Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
HUMANOS E FUNDAMENTAIS
PEMBROKE COLLINS
EDITORIAL BOARD
DIREITOS HUMANOS
JURIDICIDADE E EFETIVIDADE
OLHARES JURÍDICOS SOBRE
DIREITOS HUMANOS E
FUNDAMENTAIS
PEMBROKE COLLINS
1191 E Newport Center Dr #103 - Deerfield Beach
FL 33442 - United States
info@pembrokecollins.com
www.pembrokecollins.com
No part of this book can be used or reproduced by any means without this Publisher's written permis-
sion.
FINANCING
This book was financed by the International Council for Higher Studies in Law (CAED-Jus), by the
International Council for Higher Studies in Education (CAEduca) and by Pembroke Collins.
All books are submitted to the peer view process in double blind format by the Publisher and, in the case
Collection, also by the Editors.
O45
540 p.
ISBN 979-8-88670-056-5
CDD 323
11
Gunter Frankenberg (Johann Wolfgang Goethe-Universität -
Frankfurt am Main, Alemanha)
João Mendes (Universidade de Coimbra, Portugal)
Jose Buzanello (Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro, Brasil)
Klever Filpo (Universidade Católica de Petrópolis, Brasil)
Luciana Souza (Faculdade Milton Campos, Brasil)
Marcello Mello (Universidade Federal Fluminense, Brasil)
Maria do Carmo (Universidade Federal do Sul da Bahia, Brasil)
Rebouças dos Santos
Nikolas Rose (King’s College London, Reino Unido)
Oton Vasconcelos (Universidade de Pernambuco, Brasil)
Paula Arévalo Mutiz (Fundación Universitária Los Libertadores,
Colômbia)
Pedro Ivo Sousa (Universidade Federal do Espírito Santo,
Brasil)
Santiago Polop (Universidad Nacional de Río Cuarto,
Argentina)
Siddharta Legale (Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Brasil)
Saul Tourinho Leal (Instituto Brasiliense de Direito Público,
Brasil)
Sergio Salles (Universidade Católica de Petrópolis, Brasil)
Susanna Pozzolo (Università degli Studi di Brescia, Itália)
Thiago Pereira (Centro Universitário Lassale, Brasil)
Tiago Gagliano (Pontifícia Universidade Católica do Paraná,
Brasil)
Walkyria Chagas da (Universidade de Brasília, Brasil)
Silva Santos
12
APRESENTAÇÃO - SOBRE O CAED-Jus
13
O L H A R E S J U R Í D I C O S S O B R E D I R E I TO S H U M A N O S E F U N D A M E N TA I S
14
A (DES)PENALIZAÇÃO DA LOUCURA
ENQUANTO UM INSTRUMENTO DE
PERPETUAÇÃO DO PATRIARCADO E
DE VIOLÊNCIAS DE GÊNERO
Beatriz Lago Rosier64
INTRODUÇÃO
curso em 2022.2.
255
O L H A R E S J U R Í D I C O S S O B R E D I R E I TO S H U M A N O S E F U N D A M E N TA I S
256
ARTHUR BEZERRA DE SOUZA JUNIOR, DENISE MERCEDES N. N. L. SALLES,
SÉRGIO DE SOUZA SALLES, TELSON PIRES (ORGS.)
cura passou a ser codificada como uma patologia pelos psiquiatras, para,
em nome do saber médico, garantir esse sistema de proteção social. Isso
posto, sob a justificativa de serem loucas e delinquentes, o Estado serve
às classes dominantes e isola as pessoas “desviantes” — em sua maioria
mulheres, negros e pobres — em lugares longe dos olhos da sociedade
“normal”, reafirmando, mais uma vez, o uso do conceito de loucura
como modelo de controle estatal, objetivando uma higienização social
(FARIAS, 2017, p. 103).
Assim, partindo de um referencial machista e controlador, as mu-
lheres com condutas desviantes do modelo patriarcal são caracterizadas
como histéricas e aprisionadas pela loucura (FARIAS, 2017, p. 101). Em
termos históricos, a criminalização do feminino insurgente esteve pre-
sente desde o movimento da caça às bruxas, haja vista o atual reconheci-
mento de que estas, em verdade, eram assassinadas por se atreverem a ser
corajosas, não conformistas e sexualmente livres (MORGAN, 1970, p.
100). As bruxas, então, sempre eram descritas como loucas, alucinadas e
sexualmente pervertidas (FEDERICI, 2017, p. 290).
Ao se pensar em uma perspectiva republicana e a latente necessidade
de consolidação de uma nação moderna, o papel da mulher delineado e
esperado pelos ideais burgueses é a boa mãe, responsável por sua prole,
boa esposa e dona de casa, e qualquer desobediência ou manifestação
de desejos significa estar louca (MACHADO; CALEIRO, 2008, p. 4).
Ainda nessa linha de pensamento, Margareth Rago (2002, p. 186–187)
pontua que as tarefas de reprodução continuaram sendo impostas às mu-
lheres e as que se recusavam deveriam ser percebidas como desviantes.
No que tange à pessoa desviante, Howard Becker (2008, p. 15)
pontua ainda que a existência da outsider pressupõe a imposição de regras
sociais — o desvio, então, pode ser entendido como o produto de uma
transação entre um grupo social e uma pessoa que é vista por esse grupo
como infrator da regra.
Na visão disposta acima, um ato será mais ou menos considerado
desviante a depender de quem o comete e de quem se sente prejudicado
por ele (BECKER, 2008, p. 15). Sob tal perspectiva, então, pode-se jus-
tificar o porquê de algumas condutas, ao serem praticadas por mulheres,
possuírem consequências totalmente diferentes caso fossem os homens
257
O L H A R E S J U R Í D I C O S S O B R E D I R E I TO S H U M A N O S E F U N D A M E N TA I S
258
ARTHUR BEZERRA DE SOUZA JUNIOR, DENISE MERCEDES N. N. L. SALLES,
SÉRGIO DE SOUZA SALLES, TELSON PIRES (ORGS.)
259
O L H A R E S J U R Í D I C O S S O B R E D I R E I TO S H U M A N O S E F U N D A M E N TA I S
260
ARTHUR BEZERRA DE SOUZA JUNIOR, DENISE MERCEDES N. N. L. SALLES,
SÉRGIO DE SOUZA SALLES, TELSON PIRES (ORGS.)
261
O L H A R E S J U R Í D I C O S S O B R E D I R E I TO S H U M A N O S E F U N D A M E N TA I S
262
ARTHUR BEZERRA DE SOUZA JUNIOR, DENISE MERCEDES N. N. L. SALLES,
SÉRGIO DE SOUZA SALLES, TELSON PIRES (ORGS.)
263
O L H A R E S J U R Í D I C O S S O B R E D I R E I TO S H U M A N O S E F U N D A M E N TA I S
264
ARTHUR BEZERRA DE SOUZA JUNIOR, DENISE MERCEDES N. N. L. SALLES,
SÉRGIO DE SOUZA SALLES, TELSON PIRES (ORGS.)
265
O L H A R E S J U R Í D I C O S S O B R E D I R E I TO S H U M A N O S E F U N D A M E N TA I S
266
ARTHUR BEZERRA DE SOUZA JUNIOR, DENISE MERCEDES N. N. L. SALLES,
SÉRGIO DE SOUZA SALLES, TELSON PIRES (ORGS.)
LIFICADO (ART. 121, § 2.º, INC. V, C.C. ART. 14, INC. II,
CP). DECISÃO QUE INDEFERIU INSTAURAÇÃO DE
INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL. APELAÇÃO
CRIMINAL INTERPOSTA PELA DEFESA. (....). PLEI-
TO DE INSTAURAÇÃO DE INCIDENTE DE INSANI-
DADE. INVIABILIDADE. INEXISTÊNCIA DE DÚVIDA
PLAUSÍVEL ACERCA DA HIGIDEZ MENTAL DO ACU-
SADO NO MOMENTO DOS CRIMES OU SUPERVE-
NIÊNCIA DE DOENÇA MENTAL APTA A JUSTIFICAR
A INSTAURAÇÃO DO PRETENDIDO INCIDENTE.
HIPÓTESE LEGAL DO ART. 149 DO CPP NÃO CON-
FIGURADA. RECURSO DESPROVIDO. (TJ-PR - APL:
00163663520208160021 Cascavel 0016366-35.2020.8.16.0021
(Acórdão), Relator: Miguel Kfouri Neto, Data de Julgamen-
to: 19/09/2020, 1ª Câmara Criminal, Data de Publicação:
22/09/2020)
Portanto, nota-se que o ser louco ou não está mais associado aos
efeitos políticos que se quer imprimir sobre o agente do que propria-
mente a uma condição inerente ao ser. A loucura afirma-se enquanto
um conceito construído no tempo e no espaço e poderá produzir efeitos
positivos ou negativos, em termos de penalização, variando convenien-
temente conforme o sujeito tido como louco ou louca.
CONCLUSÃO
267
O L H A R E S J U R Í D I C O S S O B R E D I R E I TO S H U M A N O S E F U N D A M E N TA I S
REFERÊNCIAS
268
ARTHUR BEZERRA DE SOUZA JUNIOR, DENISE MERCEDES N. N. L. SALLES,
SÉRGIO DE SOUZA SALLES, TELSON PIRES (ORGS.)
269
O L H A R E S J U R Í D I C O S S O B R E D I R E I TO S H U M A N O S E F U N D A M E N TA I S
271
O L H A R E S J U R Í D I C O S S O B R E D I R E I TO S H U M A N O S E F U N D A M E N TA I S
272
ARTHUR BEZERRA DE SOUZA JUNIOR, DENISE MERCEDES N. N. L. SALLES,
SÉRGIO DE SOUZA SALLES, TELSON PIRES (ORGS.)
273