Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Plutarco
DE ISIS E OSIRIS
Agradecimentos xi
Prefácio 9
Introdução 31
Notas 179
Participantes 269
T)REFÁCIO
Tudo que é bom, ó Clea, [...] devem pedir para si junto aos
deuses, sobretudo suplicamos em nossa busca obter da
parte deles, o quanto for possível aos homens alcançar, o
conhecimento deles em sua essência. Porque não há nada
melhor para um homem receber nem mais venerável para
conceder a um deus que a verdade.
(Plutarco. De Isis e Osiris, 351C-D)
Prefácio 11
os animais domésticos — o asno; e, dentre os animais selvagens, o
crocodilo e o cavalo do rio (hipopótamo). Os egípcios diziam que
Tífon escapou de Hórus porque se transformou em um crocodilo. Já
Osíris é representado por um olho e um cetro, o primeiro referindo
a previdência e o segundo, o poder. Ele é também frequentemente
aludido pela imagem de um gavião, ave que, por natureza, se destaca
pela agudez de visão, pela velocidade do voo e pelo pouquíssimo
alimento de que necessita para sobreviver.
Prefácio 13
lanu, lugar de natureza idílica, cujo significado é vida após a morte.
Veja-se o que diz sobre o tema o capítulo 147 do Livro dos Mortos:
Prefácio 15
episódio homossexual e o julgamento. Griffiths argumenta que se
trata de mito cuja origem é política e histórica e que a querela entre
Hórus e Seth tem a ver com lutas tribais anteriores à unificação
do Egito. Outros historiadores, não obstante, descartaram essa
ideia, como é o caso do autor de As contendas de Hórus e Seth,
que defende a posição de que esse relato, em particular, foi criado
simplesmente como um mito religioso, não devendo ser relacionado
ao contexto histórico.
Prefácio 17
Outros historiadores, no entanto, descartam essa pretensão
e, quando abordam As Contendas de Hórus e Seth, classificam
essa narrativa, em particular, como um mito religioso, sem nenhuma
relação com o contexto social e histórico. Sabe-se que os mais
remotos relatos dos antigos egípcios jamais estabeleceram claramente
a diferença entre oceano e mar, entre mar e lago, entre um lago,
um canal e um rio. Nun, entretanto, era equivalente ao abismo. De
acordo com essa teoria, no começo
Prefácio 19
Os desdobramentos do mito de Heliopolis foram inúmeros,
pois ele tornou públicos os sentimentos fundantes das relações
familiares contraídas a partir da terceira geração de deuses míticos,
quando do nascimento dos quatro filhos de Nut (deusa céu) e Geb
(deus terra): Osíris, Seth, Isis, Néftis. A companhia dos Nove Deuses,
originalmente situada em Heliópolis, foi, segundo a lenda egípcia,
responsável pela criação do deus do sol e seus descendentes. A origem
do vocábulo enéade é a palavra grega que designa nove. Os antigos
egípcios chamavam essas divindades coletivas de Pesdjet.
Prefácio 21
se institui entre os gregos como gênero literário, como bem lembrou
Gardiner, profundo conhecedor das lendas gregas. O pioneirismo
desse tipo de relato, bem como a escolha do banquete como o cenário
adequado para o estabelecimento de um pacto político entre os
membros de uma elite permanece, ainda hoje, como um dos marcos
da teatrologia universal. Aliás, o poder dos fortes, das lideranças tem
sido, ao longo do tempo, como já destacava Homero (928 a 898 a.C.),
o terror dos humildes e o locus de atuação privilegiado pela literatura
a serviço da realeza.
Prefácio 23
Isis, Néftis e Anúbis procederam então à prática da
primeira mumificação da História. Na sequência, Isis se transforma
em um milhafre, pássaro que, graças ao bater das asas sobre o corpo
de Osíris, cria uma espécie de ar mágico que acaba por ressuscitá-
10. Ainda sob a forma de ave, Isis une-se sexualmente a Osíris e,
dessa cópula, resulta um filho, o deus Hórus. Assim, no desenrolar
de acontecimentos tão fantásticos, o herói egípcio morto entra
novamente em cena: havia concebido um herdeiro! E Plutarco, com
toda a certeza, ficou confuso com as soluções encontradas para a
trama. Nem mesmo Aquiles, a grande figura masculina do mundo
grego, seria capaz de tal façanha, embora tivesse ao seu lado o astuto
Odisseu!
Prefácio 25
Justiça entre os antigos egípcios
Prefácio 27
Seth disse ser isso uma injustiça, o que era exatamente o que Isis
queria ouvir. Ela transformou-se em um pássaro, voou para os
galhos de uma acácia e informou o plenário de que o seu veredicto se
constituía na sua condenação. Rá precisou chamar a atenção devido à
algaravia que se formou no plenário. Seth começou a chorar, dizendo
que tudo fora um truque sujo de Isis. Ele chamou o barqueiro que
teve os dedos dos pés cortados pela desobediência.
Prefácio 29
30 Margaret Marchiori Bakos
T NTRODUÇÃO
Plutarco
Introdução 31
que Plutarco, além de demonstrar seu apego à sua cidade natal,
também revela que a magnitude da cidade romana não ultrapassa
a importância de sua pequena cidade, local de memória histórica
dos gregos e de sua memória particular. Do mesmo modo, Plutarco
evidencia seu sentimento de pertença ao mundo grego, bem como
sua responsabilidade pela manutenção dos locais de memória de
seu povo, para que não desapareçam, literalmente, do espaço, e
para que, em última instância, a Grécia não perca sua identidade e
representatividade geográficas.
3 Para mais detalhes, consultar Robert Flacelière, Emile Chambry e Marcei Juneaux,
'׳Introduction”, em Plutarque: Vies, t. I, Paris: Les Belles Lettres, 1957, nota 6, pp.
XIV-XV.
Introdução 33
Jovem Deve Ouvir Poesia (15A). Por não se encontrar em Queroneia,
em Consolação à Esposa, uma carta consolatoria enviada à sua mulher
após a morte da filha com apenas dois anos de idade, Plutarco revela
ter sido casado com Timôxena e que, juntos, tiveram uma filha com
o mesmo nome e que também perdera seu filho Quéron (609D).
5 Como Russell (1973, p. 8) observa, não se pode afirmar qual Imperador lhe
concedeu o título de cidadão romano em virtude do desconhecimento dos
estudiosos sobre o período exato em que Lúcio Méstrio Floro foi cônsul.
Introdução 35
romano Lucius Mestrius Plutarchus. Stadter esclarece que Delfos
era a segunda casa de Plutarco depois da de Queroneia e que sua
relação com o santuário se deu por mais de quinze anos, período
compreendido entre os governos de Nero e Adriano. Delfos, segundo
o autor, representava o domínio romano sobre a cultura grega ao
lado de Atenas, Esparta e Olímpia (2004, p. 19). Outro dado que
valida a inscrição citada é que Plutarco faz menção à sua amizade com
Méstrio Floro em várias passagens de sua obra, como, por exemplo,
cm Assuntos de Banquetes (626F).
7 Literalmente '׳Barco de Isis”, que era uma festa anual realizada em Roma, no dia 5
de março, em honra à deusa Isis.
Introdução 37
número 118. O primeiro título se difundiu mais em razão do próprio
conteúdo da obra, cuja temática principal é o mito de Isis e Osíris.
Griffiths explica que, quando Plutarco cita o nome de Clea, ele faz
referência à deusa Isis, por ser sacerdotisa de Isis (De Isis e Osíris,
351F) e ainda ter sido iniciada nos ritos de Osíris (364E) (1970,
p. 45). Padovani nos lembra que a figura e o nome de Osíris eram
amplamente conhecidos entre os gregos com o nome de Serápis, um
deus novo à época helenística (2015, p. 123). Em termos estatísticos,
o nome de Osíris é citado diretamente 102 vezes, enquanto o nome
de Serápis aparece grafado 12 vezes.
8 Estima-se que Plutarco tenha vivido entre os anos 40 e 45 d.C. e 120 e 125 d.C.
Introdução 39
que mais tarde se casará com Poliano, e juntos gerarão Flávia Clea,
que também chefiará as Tíades durante o período dos Antoninos.
Plutarco também dedica seu tratado Das virtudes das mulheres à
sacerdotisa e amiga Clea.
Introdução 41
DO ENREDO
Introdução 45
aprenderes o que é belo e bom; serás voluptuoso na pobreza e
viverás como rei, e desejarás uma vidasem trabalho e particular
não menos que uma vida de estratégias militares e cargos
políticos; se não vives sem o prazer de filosofar, por toda parte
viverás e aprenderás com prazer, e de tudo; e a riqueza te alegrará,
porque serás o benfeitor de muitos; e a pobreza, porque muitas
vezes não te preocuparás com ela; a fama, porque serás honrado;
e a falta de fama, porque não serás invejado.
(Plutarco. Da virtude e do vício, 101C-E)
Introdução 47
Em seu tratado De Isis e Osiris, Plutarco sintetiza o sincretismo
religioso de gregos e egípcios, iniciado já à época ptolomaica. Desde a
instauração no Egito da dinastia dos Ptolomeus, seus reis estimularam
a criação de uma religião greco-egípcia. No entanto, esta jamais se
tornou predominante no Egito, como o próprio Plutarco admite,
quando se refere à diversidade cultural e religiosa dos territórios
egípcios (Calderón Dorda, 1996, p. 203). No entanto, a visão de
Egito que transmite em seu tratado privilegia a visão corrente na
cidade de Alexandria, como se a parte respondesse pelo todo (Scott-
Moncrieff, 1909, p. 89).
Da tradução
Introdução 49
são o resultado do exaustivo trabalho de classificação e ordenação
completa de todos de Moralia realizado pelo monge bizantino
Máximo Planudes. Entre os antigos, Eusébio de Cesareia, século IV
d.C, em Preparação evangélica, e Estobeu, see. V d.C., em Antologia,
este último cita vários trechos deste tratado (Pordomingo Pardo, 1995,
p. 46-48). Depois destes trabalhos, outros mais abrangentes foram
elaborados a partir destes que classificam e organizam as biografias
plutarquianas junto com os tratados morais.
Introdução 51
ΕΡΙ ΙΣΙΔΟΣ ΚΑΙ
Π ΟΣΙΡΙΔΟΣ1
1 Texto grego estabelecido por W. Sieveking. In: Plutarchi. Moralia. Vol. 2.3. De Iside
et Osiride. Ed. W. Sieveking. 2’ ed. Leipzig: Teubner, 1971.
35JC i. Πάντα μέν, ώ Κλέα, δει τάγαθά τούς νουν
έχοντας αίτεΐσθαι παρά των θεών, μάλιστα δε τής
περί αύτών επιστήμης δσον εφικτόν εστιν άνθρώποις
D μετιόντες εύχόμεθα τυγχάνειν παρ’ αύτών εκείνων·
ως ούθεν άνθρώπω λαβεΐν μεΐζον, ού χαρίσασθαι θεώ
σεμνότερον άληθείας. τάλλα μεν γάρ άνθρώποις δ θεός
ών δέονται δίδωσιν, νοΰ δε και φρονήσεως μεταδίδωσιν
οίκεΐα κεκτημένος ταΰτα και χρώμενος. ού γάρ άργύρω
και χρυσώ μακάριον τδ θειον ούδε βρονταΐς και
κεραυνοΐς ισχυρόν, άλλ’ επιστήμη και φρονήσει, και
τούτο κάλλιστα πάντων 'Όμηρος ών ε’ίρηκε περί θεών
άναφθεγξάμενος
54 Πλούταρχος | Plutarco
1. Tudo que é bom, ó Clea1, os inteligentes2 devem pedir 351C1
para si junto aos deuses, sobretudo suplicamos em nossa busca
obter da parte deles, o quanto for possível aos homens alcançar, o
conhecimento deles em sua essência. Porque não há nada melhor [ )
para um homem receber nem mais venerável para conceder a um
deus que a verdade3. Pois, quanto ao resto, o deus concede aos
homens o que eles necessitam e os torna partícipes da inteligência e
da sabedoria que lhe são próprias e das quais faz uso. Pois não é pela
prata e pelo ouro que o divino é bem-aventurado nem pelos trovões
e raios que é forte, mas por seu conhecimento e pensamento; dentre
tudo que já foi dito sobre os deuses, isso foi o que Homero4 recitou
do modo mais belo sobre os deuses com elevação na voz:
56 Πλούταρχος | Plutarco
em seus ritos, por sua natureza divina; com perseverança e
uma vida moderada, com privações de muitos alimentos e
dos prazeres de Afrodite14, impede a licenciosidade e o gosto 352A
pelo prazer, para que permaneçam austeros e firmes nos assuntos
sagrados pelo costumeiro serviço prestado aos deuses nos templos,
pelos quais o fim é o conhecimento do ser primeiro, do senhor e
do inteligível15, a quem a deusa convida a buscar como se estivesse e
convivesse junto a ela e com ela. E o nome do seu templo também
evoca claramente conhecimentos e saberes da realidade; pois recebe
o nome de Iseion16 para que conheçamos a realidade, se, com razão
e piedade, entrarmos nos templos da deusa.
58 Πλούταρχος | Plutarco
como a carne de ovelha porque a respeitam, eles raspam as cabeças 352D
por luto e trajam vestes de linho por sua cor, que à flor do linho
se aproxima, semelhante ao azul celeste do éter que envolve o
mundo. E a única causa verdadeira de tudo é: “não é permitido28
ao puro tocar o impuro!”29, no que Platão30 diz. E os resíduos dos
alimentos e os restos de refeição não são algo puro nem sacro; dos
resíduos nascem e crescem as lãs, os pelos, os cabelos e as unhas31.
Portanto, seria ridículo que, depois se despojarem dos seus cabelos
nas purificações, rasparem e depilarem todo o seu corpo por igual,
eles se cobrissem e se trajassem com a pele desses animais; de fato, E
devemos acreditar quando Hesiodo32 diz:
60 Πλούταρχος | Plutarco
querem que Apis seja assim, nem eles mesmos, mas que seus corpos
sejam ágeis e leves para envolver suas almas e que não oprimam nem
pressionem o divino com a corpulência e o peso do mortal.
62 Πλούταρχος | Plutarco
delicados feácios nem os itacenses, homens ilhéus, serviam-se de
peixes, nem os companheiros de Odisseu54 em longa navegação e
no mar aberto, exceto quando iam para uma situação de extrema
dificuldade55. Em suma, também acreditam que o mar é estranho 353E
e externo aos limites da terra, não é parte nem elemento dela, mas
é tal um resíduo corrompido e nocivo56.
64 Πλούταρχος | Plutarco
militar contra os árabes, um dia em que seu equipamento demorou
a chegar, serviu-se com prazer do alimento que encontrou por acaso
e em seguida foi tomado por um sono profundo sobre um leito de
folhagem, porque se alegrou com a frugalidade, a partir de então,
lançou imprecações contra Mines, louvou as ações dos sacerdotes e
insculpiu em uma coluna a imprecação.
66 Πλούταρχος | Plutarco
com atenção Conúfis81 de Mênfis82, e Sólon a Sônquis83 de Sais,
e Pitágoras a Enúfis84, um heliopolitano. E especialmente este,
como parece, porque foi admirado e admirou esses homens,
imitou o simbólico e os mistérios deles ao misturar suas doutrinas
com alegorias; pois, dentre os caracteres chamados hieróglifos, não
abandonam a maioria dos preceitos pitagóricos, tal é o não “comer
sobre um carro”85, nem “sentar-se sobre a quênice”86, nem “plantar
palmeiras, nem “cavoucar o fogo com uma faca87 em casa.”88 Eu, ao
menos, acho também que o que estes homens chamam mônada é F
Apoio89, a díada é Artemis90, a hebdômada é Atena e Posidon91 é o
primeiro cubo, que se assemelha às construções erigidas nos templos
e às suas liturgias, por Zeus! Também aos seus escritos. Pois o nome
do rei e senhor Osíris o escrevem com um olho e um cetro; e alguns
escrevem o seu nome como “o de muitos olhos, dizem que do os
vem o “muito”, enquanto do iri vem o “olho” na língua egípcia; 355^
e o céu, como não envelhece por sua eternidade, com um coração,
pelo ânimo, embaixo de um braseiro. E em Tebas, havia imagens
dos juizes erigidas sem as mãos, e a do chefe do tribunal com os
olhos fechados, porque a justiça é ao mesmo tempo incorruptível
e implacável. E os guerreiros tinham a figura de um escaravelho92
no seu selo; pois não existe escaravelho fêmea, ao contrário, todos
são machos. E eles se reproduzem quando jorram o sêmen no seu
excremento, que modelam em forma de esferas, preparam mais um
lugar de geração, não de alimentação.
68 Πλούταρχος | Plutarco
como um bebê recém-nascido, mas é assim que representam o
nascimento do Sol, expressam-se por alegorias que a luz do sol se
origina da umidade. De fato, Oco95, que era o mais cruel e temido
rei dos persas, que matou muitos e, por fim, degolou Ápis% e o
devorou em companhia dos seus amigos que o chamaram “faca”97 e 355C
o chamam assim até hoje no Catálogo dos reis, assinalando não a sua
própria essência, mas comparando a inflexibilidade e a maldade do
seu comportamento com o instrumento mortífero98. Desse modo,
escuta os acontecimentos sobre os deuses e os recebe daqueles que
explicam o mito de modo sagrado e filosófico, executa-os sempre
preservando as práticas dos sagrados ritos estabelecidos, pensa que
nada agrada mais aos deuses, nem sacrifício nem ação, que ter uma
crença verdadeira sobre eles evitarás um mal não menor ao ateísmo: D
a superstição.
70 Πλούταρχος | Plutarco
não no momento oportuno nem no lugar certo, mas abriu sua 355F
mãe com um golpe e pulou através do seu flanco. E no quarto
dia, nasceu Isis, em lugares completamente úmidos10 '; no quinto,
Néftis108, que chamavam tanto Teleute109 como Afrodite, alguns
também Nice110. E que Osiris e Aruéris eram filhos de Hélio,
Isis de Hermes, e Tífon e Néftis de Crono. Por isso também que
os reis consideram nefasto o terceiro dia dos adicionais e não se 356A
ocupavam dos assuntos públicos nem cuidavam de si mesmos até
à noite. E contam que Néftis casou-se com Tífon, que Isis e Osíris
foram tomados de amor um pelo outro, mesmo antes de nascer,
que tiveram relações sexuais na escuridão do seu ventre. E alguns
também dizem que assim nasceu Aruéris, que é chamado de
Hórus, o Velho, pelos egípcios, e Apoio pelos helenos111.
72 Πλούταρχος | Plutarco
outros bateram pregos do lado de fora, outros verteram chumbo
quente sobre ela, depois a levaram para o rio e a deixaram ir pela
embocadura do Tanítico em direção ao mar, a que, por isso, ainda
hoje, os egípcios consideram odiosa e desprezível. E dizem que essas
ações ocorreram no dezessete do mês de átir1' , enquanto o Sol
passava por escorpião, durante o vigésimo oitavo ano do reinado de 356D
Osiris. E alguns dizem que esse correspondia ao tempo devida, não
que tenha reinado por tanto tempo.
74 Πλούταρχος | Plutarco
15. E depois disso, foi informada de que a arca fora levada em 3 57A
uma onda pelo mar até o território de Biblos130 e as ondas a fizeram
chegar suavemente a uma urze131. E a urze, um arbusto que em
pouco tempo cresceu belo e grande, abraçou-a e a escondeu no
seu interior. E o rei ficou maravilhado com o tamanho da planta,
cortou a parte que continha o ataúde, que não se via, e a usou
como um tronco longo para suporte de seu teto. E dizem que
logo após Isis ter sido informada disso por um vento divino, partiu
em direção a Biblos, sentou-se desestimulada e chorosa em uma
fonte, sem conversar nada com ninguém, mas quando as servas
da rainha passaram, saudou-as, tratou-as com cortesia, pediu-lhes
para trançar seus cabelos e soprou sobre a pele delas um perfume B
maravilhoso que vinha dela. E quando a rainha viu suas servas, veio-
lhe o desejo de saber quem era a estrangeira, dos seus cabelos e da
pele exalando ambrosia132; desse modo, mandou que a buscassem
e que se tornassem íntimas para que ela fosse a ama de leite do seu
menino133. E dizem que o nome do rei era Malcandro134; e uns
dizem que o dela era Astarte135, outros Saósis, e outros Nemanos,
a mesma que os helenos chamavam Atenaida.
76 Πλούταρχος | Plutarco
17. E onde primeiro encontrou um lugar deserto, ela ficou
sozinha, abriu a arca, pôs-se face a face com ele, abraçou-o e chorou.
E, em silêncio, estava indo atrás deles o menino que os observava
de perto, quando ela o percebeu, virou-se e, dominada pela cólera,
olhou nos seus olhos com terror; e a criança não conseguiu suportar
o assombro, então morreu. E outros dizem que não foi assim, mas, 357E
como já foi dito antes138, que caiu no mar e obteve muitas honrarias
por causa da deusa; pois é esse quem os egípcios cantam nos
seus banquetes para Maneros139. E alguns chamam o menino de
Palestino ou Pelúsio, e a cidade tornou-se sua epônima por ter sido
fundada pela deusa140; concluíram por meio de investigações que
o celebrado Maneros foi o primeiro a descobrir a música. E alguns
dizem que esse não é o nome de ninguém, que é uma expressão
apropriada aos homens que estão bebendo e festejando, um “que
tal momento seja moderado!”. Pois isso é o que significa “Maneros”
cada vez que os egípcios a utilizam. Como, sem dúvida, mostram- [■
lhes a imagem de um homem morto carregada em uma caixinha
não é uma lembrança do que aconteceu com Osíris, como alguns
supõem, mas uma exortação a si mesmos enquanto bebem vinho,
servem-se dos bens presentes e os desfrutam; com o propósito de
que logo mais todos serão como ele, introduzem o desagradável
convidado141.
78 Πλούταρχος | Plutarco
dizem que não, mas que Isis moldava imagens dele e as dava cidade
por cidade, como se desse o seu corpo, a fim de que tivesse o
maior número de honras possível, e para que, se Tífon dominasse 358B
Hórus, fosse procurado o verdadeiro túmulo e lhe dissessem
que existiam muitos e sinalizados145, ele desistiría. E houve
somente uma parte de Osíris que Isis não conseguiu encontrar:
o membro viril; pois logo que foi jogado no rio, o lepidoto, o
pargo e oxirrinco o comeram, que são os mais evitados dentre
os peixes; e Isis fez uma imitação daquele e consagrou o falo,
ao qual ainda hoje os egípcios celebram uma festa.
80 Πλούταρχος | Plutarco
foi derrotado em outros dois combates. E de Osíris, com quem ela
teve relações sexuais depois de morto, Isis deu à luz a Harpocrates,
um prematuro e fraco nos membros inferiores.
82 Πλούταρχος | Plutarco
“túmulo de Osíris”. E próximo a Fila155 havia uma ilhazinha que
ainda por cima era absolutamente inacessível e inabordável, as
aves não pousavam nela, sequer os peixes se aproximavam dela,
e em uma época apropriada, os sacerdotes faziam a sua travessia
para oferecer sacrifícios fúnebres e coroar o seu túmulo, que é
sombreado por uma planta de medites156 que cresce acima do
tamanho de qualquer oliveira.
84 Πλούταρχος | Plutarco
nasceu com um corpo de braços curtos, que Tífon tinha a
pele vermelha, Hórus, branca e Osíris, negra, como se tivessem
nascido homens por natureza. Além disso, nomearam Osíris
como estratego e Canobo160 como piloto, do qual, contam, que
o astro recebe o seu nome, e o barco, que os helenos chamam de
Argo161, uma representação da nau de Osíris, foi colocado entre
os astros em sua homenagem; e não se desloca muito além de
Orion e do Cão, que os egípcios consideram consagrados um a
Hórus e o outro, a Isis.
25. ΒέλτιονούνοίτάπερίτδνΤυφώνακαί’Όσιρινκαί
Τσιν ιστορούμενα μήτε θεών παθήματα μήτ’ άνθρώπων,
άλλά δαιμόνων μεγάλων είναι νομίζοντες, οΰς καί
Πλάτων καί Πυθαγόρας καί Ξενοκράτης καί Χρύσιππος
επόμενοι τοΐς πάλαι θεολόγοις ερρωμενεστέρους μέν
άνθρώπων γεγονέναι λέγουσι καί πολύ τή δυνά-μει τήν
Ε φύσιν ύπερφέροντας ήμών, τό δέ θειον ούκ άμιγές ούδ’
άκρατον έχοντας, άλλά καί ψυχής φύσει καί σώματος
αίσθήσει εν συνειληχδς ήδονήν δεχομένη καί πόνον
καί δσα ταύταις επιγενόμενα ταΐς μεταβολαΐς πάθη
τούς μέν μάλλον τούς δ’ ήττον επιταράττει· γίνονται
γάρ ώς εν άνθρώποις καί δαίμοσιν άρετής διαφοραί καί
κακίας, τά γάρ Γιγαντικά καί Τιτανικά παρ’ Έλλησιν
86 Πλούταρχος | Plutarco
alguns chamam Masnes; e Ciro173 aos persas, e Alexandre174 aos
macedônios, faltou pouco para que alcançassem e dominassem
até os limites da terra; mas têm o nome e a memória dos bons reis.
“e se alguns são exaltados pela arrogância”, como diz Platão, “ao 360C
mesmo tempo, pela juventude e irreflexão, a alma inflamada pela
insolência”1 '5, aceitaram nomes de deuses e edificações de templos,
a sua glória floresceu por pouco tempo, mas depois, convencidos
pela vaidade e jactância acompanhadas de impiedade e transgressão,
καί φαύλων
καί πάλιν
καί
'Ήίμονίη, τί νύ σε Πρίαμος Πριάμοιό τε παιύις
τόσσα κακάρέζονσιν, ο τ’ άσπερχές μενεαίνεις
Ίλιον έξαλαπάξαι ένκτίμενον πτολίεθρον; ’
88 Πλούταρχος | Plutarco
junto aos helenos, algumas ações ilegais de Crono, o combate
de Píton186 contra Apoio, as fugas de Dioniso, as vagâncias de
Deméter, não ultrapassam os feitos de Osíris, de Tífon e das
narrativas de outros mitos que todos podem escutar livremente; 360F
quantos feitos estão ocultos em ritos místicos e cerimônias de
iniciação, e é guardado em segredo e nada contemplável à maioria,
tem semelhante argumento.
E outra vez:
90 Πλούταρχος | Plutarco
dos homens”, “doadores de riquezas e detentores desse privilégio
real”197; e Platão crê que tal raça fosse um tipo de intérprete e
auxiliar que está na posição intermediária entre os deuses e os 361C
homens, enviam para lá as suas orações e pedidos dos homens,
e de lá trazem a adivinhação e as doações de bens198 para cá.
Empédocles199 também diz que os dêmones são punidos quando
cometem algum erro e se comportam mal
92 Πλούταρχος | Plutarco
como já disse o eubeu Arquêmaco208 e Heraclides209 do Ponto210.
Pensa que é o oráculo de Plutão em Canobo211.
94 Πλούταρχος | Plutarco
Tífon nasceu; nem se deve importar quando Filarco226 escreve
que Dioniso foi o primeiro que conduziu dois bois da índia para
o Egito, dos quais, um cujo nome eraÁpis e o outro Osíris; e que
Serápis, de quem o nome vem de sairein, que alguns dizem que 362C
significa “embelezar” e “ornar”. Pois essas assertivas de Filarco
são absurdas, e muito mais absurdas as daqueles que dizem
que Serápis não era um deus, mas que este nome foi dado ao
ataúde de Ápis, que em Mênfis havia algumas portas de bronze
que eram chamadas de Lete22' e Cocito228, quando celebram
os funerais de Ápis229, elas se abrem com um barulho pesado e
forte; por isso colocamos as mãos sobre tudo que é de bronze
quando ressoa. E tem mais comedimento os que afirmam
que significa o movimento conjunto do universo a partir de
seiíesthai e soiisthaf30. E a maior parte dos sacerdotes diz que
Osíris e Ápis foram entrelaçados no mesmo ser, e nos mostram e
ensinam que é preciso considerar que Ápis é a imagem corpórea D
da alma de Osíris. E eu, se o nome de Serápis é egípcio, penso
que isso é por mostrar alegria e regozijo, há como testemunho
o que os egípcios chamam festival das Carmosinas Seri231. Pois
também Platão232 diz que Hades é filho da benevolência e que
recebe esse nome por ser um deus favorável aos que estão junto a
ele233; e entre os egípcios muitos outros nomes têm um sentido;
e o lugar subterrâneo, para onde pensam que as almas partem
depois da morte, chamam Amentes234, o nome que significa
“o que recebe e o que dá”. E se esse é um daqueles nomes que p
vieram da Hélade de antigamente e que foram transferidos de
lá235, mais tarde os examinaremos236; agora discorreremos sobre
o restante da crença que temos em mãos.
96 Πλούταρχος | Plutarco
e censuram com palavras grosseiras os homens que têm cabelos
vermelhos e atiram um asno do alto de um precipício, como os
coptitas, porque Tífon tinha nascido vermelho e com a aparência
de um asno. E buritas e licopolitanos não usam em absoluto as 362F
trombetas, porque emitem sons semelhantes ao de um asno237. Em
uma palavra, pensam que o asno é um animal impuro, mais ainda,
demônico238, por sua semelhança com aquele; quando fazem os
bolos redondos nos sacrifícios durante os meses paini e faofi239,
modelam neles a marca de um asno amarrado. No sacrifício em 363A
honra de Hélio, aos que veneram o deus, recomendam que não
levem em seu corpo peças de ouro nem deem alimento a um
asno. Também os pitagóricos240 mostram seu entendimento de
que o poder de Tífon é demônico; pois dizem que Tífon nasceu
em uma medida par, a quinquagésima sexta; por sua vez, que a
natureza do triângulo é a de Hades, de Dioniso e de Ares211; e a
do quadrado de Reia, Afrodite, Deméter, Héstia242 e Hera243; a do
dodecágono de Zeus; e a do polígono de cinquenta e seis lados de
Tífon, conforme Eudoxo concluiu em sua investigação.
98 Πλούταρχος | Plutarco
semelhança, por sua ignorância e insolência, não menos que pela
cor do seu pelo; por isso também, dentre os reis da Pérsia, eles
odeiam especialmente Oco249, tido como maldito e impuro250,
a quem eles deram o título de asno. E aquele, após dizer que:
“por certo, esse asno se deleitará do vosso boi”, e sacrificou Ápis,
como concluiu Dínon251 em sua investigação. E os que contam
que a fuga de Tífon da batalha ocorreu, durante sete dias252, em
cima de um asno e que, depois de ter se salvado, gerou os filhos 363E)
Hierosólimo e Judeu253, a partir daí é evidente que acrescentam
elementos judaicos ao mito254.
45. Por isso, não é inverossímil dizer que, se cada um dessas 369A
interpretações em particular não está correta, todas juntas se
expressam corretamente; pois não é só dizer que existe secura,
nem vento, nem mar, nem escuridão, mas tudo que a natureza
tem prejudicial e destruidor é a parte que caracteriza Tífon. Pois
nem nos corpos inanimados devemos estabelecer as origens do
universo345, como Democrito346 e Epicuro34', nem se deve aceitar
uma única razão artífice de uma matéria sem propriedade e
uma única providência que domina e comanda tudo, como
os estoicos; pois é impossível que exista qualquer tipo de
mau, em qualquer lugar, ou algo de bom, onde o deus não é
a causa de nada, pois “a harmonia do mundo é precisamente ß
como a harmonia de um arco ou de uma lira que se estende
Por isso, também, essa mais antiga doutrina vinda dos teólogos,
dos legisladores, que chegou até poetas e filósofos, que tem a sua
origem anônima, embora tenha sua força inabalável e constante,
não somente em relatos e tradições, mas em ritos de iniciação e
festivais, tanto entre bárbaros como entre os helenos, celebrada
em muitos lugares; não sem inteligência, sem razão, sem piloto, o 369C
todo não flutua no ar ao acaso, nem existe uma única razão
que o domina e dirige, tal tivesse timões e freios obedientes,
mas muitas vezes vêm misturados com bens e males, para
dizer de modo simples: nada do que a natureza produz é
completamente sem mistura, um único despenseiro não
nos serviría de dois barris351, como os líquidos, bebidos
sem mistura, mas de dois princípios opostos e dois poderes
contrários, um que nos guia para a direita em linha reta, e
o outro que nos volta e empurra para trás, e a vida é uma
mistura e o mundo, se nem tudo é esse terrestre, além da Lua, D
é irregular e variável, nascido para receber toda espécie de
mudanças. Pois se, por natureza, nada nasce sem uma causa,
e a causa do mal não é o bem, a natureza deve ter, como o
bem, um princípio próprio do mal.
54. Por isso, não de modo absurdo, narram em seu mito 373A
que a alma de Osíris é eterna e incorruptível, e que Tífon
desmembrou seu corpo muitas vezes e escondeu suas partes,
enquanto Isis vagava e as procurava para novamente juntá-las.
Pois o ser, o inteligível e o bem são superiores a toda corrupção
e mudança; e as imagens que provêm dele modelam o sensível
e o corpóreo; e recebe as razões, as formas e as semelhanças,
como selos na cera, não permanecem sempre, mas a desordem
e a perturbação se apoderam delas e as removem daqui para o
território de cima e combatem contra Hórus, a quem, sendo
o mundo sensível, Isis engendra como imagem do inteligível; B
por isso também, diz-se que Hórus é acusado de bastardia por
Tífon, porque não é puro nem legítimo como seu pai, como
a própria razão em si, sem mistura e impassível, mas que se
tornou bastardo pela matéria, por causa da sua parte corpórea.
Mas Hórus triunfa e vence, porque Hermes, este que é a razão,
atesta e mostra que a natureza se transforma e produz o mundo
conforme o inteligível405. Pois conta-se que Isis e Osíris estavam
ainda no ventre de Reia406, quando houve a geração de Apoio
por Isis e Osíris, o que nos dá a entender que antes deste mundo
se tornar visível e ser completo pela razão, a matéria produziu a sua C
primeira geração, ainda que traga imperfeição em si mesma;
por isso também, afirmam que aquele deus nasceu mutilado
na escuridão e o chamam Hórus, o Velho407; porque não era
o mundo, mas imagem e aparência do mundo que estaria
prestes a existir.
pois esses não diferem em nada dos que imaginam que velas,
cordas e âncora sejam um piloto, e fios e tramas do tecido um
tecelão, e um espondeu475, ou um hidromel, ou uma tísana, um
médico; mas incutem idéias terríveis e ateias, porque aplicam
os nomes dos deuses no insensível, inanimado e destrutivo,
71. E isso não é assim, mas sim que se lamentam pelos frutos C
e suplicam aos deuses produtores e doadores deles para que
72. τό μέν γάρ είς ταύτα τά ζώα τούς θεούς τόν Τυφώνα
δείσαντας μεταβαλεΐν, οΐον άποκρύπτοντας εαυτούς σώμασιν
ιβεων καί κυνών καί ίεράκων, πάσαν ύπερπέπαικε τερατείαν
F καί μυθολογίαν, καί τό ταΐς ψυχαΐς τών θανόντων δσαι
διαμένουσιν είς ταύτα μόνα γίνεσθαι τήν παλιγγενεσίαν
7 Em outro tratado, Plutarco afirma que: “pois, o deus não é feliz por seu
tempo de vida, mas por sua virtude, pois isso é o divino, e também é belo
ser seu comandado.” (ού γάρ χρόνω ζωής ò θεός ευδαίμων αλλά τής αρετής
τω άρχοντι- τούτο γάρ θειον έστι, καλόν δ' αύτής καί τό άρχόμενον.) (Λ um
governante sem instrução, 78 ΙΑ).
8 E mais uma vez Plutarco retoma reflexões sobre verdade, conhecimento e
inteligência como características do divino e reacende o debate já exposto
por Platão: “Então, como o pensamento do deus é nutrido pela inteligência
e pelo conhecimento incólume, também o de toda alma cuidaria para
receber o que lhe convém, porque vê através do tempo o ser que aprecia e
contempla a verdade que o nutre e o alegra, até o momento em que o giro
da roda volta ao mesmo lugar.” {hedro, 247d.l-5). Portanto, notamos que
este tratado é marcadamente neoplatônico, como a maioria dos escritos por
Plutarco, que tem Platão como fonte de inspiração e sustentação teórica,
mas é interessante anotar que Plutarco exerce sua liberdade para ora segui-
los, ora apresentar releituras dos preceitos platônicos.
9 Note a referência direta feita por Plutarco à sacerdotisa que nos informa
que Clea foi sacerdotisa de Isis.
Notas 181
com a doce notícia./ Pois bem, filho de Cronos, tu que domina o Etna,/
peso tempestuoso/ do terrível Tifão de cem cabeças,/ recebe, em nome
das Graças, próprio de um vencedor olímpico/ este cortejo processional,
luz duradoura de façanhas de vastos poderes.”. (Olímpica, 4.1-10), in:
Pindaro, As odes olímpicas. Introdução, tradução e notas de Glória Braga
Onelley e Shirley Peçanha. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2016.
14 Deusa do amor, filha de Urano, nascida dos órgãos sexuais de seu pai,
cortados por Crono, que caíram nas ondas do mar e que, em suas espumas,
geraram Afrodite. Nas águas do mar, a deusa foi levada a ilha de Citera e,
em seguida, a Cipro, ou Chipre. Conforme lemos nestes versos: “Conta-
me, Musa, sobre os trabalhos de Afrodite de ouro,/ de Cípris que fez
nascer o doce desejo nos deuses/ e submeteu a raça dos homens mortais,/
dos pássaros vindos de Zeus e todas as feras selvagens/ que a terra nutre
em grande número tanto quanto o mar/ Mas há três corações que ela não
pode persuadir ne seduzir:/a filha de Zeus, que a porta-égide, Atena de
olhos brilhantes. [...] Jamais Afrodite que ama sorrir poderá submeter/
às leis do amor a brilhante Artemis de flechas de ouro; [...] Nem sequer
a Virgem Venerável se compraz com os trabalhos de Afrodite -/ a qual
Crono engendrou por si mesmo, [...] (h.Hom. 5: A Afrodite, 1-22),
tradução de Flávia R. Marquetti. In: Hinos homéricos. Edição bilíngue.
Tradução, notas e estudo de vários tradutores. Edição e organização de
Wilson Alves Ribeiro Jr. São Paulo: Editora da Unesp, 2010.
16 Templo dedicado à deusa Isis, tratava-se de um local que não era exclusivo
para cerimônias religiosas, também era usado para ensinar os mistérios
isíacos aos iniciantes, além de ser um local de reunião para iniciados, os
chamados Isíacos. Por esta característica de ser um local da verdade e da
realidade, é possível interpretar Ίσεϊον como a junção de είσει τό ôv ou de
είσει ίων, a partir desta afirmação plutarquiana: “ονομάζεται γάρ Ίσεϊον
ονομάζεται γάρ Ίσεϊον ώς εΐσομένων τό ον”, que traduzimos por “pois
recebe o nome de Iseion para que conheçamos a realidade”.
21 Consultar 351E.
Notas 183
24 Plutarco tem um tratado específico sobre a superstição que assim a explica:
“A ignorância e o desconhecimento a respeito dos deuses corre logo desde
o início através de dois fluxos, um produz, como em territórios secos, o
ateísmo nos caracteres rudes, enquanto o outro, como nos úmidos, a
superstição nos que são moles.” (Da superstição, 164E).
27 Heródoto relata que os egípcios: “são de longe os mais tementes aos deuses
dentre todos os homens e tem os seguintes costumes: bebem em tacinhas
de bronze, que eles lavam todos os dias, não um e outro não, mas todos
o fazem. Trajam vestimentas de linho sempre recém-lavadas, prestando
atenção, sobretudo, nisso. E praticam a circuncisão dos seus genitais por
causa da limpeza, preferindo estarem mais limpos do que bem-vestidos.”
(Histórias, 2.37). Sobre suas vestes, o historiador conta que “trajavam
túnicas de linho com franjas em volta das pernas, as quais eles chamam
calasíris-, e sobre elas portavam mantos brancos de lâ, jogados por cima.
Todavia, eles não entram trajados com roupas de lâ nos templos nem são
enterrados com elas, pois isso não é permitido pela lei divina.”. (Histórias,
2.37). In: Heródoto. Histórias. Livro II- Euterpe, op. eit.
31 A respeito dos cuidados dos sacerdotes com suas vestes e seu corpo, temos
também o registrado por Heródoto: “os sacerdotes raspam todo o corpo
a cada três dias, para que não tenham piolho e para que nenhum outro
tipo de contaminação lhes ocorra quando estão servindo aos deuses. Os
sacerdotes trajam vestimentas somente de linho e calçam sandálias feitas
de papiro, não lhes e permitido usar nenhum outro tipo de vestimenta
nem sandálias de outros materiais. Banham-se duas vezes a cada dia, cada
uma delas com água fria, e ainda duas vezes por noite, e cumprem com
outras inúmeras cerimônias religiosas, por assim dizer.”. {Histórias, 2.37).
In: Heródoto. Histórias. Livro II-Euterpe, op. eit.
Notas 185
tipo de fava no seu território e, quando elas nascem, não as comem nem
cruas nem cozidas; de fato, os sacerdotes não suportam quando as veem,
considerando que nenhuma fava é pura.”. {Histórias, 2.37). In: Heródoto.
Histórias. Livro II - Euterpe, op. eit. Em um relato tardio, Porfírio registra
que os egípcios não comiam peixe {Da abstinência, 4.7).
38 Segundo maior rio do mundo em extensão, o Rio Nilo corta quase todos
os territórios do norte da África.
43 Não sabemos ao certo de quem se trata, o nome nos leva a crer que descende
de Psamético, que foi Faraó da XXVI dinastia do Egito, 690-610 a.C.
45 Diogenes Laércio registra alguns hábitos dos pitagóricos que nos levam a
crer que estes se inspiraram em rituais egípcios, como podemos depreender
deste relato: ‘Acima de tudo Pitágoras proibia seus adeptos de comerem
peixes, chamados salmonete e melanuro, prescrevia a abstinência tanto
do coração dos animais como das favas, e segundo Aristóteles também do
rúmen e da cabrinha. Outros autores dizem que ele se contentava às vezes
Notas 187
apenas com o mel ou o favo, e pão, e que durante o dia não bebia vinho,
e juntamente com o pão comia frequentemente verduras cozidas e cruas,
e raramente peixe. Sua roupa era imaculadamente alva, e suas cobertas
eram também alvas e de lã (não se usavam ainda as de linho naquelas
regiões). Nunca o viram comer demais, ou dedicar-se aos prazeres do
amor, ou embriagar-se.”. In: Diogenes Laêrtios. Vidas e doutrinas dos
filósofos ilustres. Tradução do grego, introdução e nota de Mário da Gama
Kury. Brasília: Editora da UnB, 1977. Para reforçar nosso pensamento,
em outro tratado Plutarco afirma sobre Pitágoras que: “Concorda-se que
ele conviveu entre os sábios egípcios por muito tempo, emulava muitas
coisas deles e aprovava sobretudo os seus rituais sagrados.” (Assuntos de
banquetes, 729A).
46 Cidade localizada no Alto Egito.
Notas 189
59 Isso também é dito em Assuntos de banquetes, 670F. O relato de Eliano
parece ter tido a mesma fonte de Plutarco, ou o próprio, pois é quase
idêntico, a não ser pelo fato de que afirma que Eudoxo não acreditava
que os egípcios sacrificavam porcos, porque pisava na terra semeada e
enterrava o grão nela, evitando que os pássaros se alimentassem, e que
Mâneton afirma ter ouvido relatos sobre quem bebia leite de porca e era
acometidos por terríveis erupções cutâneas e lepra; consultar: Da natureza
dos animais, 10.16.
60 Plutarco narra esse episódio nos parágrafos 357 e 358A.
65 Faraó do Egito por volta de 718-712 a.C. Eliano conta que se tratava de
um faraó sábio e justo {Da natureza dos animais, 12.3).
Notas 191
80 Diodoro Siculo registra que “os sacerdotes egípcios concluem, por meio de
suas investigações das escrituras dos livros sagrados, que antigamente foram
até eles Orfeu, Museu, Melampo, Dédalo e, além deles, o poeta Homero, o
cidadão espartano Licurgo e, ainda, o ateniense Sólon e o filósofo Platão, foi
também o sâmio Pitágoras e o matemático Eudoxo e, além de Demócrito de
Abderae o quio Enópides.” {Biblioteca histórica, 1.96.2).
84 Sacerdote egípcio.
87 A μάχαιρα é uma faca sacrificial, também pode ser uma espada curta usada
em guerra, mas o contexto nos leva mais ao seu significado primeiro.
91 Deus dos mares, filho de Crono e Reia. Como deus do mar, Posidon tem
o poder de controlar as ondas, as tempestades, as marés, os rios e os lagos,
e ainda de criar fontes, tudo com o toque de seu tridente.
95 Trata-se do rei Artaxerxes III, 425-338 a.C. O seu nome antes da sua
ascensão ao trono era Oco.
Notas 193
como que o mais destinado, puxando para fora o seu punhal e querendo
golpear o ventre de Ápis, atingiu sua coxa; e, sorrindo, disse aos sacerdotes:
Cabeças ruins! Esses são os seus deuses, cheios de sangue e feitos de
carne, que são atingidos pelo aço? Certamente, esse é o deus digno dos
egípcios, mas vos não estais alegres porque estais me dando motivos para
risadas.”. Depois de ter dito isso, ele ordenou-lhes que executassem a
tarefa de chicotear os sacerdotes, e que capturassem e matassem os outros
egípcios que estivessem festejando. De fato, ao terminar a festa que havia
entre os egípcios, os sacerdotes receberam suas punições, e Ápis morreu
porque havia sido ferido na coxa e estirado no templo; e depois de Ápis
ter morrido por causa do seu ferimento, os sacerdotes o enterraram às
ocultas de Cambises.”. {Histórias, 3.29). In: Heródoto. Histórias. Livro
III - Talia, op. eit.
97 Conforme dito antes, a [χάχαιρα é uma faca sacrificial, também pode ser
uma espada curta usada em guerra. Como Ápis foi morto e devorado,
Plutarco nos apresenta um sacrifício seguido de banquete, tal como
vemos em Homero, um exemplo disso é o sacrifício de Nestor em honra à
deusa Atenas. Consultar: Homero, Odisséia, 3.445-463.
98 Em outro relato sobre o assassinato de Ápis, Eliano conta que: “Os
habitantes de Busiris, de Abido, a egípcia, e da cidade de Lico abominavam
o som da trombeta porque se parece com zurro de um asno. Mas eles
também tinham o culto de Serápis e odiavam o asno. Como o persa
Ocos sabia disso, matou Ápis, deificou o asno, e quis causar extremos
sofrimentos aos egípcios. E então fez justiça ao sagrado boi, não menos
que a que pagou Cambises, que foi o primeiro a cometer esse sacrilégio.”
{Da natureza dos animais, 10.28).
99 é uma das Titanides, filha de Geia e de Urano, desposou Crono, com
quem gerou Héstia, Deméter, Hera, Hades, Posidon e Zeus.
101 Platão relata que o deus Toth inventou o jogo de damas e o de dados
{Fedro, 274d).
102 Personificação da Lua, Selene era filha de Hipério e Tia, representada por
uma mulher bela e jovem. Como Hélio (personificação do Sol), que
conduzia um carro dourado, ela conduzia um carro prata, puxado por
dois cavalos.
107 Essa é primeira vez que Plutarco relaciona a deusa Isis a locais úmidos ou
à umidade em seus escritos, a segunda vez também ocorre neste tratado,
no parágrafo 365F abaixo.
Notas 195
111 Heródoto não cita o nome de Aruéris, mas traz aversão que associa Hórus
ao deus Apoio: “Mas, antes desses homens, os deuses governavam no
Egito e eles habitavam junto aos homens, também sempre um deles
era o mais poderoso. E que o último deus que reinou no Egito foi
Hórus, o filho de Osíris, o qual os helenos nomearam Apoio; ele pôs
fim ao reinado de Tífon e foi o último deus que reinou sobre o Egito.”
{Histórias, 2.144). In: Heródoto. Histórias. Livro II- Euterpe, op. eit.
112 Quanto ao caráter civilizatório de Osíris junto com Isis, Diodoro Siculo
conta que: “Pois primeiro fez a raça dos homens parar de se devorar uns
aos outros, após Isis descobrir o fruto do trigo e da cevada, que crescia
ao acaso pelo território junto com o restante da plantação e que era
desconhecido pelos homens, depois de Osíris também ter inventado o
cultivo deles, com prazer, todos mudaram sua alimentação por causa do
prazer físico dos frutos descobertos e por mostrar como convém abster-
se da crueldade de uns contra os outros.” {Biblioteca histórica, 1.14.5).
113 Plutarco destaca aqui o uso da arte retórica, da habilidade com a palavra
em vez de uma postura bélica, conquistadora do mundo pelo uso da
força militar. Podemos ver aqui uma crítica velada ao seu tempo, época
em que Roma expande seus limites e aumenta seu poder por meio de
guerras.
114 Plutarco nos faz lembrar o mito de Orfeu, que tinha a capacidade de
encantar a todos com seu canto e música.
116 Somente Plutarco cita o nome dessa rainha, e traz mais informações
adiante em 366C.
119 Também chamados Silenos, metade homem e metade bode, são seres da
natureza que acompanham Dioniso em suas festividades. Os Sátiros
perseguiam a Mênades e as Ninfas, com suas caudas longas e seus
membros viris sempre eretos.
120 Heródoto nos traz o seguinte relato sobre esta cidade: “Mas há Quêmis,
uma grande cidade da província de Tebas, próxima a Neápolis; nessa
cidade, existe um templo quadrado de Perseu, filho de Dânae, e em
volta dele nasceram palmeiras; e os vestíbulos do templo eram feitos de
pedras muito grandes; e sobre eles havia duas estátuas de pedras enormes,
colocadas de pé; e nesse recinto sagrado existe um santuário, no qual
há uma estátua de Perseu em pé.”. (Histórias, 2.91). In: Heródoto.
Histórias. Livro II - Euterpe, op. eit.
121 Plutarco lembra aqui as situações em que os animais que ficavam
temerosos com trovões e raios, e os antigos atribuíam a Pan o temor dos
animais, afirmando que esses “pânicos” eram causados por Pan.
122 Eliano conta que “Em Copto, no Egito, os egípcios veneram Isis com
diversos ritos sagrados, sobretudo, com adoração e serviço por luto ao
marido, aos filhos e aos irmãos.” (Da natureza dos animais, 2.23).
123 Note-se asonoridade similar entre Copto e κόπτω (kópto), que é a primeira
pessoa do singular do presente do indicativo do verbo κόπτειν (kópteiri)
significa “cortar”.
124 Eliano nos conta que “Então, Ápis era um bom adivinho, não faze sentar,
por Zeus, jovens virgens ou mulheres idosas sobre algumas tripodes,
sequer as vasilhas cheias de borra sagrada, mas alguém suplica a este
deus, e crianças estão brincando fora, pulam ao som dos aulos, e ficam
inspiradas com o seu ritmo e proferem cada uma das palavras do deus,
Notas 197
como se fossem mais verdadeiras que as que são ditas às margens do
Sagre.” (Da natureza dos animais, 11.10).
126 A coroa de melitoto era o presente que os amantes costumavam levar para
suas amadas durante as suas visitas noturnas.
129 Diodoro Siculo nos traz este registro sobre os cães: “O cão é útil para a caça
e a vigilância; por isso ao deus chamado entre eles Anúbis, representam-
no com uma cabeça de cão, porque mostra que protegia os corpos de
Osíris e Isis.” (Biblioteca histórica, 1.87.2).
141 Em outro tratado, Plutarco descreve este costume egípcio: “Os egípcios
cultivam o acertado costume de levar para os banquetes um esqueleto,
que mostram depois aos convivas, exortando-os a lembrar-se de que
em breve serão como ele. E se bem que a presença deste comensal seja
incômoda e pouco adaptada à circunstância, tem ainda assim alguma
utilidade, pois não os incita à bebida e à folgaça, mas antes à amizade
e ao mútuo afeto, dissuadindo-os de se desgastarem muito em grandes
contendas, quando é tão curta a duração desta vida.” (Banquete dos sete
Notas 199
sábios, 148A-B). In: Plutarco. Obras morais. O banquete dos sete sábios.
Tradução do Grego, introdução e notas de Delfim F. Leão. Coimbra:
CECH, 2008. Heródoto também registra esse costume: “Nos encontros
convivais dos seus ricos, depois de terem terminado de jantar, um
homem carrega um cadáver representado em uma urna cineraria de
madeira, imitado o mais próximo possível em sua pintura e seu entalhe,
com o tamanho total de mais ou menos um ou dois côvados; depois de
o homem tê-lo mostrado para cada um dos convivas, ele diz: “Quando
olhares para isto, bebe e te alegra; pois estarás assim depois de morto”.
E fazem isso nos seus banquetes.”. (Histórias, 2.78). In: Heródoto.
Histórias. Livro II- Euterpe, op. eit.
142 Cidade do Baixo Nilo, cujo significado é “Casa de Uto”, que os egípcios
associam à deusa Leto.
143 Diodoro Siculo conta que Tífon dilacerou Osíris em vinte e seis pedaços
(Biblioteca histórica, 1.2).
144 Heródoto já registra o uso do papiro na construção de embarcações à vela,
conforme lemos neste relato: “as embarcações que eles têm, nas quais
eles transportam suas mercadorias, são feitas da madeira da acácia, e a
sua forma é mais semelhante à da flor de lótus cireneu, cuja seiva é uma
goma. Depois de eles terem cortado em partes as madeiras dessa acácia
no tamanho de dois côvados de comprimento e de as terem reunido em
forma de tijolos, eles constroem suas embarcações do seguinte modo: eles
prendem em volta, juntando, com cavilhas sólidas e extensas, os cortes
de madeira de dois côvados; depois de terem construído a embarcação
desse modo, distendem as vigas transversais que unem os dois lados
da embarcação a parte alta delas; e não utilizam traves do arcabouço
da embarcação; as suturas de dentro, portanto, fecham com a folha do
papiro. E eles fazem apenas um leme, e este passa por meio de sua quilha;
e eles utilizam o mastro de madeira de acácia, e suas velas são de folhas de
papiro.”. (Histórias, 2.96). In: Heródoto. Histórias. Livro II - Euterpe,
op. cit.
145 Segundo Diodoro Siculo, após encontrar os pedaços do corpo de Osíris,
a deusa: “contam que modelou para cada uma das partes uma imagem
em forma humana de substâncias aromáticas e cera, semelhante a Osíris
em tamanho; convocou os sacerdotes por categorias e fez todos eles
prometer que não revelariam nada a ninguém; e em particular disse a
cada um deles que, somente entre eles, depositava o túmulo, e recordava-
Notas 201
153 Estéfano de Bizâncio, see. VI d.C., afirma que “Διοχίτης, κώμη Αίγυπτου,
έν η τέθαπται... Όσιρις.”, isto é, “Dioquites, um povoado do Egito, no
qual está enterrado... Osíris.” (Etnias, D234.12).
154 Cidade localizada às margens do Rio Nilo, onde provavelmente teve início
o culto a Osíris.
161 Heródoto registra este episódio em que Jasão passa pelo Egito: “Jasão,
depois de ter terminado no sopé do Pélion a construção da Argo, colocou
nela outra hecatombe e, além disso, uma tripode de bronze, e navegou
em volta do Peloponeso com a intenção de chegar a Delfos. Quando
Jasão navegava na altura do Málea, também o vento norte o surpreendeu
162 Um dito que se faz presente em Heródoto, 6.134; Platão, Teeteto, 181a;
Leis, 684d-e e 842, além de Plutarco repeti-lo em Diálogo do amor,
756A-B.
168 Entre os antigos, havia o hábito de se elaborar listas com os nomes dos
estrategos, arcontes, reis, vencedores olímpicos, entre outros, não
somente com o intuito de registrar os nomes daqueles que ocuparam
os cargos, mas também serviam de referência cronológica para os fatos
ocorridos à época do exercício de suas funções.
Notas
Depois disso, porque ela não cessava, procuraram remédios contra ela,
e cada um deles imaginava uma coisa diferente.” {Histórias, 1.94). In:
Heródoto. Histórias. Livro I - Clio. Tradução, introdução e notas de
Maria Aparecida de Oliveira Silva. São Paulo: Edipro, 2015.
173 Rei da Pérsia, 559-530 a.C., que recebeu o epíteto de o Grande por
ter conquistado todos os povos vizinhos e ter fundado o Império
Aquemênida, o maior de seu tempo. Sobre a origem de Ciro,
Heródoto relata: “Ciro era esse mulo; pois nasceu de duas pessoas que
não pertenciam ao mesmo povo, de uma mãe de linhagem superior e
de um pai de origem inferior. Pois sua mãe era uma meda, filha de
Astíages, rei dos medos, enquanto seu pai era um persa, governado
por aqueles; mesmo estando abaixo dela em todos os aspectos, casou-
se com sua senhora. E a Pítia respondeu isso aos lídios, e levaram essa
resposta para Sárdis e anunciaram-na para Creso. E, após ele ter ouvido
isso, compreendeu que o erro havia sido dele mesmo, e não do deus.”.
{Histórias, 1.91). In: Heródoto. Histórias. Livro I- Clio. Op. eit.
Alexandre, ο Grande, rei da Macedonia, 336-323 a.C. e rei da Pérsia, 330-
323 a.C.
178 Em seu tratado Ditos de reis egenerais, 182C, Plutarco atribui tal fala a
Antigono Gônatas, 319-239 a.C.
179 Na ausência de uma palavra adequada para classificar o que Platão chama
de “seres intermediários entre os deuses e os homens”, a partir da palavra
δαίμων {daímõri), apresentamos “dêmones” como solução de tradução
aqui, com sugestão de “dêmon” para o seu singular. Consultar: Platão,
Banquete, 202e ss.
180 Diogenes Laércio atribui a Pitágoras tal pensamento: “Todo ar é cheio
de almas, chamadas demônios e heróis, por quem são mandados aos
homens os sonhos e sinais de doenças e de saúde, e não somente aos
homens, porém ainda às ovelhas e ao gado em geral. Por isso, fazem-
se as purificações e sacrifícios lustrais e toda espécie de adivinhações,
vaticinios e similares. A coisa mais importante na vida humana é induzir
a alma ao bem ou ao mal, e os homens são felizes quando os acompanha
185 Nome dado aos filhos de Urano e de Geia enquanto suas filhas são
chamadas de Titanides.
186 Serpente morta pelo deus Apoio, que lançou suas flechas certeiras em
Píton, que também tinha o dom da adivinhação e desenvolvia suas
atividades divinatórias no sopé do Monte Parnaso, onde depois Apoio
estabeleceu o seu oráculo.
187 O adjetivo θεοειδής (theoeidês) é o epíteto que Homero usa para heróis e
reis, como cm Iliada, 14.217, por exemplo, “Τήν δ' αδτε προσέειπε γέρων
Πρίαμος θεοειδής■”, ou seja, “Ε, a ela, por sua vez, disse o velho Príarno,
semelhante aos deuses:”.
188 E o epíteto que Homero confere aos heróis, como por exemplo, <cm Iliada,
5.663-664, em que diz: “Os divinos companheiros, Sarpédon, igual aos
deuses, retiraram da guerra;”. E interessante notar que o adjetivo αντίθεος
(antítheos) também pode ser traduzido como “rival dos deuses”, no
sentido de que os homens rivalizam em coragem e outros atributos com
os deuses.
Notas 205
190 Homero, Iliada, 13.810.
192 Outra forma para o imperativo que, como no primeiro verso citado,
vem de δαιμόνιος (daimónios) que significa “enviado pelos deuses”, com
conotação negativa em sua forma imperativa.
195 Filósofo formado na Academia de Platão, 298-314 a.C., que tinha como
fim explicar a filosofia platônica por meio da Escola Pitagórica.
196 Plutarco grafa τούς δε χρηστούς καί αγαθούς, que literalmente significa
“os úteis e bons” para se referir aos dêmones. No entanto, estamos
traduzindo τούς δέ χρηστούς como “os úteis” para se referir aos dêmones,
o que nos traz o sentido de que os dêmones têm alguma utilidade para os
deuses e os mortais.
201 Platão considera Eros como um dêmon, que assim define: “- Vês então
que tu não consideras Eros um deus? / - O que podería ser Eros? Um
mortal? / - De modo algum. / - Mas o quê, na verdade?/ - Como nos
exemplos anteriores, um intermediário entre o mortal e o imortal.” (O
banquete, 202d). In: Platão. O banquete. Edição bilíngue. Apresentação,
tradução e notas de Maria Aparecida de Oliveira Silva. São Paulo: Martin
Claret, 2015.
203 Quanto a Dioniso, Heródoto nos conta que: “Osiris é Dioniso, conforme
a língua da Hélade. Portanto, entre os helenos, eles consideram que
os mais jovens dos deuses são Héracles, Dioniso e Pan, mas, junto aos
egípcios, Pan é o mais antigo e está dentre os chamados oito deuses,
enquanto Héracles está dentre os chamados doze deuses, e Dioniso está
dentre os da terceira geração, que se originaram dos doze deuses. De fato,
os próprios egípcios dizem quantos anos foram desde o rei Amásis até
a época de Héracles, isso já foi demonstrado por mim antes; diz-se que
Pan é ainda mais antigo e que Dioniso existe há menos tempo do que
eles, e os egípcios calculam que, entre ele e o rei Amásis são quinze mil
anos. E os egípcios dizem que conhecem isso com precisão e que sempre
calculam e sempre registram os anos. Então, entre Dioniso, chamado
filho de Sêmele, filha de Cadmo, até a minha época, são mais ou menos
mil e seiscentos anos, e entre Héracles, filho de Alcmena, são cerca de
novecentos anos, e entre Pan, filho de Penélope (porque Pan nasceu dela
e de Hermes, como e dito pelos helenos) que são anos posteriores aos da
Guerra de Troia, mais ou menos oitocentos anos até a minha época.”.
{Histórias, 2.145). In: Heródoto. Histórias. Livro II - Euterpe, op. eit. Ο
relato herodotiano sobre os deuses helenos e suas origens egípcias é mais
tarde criticado assim por Plutarco: “Com relação a Héracles e Dioniso,
quando declara que os egípcios os veneram como deuses antigos e os
helenos como homens envelhecidos, de modo algum expõe o mesmo
cuidado. E afirma que o Héracles egípcio se origina da segunda geração
dos deuses e que o Dioniso, da terceira, porque têm princípio de gênese e
não são eternos. Mas igualmente os declara deuses e crê que se deve fazer-
lhes oferendas como aos heróis e mortais, mas não sacrificar como aos
deuses. Isso também foi dito sobre Pan, alterando as devoções e purezas
dos assuntos sagrados dos helenos com as imposturas e ficções dos
egípcios. E isso não é impressionante; mas o é quando remonta à estirpe
Notas 207
de Heracles a Perseu e afirma que Perseu nasceu de um assírio, segundo ο
relato dos persas. E diz que “os comandantes dó rios pareciam ser egípcios
autóctones, para quem lista os antepassados de Dânae e Acrisio”.
Abandona por completo Epafo, Io, Jasão e Argo, ambicionando não
somente declarar outros Héracles egípcio e fenício, mas também isso
que ele afirma ser a terceira geração, para bani-la da Hélade e conduzí-
la aos bárbaros.” (Da malícia de Heródoto, 857D-E). In: Plutarco. Da
malícia de Heródoto. Edição bilíngue. Estudo, tradução e notas de Maria
Aparecida de Oliveira Silva. São Paulo: Edusp/Fapesp, 2013.
205 Plutão é o nome dado ao deus Hades, conhecido como o deus dos inferos,
o epíteto de Plutão é o “Possuidor de riquezas”, mas é válido destacar que
trata de riquezas oriundas da terra, do trabalho agrícola.
206 A associação entre Isis e Plutão deve-se ao fato de ambos reinarem na casa
dos mortos. Em sua origem Isis está relacionada a ritos funerários que
colocam os participantes em contato com a casa dos mortos, conforme
registra Apuleio em s\13s Metamorfoses, 11.5.23).
207 Perséfone é filha de Zeus e de Deméter, que, após ter sido raptada, une-
se ao seu raptor, o deus Hades, por meio de um expediente, deu-lhe
uma romã para comer, ciente de quem comesse algo de seu reino a ele
pertencería. Após um acordo entre Zeus, Deméter e Hades, Perséfone
passava seis meses na terra com sua mãe e os outros seis meses no Hades
ao lado de seu esposo, o que os helenos associavam ao ciclo agrícola. Sobre
a sua associação com Isis, quando Heródoto apresenta as principais
festas religiosas do Egito, afirma que a deusa Isis está associada à deusa
Deméter, conforme lemos a seguir: “E os egípcios não celebram uma
festa nacional uma única vez ao ano, mas estão reunidos frequentemente
para uma festa nacional. A principal e mais cheia de ardor ocorre na
cidade de Bubástis, em honra de Artemis. A segunda mais importante
ocorre na cidade de Busiris, em honra de Isis; pois nessa cidade há um
grande templo de Isis; essa cidade do Egito está situada no meio do Delta,
e Isis, conforme a língua dos helenos, é Deméter. E a terceira em que
208 Arquêmaco da Eubeia escreveu uma história da Eubeia, sua terra natal,
por volta do século III a.C.
212 Filho de Lágis, foi rei do Egito de 305 a 283 a.C. Ptolomeu deu início
à dinastia ptolomaica. Também foi amigo de Alexandre, o Grande, de
quem foi seu diádoco e recebeu o Egito como parte do seu espólio.
214 A respeito da região onde Sinope estava situada, Heródoto relata que
“De fato, Istro, porque corre pelo território habitado, e conhecido por
muitos, e ninguém pode dizer nada a respeito das nascentes do Nilo,
pois a Líbia, através da qual ele corre, é inabitada e desértica. A respeito
do que foi dito sobre o seu curso, na medida do possível, investiguei ao
máximo para alcançar essas informações. Ele deságua no Egito, e o Egito
está localizado mais ou menos em frente à parte montanhosa da Cilicia; e
de lá em direção a Sinope, no Ponto Euxino, um caminho reto, que dura
cinco dias para um homem disposto; e a cidade de Sinope está localizada
em frente ao lugar em que o Istro deságua no mar.”. (Histórias, 2.34). In:
Heródoto. Histórias. Livro II - Euterpe, op. eit.
Notas 209
216 Não dispomos de mais informações sobre essa personagem.
219 Para uma descrição mais detalhada do episódio, ler os capítulos 83 e 84 das
Histórias, de Tácito.
220 Tácito relata que Timóteo era um ateniense, da casa dos Eumolpidas,
o que o tornava membro de uma tradicional família de sacerdotes de
Atenas. Porque então era sacerdote principal dos ritos eleusinos, foi
levado por Ptolomeu de Elêusis para presidir o culto a Deméter no Egito
(Histórias, 4.83).
221 Filho de Equidna e de Tífon, irmão de Ortro, cão monstruoso de Gérion,
da hidra de Lerna e do leão de Némea. Cérbero era o cão de Hades, um
dos monstros que vigiavam a entrada do Hades, que não permitia que
nenhum nele adentrasse ou que qualquer morto do Hades de lá saísse.
Cérbero tinha três cabeças de cão, uma cauda formada por uma serpente
e no dorso carregava uma infinidade de serpentes erguidas.
225 Embora não tenham chegado até os nossos dias, os Escritosfrígios eram
uma coletânea de escritos míticos e religiosos que parece ter sido muito
divulgada entre os autores antigos, pois temos referências a eles em Diodoro
Siculo, Biblioteca histórica, 3.67.5; Cícero, Da natureza dos deuses, 3.42 e
Diogenes Laércio, Vidas e doutrinas dosfilósofos ilustres, 9.49, o que nos
leva a crer que são escritos produzidos durante o período helenístico.
226 Historiador, século III a.C., não sabemos ao certo qual sua cidade de
origem, somente que escreveu uma obra intitulada Histórias, composta
de vinte e oito livros, que narra a história da Hélade desde a morte de
Pirro em 272 a.C. até a morte de Cleômenes de Esparta, em 220 a.C., no
entanto, dela só nos restaram citações em escritos posteriores.
228 Rio do Hades, que é o rio das lamentações, que deriva de κωκυτός
(kõkytós) que significa “lamentação”.
229 Diodoro Siculo registra que as portas de Cocito e Lete estavam em templo
de Hécate, na região de Mênfis {Biblioteca histórica, 1.96.9).
233 Em outro tratado, Plutarco afirma que Hades comanda as almas por
meio de sua persuasão e razão, porque, como Platão afirma {Crátilo
403a-404b), um deus filantropo, sábio e rico {Da superstição, 171D)
235 Plutarco aqui se distingue de Heródoto para quem “Ainda os nomes dos
deuses, quase todos, vieram do Egito para a Hélade. Por esse motivo, eles
vieram dos bárbaros, assim eu descobri que eram, após ter sido informado;
penso que vieram especialmente do Egito. Porque, de fato, a não ser
Posidon e os Dióscoros, como já foi dito por mim antes, também Hera,
Héstia, Têmis, as Cárites e as Nereides, os nomes dos demais deuses sempre
foram os de outrora neste território. Digo os nomes que os próprios
egípcios chamam. E os nomes dos deuses que dizem não conhecer,
parece-me que estes foram nomeados pelos pelasgos, exceto Posidon. Eles
conheceram esse deus por intermédio dos líbios; pois nenhum deles tinha
o nome de Posidon desde o início, a não ser para os líbios, que sempre
honraram esse deus. Então, os egípcios não cultuam nenhum dos heróis.”.
{Histórias, 2.50). In: Heródoto. Histórias. LivroII- Euterpe, op. cit. Temos
ainda Platão, Timeu, 21 e ss, como voz dissonante de Heródoto.
Notas 211
236 No parágrafo 375D.
237 Plutarco conta o seguinte diálogo sobre o uso dos ossos de um asno na
confecção das flautas, no lugar dos ossos de veado, como era o costume:
“Os helenos, pelo contrário, embora tenham a presunção de falar
melhor do que os citas, acreditam que aos deuses agrada mais ouvir sons
retirados de ossos e pedaços de madeira./ - E se tu soubesses, estrangeiro,
- atalhou Esopo - que os atuais fabricantes de flauta puseram de lado o
osso de veado, para usarem antes os de asno, pois acham que tem melhor
sonoridade! E por isso que Cleobulina inventou a seguinte adivinha a
propósito da flauta frigia: Um burro morto, com a canela revestida de
corno, nas orelhas me bateu! E pois coisa de espantar que, sendo o burro
tão grosseiro e contrário aos dons das Musas, consiga fornecer um osso
tão fino e apto para a música.” (O banquete dos Sete Sábios, 150E). In:
Plutarco. Obras morais. O banquete dos Sete Sábios. Tradução do grego,
introdução e notas de Delfim F. Leão. Coimbra: Centro de Estudos
Clássicos e Humanístico, 2008. Eliano também faz um relato semelhante
ao de Plutarco em História dos animais, 10.28.
239 Paini era o décimo mês do ano, entre 26 de maio e 24 de junho, e o mês
faofi era o segundo, que equivale ao dia 28 de setembro a 27 de outubro.
241 Filho de Zeus e de Hera, pertence à segunda geração dos deuses olímpios,
considerado o deus da guerra, do combate. Sobre a origem de Ares,
consultar Hesiodo, Teogonia, 921-922. O culto de Ares estava associado
ao deus egípcio Onúris.
244 Diodoro Siculo conta que havia poucos bois de pelagem vermelha porque
acreditavam que tal cor havia sido a de Tífon {Biblioteca histórica, 1.88.4)
245 Heródoto assim detalha o sacrifício de um boi a Épafo, ou Ápis: Os
bois vigorosos são considerados posses de Épafo, por essa razão, eles
os submetem à prova da seguinte maneira: quando se vê uma única
mancha preta que seja no animal, esse não é considerado puro. E é
designado um dos sacerdotes que procura isso no animal, colocando-o
de pé, deitado de costas e puxando sua língua para fora, se há sinais
estabelecidos para um animal puro, sobre os quais eu falarei em outro
relato; e ainda examina os pelos da cauda, se tem nascido conforme a
natureza. Se o animal for puro dentre todos esses aspectos, assinala-o,
enrolando um papiro em volta dos seus chifres, e depois de moldar a
terra para receber um selo, pressiona-a com o sinete do seu dedo; e assim
se retiram. A penalidade imposta a quem sacrifica um animal não selado
é a morte. Submete-se à prova então o animal do seguinte modo, e o
sacrifício é por eles estabelecido assim: conduzem o animal sinalizado
para o altar onde se realiza sacrifícios, acedem o fogo, depois derramam
vinho em volta do animal a ser sacrificado, invocam o deus e o degolam.
Depois de degolá-lo, arrancam-lhe a cabeça. Então, desossam o corpo
do animal, e muitas vezes lançam imprecações a sua cabeça e a levam
embora; quando eles têm uma agora e helenos entre os povos que são
seus comerciantes, eles a levam para a agora e a vendem para eles; mas, se
eles não tiverem helenos presentes nela, eles a jogam no rio. Os sacerdotes
lançam imprecações sobre sua cabeça, dizendo as seguintes palavras: se
algo de mal for acontecer ou para eles mesmos que realizaram o sacrifício
ou ao Egito inteiro, que isso se volte para essa cabeça. Portanto, quanto
às cabeças dos animais sacrificados e à libação do vinho, todos os egípcios
utilizam os mesmos costumes em todas as oferendas sagradas e, a partir
desse costume, nenhum egípcio comerá a cabeça de nenhum outro ser
vivo.”. {Histórias, 2.38-39). In: Heródoto. Histórias. Livro II - Euterpe,
op. tit.
Notas 213
246 Consultar também o parágrafo 379F para a questão posta aqui sobre a
metempsicose.
248 Castor de Rodes, século I a.C., compôs uma obra sobre o rio Nilo e
algumas obras sobre a Babilônia e a arte retórica, das quais nos restaram
apenas fragmentos.
249 Artaxerxes III Oco, rei da Pérsia de 358 a 338 a.C., décimo rei da dinastia
dos Aquemênidas.
250 Eliano nos conta que Oco, rei da Pérsia, sacrificou o asno e ordenou aos
helenos que o cultuassem, mesmo ciente de que os helenos tinham
horror a esse animal (História dos animais, 10.28).
251 Dínon de Colófon, século IV-III a.C., compôs uma obra sobre a história
da Pérsia, da qual nos restam fragmentos contidos na Vida deArtaxerxes,
de Plutarco.
257 Entre os egípcios, a esquerda era para designar o Leste e a direita para
o Oeste. Plutarco associa a esquerda ao nascimento e a direita à
desembocadura do rio Nilo (Assuntos de banquetes, 729B).
258 Plutarco conta que a abstenção dos sacerdotes ao sal, que é chamada de
“a espuma de Tífon” nas épocas de purificação (Assuntos de banquetes,
648F).
262 Eliano conta que o hipopótamo é o mais ímpio dos animais porque come
seu pai (História dos animais, 7.19).
263 Ou hipopótamo.
266 Na cidade de Hélio, ou Heliópolis, Mnévis era a alma de Rá, que era a
personificação do Sol. Eliano nos conta que o boi Mnévis era consagrado
ao Sol e Ápis à Lua harmonia (História dos animais, 2.1).
267 Sobre a terra do Egito, Heródoto relata que “Quanto aos assuntos
relativos ao Egito, então, há os que dizem isso e também eu mesmo
estou convencido e penso que seguramente foi assim, porque vi que o
Egito se projeta, tomando a terra, revelando conchas nas montanhas e
mostrando a salinidade na sua superfície brilhante, de modo também
a danificar as pirâmides, e a única montanha arenosa do Egito e essa
que está localizada acima de Mênfis, além desse território, nem o que é
limítrofe da Arábia e similar ao do Egito, nem ao da Líbia, não o é nem
ao da Síria (pois os sírios habitam o litoral do mar da Arábia), mas o seu
solo é negro e rachado, de modo que é uma aluviâo e um derramamento
da Etiópia, trazido de cima para baixo pelo seu rio; e sabemos que a Líbia
tem a terra mais vermelha e arenosa, e que a Arábia e a Síria são as mais
argilosas e rochosas.” (Histórias, 2.12). In: Heródoto. Histórias. Livro II
- Euterpe, op. cit. Platão em seu diálogo Timeu, 25b, também afirma que
o Egito tinha a terra negra.
269 Homero nos conta que todas as coisas e todos os deuses existem por causa
de Oceano, que era o princípio da geração (Ilíada, 14.214 e 246), e Tales
de Mileto afirmava que o princípio de tudo era a água, por isso a relação
feita entre ambos.
Notas 215
270 Filho de Urano e de Geia, os antigos poetas acreditavam que o Oceano era
um rio que circundava a Terra, dado que Heródoto demonstra que não é
mais aceitável em sua época, como lemos a seguir: “E outro caminho e o
mais sem conhecimento que o que já foi dito, mas e mais admirável de se
dizer em palavra, o que diz que o rio [Nilo] corre a partir do Oceano para
que ele opere essas coisas, e que o Oceano corre em volta de toda a Terra.”.
{Histórias, 2.21). In: Heródoto. Histórias. Livro II- Euterpe, op. cit. Para os
poetas que cantaram Oceano como o rio que circundava a Terra, consultar
Homero, Ilíada, 19.200 e 244; Hesiodo, Teogonia, 242 e 940.
282 Apuleio conta que estava iniciado nos mistérios de Isis, mas não nos de
Osíris {Asno de ouro, 10.27.4), pelo que notamos que, apesar de serem
284 A relação do deus com uma embarcação está no Hino Homérico a Dioniso,
onde lemos: “Acerca de Dioniso, filho de Sêmele mui ilustre, /lembrar-
me-ei de como surgiu na praia do mar infecundo [...] Rapidamente
homens de uma nau de bons bancos/ piratas, avançaram rapidamente
pelo mar vinoso,/ tirrenos, conduzia-os um mau destino; eles, que
quando o viram/ acenaram uns aos outros, rapidamente saltaram,
prontamente agarrando-o/ acomodaram-se na sua nau, alegrados no
coração./ Pois ele parecia ser um filho dos reis alimentados/ por Zeus, e
queriam em correntes atar dolorosas./ a ele, não detinham as correntes,
e os liarnes para longe caíam/ de suas mãos e de seus pés; e ele, sorrindo,
sentava-se [...] o piloto percebendo, logo aos seus companheiros chamou
dizendo:/ Insensatos, que deus é este que encadeais, tendo capturado,/
poderoso? Nem pode transportá-lo uma nau benfeita.” Tradução de
Fernando Brandão dos Santos. In: Hinos homéricos. op. cit.
Notas 217
eles dizem que não é razoável conceber a existência de um deus que leva
os homens à loucura.” {Histórias, 4.79). Heródoto. Histórias. Livro
IV - Melpômene. Tradução, introdução e notas de Maria Aparecida de
Oliveira Silva. São Paulo: Edipro, 2019.
286 Ateneu relata que a relação entre Dioniso e o touro está na origem do seu
culto {Deipnosofistas,
291 Natural de Argos, escreveu a obra citada por Plutarco no século II a.C.,
mas que não chegou até nós.
303 Apópis era irmão de Osiris, a quem Apópis pedia auxilio todas as vezes
que secava o ar da Terra, e Osiris, por sua vez, convocava Dioniso que,
pelo seu princípio úmido, auxiliava-o.
307 Ou Harshafitou para os egípcios, seu nome significa “energia viril”, era
o principal deus de Heracleópolis, e era representado como um deus-
carneiro, participava das celebrações em honra a Dioniso.
308 Poeta iâmbico que escreveu uma história do Egito, não dispomos de mais
informações sobre essa personagem.
310 Filho de Zeus e de Io, Epafo foi rei do Egito por volta do século XVI a.C.
De acordo com o mito de Epafo, quando Io foi metamorfoseada em
vaca, ela vagou sem rumo por toda a Terra, perseguida por Hera, a esposa
ciumenta de Zeus, mas, durante a sua andança, encontrou refúgio as
margens do Rio Nilo, onde deu à luz Epafo, que significa “o toque de
Zeus”, que foi criado por Telégono, o seu pai mortal, rei do Egito, a quem
sucedeu após a sua morte. Esquilo: “Existe uma cidade, Canopo, a última
da região, / junto a mesma embocadura e aluvião do Nilo;/ lá então Zeus
te coloca cordata/ roçando-a com sua destemida mão, tocando-a apenas./
Terás o nome dos descendentes de Zeus,/ darás a luz ao negro Epafo, que
colherá/ quanto o Nilo de larga correnteza irrigar a terra” {Prometeu
acorrentado, 846-853). In: Esquilo. Prometeu acorrentado. Edição
bilíngue. Tradução e notas de Maria Aparecida de Oliveira Silva. Prefácio
de Orlando Luiz de Araújo. São Paulo: Martin Claret, 2019.
Notas
311 Ao discorre sobre a ilha de Quêmis, Heródoto nos apresenta algumas
dessas divindades egípcias e seus equivalentes helenos: “Portanto, esse
santuário [de Leto], dentre as coisas que me foram visíveis sobre esse
templo, e o que existe de mais maravilhoso; em segundo lugar, está a
chamada Ilha Quêmis. Ela está localizada em um lago profundo e largo,
ao lado do templo existente na cidade de Buto; e dito pelos egípcios que
essa ilha tem a característica de viajar pela água. Eu próprio, pelo menos,
não a vi navegando nem se movendo; e fico atônito quando ouço isso, se
é verdade que uma ilha é efetivamente capaz de viajar pela água. Então, de
fato, nesse mesmo lugar, foi construído um grande santuário de Apoio
e três altares, no qual nascem numerosas palmeiras, outras espécies de
árvores, algumas frutíferas e muitas sem frutos. E os egípcios traçam
conexão com a seguinte história para dizer que essa ilha viaja pela água:
que essa ilha, no princípio, não era flutuante, quando Leto, que estava
entre os oito deuses que se originaram primeiro, habitava na cidade de
Buto, onde de fato está esse oráculo, e recebeu Apoio das mãos de Isis,
para que ela o protegesse, e, para mantê-lo são e salvo, ela o escondeu
nessa ilha que, hoje, e chamada flutuante, quando Tífon chegou lá,
depois de tê-lo procurado por toda a terra, querendo encontrar o filho
de Osíris (eles dizem que Apoio e Artemis são filhos de Dioniso e de ísis,
e que Leto foi a nutriz deles e sua salvadora; e, para os egípcios, Apoio e
Hórus; Deméter e Isis; e Artemis e Bubástis. A partir dessa história e de
nenhuma outra, Esquilo, filho de Euforíon, retirou o tema da história
que conto; de fato, somente ele dentre os poetas anteriores, pois ele
compôs Artemis como filha de Deméter); e a ilha tornou-se flutuante
por causa disso.” {Histórias, 2.156). In: Heródoto. Histórias. Livro II -
Euterpe, op. eit.
312 Historiador atenienses, séculos IV-III a.C., escreveu uma obra intitulada
Retornos e um livro sobre Alexandre, o Grande, das quais somente nos
restaram fragmentos.
313 Filho de lápeto, um Titã, e de Ásia, filha de Oceano, Prometeu é primo
de Zeus. O mito de Prometeu é contado por Hesiodo na Teogonia, por
Apolodoro m Biblioteca e por Esquilo em Prometeu acorrentado.
317 ώρα (hora'), note aproximidade com o nome de Hórus. ώρα(ύθΛζζ) significa
יי״.
ÍCestaçao
321 A cheia do rio Nilo já foi objeto de análise de Heródoto, conforme lemos
a seguir: “E o Nilo avança, quando está cheio, não somente sobre o seu
Delta, mas também no que é chamado território líbico e em alguns
lugares do arábico, em uma jornada de dois dias em cada uma das duas
margens, tanto mais ainda que isso, como também menos. Sobre a
natureza do rio, não pude aprender nada, nem dos sacerdotes nem de
qualquer outro. Mas tinha a boa vontade de ser informado por eles,
porque o Nilo transborda e enche, começando a partir dos solstícios
de verão, por cerca de cem dias. Passando esse número de dias, retorna
e deixa sua inundação, de modo a atravessar rasante durante todo o
inverno, ficando assim até quando, outra vez, há os solstícios de verão.
Portanto, nenhum desses egípcios foi capaz de me fazer compreender
isso, quando eu os indaguei sobre qual capacidade o Nilo tinha para ter
sua natureza diferente da dos demais rios. Por querer saber a respeito das
coisas mencionadas, investiguei também por que ele e o único dentre os
rios que não tem brisas soprando dele.”. (Histórias, 2.19). In: Heródoto.
Histórias. Livro II - Euterpe, op. cit. E Heródoto segue expondo outras
Notas 221
teorias sobre a cheia para depois apresentar a sua versão, consultar
capítulos 20 a 25 do Livro II - Euterpe.
322 E o terceiro mês do ano egípcio, equivale a parte dos meses de outubro e
novembro.
323 A representação de Isis como uma vaca também é relatada por Heródoto:
“Portanto, todos os egípcios sacrificam bois puros, os mais vigorosos
e os vitelos, enquanto não lhes é permitido sacrificar as vacas, mas são
oferendas sacrificiais de Isis. Pois a estátua de Isis era de uma figura
feminina com chifres de vaca, conforme os helenos representavam Io,
e todos os egípcios igualmente veneram de modo mais considerável as
vacas de todos os rebanhos. Por causa disso, nenhum homem e nenhuma
mulher do Egito poderíam beijar um homem heleno na boca, nem
utilizar uma faca de um homem heleno, nem espetos de assar, nem
um caldeirão para cozinhar carne, nem comer a carne de um boi puro
cortado com a faca de um heleno. Eles enterram os gados mortos do
seguinte modo: atiram as vacas no rio e os bois são enterrados, cada um
dos subúrbios os tem nele, e um dos chifres, ou ambos, e colocado para
fora, em razão de ser um sinal distintivo do lugar.”. {Histórias, 2.41). In:
Heródoto. Histórias. Livro II-Euterpe, op. cit. E sobre as origens da vaca
estar associada à deusa Isis, consultar os capítulos 129 e ss, do Livro II -
Euterpe.
324 Isis é a esposa de seu irmão Osíris, mãe de Hórus, o Deus dos Céus. A
deusa é considerada a mãe dos deuses e a divindade relacionada à magia.
A representação mais recorrente de Isis é a de uma vaca segurando o
símbolo da Lua, por isso esse animal é consagrado a deusa. Outro aspecto
interessante dessa divindade é que, ao contrário das demais divindades
egípcias, Isis não tinha um local específico para o seu culto, além de ter
alcançado prestígio entre os antigos helenos e os romanos.
327 Acreditava-se que o Egito tivesse sido mar, essa afirmação tem a seguinte
explicação em Heródoto: “Existe, no território da Arábia, não longe
do Egito, um golfo marítimo que se estende do chamado Mar Eritreu,
tão longo e estreito como irei expor, começando pela extensão de sua
navegação: para completar a navegação da sua parte mais baixa até o
328 Pequena ilha situada no litoral do Egito, que estava localizada do lado
oposto de Alexandria.
330 Deus do Caos, Seth está associado à morte, à seca, à terra vermelha. Seth é
oposto de seu irmão Osíris.
334 Ilha no Rio Nilo, ao sul do seu território, cujo nome deriva da língua
helena, que significa “cidade dos elefantes”. A respeito de sua localização,
Notas 223
Heródoto conta que: “De Heliópolis até Tebas, são nove dias de
navegação, e a distância e de oitocentos e sessenta estádios, sendo oitenta
e um cordéis. Esses estádios, somados, resultam no tamanho total da
extensão do Egito; e a parte do litoral, que já foi demonstrada por mim
antes, e de três mil e seiscentos estádios; quanto a que se situa do mar em
direção ao interior do território até Tebas, faço saber: pois são seis mil,
cento e vinte estádios; e a parte que vai de Tebas até a chamada cidade
Elefantina, corresponde a um mil e oitocentos estádios.”. {Histórias,
2.9). In: Heródoto. Histórias. Livro II- Euterpe, op. eit.
335 Cidade situada do lado leste do Delta do Rio Nilo. Está associada ao
culto de Osíris. Há ainda a relação entre o nome da cidade com um deus
homônimo que representava a preservação da natureza.
338 Platão também atribui esse poder de inseminar e de gerar da Lua por sua
condição hermafrodita (O banquete, 190b).
341 No original: κύων {kyõri) participio presente do verbo κύω Qtyo), que
significa “conceber”. Note a proximidade do verbo usado com o
substantivo κύων {kyõri), que significa “cão”.
342 Plutarco grafa κυνός {kynós), que é o genitivo singular de κύων {kyõri) que
significa “cão”.
343 Filho de Ciro, Cambises foi rei da Pérsia entre 530 e 522 a.C. e tornou-
se notável por ter conquistado o Egito. Heródoto relata que, depois da
conquista do Egito, Cambises começou a demonstrar insanidade mental,
o que os egípcios consideraram um castigo divino pelos atos impiedosos
contra a sua religião. Além disso, mandou matar seu irmão Esmérdis por
medo de ser destronado por ele. No entanto, o seu ardil não funcionou
porque um mago ocupou o seu lugar, fingindo ser seu irmão, e, quando
Cambises foi combatê-lo para reaver seu poder, morreu ferido na coxa
em seu retorno à Pérsia.
345 τάς του παντός άρχάς (las tou pantòs arkbàs) também pode ser traduzido
como “as origens do todo” ou “do mundo”.
347 Natural de Samos, 341-270 a.C., o filósofo também foi influenciado pela
teoria atomista de Democrito de Abdera.
355 Deus do Sol ou Deus Solar, na mitologia persa, Mitra rege o Sol, a
sabedoria e a guerra.
Notas
359 Pequena lacuna do manuscrito.
362 O ciclo era de doze mil anos, dividido em quatro períodos de três mil
anos cada. No primeiro período, Horomazes e Arimânio criam; no
segundo, Horomazes reina sozinho; no terceiro, Arimânio se sobrepõem
a Horomazes e passa a reinar e no quarto período, há o combate entre os
dois deuses, com a prevalência de Horomazes.
363 Diodoro Siculo afirma que os caldeus são os mais antigos babilônios, que
têm uma casta de sacerdotes semelhante à dos egípcios, que aprendem
filosofia e astrologia. Por ser um posto transmitido de pai para filho,
os ensinamentos do sacerdócio sâo-lhes ensinados já na infância. Os
caldeus conheciam cinco planetas: Saturno, Marte, Vênus, Mercúrio e
Júpiter. Estes planetas eram chamados de intérpretes, pois os sacerdotes
obtinham predições a partir de seu movimento no céu {Biblioteca
histórica, 2.30, 1-6). Plutarco nos fala em sete planetas, certamente, por
acrescentar o Sol e a Lua a esta conta.
368 Κλώθες {Klôthes) eram as Fiandeiras, divindades que fiam a trama da vida
humana, as deusas do destino.
371 Aristóteles nos fala da “tábua dos opostos” sugerida pela filosofia
pitagórica em sua Foví Metafísica, 985b e ss.
379 Consultar 367D e 376A-B para mais informações sobre o nome Seth.
381 ò ποτάμιος ίππος (ho potámios hyppos), ou cavalo do rio é o animal que
chamamos hipopótamo.
Notas
os tratam como inimigos. Os habitantes na região ao redor de Tebas
e do Lago Méris consideram que eles são muito sagrados. E cada uma
das localidades de todas essas regiões alimenta um crocodilo, porque é
ensinado a ser manso, e colocam em suas orelhas ornamentos pendentes
de pedras lapidadas e de ouro, braceletes em torno das suas quatro
patas, dão-lhe alimentos reservados, oferendas sagradas, tratando-o da
melhor forma possível enquanto estão vivos; quando morrem, eles os
embalsamam e depois os enterram em túmulos sagrados. Os que habitam
em torno da cidade de Elefantina também se alimentam deles, porque
não consideram que eles sejam sagrados. Eles não os chamam crocodilos,
mas kbámpsai-, mas os iônios lhes deram nome de crocodilos, porque
os crocodilos têm sua aparência semelhante a dos lagartos, que existem
nos territórios deles.” {Histórias, 2.69). In: Heródoto. Histórias. Livro
II - Euterpe, op. cit. Ainda temos o registro de Eliano em História dos
animais, 1.21, no qual nos informa que os habitantes de Apolinópolis
chicoteavam e maltratavam os crocodilos antes de matá-los.
389 Osíris é representado por gavião ou por um falcão; sobre este, temos o
seguinte relato de Eliano: “Os falcões são muito bons para caçar e não
são inferiores às águias nisso. São por natureza domesticáveis e as aves
mais amigas dos homens, e não são inferiores às águias em tamanho.”
{História dos animais, 2.42). Porfírio conta que os falcões têm o costume
de deixar os olhos dos cadáveres na terra {Da abstinência, 4.9).
390 Ação que denota respeito aos mortos, pois jogar um pouco de terra no
cadáver já lhe conferia a condição de sepulto, como vemos nos versos
sofoclianos em que Antigona desperta a ira de Creonte por ter jogado
um punhado de terra no cadáver de seu irmão Polinices, declarado
inimigo de Tebas pelo tirano; consultar Sófocles, Antigona, 450-470.
398 Para os humanos, Osíris solar na terra equivale ao que o Sol é no céu.
402 Diodoro Siculo registra a associação feita entre o Sol e a Lua e Osíris e
Isis, contando-nos o seguinte: “Os homens, conforme o costume
egípcio dos homens que nasceram antigamente, observando o cosmo,
alegraram-se e se maravilharam com a natureza do universo, e supuseram
que existiam dois deuses eternos e primeiro, o Sol e a Lua, dos quais,
um chamaram Osíris e a outra, Isis, que receberam esses nomes por um
tipo de etimologia. Interpretados pelo dialeto helênico, Osíris é o “de
muitos olhos”, pois lança seus raios por toda parte, olha toda a terra e
o mar.” {Biblioteca histórica, 1.11.1-2). Interessante notar que o epíteto
πολυόφθαλρ,ος (polyóphtalmos) “de muitos olhos” usado por Diodoro
Siculo é o mesmo usado por Homero em diversos versos de suas
composições. Encontramos narrativa semelhante em Diogenes Laércio,
Vidas e doutrinas dosfilósofos ilustres, 1.10.
403 Embora Plutarco afirme que seja a Osíris, Sírio é a estrela mais brilhante
da Constelação do Cão, ou de Órion, e está associada à deusa ísis. De
acordo com o Suda, os helenos às vezes chamavam o Sol de Sírio.
407 Hórus, o Velho, saiu do sono de Nout, que equivale à deusa Reia, antes
mesmo de ser gerado por Isis e Osíris.
408 Trata-se da lira. O mito contado por Plutarco nos lembra episódios
contidos em Hino homérico a Hermes, conforme lemos a seguir:
“Nascido ao alvorecer, ao meio-dia tocava citara/ e ao entardecer furtou
bois do arqueiro Apoio./ No quarto dia da primeira parte, Maia augusta
Notas
o pariu./ E tão logo saltou do seio imortal da mãe,/ não ficou muito
tempo em repouso no sagrado berço;/ mas, num salto, saiu em busca
dos bois de Apoio,/ transpondo a soleira da gruta de elevado teto./ Ao
encontrar aí uma tartaruga, conseguiu imensa prosperidade:/ Hermes
foi o primeiro a fazer da tartaruga um cantor. (b.Hom. 4: A Hermes, 17-
25), tradução de Maria Celeste Consolin Dezotti. In: Hinos homéricos.
op.cit.
409 Platão, Timeu, 50c-d.
416 Mut era casada com Ámon, era a deusa-falcão de Tebas, representada em
um vestido vermelho, com uma serpente na fronte.
418 Plutarco se refere aos seguintes versos: “Sim bem primeiro nasceu Caos,
depois também/ Terra de amplo seio, de todos sede irresvalável sempre,/
dos imortais que têm a cabeça do Olimpo nevado,/ e Tártaro nevoento
no fundo do chão de amplas vias,/ e Eros: o mais belo entre Deuses
imortais,/ solta-membros, dos Deuses todos e dos homens todos/
ele doma no peito o espírito prudente vontade. (Teogonia, 116-122),
tradução deJaaTorrano. In: Hesiodo. Teogonia. Op. cit.
422 Deus do amor, considerado primordial, gerado junto com Geia a partir do
Caos; ler Hesiodo, Teogonia, 120-122. Há ainda a tradição poética que o
associa a Hermes e Afrodite, sendo o resultado da união entre eles.
426 άειγενής (aeigenês) também pode ser lido como “sempre-vivo” no sentido
de que está sempre alimentando o seu princípio, que é o da geração, ou
seja, sempre se gerando ou renascendo.
434 οί θεοί (boitbeoí), que significa “os deuses”; é o plural de ò θεός (ho tbeós),
o deus .
436 Participio do verbo θέω (théõ), que significa “o que corre” ou “corredor”.
Notas
437 κίνησις (kinesis) significa “movimento”.
438 Sobre como os helenos deram nomes aos seus deuses, temos o seguinte
relato de Heródoto: “E os pelasgos primeiro sacrificavam tudo depois de
fazerem preces aos deuses, como eu sei, por ter ouvido, em Dodona, mas
não faziam referência a nenhum epíteto nem nome a nenhum dos deuses;
pois jamais tinham ouvido falar de algum deles. Porque eles atribuíam
os nomes dos seus deuses a partir daquilo que lhes era estabelecido pela
ordem natural das coisas, por isso eles obtiveram todos os seus costumes
e todos os seus assuntos. Depois de transcorrido muito tempo, eles
souberam os nomes dos outros deuses que vieram do Egito, mas eles
souberam do de Dioniso muito mais tarde; e depois desse tempo, eles
foram consultar o oráculo a respeito desses nomes em Dodoma; pois, de
fato, esse local de respostas oraculares era considerado o mais antigo dos
oráculos na Hélade, também era o único desse período. Então, depois
de os pelasgos terem consultado os oráculos em Dodona, para saber se
eles deveríam adotar os nomes vindos dos bárbaros, a resposta oracular
proferida foi para que eles os adotassem. De fato, depois dessa época,
eles fizeram sacrifícios utilizando os nomes desses deuses; os helenos os
receberam mais tarde dos pelasgos.”. (Histórias, 2.52). In: Heródoto.
Histórias. Livro II - Euterpe, op. eit.
439 Plutarco tem como base a seguinte etimologia discutida em Platão, mas se
referindo ao nome da deusa Héstia, consultar: Crátilo, 401c.
447 à.־v'\a.(ania)<0x!L “aflição”. Para todos esses termos, consultar: Platão, Crátilo,
415b.
Notas 233
457 κύησις (kyêsis), que é a “concepção” ou “gravidez”.
460 Atena tem seu equivalente egípcio em Neith, deusa da caça e da guerra,
também era inventora.
467 σείεσθαι (seiestbaí), note-se que Plutarco destaca a semelhança entre esses
dois radicais.
472 Plutarco nos deixa claro a sua percepção de que os deuses não são
propriedade de um determinado povo, pois entende que os deuses
pertencem ao todo, ao mundo ou universo, por isso comuns a todos.
473 Cleantes de Assos, 330 a232 a.C., filósofo estoico que sucedeu a Zenão na
Escola Estoica de Atenas.
475 Embora usemos o termo para nos referirmos a um tipo de verso comum
na Hélade, ο σπονδείον {spondeion), ou espondeu, também era o nome
dado a uma tigela usada em ritos sagrados para fazer libações e ainda a
um vaso para o espargimento de poções medicinais em seus pacientes.
Notas 235
480 Consultar os parágrafos 358D e 377C.
487 Eram as sete filhas do gigante Atlas e de Plêione que se tornaram uma
Constelação de mesmo nome. As Plêiades se chamavam Taígete, Electra,
Alcíone, Astérope, Celeno, Maia e Mérope.
490 Cidade localizada na Líbia, foi um grande entreposto comercial por volta
491 Político ateniense, século IV-III a.C. Pausanias conta que Lácares lutou
contra Demétrio Poliocerces e que foi até as últimas consequências
quando pagou mercenários com o ouro do manto da estátua de Atena,
uma obra-prima de Fídias {Descrição da Hélade, 1.25.7).
492 Trata-se da guerra de Sula contra Mário em 83 a.C. Sobre esse embate,
consultar Tácito, Histórias, 3. 72 e Anais, 6.12, também Plutarco, Vida
de Sula e Vida de Mário.
493 Tragédia desconhecida de Euripides.
Notas 237
Amon seja representado com recurvos cornos;/ o deus de Delos mudou-se
num corvo; em bode, o filho de Sêmele;/ a irmã de Fevo, em gata; numa
vaca branca se mudou a Saturnia,/ Venus ocultou-se em pez, o deus de
Cilene, nas penas de ibis.’, in: Ovidio. Metamorfoses. Edição bilíngue.
Tradução, introdução e notas de Domingos Lucas Dias. Apresentação de
João Angelo Oliva Neto. 2“ reimpressão. São Paulo: Editora 34,2021.
496 Semelhante relato foi feito por Diodoro Siculo, Biblioteca histórica, 1.86-
90.
497 Sobre esse costume dos egípcios, Diodoro Siculo, Biblioteca histórica,
1.62.4 e Eliano, História dos animais, 6.38.
504 Sobre o uso do bode como sacrifício em Mendes, dispomos deste relato
de Heródoto: “De fato, os egípcios para os quais eu perguntei isso não
fazem sacrifícios com cabras nem bodes pelos motivos que se seguem.
Os mendésios contam que Pan está entre os oito deuses, que, segundo
eles dizem, são esses oito deuses que nasceram antes dos doze deuses; os
pintores o retrataram e também os escultores esculpiram estátuas de Pan,
do mesmo modo que os helenos, com rosto de cabra e pernas de bode,
mas de maneira alguma eles consideram que tenha esse aspecto, mas sim
semelhante aos demais deuses; e por qual razão eles o representam desse
modo não me é apropriado dizer. E os mendésios veneram todos os
caprinos, ainda mais os machos que as fêmeas, e entre eles os pastores de
cabras recebem honras maiores; e um único e o mais importante dentre
todos os caprinos, aquele para o qual, depois de morrer, um longo luto
é instituído a toda província mendésia. E, na língua egípcia, chama-
se tanto o bode como Pan de Mendes. Aconteceu nessa província, a
minha época, essa coisa monstruosa: um bode teve relações sexuais
abertamente com uma mulher; isso alcançou notoriedade entre os
Notas 239
homens.” (Histórias, ZAG'). In: Heródoto. Histórias. Livro II - Euterpe,
op. cit. Diodoro Siculo conta que o bode de Mendes estava em um recinto
sagrado, muito bem cuidado por homens ilustres que o alimentam com
farinha e grãos no leite, bolos e pães com mel, carne de pato e aves. Dão-lhe
banhos, depois passam unguentos e perfumes (Biblioteca histórica, 1.84.4-
6). Estrabão nos traz informações semelhantes em Geografia, 17.19.
505 Cidade situada do lado leste do Delta do Rio Nilo. Está associada ao
culto de Osíris. Existe ainda a relação entre o nome da cidade com um
deus homônimo que representava a preservação da natureza. O culto
desse deus é assim descrito por Heródoto: “De fato, aqueles que dedicam
um templo a Zeus Tebano, que são de uma província tebana, esses todos
se mantêm longe das ovelhas e sacrificam as cabras (pois, de fato, todos
os egípcios não veneram os seus deuses do mesmo modo, exceto Isis e
Osíris, então dizem que ele é Dioniso; e que todos os veneram do mesmo
modo); aqueles que possuem um templo de Mendes, ou são da província
mendésia, esses se mantêm longe das cabras e sacrificam as ovelhas.”.
(Histórias, 2.42). In: Heródoto. Histórias. Livro II-Euterpe, op. cit.
506 Ou o “rato do faraó”, era um animal que devorava ovos dos crocodilos,
evitando que eles se proliferassem no Rio Nilo, por isso era venerado no
Egito, conforme o relato de Diodoro Siculo, Biblioteca histórica, 1.87.4-
5, e Eliano, História dos animais, 10.47, acrescentam que também os
ovos das cobras era alvo do icnêumone.
507 Sobre essas serpentes, Plínio nos conta que “Na Ásia, em uma vasta
planície chamada Vila de Píton, onde elas se reúnem e debatem entre
elas e, a que chegar por último, elas a despedaçam e imediatamente se
colocam a caminho. Observou-se que depois de 13 de agosto apenas
são vistas ali. Existem alguns que afirmam que as cegonhas não têm
língua. A morte das serpentes foi muito considerada a ponto de que, na
Tessália, matar uma cegonha era motivo de pena de morte e, segundo as
leis, a pena era a mesma dada a um assassino.” (Plínio, História natural,
10.23.62).
513 “τοΐς περί τά ουράνια πραγρ,ατευο ριένοις”, literalmente: “os que se ocupam
dos fenômenos celestes”.
514 Consultar os parágrafos 355B e 368F. Eliano conta que os cães eram
venerados no Egito e que receberam o nome de uma cidade, Cinópolis,
Notas 241
porque os cães ensinaram o caminho para Isis encontrar as partes de
Osíris {História dos animais, 10.45).
515 Heródoto conta uma história sobre serpentes aladas na Arábia em que a
íbis representa a salvação, como lemos a seguir: “serpente alada voa da
Arábia para o Egito, enquanto os pássaros íbis vêm ao encontro delas
nesse estreito acesso para o seu território, e as serpentes aladas não o
atravessam, ao contrário, elas as massacram. E os árabes dizem que é por
esse feito que a íbis é honrada magnificamente com relação aos egípcios;
e eles concordam ainda com os egípcios sobre as causas de esses pássaros
serem honrados. E a aparência da íbis é esta: ela é toda terrivelmente
negra, e suas pernas tem algo das do grou, o seu bico e acentuadamente
curvado, e seu tamanho e mais ou menos o do cordonizão. De fato,
quando as íbis, que são negras, combatem contra as serpentes, esta e a sua
aparência, enquanto daquelas que se aproximam mais e ficam em torno
dos homens (pois, de fato, existem duas espécies de íbis) a aparência é
a seguinte: sem plumagem na cabeça e no pescoço todo, suas asas são
brancas, exceto a sua cabeça, o seu pescoço, na parte mais alta das suas
asas, na ponta do seu rabo (essas partes, segundo disseram, são todas
terrivelmente negras), e suas pernas e seu bico são semelhantes aos da
outra espécie de íbis. E a forma das serpentes é semelhante à das que são
aquáticas; não têm asas com penas, mas aproximadamente mais similares
às asas dos morcegos.”. (Histórias, 2.75-7G'). In: Heródoto. Histórias.
Livro II - Euterpe, op. eit.
516 O deus Toth era conhecido como a Grande Ibis, por ter sido o inventor
do alfabeto egípcio, a íbis é a primeira letra dele. Eliano em sua História
dos animais, 10.29.3 Clemente de Alexandria, Miscelâneas, 5.7.43)
discorrem sobre a relação entre a íbis e as fases da lua.
518 Nascido em Atenas, 450-430 a.C., filho de Cármides de Atenas, foi o mais
famoso escultor da Antiguidade, e a sua obra mais famosa é a estátua
de Zeus em Olímpia, considerada uma das Sete Maravilhas do mundo
antigo. Sobre o talento do escultor, Plutarco conta que: “Fídias esculpiu
a Afrodite dos eleatas pisando uma tartaruga com o pé, que é um
símbolo do silêncio e do cuidado da casa para as mulheres. Pois a mulher
deve conversar com o seu marido ou por meio do seu marido, não lhe
causando aborrecimento se através de uma língua estrangeira, como
um tocador de flauta, emite um som mais nobre.” (Preceitos conjugais,
520 Filha de Nereu e de Dóris, portanto, uma das Nereides, Anfitrite era a
rainha do Mar, e encantou ao deus Posidon, com quem se casou.
Notas 243
526 Que representa o número três ou de um trio.
530 Apuleio em Asno de ouro, 10.3, conta que, além do vestido multicolorido,
Isis também tinha um manto negro.
534 Convém lembrar que Plutarco afirma no parágrafo 372E que Isis é o
princípio feminino de toda geração: “Pois Isis é a essência feminina da
natureza e receptora de todo tipo de geração, de tal modo que é chamada
“nutriz” e “a que tudo recebe” por Platão”.
536 Sobre essas práticas, Heródoto faz um longo relato sobre seus hábitos
alimentares, que assim principia: “De fato, dentre os próprios egípcios,
os que habitam no território do Egito, que é semeado, exercitam mais sua
memória do que todos os homens, são os mais conhecedores das lendas
e das histórias de sua pátria, e muito, dentre os que eu fui para sondar.
E o modo de vida que eles adotam e o seguinte: tomam purgativos por
três dias consecutivos de cada mês e procuram alcançar a saúde com
vômitos e líquidos de lavagens, pois consideram que todas as doenças
que ocorrem nos homens são provenientes dos alimentos que comem.
Os egípcios, aliás, são também, depois dos líbios, os mais saudáveis
dentre todos os homens que já foram vistos; parece-me que isso ocorre
em razão de as estações do ano não sofrerem alterações climáticas; uma
vez que as doenças entre os homens acontecem especialmente nas épocas
das mudanças climáticas, dentretodas as outras causas; além disso, as
mudanças das estações do ano são a principal causa.”. {Histórias, 2.77).
In: Heródoto. Histórias. Livro II- Euterpe, op. eit.
540 τό κϋφι (tò kyphi), nome derivado do egípcio k!pl, o cifi era umasubstância
aromática, uma espécie de incenso muito usado entre os egípcios para fins
medicinais. Nesse parágrafo, Plutarco detalha como o cifi era produzido
pelos egípcios a partir do relato de Mâneton, Da preparação dos cifis,
obra que não chegou aos nossos dias, dispomos apenas de um verbete
sobre Mâneton no Suda em que cita essa obra. Sobre o cifi, também
temos algumas anotações nos Papiros mágicos gregos, 4.1313 e 7.538.
543 Conforme o dito por Plutarco em 357E, trata-se do número 16, pois seus
lados sâo 4 + 4 + 4 + 4=16, e sua área 4x4=16.
545 Isso é relatado por Platão, Timeu, 65b e 66d e por Quintiliano, Instituição
oratória, oixDaformação do orador, 10.4.12.
546 Lacuna de 4 letras, em geral, sugerem o uso de 010v (boion) que traduzimos
por “como”.
Notas
NDICE
I ONOMÁSTICO
248
Cambises 119,194,217, Cnef 83
225, 235
Core 113,155
Cão 83,85,230
Crânao 36
Caos 139,224,231
Creonte 229
Cárites 212,213,218
Creso 204
Cármides de Atenas 243
Crisipo 87
Carmosinas Seri 95
Crono 69,71,89,99,101,
Castor 97,214 119,155,180,182,193,194,
201,205,213,
Catálogo de Lâmprias 37, 38
Dânae 197,208
Celeno 237
Dânaos 181
Cérbero 93,210,218
Dédalo 192
Cilene 183,238
Deméter 194,198,199,208,209,
Cípris 182 210,220,236,237,238
Ciro 87,204,225 Demétrio Poliocerces 238
Clea 9,38,39,40,42, 55, 57,103, Democrito 119,192, 225
179,180,217
Demofonte 199
Cleantes de Assos 235
Deucalião 36
Clemente de Alexandria 183,
188,189,190,215,243 Dice 125,227
250
Hécate 119,159,211,224 Hesiodo 59,139,180,183,185,
206,213,215,216,221,226,
Hecateu 61, 65,187 231,244
Hefesto 99,151,186,244 Héstia 97,194,212,213,232
Helânico 103,216 Hierosólimo 99
Heliconias 183 Hiparco 202
Hélio 61,67,69,71,87,97,101, Hipério 195
103.107.131.137.195.209,
215, Homero 17,22, 55, 61, 89,103,
113,125,129,180,181,185,
Hera 97, 99,194,212,213, 189,192,194,205,206,216,
215,220 219,225,227,228,229
Heracles 91, 93,113,115,
Horas 181,213
190,207,208,239
Horomazes 121,123,225,226
Heraclides do Ponto 93
Hórus 10,12,15,16,17,18,24,
Heráclito 41, 93,121,125, 25,26,27,28,29,44,69,71,
169,210,227,244 77,79,81,83,85,109,111,
Hermanúbis 145,233 113,117,129,131,133,135,
137,139,141,145,181,195,
Hermes 44, 57,129,145, 196,220,221,222,230,280
153,183,197,207,224,230,
231,233,234 Hosios 105
Hermódoto 87 Io 181,208,219,222
252
Néftis 18,20,22,23,24,25, 71, Palestino 77
73,109,119,143,147,196,198
Pamiles 69
Neith 234
Pamilias 69,105
Nemanos 75
Pan 197,207,208,230,240
Nereides 212,243
Pátroclo 206
Nero 34, 36
Pausanias 199,213,215,
Nicarco 33 217,238
Nice 71 Pelúsio 77
254
Talia 183 Toth 27-28,195,234,243
Timóteo 93,210
Timôxena 33-34
Titânicas 105
Titã 183,221,236
Titãs 87,218
Cásio 181
Céfiso 217 Élide 167
258
Karnak 191 Némea 210
Sárdis 204
Sidon 199
Siene 61,188
Sônquis 46,67
Stoá 205
Sudão 245
Tafosíris 83
Tanítico 73
Teos 237
Termópilas 32, 36
Tessália 241
Trácia 224-225
Xóis 117
260
ÊUÊUjã
Traduções e edições de De Ísis e Osíris consultadas
Edições e traduções
262
PLUTARCH. Life ofAntony. Lives. Vol. LX. Translated by
Bernadotte Perrin. Cambridge/Massachusetts/London: Harvard
University Press, 2005.
264
di Plutarco. Prefazione di Maria Luisa Gatti. Introduzione di
Franco Ferrari. Milano: Vita e Pensiero, 2016.
266
CALDERON, Gonzalo (eds.). Estudios sohre Plutarco: Ohra
y Tradition. Aetas del ISimposien Espanola de Plutarquistas,
Fuengirola, 1988. Malaga: Secretariado de Publicaciones, 1990, p.
195-201.
268
ÊHÊHil
Adilson Júnior Pilotto
Adilson Pereira da Silva
Adônis Dias
Adriene Baron Tacla
Agatha Pitombo Bacelar
Al Falcão
Alan Paulo Borges do Nascimento
Alessandra Pinto Antunes do Vale
Alessandra Schindler
Alex Freire da Silva
Alexandre Lima
Alina Regina da Silva Lemos
Aline Beber
Alisson Nizes
Aluizio Aciole de Oliveira Júnior
Amanda Nadolny
Amanda Soares
Amir Piedade
Ana Claudia Romano Ribeiro
Ana Maria César Pompeu
Ana Paula Scarpa
Ana Teresa Marques Gonçalves
Anderson R Vaz
Anderson Willian Moreira Ribeiro
Anderson Zalewski Vargas
André Coelho Ferreira
André Effgen
André Shinity Kawaminami
Andressa dos Santos Freitas
Andrew Silva do Rosario
Angela Cavinatti
Angelo Gamba Prata de Carvalho
Anise D’O. Ferreira
Anna C B Costenaro
Antonia Aparecida Soria Garcia
Antônio Carmo Ferreira
Anthony Ferreira dos Santos
Arielson Sorrentino
Participantes 271
Cintia Gama
Claudia Badro Favero Teixeira
Claudia Beltrão
Dandara Tocheto
Dani Motta
Daniel Becker Paes Barreto Pinto
Daniel Franca Santos
Daniel Menezes Nogueira Pereira
Daniel Monteiro Furtado
Danilo Carlos Gomes
Danilo Feitosa
Debora Leone
Deise Abreu Pacheco
Didius Havoc
Diego Barbosa de Lima
Dirceu Magri
Dominique Santos
Dominique Cesar dos Santos
Donizetti Ferreira
Douglas Ferreira
Douglas Peixoto da Silva
Edna Maria de Oliveira Santos
Edson Arantes Junior
Edvaldo José da Silva Carvalho
Eduardo Verona
Participantes 273
Flavia Lima Corpas
Francisca Luciana Sousa da Silva
Francisca Maria de Oliveira Sorrentino
Francisco Pereira de Souza
Frederico Macário Fernandes
Gabriel Araujo
Gabriela Edel Mei
Gabriel Eleres de Aquino
Gabriela Luz
Ged Guimarães
Gilvan Ventura da Silva
Giovanna Angela Agulha Sarti
Giovanni Pando Bueno
Gisela Cristal
Giulia Bertoli Miraglia
Glaudiney Mendonça
Glaydson José da Silva
Gleice Sales Ferreira
Gleisson Lopes
Greice Ferreira Drumond Holzweber
Greice Martinelli
Guilherme Alves Leite
Guilherme Cherobim
Gustavo Laet Gomes
Heitor de Oliveira Santos
Participantes 275
João Pedro Souza Matos
Jordy Héricles
Jose Antonio Alves Torrano
José Augusto Garcia Moreira Gomes
José Maria Neto
José Paulo da Rocha Brito
José Petrúcio de Farias Júnior
José Vicente Moreira Junior
Josiane T. Martinez
Jovelina Maria Ramos de Souza
Julia Klinger Rezende
Juliana Hora
Juliana Luana Ruggieri
Juliana Santana
Julieta Mendes Neponuceno
Julio Cesar Moreira
José Carlos Baracat Júnior
Karen Franklin da Silva
Karine Lima
Katia Maria Paim Pozzer
Katia Regina Dalri Abdala
Kurama Kamui
Larissa de Souza Correia
Leandro Hecko
Leonardo Galvão
Participantes 277
Marcelle Malheiros Marinho
Marcelo Carvalho
Marcelo de Araujo Menezes
Mareia Beriao Cesar Macedo
Márcia Dias Manhães
Mareia Vasques
Mareio Soares
Márcio Henrique Vieira Amaro
Mareio Teixeira-Bastos
Marco Colonnelli
Marco Fiaschetti
Marcos Baptista de Andrade
Marcos Costa Salomão
Marcos Sidnei Pagotto-Euzebio
Marcus Mota
Margaret Marchiori Bakos
Margareth de Lara Capurro
Margarida Maria de Carvalho
Maria Cecília De Miranda Nogueira Coelho
Maria Celvas de Oliveira Batistella
Maria de Lourdes S. Badin
Maria do Céu Alves de Farias
Maria do Socorro Bertolo
Maria Leonor Santa Bárbara de Carvalho
Maria Regina Candido
Participantes 279
Patrícia Garcia Rodrigues
Patricia Patricio Campos
Patrizia Zagni
Paula Christina Bonifacio Silvestri
Paulo Eduardo Rodrigues Neto
Paulo Henrique de Oliveira Alves Gobes
Paulo Henrique Pagliarelli dos Reis
Paulo Pires Duprat
Paulo Yoke Oliveira Arima
Pedro Barbieri Antunes
Pedro Benedetti
Pedro Ipiranga Júnior
Pedro Lucas
Pedro Paulo A. Funari
Priscilla Maria Regino dos Santos
Quelice Glória Oliveira
Quezia Maria Reis de Oliveira Barbosa
Rafael Correa Toniolo
Rafael de Carvalho Matiello Brunhara
Rafael Lucas Barros Botelho
Rafael Luiz de Andrade Zorzi
Rafael Silva
Raquel dos Santos Funari
Renata Barbosa
Renata Senna Garraffoni
Participantes 281
Silvia Siqueira
Soraya Jacob
Sylvio Cesar Alves Pedreti
Talita da Silva Cordeiro Rios
Talita Janine Juliani
Talyta Lima
Tatiana Abreu
Tatiana Ribeiro
Thais Rocha
Thales Perente de Barros
Thiago do Amaral Biazotto
Thiago Marcelo Mendes
Thiago Mota
Thiago Vieira
Tobias Vilhena de Moraes
Vagner Carvalheiro Porto
Valberg Cardoso de Medeiros
Valeria Silva
Vander Gabriel
Vanessa Silva Ramos Vieira
Vicente Gonçalves dos Santos
Victor Braga Gurgel
Victor Bruno de Lacerda Ramos
Vinicius Aleixo Fedel
Vitória Sinimbu de Toledo
Participantes 283
P lu ta rc o DE ISIS E OSÍRIS