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journals.openedition.org/confins/21089
Texte intégral
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Na segunda metade do século XX, assentadas em um discurso regionalista, as elites
locais (maior peso políticas) são embaladas em movimento de desconstrução de
conjunto de representações diversas do Nordeste, explicito em nível de complexidade a
envolver variáveis múltiplas: de caráter natural, econômico e político.
A citada desconstrução se deu a partir do Governo dos Militares (1964 a 1985), com
adoção de estratégia a: i. suplantar limite de representação associado à escala dos
estados (das antigas Capitanias Hereditárias); ii. adequar elementos simbólicos
preexistente (do passado) à configuração espacial hodierna da região.
Como uma construção da segunda metade do século XX, nos perguntamos se ela ainda
persiste no adentrar do século XXI. Primeiro face aos desdobramentos da Crise do
Estado Moderno, especificamente o empoderamento dos Estados Locais na Reforma
Constitucional (1989). Segundo em relação aos governos que se sucederam nos últimos
anos.
Quinta República
Na Quinta República, a política de homogeneização-pasteurização idealizada rompe com
imagem de um Nordeste diverso, vislumbrada em síntese construída por Manuel Correia
de Andrade em “A Terra e o Homem do Nordeste” (1ª edição 1963). Ao partir da noção
Lablachiana de Região Geográfica ele soube caracterizar conjunto de sub-regiões
(Figura 2) a denotar níveis de complexidade na configuração espacial da região.
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Fonte: Adaptado de Andrade (1964 apud DANTAS, 2000).
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A desconstrução desta imagem diversa implica na indicação de um outro Nordeste,
marcado pela oligarquia do Sertão, que se estabelece graças à tomada do controle
político regional, arrancando-o lenta e gradualmente das mãos da oligarquia do Nordeste
da Cana de Açúcar (Zona da Mata) (OLIVEIRA, 1981). Tal passagem é possível
apreender nas interpretações romanescas. Elas desenham uma realidade concreta cujos
elementos permitem a constituição de um imaginário social a tornar compreensível os
simbolismos representativos das relações entre os homens e dos homens com o meio,
subjacentes, além das representações, aos discursos regionalistas. A citada
caracterização resulta da extensão dos limites espaciais do Sertão ao do Nordeste inteiro
(DANTAS, 2000), posto sertanejo (Habitante do Sertão) tornar-se sinônimo de
Nordestino. Assim, a noção de pobreza vinculada à de semiaridez é generalizada a partir
da delimitação do Polígono das Secas (curva das isoietas) pela lei nº 1348 (10/02/1951)
(Figure 3).
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Source: ANDRADE, Manuel Correia de (2006). Sertão ou Sertões. In: SILVA, J.B.;
DANTAS, E.W.C. ; ZANELLA, M.E.; MEIRELES, A. J. A. Litoral e Sertão. Fortaleza:
Expressão Gráfica.
Nestes termos, a tônica da crítica passa a repousar nas crises climatéricas seguidas
(Secas), consideradas responsáveis pelo desmonte da base de produção agropecuária e
a justificar adesão das elites locais à política de industrialização do país e conforme
orientações da SUDENE, associadas ao ideário do combate aos desequilíbrios regionais
no país.
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Fonte: THERY; DE MELLO-THERY (2018).
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Sexta República
Em virtude da falência do modelo de estado moderno no Brasil, na segunda metade dos
anos 1980, as políticas públicas de planejamento indicadas anteriormente se mostraram
inapropriadas. Com a reforma constitucional de 1989, o modelo centralizador e ditatorial
de governo é substituído por modelo democrático reforçado em política de
descentralização do poder.
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do Agronegpócio e de um outro do Turismo, o primeiro assentado nas zonas de várzea,
nos platôs e cerrado e o segundo na zona costeira. (Figure 5).
Nordeste do Agronegócio
A produção de grãos nobres e de frutas se encontra em crescimento no Nordeste,
reforçando especialização da região em produtos valorizados no mercado internacional.
A partir de financiamentos gerenciados pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB), dez
polos são criados no Nordeste (cf. la Figure 6). Nestes termos, a região retoma sua
posição como produtora de alimentos na escala internacional, especificamente grãos
(soja) e frutas tropicias (abacaxi, banana, côco, goiaba, limão, mamão, manga, melancia,
melão e uva).
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O Nordeste do Turismo
No final dos anos 1980, a atividade turística recebe especial atenção nas políticas de
desenvolvimento adotadas pelos estados nordestinos, destoando do quadro de
ordenamento do espaço preexistente.
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primeiro governo do PT (Lula) (2002-2010), e o da participação política da sociedade civil
organizada no governo.
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participação popular convergem ao trato de problemas estruturais persistentes no país:
corrupção na “máquina pública” e priorização dos interesses econômicos em relação aos
da sociedade.
O Nordeste ainda é a região mais afetada, com os dados de segurança alimentar mais
baixos do país. A região permanece ainda na última posição (Gráfico 1), se
considerarmos os dados de 2004 (à esquerda) e 2013 (à direita) com nível de segurança
alimentar de 46,4% (2004) e 58,1% (2013).
Source: IBGE: Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílio – PNAD, 2004 et 2013.
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Figura 8 – Eleições 2018, 1º Turno
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práticas agropastoris, vislumbra-se sua ampliação aos cerrados (adquirindo proporções
similares aos fronts de modernização da agricultura em escala nacional) e, em
movimento ímpar, às zonas de praia.
Considerações Finais
No recorte temporal aqui evidenciado, vislumbra-se claramente como as mudanças
políticas, econômicas e sociais pelas quais passou a região não suscitou suplantação
plena das imagens negativas do Nordeste. Grosso modo é ela que permeia (ainda) uma
primeira aproximação dos desavisados (principalmente de boa parte dos políticos). Difícil
ainda para os mesmos o vislumbre do Nordeste fragmentado e virtual, explicado, em
parte, por se constituir em uma construção relativamente recente.
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O viés reformista do atual governo, conectado com padrão estabelecido em vários
países na escala mundial, impossibilita vislumbrar o como, no tempo: i. a tônica de
concentração de renda no país impõe pensar em ações paliativas direcionadas às
populações menos abastadas; ii. a estruturação de conselhos consultivos e deliberativos
impactaram na cultura política do país e permitiram a retomada de discussões balizadas,
focadas em temas diversos e segundo interesses múltiplos e, obviamente representativo
de um Nordeste diverso.
Bibliographie
ALMEIDA, M. G. de. Turismo no Ceará. Caderno Norte Rio-Grandense de Temas
Geográficos, v. 8, n° 1, 1994.
CASTRO, I. E. de (1996), Seca versus seca, novos interesses, novos territórios, novos
discursos no Nordeste. In: Castro, I.E. de et al (sous la direction de), Brasil. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil.
CUNHA, E. da (1983). Os Sertões, vol. I et vol. II. Porto : Lello & Irmão – Editores. [1ère
édition, 1902].
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ELIAS, D. (2006). Pensando os espacos agrícolas luminosos do Nordeste brasileiro. In:
Elias, D.; Pequeno, R. (Org.). Difusão do agronegócio e novas dinâmicas
socioespaciais. Fortaleza: BNB, p. 9-18.
OLIVEIRA, F. de (1981). Elegia Para uma Re(li)gião. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
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Crédits Fonte: Marreiro (2015) - Adaptação do autor a partir de estudo feito por
Pedro Ferreira de Souza, pesquisador do IPEA (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada) e da UnB, com base na Receita Federal e
órgãos predecessores, Ministério da Fazenda, IBGE e outros.
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Titre Figure 5 – Fragmentação do Nordeste
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Droits d’auteur
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Mêmes Conditions 4.0 International - CC BY-NC-SA 4.0
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