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A DAMA DA LÂMPADA
Atendendo feridos das batalhas no Campo de Scutari, Florence Nightingale e uma equipe
de 38 enfermeiras voluntárias treinadas por ela conseguiram baixar o índice de mortalidade de
40% para menos de 5%. Florence e suas colegas são consideradas heroínas de guerra e a
enfermeira líder recebe o apelido carinhoso de “Dama da Lâmpada”. Isso porque ela percorria
todas as alas com um pequeno objeto de chamas em suas mãos para melhor atender aos feridos.
A VIDA DE ESCRITORA
Se não bastasse tudo isso, a enfermeira também escreveu muitos livros sobre o seu ofício.
Um deles, “Notes on nursing” (notas sobre Enfermagem), teve grande destaque. Na obra, a autora
demonstra graficamente a importância de se investir em procedimentos sanitários em hospitais de
guerra. Ela apresenta dados estatísticos de quantas vidas foram salvas com a adoção dessas
medidas no Campo de Scutari.
ANA NERI
A representatividade que Florence Nightingale tem para a Enfermagem internacional, Ana
Neri, guardada as devidas proporções, tem aqui no Brasil. Nascida na cidade de Cachoeira, interior
da Bahia, em 1810, Ana Neri tem uma história semelhante com a de Florence.
GUERRA DO PARAGUAI
Ana Neri também se voluntariou para defender as cores da bandeira de seu país, só que
na Guerra do Paraguai. O pedido de oferecer seus serviços como enfermeira ao exército do Brasil
foi também uma maneira de ficar mais próxima de seus filhos, que serviam à pátria. Então, depois
de passar por um pequeno período de treinamento no Rio Grande do Sul, aos 51 anos, a
enfermeira integrou o Décimo Batalhão de Voluntários. À época, começou a tratar pacientes em
hospitais militares nas cidades de Salto, Corrientes e Assunção.
RECONHECIMENTO E HOMENAGENS
Com muito êxito em seu trabalho, Ana Neri voltou da Guerra e começou a receber
homenagens por seus serviços prestados. Alguns reconhecimentos foram feitos em vida e outros,
após o seu falecimento. Em 1870, Ana recebeu duas medalhas: a de prata Geral de Campanha
e a Humanitária de Primeira Classe. Além disso, o Imperador Dom Pedro II conferiu pensão
vitalícia por decreto, para que ela pudesse criar seus filhos, que haviam ficado órfãos de pai após
a Guerra.
Ana Neri faleceu em 1880, mas as condecorações por seu pioneirismo continuaram
acontecendo. Em 1923, a primeira escola de alto padrão em Enfermagem do Brasil foi batizada
com o nome da enfermeira. Em 2009, por meio da Lei nº 12.105, de 2 de dezembro, Ana Neri foi
a primeira brasileira a integrar o Livro dos Heróis e das Heroínas da Pátria. Esta obra fica arquivada
no Panteão da Liberdade e da Democracia, na capital federal.
CONCEITO DE PREVENÇÃO
O conceito de prevenção é definido como “ação antecipada, baseada no conhecimento
da história natural a fim de tornar improvável o progresso posterior da doença”. A prevenção
apresenta-se em três fases. A prevenção primária é a realizada no período de pré-patogênese.
O conceito de promoção da saúde aparece como um dos níveis da prevenção primária, definido
como “medidas destinadas a desenvolver uma saúde ótima”. Um segundo nível da
prevenção primária seria a proteção específica “contra agentes patológicos ou pelo
estabelecimento de barreiras contra os agentes do meio ambiente”. A fase da prevenção
secundária também se apresenta em dois níveis: o primeiro, diagnóstico e tratamento
precoce e o segundo, limitação da invalidez. Por fim, a prevenção terciária que diz respeito
a ações de reabilitação.
Com o passar dos anos, as mudanças nas sociedades levaram à necessidade de uma
ampliação do entendimento sobre saúde: é quando após a II Guerra Mundial, a Organização das
Nações Unidas (ONU) cria a Organização Mundial de Saúde (OMS), composta por técnicos de
vários países, com o objetivo de estudar e sugerir alternativas para melhorar a saúde mundial. 12
de setembro de 1978, a OMS e a Fundação das Nações Unidas para a Infância (UNICEF)
promoveram em Alma-Ata, ex-União Soviética, uma Conferência Internacional sobre cuidados
primários de saúde. Nesta conferência a OMS desenvolveu o conceito de saúde, sendo assim
divulgado na carta de princípios de 7 de abril de 1948 (desde então o Dia Mundial da Saúde),
implicando o reconhecimento do direito à saúde e da obrigação do Estado na promoção e proteção
da saúde, diz que:
“Saúde – estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente
à ausência de doença ou enfermidade – é um direito fundamental, e que a consecução
do mais alto nível de saúde é a mais importante meta social mundial, cuja realização requer
a ação de muitos outros setores sociais e econômicos, além do setor saúde” (OMS, 1976).
Já no Brasil, em 1986, foi desenvolvida a VII Conferência Nacional de Saúde, na qual foram
discutidos os temas: saúde como direito; reformulação do Sistema Nacional de Saúde (SUS) e
financiamento setorial. Nesta conferência adotou-se o seguinte conceito sobre saúde:
“... em seu sentido mais abrangente, a saúde é resultante das condições de
alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, emprego, lazer,
liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde. É assim, antes de
tudo, o resultado das formas de organização social da produção, as quais podem
gerar grandes desigualdades nos níveis de vida” (BRASIL, 1986).
Assim, vários autores afirmam que “a saúde deve ser entendida em sentido mais amplo,
como componente da qualidade de vida e, assim, não é um bem de troca, mas um bem comum,
um bem e um direito social, no sentido de que cada um e todos possam ter assegurado o exercício
e a prática deste direito à saúde, a partir da aplicação e utilização de toda a riqueza disponível,
conhecimento e tecnologia que a sociedade desenvolveu e vem desenvolvendo neste campo,
adequados as suas necessidades, envolvendo promoção e proteção da saúde, prevenção,
diagnóstico, tratamento e reabilitação de doenças. Ou seja, deve-se considerar este bem e este
direito como componente e exercício da cidadania, compreensão esta que é um referencial e um
valor básico a ser assimilado pelo poder público para o balizamento e orientação de sua conduta,
decisões, estratégias e ações”.
“O processo saúde-doença representa o conjunto de relações e variáveis
que produzem e condicionam o estado de saúde e doença de uma população,
que variam em diversos momentos históricos e do desenvolvimento científico
da humanidade”.
Portanto, o processo saúde-doença é uma expressão usada para fazer referência a todas
as variáveis que envolvem a saúde e a doença de um indivíduo ou população. Ele considera que
ambas estão interligadas e são consequência dos mesmos fatores.
Também é importante entender que o modelo da história natural da doença define dois
períodos sequenciados para o desenvolvimento de uma doença. O primeiro é o pré-patogênese,
que é antes do adoecimento. Esse período contempla a prevenção primária, que inclui a
promoção da saúde (Intersetoriais) e a proteção específica. Ele é caracterizado por incluir as
relações entre agente, hospedeiro e meio ambiente.
Agente ou fatores etiológicos: o que causa da doença. Um vírus, por exemplo.
Hospedeiro: homem ou animal que podem ficar doentes.
Meio ambiente: espaço onde ocorre ou pode ocorrer a infecção do hospedeiro pelo agente.
O desequilíbrio nessas interações, portanto, leva ao adoecimento. Mas, neste momento, na
fase pré-patogênese, ainda não temos o adoecimento em si e sim a identificação dos fatores de
risco que podem contribuir para que a doença aconteça de fato. O período patológico vem após
o pré-patológico e acontece quando já ocorreu a contaminação e o desenvolvimento da doença.
Nessa fase é comum o aparecimento de sintomas. Ou seja, o corpo já começa a sofrer com as
manifestações presentes no hospedeiro.