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Os indícios destilados por Bolsonaro durante sua campanha são aterrorizantes: a saída do
acordo de Paris, o puro e simples desmantelamento do Ministério do Meio Ambiente,
cujas prerrogativas migrariam para o Ministério da Agricultura, “desenvolvimento” da
Amazônia através de rodovias, barragens, desmatamento, soja transgênica e,
correspondentemente, a supressão dos direitos dos povos indígenas sobre seus territórios.
O lobby da carne e os grandes latifundiários estão abrindo seus champanhes. A Bolsa de
Valores de São Paulo subiu quase 6% na segunda-feira (08/10), um dia após Bolsonaro
ter obtido 46% dos votos no primeiro turno.
Inclinações autoritárias
Em muitos desses países que passaram às mãos de uma direita extremista e carbonífera,
o apoio às indústrias poluidoras é frequentemente acompanhado da violência contra os
defensores do meio-ambiente. Dos 207 ambientalistas assassinados em 2017, em geral
pequenos agricultores ou representantes de comunidades indígenas, mais da metade eram
do Brasil e das Filipinas. A maioria das mortes é obra de milícias armadas ou agentes
não-estatais, embora o Exército e a polícia ocupem um lugar cada vez mais importante
neste tipo de violência, segundo a ONG Global Witness, que realiza essa triste contagem.
Nos anos 90, foi moda na França denunciar o espectro do “ecofascismo”, a “nova ordem
ecológica” e o anti-humanismo dos ecologistas. Intelectuais como Luc Ferry e Marcel
Gauchet denunciaram as inclinações autoritárias dos ambientalistas em seus negócios
midiáticos. Como explicado em um artigo de Gauchet, “sob o amor da natureza” estaria
na verdade “o ódio do homem”. Trinta anos depois é exatamente o oposto que está
acontecendo: a onda cinzenta que se derrama sobre o mundo se nutre de carvão.
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[1] O texto original foi publicado duas semanas antes do segundo turno da eleição
presidencial, que resultou na vitória de Jair Bolsonaro, com 55% dos votos válidos,
sobre o candidato do PT, Fernando Haddad, com 45% (Nota do blog).