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MINERAÇÃO COLONIAL E REFORMAS POMBALINAS

MINERAÇÃO COLONIAL E REFORMAS POMBALINAS

Após o fim da União I bérica em 1640, Portugal passou


por uma grave crise econômica ocasionada pela perda
de antigas colônias e pela queda dos preços do açúcar
no mercado.

O governo português, buscando novas fontes de


riqueza, passou a estimular ainda mais a busca
por metais preciosos no Brasil.

Entre os anos de 1693 e 1695, bandeirantes paulistas


encontraram ouro de aluvião (ouro encontrado em
depósitos de areia, argila ou cascalho nas margens
ou leitos de rios) nos vales do Rio Doce e do Rio das
Mortes, regiões atualmente localizadas no estado de
Minas Gerais.
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As pessoas vinham de outras partes da colônia e até


mesmo de Portugal: calcula-se que, por ano, 3-4 mil
portugueses tenham saído da Europa para a região das
A notícia da descoberta de ouro se espalhou jazidas, o que causou um déficit populacional no
rapidamente, e um enorme contingente de pessoas se país – em 1720, a Coroa Portuguesa foi obrigada a
dirigiu para a região das Minas Gerais em busca de lançar um decreto restringindo a emigração para o
enriquecimento fácil, o que levou ao rápido povoamento Brasil.
e ocupação da região.

O rápido povoamento da região fez surgir, em poucos


anos, diversas vilas e cidades em lugares que antes
eram sertões despovoados: Vila Rica, Ribeirão do
Carmo, São João del Rei e Sabará.

No século XV I I I, a população das Minas Gerais nunca parou


de crescer: em 1786, havia na região cerca de 394 mil
habitantes, constituindo aproximadamente 15% da população
do Brasil à época
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Quem descobriu as primeiras jazidas de ouro em Minas Gerais


A Guerra dos Emboabas (1707-1709) foram os bandeirantes paulistas, e por isso eles achavam que
apenas eles deveriam ter o direito de explorar as minas.

Contudo, os colonos de outras partes do Brasil e os portugueses


vindos da Europa também queriam a posse das jazidas
descobertas.

Logo surgiu um clima de tensão ocasionado pela disputa da posse


das minas: de um lado,os bandeirantes paulistas; de outro, os
portugueses e colonos de outras regiões, que eram chamados de
“emboabas” (forasteiros) pelos descobridores das minas.
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Quando os portugueses passaram a tentar controlar o


abastecimento de mercadorias da região das minas, a tensão
chegou ao ápice e teve início em 1707 o conflito entre paulistas e
“emboabas”.
As tropas “emboabas” lideradas pelo pecuarista
e comerciante Manuel Nunes Viana venceram os
paulistas em Sabará e Cachoeira do Campo.

Em 1709, ocorreu um episódio que ficou conhecido como


Capão da Traição: nesse local, os emboabas venceram os
paulistas em uma batalha e prometeram misericórdia
para aqueles que se rendessem. Os paulistas se
renderam, mas foram traídos pela promessa: os
emboabas, comandados por Bento do Amaral Coutinho,
os massacraram impiedosamente

Os paulistas até organizaram uma vingança


Para evitar novas guerras na região, a Coroa posteriormente, mas a guerra acabou mesmo
Portuguesa passou a exercer um firme controle em 1709, sem um lado vencedor, mas com muitas
administrativo e fiscal na região das minas; consequências para a colônia:
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em 1709, foi criada a Capitania de São Paulo e por determinação do rei D. João V, São Paulo
Minas do Ouro; deixou de ser uma vila e foi elevada à categoria
de cidade;

após o fim da guerra, os paulistas passaram a


penetrar ainda mais no sertão para procurar
novas jazidas de ouro: em 1718, encontraram
ouro na região do Mato Grosso, e em 1726
encontraram ouro na região de Goiás.
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A administração da região mineradora

Até o século XV I I I, a exploração do ouro no


Brasil era regida pelos Códigos Mineiros de
1603 e 1618, os quais estabeleciam que todos
os colonos poderiam explorar livremente o ouro,
desde que pagassem ao governo português o
quinto (1/5) de suas extrações do metal.

Com a descoberta do ouro na região das Minas


Gerais, a Coroa Portuguesa decidiu criar um
rígido aparato administrativo para controlar e distribuir lotes (chamados de “datas”) aos
fiscalizar essa região. mineradores, para que o ouro destes lotes
pudesse ser explorado pelos negros escravizados
que trabalhavam para os mineradores;

Em 1702, um regimento expedido pela metrópole


alterou os códigos mineiros e criou a I ntendência
das Minas, órgão administrativo subordinado A I ntendência das Minas tinha por objetivos:
diretamente à Coroa Portuguesa e sem qualquer
ligação com o Governo Geral da colônia.
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fiscalizar a atividade mineradora, coibindo o julgar conflitos envolvendo a atividade


contrabando; mineradora;

cobrar impostos pela exploração das jazidas,


como o quinto (1/5 do ouro extraído deveria ser
pago à Coroa) e a capitação (imposto sobre
cabeça de escravizado, produtivo ou não, maior de
12 anos; ou sobre si mesmo, caso o minerador não
possuísse escravizados).

A I ntendência das Minas logo instalou postos de


fiscalização nas estradas para fiscalizar o
pagamento do quinto, para cobrar impostos sobre
a passagem de animais e pessoas e sobre as
mercadorias que entravam na região mineradora.

No início das atividades mineradoras, o ouro


circulava livremente pela região aurífera em pó ou
em pepitas – isso era um grande problema para a O objetivo era claro: combater o contrabando e a
Coroa Portuguesa, porque dificultava a cobrança evasão fiscal e obter o máximo de lucro possível
do quinto e favorecia o contrabando. para a Coroa Portuguesa.
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O governo português decidiu, então, proibir a


circulação de ouro em pó e em pepitas e instalar
em Minas Gerais, por volta de 1720, as Casas de
Fundição – locais para onde o ouro deveria
obrigatoriamente ir após ser extraído.

Nas Casas de Fundição, todo o ouro recebido era


derretido e transformado em barras: após isso,
1/5 desse ouro era separado para a Fazenda Real
e o restante recebia um selo que comprovava o
pagamento do quinto, podendo ser legalmente
comercializado – era o chamado ouro quintado.
Os mineradores ficaram extremamente
insatisfeitos com o anúncio da instalação das
Casas de Fundição em Minas Gerais: para eles, a
medida dificultaria o comércio do ouro dentro da
capitania e facilitaria apenas a cobrança de
Os indivíduos que fossem encontrados carregando impostos.
ouro em pó, em pepitas ou em barras não
quintadas poderiam ser condenados a penas
severas, como a perca de todos os bens ou o exílio
em outras colônias portuguesas da África.
Revolta de Vila Rica (1720)
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Essa insatisfação fez estourar, em 28 de junho


de 1720, a Revolta de Vila Rica: cerca de 2 mil Os rebeldes exigiram que o governador da
revoltosos (mineradores ricos e poderosos, capitania de São Paulo e Minas do Ouro, Pedro
escravizados, populares) comandados pelo de Almeida Portugal – o Conde de Assumar –
tropeiro Felipe dos Santos conquistaram a extinguisse as Casas de Fundição.
cidade de Vila Rica.

O governador decidiu enganar os sediciosos:


enquanto fingia que atenderia às exigências,
organizou um pequeno exército, reconquistou
Vila Rica e ordenou aprisão dos revoltosos.

A revolta fez com que a Coroa Portuguesa


decidisse aumentar a fiscalização sobre Felipe dos Santos foi condenado à morte,
a extração aurífera e separar a região enforcado e esquartejado em praça
das Minas da Capitania de São Paulo: pública em 16 de julho de 1720.
assim, foi criada em 1720 a Capitania de
Minas Gerais.
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A I ntendência dos Diamantes


Em 1729, foram encontradas jazidas de diamantes na região do
Arraial do Tijuco (atual município de Diamantina). Assim como no caso
do ouro, o contrabando de diamantes era comum: os mineradores
escondiam as pedras da fiscalização e deixavam de pagar o quinto.
Em 1734, para tentar combater o contrabando, a Coroa Portuguesa
criou o Distrito Diamantino na região diamantífera e o isolou do
restante da capitania.
Em 1739 o governo português transferiu a administração da atividade
diamantífera a particulares: a extração de diamantes seria permitida
mediante um contrato assinado entre a Coroa Portuguesa e um
contratador, que seria responsável pela exploração dos diamantes
e deveria entregar parte da produção à Coroa.

Em 1771, a Coroa Portuguesa pôs fim ao sistema de


contratação e assumiu diretamente a extração diamantina:
foi criada a I ntendência dos Diamantes, órgão que passou
a ter amplos poderes na região do Distrito Diamantino e
cujos fiscais podiam confiscar bens e controlar a entrada
e a saída de pessoas do distrito.
Mesmo com todas essas medidas ao longo do tempo, o
contrabando continuou.
Ainda assim, entre 1730 e 1830, aproximadamente 160
quilos de diamante foram extraídos em Minas Gerais.
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A sociedade mineradora
Se a atividade açucareira do nordeste formou uma sociedade rural, a
exploração de ouro e de diamantes em Minas Gerais foi responsável
pela formação de uma sociedade urbana, composta por indivíduos de
diversas classes sociais.
Havia mineradores, comerciantes, negros escravizados e libertos,
carpinteiros, ferreiros, pedreiros, padres, militares, advogados e
funcionários da Coroa.
O súbito e intenso povoamento da região mineradora criou uma forte
demanda por alimentos, roupas, ferramentas e outros produtos – isso
favoreceu o desenvolvimento de atividades comerciais na região,
comandadas por comerciantes da colônia ou mesmo de Portugal.

Em comparação com a produção açucareira, a mineração


exigia menor quantidade de equipamentos, de instalações e
de mão de obra para funcionar: dessa forma, era preciso Nesse sentido, foi importante a figura dos
menos dinheiro para investir na atividade mineradora, tropeiros, que levavam mercadorias de centros
o que permitiu que um maior número de pessoas se produtores da colônia para a região das Minas.
arriscasse nela. Na sociedade mineradora, a ascensão social era
Ao mesmo tempo, contudo, a sociedade mineradora foi uma realidade mais palpável do que em outras
marcada pela forte concentração de riquezas e pela regiões da colônia: um indivíduo poderia
desigualdade social: afinal, a maior parte das terras enriquecer caso encontrasse grande quantia de
mineradas pertencia a ricos senhores, que eram também pedras preciosas ou caso ganhasse dinheiro com o
donos de outros negócios na região. comércio ou com o artesanato urbano.
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A pobreza era parte do cotidiano da sociedade O declínio da produção aurífera


mineradora: além da existência da escravidão, a Com a intensa exploração do ouro, naturalmente as jazidas desse
maioria da população livre era pobre e trabalhava metal começaram a se esgotar: como resultado, a produção de ouro no
no comércio e no artesanato locais. Brasil caiu brutalmente na segunda metade do século XV I I I.
Além disso, muitas pessoas eram marginalizadas O governo português, contudo, não acreditava que a produção estava
por grupos sociais mais poderosos e vagavam caindo pela escassez do ouro, e sim por conta do contrabando e da
pelas ruas das vilas e cidades sem uma “função negligência dos mineradores. Por conta disso, a Coroa decidiu
social” definida: eram os desclassificados do aumentar a pressão sobre o fisco da região.
ouro, conceito criado pela historiadora Laura de Em 1750, o governo português determinou que o pagamento do quinto
Mello e Souza. pelos mineradores deveria atingir o valor mínimo de 100 arrobas de
ouro por ano: como o ouro estava acabando, muitos mineradores não
conseguiam pagar essa quantia e se endividavam.

Em 1765, o governo português decretou a derrama, que era a


cobrança, feita aos mineradores, de todos os impostos atrasados:
muitos foram obrigados a pagar suas dívidas com seus próprios bens;
os mais pobres perderam tudo o que lhes restava.
A população da região das Minas tornouse cada vez mais insatisfeita
com os tributos pesados e com a opressão colonial, fato que
geraria revoltas como a I nconfidência Mineira, em 1789.
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Consequências da exploração aurífera


Dentre as principais consequências da exploração do ouro na colônia,
destacam-se: o desenvolvimento artístico em Minas Gerais, incentivado
pelos investimentos feitos por pessoas que haviam enriquecido com a
mineração: naquela região floresceram o Arcadismo brasileiro
(Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga), o Barroco
brasileiro (Aleijadinho, Mestre Ataíde) e representantes da música
colonial (Francisco Gomes da Rocha, I nácio Parreiras); o aumento
populacional e a ocupação de novas regiões: o ouro atraiu um
enorme contingente populacional para a região das Minas, o que levou
ao aumento populacional da colônia, ao desbravamento e ao povoamento
do sertão mineiro e a uma maior integração entre as diferentes regiões
da colônia, levada a cabo pelo comércio interno ligado à região
mineradora;

em 1763, o governo português decidiu transferir a capital da colônia


de Salvador para o Rio de Janeiro, cidade próxima da região minera-
dora e que possuía o porto marítimo por onde saía para Portugal o
ouro produzido em Minas Gerais: a mudança de capital refletia o
deslocamento do centro econômico da colônia, que deixava de ser o
nordeste açucareiro e passava a ser a região mineradora do sudeste.
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a intensificação do controle da metrópole sobre a região As Reformas Pombalinas (1750-1777)


mineradora (fiscalização pesada, aumento dos impostos) fez Na metade do século XV I I I, Portugal era um reino extremamente
com que alguns setores das classes dominantes da colônia dependente da I nglaterra na política e na economia, e dominado
se rebelassem contra o governo português, dando origem a por uma mentalidade católica conservadora. Os lusitanos haviam
revoltas como a I nconfidência Mineira. perdido muitas de suas colônias, e a exploração aurífera no
Brasil estava em decadência.
Em 1750, o rei D. José convidou Sebastião José de Carvalho, o
futuro Marquês de Pombal, para ser seu principal ministro.
Pombal empreendeu, na administração portuguesa, uma série de
reformas conhecidas como Reformas Pombalinas, que tinham por
objetivo modernizar o Estado e recuperar a economia
portuguesa, ampliando ao máximo os lucros provenientes da
Em suas reformas, Pombal: exploração colonial.
instituiu a cobrança de 100 arrobas de ouro como o valor
mínimo anual do quinto e a derrama nas áreas mineradoras
do Brasil, e aprimorou o combate ao contrabando;
instituiu o Erário Régio, ou o tesouro público português,
para controlar os gastos públicos;
reforçou o monopólio comercial em relação ao Brasil para
explorar ao máximo as riquezas coloniais (ouro, açúcar,
tabaco, etc.); fundou companhias de comércio para
dinamizar e aumentar o fluxo comercial entre colônia e
metrópole; transferiu a capital da colônia do Brasil de
Salvador para o Rio de Janeiro em 1763, em função da
localização estratégica do Rio de Janeiro, de onde
saia para Portugal o ouro produzido em Minas Gerais;
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empreendeu uma reforma educacional para acabar com o


controle clerical sobre o ensino;
expulsou os jesuítas de todos os domínios portugueses em 1759,
por conta dos constantes conflitos entre estes e os colonos em
razão da questão da escravização dos indígenas e também para
acabar com a influência dos jesuítas no setor educacional;
leiloou ou doou as terras antes pertencentes aos jesuítas para
os colonos as utilizarem como zonas de exploração econômica;
transferiu boa parte dos bens e riquezas dos jesuítas para
funcionários leais ao governo e para fazendeiros e comerciantes
com boas relações sociais;
estabeleceu o Diretório, uma legislação que proibia a
escravização de indígenas e incentivava a miscigenação entre
indígenas e portugueses, com o objetivo de angariar apoio dos
indígenas e convertê-los em súditos do rei e em agentes da
colonização de novas áreas;

permitiu que os indígenas assumissem cargos, honrarias e


sobrenomes portugueses;
estabeleceu a transformação das aldeias em vilas; proibiu o uso
da Língua Geral, uma língua derivada do Tupi que era usada
na comunicação entre indígenas, mestiços e portugueses;
pôs fim às Capitanias Hereditárias, que a partir dali seriam
administradas diretamente pelo governo português;
unificou os Estados do Maranhão e do Brasil;
estimulou as exportações portuguesas, sobretudo as de vinho;
incentivou o desenvolvimento de uma indústria nacional em
Portugal (sobretudo a produção de tecidos) para livrar o país
da dependência inglesa.
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