digressão própria, ora ele se
dirige a sua amiga sacerdotisa, como nesse parágrafo.

151 Sobre o uso arco-íris em sua argumentação, vemos em Diálogo do amor,


Autobulo, filho de Plutarco, como narrador do diálogo, conta o
seguinte: “E meu pai disse: “Escutai: assim, impeles-me a falar o óbvio.
Não há dúvida de que a luz refletida é uma sensação da visão do arco-
íris; quando tranquila por uma nuvem úmida e uniforme, de espessura
mediana, lança-se e toca o sol, e vê-se pela luz refletida o seu brilho”. In:
Plutarco. Diálogo do amor. Edição bilíngue. Tradução, introdução e
notas de Maria Aparecida de Oliveira Silva. São Paulo: Martin Claret,
2015. Esta imagem é repetida por Plutarco em seu tratado Daface visível
da Lua, 921A.
152 Ο ναός fiaós) era o recinto do templo onde estava a estátua da divindade.

Notas 201
153 Estéfano de Bizâncio, see. VI d.C., afirma que “Διοχίτης, κώμη Αίγυπτου,
έν η τέθαπται... Όσιρις.”, isto é, “Dioquites, um povoado do Egito, no
qual está enterrado... Osíris.” (Etnias, D234.12).

154 Cidade localizada às margens do Rio Nilo, onde provavelmente teve início
o culto a Osíris.

155 A respeito de Fila, temos o seguinte relato de Diodoro Siculo: “E alguns


dizem que os corpos dos deuses não jazem em Mênfis, mas nas fronteiras
do Egito com a Etiópia, em uma ilha situada no Nilo, na chamada
Fila que, por causa do acontecido, tem o nome de Planície Sagrada. E
mostram como um sinal disso, que nessa ilha está situado o túmulo
edificado a Osíris, honrado em comum entre os sacerdotes do Egito, e
as trezentas e sessenta taças de libações colocadas em torno dele; e a cada
dia os sacerdotes ordenados para isso enchem-nas de leite e se lamentam
invocando os nomes dos deuses. Por essa razão também, essa ilha é
inacessível aos viajantes. E todos os habitantes de Tebaida, que é mesmo
a mais antiga do Egito, julgam que esse é o maior juramento, quando
alguém jura por Osíris, o que jaz em Fila.” (Biblioteca histórica, 1.22.3-6).

156 μηδίθης (mêdíthês) é umaplantade origem e denominação desconhecidas.

157 O nome da cidade significa “Casade Osíris”, estava localizada no Deitado


Rio Nilo.

158 Cidade que também estava situada no Delta do Rio Nilo.

159 Algumas traduções trazem “historiadores”, como se trata de um conceito


moderno, mantive a ideia original de investigação feita por uma tradição
literária que se manifesta em seus diversos gêneros. Veja o parágrafo
seguinte.

160 Estrela descoberta por Hiparco, um famoso astrônomo do século II


a.C. O nome que Hiparco escolheu para a estrela que descobriu está
relacionado a Canopo, o piloto de Menelau, é o nome do herói epônimo
da cidade egípcia e de um braço de rio da foz do Nilo, próximo à cidade
de Alexandria, aqui denominada Canobo por Plutarco.

161 Heródoto registra este episódio em que Jasão passa pelo Egito: “Jasão,
depois de ter terminado no sopé do Pélion a construção da Argo, colocou
nela outra hecatombe e, além disso, uma tripode de bronze, e navegou
em volta do Peloponeso com a intenção de chegar a Delfos. Quando
Jasão navegava na altura do Málea, também o vento norte o surpreendeu

202 Maria Aparecida de Oliveira Silva


e o levou embora em direção a Líbia; e antes de avistar a terra, estava nas
águas rasas do lago Tritônis. E no momento em que não sabia o que
fazer para desencalhar a nau, essa é a história, Tritão apareceu e ordenou
a Jasão que lhe desse a tripode, dizendo que lhes mostraria tanto a saída
como lhes enviaria sãos e salvos. E porque Jasão o obedeceu, assim Tritão
lhe mostrou como navegar para fora das águas rasas;”. {Histórias, 2.179).
In: Heródoto. Histórias. Livro II - Euterpe, op. eit.

162 Um dito que se faz presente em Heródoto, 6.134; Platão, Teeteto, 181a;
Leis, 684d-e e 842, além de Plutarco repeti-lo em Diálogo do amor,
756A-B.

163 Trata-se do poeta Simonides de Ceos, 556-468 a.C.

164 Fr. 138 Page.

165 No sentido de “abrir grandes portas trancadas a chaves”.

166 Nascido em Pela, na Macedônia, século IV a.C.

167 Filósofo da escola cirenaica, século IV a.C, autor de a História sagrada.

168 Entre os antigos, havia o hábito de se elaborar listas com os nomes dos
estrategos, arcontes, reis, vencedores olímpicos, entre outros, não
somente com o intuito de registrar os nomes daqueles que ocuparam
os cargos, mas também serviam de referência cronológica para os fatos
ocorridos à época do exercício de suas funções.

169 Episódio também registrado por Diodoro Siculo, Biblioteca histórica,


4.41-46 e Cícero, Da natureza dos deuses, 1.42.119.

170 A história de Semiramis, a única rainha assíria, e de seu esposo Nino, é


narrada por Diodoro Siculo, dos capítulos 4 ao 21, do seu segundo livro
àiBiblioteca histórica.
171 Sabe-se apenas que ele foi avô de Proteu, um dos reis do Egito,
contemporâneo da Guerra de Troia. Heródoto conta alguns de seus
feitos no Livro II-Euterpe, capítulos 102 a 110.

172 Dispomos de uma referência de Heródoto sobre este rei considerado


mítico da Lídia, que seu filho sofreu com uma grande escassez de
alimentos em sua época: “No tempo em que Átis, filho de Manes,
era rei, houve uma forte escassez de alimentos sobre toda a Lídia; e os
lídios, durante todo o tempo, atravessaram isso suportando a situação.

Notas
Depois disso, porque ela não cessava, procuraram remédios contra ela,
e cada um deles imaginava uma coisa diferente.” {Histórias, 1.94). In:
Heródoto. Histórias. Livro I - Clio. Tradução, introdução e notas de
Maria Aparecida de Oliveira Silva. São Paulo: Edipro, 2015.

173 Rei da Pérsia, 559-530 a.C., que recebeu o epíteto de o Grande por
ter conquistado todos os povos vizinhos e ter fundado o Império
Aquemênida, o maior de seu tempo. Sobre a origem de Ciro,
Heródoto relata: “Ciro era esse mulo; pois nasceu de duas pessoas que
não pertenciam ao mesmo povo, de uma mãe de linhagem superior e
de um pai de origem inferior. Pois sua mãe era uma meda, filha de
Astíages, rei dos medos, enquanto seu pai era um persa, governado
por aqueles; mesmo estando abaixo dela em todos os aspectos, casou-
se com sua senhora. E a Pítia respondeu isso aos lídios, e levaram essa
resposta para Sárdis e anunciaram-na para Creso. E, após ele ter ouvido
isso, compreendeu que o erro havia sido dele mesmo, e não do deus.”.
{Histórias, 1.91). In: Heródoto. Histórias. Livro I- Clio. Op. eit.
Alexandre, ο Grande, rei da Macedonia, 336-323 a.C. e rei da Pérsia, 330-
323 a.C.

175 Uma adaptação de Platão, Leis, 716a.

176 Empédocles, fr. 31B 2,4.

177 Antigono Monoftalmo, um dos generais de Alexandre, o Grande.

178 Em seu tratado Ditos de reis egenerais, 182C, Plutarco atribui tal fala a
Antigono Gônatas, 319-239 a.C.

179 Na ausência de uma palavra adequada para classificar o que Platão chama
de “seres intermediários entre os deuses e os homens”, a partir da palavra
δαίμων {daímõri), apresentamos “dêmones” como solução de tradução
aqui, com sugestão de “dêmon” para o seu singular. Consultar: Platão,
Banquete, 202e ss.
180 Diogenes Laércio atribui a Pitágoras tal pensamento: “Todo ar é cheio
de almas, chamadas demônios e heróis, por quem são mandados aos
homens os sonhos e sinais de doenças e de saúde, e não somente aos
homens, porém ainda às ovelhas e ao gado em geral. Por isso, fazem-
se as purificações e sacrifícios lustrais e toda espécie de adivinhações,
vaticinios e similares. A coisa mais importante na vida humana é induzir
a alma ao bem ou ao mal, e os homens são felizes quando os acompanha

204 Maria Aparecida de Oliveira Silva


uma alma boa, e jamais estarão em paz nem seguirão o mesmo rumo se
ela for má.” (Vidas e doutrinas dosfilósofos ilustres, 7.32). In: Diogenes
Laêrtios. op.cit. Convém anotar que “demônios” em nossa tradução
são os dêmones, optamos por este uso por não se tratar de um conceito
cristão.

181 Filósofo nascido na Calcedônia, discípulo de Platão, dirigiu a Academia,


de 319 a 314 a.C., depois de Espeusipo, o sobrinho de Platão.

182 Filósofo estoico, 280-207 a.C., dirigiu a Stoá.

183 Em grego a palavra é θεόλογος (theologos), que rapidamente associamos


ao substantivo “teólogo” em português, não expressa exatamente o
sentido que ela tem no grego aqui utilizado: “estudioso dos deuses e da
cosmogonia”, que expressa um pensamento elaborado sob a perspectiva
pagã, não cristã.

184 Filhos de Geia, nascidos do sangue escorrido de uma ferida de Urano,


depois de Crono o ter mutilado.

185 Nome dado aos filhos de Urano e de Geia enquanto suas filhas são
chamadas de Titanides.

186 Serpente morta pelo deus Apoio, que lançou suas flechas certeiras em
Píton, que também tinha o dom da adivinhação e desenvolvia suas
atividades divinatórias no sopé do Monte Parnaso, onde depois Apoio
estabeleceu o seu oráculo.

187 O adjetivo θεοειδής (theoeidês) é o epíteto que Homero usa para heróis e
reis, como cm Iliada, 14.217, por exemplo, “Τήν δ' αδτε προσέειπε γέρων
Πρίαμος θεοειδής■”, ou seja, “Ε, a ela, por sua vez, disse o velho Príarno,
semelhante aos deuses:”.

188 E o epíteto que Homero confere aos heróis, como por exemplo, <cm Iliada,
5.663-664, em que diz: “Os divinos companheiros, Sarpédon, igual aos
deuses, retiraram da guerra;”. E interessante notar que o adjetivo αντίθεος
(antítheos) também pode ser traduzido como “rival dos deuses”, no
sentido de que os homens rivalizam em coragem e outros atributos com
os deuses.

189 Plutarco usa a forma imperativa òaigsvii (daimónie) de δαιμόνιος


(daimónios), que significa “enviado pelos deuses”, mas que na sua forma
imperativa tem conotação negativa.

Notas 205
190 Homero, Iliada, 13.810.

191 Homero, Iliada, 5.438; 16.705 e 20.447, para Diomedes, Pátroclo e


Aquiles, respectivamente. Nesses versos δαίμων (daimõri) tem conotação
positiva.

192 Outra forma para o imperativo que, como no primeiro verso citado,
vem de δαιμόνιος (daimónios) que significa “enviado pelos deuses”, com
conotação negativa em sua forma imperativa.

193 Homero, Iliada, 4.31-33.

194 Platão, Leis 717a‫־‬b.

195 Filósofo formado na Academia de Platão, 298-314 a.C., que tinha como
fim explicar a filosofia platônica por meio da Escola Pitagórica.

196 Plutarco grafa τούς δε χρηστούς καί αγαθούς, que literalmente significa
“os úteis e bons” para se referir aos dêmones. No entanto, estamos
traduzindo τούς δέ χρηστούς como “os úteis” para se referir aos dêmones,
o que nos traz o sentido de que os dêmones têm alguma utilidade para os
deuses e os mortais.

197 Hesiodo, Os trabalhos e os dias, 123 e 253.

198 Platão, Banquete, 202e.

199 Filósofo pré-socrático, 495-430 a.C., nascido em Agrigento, na Sicilia.


Conhecido por sua teoria cosmogônica dos quatro elementos (terra,
fogo, água e ar).

200 Versos de Aspurificações de Empedocles, fr. 115 Diels.

201 Platão considera Eros como um dêmon, que assim define: “- Vês então
que tu não consideras Eros um deus? / - O que podería ser Eros? Um
mortal? / - De modo algum. / - Mas o quê, na verdade?/ - Como nos
exemplos anteriores, um intermediário entre o mortal e o imortal.” (O
banquete, 202d). In: Platão. O banquete. Edição bilíngue. Apresentação,
tradução e notas de Maria Aparecida de Oliveira Silva. São Paulo: Martin
Claret, 2015.

202 Sobre o culto de Heracles no Egito, temos o seguinte relato de Heródoto:


“E a respeito de Héracles, ouvi o seguinte relato: que ele era um dos doze
deuses. Mas outro relato a respeito de Héracles, que os helenos conhecem,
em parte alguma do Egito eu pude ouvir. Ainda que, certamente, o

3| 206 Maria Aparecida de Oliveira Silva


nome de Héracles não foi transmitido pelos helenos, mas, sem dúvida,
os helenos o tomaram dos egípcios, e esses helenos colocaram o nome
de Héracles no filho de Anfitrião, tenho muitas e outras evidências
de que isso foi desse modo, e ainda no seguinte acontecimento, que
ambos os pais desse Héracles, Anfitrião e Alcmena, eram naturais desde
a sua origem do Egito, e por isso os egípcios dizem que não conhecem
os nomes nem de Posidon nem dos Dióscoros, e que esses deuses não
são aceitos por eles entre os seus demais deuses.” {Histórias, 2.43). In:
Heródoto. Histórias. Livro II - Euterpe, op. eit.

203 Quanto a Dioniso, Heródoto nos conta que: “Osiris é Dioniso, conforme
a língua da Hélade. Portanto, entre os helenos, eles consideram que
os mais jovens dos deuses são Héracles, Dioniso e Pan, mas, junto aos
egípcios, Pan é o mais antigo e está dentre os chamados oito deuses,
enquanto Héracles está dentre os chamados doze deuses, e Dioniso está
dentre os da terceira geração, que se originaram dos doze deuses. De fato,
os próprios egípcios dizem quantos anos foram desde o rei Amásis até
a época de Héracles, isso já foi demonstrado por mim antes; diz-se que
Pan é ainda mais antigo e que Dioniso existe há menos tempo do que
eles, e os egípcios calculam que, entre ele e o rei Amásis são quinze mil
anos. E os egípcios dizem que conhecem isso com precisão e que sempre
calculam e sempre registram os anos. Então, entre Dioniso, chamado
filho de Sêmele, filha de Cadmo, até a minha época, são mais ou menos
mil e seiscentos anos, e entre Héracles, filho de Alcmena, são cerca de
novecentos anos, e entre Pan, filho de Penélope (porque Pan nasceu dela
e de Hermes, como e dito pelos helenos) que são anos posteriores aos da
Guerra de Troia, mais ou menos oitocentos anos até a minha época.”.
{Histórias, 2.145). In: Heródoto. Histórias. Livro II - Euterpe, op. eit. Ο
relato herodotiano sobre os deuses helenos e suas origens egípcias é mais
tarde criticado assim por Plutarco: “Com relação a Héracles e Dioniso,
quando declara que os egípcios os veneram como deuses antigos e os
helenos como homens envelhecidos, de modo algum expõe o mesmo
cuidado. E afirma que o Héracles egípcio se origina da segunda geração
dos deuses e que o Dioniso, da terceira, porque têm princípio de gênese e
não são eternos. Mas igualmente os declara deuses e crê que se deve fazer-
lhes oferendas como aos heróis e mortais, mas não sacrificar como aos
deuses. Isso também foi dito sobre Pan, alterando as devoções e purezas
dos assuntos sagrados dos helenos com as imposturas e ficções dos
egípcios. E isso não é impressionante; mas o é quando remonta à estirpe

Notas 207
de Heracles a Perseu e afirma que Perseu nasceu de um assírio, segundo ο
relato dos persas. E diz que “os comandantes dó rios pareciam ser egípcios
autóctones, para quem lista os antepassados de Dânae e Acrisio”.
Abandona por completo Epafo, Io, Jasão e Argo, ambicionando não
somente declarar outros Héracles egípcio e fenício, mas também isso
que ele afirma ser a terceira geração, para bani-la da Hélade e conduzí-
la aos bárbaros.” (Da malícia de Heródoto, 857D-E). In: Plutarco. Da
malícia de Heródoto. Edição bilíngue. Estudo, tradução e notas de Maria
Aparecida de Oliveira Silva. São Paulo: Edusp/Fapesp, 2013.

204 O culto de Serápis ocorreu entre os reinados de Ptolomeu I Sóter e


Ptolomeu II Filadelfo, entre 306 a.C. e 282 a.C. Serápis era uma
divindade asiática, proveniente de Sinope, no mar Negro, que apareceu
em sonhos a Ptolomeu I, o que o levou a trazer a sua estátua para que
fosse consagrado como deus guardião de Alexandria, episódio que
Plutarco conta no parágrafo seguinte.

205 Plutão é o nome dado ao deus Hades, conhecido como o deus dos inferos,
o epíteto de Plutão é o “Possuidor de riquezas”, mas é válido destacar que
trata de riquezas oriundas da terra, do trabalho agrícola.

206 A associação entre Isis e Plutão deve-se ao fato de ambos reinarem na casa
dos mortos. Em sua origem Isis está relacionada a ritos funerários que
colocam os participantes em contato com a casa dos mortos, conforme
registra Apuleio em s\13s Metamorfoses, 11.5.23).

207 Perséfone é filha de Zeus e de Deméter, que, após ter sido raptada, une-
se ao seu raptor, o deus Hades, por meio de um expediente, deu-lhe
uma romã para comer, ciente de quem comesse algo de seu reino a ele
pertencería. Após um acordo entre Zeus, Deméter e Hades, Perséfone
passava seis meses na terra com sua mãe e os outros seis meses no Hades
ao lado de seu esposo, o que os helenos associavam ao ciclo agrícola. Sobre
a sua associação com Isis, quando Heródoto apresenta as principais
festas religiosas do Egito, afirma que a deusa Isis está associada à deusa
Deméter, conforme lemos a seguir: “E os egípcios não celebram uma
festa nacional uma única vez ao ano, mas estão reunidos frequentemente
para uma festa nacional. A principal e mais cheia de ardor ocorre na
cidade de Bubástis, em honra de Artemis. A segunda mais importante
ocorre na cidade de Busiris, em honra de Isis; pois nessa cidade há um
grande templo de Isis; essa cidade do Egito está situada no meio do Delta,
e Isis, conforme a língua dos helenos, é Deméter. E a terceira em que

208 Maria Aparecida de Oliveira Silva


eles celebram uma festa nacional acontece na cidade de Sais, em honra
de Atena. E a quarta tem lugar na cidade de Heliópolis, em honra de
Hélio. E a quinta ocorre na cidade de Buto, em honra de Leto. E a sexta
acontece na cidade de Papremis, em honra de Ares.”. {Histórias, 2.59).
In: Heródoto. Histórias. Livro II - Euterpe, op. eit.

208 Arquêmaco da Eubeia escreveu uma história da Eubeia, sua terra natal,
por volta do século III a.C.

209 Discípulo de Platão e depois de Aristóteles, embora tenha escritos sobre


diversos assuntos, dispomos somente de fragmentos de suas obras.

210 Trata-se do Ponto Euxino, antigo nome do mar Negro.

211 Provavelmente, trata-se da cidade de Canopo, que era a principal cidade


portuária do Baixo Egito, a qual os árabes chamavam de Cidade do Ouro,
pela abundância deste mineral. Estrabão nos conta que existia nesse local
o oráculo de Canopo, que abrigava o deus e que lá havia muitas curas e
perdições certeiras (Geografia, 18).

212 Filho de Lágis, foi rei do Egito de 305 a 283 a.C. Ptolomeu deu início
à dinastia ptolomaica. Também foi amigo de Alexandre, o Grande, de
quem foi seu diádoco e recebeu o Egito como parte do seu espólio.

213 Πτολεμαίος ò Σωτήρ (Ptolemaios ho Sõtêr), literalmente Ptolomeu, o


Salvador.

214 A respeito da região onde Sinope estava situada, Heródoto relata que
“De fato, Istro, porque corre pelo território habitado, e conhecido por
muitos, e ninguém pode dizer nada a respeito das nascentes do Nilo,
pois a Líbia, através da qual ele corre, é inabitada e desértica. A respeito
do que foi dito sobre o seu curso, na medida do possível, investiguei ao
máximo para alcançar essas informações. Ele deságua no Egito, e o Egito
está localizado mais ou menos em frente à parte montanhosa da Cilicia; e
de lá em direção a Sinope, no Ponto Euxino, um caminho reto, que dura
cinco dias para um homem disposto; e a cidade de Sinope está localizada
em frente ao lugar em que o Istro deságua no mar.”. (Histórias, 2.34). In:
Heródoto. Histórias. Livro II - Euterpe, op. eit.

215 Cidade localizada no Egito, fundada por Alexandre, o Grande, em 331


a.C. De acordo com Tácito, Ptolomeu construiu um tempo em honra de
Serápis no mesmo local onde antigamente havia um templo dedicados a
Serápis e Isis (Histórias, 4.84).

Notas 209
216 Não dispomos de mais informações sobre essa personagem.

217 Plutarco é a nossa única fonte de informação sobre essas personagens.

218 Esta personagem é citada somente por Plutarco.

219 Para uma descrição mais detalhada do episódio, ler os capítulos 83 e 84 das
Histórias, de Tácito.
220 Tácito relata que Timóteo era um ateniense, da casa dos Eumolpidas,
o que o tornava membro de uma tradicional família de sacerdotes de
Atenas. Porque então era sacerdote principal dos ritos eleusinos, foi
levado por Ptolomeu de Elêusis para presidir o culto a Deméter no Egito
(Histórias, 4.83).
221 Filho de Equidna e de Tífon, irmão de Ortro, cão monstruoso de Gérion,
da hidra de Lerna e do leão de Némea. Cérbero era o cão de Hades, um
dos monstros que vigiavam a entrada do Hades, que não permitia que
nenhum nele adentrasse ou que qualquer morto do Hades de lá saísse.
Cérbero tinha três cabeças de cão, uma cauda formada por uma serpente
e no dorso carregava uma infinidade de serpentes erguidas.

222 De acordo com a descrição de Macróbio, Serápis tinha um pequeno cesto


sobre sua cabeça, ao lado de Cérbero com três cabeças, a do meio era um
leão, a da direita era um cão e a da esquerda era um lobo, e uma serpente
enrolada em seu corpo (Satumais, 1.20; 13-14).

223 Heráclito de Efeso, século V a.C., filósofo que influenciou o pensamento


platônico, mas não conhecemos nenhuma obra sua, a não ser fragmentos.

224 Fragmento de uma obra perdida de Heráclito intitulada Da natureza.

225 Embora não tenham chegado até os nossos dias, os Escritosfrígios eram
uma coletânea de escritos míticos e religiosos que parece ter sido muito
divulgada entre os autores antigos, pois temos referências a eles em Diodoro
Siculo, Biblioteca histórica, 3.67.5; Cícero, Da natureza dos deuses, 3.42 e
Diogenes Laércio, Vidas e doutrinas dosfilósofos ilustres, 9.49, o que nos
leva a crer que são escritos produzidos durante o período helenístico.

226 Historiador, século III a.C., não sabemos ao certo qual sua cidade de
origem, somente que escreveu uma obra intitulada Histórias, composta
de vinte e oito livros, que narra a história da Hélade desde a morte de
Pirro em 272 a.C. até a morte de Cleômenes de Esparta, em 220 a.C., no
entanto, dela só nos restaram citações em escritos posteriores.

3| 210 Maria Aparecida de Oliveira Silva


2T7 Rio do Hades que causava esquecimento, porisso o nome Lete que deriva
de λήθη {lêthe), que significa “esquecimento”.

228 Rio do Hades, que é o rio das lamentações, que deriva de κωκυτός
(kõkytós) que significa “lamentação”.

229 Diodoro Siculo registra que as portas de Cocito e Lete estavam em templo
de Hécate, na região de Mênfis {Biblioteca histórica, 1.96.9).

230 Que significam “lançar-se” e “precipitar-se”, respectivamente.

231 Celebradas no mês atir, entre 17 de outubro e 15 de novembro.

232 Em seudiálogo Crátilo,403a-404a, Platão faz várias sugestões paraaorigem


do nome Hades para concluir que: “Portanto, Hermogenes, o nome de
Hades deve estar muito longe de ter sido nomeado a partir de adeus.
Seria antes graças a todo charme, que somente quem se une ao deus é
capaz de especificar que ele fora chamado de Hades pelo normatizador.”
(403d). In: Platão. Crátilo. Ou sobre a correção dos nomes. Texto bilíngue.
Tradução, apresentação e notas de Celso de Oliveira Vieira. São Paulo:
Paulus, 2014.

233 Em outro tratado, Plutarco afirma que Hades comanda as almas por
meio de sua persuasão e razão, porque, como Platão afirma {Crátilo
403a-404b), um deus filantropo, sábio e rico {Da superstição, 171D)

234 Apesar da sugestão de tradução de Plutarco, Amentes é a transcrição do


egípcio imntt, que significa “Ocidente”.

235 Plutarco aqui se distingue de Heródoto para quem “Ainda os nomes dos
deuses, quase todos, vieram do Egito para a Hélade. Por esse motivo, eles
vieram dos bárbaros, assim eu descobri que eram, após ter sido informado;
penso que vieram especialmente do Egito. Porque, de fato, a não ser
Posidon e os Dióscoros, como já foi dito por mim antes, também Hera,
Héstia, Têmis, as Cárites e as Nereides, os nomes dos demais deuses sempre
foram os de outrora neste território. Digo os nomes que os próprios
egípcios chamam. E os nomes dos deuses que dizem não conhecer,
parece-me que estes foram nomeados pelos pelasgos, exceto Posidon. Eles
conheceram esse deus por intermédio dos líbios; pois nenhum deles tinha
o nome de Posidon desde o início, a não ser para os líbios, que sempre
honraram esse deus. Então, os egípcios não cultuam nenhum dos heróis.”.
{Histórias, 2.50). In: Heródoto. Histórias. LivroII- Euterpe, op. cit. Temos
ainda Platão, Timeu, 21 e ss, como voz dissonante de Heródoto.

Notas 211
236 No parágrafo 375D.

237 Plutarco conta o seguinte diálogo sobre o uso dos ossos de um asno na
confecção das flautas, no lugar dos ossos de veado, como era o costume:
“Os helenos, pelo contrário, embora tenham a presunção de falar
melhor do que os citas, acreditam que aos deuses agrada mais ouvir sons
retirados de ossos e pedaços de madeira./ - E se tu soubesses, estrangeiro,
- atalhou Esopo - que os atuais fabricantes de flauta puseram de lado o
osso de veado, para usarem antes os de asno, pois acham que tem melhor
sonoridade! E por isso que Cleobulina inventou a seguinte adivinha a
propósito da flauta frigia: Um burro morto, com a canela revestida de
corno, nas orelhas me bateu! E pois coisa de espantar que, sendo o burro
tão grosseiro e contrário aos dons das Musas, consiga fornecer um osso
tão fino e apto para a música.” (O banquete dos Sete Sábios, 150E). In:
Plutarco. Obras morais. O banquete dos Sete Sábios. Tradução do grego,
introdução e notas de Delfim F. Leão. Coimbra: Centro de Estudos
Clássicos e Humanístico, 2008. Eliano também faz um relato semelhante
ao de Plutarco em História dos animais, 10.28.

238 De δαιμονικός, que significa “possuído por um demon”.

239 Paini era o décimo mês do ano, entre 26 de maio e 24 de junho, e o mês
faofi era o segundo, que equivale ao dia 28 de setembro a 27 de outubro.

240 Segundo Eliano, os pitagóricos afirmavam que o asno é o único animal


que nasceu sem as leis da harmonia {História dos animais, 10.28).

241 Filho de Zeus e de Hera, pertence à segunda geração dos deuses olímpios,
considerado o deus da guerra, do combate. Sobre a origem de Ares,
consultar Hesiodo, Teogonia, 921-922. O culto de Ares estava associado
ao deus egípcio Onúris.

242 Filha de Crono e de Reia, Héstia é considerada a deusa do lar. Como


personificação do Lar, ela é o centro religioso da casa e da morada dos deuses.

243 Filha de Crono e de Reia, irmã e esposa de Zeus, e a principal deusa do


Olimpo. A principal característica de Hera retratada na literatura é a sua
indignação frente à infidelidade de seu companheiro, não poupando
esforços para perseguir os amantes de Zeus e os frutos dessas uniões
ilegítimas. A deusa era considerada a protetora da cidade de Argos;
segundo Pausanias, Hera foi homenageada por Policleto de Argos,
460-410 a.C., com a construção de uma estátua colossal em que a deusa

212 Maria Aparecida de Oliveira Silva


estava sentada em um trono e coberta de ouro e marfim, com uma coroa
em que havia a representação das Cárites e das Horas, e ainda trazia na
mão esquerda uma romã e o seu cetro na mão direita; sobre o cetro havia
um cuco, que Pausanias afirmava ser o símbolo do amor de Zeus e Hera.
Tal obra se tornou referência para as futuras representações da deusa.
Consultar Pausanias, Descrição da Hélade, 2.17.3-4.

244 Diodoro Siculo conta que havia poucos bois de pelagem vermelha porque
acreditavam que tal cor havia sido a de Tífon {Biblioteca histórica, 1.88.4)
245 Heródoto assim detalha o sacrifício de um boi a Épafo, ou Ápis: Os
bois vigorosos são considerados posses de Épafo, por essa razão, eles
os submetem à prova da seguinte maneira: quando se vê uma única
mancha preta que seja no animal, esse não é considerado puro. E é
designado um dos sacerdotes que procura isso no animal, colocando-o
de pé, deitado de costas e puxando sua língua para fora, se há sinais
estabelecidos para um animal puro, sobre os quais eu falarei em outro
relato; e ainda examina os pelos da cauda, se tem nascido conforme a
natureza. Se o animal for puro dentre todos esses aspectos, assinala-o,
enrolando um papiro em volta dos seus chifres, e depois de moldar a
terra para receber um selo, pressiona-a com o sinete do seu dedo; e assim
se retiram. A penalidade imposta a quem sacrifica um animal não selado
é a morte. Submete-se à prova então o animal do seguinte modo, e o
sacrifício é por eles estabelecido assim: conduzem o animal sinalizado
para o altar onde se realiza sacrifícios, acedem o fogo, depois derramam
vinho em volta do animal a ser sacrificado, invocam o deus e o degolam.
Depois de degolá-lo, arrancam-lhe a cabeça. Então, desossam o corpo
do animal, e muitas vezes lançam imprecações a sua cabeça e a levam
embora; quando eles têm uma agora e helenos entre os povos que são
seus comerciantes, eles a levam para a agora e a vendem para eles; mas, se
eles não tiverem helenos presentes nela, eles a jogam no rio. Os sacerdotes
lançam imprecações sobre sua cabeça, dizendo as seguintes palavras: se
algo de mal for acontecer ou para eles mesmos que realizaram o sacrifício
ou ao Egito inteiro, que isso se volte para essa cabeça. Portanto, quanto
às cabeças dos animais sacrificados e à libação do vinho, todos os egípcios
utilizam os mesmos costumes em todas as oferendas sagradas e, a partir
desse costume, nenhum egípcio comerá a cabeça de nenhum outro ser
vivo.”. {Histórias, 2.38-39). In: Heródoto. Histórias. Livro II - Euterpe,
op. tit.

Notas 213
246 Consultar também o parágrafo 379F para a questão posta aqui sobre a
metempsicose.

247 οί σφραγιστά! (boi sphragisthaí), ou esfragistas, são literalmente “os


seladores”.

248 Castor de Rodes, século I a.C., compôs uma obra sobre o rio Nilo e
algumas obras sobre a Babilônia e a arte retórica, das quais nos restaram
apenas fragmentos.

249 Artaxerxes III Oco, rei da Pérsia de 358 a 338 a.C., décimo rei da dinastia
dos Aquemênidas.

250 Eliano nos conta que Oco, rei da Pérsia, sacrificou o asno e ordenou aos
helenos que o cultuassem, mesmo ciente de que os helenos tinham
horror a esse animal (História dos animais, 10.28).

251 Dínon de Colófon, século IV-III a.C., compôs uma obra sobre a história
da Pérsia, da qual nos restam fragmentos contidos na Vida deArtaxerxes,
de Plutarco.

252 O voo de sete dias de Tífon equivale ao Sabbath.

253 Epônimos de Jerusalém e Judeia, respectivamente.

254 Tácito também conta uma história semelhante a esta de Plutarco em


Histórias, 5.2-4.
255 Deus que personifica o elemento fogo; por sua singular habilidade na
atividade de ferreiro, foi responsável pela confecção das armas e dos
adereços dos deuses. Também conhecido por ser um deus coxo, condição
adquirida após ser atirado do Olimpo por sua mãe, Hera, que o gerou
sem o auxilio de Zeus, conforme Hesiodo versificou na Teogonia, 397 ss.

256 Um canto lacrimoso.

257 Entre os egípcios, a esquerda era para designar o Leste e a direita para
o Oeste. Plutarco associa a esquerda ao nascimento e a direita à
desembocadura do rio Nilo (Assuntos de banquetes, 729B).

258 Plutarco conta que a abstenção dos sacerdotes ao sal, que é chamada de
“a espuma de Tífon” nas épocas de purificação (Assuntos de banquetes,
648F).

259 Plutarco repete essa afirmação em Assuntos de banquetes, 729B.

214 Maria Aparecida de Oliveira Silva


260 ίππος ποτάμιος (hyppospotámios), literalmente é o “cavalo do rio”, o que
nós denominamos hipopótamo.

261 Clemente de Alexandria relata o mesmo que Plutarco, no entanto, é um


crocodilo que está no lugar do hipopótamo (Micelàneas, 5.7.41).

262 Eliano conta que o hipopótamo é o mais ímpio dos animais porque come
seu pai (História dos animais, 7.19).

263 Ou hipopótamo.

264 Pausânias também usaessaexpressão ao falar de umainundação resultante


das lágrimas de Zeus (Descrição da Hélade, 10.32.18).

265 A expressão εν Ήλιου πόλει (en Hêlíoupólei), que é literalmente a cidade de


Hélio, é a cidade de Heliópolis.

266 Na cidade de Hélio, ou Heliópolis, Mnévis era a alma de Rá, que era a
personificação do Sol. Eliano nos conta que o boi Mnévis era consagrado
ao Sol e Ápis à Lua harmonia (História dos animais, 2.1).

267 Sobre a terra do Egito, Heródoto relata que “Quanto aos assuntos
relativos ao Egito, então, há os que dizem isso e também eu mesmo
estou convencido e penso que seguramente foi assim, porque vi que o
Egito se projeta, tomando a terra, revelando conchas nas montanhas e
mostrando a salinidade na sua superfície brilhante, de modo também
a danificar as pirâmides, e a única montanha arenosa do Egito e essa
que está localizada acima de Mênfis, além desse território, nem o que é
limítrofe da Arábia e similar ao do Egito, nem ao da Líbia, não o é nem
ao da Síria (pois os sírios habitam o litoral do mar da Arábia), mas o seu
solo é negro e rachado, de modo que é uma aluviâo e um derramamento
da Etiópia, trazido de cima para baixo pelo seu rio; e sabemos que a Líbia
tem a terra mais vermelha e arenosa, e que a Arábia e a Síria são as mais
argilosas e rochosas.” (Histórias, 2.12). In: Heródoto. Histórias. Livro II
- Euterpe, op. cit. Platão em seu diálogo Timeu, 25b, também afirma que
o Egito tinha a terra negra.

268 Na língua egípcia, Chemia significa “terra preta”.

269 Homero nos conta que todas as coisas e todos os deuses existem por causa
de Oceano, que era o princípio da geração (Ilíada, 14.214 e 246), e Tales
de Mileto afirmava que o princípio de tudo era a água, por isso a relação
feita entre ambos.

Notas 215
270 Filho de Urano e de Geia, os antigos poetas acreditavam que o Oceano era
um rio que circundava a Terra, dado que Heródoto demonstra que não é
mais aceitável em sua época, como lemos a seguir: “E outro caminho e o
mais sem conhecimento que o que já foi dito, mas e mais admirável de se
dizer em palavra, o que diz que o rio [Nilo] corre a partir do Oceano para
que ele opere essas coisas, e que o Oceano corre em volta de toda a Terra.”.
{Histórias, 2.21). In: Heródoto. Histórias. Livro II- Euterpe, op. cit. Para os
poetas que cantaram Oceano como o rio que circundava a Terra, consultar
Homero, Ilíada, 19.200 e 244; Hesiodo, Teogonia, 242 e 940.

271 Filha de Urano e de Geia, a mais nova da Titânides, Tétis é considerada


uma deusa primordial, desposou seu irmão Oceano.

272 απουσία {apousía') era o nome dado à emissão de esperma.

273 συνουσία {synousía) era o nome dado ao encontro sexual.

274 υιός (hyós) significa “filho”.

275 ϋ§ωρ {hydõr) significa “água”.

276 υσαι {hysai) é o infinitivo aoristo de ϋω (byõ), que significa “chover”.

277 ϋη V (byêri) é o infinitivo presente do verbo ϋω (hyõ), que significa “chover”.

278 Helânico de Mitilene, 496-411 a.C., era um renomado historiador, do


qual não dispomos de nenhum escrito, somente citações.

279 "Τσιρις {Hysiris) é som do nome do deus em egípcio, Osíris é a pronúncia


helena.

280 Osíris, como Dioniso, descobriu a videira e o vinho.

281 Pausanias conta que: “A outra passagem anterior, na que se chama


Panopeu de belos coros, não fui capaz de compreendê-lo até o momento
em que fui instruído por aquelas que os atenienses chamam Tíades. As
Tíades são mulheres áticas que vão ao Parnaso a cada dois anos, e elas e
as mulheres de Delfos celebram orgias em honra de Dioniso. E costume
que essas Tíades dancem no caminho de Atenas, em outros lugares e no
Panopeu” {Descrição da Hélade, 10.4.3). O nome Tíades deriva de Tia,
filha do rio Céfiso, foi a primeira a celebrar o culto a Dioniso nas escarpas
do Parnaso.

282 Apuleio conta que estava iniciado nos mistérios de Isis, mas não nos de
Osíris {Asno de ouro, 10.27.4), pelo que notamos que, apesar de serem

216 Maria Aparecida de Oliveira Silva


cultuados juntos, cada deus possuía os seus próprios mistérios. No caso
de Clea, notamos que a sacerdotisa conhecia os rituais de ambos.
283 Heródoto trata Ápis como Épafo, conforme se lê neste relato: “Depois
de Cambises ter chegado a Mênfis, o deus Ápis apareceu para os
egípcios, que os helenos chamam de Épafo; quando aconteceu essa
aparição, imediatamente os egípcios vestiram suas vestimentas mais
belas e ficaram em festa. Nesse momento, ao ver isso que os egípcios
faziam, Cambises, porque estava completamente desconfiado de que
estavam alegres e realizavam essas festividades por causa de ele estar em
uma situação difícil, convocou os governadores de Mênfis; quando eles
chegaram a sua presença, ele lhes perguntou por que, quando ele esteve
antes em Mênfis, os egípcios não fizeram nada dessa natureza, mas nesse
momento em que novamente ele estava presente lá, depois de ter perdido
um grande número de homens do seu exército. E eles lhe responderam
que um deus havia aparecido para eles, também que ele tinha por hábito
aparecer de tempos em tempos, e sempre que o deus aparecia, então
todos os egípcios ficavam alegres e festejavam. Depois de ter ouvido
isso, Cambises disse que eles estavam mentindo para ele, quando os
condenou a pena de morte porque haviam mentido.”. (Histórias, 3.29).
In: Heródoto. Histórias. Livro III - Talia, op. at.

284 A relação do deus com uma embarcação está no Hino Homérico a Dioniso,
onde lemos: “Acerca de Dioniso, filho de Sêmele mui ilustre, /lembrar-
me-ei de como surgiu na praia do mar infecundo [...] Rapidamente
homens de uma nau de bons bancos/ piratas, avançaram rapidamente
pelo mar vinoso,/ tirrenos, conduzia-os um mau destino; eles, que
quando o viram/ acenaram uns aos outros, rapidamente saltaram,
prontamente agarrando-o/ acomodaram-se na sua nau, alegrados no
coração./ Pois ele parecia ser um filho dos reis alimentados/ por Zeus, e
queriam em correntes atar dolorosas./ a ele, não detinham as correntes,
e os liarnes para longe caíam/ de suas mãos e de seus pés; e ele, sorrindo,
sentava-se [...] o piloto percebendo, logo aos seus companheiros chamou
dizendo:/ Insensatos, que deus é este que encadeais, tendo capturado,/
poderoso? Nem pode transportá-lo uma nau benfeita.” Tradução de
Fernando Brandão dos Santos. In: Hinos homéricos. op. cit.

285 Outro nome dado ao deus Dioniso, provavelmente de origem lídia.


Heródoto faz menção aos mistérios de Baco neste registro: “Os citas
reprovam os helenos por sua celebração dos mistérios de Baco; pois

Notas 217
eles dizem que não é razoável conceber a existência de um deus que leva
os homens à loucura.” {Histórias, 4.79). Heródoto. Histórias. Livro
IV - Melpômene. Tradução, introdução e notas de Maria Aparecida de
Oliveira Silva. São Paulo: Edipro, 2019.

286 Ateneu relata que a relação entre Dioniso e o touro está na origem do seu
culto {Deipnosofistas,

287 Plutarco relata que as mulheres de Elea entoavam um hino antigo em


que invocavam ao deus que se apresentasse a elas na forma de um boi
(Virtudes das mulheres, 251E). Também em Questões helenas, Plutarco
conta que as mulheres de Elea evocavam ao deus que viesse acompanhado
pelas Cárites (292E).

288 βουγενής {bougenês), que significa “nascido de um boi”.

289 Plutarco registra que os argivos usavam as trombetas nas celebrações ao


deus Dioniso {Assuntos de banquetes, 671E).

290 Provavelmente, trata-se de Cérbero. Virgílio conta que se oferecia uma


ovelha para as divindades inferas {Eneida, 6.249).

291 Natural de Argos, escreveu a obra citada por Plutarco no século II a.C.,
mas que não chegou até nós.

292 Festas realizadas para celebrar amorte de Zagreu durante aTitanomaquia,


quando foi despedaçado pelos Titãs e teve seus restos recolhidos por
Apoio e colocados na tripode de Delfos. Zagreu, outro nome dado a
Dioniso, era filho de Zeus e Perséfone e considerado o deus dos órficos.

293 As Nictélias eram festivais noturnos em honra de Dioniso.

294 Consultar parágrafos 358A a 359A.

295 ο í οσιοι {hoihósioi), ou “os puros”, eram os sacerdotes de Delfos. Conforme


Plutarco, eram cinco sacerdotes vitalícios que cuidavam do culto de
Apoio em Delfos {Questões helenas, 292D).

296 Λικνίτης {Liknítês) significa “deus da joeira sagrada”. Epíteto encontrado


nos Hinos órficos, 46.1 e 52.3, e esta é a única referência de Plutarco a este
epíteto.

297 Poeta lírico, natural de Tebas, 518-446 a.C..

298 A οπώρα {oporá') era a estação da colheita.

218 Maria Aparecida de Oliveira Silva


299 Pindaro, fr. 153 Maeheler. Plutarco repete essa citação de Pindaro em
Dialogo do amor, 757F e Assuntos de banquetes, 657F.
300 Homero, Odisséia, 5.306 e 6.154-155.

301 Homero, Odisséia, 8.340.

302 Consultar parágrafo 358B.

303 Apópis era irmão de Osiris, a quem Apópis pedia auxilio todas as vezes
que secava o ar da Terra, e Osiris, por sua vez, convocava Dioniso que,
pelo seu princípio úmido, auxiliava-o.

304 κιττός (kittós) é nome dado à planta chamada hera.

305 Filósofo peripatetico, contemporâneo de Estrabâo (séculos I a.C -1 d.C.),


que o cita em sua obra Geografia, 17.7.90.

306 Não sabemos ao certo de quem se trata.

307 Ou Harshafitou para os egípcios, seu nome significa “energia viril”, era
o principal deus de Heracleópolis, e era representado como um deus-
carneiro, participava das celebrações em honra a Dioniso.

308 Poeta iâmbico que escreveu uma história do Egito, não dispomos de mais
informações sobre essa personagem.

309 Natural de Patara, na Lícia, século II a.C., discípulo de Eratóstenes,


escreveu uma obra sobre a história da Líbia e redigiu escritos mitológicos.

310 Filho de Zeus e de Io, Epafo foi rei do Egito por volta do século XVI a.C.
De acordo com o mito de Epafo, quando Io foi metamorfoseada em
vaca, ela vagou sem rumo por toda a Terra, perseguida por Hera, a esposa
ciumenta de Zeus, mas, durante a sua andança, encontrou refúgio as
margens do Rio Nilo, onde deu à luz Epafo, que significa “o toque de
Zeus”, que foi criado por Telégono, o seu pai mortal, rei do Egito, a quem
sucedeu após a sua morte. Esquilo: “Existe uma cidade, Canopo, a última
da região, / junto a mesma embocadura e aluvião do Nilo;/ lá então Zeus
te coloca cordata/ roçando-a com sua destemida mão, tocando-a apenas./
Terás o nome dos descendentes de Zeus,/ darás a luz ao negro Epafo, que
colherá/ quanto o Nilo de larga correnteza irrigar a terra” {Prometeu
acorrentado, 846-853). In: Esquilo. Prometeu acorrentado. Edição
bilíngue. Tradução e notas de Maria Aparecida de Oliveira Silva. Prefácio
de Orlando Luiz de Araújo. São Paulo: Martin Claret, 2019.

Notas
311 Ao discorre sobre a ilha de Quêmis, Heródoto nos apresenta algumas
dessas divindades egípcias e seus equivalentes helenos: “Portanto, esse
santuário [de Leto], dentre as coisas que me foram visíveis sobre esse
templo, e o que existe de mais maravilhoso; em segundo lugar, está a
chamada Ilha Quêmis. Ela está localizada em um lago profundo e largo,
ao lado do templo existente na cidade de Buto; e dito pelos egípcios que
essa ilha tem a característica de viajar pela água. Eu próprio, pelo menos,
não a vi navegando nem se movendo; e fico atônito quando ouço isso, se
é verdade que uma ilha é efetivamente capaz de viajar pela água. Então, de
fato, nesse mesmo lugar, foi construído um grande santuário de Apoio
e três altares, no qual nascem numerosas palmeiras, outras espécies de
árvores, algumas frutíferas e muitas sem frutos. E os egípcios traçam
conexão com a seguinte história para dizer que essa ilha viaja pela água:
que essa ilha, no princípio, não era flutuante, quando Leto, que estava
entre os oito deuses que se originaram primeiro, habitava na cidade de
Buto, onde de fato está esse oráculo, e recebeu Apoio das mãos de Isis,
para que ela o protegesse, e, para mantê-lo são e salvo, ela o escondeu
nessa ilha que, hoje, e chamada flutuante, quando Tífon chegou lá,
depois de tê-lo procurado por toda a terra, querendo encontrar o filho
de Osíris (eles dizem que Apoio e Artemis são filhos de Dioniso e de ísis,
e que Leto foi a nutriz deles e sua salvadora; e, para os egípcios, Apoio e
Hórus; Deméter e Isis; e Artemis e Bubástis. A partir dessa história e de
nenhuma outra, Esquilo, filho de Euforíon, retirou o tema da história
que conto; de fato, somente ele dentre os poetas anteriores, pois ele
compôs Artemis como filha de Deméter); e a ilha tornou-se flutuante
por causa disso.” {Histórias, 2.156). In: Heródoto. Histórias. Livro II -
Euterpe, op. eit.
312 Historiador atenienses, séculos IV-III a.C., escreveu uma obra intitulada
Retornos e um livro sobre Alexandre, o Grande, das quais somente nos
restaram fragmentos.
313 Filho de lápeto, um Titã, e de Ásia, filha de Oceano, Prometeu é primo
de Zeus. O mito de Prometeu é contado por Hesiodo na Teogonia, por
Apolodoro m Biblioteca e por Esquilo em Prometeu acorrentado.

314 Sobre a constelação de Leão, Plutarco registra que: “Quanto ao leão,


associam-no ao Sol, pois apenas ele, de entre os quadrúpedes munidos
de garras, gera crias que conseguem ver à nascença, dorme por um curto
espaço de tempo e os seus olhos brilham mesmo durante o sono. E fontes

220 Maria Aparecida de Oliveira Silva


lançam jorros de água por boca de leão, uma vez que o Nilo aporta água
nova aos campos egípcios quando o Sol se cruza com a constelação do
Leão” (Assuntos de banquetes, 760C), tradução de José Luís Brandão. In:
Plutarco. Obras morais. No banquete - I. Livros I-IV. op. cit. Também
encontramos referências a essa constelação em Plínio, História natural,
5.9.57.
315 26 de agosto é a data estipulada para esse transbordamento.

316 Árato, Fenomenologia, 151.

317 ώρα (hora'), note aproximidade com o nome de Hórus. ώρα(ύθΛζζ) significa
‫ יי״‬.
ÍCestaçao

318 Filha do Titã Urano e da Titânide Febe, portanto, pertence à primeira


geração divina. Leto é mãe de Apoio e de Artemis, os quais teve com
Zeus. O nome egípcio de Leto é Outit, era a deusa principal de Buto, que
significava “o lugar de Outit”.

319 Τελευτή (Teleute), que significa “Fim”.

320 Os ventos etésios sopram em direção do Norte em direção ao Mar


Mediterrâneo, que vem de ετήσιος (etêsios), ou “o que dura um ano”,
porque são ventos anuais.

321 A cheia do rio Nilo já foi objeto de análise de Heródoto, conforme lemos
a seguir: “E o Nilo avança, quando está cheio, não somente sobre o seu
Delta, mas também no que é chamado território líbico e em alguns
lugares do arábico, em uma jornada de dois dias em cada uma das duas
margens, tanto mais ainda que isso, como também menos. Sobre a
natureza do rio, não pude aprender nada, nem dos sacerdotes nem de
qualquer outro. Mas tinha a boa vontade de ser informado por eles,
porque o Nilo transborda e enche, começando a partir dos solstícios
de verão, por cerca de cem dias. Passando esse número de dias, retorna
e deixa sua inundação, de modo a atravessar rasante durante todo o
inverno, ficando assim até quando, outra vez, há os solstícios de verão.
Portanto, nenhum desses egípcios foi capaz de me fazer compreender
isso, quando eu os indaguei sobre qual capacidade o Nilo tinha para ter
sua natureza diferente da dos demais rios. Por querer saber a respeito das
coisas mencionadas, investiguei também por que ele e o único dentre os
rios que não tem brisas soprando dele.”. (Histórias, 2.19). In: Heródoto.
Histórias. Livro II - Euterpe, op. cit. E Heródoto segue expondo outras

Notas 221
teorias sobre a cheia para depois apresentar a sua versão, consultar
capítulos 20 a 25 do Livro II - Euterpe.

322 E o terceiro mês do ano egípcio, equivale a parte dos meses de outubro e
novembro.

323 A representação de Isis como uma vaca também é relatada por Heródoto:
“Portanto, todos os egípcios sacrificam bois puros, os mais vigorosos
e os vitelos, enquanto não lhes é permitido sacrificar as vacas, mas são
oferendas sacrificiais de Isis. Pois a estátua de Isis era de uma figura
feminina com chifres de vaca, conforme os helenos representavam Io,
e todos os egípcios igualmente veneram de modo mais considerável as
vacas de todos os rebanhos. Por causa disso, nenhum homem e nenhuma
mulher do Egito poderíam beijar um homem heleno na boca, nem
utilizar uma faca de um homem heleno, nem espetos de assar, nem
um caldeirão para cozinhar carne, nem comer a carne de um boi puro
cortado com a faca de um heleno. Eles enterram os gados mortos do
seguinte modo: atiram as vacas no rio e os bois são enterrados, cada um
dos subúrbios os tem nele, e um dos chifres, ou ambos, e colocado para
fora, em razão de ser um sinal distintivo do lugar.”. {Histórias, 2.41). In:
Heródoto. Histórias. Livro II-Euterpe, op. cit. E sobre as origens da vaca
estar associada à deusa Isis, consultar os capítulos 129 e ss, do Livro II -
Euterpe.
324 Isis é a esposa de seu irmão Osíris, mãe de Hórus, o Deus dos Céus. A
deusa é considerada a mãe dos deuses e a divindade relacionada à magia.
A representação mais recorrente de Isis é a de uma vaca segurando o
símbolo da Lua, por isso esse animal é consagrado a deusa. Outro aspecto
interessante dessa divindade é que, ao contrário das demais divindades
egípcias, Isis não tinha um local específico para o seu culto, além de ter
alcançado prestígio entre os antigos helenos e os romanos.

325 Consultar o parágrafo 352B.

326 Os sacerdotes acreditavam que, ao verter água no cofre, poderíam


encontrar Osíris nas águas do Rio Nilo.

327 Acreditava-se que o Egito tivesse sido mar, essa afirmação tem a seguinte
explicação em Heródoto: “Existe, no território da Arábia, não longe
do Egito, um golfo marítimo que se estende do chamado Mar Eritreu,
tão longo e estreito como irei expor, começando pela extensão de sua
navegação: para completar a navegação da sua parte mais baixa até o

222 Maria Aparecida de Oliveira Silva


vasto mar, são consumidos quarenta dias, com a utilização de remos; sua
largura, onde o golfo é mais largo, e de meio dia de navegação; e todo
dia se origina nele um transbordamento e um refluxo do mar. Penso
que, um dia, o Egito também foi um outro golfo dessa natureza; um
era o golfo do Mar do Norte, que se estendia sobre a Etiópia, e o outro
era o Arábico, sobre o qual vou falar, que se estendia do Mar do Sul em
direção à Síria; as entradas dos seus golfos quase se uniam uma com a
outra, pouco faltando para que ultrapassassem seu território. Se, então,
o Nilo quisesse reverter o curso de sua corrente para o Golfo Arábico, o
que o teria impedido de amontoar terra dentro de tal corrente por vinte
mil anos? Pois eu suponho que certamente ele poderia amontoar sua
terra dentro da sua corrente em dez mil anos. Onde, de fato, no tempo
passado, antes de eu ter nascido, um golfo ainda muito maior poderia
ser amontoado de terra por um rio tão grande e tão ativo? Quanto aos
assuntos relativos ao Egito, então, há os que dizem isso e também eu
mesmo estou convencido e penso que seguramente foi assim, porque
vi que o Egito se projeta, tomando a terra, revelando conchas nas
montanhas e mostrando a salinidade na sua superfície brilhante, de
modo também a danificar as pirâmides, e a única montanha arenosa do
Egito é essa que está localizada acima de Mênfis”. (Histórias, 2.11-12).
In: Heródoto. Histórias. Livro II - Euterpe, op. eit.

328 Pequena ilha situada no litoral do Egito, que estava localizada do lado
oposto de Alexandria.

329 Nome da deusa Perséfone antes de desposar Hades.

330 Deus do Caos, Seth está associado à morte, à seca, à terra vermelha. Seth é
oposto de seu irmão Osíris.

331 Plutarco relaciona Hermes à Lua e à deusa Perséfone em seu tratado Da


face visível da Lua, 943B.
332 Consultar parágrafos 371A e 373D.

333 Os números planos são aqueles que resultam da multiplicação de dois


números, já os planos quadrados são o produto da multiplicação de
si mesmo, quatro vezes quatro são dezesseis, por exemplo. Os planos
retângulos resultam da multiplicação de números diferentes.

334 Ilha no Rio Nilo, ao sul do seu território, cujo nome deriva da língua
helena, que significa “cidade dos elefantes”. A respeito de sua localização,

Notas 223
Heródoto conta que: “De Heliópolis até Tebas, são nove dias de
navegação, e a distância e de oitocentos e sessenta estádios, sendo oitenta
e um cordéis. Esses estádios, somados, resultam no tamanho total da
extensão do Egito; e a parte do litoral, que já foi demonstrada por mim
antes, e de três mil e seiscentos estádios; quanto a que se situa do mar em
direção ao interior do território até Tebas, faço saber: pois são seis mil,
cento e vinte estádios; e a parte que vai de Tebas até a chamada cidade
Elefantina, corresponde a um mil e oitocentos estádios.”. {Histórias,
2.9). In: Heródoto. Histórias. Livro II- Euterpe, op. eit.

335 Cidade situada do lado leste do Delta do Rio Nilo. Está associada ao
culto de Osíris. Há ainda a relação entre o nome da cidade com um deus
homônimo que representava a preservação da natureza.

336 Localizada na região Leste do Delta do Nilo.

337 Mês equivalente a 25 de fevereiro a 27 de março.

338 Platão também atribui esse poder de inseminar e de gerar da Lua por sua
condição hermafrodita (O banquete, 190b).

339 Pequena lacuna no manuscrito.


340 Hécate é uma deusa aparentada de Artemis, pois também caçava e regia os
partos, de origem Trácia. Entre os atenienses, era cultuada como deusa
do lar.

341 No original: κύων {kyõri) participio presente do verbo κύω Qtyo), que
significa “conceber”. Note a proximidade do verbo usado com o
substantivo κύων {kyõri), que significa “cão”.

342 Plutarco grafa κυνός {kynós), que é o genitivo singular de κύων {kyõri) que
significa “cão”.

343 Filho de Ciro, Cambises foi rei da Pérsia entre 530 e 522 a.C. e tornou-
se notável por ter conquistado o Egito. Heródoto relata que, depois da
conquista do Egito, Cambises começou a demonstrar insanidade mental,
o que os egípcios consideraram um castigo divino pelos atos impiedosos
contra a sua religião. Além disso, mandou matar seu irmão Esmérdis por
medo de ser destronado por ele. No entanto, o seu ardil não funcionou
porque um mago ocupou o seu lugar, fingindo ser seu irmão, e, quando
Cambises foi combatê-lo para reaver seu poder, morreu ferido na coxa
em seu retorno à Pérsia.

224 Maria Aparecida de Oliveira Silva


344 Consultar as notas do parágrafo 355C.

345 τάς του παντός άρχάς (las tou pantòs arkbàs) também pode ser traduzido
como “as origens do todo” ou “do mundo”.

346 Democrito de Abdera, cidade localizada na Trácia, filósofo Pré-socrático,


século V a.C. Discípulo de Leucipo, desenvolveu a teoria do atomismo.

347 Natural de Samos, 341-270 a.C., o filósofo também foi influenciado pela
teoria atomista de Democrito de Abdera.

348 Fr. 27 Diels-Kranz. Plutarco repete este fragmento em Da tranquilidade


da alma, 473F.
349 Tragediógrafo nascido em Salamina,485-407a.C., o preferido de Plutarco,
sendo o mais citado dentre os tragediógrafos antigos.

350 Euripides. Eolo, peça perdida, fr. 21 Nauck.

351 Um paralelo construído a partir da imagem de Zeus que Homero


apresenta ΤΆΐΙίαάα, 24.523-534, em que mostra o deus mesclando bens
aos males e os distribuindo aos mortais.

352 Ζωροάστρης (Zoroastres} é o nome grego para Zaratustra, o grande mago


ou profeta nascido na Pérsia.

353 Ώρομάζης (1 lõromázes) é nome heleno pxnAhura Mazda, que significa


“Senhor” e “Sábio”.

354 Αρειμάνιος (Areimánios) é o nome heleno para Angra Mayniu, que


significa “Espírito do mal”.

355 Deus do Sol ou Deus Solar, na mitologia persa, Mitra rege o Sol, a
sabedoria e a guerra.

356 Que significa “Mediador”.

357 Ο όμωμι ou amomo é uma planta aromática da Pérsia.

358 Conforme o testemunho de Heródoto, os magos podiam matar diversas


espécies de animais: “E os magos em muito se distinguem dos demais
homens e dos sacerdotes do Egito; pois eles consideram um ato de
pureza não matar nenhum ser vivo, a não ser os que são oferendas para
sacrifícios. Os magos matam todos com suas próprias mãos, exceto cães
e homens, igualmente formigas, cobras e demais rastejantes e voadores.”
(Histórias, 1.140). In: Heródoto. Histórias. Livro I - Clio. Op. eit.

Notas
359 Pequena lacuna do manuscrito.

360 Plutarco se inspira em nomes e conceitos apresentados por Platão em seus


diálogos Protagoras e Fédon, em especial, 320d e 113a respectivamente.

361 Historiador nascido na ilha de Quios, 377-320 a.C., foi discípulo de


Isócrates em Atenas. Compôs Helênicas e Filípicas, obras das quais só
nos restaram fragmentos.

362 O ciclo era de doze mil anos, dividido em quatro períodos de três mil
anos cada. No primeiro período, Horomazes e Arimânio criam; no
segundo, Horomazes reina sozinho; no terceiro, Arimânio se sobrepõem
a Horomazes e passa a reinar e no quarto período, há o combate entre os
dois deuses, com a prevalência de Horomazes.

363 Diodoro Siculo afirma que os caldeus são os mais antigos babilônios, que
têm uma casta de sacerdotes semelhante à dos egípcios, que aprendem
filosofia e astrologia. Por ser um posto transmitido de pai para filho,
os ensinamentos do sacerdócio sâo-lhes ensinados já na infância. Os
caldeus conheciam cinco planetas: Saturno, Marte, Vênus, Mercúrio e
Júpiter. Estes planetas eram chamados de intérpretes, pois os sacerdotes
obtinham predições a partir de seu movimento no céu {Biblioteca
histórica, 2.30, 1-6). Plutarco nos fala em sete planetas, certamente, por
acrescentar o Sol e a Lua a esta conta.

364 Hesiodo versifica que Harmonia é filha de Afrodite e Ares na Teogonia,


937. Também Apolodoro em sua Biblioteca, 3.4,2.

365 Heráclito, fr. 22B Diels

366 Uma paráfrase de Homero, Iliada, XVIII, 107.

367 Paráfrase do escrito por Heráclito, dos fragmentos 22 a 80 Diels.

368 Κλώθες {Klôthes) eram as Fiandeiras, divindades que fiam a trama da vida
humana, as deusas do destino.

369 Δίκη (Dike), ou Dice, era a personificação da Justiça.

370 Epítetos encontrados nos fragmentos de Empédocles, 17,31B e 122Diels.

371 Aristóteles nos fala da “tábua dos opostos” sugerida pela filosofia
pitagórica em sua Foví Metafísica, 985b e ss.

372 Nascido em Clazomenas, 500-428 a.C., filósofo que estudou em Atenas

226 Maria Aparecida de Oliveira Silva


e lá permaneceu até ser condenado à morte por impiedade, quando se
exilou em Lâmpsaco, onde provavelmente fundou sua escola.

373 Anaxágoras, fr. 59D Diels.

374 Nasceu em Estagira, na Calcídia, 384-322 a.C., fundador da Escola


Peripatetica em Atenas, tendo antes sido discípulo de Platão por
vinte anos. Também se tornou conhecido por ter sido o preceptor de
Alexandre, o Grande.

375 Aristóteles, Metafísica, 986a e ss.

376 Platão, Timeu, 35a.

377 Platão, Leis, 896 e ss.

378 A palavra grega θεολογία (theologia') deriva de θεολογεΐον (theologeion), que


era um lugar do palco destinado à aparição e manifestação dos deuses
por meio da palavra, daí θεολογία (theologia) ser a ciência das coisas
divinas. Sob essa perspectiva, a nosso ver, Plutarco nos apresenta uma
teologia grega que não é uma ciência da interpretação da manifestação
ou da palavra divina, mas é a própria palavra divina, como vimos no
primeiro parágrafo, é um conhecimento que o deus nos permite ter, mas
na medida da sua vontade; enfim, conhecemos o que o deus nos permite
conhecer.

379 Consultar 367D e 376A-B para mais informações sobre o nome Seth.

380 Entre os egípcios era chamado de Baba (Babawy oixBaby).

381 ò ποτάμιος ίππος (ho potámios hyppos), ou cavalo do rio é o animal que
chamamos hipopótamo.

382 Ou Hermópolis, foi a maior cidade do Alto Egito.

383 Ou hipopótamo, para mais informações consultar os parágrafos 363F e


364A.

384 Quinto mês do ano egípcio, 2 de janeiro a 1 de fevereiro.

385 Consultar parágrafo 357D.

386 Ou Apolinópolis, estava localiza a Leste da margem do Nilo.

387 Heródoto registrou as características de um crocodilo e a sua relação com


parte do povo egípcio neste relato: “De fato, uns entre os egípcios são
sagrados, como os crocodilos, enquanto outros não, ao contrário, eles

Notas
os tratam como inimigos. Os habitantes na região ao redor de Tebas
e do Lago Méris consideram que eles são muito sagrados. E cada uma
das localidades de todas essas regiões alimenta um crocodilo, porque é
ensinado a ser manso, e colocam em suas orelhas ornamentos pendentes
de pedras lapidadas e de ouro, braceletes em torno das suas quatro
patas, dão-lhe alimentos reservados, oferendas sagradas, tratando-o da
melhor forma possível enquanto estão vivos; quando morrem, eles os
embalsamam e depois os enterram em túmulos sagrados. Os que habitam
em torno da cidade de Elefantina também se alimentam deles, porque
não consideram que eles sejam sagrados. Eles não os chamam crocodilos,
mas kbámpsai-, mas os iônios lhes deram nome de crocodilos, porque
os crocodilos têm sua aparência semelhante a dos lagartos, que existem
nos territórios deles.” {Histórias, 2.69). In: Heródoto. Histórias. Livro
II - Euterpe, op. cit. Ainda temos o registro de Eliano em História dos
animais, 1.21, no qual nos informa que os habitantes de Apolinópolis
chicoteavam e maltratavam os crocodilos antes de matá-los.

388 Homero, Iliada, 7.22.

389 Osíris é representado por gavião ou por um falcão; sobre este, temos o
seguinte relato de Eliano: “Os falcões são muito bons para caçar e não
são inferiores às águias nisso. São por natureza domesticáveis e as aves
mais amigas dos homens, e não são inferiores às águias em tamanho.”
{História dos animais, 2.42). Porfírio conta que os falcões têm o costume
de deixar os olhos dos cadáveres na terra {Da abstinência, 4.9).

390 Ação que denota respeito aos mortos, pois jogar um pouco de terra no
cadáver já lhe conferia a condição de sepulto, como vemos nos versos
sofoclianos em que Antigona desperta a ira de Creonte por ter jogado
um punhado de terra no cadáver de seu irmão Polinices, declarado
inimigo de Tebas pelo tirano; consultar Sófocles, Antigona, 450-470.

391 Nas representações de Osíris conhecidas hoje, o deus aparece trajando


vestimentas brancas.

392 Discussão semelhante nos é apresentada por Platão, República, 507-509.

393 Consultar também o parágrafo 372E.

394 Décimo primeiro mês do calendário egípcio, equivale a junho-julho,


época do solstício de verão.

395 Consultar também os parágrafos 373D-E.

228 Maria Aparecida de Oliveira Silva


39G Segundo mês do calendário egípcio que equivale a setembro e outubro.
Ver também parágrafo 362F.

397 A cheia do rio Nilo começava no solstício de verão.

398 Para os humanos, Osíris solar na terra equivale ao que o Sol é no céu.

399 Não dispomos de mais informações sobre essa obra.

400 Consultar parágrafo 385E.

401 Dos parágrafos 378F a 384C.

402 Diodoro Siculo registra a associação feita entre o Sol e a Lua e Osíris e
Isis, contando-nos o seguinte: “Os homens, conforme o costume
egípcio dos homens que nasceram antigamente, observando o cosmo,
alegraram-se e se maravilharam com a natureza do universo, e supuseram
que existiam dois deuses eternos e primeiro, o Sol e a Lua, dos quais,
um chamaram Osíris e a outra, Isis, que receberam esses nomes por um
tipo de etimologia. Interpretados pelo dialeto helênico, Osíris é o “de
muitos olhos”, pois lança seus raios por toda parte, olha toda a terra e
o mar.” {Biblioteca histórica, 1.11.1-2). Interessante notar que o epíteto
πολυόφθαλρ,ος (polyóphtalmos) “de muitos olhos” usado por Diodoro
Siculo é o mesmo usado por Homero em diversos versos de suas
composições. Encontramos narrativa semelhante em Diogenes Laércio,
Vidas e doutrinas dosfilósofos ilustres, 1.10.
403 Embora Plutarco afirme que seja a Osíris, Sírio é a estrela mais brilhante
da Constelação do Cão, ou de Órion, e está associada à deusa ísis. De
acordo com o Suda, os helenos às vezes chamavam o Sol de Sírio.

404 Platão, Timeu, 49a e 51a.

405 Consultar o parágrafo 358D.

406 Plutarco também conta essa relação já no ventre de Reia no parágrafo


356A.

407 Hórus, o Velho, saiu do sono de Nout, que equivale à deusa Reia, antes
mesmo de ser gerado por Isis e Osíris.

408 Trata-se da lira. O mito contado por Plutarco nos lembra episódios
contidos em Hino homérico a Hermes, conforme lemos a seguir:
“Nascido ao alvorecer, ao meio-dia tocava citara/ e ao entardecer furtou
bois do arqueiro Apoio./ No quarto dia da primeira parte, Maia augusta

Notas
o pariu./ E tão logo saltou do seio imortal da mãe,/ não ficou muito
tempo em repouso no sagrado berço;/ mas, num salto, saiu em busca
dos bois de Apoio,/ transpondo a soleira da gruta de elevado teto./ Ao
encontrar aí uma tartaruga, conseguiu imensa prosperidade:/ Hermes
foi o primeiro a fazer da tartaruga um cantor. (b.Hom. 4: A Hermes, 17-
25), tradução de Maria Celeste Consolin Dezotti. In: Hinos homéricos.
op.cit.
409 Platão, Timeu, 50c-d.

410 Platão, República, 546b.

411 O número três é considerado perfeito por representar o início, o meio e o


fim.

412 τά πάντα (tàpánta') que é “o todo” ou o “universo”.

413 πέντε (pinte) que é o número cinco.

414 Plutarco desenvolve raciocínio semelhante em seu tratado Do declínio dos


oráculos, 429D.
415 Mnw, em língua egípcia, é retratado com um pênis ereto namão esquerda,
com o braço direito erguido e segurando um mangual, era considerado o
deus da reprodução. Min foi assimilado pelos helenos como Pan.

416 Mut era casada com Ámon, era a deusa-falcão de Tebas, representada em
um vestido vermelho, com uma serpente na fronte.

417 Platão, Timeu, 52d-53a.

418 Plutarco se refere aos seguintes versos: “Sim bem primeiro nasceu Caos,
depois também/ Terra de amplo seio, de todos sede irresvalável sempre,/
dos imortais que têm a cabeça do Olimpo nevado,/ e Tártaro nevoento
no fundo do chão de amplas vias,/ e Eros: o mais belo entre Deuses
imortais,/ solta-membros, dos Deuses todos e dos homens todos/
ele doma no peito o espírito prudente vontade. (Teogonia, 116-122),
tradução deJaaTorrano. In: Hesiodo. Teogonia. Op. cit.

419 Caos é a personificação do Vazio primordial, quando nada havia.

420 Geia é a personificação da Terra, elemento primordial de que descendem


as raças divinas; ela as concebeu sem o auxílio de qualquer elemento
masculino.

3| 230 Maria Aparecida de Oliveira Silva


421 Elemento primordial da Cosmogonia, o Tártaro é a região mais profunda
do mundo, que os helenos acreditavam estar situada abaixo do Hades.
Eles acreditavam, também, que a distância entre o Hades e o Tártaro
era a mesma que havia entre Urano (personificação do Céu) e Geia
(personificação da Terra).

422 Deus do amor, considerado primordial, gerado junto com Geia a partir do
Caos; ler Hesiodo, Teogonia, 120-122. Há ainda a tradição poética que o
associa a Hermes e Afrodite, sendo o resultado da união entre eles.

423 Platão, O banquete, 203b e ss.

424 A personificação da Pobreza, como Poro, não aparece em outra narrativa


mítica além do diálogo platônico O banquete.

425 Personificação do Recurso, ou Abundância, filho de Métis, pai de Eros,

426 άειγενής (aeigenês) também pode ser lido como “sempre-vivo” no sentido
de que está sempre alimentando o seu princípio, que é o da geração, ou
seja, sempre se gerando ou renascendo.

427 Consultar Aristóteles, Da alma, 429a.

428 Plutarco mantém o princípio pitagórico de que a mulher produzia


esperma, o que podemos ver também em seu tratado Assuntos de
banquetes, 651C, onde afirma que esse não tem nenhuma capacidade
para fecundar e procriar.

429 Subentende-se Osíris, embora as passagens que Plutarco se refere não se


encontram nas obras remanescentes desses autores.

430 As citações de Plutarco feitas a Platão e Aristóteles não encontram


correspondência nas obras por nós conhecidas.

431 ϊεσθαι, que significa “adiantar-se”, “lança-se”.

432 επιστήμη (epistême), que traduzimos por “conhecimento”.

433 Φέρεσθαι, que significa “mover-se”.

434 οί θεοί (boitbeoí), que significa “os deuses”; é o plural de ò θεός (ho tbeós),
o deus .

435 Θεατός, que significa “o que se contempla” ou “contemplado”.

436 Participio do verbo θέω (théõ), que significa “o que corre” ou “corredor”.

Notas
437 κίνησις (kinesis) significa “movimento”.

438 Sobre como os helenos deram nomes aos seus deuses, temos o seguinte
relato de Heródoto: “E os pelasgos primeiro sacrificavam tudo depois de
fazerem preces aos deuses, como eu sei, por ter ouvido, em Dodona, mas
não faziam referência a nenhum epíteto nem nome a nenhum dos deuses;
pois jamais tinham ouvido falar de algum deles. Porque eles atribuíam
os nomes dos seus deuses a partir daquilo que lhes era estabelecido pela
ordem natural das coisas, por isso eles obtiveram todos os seus costumes
e todos os seus assuntos. Depois de transcorrido muito tempo, eles
souberam os nomes dos outros deuses que vieram do Egito, mas eles
souberam do de Dioniso muito mais tarde; e depois desse tempo, eles
foram consultar o oráculo a respeito desses nomes em Dodoma; pois, de
fato, esse local de respostas oraculares era considerado o mais antigo dos
oráculos na Hélade, também era o único desse período. Então, depois
de os pelasgos terem consultado os oráculos em Dodona, para saber se
eles deveríam adotar os nomes vindos dos bárbaros, a resposta oracular
proferida foi para que eles os adotassem. De fato, depois dessa época,
eles fizeram sacrifícios utilizando os nomes desses deuses; os helenos os
receberam mais tarde dos pelasgos.”. (Histórias, 2.52). In: Heródoto.
Histórias. Livro II - Euterpe, op. eit.
439 Plutarco tem como base a seguinte etimologia discutida em Platão, mas se
referindo ao nome da deusa Héstia, consultar: Crátilo, 401c.

440 νόησις (nóêsis), que significa “inteligência”.

441 φρόνησις (phrónêsis), que significa “sabedoria”.

442 Platão, Crátilo, 411b.

443 Platão, Crátilo, 412a.

444 κακία (kakía) ou “vício”.

445 απορία (aporia) ou “dificuldade”.

446 δειλία (deilia) ou “covardia”.

447 à.‫־‬v'\a.(ania)<0x!L “aflição”. Para todos esses termos, consultar: Platão, Crátilo,
415b.

448 όσιος (hósios) ou “piedoso”.

449 ιερός (hierós) ou “sagrado”.

232 Maria Aparecida de Oliveira Silva


450 ιερά, (hierá) que traduzimos como “sagradas”.

451 όσια (hósia) ou “piedosas”.

452 Deus egípcio-romano que representava o sincretismo religioso dos


períodos helenístico e romano, pois resultava da combinação do deus
heleno Hermes com o deus egípcio Anúbis. Hermanúbis estava
relacionado à arte e à literatura.

453 γλώσσα (glôssa) ou γλώττα (glôttaf neste contexto, significa “palavra


estrangeira” que, de modo técnico, a Linguística denomina “empréstimo
linguístico”. Em nossa língua temos a palavra “glosa”, que significa
“variação”. Com relação a esse tema, Aristóteles comenta: “Mas tem
qualidades nobres e ainda está distante do que é vulgar a poesia que
utiliza vocábulos insólitos; digo que é insólito o que é um empréstimo
linguístico, uma metáfora, um alongamento e tudo que esteja fora do
uso corrente. Mas se alguém compuser com todos esses vocábulos, ou
será um enigma ou um barbarismo; então, se for a partir de metáforas,
um enigma e, se for a partir de empréstimos linguísticos, um barbarismo.
Pois esta é uma particularidade do que é enigmático: falar sobre coisas
já existentes fazendo combinações impossíveis; então, conforme a
composição dos demais vocábulos, não é possível fazer isso, mas isso é
viável pela composição de metáforas, por exemplo, vi um hom em colando
com fogo bronzeo sobre um homem, e as expressões que são da mesma
natureza. E o que vem de empréstimos linguísticos é barbarismo.” {Da
artepoética, 1458a30-1458b.5). In: Aristóteles. Da artepoética, op. cit.
454 Nesses escritos compostos por dezessete tratados, um conjunto
diversificado em seus temas e gêneros, teve sua maioria composta por
diálogos entre egípcios e helenos, neles Hermes está associado ao deus
egípcio Toth, conforme nos informa Platão em seu diálogo Filebo, 18b.
Associação entre os deuses está no seu domínio da palavra, Hermes é o
mensageiro de Zeus; segundo Platão, Fedro, 274c-d, Sócrates conta que
ouviu em Náucratis que a íbis era a ave que dedicavam ao deus Toth,
pois ele foi quem instituiu os números, o cálculo, a geometria, a dama
e os dados, e Sócrates destaca que o mais importante dos seus inventos
foram as letras.

455 Lacuna do manuscrito.

456 Sótis ou a estrela de Isis aparecia durante a cheia do Rio Nilo.

Notas 233
457 κύησις (kyêsis), que é a “concepção” ou “gravidez”.

458 ‫׳‬rò κύειν (tò kyein), que é o verbo “engravidar”.

459 κύων (kyõn), que significa “cão”.

460 Atena tem seu equivalente egípcio em Neith, deusa da caça e da guerra,
também era inventora.

461 Trata-se do dito por Mâneton em 367D e 371B-C.

462 Consultar os parágrafos

463 Não dispomos de mais informações sobre esse deus.

464 Nome dado ao ímã.

465 Plutarco reproduz a imagem do ferro sendo atraído e arrastado por um


ímã.

466 ‫׳‬rò σεΐστρον (tò seistron), ou sistro, era um instrumento musical de


percussão usado nas festas de Isis, no Egito, e muito difundido entre os
romanos, conforme Apuleio, Asno de ouro, 11.4.

467 σείεσθαι (seiestbaí), note-se que Plutarco destaca a semelhança entre esses
dois radicais.

468 Referência à deusa-gato Bastet, divindade solar e deusa da fertilidade,


representada com a cabeça de gato, a deusa também carrega um sistro
em sua mão direita. A deusa era cultuada em Bubástis, cidade do Antigo
Egito localizada no Delta do Rio Nilo, famosa não somente pelo seu
culto a deusa gato Bastet, mas também por seu grande cemitério de gatos.
Heródoto a associa à deusa Artemis: “os egípcios não celebram uma festa
nacional uma única vez ao ano, mas estão reunidos frequentemente para
uma festa nacional. A principal e mais cheia de ardor ocorre na cidade
de Bubástis, em honra de Artemis.”. (Histórias, 2.59). In: Heródoto.
Histórias. Livro II - Euterpe, op. cit.
469 Diodoro Siculo relata: “Pois, primeiro parou o hábito de comer uns
aos outros, depois de Isis descobrir o fruto do trigo e da cevada, que
cresciam espontaneamente no seu território junto com o pasto que eram
desconhecidos pelos homens, e Osíris também inventou o cultivo desses
frutos e porque pensava que todos mudariam sua alimentação com
prazer” (Biblioteca histórica, 1.14.1). Heródoto nos relata uma situação
em que a antropofagia se manifestava: “E os seus soldados onde tivessem

3| 234 Maria Aparecida de Oliveira Silva


algo da terra o pegavam, e sobreviviam comendo capim; mas, quando
chegaram ao deserto de areia, alguns deles cometeram uma ação terrível;
depois de realizarem um sorteio entre eles mesmos, um único dentre cada
dez homens, eles o devoravam. Quando Cambises foi informado sobre
o ocorrido, temendo que eles comessem uns aos outros, abandonou a
sua expedição contra a Etiópia e marchou de volta. E depois de ter feito
a travessia de Tebas a Mênfis, liberou os helenos para que zarpassem.”.
{Histórias, 3.25). In: Heródoto. Histórias. Livro III- Talia, op. cit.
470 Dia 3 de outubro.

471 Festa realizada no mês farmouti, de 27 de março a 25 de abril.

472 Plutarco nos deixa claro a sua percepção de que os deuses não são
propriedade de um determinado povo, pois entende que os deuses
pertencem ao todo, ao mundo ou universo, por isso comuns a todos.

473 Cleantes de Assos, 330 a232 a.C., filósofo estoico que sucedeu a Zenão na
Escola Estoica de Atenas.

474 Desconhecemos a obra.

475 Embora usemos o termo para nos referirmos a um tipo de verso comum
na Hélade, ο σπονδείον {spondeion), ou espondeu, também era o nome
dado a uma tigela usada em ritos sagrados para fazer libações e ainda a
um vaso para o espargimento de poções medicinais em seus pacientes.

476 Note a construção imagética plutarquiana que associa o supersticioso à de


Sísifo, um Titã que desafiou Zeus e foi condenado a eternamente subir
um desfiladeiro rolando uma pedra, depois a via retornar ao seu local de
origem e assim retornava ao seu ponto de partida. Plutarco mostra que
o trabalho e os sacrifícios em torno de crenças supersticiosas são inúteis,
não atingem o seu objetivo, pois derivam de impulsos irracionais.

477 Teodoro de Cirene, na Líbia, século IV-V a.C., filósofo discípulo de


Aristipo. Plutarco afirma que Teodoro era conhecido como: o sem deus
{Da tranquilidade da alma, 467B) e Diogenes Laércio o descreve como
um homem de caráter licencioso e desregrado (Vidas e doutrinas dos
filósofos ilustres, 2.99).
478 Festa realizada no dia dezenove do mês toth, que equivale a 16 de
setembro.

479 Sobre essa definição, consultar o parágrafo 377B.

Notas 235
480 Consultar os parágrafos 358D e 377C.

481 Mês equivalente a 25 de julho a 23 de agosto.

482 Que significa “árvore” em língua egípcia.

483 Plutarco se refere ao Santuário de Apoio em Delfos, onde servia como


sacerdote do deus.

484 Ο Ίσεΐον (Iseion) era um templo dedicado à deusa Isis.

485 Ritos relacionados à fertilidade da terra e das mulheres, características que


se identificam com o contexto feminino, por isso somente as mulheres
participavam destas festividades; as celebrações mais conhecidas são as
Tesmofórias. As principais informações que temos sobre as Tesmofórias
são oriundas da peça de Aristófanes, que foi representada em Atenas
entre 411 e 410 a.C. como Tesmoforiantes, ou ainda, As mulheres que
celebram as Tesmofórias. As Tesmofórias são uma festa exclusiva para
mulheres, realizada em honra à deusa Deméter. Estima-se que ela se
realizasse no mês de outubro, que rege a fertilidade dos campos. Era,
portanto, uma celebração agrícola, para que as colheitas futuras fossem
propícias. Atenas era o seu local principal, mas não o único. Diversas
regiões celebravam as Tesmofórias; mas não dispomos de detalhes sobre
como elas eram realizadas. Como próprio Heródoto registra: “Portanto,
eu conheço até mais sobre essas representações, como é feita cada uma
delas, mas mantenho meu religioso silêncio. E a respeito do ritual sagrado
de Deméter, o que os helenos chamam Tesmofórias, sobre este também
mantenho meu religioso silêncio, exceto sobre o que for permitido pelos
deuses dizer”. (Histórias, 2.171). In: Heródoto. Histórias. Livro II -
Euterpe, op. eit.
486 Epíteto de Deméter que significa a “Aflita”.

487 Eram as sete filhas do gigante Atlas e de Plêione que se tornaram uma
Constelação de mesmo nome. As Plêiades se chamavam Taígete, Electra,
Alcíone, Astérope, Celeno, Maia e Mérope.

488 O mês de outubro e o início do mês de novembro eram os meses da


semeadura.

489 Diodoro Siculo desenvolve o mesmo raciocínio em Biblioteca histórica,


1.14.1.

490 Cidade localizada na Líbia, foi um grande entreposto comercial por volta

236 Maria Aparecida de Oliveira Silva


de 1.000 a.C., a mais antiga cidade da Liga dos lônios, a τό κοινόν τών
Ίώνων {to koinòn tôn lonõn), literalmente “a comunidade dos iônios”, ou
a Liga dos lônios, era formada pelos iônios do Paniônio, que segundo
Heródoto: “E esses iônios, que são do Paniônio, haviam fundado a
cidade de todos os homens no ponto mais belo do céu e das estações que
conhecemos; pois não é a região do alto, nem de baixo, nem a mesma
que está abaixo na lônia, nem mais para a aurora nem para o ocaso,
pois umas são atormentadas pelo frio e outras pela umidade, e umas
pelo calor e pela estiagem. E esses não compartilham a mesma língua,
mas têm quatro tipos de variações de dialeto. Mileto é a primeira cidade
dentre elas assentada para o sul, depois vêm Miunte e Priene. Estas estão
situadas na Cária e falam o mesmo dialeto entre elas. E as que estão na
Lídia são as seguintes: Efeso, Cólofon, Lêbedo, Teos, Clazomenas e
Foceia; essas cidades falam a mesma língua entre elas, em nada concordam
com o dialeto das que antes foram relacionadas. E, além disso, as três
cidades iônias restantes, dentre as quais, duas situadas em ilhas, Samos
e Quios, e uma assentada na planície, Eritréia; quios e eritreus falam o
mesmo dialeto, os sâmios são os únicos que falam o seu próprio. Essas
sãos as quatro línguas características”. In: Heródoto. {Histórias, 1.142)
Histórias. Livro I- Clio. op. cit. O Paniônio era um santuário central que
também era um local de reunião dos helenos da Liga dos lônios, onde
havia ainda a realização de um festival, as chamadas festas Paniônias.

491 Político ateniense, século IV-III a.C. Pausanias conta que Lácares lutou
contra Demétrio Poliocerces e que foi até as últimas consequências
quando pagou mercenários com o ouro do manto da estátua de Atena,
uma obra-prima de Fídias {Descrição da Hélade, 1.25.7).

492 Trata-se da guerra de Sula contra Mário em 83 a.C. Sobre esse embate,
consultar Tácito, Histórias, 3. 72 e Anais, 6.12, também Plutarco, Vida
de Sula e Vida de Mário.
493 Tragédia desconhecida de Euripides.

494 Encontramos versões semelhantes em Apolodoro, Biblioteca, 1.3 e


Ovídio, Metamorfoses, 5.320-331. Vejamos a de Ovídio: “Conta que
Tifeu, saído das entranhas da terra,/ assustou os habitantes do céu, e que
todos fugiram,/ até que, cansados, os recebeu a região do Egito e o Nilo,/
que se divide em sete embocaduras;/ conta ainda que Tifeu, filho da terra,
foi até lá/ e que os deuses se disfarçaram sob aparências falsas./ ‘Júpiter’,
deiz ela, ‘fez-se passar por pastor de rebanhos. Daí que,/ ainda hoje, o líbio

Notas 237
Amon seja representado com recurvos cornos;/ o deus de Delos mudou-se
num corvo; em bode, o filho de Sêmele;/ a irmã de Fevo, em gata; numa
vaca branca se mudou a Saturnia,/ Venus ocultou-se em pez, o deus de
Cilene, nas penas de ibis.’, in: Ovidio. Metamorfoses. Edição bilíngue.
Tradução, introdução e notas de Domingos Lucas Dias. Apresentação de
João Angelo Oliva Neto. 2“ reimpressão. São Paulo: Editora 34,2021.

495 A percepção de Heródoto sobre as almas difere da de Plutarco, conforme


lemos a seguir: “E os egípcios contam que Deméter e Dioniso governam
os inferos. E os egípcios foram ainda os primeiros que tiveram este
discurso, os que disseram que a alma do homem é imortal, e que, quando
o corpo é destruído, ela entra em outro ser vivo sempre que ele está
sendo gerado; e que percorreu todos os seres vivos, os que são terrenos,
marítimos e alados, ela novamente entra no corpo de um ser humano
quando ele está sendo gerado; e que a sua evolução aconteceria em um
período de três mil anos. E os helenos adotaram esse mesmo discurso, uns
antes e outros depois, como sendo deles próprios; eu mesmo, embora os
conheça, não escrevo os seus nomes.” (Histórias, 2.123). In: Heródoto.
Histórias. Livro II - Euterpe, op. cit. Notamos claramente a influência da
teoria platônica da transmigração das almas, de origem pitagórica, que
Heródoto filia à tradição egípcia.

496 Semelhante relato foi feito por Diodoro Siculo, Biblioteca histórica, 1.86-
90.

497 Sobre esse costume dos egípcios, Diodoro Siculo, Biblioteca histórica,
1.62.4 e Eliano, História dos animais, 6.38.

498 Λυκοπολΐται (fykopolitai) significa os “cidadãos de Lico”, que resulta da


combinação de λύκος (lykos) “lobo” e πολΐται (politai) “cidadãos”.

499 Cidade localizada no Vale do Rio Nilo.

500 Os romanos ocuparam o Egito em 48-47 a.C com César e o anexaram


como província em 31 a.C., após a Batalha do Ácio em que Augusto
derrotou Marco Antônio e Cleopatra.

501 Cidade localizada às margens do Rio Nilo, no Alto Egito.

502 Correspondem a 22 de julho a 23 de agosto.

503 Plutarco se questiona se é verdade ou não que os egípcios sacrificavam


humanos, e com razão, pois Heródoto nos conta que: “Mas os

238 Maria Aparecida de Oliveira Silva


helenos contam muitos e diferentes acontecimentos sem reflexão; uma
história tola deles e esta que contam a respeito de Héracles: depois de
ele ter chegado ao Egito, os egípcios o coroaram e conduziram-no em
procissão, e realizaram sacrifícios para ele como se fossem para Zeus;
e, durante muito tempo, ele ficou tranquilo e, quando começaram a
prepará-lo para levá-lo ao altar, ele voltou sua força contra todos eles e os
massacrou. Portanto, parece-me que os helenos contam essas coisas por
serem completamente ignorantes a respeito da natureza dos egípcios e
dos seus costumes. Pois, entre eles, não se pode sacrificar animais, exceto
porcos, vitelos, bois vigorosos, quantos não sejam puros, e gansos; como
eles poderíam sacrificar seres humanos? E ainda sendo Héracles um só e
ainda um ser humano, como dizem, como seria natural que ele matasse
muitos milhares de homens? E, a respeito desses acontecimentos, nós
dissemos tantas coisas, e que haja benevolência dos deuses e dos heróis.”.
{Histórias, 2.45). In: Heródoto. Histórias. Livro II - Euterpe, op. eit.
Embora tenhamos o seguinte relato de Diodoro Siculo: “Era permitido
realizar sacrifícios com bois de pelagem vermelha por pensarem que
tal cor era a de Tífon, o que conspirou contra Osíris e que recebeu o
castigo de Isis por ter matado o seu esposo. Dizem que os homens de cor
semelhante à de Tífon eram antigamente sacrificados diante do túmulo
de Osíris” {Biblioteca histórica, 1.88.5).

504 Sobre o uso do bode como sacrifício em Mendes, dispomos deste relato
de Heródoto: “De fato, os egípcios para os quais eu perguntei isso não
fazem sacrifícios com cabras nem bodes pelos motivos que se seguem.
Os mendésios contam que Pan está entre os oito deuses, que, segundo
eles dizem, são esses oito deuses que nasceram antes dos doze deuses; os
pintores o retrataram e também os escultores esculpiram estátuas de Pan,
do mesmo modo que os helenos, com rosto de cabra e pernas de bode,
mas de maneira alguma eles consideram que tenha esse aspecto, mas sim
semelhante aos demais deuses; e por qual razão eles o representam desse
modo não me é apropriado dizer. E os mendésios veneram todos os
caprinos, ainda mais os machos que as fêmeas, e entre eles os pastores de
cabras recebem honras maiores; e um único e o mais importante dentre
todos os caprinos, aquele para o qual, depois de morrer, um longo luto
é instituído a toda província mendésia. E, na língua egípcia, chama-
se tanto o bode como Pan de Mendes. Aconteceu nessa província, a
minha época, essa coisa monstruosa: um bode teve relações sexuais
abertamente com uma mulher; isso alcançou notoriedade entre os

Notas 239
homens.” (Histórias, ZAG'). In: Heródoto. Histórias. Livro II - Euterpe,
op. cit. Diodoro Siculo conta que o bode de Mendes estava em um recinto
sagrado, muito bem cuidado por homens ilustres que o alimentam com
farinha e grãos no leite, bolos e pães com mel, carne de pato e aves. Dão-lhe
banhos, depois passam unguentos e perfumes (Biblioteca histórica, 1.84.4-
6). Estrabão nos traz informações semelhantes em Geografia, 17.19.

505 Cidade situada do lado leste do Delta do Rio Nilo. Está associada ao
culto de Osíris. Existe ainda a relação entre o nome da cidade com um
deus homônimo que representava a preservação da natureza. O culto
desse deus é assim descrito por Heródoto: “De fato, aqueles que dedicam
um templo a Zeus Tebano, que são de uma província tebana, esses todos
se mantêm longe das ovelhas e sacrificam as cabras (pois, de fato, todos
os egípcios não veneram os seus deuses do mesmo modo, exceto Isis e
Osíris, então dizem que ele é Dioniso; e que todos os veneram do mesmo
modo); aqueles que possuem um templo de Mendes, ou são da província
mendésia, esses se mantêm longe das cabras e sacrificam as ovelhas.”.
(Histórias, 2.42). In: Heródoto. Histórias. Livro II-Euterpe, op. cit.
506 Ou o “rato do faraó”, era um animal que devorava ovos dos crocodilos,
evitando que eles se proliferassem no Rio Nilo, por isso era venerado no
Egito, conforme o relato de Diodoro Siculo, Biblioteca histórica, 1.87.4-
5, e Eliano, História dos animais, 10.47, acrescentam que também os
ovos das cobras era alvo do icnêumone.
507 Sobre essas serpentes, Plínio nos conta que “Na Ásia, em uma vasta
planície chamada Vila de Píton, onde elas se reúnem e debatem entre
elas e, a que chegar por último, elas a despedaçam e imediatamente se
colocam a caminho. Observou-se que depois de 13 de agosto apenas
são vistas ali. Existem alguns que afirmam que as cegonhas não têm
língua. A morte das serpentes foi muito considerada a ponto de que, na
Tessália, matar uma cegonha era motivo de pena de morte e, segundo as
leis, a pena era a mesma dada a um assassino.” (Plínio, História natural,
10.23.62).

508 Relato idêntico ao que encontramos em Eliano, História dos animais,


15.11.

509 O deus Kepri era representado com a face de um escaravelho e estava


associado ao deus-sol Áton e era o sol nascente. Eliano, História dos
animais, X, 15, traz-nos informações semelhantes às de Plutarco.

240 Maria Aparecida de Oliveira Silva


510 Eraumaserpente que os egípcios chamavam uraeus, que tinha um veneno
cujo antídoto era desconhecido. Eliano nos conta que a áspide era usada
em seus diademas como símbolo de sua invencibilidade {História dos
animais, 10.15).
511 Sobre os crocodilos, temos esta detalhada descrição de Heródoto: “E a
natureza dos crocodilos é a que se segue. Durante os quatro meses mais
invernais, eles não se alimentam de nada. Embora seja um animal com
quatro patas, também é um habitante dos lagos e dos pântanos; põe seus
ovos na terra e os choca; durante todo o dia, passa seu tempo na terra seca
e, durante toda a noite, no rio; pois a água é mais quente que o ar livre e o
orvalho. Dentre todos os seres mortais que nós conhecemos, esse é o que se
torna maior depois de ter sido tão pequeno em sua origem; os seus ovos não
são muito maiores do que os de um ganso quando são postos; e o crocodilo
recém-nascido também nasce do mesmo tamanho do ovo, mas, depois
de crescido, torna-se ainda maior, com dezoito côvados de extensão. E ele
tem os olhos de porco, presas enormes, suas presas salientes são da mesma
extensão do seu corpo. Dentre os animais, ele é o único que não nasceu com
língua; nem move a mandibula inferior, mas também é o único dentre os
animais que aproxima a mandibula superior a inferior. Ainda tem garras
fortes e um couro escamado inquebrável sobre o seu dorso. E é cego dentro
da água, enquanto tem a visão mais aguçada ao ar livre. Como o seu local de
moradia é dentro da água, carrega sanguessugas dentro da sua boca cheia.
Os outros pássaros e animais fogem dele, mas o carricinha e o que fica em
paz com ele, porque é útil para ele; pois quando o crocodilo sai da água para
a terra, logo em seguida abre a sua boca (pois está habituado a fazer isso,
em geral, para respirar o vento do oeste), então o carricinha mergulha na
sua boca e engole as sanguessugas; e, porque ele se torna útil, o crocodilo se
alegra e não prejudica em nada o carricinha. De fato, uns entre os egípcios
são sagrados, como os crocodilos, enquanto outros não, ao contrário, eles
os tratam como inimigos. Os habitantes na região ao redor de Tebas e do
Lago Méris consideram que eles são muito sagrados.”. {Histórias, 2.68-69).
In: Heródoto. Histórias. Livro II - Euterpe, op. cit.

512 Euripides, Troianas, 887-888.

513 “τοΐς περί τά ουράνια πραγρ,ατευο ριένοις”, literalmente: “os que se ocupam
dos fenômenos celestes”.

514 Consultar os parágrafos 355B e 368F. Eliano conta que os cães eram
venerados no Egito e que receberam o nome de uma cidade, Cinópolis,

Notas 241
porque os cães ensinaram o caminho para Isis encontrar as partes de
Osíris {História dos animais, 10.45).

515 Heródoto conta uma história sobre serpentes aladas na Arábia em que a
íbis representa a salvação, como lemos a seguir: “serpente alada voa da
Arábia para o Egito, enquanto os pássaros íbis vêm ao encontro delas
nesse estreito acesso para o seu território, e as serpentes aladas não o
atravessam, ao contrário, elas as massacram. E os árabes dizem que é por
esse feito que a íbis é honrada magnificamente com relação aos egípcios;
e eles concordam ainda com os egípcios sobre as causas de esses pássaros
serem honrados. E a aparência da íbis é esta: ela é toda terrivelmente
negra, e suas pernas tem algo das do grou, o seu bico e acentuadamente
curvado, e seu tamanho e mais ou menos o do cordonizão. De fato,
quando as íbis, que são negras, combatem contra as serpentes, esta e a sua
aparência, enquanto daquelas que se aproximam mais e ficam em torno
dos homens (pois, de fato, existem duas espécies de íbis) a aparência é
a seguinte: sem plumagem na cabeça e no pescoço todo, suas asas são
brancas, exceto a sua cabeça, o seu pescoço, na parte mais alta das suas
asas, na ponta do seu rabo (essas partes, segundo disseram, são todas
terrivelmente negras), e suas pernas e seu bico são semelhantes aos da
outra espécie de íbis. E a forma das serpentes é semelhante à das que são
aquáticas; não têm asas com penas, mas aproximadamente mais similares
às asas dos morcegos.”. (Histórias, 2.75-7G'). In: Heródoto. Histórias.
Livro II - Euterpe, op. eit.
516 O deus Toth era conhecido como a Grande Ibis, por ter sido o inventor
do alfabeto egípcio, a íbis é a primeira letra dele. Eliano em sua História
dos animais, 10.29.3 Clemente de Alexandria, Miscelâneas, 5.7.43)
discorrem sobre a relação entre a íbis e as fases da lua.

517 A maior ilha da Hélade, localizada no Mar Egeu.

518 Nascido em Atenas, 450-430 a.C., filho de Cármides de Atenas, foi o mais
famoso escultor da Antiguidade, e a sua obra mais famosa é a estátua
de Zeus em Olímpia, considerada uma das Sete Maravilhas do mundo
antigo. Sobre o talento do escultor, Plutarco conta que: “Fídias esculpiu
a Afrodite dos eleatas pisando uma tartaruga com o pé, que é um
símbolo do silêncio e do cuidado da casa para as mulheres. Pois a mulher
deve conversar com o seu marido ou por meio do seu marido, não lhe
causando aborrecimento se através de uma língua estrangeira, como
um tocador de flauta, emite um som mais nobre.” (Preceitos conjugais,

242 Maria Aparecida de Oliveira Silva


142D). In: Plutarco. Preceitos conjugais. Tradução, introdução e notas de
Maria Aparecida de Oliveira Silva. São Paulo: Edipro, 2019.

519 Localizada na Península do Peloponeso, sua principal cidade era Pirgo.

520 Filha de Nereu e de Dóris, portanto, uma das Nereides, Anfitrite era a
rainha do Mar, e encantou ao deus Posidon, com quem se casou.

521 Homens com caudas de peixe e tridentes que acompanhavam o cortejo do


deus Posidon.

522 Ou seja: “a nascida da cabeça de Zeus”.

523 Outro epíteto de Atena que, segundo Heródoto, os egípcios “contam


que Atena é filha de Posidon e da deusa do lago Tritônis, porque algo
a descontentava com seu pai, ela foi dada a Zeus, e então Zeus a adotou
como se fosse sua própria filha.” {Histórias, 4.180). In: Heródoto.
Histórias. Livro IV - Melpomene, op. cit. Note-se que Heródoto nos
apresenta outra versão do mito mais conhecido de Atena, que é o de
ser a filha virgem nascida da cabeça de Zeus após seu pai ter engolido a
deusa Metis, grávida de Atena. Quando a deusa estava prestes a nascer,
Zeus pediu a Hefesto que partisse sua cabeça para que lhe desse à luz.
O relato herodotiano encontra eco em Aristófanes, Cavaleiros, 1189,
pois o comediógrafo se refere à deusa como Tritogênia (Τριτογένεια /
Tritogéneiaj, ou a “nascida do lago Tritônis” (Τριτωνίς /Tritonis'),
localizado na Líbia. Embora Hesiodo (Teogonia, 924-926), conte que
Atena nasceu da cabeça de Zeus, ele chama Atena de Τριτογένεια no
verso 895. Portanto, a narrativa herodotiana não apresenta uma versão
desconhecida na Hélade, e ao mesmo tempo nos mostra que a segunda
parte de seu mito permaneceu no imaginário heleno e que a parte em
que a Líbia é citada foi colocada no esquecimento. Por seu caráter
crítico e irreverente, não à toa relembra a origem líbia daquela que é o
símbolo máximo da cidade de Atenas. A nosso ver, o esquecimento da
origem líbia de Atena e parte de um discurso identitário ateniense que
se apropria de símbolos alheios para torná-los autóctones e ícones de um
povo só por um processo pautado em ressignificações e esquecimentos.

524 Plutarco repete este raciocínio em seu tratado Do E de Delfos, 390C.


Platão também discute a etimologia do nome de Apoio em Crátilo, 400e
e ss.

525 Que representa o número dois ou um par.

Notas 243
526 Que representa o número três ou de um trio.

527 κόσυ.ος (kósmos), ou cosmo.

528 Consultar o parágrafo 351C.

529 Heráclito, fr. 22B 41 Diels-Kranz.

530 Apuleio em Asno de ouro, 10.3, conta que, além do vestido multicolorido,
Isis também tinha um manto negro.

531 Platão, Carta VII, 344b.

532 O último estágio da iniciação nos Mistérios de Elêusis.

533 Trata-se de κάλλος (kállos), a “beleza”.

534 Convém lembrar que Plutarco afirma no parágrafo 372E que Isis é o
princípio feminino de toda geração: “Pois Isis é a essência feminina da
natureza e receptora de todo tipo de geração, de tal modo que é chamada
“nutriz” e “a que tudo recebe” por Platão”.

535 A respeito do uso dos incensos entre os egípcios, consultar 372C.

536 Sobre essas práticas, Heródoto faz um longo relato sobre seus hábitos
alimentares, que assim principia: “De fato, dentre os próprios egípcios,
os que habitam no território do Egito, que é semeado, exercitam mais sua
memória do que todos os homens, são os mais conhecedores das lendas
e das histórias de sua pátria, e muito, dentre os que eu fui para sondar.
E o modo de vida que eles adotam e o seguinte: tomam purgativos por
três dias consecutivos de cada mês e procuram alcançar a saúde com
vômitos e líquidos de lavagens, pois consideram que todas as doenças
que ocorrem nos homens são provenientes dos alimentos que comem.
Os egípcios, aliás, são também, depois dos líbios, os mais saudáveis
dentre todos os homens que já foram vistos; parece-me que isso ocorre
em razão de as estações do ano não sofrerem alterações climáticas; uma
vez que as doenças entre os homens acontecem especialmente nas épocas
das mudanças climáticas, dentretodas as outras causas; além disso, as
mudanças das estações do ano são a principal causa.”. {Histórias, 2.77).
In: Heródoto. Histórias. Livro II- Euterpe, op. eit.

537 Eram resinas perfumadas produzidas especialmente na Somália e no sul


da Arábia, muito consumidas no período romano, pois eram usadas
na composição de incensos e perfumes. Esta resina era conhecida como

3| 244 Maria Aparecida de Oliveira Silva


olibanum, feita a partir do extrato de uma árvore da família das Boswellia.
A palavra grega é ρητίνη (rbêtíne) e significa “resina de pinheiro”, o que
não corresponde exatamente ao nome usado pelos latinos olibanum, de
origem somalense ou árabe. Este incenso foi o mesmo ofertado a Jesus
pelos três Reis Magos, estas pequenas pedras ou bolinhas são produzidas
até hoje na Somália, mas também podem ser encontradas no Sudão e na
Etiópia.

538 Natural de Agrigento, Sul da Península Itálica, pertencia à escola de


Alcméon de Crotona.

539 Obra desconhecida de Aristóteles.

540 τό κϋφι (tò kyphi), nome derivado do egípcio k!pl, o cifi era umasubstância
aromática, uma espécie de incenso muito usado entre os egípcios para fins
medicinais. Nesse parágrafo, Plutarco detalha como o cifi era produzido
pelos egípcios a partir do relato de Mâneton, Da preparação dos cifis,
obra que não chegou aos nossos dias, dispomos apenas de um verbete
sobre Mâneton no Suda em que cita essa obra. Sobre o cifi, também
temos algumas anotações nos Papiros mágicos gregos, 4.1313 e 7.538.

541 Arbusto espinhoso da família do acanto.

542 Planta da família do rícino.

543 Conforme o dito por Plutarco em 357E, trata-se do número 16, pois seus
lados sâo 4 + 4 + 4 + 4=16, e sua área 4x4=16.

544 De acordo com lâmblico, Vida de Pitágoras, XXIX, a oniromancia, ou


interpretação dos sonhos, era a melhor forma de se fazer predições.

545 Isso é relatado por Platão, Timeu, 65b e 66d e por Quintiliano, Instituição
oratória, oixDaformação do orador, 10.4.12.
546 Lacuna de 4 letras, em geral, sugerem o uso de 010v (boion) que traduzimos
por “como”.

547 Pindaro, Olímpica, 1.6.

Notas
NDICE

I ONOMÁSTICO

Acrisio 208 Amônio 34


Ácron 173 Anfíctiões 35,36

Adriano 35, 36 Anfíction 36

Afrodite 43, 57, 71, 97,125, 155, Anfitrião 207


159,167,182, 226, 231, 243
Anfitrite 167, 243
Ahura Mazda 353
Angra Mayniu 354
Alcíone 487
Anticleia 189
Alcmena 207
Anticlides 107
Alexandre, o Grande 32, 87,204,
210, 221, 227 Antigono Gônatas 204

Alexarco 107 Antigono Monoftalmo 204

Amásis 207 Antigono 87

Amentes 95,211 Antoninos 40

Ámon 65,113,191, 230, 238 Anúbi 24,73,109,119,145,


198, 233
Apeles 87 Artemis 67,159,182,193,209,
220,221,224,235
Ápis 95,99,101,103,117,119,
139,163,186,194,198,213, Aruéris 69,71,196
215,217
Ásia 183, 313
Apoio 35,36,44,69,71,89,105,
135,145,159,167,193,196, Aso 71
205,218,219,220, 221,230, Astarte 75,199
236,244
Astérope 237
Apolodoro 181,198,221,
226,238 Atena 65,67,101,145,159,181,
182,209,234,238,243,244,
Apópis 219
Atena Corifagene 167
Apuleio 37,208,217,234,244
Atenaida 75
Aquea 155
Ateneu 199,218
Aquiles 24,206
Átiri 139
Árato 221
Átis 204
Ares 97,125,209,212,213,226
Atlas 183
Argo 85
Augusto 239
Argo 208
Autobulo 33,201
Arimânio 121,123,226
Baba 227
Arimos 181
Baco 103,157,218
Aristágoras 59,186
Bastet 234, 235
Aristipo 236
Bebón 127,129,145
Ariston 107
Bócoris 63
Aristóteles 47,127,143,169,
173,187,191,209,227,231, Bubástis 209,220,235
232,233,234,245
Cadmo 207
Arquêmaco 93,209
Calímaco 198
Arsafes 107
Calíope 183
Artaxerxes III 194, 214

248
Cambises 119,194,217, Cnef 83
225, 235
Core 113,155
Cão 83,85,230
Crânao 36
Caos 139,224,231
Creonte 229
Cárites 212,213,218
Creso 204
Cármides de Atenas 243
Crisipo 87
Carmosinas Seri 95
Crono 69,71,89,99,101,
Castor 97,214 119,155,180,182,193,194,
201,205,213,
Catálogo de Lâmprias 37, 38
Dânae 197,208
Celeno 237
Dânaos 181
Cérbero 93,210,218
Dédalo 192
Cilene 183,238
Deméter 194,198,199,208,209,
Cípris 182 210,220,236,237,238
Ciro 87,204,225 Demétrio Poliocerces 238
Clea 9,38,39,40,42, 55, 57,103, Democrito 119,192, 225
179,180,217
Demofonte 199
Cleantes de Assos 235
Deucalião 36
Clemente de Alexandria 183,
188,189,190,215,243 Dice 125,227

Cleantes 151,235 Diceosine 44, 57,183

Cleobulina 212 Dictis 63

Cleômenes 211 Dinon 99,214

Cleopatra 239 Diomedes 206

Clímene 183 Dionísio 280

Clio 183 Dioniso 48,71,89,91,93,95,97,


103,105,107,113,
Clotes 125 149,151,159,179,189,195,
Conúfis de Mênfis 46, 67,192 196,197,207,208,217,218,
219,220,232,238,240

Indice onomástico 249


Diodoro Siculo 186,188,192, Estrabão 188,211,219,240
196,198,200,201,202,203,
211,213,226,229,235,237, Eudoxo 46,61,65,83,97,
239,240,241 133,147,149,187,190,192

Diógenes Laércio 187,191, Euforíon 220


192,204,211,229,236 Eumolpidas 210
Dioquites 81,202 Eurídice 40
Dióscoros 207,212 Euripides 121,159,225,
Driope 197 238,242

Electra 237 Euterpe 183

Eliano 188,190,193,194,197, Evêmero 85


198,212,214,215,228,239, Faloforias 69
241,242,243
Febe 221
Empedocles 91,125,204,
206,227 Fevo 238

Enópides 192 Fídias 167,238,243

Enúfis 46,67 Fila 83,202

Épafo 107,186,208,213, Filarco 95


217,219,220
Geia 139,181,186,194,
Epicuro 119 205,216,231

Equidna 210 Gigantes 87

Érato 183 Guardião da Porta 105

Erinias 180 Hades 79, 93,95,97,123,125,


143,171,194,201,208,210,
Eros 139,206,231 211,223,231
Esmérdis 225 Harmonia 125,226
Espeusipo 205 Haroéris 195
Esquilo 10,81,182,183, Harpocrates 81,151,153
201,220,221
Harshafitou 219
Estéfano de Bizâncio 202
Hathor 13

250
Hécate 119,159,211,224 Hesiodo 59,139,180,183,185,
206,213,215,216,221,226,
Hecateu 61, 65,187 231,244
Hefesto 99,151,186,244 Héstia 97,194,212,213,232
Helânico 103,216 Hierosólimo 99
Heliconias 183 Hiparco 202
Hélio 61,67,69,71,87,97,101, Hipério 195
103.107.131.137.195.209,
215, Homero 17,22, 55, 61, 89,103,
113,125,129,180,181,185,
Hera 97, 99,194,212,213, 189,192,194,205,206,216,
215,220 219,225,227,228,229
Heracles 91, 93,113,115,
Horas 181,213
190,207,208,239
Horomazes 121,123,225,226
Heraclides do Ponto 93
Hórus 10,12,15,16,17,18,24,
Heráclito 41, 93,121,125, 25,26,27,28,29,44,69,71,
169,210,227,244 77,79,81,83,85,109,111,
Hermanúbis 145,233 113,117,129,131,133,135,
137,139,141,145,181,195,
Hermes 44, 57,129,145, 196,220,221,222,230,280
153,183,197,207,224,230,
231,233,234 Hosios 105

Hermen 107,117 lâmblico 185,246

Hermódoto 87 Io 181,208,219,222

Hermogenes 211 Isiacos 57,182, 37

Heródoto 19,20,48,49,181, Isis 9-13,18-29,37-38,40-44,


184,185,186,189,190,191, 46-47, 55, 57,63,65,71,73,
194,195,196,197,199,200, 75, 77,79,81,83, 85,87,91,
203.204.207.208.209.210, 93, 95,103,107,109,111,117,
211,212,213,214,215,216, 119,133,135,137,139,143,
217, 218,220,221,222,223, 145,147,149,151,169,171,
224, 225,226,228,232,235, 179-182,184,188-190,195-
236,237,238,239,240,241, 198,208-210,217, 220,222,
242,243,245, 229-230,234-236,239-240,
242,244

Indice onomástico 251


Isis da Fenícia 129 Máximo Planudes 37, 3
39,49, 55
Isocrates 226
Melampo 192
Jasão 203,208
Melpômene 183
Judeu 99
Mêmia Eurídice 39
Lácares 159,238
MêmiaLeôntis 39
Lágis 209
Mênades 197
Lâmprias 33, 37, 38,
Menécio 183
Leão 109,221
Menelau 202
Léon 85
Menes 19, 63,192
Leto 109,193,200,209,
220,221 Mérope 237

Leucipo 225 Mesites 123

Licnites 105 Méstrio Ânio 34

Licurgo 46,65,192, Méstrio Floro 35, 36

Lisipo 87 Metarina 199

Lúcio Méstrio Floro 35 Metier 139

Macróbio 210 Min 12,139,190,230,

Maia 183,230,237 Mines 63, 65

Malcandro 75 Mitra 123,226

Maneros 77,199 Mnáseas 107

Manes 85,204 Mnemôsine 183

Mâneton 65, 93,127,145, Mnévis 101,215


163,190,234,245,246
Musa 182
Marco Antônio 239
Musas 44, 57,183,212
Mário 238
Museu 192
Masnes 87
Mut 139,230

252
Néftis 18,20,22,23,24,25, 71, Palestino 77
73,109,119,143,147,196,198
Pamiles 69
Neith 234
Pamilias 69,105
Nemanos 75
Pan 197,207,208,230,240
Nereides 212,243
Pátroclo 206
Nero 34, 36
Pausanias 199,213,215,
Nicarco 33 217,238

Nice 71 Pelúsio 77

Nictélias 105,219 Penelope 189,207

Ninfas 197 Penia 139

Nit 190 Perséfone 151,155, 208,218,


223,224
Oceano 103,183,216, 221
Perseu 197,208,224
Oco 194,214
Pierides 183
Odisseu 24,63,184
Pindaro 105,175,181,182,
Ônfis 117
219,246
Orfeu 192,196 Pirra 36
Órion 83, 85,230
Pirro 211
Ortro 210 Pitágoras 42,46,65,67,87,185,
Osiris 9-25,27,37-38,40-44, 187,188,192,204,246
46-47,49,62-63,67,69,71, 73, Pitagorismo 41
77,79,81,83,85,87,89,91,
93,95,99,101,103,105,107, Piton 89,205,241
109,111,113,115,117,127,
129,131,133,135,137,139, Platão 59,95,133,137,139,143,
141,143,145,149,161,163, 157,169,179,180,184,187,
169,171,179,181,188-190, 190,192,193,195,203,204-
196,198,200-202,207,216- 206,209,211,212,216, 224,
217, 219-224,228-230,232, 227,229-234,244-246
235,239-240,242 Pleiades 155,237
Outit 221 Plínio 221,241

Indice onomástico 253


Plutão 91,93,171,208 Saósis 75

Plutarco xi, 9-12,20,24, Sarpédon 205


31-50,179-180,182-185,188-
197,199-208,210-212,214- Sátiros 73,197
215,218-219,221,224-227, Satúrnia 238
230-232,234-236,238-239,
241,243-246 Selene 69,103,189,195

Poliano 39,40, Sêmele 207,217,238

Policleto de Argos 213 Semiramis 170,203

Polierates 191 Serápis 37-38,44,91,93,95,


107,145,194,208,210
Polímnia 183
Seth 10-11,15-19,20-28,
Polinices 229 115,127,145,224,227
Pólux 180 Silenos 197
Porfírio 186,193, 228 Simônides 85,203
Poro 139,231 Sírio 109,123,133,188,230
Posidon 67,113,167,180,193, Smu 145
194,201,207,212,243
Sociaro 33,40
Priamo 89,205
Sócrates 105,139,185,193,234
Prometeu 57,107,183,220, 221
Sólon 46,65,67,191,192
Proteu 203
Sônquis de Sais 67
Psamético 61,186,187
Sosíbio 93
Ptolomeu I 187,191,208-210
Sósio Senecião 35
Ptolomeu Filadelfo 208
Sóteles 93
Ptolomeu Sóter 93,209
Sótis 83,145,234
Quéron 33
Sula 2,238
Quintiliano 246
Tácito 210,214,238
Rá 22,27-29,215,
Taígete 237
Reia 69,97,135,180,193,
201,213,230 Tales 46,65,103,191,216

254
Talia 183 Toth 27-28,195,234,243

Tártaro 139,181,231 Trajano 35

Telegono 220 Tritões 167

Telêmaco 189 Tritogênea 167

Teleute 71,109,143,196 Tuéris 79

Têmis 212 Urânia 183

Tenactis 63 Urano 182,194,205,216,


221,231
Teodoro 46,153, 236
Ursa 83
Teopompo 123,155
Virgílio 218
Terpsicore 183
Xenocrates 87, 89,157
Tesmofórias 155,236
Zagreu 218
Tétis 103,216
Zenão 235
Tíades 39-40,103,105,
179,217 Zeus 22,43, 55,65,67,
69, 97,105,107,129,147,167,
Tifeu 181,238 180-183,190,191,193,194,
Tífon 11-12,41,55,61,63, 198,201,208,212-213,215,
69,71,73,77,79,83,85,87, 218-221,225,234,236,239,
89,91,93,95,97,99,101,107, 240,243-244
109,111,113,115,117,119, Zeus Capitolino 159
127,129,131,133,135,137,
139,141,143,145,147,149, Zeus Olímpio 125
159,161,163,181-182,196,
200,210,213-215,220,239 ZeusTebano 196,240

Timon 33 Zoroastro 121

Timóteo 93,210

Timôxena 33-34

Titânicas 105

Titã 183,221,236

Titãs 87,218

Indice onomástico 255


ÊUÊUig NDICE
TOPOGRÁFICO

Abdera 87,192, 225 Atenas 34-36,155,173,187,


191,194, 210,217, 226-227,
Abido 81,194 235-236, 243-244
Acaia 31, 35 Babilônia 214
Ácio 239
Beócia 31,185
Agrigento 206, 245 Biblos 75,199
Alexandria 34,48, 93, Bizâncio 202
202, 208, 223
Busiris 18, 83,194, 209
Apolinópolis 228
Buto 77,109,151, 209, 220-221
Arábia 181, 215-216,
223, 242, 245 C alcedônia 205

Argos 213, 291 Calcídia 227

Ascra 185 Canobo 93, 202

Assos 235 Cária 237

Cásio 181
Céfiso 217 Élide 167

Ceos 203 Eritréia 237

Chipre 182 Estagira 227

Cidade de Apoio 129 Etiópia 71,109,202,216,


223,235,245
Cidade de Hélio 61,101,215,
Etna 182
Cidade de Hermes 129
Eubeia 209
Cinópolis 161,242
Faro 113
Cipro 182,199
Fedro 75
Cirene 236
Fenícia 129,198199‫־‬
Citera 182
Fila 202
Clazomenas 227,237
Foceia 237
Cocito 95,211
Gérion 210
Colófon 214,237
Golfo Arábico 223
Copto 73,135,197
Grécia 3132,48‫־‬
Creta 167,180
Hélade 95,145,190,197199‫־‬,
Crotona 191,245 201,207208,211,213,232‫־‬,
235,243244‫־‬
Delfos 9,3540,103‫־‬36,39‫־‬,
179,191,203,217219,236‫־‬, Heliópolis 15,1820,26,186‫־‬,
244 192,209,215,224
Dodona 232 Hermópolis 228
Egito 12,1526‫־‬21,23,25‫־‬, ílion 89
34,41,44,4648,65,77,83‫־‬,
85,95,101,113,119,151,155, Ilitia 163
181,186197‫־‬191,192,196‫־‬,
Iseion 57
199,202203,207,209,210‫־‬,
211226‫־‬212,214‫־‬216,219 Iseions‫־‬, 43,155,182,236
228,232,234239‫־‬235,238‫־‬,
241242,245‫־‬ Istro 209,210

Elefantina 117,188,224,228 Jerusalém 214

Elêusis 201,210,244 Judeia 214

258
Karnak 191 Némea 210

Lâmpsaco 227 Nilo 21, 59,61,99,101,


105,109,111,113,117,
Lamptras 34 149,151,165,186,188,190,
Lêbedo 237 199,200,202,209,214 ‫־‬216,
220‫־‬224,228,229,234‫־‬235,
Lerna 210 238‫־‬241

Lete 95,211 Olimpo 198,213,215,231

Líbia 203,209,215216‫־‬, Oxirrinco 61,161


219,236237,244‫־‬
Paniônio 237
Lídia 204,237
Panopeu 217
Licto 180
Papremis 209
Macedonia 32,203204‫־‬
Península do Peloponeso 31,243
Málea 203
Península Itálica 191,245
Mar do Norte 223
Pirgo 243
Mar do Sul 223
Pérsia 99,204,214, 225226‫־‬
MarEgeu 243
Ponto 93
Mar Mediterrâneo 21,221
Ponto Euxino 209,210
Mar Negro 204,209,
Priene 237
Maratona 201
Quêmia 101
Mendes 117,196,240,280,
Quêmis 73,197,220
Mênfis 19,46, 67,81,95,117,
151,186,202,211,215,217, Queroneia 10, 3136‫־‬32, 34‫־‬
223,235 Quios 226,237
Metis 190,228,242
Rodes 214
Mileto 186,191,216,237 Roma 31,35,37,196
Miunte 237 Sais 46,65,67, 99,190,
Monte Parnaso 205 192,209

Neápolis 197 Sakkara 13

Indice topográfico 259


Salamina 225

Samos 191, 225, 237

Santuário de Apoio 220, 236

Sárdis 204

Sidon 199

Siene 61,188

Sinope 93, 208-210

Síria 215-216, 223

Sônquis 46,67

Stoá 205

Sudão 245

Tafosíris 83

Tanítico 73

Tebaida 83, 202

Tebas (Egito) 63, 67, 69,


190,197,224, 228, 230,
235, 242

Tebas (Grécia) 219, 229

Teos 237

Termópilas 32, 36

Tessália 241

Trácia 224-225

Tritônis 203, 243-244

Troia 121,189, 203, 207

Vila de Piton 241

Xóis 117

260
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Encyclopädie der Classischen Altertumwissenschaft. Stuttgart: Verlag,
1951, cols. 636962‫־‬.

268
ÊHÊHil
Adilson Júnior Pilotto
Adilson Pereira da Silva
Adônis Dias
Adriene Baron Tacla
Agatha Pitombo Bacelar
Al Falcão
Alan Paulo Borges do Nascimento
Alessandra Pinto Antunes do Vale
Alessandra Schindler
Alex Freire da Silva
Alexandre Lima
Alina Regina da Silva Lemos
Aline Beber
Alisson Nizes
Aluizio Aciole de Oliveira Júnior
Amanda Nadolny
Amanda Soares
Amir Piedade
Ana Claudia Romano Ribeiro
Ana Maria César Pompeu
Ana Paula Scarpa
Ana Teresa Marques Gonçalves
Anderson R Vaz
Anderson Willian Moreira Ribeiro
Anderson Zalewski Vargas
André Coelho Ferreira
André Effgen
André Shinity Kawaminami
Andressa dos Santos Freitas
Andrew Silva do Rosario
Angela Cavinatti
Angelo Gamba Prata de Carvalho
Anise D’O. Ferreira
Anna C B Costenaro
Antonia Aparecida Soria Garcia
Antônio Carmo Ferreira
Anthony Ferreira dos Santos
Arielson Sorrentino

270 Περί ιςιδος και οςιριδος I De Isis e Osiris


Arthur Kieling Neto
Bárbara Alexandre Aniceto
Beatriz Briggs
Bethânia Galeno
Bias Busquet Guimarães
Bruna Ankhesenamon
Bruna de Oliveira Santos
Bruna Rafaela Lima
Bruno Afonso Rebello
Bruno Carlucci
Bruno Greggio
Bruno Oliveira
Bruno Terrafino Leite Micali
Camila Diogo de Souza
Carlos Eduardo da Costa Campos
Carlos Gustavo Direito
Carlos Henrique Barbosa Gonçalves
Carlos Henrique Batista de Souza
Carlos Lima da Silva
Carmen Lúcia Craveiro Costa
Cassiano Rampazzo
Cauê Cardoso
Cecilia Lima
Célia Aparecida Pellegrini Bacchini
Cesar Luiz Jerce Da Costa Junior

Participantes 271
Cintia Gama
Claudia Badro Favero Teixeira
Claudia Beltrão
Dandara Tocheto
Dani Motta
Daniel Becker Paes Barreto Pinto
Daniel Franca Santos
Daniel Menezes Nogueira Pereira
Daniel Monteiro Furtado
Danilo Carlos Gomes
Danilo Feitosa
Debora Leone
Deise Abreu Pacheco
Didius Havoc
Diego Barbosa de Lima
Dirceu Magri
Dominique Santos
Dominique Cesar dos Santos
Donizetti Ferreira
Douglas Ferreira
Douglas Peixoto da Silva
Edna Maria de Oliveira Santos
Edson Arantes Junior
Edvaldo José da Silva Carvalho
Eduardo Verona

272 Περί ιςιδος και οςιριδος I De Isis e Osíris


Elaine Farias Veloso Hirata
Eider Yokoyama
Eliany Cristina Ortiz Funari
Ellen Juliane
Elton Valério
Emilia Μ. de Morais
Erica Angliker
Erika Mayara Pasqual
Erimar Wanderson da Cunha Cruz
Evandro Fantoni Rodrigues Alves
Everaldo Atanasio
Ewerson Thiago da Silva Dubiela
Fabio Luis Nascimento dos Santos da Mota
Fabio Luiz Batista
Fábio Vergara Cerqueira
Fatima Pereira da Rosa Cunha de Almeida
Felipe Berkenbrock Goulart
Felipe Guterres D Avila
Felipe Lott
Felipe Nogueira de Sousa
Fernanda Lemos de Lima
Fernanda Mattos Borges da Costa
Fernando Coimbra
Fernando Ricardo Serejo de Castro
Flávia da Silva Araújo

Participantes 273
Flavia Lima Corpas
Francisca Luciana Sousa da Silva
Francisca Maria de Oliveira Sorrentino
Francisco Pereira de Souza
Frederico Macário Fernandes
Gabriel Araujo
Gabriela Edel Mei
Gabriel Eleres de Aquino
Gabriela Luz
Ged Guimarães
Gilvan Ventura da Silva
Giovanna Angela Agulha Sarti
Giovanni Pando Bueno
Gisela Cristal
Giulia Bertoli Miraglia
Glaudiney Mendonça
Glaydson José da Silva
Gleice Sales Ferreira
Gleisson Lopes
Greice Ferreira Drumond Holzweber
Greice Martinelli
Guilherme Alves Leite
Guilherme Cherobim
Gustavo Laet Gomes
Heitor de Oliveira Santos

274 Περί ιςιδος και οςιριδος I De Isis e Osíris


Helen Ruiz
Heloísa Mattos Vidal e Silva
Henrique Luiz Voltolini
Igo Bandeira Fernandes
Igor Barbosa Cardoso
Igor Vasconcelos Rosário
Inara Kezia
Irmina Doneux Santos
Isac Sena
Isis Cristina Riboli Cochi
luri Mello
Ivan Capdeville Junior
Ivan Jacopetti do Lago
Ivan Vieira
Ivson Francisco Viana dos Santos
Iza Haim
Izabela Bocayuva
Jacinan Escuciatto
Jane Kelly de Oliveira
Jacqueline Lima dos Santos
Jean Paulo Yokoyama
Jerusa Vilhena de Moraes
Jheine Alves
João Baptista Gonçalves dos Santos
João Batista Toledo Prado

Participantes 275
João Pedro Souza Matos
Jordy Héricles
Jose Antonio Alves Torrano
José Augusto Garcia Moreira Gomes
José Maria Neto
José Paulo da Rocha Brito
José Petrúcio de Farias Júnior
José Vicente Moreira Junior
Josiane T. Martinez
Jovelina Maria Ramos de Souza
Julia Klinger Rezende
Juliana Hora
Juliana Luana Ruggieri
Juliana Santana
Julieta Mendes Neponuceno
Julio Cesar Moreira
José Carlos Baracat Júnior
Karen Franklin da Silva
Karine Lima
Katia Maria Paim Pozzer
Katia Regina Dalri Abdala
Kurama Kamui
Larissa de Souza Correia
Leandro Hecko
Leonardo Galvão

276 Περί ιςιδος και οςιριδος I De Isis ε Osíris


Leonardo Tremeschin
Lessandro Regiani Costa
Leticia Vilhena de Moraes Kock
Liliane Cristina Coelho
Liliane Pessoa
Liszt Rangei de Miranda Coelho
Loiva Otero Félix
Loraine Oliveira
Lourdes Madalena Gazarini Conde Feitosa
Luana Chuq
Luana Karolyna de Macêdo Simões Mendonça
Luana Neres de Sousa
Lucas Mariel
Luciano Bruno Ribeiro Garcia D’Alessandro
Luciene de Camargo Lima
Luciene Lages
Luís Eduardo Lobianco
Luis Fellipe Arrussul de Melo
Luiz Fernando Pina Sampaio
Luís Jorge Lira Neto
Luiz Henrique Silva Moreira
Luiza Gracie Guimarães Pinheiro
Maelson dos Reis Dutra
Mairton Celestino da Silva
Maila Marques Ferreira

Participantes 277
Marcelle Malheiros Marinho
Marcelo Carvalho
Marcelo de Araujo Menezes
Mareia Beriao Cesar Macedo
Márcia Dias Manhães
Mareia Vasques
Mareio Soares
Márcio Henrique Vieira Amaro
Mareio Teixeira-Bastos
Marco Colonnelli
Marco Fiaschetti
Marcos Baptista de Andrade
Marcos Costa Salomão
Marcos Sidnei Pagotto-Euzebio
Marcus Mota
Margaret Marchiori Bakos
Margareth de Lara Capurro
Margarida Maria de Carvalho
Maria Cecília De Miranda Nogueira Coelho
Maria Celvas de Oliveira Batistella
Maria de Lourdes S. Badin
Maria do Céu Alves de Farias
Maria do Socorro Bertolo
Maria Leonor Santa Bárbara de Carvalho
Maria Regina Candido

278 Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osiris


Marina Lacerda Machado
Marina López
Marinho Dembinski Kern
Mario Tommaso Pugliese Filho
Maristela Zancan
Matheus Álvares Ribeiro
Matheus Baptista Cardoso
Matheus Breno Pinto da Câmara
Matheus Morais Cruz
Mauricio Cardoso
Mayara Mathias da Silva
Michelle Paiva Marinho
Mirian Rodrigues Aud
Misael de Almeida Sergio Matos
Moacir Elias Santos
Moises Antiqueira
Moisés Olímpio Ferreira
Mônica Guimarães Garcia
Monica Selvatici
Mauro Riohiti Shiroma
Nadia Regina Greco
Natalia Aparecida Souza
Nathalia Schmitt
Oderlani Vieira da Silva
Orlando Luiz de Araújo

Participantes 279
Patrícia Garcia Rodrigues
Patricia Patricio Campos
Patrizia Zagni
Paula Christina Bonifacio Silvestri
Paulo Eduardo Rodrigues Neto
Paulo Henrique de Oliveira Alves Gobes
Paulo Henrique Pagliarelli dos Reis
Paulo Pires Duprat
Paulo Yoke Oliveira Arima
Pedro Barbieri Antunes
Pedro Benedetti
Pedro Ipiranga Júnior
Pedro Lucas
Pedro Paulo A. Funari
Priscilla Maria Regino dos Santos
Quelice Glória Oliveira
Quezia Maria Reis de Oliveira Barbosa
Rafael Correa Toniolo
Rafael de Carvalho Matiello Brunhara
Rafael Lucas Barros Botelho
Rafael Luiz de Andrade Zorzi
Rafael Silva
Raquel dos Santos Funari
Renata Barbosa
Renata Senna Garraffoni

280 Περί ιςιδος και οςιριδος I De Isis e Osíris


Renato dos Santos
Renato Pinto
Ricardo Bianca de Mello
Ricardo de Souza Nogueira
Ricardo Vial
Rita Tangari Scandar
Roberto Efrem Filho
Roberta Zumblick Martins da Silva
Robson Fernandes Braga
Robson Passos Caíres
Rodolpho Vilhena de Moraes
Rodrigo Andrés de Souza Penaloza
Rodrigo Gomes de Souza
Ronaldo Montolezi Canela Pauletto
Rosana da Costa Maia
Roselee Pozzan
Rubia Santiago Menezes Bento Gonzaga
Samir Sorrentino
Sandra Regina Sproesser
Sandra Rocha
Saulo Sbaraini Agostini
Sebastião Cieto Sousa Spotto
Sélen Resende Rodrigues
Selma Maria de Oliveira Lima
Sérgio Ricardo Fracalanza Muzy

Participantes 281
Silvia Siqueira
Soraya Jacob
Sylvio Cesar Alves Pedreti
Talita da Silva Cordeiro Rios
Talita Janine Juliani
Talyta Lima
Tatiana Abreu
Tatiana Ribeiro
Thais Rocha
Thales Perente de Barros
Thiago do Amaral Biazotto
Thiago Marcelo Mendes
Thiago Mota
Thiago Vieira
Tobias Vilhena de Moraes
Vagner Carvalheiro Porto
Valberg Cardoso de Medeiros
Valeria Silva
Vander Gabriel
Vanessa Silva Ramos Vieira
Vicente Gonçalves dos Santos
Victor Braga Gurgel
Victor Bruno de Lacerda Ramos
Vinicius Aleixo Fedel
Vitória Sinimbu de Toledo

282 Περί ιςιδος και οςιριδος | De Isis e Osíris


Viviane Roza de Lima
Vilomar Matheus Viana
Vinicius Aleixo Fedel
Vinícius Cerva
Yaska Antunes
Ygor Klain Belchior
Yuri Augusto de Oliveira
Wanderley Evangelista de Souza
Weriquison Simer Corbani
Weslley Silva Ferreira
Wilson de Carvalho Junior
Wilson Alves Ribeiro Junior
Zelia L V A Cardoso +

Participantes 283
P lu ta rc o DE ISIS E OSÍRIS

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