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Carlos Alberto Richa ORGANIZADORES

GOVERNADOR Eduardo Faria Silva


José Antônio Peres Gediel
Flávio Arns Silvia Cristina Trauczynski
VICE-GOVERNADOR
Revisão:
Claudiomiro Vieira-Silva
Maria Tereza Uille Gomes
SECRETÁRIA DE ESTADO DA JUSTIÇA, Assistente de Pesquisa e Organização:
CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS Kellyana Bezerra de Lima Veloso

Capa:
Leonildo de Souza Grota
Ana Carolina Gomes
DIRETOR GERAL DA SEJU
Fotos:

Regina Bergamaschi Bley Denis Ferreira Netto

DIRETORA DO DEPARTAMENTO DE
Diagramação e Editoração:
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
Agência Experimental Practice | Letícia Corona e Ricardo Macedo

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Biblioteca da Universidade Positivo - Curitiba - PR
José Pio Martins
REITOR DA UNIVERSIDADE POSITIVO D598
Direitos humanos e políticas públicas / organizadores, Eduardo
Arno Antonio Gnoatto Faria Silva, José Antônio Peres Gediel, Silvia Cristina
Trauczynski. Curitiba : Universidade Positivo, 2014.
PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO
432 p. : il.

Márcia Sebastiani ISBN 978-85-8486-037-1


PRÓ-REITORA ACADÊMICA
1. Direitos humanos. 2. Políticas públicas. 3. Sociedade I. Silva,
Roberto Di Benedetto Eduardo Faria. II. Gediel, José Antônio Peres. III. Trauczynski,
Silvia Cristina. IV. Título.
COORDENADOR DO CURSO DE DIREITO
CDU 342.7
DA UNIVERSIDADE POSITIVO
Sumário

Apresentação - Maria Tereza Uille Gomes

FUNDAMENTOS, UNIVERSALIZAÇÃO E FRAGMENTAÇÃO NAS FRONTEIRAS DA JUSTIÇA


11 Direitos Humanos: fundamentação transmoderna 207 Tráfico de Pessoas: a negação da dignidade humana
Celso Luiz Ludwig Rosita Milesi e Marcia Anita Sprandel

37 A Fragmentação da proteção contemporânea dos direitos humanos econômicos, 223 O Projeto de Lei do Senado N° 236/2012 e o Retorno do Direito Penal do Autor:
sociais e culturais: uma análise a partir do cenário estadual crítica ao título XV sobre crimes relativos a estrangeiros
paranaense de proteção Gabriel Gualano de Godoy e Raquel Trabazo
Melina Girardi Fachin
245 Derechos Humanos del Migrante Climático: ¿Como garantizarlos? ¿Es posible?
51 Direitos Humanos e Arte: diálogos possíveis para uma Episteme Efraín Peña
Leandro Franklin Gorsdorf
263 Mobilidade Transfronteiriça: o ir e vir na fronteira do possível
67 Educação e metodologia para os direitos humanos: cultura democrática, Rosa Moura e Nelson Ari Cardoso
autonomia e ensino jurídico
Eduardo C. B. Bittar 281 O Lugar do Paraná no Fluxo Contemporâneo das Migrações Internacionais
Gislene Santos e Caio da Silveira Fernandes
85 Educação em Direitos Humanos
295 Porque o Estado do Paraná precisa da livre circulação das pessoas
Thiago Assunção
Eduardo J. Vior

HORIZONTES DA DEMOCRACIA E DA JUSTIÇA


IDENTIDADE, DIFERENÇA E CIDADANIA
99 A justiça de transição e o Brasil: breve relato
Vera Karam de Chueiri 311 Um Estatuto para a diversidade sexual
Maria Berenice Dias
111 Justiça Restaurativa como Direitos Humanos: observações éticas do discurso,
pedagógicas e jurissociológicas 331 Estado, Sociedade e as Políticas Públicas para as Mulheres
Artur Stamford da Silva e Virgínia Leal Regina Bergamaschi Bley

131 Círculos de Diálogo: base restaurativa para a Justiça e os Direitos Humanos 351 Igualdade racial e territórios tradicionalmente ocupados por quilombolas
Giovanna Bonilha Milano e José Antônio Peres Gediel
Marcelo L. Pelizzoli
371 O Atlântico negro e suas margens: direitos humanos, mitologia política e a
153 Os Dois Pratos da Justiça Internacional: vencedores e Vencidos
descolonialidade da justiça nas religiões afrobrasileiras
Larissa Ramina e Moacir Iori Junior
Thiago de Azevedo Pinheiro Hoshino
173 Breve Análise da Representação Política Face à Implementação da Defensoria
413 Políticas Públicas, Direitos Humanos e Cidadania em Relação à Água: o caso do
Pública do Paraná
Programa Cultivando Água Boa da Itaipu Binacional
Ana Zaiczuk Raggio
Tatyana Scheila Friedrich e Nelton Miguel Friedrich
191 A questão penitenciária no Brasil e o Sistema Interamericano de Direitos
Humanos
André Giamberardino e Gustavo Trento Christoffoli
Thiago Assunção

EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS

Thiago ASSUNÇÃO1

O que são Direitos Humanos?


Esta indagação remete a inúmeras respostas possíveis, que buscam
privilegiar diferentes valores, como a igualdade, a liberdade, e a
solidariedade. Dallari (1998) diz que “esses direitos são considerados
fundamentais porque sem eles a pessoa humana não consegue existir
ou não é capaz de se desenvolver e de participar plenamente da vida”.
Pode-se dizer, em linhas gerais, que os Direitos Humanos seriam direitos
inerentes a todos os seres humanos, independente de nacionalidade,
sexo, origem, cor, religião, língua ou qualquer outra condição. Não se
pode perder ou renunciar a esses direitos, na mesma medida que não
podemos deixar de sermos seres humanos. Nem o Estado pode negá-los
ou alterá-los, pois eles são hoje cláusulas pétreas, portanto intocáveis, da
nossa Constituição.
Os Direitos Humanos foram considerados indivisíveis (ONU, 1993):
não se pode negar um direito em detrimento de outro, por considerá-
lo “menos importante” ou “não essencial”. Eles seriam também
interdependentes e inter-relacionados: fazem todos parte de um quadro
integrado e complementar. Um direito muitas vezes não faz sentido sem
a garantia de outros direitos. Finalmente, todos os direitos humanos se
relacionam com o fim máximo da dignidade da pessoa humana. Defender
os Direitos Humanos é exigir que a dignidade humana de todos seja
respeitada incondicionalmente.
Por outro lado, os Direitos da Pessoa Humana são tanto princípios
quanto normas de aplicação prática. Tais princípios foram construídos ao
longo da história, baseando-se na visão de um mundo cada vez mais justo
e pacífico, e constituem um conjunto de normas mínimas sobre como os
indivíduos e as instituições de todo o planeta devem tratar as pessoas.
São exemplos de Direitos Humanos: o direito à vida, dignidade,
liberdade (de ir e vir, de expressão, de crença, etc.), igualdade, diferença,
privacidade, educação, saúde, moradia, alimentação, a um meio ambiente
limpo e saudável, a votar e ser votado, entre outros.
1 Mestre em Educação para a Paz: Direitos Humanos, Cooperação Internacional e Políticas da União Europeia
pela Universidade de Roma III. Professor de Direitos Humanos do Centro Universitário Curitiba – UNICURITIBA.
E-mail: thiago_assuncao@hotmail.com

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EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS Thiago Assunção

Mas até que surgissem normas escritas para garantir a aplicação de internacional, em resposta às atrocidades e horrores do nazismo, e que
regras basilares de convivência entre os seres humanos, passaram-se eram destinadas a evitar que a catástrofe da guerra se repetisse. Era o
milênios. Segundo COMPARATO (2011), já no período axial da história, novo direito internacional dos Direitos Humanos, cujo marco inaugural é
entre 600 e 480 a.C, pensadores de distintas regiões do globo “enunciaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Finalmente a humanidade
os grandes princípios e se estabeleceram as diretrizes fundamentais de chegava a um consenso sobre quais seriam, afinal, os direitos considerados
vida, em vigor até hoje”. Entre esses pensadores, figuram Buda, Lao-Tsé, essencialmente indispensáveis, em qualquer canto do planeta.
Confúcio, Pitágoras, além de outros. Entre lutas sangrentas e revoluções A partir da Declaração Universal, surgiram inúmeros tratados
gloriosas, a odisseia humana produziu conquistas históricas inegáveis, internacionais para tutelar os direitos civis, políticos, econômicos, sociais,
sempre em nome da emancipação do indivíduo, no seu anseio por culturais e ambientais. Normas internacionais que, não raras vezes,
equidade e justiça. É o caso da Revolução Francesa (1789), que operou servem de referência para a adoção de instrumentos internos de proteção
inovações radicais nos costumes e na cultura da civilização ocidental, com dos direitos da mulher, da infância, das pessoas com deficiência, dos
seu lema “liberdade, igualdade, fraternidade”, e que deixou como fruto e idosos, da população LGBT, entre outros grupos vulneráveis, bem como
marco histórico a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. para proteger os cidadãos contra a discriminação, a tortura, o flagelo da
Falamos da Revolução Francesa apenas para usar um exemplo pobreza extrema, a degradação ambiental etc.
marcante, já que uma infinidade de fatos cotidianos e de homens Neste processo, é inquestionável a atuação de indivíduos e organizações
comuns, mas muitas vezes grandiosos, fizeram da presença humana na não-governamentais, na estruturação de um verdadeiro movimento
Terra uma luta constante por patamares civilizatórios mais elevados, global pelos Direitos Humanos. Desde Mahatma Gandhi que lutou através
dando origem ao que hoje chamamos de Direitos Humanos. Portanto, da não-violência pela independência da Índia, a Martin Luther King,
tratam-se claramente de direitos históricos, ou seja, “nascidos em certas em sua cruzada pela igualdade racial, passando por Nelson Mandela,
circunstâncias, caracterizadas por lutas em defesa de novas liberdades que liberou a África do Sul do apartheid, além de organizações como a
contra velhos poderes, e nascidos de modo gradual, não todos de uma vez Anistia Internacional, que reúne voluntários no mundo todo na luta por
e nem de uma vez por todas” (BOBBIO, 2004). esses direitos. Mas, para além de ídolos, sabemos que existem em toda a
De qualquer modo, é principalmente no século XX que os direitos do parte cidadãos e cidadãs anônimos, que lutam com humildade e firmeza,
homem ganham contornos mais nítidos. Como precedentes históricos cotidianamente, para a consecução dos objetivos que possibilitem a
(PIOVESAN, 2010), temos o surgimento, em 1863, da Cruz Vermelha, realização dos Direitos Humanos.
preocupada com as vítimas dos conflitos armados e de onde emerge o Cabe citar, ainda, a criação de sistemas normativos e institucionais de
estabelecimento do Direito Humanitário. Já após a primeira grande guerra proteção dos Direitos Humanos, contra a sua violação pelo próprio Estado.
mundial, aparece a tentativa de se criar uma organização para manter a É o caso do Sistema Global ancorado nas Nações Unidas, bem como os
paz entre os povos. Era a Liga das Nações (1919), a qual deu origem, mais sistemas continentais ou regionais: o Sistema Europeu, Interamericano e
tarde (1945), a atual Organização das Nações Unidas (ONU). Em 1919 Africano.
constitui-se a Organização Internacional do Trabalho (OIT) a qual promove
padrões mínimos de tratamento dos trabalhadores em nível global. A No continente americano, o Sistema Interamericano de Direitos
OIT influenciou a criação posterior de outras agências internacionais, Humanos foi estruturado com dois órgãos distintos: a Comissão
especializadas na promoção de temas fundamentais, como a UNESCO Interamericana de Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos
(educação), UNICEF (direitos da criança), OMS (saúde), FAO (alimentação), Humanos, a qual está apta a julgar os Estados quando estes falharem na
ACNUR (refugiados), etc. garantia dos direitos assegurados pelo Pacto de San José da Costa Rica,
assinado e ratificado pelo Brasil.
A expansão e aceitação dos Direitos Humanos ganha impulso definitivo
a partir da Segunda Guerra Mundial. Com mais de 60 milhões de mortos, No âmbito jurídico brasileiro, os Direitos Humanos contam com uma
o conflito é um divisor de águas, tanto em termos históricos, como para proteção irrestrita. A Constituição Federal trata de maneira específica
o próprio direito, que viu nascer um conjunto de normas de caráter (Título II, arts. 5° a 17) dos direitos e garantias fundamentais.

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EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS Thiago Assunção

Ademais, leis como o Estatuto do Índio (1973); Código de Defesa do o conjunto de atividades de capacitação e de difusão de informação,
orientadas para criar uma cultura universal na esfera dos direitos
Consumidor (1990); Estatuto da Criança e do Adolescente (1990); Estatuto humanos, mediante a transmissão de conhecimentos, o ensino de técnicas
dos Refugiados (1997); Lei que define os Crimes de Tortura (1997); Lei de e a formação de atitudes, com a finalidade de: (a) fortalecer o respeito
Crimes Ambientais (1998); Estatuto do Idoso (2003); Lei Maria da Penha aos direitos humanos e às liberdades fundamentais; (b) desenvolver
(2006); Estatuto da Igualdade Racial (2010) são apenas exemplos da plenamente a personalidade humana e o sentido da dignidade do ser
humano; (c) promover a compreensão, a tolerância, a igualdade entre os
legislação infraconstitucional que busca a proteção dos Direitos Humanos
sexos e a amizade entre todas as nações, os povos indígenas e os grupos
no Brasil. Isso sem contar os diversos tratados internacionais sobre o tema, raciais, nacionais, étnicos, religiosos e linguísticos; (d) facilitar a participação
assinados e ratificados pelo Brasil e que integram o nosso ordenamento efetiva de todas as pessoas em uma sociedade livre e democrática, na qual
jurídico, de acordo com a própria Constituição (art. 5°, §§ 2° e 3°). impere o Estado de Direito; (e) fomentar e manter a paz; (f) promover um
modelo de desenvolvimento sustentável centrado nas pessoas e na justiça
De qualquer forma, como ressalta Bobbio (2004, p. 9), uma coisa é social. (UNESCO, 2012, p. 4).
proclamar direitos, outra é desfrutá-los efetivamente. E, a implementação
das políticas públicas para efetivação dos direitos, representam o papel A questão central, quando pensamos numa educação voltada para os
fundamental da atuação do Estado em concretizar ações, programas, Direitos Humanos, é que ela possua o objetivo premente de trabalhar
projetos e planos que de alguma de alguma maneira sejam de alcance para reverter a indiferença que toma conta das mentes e corações, em
dos cidadãos relação aos graves problemas que enfrenta a humanidade, estimulando
cada cidadão a buscar incessantemente soluções e alternativas, dentro do
Como afirmou com propriedade a Secretária de Estado da Justiça, seu possível, para reverter o quadro de miséria, intolerância, violência e
Cidadania e Direitos Humanos, Maria Tereza Uille Gomes (2011): poluição que assola a sua comunidade e o planeta como um todo.
Políticas Públicas constituem-se em um processo cíclico que se materializa Por outro lado, quando falamos em se estabelecer uma cultura da
em sucessivas etapas, através de discussão dialética entre os atores que paz, nos referimos à formação de uma cultura de respeito aos direitos
integram o corpo político, em busca de soluções para os problemas sociais, humanos, “tomando como referência o próprio inacabamento do homem,
que deem efetividade plena aos Direitos Humanos em busca de melhores
condições de vida digna para todos.
eterno aprendiz, sujeito de sua própria cultura que se constitui humano
pela própria experiência humana.” (GORCZEVSKI, 2008, p. 71).

Conceituando Educação em Direitos Humanos


Na História
Mas o que seria “Educação em Direitos Humanos?” Educar para os
Em plena ditadura militar, os ministros da Marinha, do Exército e da
Direitos Humanos significa reunir esforços, conhecimentos, recursos e
Aeronáutica instituíram, por meio do Decreto-Lei n° 869/1969, a disciplina
atividades, por meio de iniciativas de todo gênero e através da cooperação
Educação Moral e Cívica nas escolas de todos os graus e modalidades
entre os mais diversos atores e instituições do Estado e da sociedade, com
dos sistemas de ensino no país. Este mesmo Decreto instituiu, ainda, no
o objetivo de disseminar uma cultura de paz, trabalhando para a melhoria
ensino médio a disciplina Organização Social e Política Brasileira (OSPB).
da vida em sociedade e em última análise, buscando a garantia de uma
vida digna a todo ser humano. De acordo com a Organização das Nações A Educação Moral e Cívica, como entendida pelas autoridades militares
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, “a educação em direitos no comando do país, apoiava-se nas “tradições nacionais”, e tinha como
humanos é um processo ao longo da vida que constrói conhecimentos finalidade “a projeção dos valôres [sic] espirituais e éticos da nacionalidade
e habilidades, assim como atitudes e comportamentos para promover e (...); o culto à Pátria, aos seus símbolos, tradições, instituições (...); o
apoiar os direitos humanos” (UNESCO, 2012, p. 2). aprimoramento do caráter, com apoio na moral, na dedicação à família e
à comunidade” (BRASIL, 1969).
Segundo o conjunto de instrumentos internacionais (declarações e
tratados) que se referem à educação em direitos humanos, ela pode ser Denota-se, pelo próprio conteúdo que reveste as diretrizes curriculares
definida como: desta disciplina, um forte caráter conservador e nacionalista. De fato,
o ensino da EMC servia ao projeto de poder da ditadura militar, já que

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EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS Thiago Assunção

“buscava-se interferir nas formas de pensar e de agir dos indivíduos, de Em relação a essas iniciativas, vamos analisar, ainda que brevemente,
modo a garantir a legitimidade da ditadura” (NUNES e REZENDE, 2008). os últimos e mais importantes instrumentos adotados em relação ao
tema que deram, recentemente, um impulso decisivo para a implantação
A EMC e a OSPB foram extintas pela Lei nº 8.663 de 1993, a qual
gradativa da Educação em Direitos Humanos (EDH) no Brasil.
determina, quanto ao conteúdo dessas matérias, que “seu objetivo
formador de cidadania e de conhecimento da realidade brasileira (...) No âmbito internacional, a EDH está avançando como nunca. É
sejam incorporados às demais disciplinas de ciências humanas e sociais” compreensível que o tema receba cada vez mais atenção por parte da
(BRASIL, 1993). comunidade internacional, já que este tipo de educação trabalha nas
raízes que levam à pobreza, aos conflitos, à discriminação, à intolerância,
Ocorre que desde então, não se criou praticamente nada para o
e à degradação ambiental, entre outras mazelas que são os objetos de
ensino, nas escolas, de noções de direito, cidadania, sustentabilidade
atuação de um sem número de organizações internacionais.
e democracia. Nota-se que o brasileiro está crescendo com uma carga
elevada de conhecimentos, muitas vezes, estéreis para a sua vida Talvez por este motivo, tenha sido adotado pela Organização das Nações
cotidiana e deixando de aprender, de modo claro e estruturado, o seu Unidas e pela UNESCO, em 2005, o Programa Mundial para Educação em
papel enquanto membro da sociedade: o que é a Constituição Federal, Direitos Humanos. A ênfase da primeira fase do Programa Mundial (2005-
para que serve o Estado, por que pagamos impostos, o que acontece se 2009) foi no sistema educacional (educação básica e ensino médio).
violamos a lei, ou o que devemos fazer para mudá-la etc. Não se trata, por A segunda fase (2010-2014) busca se concentrar nos níveis seguintes
óbvio, de reanimar algo nos moldes da Educação Moral e Cívica, que ficou da educação, como no ensino superior (graduação e pós-graduação),
para trás em um contexto histórico obtuso e que nada tem em comum bem como nas instituições que formam “aqueles que possuem grande
com o que ser quer hoje. responsabilidade pelo respeito, proteção e cumprimento dos direitos dos
cidadãos – desde servidores públicos e forças de segurança até mulheres
Mas, com a ascensão do discurso universal da proteção dos Direitos
e homens do serviço militar” (UNESCO, 2012, p. 3).
Humanos, começou-se a debater a necessidade da criação de uma
alternativa que fosse capaz de instrumentalizar processos educativos que Ademais, de grande inovação e importância foi a adoção, por
trabalhassem de alguma forma, conteúdos como: a ética nas relações unanimidade em 16 de fevereiro de 2012, pela Assembleia Geral da
humanas, noções de direitos e deveres do cidadão, a imperatividade da ONU, da “Declaração das Nações Unidas sobre Formação e Educação
sustentabilidade ambiental, a valorização da diversidade cultural, além em Direitos Humanos” (ONU, 2012). A Declaração é um marco no
da importância do respeito para com a diferença, entre outros valores, reconhecimento da essencialidade da EDH, considerando que ela é fruto
princípios e conhecimentos a que chamamos de modo amplo de educação de um longo debate mundial, que remonta à Conferência Mundial sobre
em direitos humanos. Categorias e saberes que, nos parece evidente, se Direitos Humanos de Viena (1993). Nesta ocasião, a EDH foi considerada
tornaram indispensáveis para a construção de uma sociedade inclusiva, essencial para a promoção e respeito dos direitos fundamentais
mais justa, solidária e sustentável. conquistados historicamente pela humanidade (ONU, 1993), já que
apenas o conhecimento e adequada informação a respeito desses
direitos, possibilita sua exigência incondicional e imediata. Portanto, estes
Estágio atual dois instrumentos (o Programa e a Declaração), fundamentam o consenso
Nota-se a existência de um número crescente de iniciativas, seja no internacional em torno do tema, e pavimentam o caminho para a adoção
âmbito global, nacional e regional, que vão no sentido de inserir a da EDH como prioridade a nível global.
Educação em Direitos Humanos (EDH) em todos os níveis da educação. Já em âmbito nacional, o Estado brasileiro adotou em 1996 o seu
Os estabelecimentos de ensino, principalmente a escola, são espaços primeiro Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH). A segunda
privilegiados de formação humana, por eles passam ou deveriam passar, versão foi publicada em 2002, e a terceira e última versão até o momento,
obrigatoriamente2, cada um dos pequenos cidadãos que irão compor a foi aprovada pelo Decreto n° 7.037 de 2009, alterado pelo Decreto n° 7.177
sociedade em que viveremos amanhã. de 2010. O PNDH 3 resultou de intenso debate nacional, com diversos
2 O ensino fundamental é obrigatório no Brasil, de acordo com a Constituição Federal, art. 205, e a Lei 9.394/1996 atores sociais envolvidos. O fato é que um dos seis eixos orientadores do
(Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), art. 4, inciso I.

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EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS Thiago Assunção

PNDH 3, trata justamente da “Educação e Cultura em Direitos Humanos”. Agora, com diretrizes nacionais válidas para todos os níveis e sistemas
O capítulo traz uma série de diretrizes para se trabalhar a temática, seja de ensino, passa a ser imperativo que as instituições públicas, sejam
no âmbito da educação formal (básica e superior), quanto na educação elas federais, estaduais ou municipais, bem como toda e qualquer
não-formal, bem como na promoção da EDH no serviço público e, ainda, instituição de ensino privada, reconheça e incorpore de modo transversal
se refere à garantia do acesso à informação para a consolidação de e multidimensional os conteúdos de Direitos Humanos nas mais variadas
uma cultura em Direitos Humanos. Assim, o PNDH 3 traz como objetivo atividades de ensino, pesquisa e extensão.
estratégico a implementação do Plano Nacional de Educação em Direitos Interessante notar como a maior parte das dúvidas que pairava sobre
Humanos (PNEDH). o ensino das temáticas que se inserem no grande espectro dos Direitos
Humanos, na educação básica, era em relação a se seria preciso ou
Instrumentos de efetivação da Educação em Direitos Humanos não criar uma nova disciplina com este conteúdo específico. Conforme
explicitado na Resolução n° 1/2012 do CNE, optou-se por não criar
A propósito, o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos disciplina autônoma de Educação em Direitos Humanos, mas se sugere
(PNEDH), publicado em 2007, é fruto de uma parceria entre a Secretaria que os conhecimentos a que se referem os Direitos Humanos sejam
de Direitos Humanos da Presidência da República, Ministério da Educação, trabalhados de modo interdisciplinar, tanto de modo transversal entre as
Ministério da Justiça e UNESCO. O PNEDH foi elaborado pelo Comitê disciplinas existentes, quanto de um modo que insiram conceitos, noções
Nacional de Educação em Direitos Humanos, com a participação da e exemplos da temática no conteúdo específico de cada disciplina, como
sociedade civil em diversos encontros estaduais ao longo de 2004-2005, história, geografia, matemática etc4.
sendo atualmente o documento chave no que diz respeito às concepções,
princípios, objetivos, diretrizes e linhas de ação para a construção das Por fim, a resolução do CNE dispõe que a EDH “deverá orientar a
políticas públicas de educação e cultura em Direitos Humanos. Ele possui formação inicial e continuada de todos(as) os(as) profissionais da educação,
cinco grandes eixos de atuação: Educação Básica; Educação Superior; sendo componente curricular obrigatório nos cursos destinados a esses
Educação Não-Formal; Educação dos Profissionais dos Sistemas de Justiça profissionais” (MEC, 2012). Ou seja, componente curricular obrigatório
e Segurança Pública e Educação e Mídia (PNEDH, 2007). É lastimável, no nos cursos de pedagogia e licenciaturas.
entanto, que o PNEDH seja ainda pouco conhecido, promovido e utilizado Essa norma também amplia o ensino da EDH para todas as áreas do
pelos diversos atores envolvidos com a educação no Brasil. Além do mais, conhecimento, explicitando que a temática dos Direitos Humanos deve ser
os educadores podem contar hoje com “Conteúdos Referenciais para trabalhada amplamente, na formação inicial e continuada “das diferentes
a Educação em Direitos Humanos”, publicados em 2010 pelo Comitê áreas do conhecimento”. Ainda, ressalta que deve haver um esforço dos
Nacional de Educação em Direitos Humanos, os quais podem servir como sistemas de ensino e instituições de pesquisa para fomentar e divulgar
ponto de partida para o trabalho em sala de aula. estudos e experiências bem sucedidas na área dos Direitos Humanos,
Enfim, o fato é que a Declaração da ONU sobre Formação e Educação bem como a criação de políticas de produção de materiais didáticos e
em Direitos Humanos, de 2012, renovou o debate que já vinha ocorrendo paradidáticos relacionados ao tema.
no Brasil3, onde se pensava como incluir as temáticas concernentes aos Finalmente, a norma estimula as Instituições de Ensino Superior
Direitos Humanos na educação, em seus diversos níveis. a promover ações de extensão voltadas para a proteção dos direitos
O tema foi, então, objeto de estudo pelo Conselho Nacional de Educação humanos, com diálogo e alcance aos mais diversos segmentos sociais,
(CNE), que, em conjunto com diversos órgãos do governo, universidades e principalmente aqueles em situação de exclusão social, bem como
instituições da sociedade civil, publicou um parecer sugerindo “Diretrizes movimentos sociais e órgãos da administração pública (MEC, 2012).
Nacionais para a Educação em Direitos Humanos”, as quais foram
aprovadas e adotadas através da Resolução n° 1 de 2012.
4 Um exemplo seria o estudo, por diversas disciplinas ao mesmo tempo, de uma problemática social localizada
no tempo e no espaço. Tomemos uma enchente em um bairro pobre da periferia de São Paulo, no ano de 2012. A
3 Um dos primeiros artigos que apareceram no Brasil, especificamente, sobre a EDH foi da Professora da situação poderia ser estudada do ponto de vista de quando ocorreu a ocupação da área, pela história; quais são as
Faculdade de Educação da USP, Dra. Maria Victoria Benevides, intitulado “Educação em direitos humanos: de que características topográficas e geológicas do terreno pela geografia; quais as estatísticas de chuvas e ocorrências de
se trata?” (2001). enchente pela matemática e assim por diante.

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EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS Thiago Assunção

O Paraná e a Educação em Direitos Humanos o caso do Paraná não é diferente6. A partir de 2011, no entanto, nota-se
uma atuação da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, no
No Estado do Paraná, há, do mesmo modo, uma intensa movimentação
sentido de promover uma profunda mudança e reestruturação do sistema
para a implantação de ações voltadas à Educação em Direitos Humanos.
penitenciário do Estado.
Já em 2007, foi criado o FOPEDH - Fórum Permanente de Educação em
Direitos Humanos do Paraná, uma articulação que busca fomentar o Além de medidas específicas no âmbito da execução penal, como a
debate, a formação e a elaboração de propostas relacionadas à educação construção de novas penitenciárias e a transferência de presos provisórios
em Direitos Humanos, enfatizando o seu papel no fortalecimento do das delegacias para lugares apropriados, o Plano Diretor do Sistema Penal
Estado Democrático de Direito e na construção de uma sociedade mais do Estado do Paraná (2011-2014) prevê um “Programa de Educação em
justa e democrática. O Fórum é composto por entidades, órgãos públicos, Direitos Humanos”, visando instaurar uma cultura de paz nos espaços
movimentos sociais, pesquisadores e estudantes, sendo aberto à prisionais. Esta nova cultura surgiria, principalmente, para transformar
sociedade como um todo (MINISTÉRIO PÚBLICO DO PARANÁ, 2011). as penitenciárias em escolas de capacitação profissional, garantindo que
100% dos presos possam trabalhar e/ou estudar.
Mas, foi principalmente a partir de 2011 que a temática começou a
avançar no Estado. Primeiramente, a Secretaria da Justiça e Cidadania A mesma preocupação é evidenciada ainda pelo Plano para o
teve seu nome alterado para Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania Desenvolvimento Integrado – PDI-Cidadania, que prevê a oferta de
e Direitos Humanos. A partir daí, a pasta começou a promover diversas educação pública para a alfabetização, ensino básico e superior aos
ações e estabelecer projetos para o respeito e garantia dos direitos da apenados; a realização de cursos, eventos e palestras relacionadas aos
pessoa humana por parte do poder público. A Escola Penitenciária do Direitos Humanos, destinados aos servidores do Departamento de
Paraná (ESPEN) foi transformada em Escola de Educação em Direitos Execução Penal; a melhoria do atendimento à saúde nas unidades penais
Humanos (ESEDH), passando a formar os servidores do sistema penal já no e, ainda, projetos de capacitação profissional em parceria com outras
paradigma contemporâneo da defesa irrestrita dos direitos fundamentais. instituições públicas e privadas, os quais permitem que o preso passe a
ter oportunidades efetivas de ressocialização.
Foi criado, em 2012, o Departamento de Direitos Humanos e Cidadania
(DEDIHC), que desempenha inúmeras ações de proteção e defesa dos Este tipo de ação deve ser de fato louvada, pois além de caminhar ao
Direitos Humanos e promoção da cidadania. O DEDIHC se coloca como encontro do que exigem os tratados internacionais, assinados e ratificados
um órgão há muito necessário na estrutura do Estado e vem atuando pelo Brasil, bem como o que manda a Constituição Federal e a Lei de
de forma cada vez mais efetiva e integrada para lidar com questões de Execuções Penais, trata-se de “remédio” efetivo para a urgente mudança
Direitos Humanos no Paraná. de mentalidade, necessária em relação aos próprios objetivos da pena
privativa de liberdade no Brasil7.
Este órgão público deve ser, portanto, cada vez mais divulgado e
conhecido pela população, que nele encontra mecanismos de controle de ser inegável que estes fatos, infelizmente, ainda ocorram (vide sentença da Corte Interamericana de Direitos
Humanos que condenou o Brasil por violações do Pacto de San José da Costa Rica, no presídio Urso Branco, em
social e espaços para participar ativamente, como por exemplo, os Rondônia). Mas, toda a estrutura carcerária brasileira é alvo de críticas por parte de organizações e especialistas
nacionais e estrangeiros, que denunciam a superlotação, o tratamento muitas vezes desumano, degradante e cruel,
Conselhos de Direitos, em que são debatidas e construídas, de forma a insalubridade nos locais de encarceramento, a alimentação totalmente inadequada e o atendimento precário à
paritária, as políticas públicas setoriais. Por outro lado, um espaço como saúde, a corrupção e falta de controle que permite que grupos criminosos comandem atividades criminosas de
dentro dos presídios. Essas e outras sérias questões assolam inclusive o servidor público, principalmente o agente
este não pode deixar de ser, na medida do possível, ampliado e fortalecido, penitenciário que se vê obrigado a trabalhar em condições difíceis, tendo que suportar todo o stress e pressão
para que possa atender de modo adequado à demanda crescente por decorrente desta situação.
6 Os relatórios preparados periodicamente pela Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da OAB/PR, que visita
cidadania, participação popular e efetivação dos Direitos Humanos no os estabelecimentos prisionais de todo o Estado, dão conta da situação caótica em que se encontram algumas
Estado. unidades. Mas, o relatório não apenas critica como também contribui, relatando casos de “boas práticas”. Ou seja,
reconhecendo as unidades exemplares e divulgando a sua experiência para que as alternativas que funcionam
nestes locais sejam conhecidas e replicadas em outros.
7 Neste ponto, poderíamos evocar estudos criminológicos mais críticos, que colocam em cheque toda a pretensão
Desafios preventiva e eficácia punitiva da pena privativa de liberdade, o que, no entanto, fugiria do escopo deste trabalho.
Fato é que no Brasil, hoje, o índice de reincidência no crime é altíssimo; e isso se dá em grande medida pelas
Como se sabe, não é de hoje que sistemáticas violações dos Direitos condições da cadeia, que ao invés de ressocializar e oferecer oportunidades de arrependimento e recomeço ao
indivíduo, serve de verdadeira “escola do crime”, já que mistura criminosos perigosos com quem cometeu crimes
Humanos no Brasil acontecem no âmbito do seu sistema penitenciário5. E de menor potencial ofensivo e, por vezes, permite que seres humanos sejam tratados pior do que animais. A
psicologia demonstra que quem deste modo for tratado, não aprenderá outra coisa senão a fazer o mesmo com os
5 Não entendemos com isso, apenas violações perpetradas por agentes públicos em face dos apenados, apesar demais. Mesmo assim, em conversas com o cidadão comum, nota-se uma visão totalmente diferente, distorcida e
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EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS Thiago Assunção

Por último, é de se notar a criação, também pela Secretaria de Justiça, REFERêNCIAS


Cidadania e Direitos Humanos do Paraná, dos Comitês de Educação em ASSEMBLEIA GERAL DA ONU, Declaração das Nações Unidas sobre Formação e Educação
Direitos Humanos8, com caráter interdisciplinar e descentralizados em em Direitos Humanos. Resolução 66/137. 16 fev. 2012. Disponível em: <http://www.
diversas regiões do Estado, que buscam agregar esforços de agentes un.org/Docs/asp/ws.asp?m=A/RES/66/137> Acesso em 25 jan. 2013.
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entre outros servidores atuantes no sistema penal do Estado, além de Internacional (USP), v. 6, p. 43-50, 2001.
setores da sociedade civil organizada, como OAB, Conselhos Tutelares, BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 2004.
Associações de Moradores, para uma efetiva ressocialização dos presos BRASIL, Lei nº 8.663, de 14 de junho de 1993.Diário Oficial da União. Brasília, DF, 15 jun.
e a promoção de uma cultura de paz e não-violência em torno desta 1993. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/1989_1994/L8663.
comunidade. Trata-se de uma aposta promissora, pois é justamente o que htm>. Acesso em: 25 jan. 2013.
quer a Educação em Direitos Humanos, ou seja, a prevenção de conflitos, BRASIL. Decreto-Lei Nº 869, de 12 de setembro de 1969. Diário Oficial da União. Brasília, DF,
de modo a trabalhar com o indivíduo em nível de mentalidade, para que 15 set. 1969. Disponível em:<http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaTextoIntegral.
ele reflita e se avalie antes de agir, tomando consciência do impacto e actionid=178916&norma=195811>. Acesso em: 25 jan. 2013.
consequências dos seus atos, para si mesmo e em relação ao seu entorno. COMITÊ NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS. Conteúdos Referenciais para
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Frente a existência de um variado arcabouço legal e dada a necessidade COMITÊ NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS. Plano Nacional de Educação
em Direitos Humanos. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Ministério da
premente de uma educação transformadora, que ajude o indivíduo a Educação, Ministério da Justiça, UNESCO, 2007. Disponível em: < http://portal.mj.gov.br/
perceber o seu papel no mundo, faz-se necessário que os diversos órgãos sedh/edh/pnedhpor.pdf> Acesso em 25 jan. 2013.
e instituições responsáveis, direta ou indiretamente, pela Educação em
COMPARATO, Fábio Konder. AAfirmação Históricados Direitos Humanos. São Paulo: Editora
Direitos Humanos, se integrem, e que as diferentes iniciativas existentes Saraiva, 2011.
em âmbito federal, estadual e municipal se articulem, buscando uma
DALLARI, Dalmo de A.Direitos humanos e cidadania. São Paulo: Moderna, 1998.
maior efetividade na aplicação das políticas públicas de Direitos Humanos,
na educação formal e não-formal, em todas as etapas de ensino. GOMES, Maria Tereza Uille. Discurso da abertura da “II Conferência Estadual de Políticas
Públicas e Direitos Humanos para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – LGBT
Assim, é de interesse vital para sociedade investir na Educação em do Paraná”. 06 out. 2011. Curitiba: Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos
Direitos Humanos não como a única, mas como uma importantíssima Humanos, 2011.
ferramenta para se perseguir o bem comum, através do desenvolvimento BRASIL. Presidente (2003-: Lula). Mensagem ao Congresso Nacional. Brasília, DF:
sustentável e socialmente responsável, de uma sociedade pluralista e Presidência da República, 2004. x, 249 p. (Documentos da Presidência da República).
democrática, e da busca de uma maior qualidade de vida para todos. ONU, CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE DIREITOS HUMANOS.Vienna Declaration and
Programme of Action. 25 jun. 1993.Disponível em: <http://www2.ohchr.org/english/law/
vienna.htm> Acesso em 25 jan. 2013.

inculcada pelos meios de comunicação, em que a regra é um suposto clamor emotivo por “justiça”, mas que mais
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa. São
se aproxima, muitas vezes, de um desejo irrefletido de vingança. Daí mais uma vez, a necessidade de se educar a Paulo: Paz e Terra, 2003.
população para que ela perceba que o respeito aos direitos humanos é para todos, inclusive o detento que perdeu
sua liberdade temporariamente, como punição pelo cometimento de um crime, mas que nem por isso deixou de GORCZEVSKI, Clovis; TAUCHEN, Gionara. Educação em Direitos Humanos: para uma cultura
ser um ser humano. Aliás, sim, os direitos humanos existem também para proteger as vítimas, que se socorrem da paz. Educação, Porto Alegre, v. 31, n. 1, p. 66-74, jan./abr. 2008.
do Estado para buscar justiça, a qual se materializa justamente por meio do processo penal, pelo julgamento e
eventual condenação dos culpados. Que o aparato de investigação policial e o sistema judicial precisam ser mais MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Resolução n° 1/2012 do Conselho Nacional de Educação.
céleres e eficientes, o que estamos de acordo, já é outra história. Por último, imperioso se faz reconhecer, para
evitar mal-entendidos, que os direitos humanos se aplicam integralmente também aos funcionários do sistema Diário Oficial da União, Brasília, 31 mai. 2012. Disponível em: < http://portal.mj.gov.br/
penal, que muitas vezes tem seus direitos violados, seja pelos próprios presos, seja pelas condições de trabalho que sedh/edh/pnedhpor.pdf> Acesso em 25 jan. 2013.
frequentemente estão muito longe do ideal.
8 Fundamentados no Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (2007) e no Plano Diretor do Sistema MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ. FOPEDH - Fórum Permanente de Educação
Penal do Estado do Paraná (2011-2014). Maiores informações sobre os Comitês de Educação em Direitos Humanos
do Paraná, disponíveis em <http://www.comiteedheculturadapazpr.pro.br>

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EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS

em Direitos Humanos. 2011. Disponível em: <http://www.direito.caop.mp.pr.gov.br/


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