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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Curso de Pedagogia - Noturno


Rosita Aparecida Messias Guimarães
Adma Aparecida Teixeira de Lélis
Lorena Silva Ribeiro
João Máximo de Siqueira

RESENHA
MATURAMA, Humberto
Emoções e Linguagem na Educação e na Política

Trabalho apresentado à disciplina de Psicologia da


Educação do Curso de Pedagogia da Universidade do
Estado de Minas Gerais - UEMG-Unidade Divinópolis
como quesito parcial de avaliação

Divinópolis
2022
MONTE CASTELO

Ainda que eu falasse a língua dos homens


E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.
É só o amor, é só o amor,
Que conhece o que é verdade
O amor é bom, não quer o mal,
Não sente inveja ou se envaidece.
O amor é o fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer.
Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.
É um não querer mais que bem querer,
É solitário andar por entre a gente.
É um não contentar-se de contente,
É cuidar que se ganha em se perder.
É um estar-se preso por vontade,
É servir a quem vence, o vencedor.
É um ter a quem nos mata a lealdade,
Tão contrário a si é o mesmo amor.
Estou acordado e todos dormem.
Todos dormem, todos dormem.
Agora vejo em parte,
Mas, então veremos face a face.
É só o amor, é só o amor,
Que conhece o que é verdade.
Ainda que eu falasse a língua dos homens
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.

Letra: Renato Russo


Execução: Banda Legião Urbana
RESENHA

MATURAMA, H. Emoções e Linguagem na Educação e na Política. Tradução: José


Fernando Campos Fortes. 3ª reimpressão. Belo Horizonte. Editora UFMG. 1998.

Humberto Maturana1 (1923-2021), nascido em Santiago no Chile, estudou medicina


no Chile, biologia na Inglaterra e doutorou-se na faculdade de Harvard em Biologia.
Considerava-se biólogo e definiu a Biologia do Saber como a disciplina encarregada de
explicar o funcionamento dos seres vivos. É cocriador da Teoria da Autopoiese junto com
Francisco Varela. Na década de 50, desenvolveu vários trabalhos na neurofisiologia da
percepção, publicando vários artigos sobre a teoria da Autopoiese em áreas tão diversas
quanto a Terapia de família, a Ciência Política e a Educação. É também autor dos livros
Autopoiesis and Cognition e The Tree of Knowledge, em parceria com Francisco Varela, bem
como outros tantos em colaboração. Desde o início dos anos 50, Maturana atuou como
professor da Universidade do Chile, onde criou o Laboratório de Epistemologia Experimental.
Em 1995, foi premiado pela Academia de Ciências do Chile em reconhecimento ao conjunto
de sua produção intelectual.
O livro de Maturana traz logo de início uma pergunta que fizeram a ele sobre a
educação atual no Chile. Se ela serve ao Chile e à sua juventude e se sim, para quem ou para
que serve?
Especificamente, segundo Maturana, a pergunta deveria ser o que se quer com a
educação? O que é educar? Para que se quer educar ou, em última instância, que país se quer
com a educação?
O autor então, explora as situações e as preocupações dos estudantes na atualidade,
em especial em seu país. Hoje existe o dilema entre escolher uma profissão e se preparar para
a competição no mercado profissional ou se deseja-se mudar a ordem política e cultural que
gera tantas desigualdades sociais.
Em relação ao Chile, ele descreve como os jovens chilenos são forçados pelo sistema
de educação atual a realizar algo configurado como um projeto vinculado a disputa e a
competitividade. Infelizmente, observa-se que a disputa e a competitividade é uma demanda
globalizada, pois as demandas das empresas, que atualmente, apresentam novas formas
organizativas e metodologias de trabalho.

1
Bibliografia de Humberto Maturama, disponíveis em https://www.ufmg.br/ieat/2011/09/humberto-
maturana/, e https://www.mpmg.mp.br/data/files/00/10/7A/D7/5D3AC710E97C3AC7860849A8/BIOGRAFIA
%20Humberto%20Maturana%20.pdf acessado em 24/11/2022.
Maturana disserta ainda sobre conceitos e afirmações acerca dos quais não refletimos e
aceitamos, sem nos dar conta que todo o sistema racional tem fundamento emocional.
Descreve ainda sobre a racionalidade; a emoção também sobre a linguagem; a competição e
evolução; sobre o fundamento emocional do social. Ele defende que o amor se encontra como
a emoção central dentro da história evolutiva do ser humano, desde o começo de toda a
convivência humana, pois é aceitando e legitimando o outro, no convívio social, que se
desenvolve física e emocionalmente desde a fase infantil a adulta. Ele considera que as causas
da enfermidade estão relacionadas à negação do amor, sendo que essa afirmação é de caráter
biológico.
A questão da educação tratada no texto exige reflexão sobre os valores e referências
que temos e passamos posteriores. O professor tem um papel fundamental nesse contexto e a
forma como ele aborda a criança que fará toda a diferença. Respeitá-la e demonstrá-la uma
maneira de respeitar as demais culturas ou opiniões de seus semelhantes é essencial. Pois
quando se é respeitado desde o nascimento, essa prática permanece por toda existência.
Ao longo do texto, o autor questiona diversas vezes o “Para que educar?” acarretando
uma sequência de respostas, emergindo toda reflexão pertinente a esse questionamento. Sabe-
se, por exemplo, que o educar é também válido na educação do adolescente. O adolescente
moderno aprende valores, virtudes que devem ser respeitados, mas que o adulto nega. Prega-
se o amor, mas ninguém sabe em que ele se consiste, porque não há ação que o constituem,
sendo apenas uma expressão de um sentimento. Ensina-se a justiça, mas observa-se a
falsidade no mundo adulto. É uma tragédia anunciada, pois os adolescentes vivem em um
mundo que nega os próprios valores ensinados.
A harmonia é o tema central e fundamental para o bem-estar humano. Dessa forma,
devemos aprender a conviver com o mundo natural, e dele “tomar emprestado” essa natureza
devolvê-la. De certa forma, a lição principal é que se deve aprender a se aceitar e a respeitar
os demais, indivíduo, consequentemente, desenvolver a reciprocidade com o mundo que se
vive.
A partir do ponto de vista do autor, como biólogo e natural, expõe-se a visão e
reflexões sobre a linguagem, as emoções e a ética. A linguagem está em toda parte: dentro das
vivências e culturas, independente se habitamos no Chile ou em outra parte do mundo. A
linguagem é o que conecta e possibilita a comunicação e a reflexão sobre o ser.
O explicar e experiência daquilo que se vai explicar são outros temas tratados por
Maturama, que ele chama a atenção dos leitores. Segundo o autor, “o explicar é sempre
propor uma reformulação da experiência a ser explicada de uma forma aceitável para o
observador”. Parte da vivência concreta de acordo com a visão de quem faz essa afirmação.
Precisa-se ter experienciado o fato e em seguida ocorrerá a explicação. O autor apresenta
vários exemplos com situações do cotidiano para mostrar que nem sempre a reformulação da
experiência será aceita pelo seu ouvinte. Pode acontecer do ouvinte não estar de acordo com o
fato narrado, mas quando as partes estão de acordo acontece então, a explicação.
O autor usa o termo objetividade-sem-parênteses para exemplificar que “o que estou
dizendo é válido porque é objetivo, não porque seja eu quem diz; é a realidade, são os dados,
são as medições, não eu, os responsáveis pela validade do que eu digo, e se digo que você
está equivocado, não sou eu quem determina que você está equivocado, mas a realidade”. E
quando fala o termo objetividade-entre-parênteses se refere “a uma área qualquer da Física,
como exemplo, é válida porque satisfaz o critério de validação que constitui a Física como o
domínio explicativo da experiência com elementos da experiência” (Maturana, 1998).
Quanto a objetividade e as relações humanas no cotidiano, segundo o autor,
comumente, de forma consciente ou não, opera-se sobre a dualidade dos caminhos
explicativos ora mencionados. Sinteticamente, quando se associa com pessoas com as quais
há uma aceitação mútua, sem se importar com as diferenças que são inerentes, está-se
operando através da objetividade-entre-parênteses. Por outro lado, a objetividade-sem-
parênteses caracteriza-se pelo fato de não haver uma verdade absoluta ou relativa, mas sim
várias verdades distintas, partindo do pressuposto de que quando há domínios distintos de
realidade sedimentados em diferentes coerências operacionais. Todos os prismas oriundos
desses planos de realidade são genuínos. Sob essa ótica, as relações humanas não se embasam
no processo de aceitação mútua, mas acreditar que a visão do outro é equivocada, por não
levar em consideração a realidade distinta do outro. Segundo o autor, esse caminho
explicativo parte do pressuposto de que “o conhecimento dá poder e legitima a ação”
(MATURANA, 2002, p. 49).
Diante disso, o autor traz a reflexão de que sob a ótica da objetividade-sem-parênteses
o sujeito nunca terá responsabilidade pela negação do outro, pois “é a ‘realidade’ que o
nega” e não o próprio sujeito, ao passo que na objetividade-entre-parênteses ninguém está
equivocado por operar em domínios de realidades diferentes.
Em se tratando de racionalidade e emoções, o autor é enfático ao afirmar que “todos
os sistemas racionais se baseiam em premissas fundamentais aceitas a priori”. O autor vai
além ao dizer que “se a biologia se altera, altera-se o raciocinar; mais ainda, se mudarmos
de domínio emocional, muda o nosso raciocinar”. Dito isso, compreende-se através dessas
afirmações do autor que essas definições racionais concebidas inicialmente, pertencem ao
campo da emoção e não da razão. (MATURANA, 2002, p.51)
A partir dessas ideias emersas, o autor identifica dois tipos de divergências que podem
surgir de um diálogo racional e que se diferenciam entre si em função das emoções que delas
decorrem: as divergências lógicas oriundas de um erro na aplicação de operações lógicas por
parte de um dos interlocutores, tendo por base o domínio racional em que tal diálogo ocorre e,
as divergências ideológicas advindas do diálogo entre dois interlocutores com domínios
racionais distintos.
O entendimento do autor é de que todo sistema racional tem um embasamento
emocional, entretanto o sistema cultural, o qual se está inserido tende a superestimar o
racional, ao passo que é tratado arbitrariamente o produto das emoções. Acrescenta-se ainda,
que somente no campo da objetividade-entre-parênteses é possível fazer esse tipo de reflexão,
dada sua natureza já anteriormente esclarecida.
Em se tratando da corporalidade, o autor ressalta que o corpo é, ao mesmo tempo, um
instrumento e um limitador de expressão, no que tange a objetividade-sem-parênteses. De
acordo com Maturana (2002, p. 53) o nosso corpo “impõe limitações na expressão do nosso
ser racional transcendente”. Sob esse aspecto, há uma realidade objetiva usada como
referência para ratificar nossos argumentos. Assim, qualquer afirmação que não passe por seu
crivo da realidade objetiva é tida como um erro ou uma ilusão.
Já para a objetividade-entre-parênteses, o corpo não impõe limites, pelo
contrário, ele dá possibilidades. Aqui, ilusão e percepção são indistinguíveis, pois se trata de
uma construção do sujeito observador e não uma limitação ou falha.
Para Maturana (2022, p. 55) “as explicações científicas têm validade porque têm a ver
com as coerências operacionais da experiência no suceder do viver do observador, e é por
isso que a ciência tem poder”. Isto porque as explicações científicas devem atender a critérios
objetivos preestabelecidos e, uma vez preenchidos, são suficientes para validá-las.
Observa-se que, de acordo com o autor, as explicações científicas não levam em
consideração a realidade do sujeito observador, ou seja, pouco importa se o caminho é o da
objetividade-sem-parênteses ou da objetividade-entre parênteses.
A linguagem e ação, de acordo com o autor (2002, p. 59), “se constitui quando se
incorpora ao viver”. Assim, toda e qualquer interação entre seres humanos desencadeia
mudanças estruturais entre si, mudando, por conseguinte, o meio ao qual está inserido. Desta
forma, organismo e meio vão se alterando harmonicamente ao longo da história.
Em virtude disso, Maturana afirma que não há trivialidade no fazer ou pensar dos
seres humanos, tendo em vista que tudo o que se faz desencadeia consequências e mudanças
no meio ao qual se pertence.
Em se tratando de emoções e interações humanas: o amor, o autor considera que é
necessária a existência de uma emoção que estabeleça as condutas que tenham como
consequência interações recorrentes. Para ele, rejeição e amor são emoções pré-verbais que
viabilizam tais interações.
Muito embora o pareçam, amor e rejeição não se opõem, ao passo que a ausência de
um não implica, automaticamente, a existência do outro. Todavia, suas consequências são
consideradas opostas: enquanto a rejeição nega a convivência (culminando com a separação),
o amor a constitui em um espaço de interações recorrentes.
Maturana faz uma reflexão acerca daquilo que dá sentido a vida cotidiana ao
estabelecer que aquilo que se chama de emoções, na verdade, são domínios de ações. Para ele
[...] na medida em que diferentes emoções constituem domínios de
ações distintas, haverá diferentes tipos de relações humanas
dependendo da emoção que as sustente, e será necessário observar as
emoções para distinguir os diferentes tipos de relações humanas, já
que estas as definem. (MATURANA, 2002, p. 68)
Desse modo, verifica-se que o autor é categórico ao estabelecer que o amor será a
emoção regente e constituidora das relações cotidianamente sociais se somente tais relações
importarem na aceitação genuína do outro na convivência.
O autor demonstra, de maneira consistente, a diferenciação entre relações sociais e não
sociais, que se caracterizam por serem frutos vinculados ou não, a competitividade. A
competitividade, como citado anteriormente pelo autor, é inerente à cultura humana. Nas
relações de trabalho, por exemplo, o que interessa é o cumprimento de tarefas e por mais que
as pessoas que assumem o compromisso de o trabalho ser multidimensional, ou seja, terem
outras dimensões relacionais, essa característica tem pouca importância. O conflito fatalmente
se instala quando agimos como se todas as relações humanas fossem do mesmo tipo. Assim,
as relações de trabalho que envolvem hierarquia são relações não sociais, pois se baseiam na
negação mútua implícita entre as partes, exigindo obediência de uma parte e de concessão de
poder da outra. São relações que concebidas na supervalorização e desvalorização de seus
partícipes que são constituídos em sua essência de poder e obediência e consequentemente
não são relações sociais.
Apesar de existir o poder e a obediência, aquele primeiro não está presente em
nenhumas das partes, pois é uma relação que alguém, através da obediência, concede fazer
algo contrária a sua vontade. Este que obedece nega a si mesmo, age com raiva e recusa como
legítima a convivência a quem obedece. Por outro lado, quem ordena também assume uma
relação conflituosa, pois nega a si mesmo e ao outro. Nega a si mesmo legitimando a
obediência, com sua supervalorização e inferioridade daquele que obedece. Enfim, as relações
de poder e de obediência são relações hierárquicas, não são relações sociais. Somos todo
“social” nas relações de aceitação mútua. De maneira inversa, se não houver a aceitação
mútua, não há relação social. Paradoxalmente, na biologia humana, o social está presente todo
o tempo e em toda parte.
Devido às relações de trabalho não serem relações sociais, elas são necessariamente
reguladas por leis, como nos demais sistemas semelhantes, ou seja, são constituídos de um
sistema de conduta. Enquanto no marco das relações sociais impera a aceitação mútua e,
portanto, o respeito mútuo, opera-se então numa congruência de conduta que se vive como
espontânea. Historicamente, implantam-se na humanidade os sistemas sociais quando ela, a
humanidade, toma dimensões maiores, e se fragmentam em outras menores, ou quando
surgem outras interações em seu seio, diferentes do amor.
Como citado anteriormente pelo autor, as relações sociais estão em sintonia com a
biologia e a aceitação ou não do outro, pois é um fenômeno cultural. O social e o cultural que
delimitam, restringem essa aceitação. No processo racional desenvolve discursos e
argumentos para essa não aceitação, e isso é um fenômeno cultural.
Assim, ensina-se às crianças desde pequenas, a rejeitar certos tipos de pessoas e
animais. Transfere-se isso para tudo ao derredor, como citado pelo autor: “Meu cachorro sabe
exatamente quem são meus inimigos. Como sabe?”. Este animal, dito irracional, está na
mesma dinâmica emocional a a não a aceitação de outro ser humano, move-se dentro dessa
dinâmica, dentro do domínio de ação que não se tem como ocultá-la, por mais que queira. A
melhor atitude então, é conhecer nossa biologia, como sugerido e citado pelo autor, que se
move por outra dinâmica, diferente da cultural e social.
O autor também faz reflexões sobre a ética. Neste quesito, ele faz reflexões sobre os
Direitos Humanos sugerindo, de antemão, a inserção de duas cláusulas: “o direito de
equivocar-se e o direito de mudar de opinião”. Segundo o autor, a Declaração de Direitos
Humanos é profundamente racional e por ser dessa forma, só convence aqueles que já estão
previamente convencidos de seu valor. Uma vez que o discurso racional se opera em regime
de coerências operacionais e discursivas, com base em um conjunto de premissas pré-
determinadas. Indubitavelmente, a ética está presente, pois envolve as consequências de
nossos atos sobre o outro, mas reiteradamente, o autor informa que é um fenômeno que tem a
ver com a aceitação do outro e que isso pertence ao domínio do amor. Por isso, a preocupação
ética com o próximo que sempre surge no domínio social, nunca ultrapassa este limite. A
aceitação do outro no imaginário de cada indivíduo, incorporando-o como legítimo na
convivência, seria o caminho para se absorver o que lhe ocorre, envolvendo ou não os meus
atos, sendo essas atitudes atemporal e adimensional. Enfim, o autor enfatiza: “A ética não tem
um fundamento racional, mas sim emocional”.
A Declaração dos Direitos Humanos cumpre seu papel dentro de um sistema legal
comum, que surge espontaneamente na convivência entre as nações e fundado no amor. Mas,
extrapolar para que isso ocorra espontaneamente na humanidade, no âmbito social do
humano, exigirá a aceitação do outro e muita reflexão.
O autor enfatiza que devido ao caráter social das preocupações éticas e todas outras
atividades do espaço social, onde a razão predomina e não o amor, as apreciações são
limitadas e válidas para uma determinada comunidade e não para demais. Independente disso,
a fenomenologia do amor que é fundamentada no biológico do humano, estará sempre
presente e somente haverá uma melhor compreensão, quando estes campos de caráter social
se convergir para o âmbito do emocional.
A base emocional é novamente evocada pelo autor e, enfatiza que a convivência dos
humanos nos domínios sociais e não sociais exigem regulamentação, pois sem aceitação
mútua não há harmonia na convivência. Então, no campo político, a tarefa da democracia é
substituir a atual posição que se encontra, da objetividade-sem-parênteses, cujos domínios são
reveladores de uma realidade independente do observador: perpetua-se o conflito, que se
extingue após a eliminação de uma das partes, com consequente criação de um domínio de
convivência e acessos privilegiados. A democracia ora se apresenta como um espaço de
competição e disputa de poder e é um equívoco acreditar que exista a competição sadia e a
disputa fraterna. Somente com uma democracia, que visa a criação de um mundo de
convivência com reflexão e aceitação do outro, das diferentes ideologias e, praticada
cotidianamente, que pode contemplar o bem-estar da humanidade, mas tal intento exige
audácia para promovê-la.
O autor faz uma interessante reflexão: “na medida em que a linguagem tem a ver com
a ação, a linguagem sempre nos prende no fazer”. Magistralmente, contextualiza no quadro
vivido pelo ditador Pinochet2, que durante a ditadura chilena criou-se a comissão
constitucional e a queda desse ditador começou nos trabalhos dessa comissão. Através dela,

2
O autor era chileno e contemporâneo a esse ditador.
promoveu-se a conversação da democracia, consequentemente, a transição para se viver a
democracia, pois se iniciou o agir e o emocionar. Enfim: “o viver humano se faz no
conversar”.
Por isso, que o “dizer” é fundamental, sejam nas afirmações ou nos discursos, sejam
abstratas ou voláteis, pois são nelas que se move o mundo. Não há como negar o emocionar
da convivência no discurso, pois nele surge o amigo ou o adversário e se dá a vivência
humana. Conclui-se que se define a democracia a partir da vivência, da emoção e do desejo de
convivência em um projeto comum de vida: “a tarefa de criar uma democracia começa no
espaço da emoção com a sedução mútua para criar um mundo, no qual continuamente surja
de nossas ações, a legitimidade do outro na convivência, sem descriminação, nem abuso
sistemático” (MATURAMA, 2002, Pág. 77).

sicologia Da Educação
Pedagogia – 4º Período/ Noturno.
Profa. Dra. Maria Carolina De Andrade Freitas

Discentes:
Adma Aparecida Teixeira de Lélis 16-98008
João Máximo de Siqueira 16-98654
Lorena Silva Ribeiro
Rosita Aparecida Messias Guimarães

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