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Santo Ângelo – Brasil
2023
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CATALOGAÇÃO NA FONTE
D598 Direito, estado e sociedade [recurso eletrônico] : os séculos XX
e XXI em perspectiva / organizadores: José Adélcio da Silva
Júnior, Júnio Matheus da Silva Cruz, Vitória Dreide Xavier
Araújo Silva. - Santo Ângelo : Metrics, 2023.
259 p.
ISBN 978-65-5397-105-9
DOI 10.46550/978-65-5397-105-9
1. Direito. 2. Ciências sociais. I. Silva Júnior, José Adélcio
da (org.). II. Cruz, Júnio Matheus da Silva (org.). III.
Silva, Vitória Dreide Xavier Araújo (org.).
CDU: 34
Responsável pela catalogação: Fernanda Ribeiro Paz - CRB 10/ 1720
E-mail: editora.metrics@gmail.com
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Dra. Vanessa Rocha Ferreira CESUPA, Belém, PA, Brasil
Dr. Vantoir Roberto Brancher IFFAR, Santa Maria, RS, Brasil
Dra. Waldimeiry Corrêa da Silva ULOYOLA, Sevilha, Espanha
APRESENTAÇÃO���������������������������������������������������������������������������������������� 13
Vitória Dreide Xavier Araújo Silva
Júnio Matheus da Silva Cruz
Cinismo, as autoras demonstram que não houve cuidado nem com a Saúde
e nem com a Economia, tendo essa discussão provocada por Jair Bolsonaro
como mera ferramenta de retórica de maneira cínica e desonesta.
O décimo quinto capítulo, Notas sobre a ação dos invasores da sede
dos três poderes em Brasília: atos ingênuos de “buchas de canhão” sem um
objetivo definido, ou um “balão de ensaio” para atos futuros?, de João N.
Figueiredo, é um trabalho eloquente que analisa os atos ocorridos em 08
de janeiro de 2023 onde manifestantes bolsonarista tentaram tomar a
capital federal e derrubar o recém-empossado Governo Lula. No artigo,
João Figueiredo estuda a reação de membros de grupos de mensagens –
em grande maioria policiais reformados assim como o autor – sobre os
atos ocorridos com uma ótima coleta de dados pelo mesmo e análise dos
conteúdos ali postados.
O décimo sexto capítulo, Responsabilização civil das Fake News no
contexto eleitoral, de Roberta Azevedo Dias, Isabella Lacerda Caires, Anne
Vitória Leal Silva e José Adélcio da Silva Júnior, tem o intuito de avaliar a
responsabilidade civil pela divulgação de Fake News no contexto eleitoral,
uma vez que tal matéria ganha visibilidade no contexto hodierno. Nessa
perspectiva, é imprescindível a discussão a fim de desmistificar essa crise
epistemológica. Assim sendo, ao ponderar o conceito de Fake News face
ao cenário hodierno, os autores aferem os limites às liberdades de expressão
e de imprensa e delimitam a responsabilização cível no âmbito eleitoral.
Assim, o conjunto de textos aqui reunidos demonstram o quão
importante é refletirmos sobre as interações complexas entre o Direito,
o Estado e a sociedade ao longo dos séculos XX e XXI. Dentre esses
séculos, presenciamos transformações sociais, políticas e tecnológicas que
moldaram profundamente nossas estruturas jurídicas e institucionais.
Assim, este livro busca desvendar as nuances dessas relações,
explorando temas como a evolução das políticas públicas, os desafios da
globalização e o papel do Estado na era digital. Por meio da análise criteriosa
de eventos históricos e tendências contemporâneas, esperamos estimular
um diálogo frutífero e crítico sobre o futuro do Direito e a construção de
sociedades mais justas e igualitárias.
Capítulo 1
DOI: 10.46550/978-65-5397-105-9.23-35
Introdução
Progressos e críticas
Resultados favoráveis
Aspectos críticos
5 Por todos, mencione-se o ataque sofrido pelo STF em 2021, que chegou a retirar de
funcionamento o sítio eletrônico do Tribunal, com a paralisação de inúmeros processos
(SUPREMO TIBUNAL FEDERAL, 2021).
32 Direito, Estado e Sociedade: os Séculos XX e XXI em Perspectiva
Considerações finais
Referências
DOI: 10.46550/978-65-5397-105-9.37-57
Introdução
1 Mestre em Administração, Docente do IFMG – Campus Ribeirão das Neves. E-mail: marcio.
portes@ifmg.edu.br
2 Pós-Graduando em Gestão Pública e Desenvolvimento Regional, Estagiário da Sala Mineira do
Empreendedor. E-mail: nascimentogabriel835@gmail.com
3 Mestrando em Desenvolvimento Social pelo PPGDS/Unimontes. E-mail: juniomatheus10@
gmail.com
38 Direito, Estado e Sociedade: os Séculos XX e XXI em Perspectiva
Fundamentação teórica
O pequeno negócio
Metodologia
Análises e discussões
A Empresa: “Mercearia”
As ações executadas
Considerações finais
Referências
DOI: 10.46550/978-65-5397-105-9.59-67
Introdução
Considerações finais
Referências
DOI: 10.46550/978-65-5397-105-9.69-78
Introdução
1 Possui graduação em Direito, especialista em Direito Público com ênfase em Direito Tributário
pela UNP, Mestre em Gestão do Trabalho pela USU/RJ - Universidade Santa Úrsula, é
professor efetivo no Departamento de Direito Privado da Universidade Estadual de Montes
Claros (UNIMONTES); ex-gestor governamental da Advocacia Geral do Estado de Minas
Gerais; Membro do Conselho Avaliador da Revista Eletrônica OAB Montes Claros.
2 Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social da Universidade
Estadual de Montes Claros (PPGDS/UNIMONTES). Graduada em Direito pelo Universidade
Estadual de Montes Claros (UNIMONTES). Extensionista no Projeto de Extensão
“INSERTO” -Núcleo pela Diversidade Sexual e de Gênero/Unimontes. Membro da Comissão
de Direito Civil da 11ª subseção da OAB/MG. E-mail: dreidevitoria@gmail.com.
3 Graduando em Direito pela Universidade Estadual de Montes Claros -Unimontes. E-mail:
danielfelipe5253@gmail.com
70 Direito, Estado e Sociedade: os Séculos XX e XXI em Perspectiva
Considerações finais
Referências
DOI: 10.46550/978-65-5397-105-9.79-89
Introdução
3 O BPC trata de uma prestação social exclusivamente pecuniária, sendo seu repasse efetuado
diretamente à pessoa beneficiária. Esse mínimo social não é caracterizado como política de
transferência monetária condicionada, ou seja, não exige contrapartida das pessoas beneficiárias.
Ele apresenta-se como um direito social baseado em avaliação de recursos.
82 Direito, Estado e Sociedade: os Séculos XX e XXI em Perspectiva
Considerações finais
Referências
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Direito, Estado e Sociedade: os Séculos XX e XXI em Perspectiva 89
CRIANÇAS E ADOLESCENTES:
REINTEGRAÇÃO FAMILIAR E A (DES)
PROTEÇÃO DO ESTADO
DOI: 10.46550/978-65-5397-105-9.91-103
Introdução
O atual trabalho tem como objetivo principal associar estudos
de Hannah Arendt no que se refere aos direitos humanos, em
concomitância com outros autores que discutem sobre a temática, com o
objetivo de buscar questionar as decisões judiciais por meio da perspectiva
de reintegração familiar frente a problemática enfrentada por crianças e
adolescentes institucionalizados devido as violações de direitos sofridas.
No que diz respeito aos direitos humanos, tem-se a Declaração
Universal dos Direitos Humanos promulgada em 1948, como a principal
referência na análise e na defesa dos Direitos e Garantias Universais. Neste
documento são citados artigos que instituem os direitos fundamentais do
ser humano, e cabe aqui ressaltar alguns, como o direito à vida, a liberdade,
e a segurança pessoal, a proteção e assistência especial social destinados
a maternidade e a infância. Diante das determinações instituídas na
magnitude deste documento e posteriormente a implantação de outras
legislações como a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
(CFRB/1988) e o Estatuto da Criança e do Adolescente e as ocorrências
de violências contra crianças e adolescentes no Brasil, apesar de se
caracterizarem como avanços quanto às implementações, a realidade é que
na sociedade, se encontra um paradoxo e com isso enxerga-se a desproteção
do Estado frente a este público.
A partir da prática profissional através do trabalho desempenhado
em políticas públicas, é possível perceber como são desempenhadas ações
do poder judiciário frente as crianças e adolescentes com seus direitos
e privado
2 A terminologia aplicada ao apátrida deteriorou-se. A expressão povos sem Estado pelo menos
reconhecia o fato de que essas pessoas haviam perdido a proteção do seu governo e tinham
necessidade de acordos internacionais que salvaguardassem a sua condição legal. A expressão
displaced persons [pessoas deslocadas] foi inventada durante a guerra com a finalidade única de
liquidar o problema dos apátridas de uma vez por todas, por meio do simplório expediente de
ignorar a sua existência. ARENDT.1989, p.313)
Direito, Estado e Sociedade: os Séculos XX e XXI em Perspectiva 95
Por isso,
A igualdade de condições, embora constitua o requisito básico da
justiça, é uma das mais incertas especulações da humanidade moderna.
Quanto mais tendem as condições para a igualdade, mais difícil
se torna explicar as diferenças que realmente existe entre as pessoas;
assim, fugindo da aceitação racional dessa tendência, os indivíduos que
se julgam de fato iguais entre si formam grupos que se tornam mais
fechados com relação aos outros, e, com isto, diferentes. [...]Sempre
que a igualdade se torna um fato social, sem nenhum padrão de sua
mensuração ou análise explicativa, há pouquíssima chance de que se
torne princípio regulador de organização política, na qual pessoas têm
direitos iguais, mesmo que difiram entre si em outros aspectos; há
muitas chances, porém de ela ser aceita como qualidade inata de todo
individuo, que é “normal” se for como todos os outros e “anormal” se
for diferente. Essa alteração do sentido da igualdade que do conceito
político passou ao conceito social, é ainda mais perigosa quando uma
sociedade deixa pouca margem de atuação para grupos e indivíduos
especiais, pois então suas diferenças com relação a maioria se tornam
ainda mais conspícuas. (ARENDT,1989 p.76).
Com base nas palavras de Montolli(2010) e Arendt(1989)
respectivamente, observa-se portanto, que a noção de humanidade e
direitos humanos, concomitantemente, vem ao longo do tempo sendo
interpretada e aplicada de modo equivocado, de modo superficial e
não de forma profunda em sua essência, de modo solidário, pautado
na coletividade, no cunho social, onde as pessoas possam se reconhecer
como pertencentes de uma comunidade, bem como sujeitos contribuintes
para a construção desta, possibilitando, assim, a garantia dos direitos.
Infelizmente na realidade desta conjuntura estão presentes a exclusão
social, a discriminação, a desigualdade e a violação de direitos como um
todo.
Dentro desta temática direitos humanos, torna-se importante
discutir sobre o público criança e adolescente, devido as diversas violações
das quais são vítimas.
mencionado acima.
No tocante a aplicação das medidas com base no aparato jurídico,
a partir da perspectiva da proteção integral, é imprescindível que todos
os equipamentos e instituições pertencentes ao Sistema de Garantia de
Direitos estejam voltados a real proteção as crianças e adolescentes, a fim
de que não aconteça a dicotomia proteção versus desproteção, com base
nisso, conforme alguns estudos
[...] com o intuito de obter uma avaliação positiva dos órgãos
competentes (Ministério Público e Juizado da Infância e da Juventude)
muitas instituições podem promover a reinserção de crianças e
adolescentes em famílias que ainda não alcançaram as condições
necessárias para reassumir a responsabilidade pelos filhos e portanto,
ainda não se encontram em condições de exercer a parentalidade de
forma protetiva. Assim, na tentativa de superar as institucionalizações
prolongadas, decorrentes das legislações anteriores, [...]a instituição
pode adotar um desligamento precipitado, não considerando as
peculiaridades de cada caso no processo de reinserção (ROCHA,2015,
p. 97).
Neste aspecto, torna-se fundamental a compreensão da conjuntura
a qual tais sujeitos vão estar inseridos caso ocorra a reintegração familiar,
uma vez que se o ambiente não estiver adequado para o retorno destas
crianças e adolescentes, os mesmos podem ser ainda mais afetados e
consequentemente retornar às instituições de acolhimento. Assim,
a medida de afastamento do agressor, na maior parte dos casos, garante
maior proteção à criança e adolescente (Habigzang et al., 2006). O
afastamento do agressor evita que a criança e/ou adolescente fiquem
privados do convívio com os irmãos, se porventura existentes, e
com o responsável não agressor. Além disso, especialmente no caso
da violência sexual, a retirada da criança e/ou do adolescente do
ambiente familiar pode ser compreendida por estes como um castigo,
reforçando a crença de que foram eles os responsáveis pelo ocorrido
(DE ANTONI; KOLLER, 2002; HABIGZANG; CAMINHA, 2004
apud CRUZ, 2013, p. 92).
Mediante a autora citada, se entende que o afastamento do/da
agressor(a) é uma medida de suma importância e de caráter protetivo.
No entanto, quando acontece a retirada da convivência familiar
e/ou comunitária e posterior institucionalização, existem algumas
intervenções dentro do plano de trabalho com este público que devem
ser adotadas com cuidado. Um exemplo é a proposta de reintegração
familiar, defendida por muitos profissionais a partir do argumento de que
o período extenso de acolhimento pode acarretar muitas frustrações e até
Direito, Estado e Sociedade: os Séculos XX e XXI em Perspectiva 99
mesmo traumas. Neste aspecto não cabe aqui negar sobre as possiblidades
de acontecerem, mas sim refletir que o fato daquela criança ou adolescente
voltar para o núcleo familiar pode propiciar mais violações; considerando
que os mesmos em muitos casos tiveram seus direitos violados praticados
por seus responsáveis legais.
Com base na lógica acima, Ramidoff (2007,p.271) vem expor em
seu trabalho que, através de dados obtidos por meio da Secretaria Especial
de Direitos Humanos, no que se refere a pesquisa relacionada a violência
intrafamiliar, foi identificado que é no âmbito domiciliar que as crianças
e adolescentes se tornam vítimas de violações de direitos, mostrando
também que em denúncias em doze estados do Brasil recebidas nos
Conselhos Tutelares, mães e pais são os principais violadores, dos quais
nestes casos 26,2% são mães e 23,9% são pais respectivamente. A esse
quantitativo, somam mais de 50% das 360,5 mil denúncias atendidas nos
equipamentos de janeiro de 1999 a abril do ano de 2005. Em 2021 foi
divulgado através da UNICEF, que o número de mortes de crianças de
até 4 anos acometidas por violência, teve um aumento considerável, sendo
que em 2016 foram identificados 112 casos, já em 2020 ocorreram 142.
Outros aspectos relevantes são que as crianças de até 9 anos, 56% eram
negras e 33% meninas; 40% das mortes aconteceram em suas residências
e 46% dos óbitos foram através da utilização de arma de fogo, 28% por
meio de armas brancas ou violência física. Assim, mediante dos dados
acima, nota-se que apesar dos quinze anos passados, as estatísticas ainda
são passíveis de preocupação.
Ainda com base nas pesquisas citadas acima, no que se refere a
quantidade de crianças que sofreram violência dentro de casa, Pichon
4
(1998) em sua teoria defende que as pessoas são associadas a algo/alguém,
o que contribui o desenvolvimento do vínculo. Entretanto, dentro destas
relações existem papeis diferenciados que cada um desempenha, assim não
necessariamente o vínculo é sempre positivo.
No que se cerne à condução dos processos voltados aos crimes
relacionados aos sujeitos mencionados, encontra-se alguns impasses que
merecem ser discutidos. Segundo Cruz (2013, p.95), as medidas de proteção
iniciais, em alguns casos não são eficientes especialmente quando há a falta
de intervenções que responsabilizem os agressores na esfera criminal, dos
quais a permanência no âmbito familiar se torna uma dificuldade ao se
fazer cumprir tais medidas, além de possibilitar futuras violações.
Considerações finais
Referências
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Capítulo 7
DOI: 10.46550/978-65-5397-105-9.105-120
Introdução
Referencial teórico
Resultados alcançados
Considerações finais
Referências
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Direito, Estado e Sociedade: os Séculos XX e XXI em Perspectiva 119
DOI: 10.46550/978-65-5397-105-9.121-130
Introdução
este para lesar a parte contrária, o que será apurado em ação própria.
Sobre o tema Maria Sylvia Zanella Di Pietro (1995 p. 117-118)
manifestou-se da seguinte forma:
Normalmente se afirma que os pareceres jurídicos são de natureza
opinativa, não obrigando a autoridade administrativa a acatar as suas
conclusões; se ela discordar, poderá adotar decisão diversa, desde que
adequadamente fundamentada. No entanto, normalmente, o que
ocorre é que as autoridades, quando solicitam o parecer, decidem com
base nele, já que proferido por profissional da área jurídica, que se
presume habilitado para o exercício desse mister. Nesses casos, o parecer,
ainda que não mencionado expressamente no ato decisório, constitui
a sua própria motivação, constante do processo de licitação; ele integra
o ato administrativo, como requisito formal hoje considerado essencial
à validade do ato pela doutrina mais autorizada. [...] O mesmo se diga
com relação às manifestações dos órgãos técnicos, que servem de base à
decisão. Sabe-se que a motivação vincula a autoridade administrativa, no
sentido de que, se os motivos de fato e de direito dela constantes forem
inexistentes ou falsos, o ato será ilegal. [...] Em assunto tão delicado e
tão complexo como a licitação e o contrato [...], a responsabilidade só
pode ocorrer em casos de má-fé, dolo, culpa grave, erro grosseiro, por
parte do advogado.
Este, inclusive, foi por muito tempo o posicionamento do Supremo
Tribunal Federal (STF) sobre o tema. Ao julgar o Mandado de Segurança
24.073/DF, por decisão unânime, o STF entendeu que o parecer não é ato
administrativo, consistindo apenas na opinião emitida pelo operador do
Direito, opinião técnico-jurídica que orienta o administrador na tomada
de decisão, na prática do ato administrativo. Desta forma, o autor do
parecer não pode ser responsabilizado solidariamente com o administrador,
ressalvado, entretanto, nos casos de evidente má-fé, dolo, culpa grave ou
erro grosseiro, inescusável.
Outra parte da doutrina e da jurisprudência entende que a
responsabilidade do procurador, assessor ou consultor jurídico é solidária
quando houver irregularidades, independente de má-fé, dolo, culpa grave
ou erro grosseiro, inescusável, pois o parecer jurídico representa a própria
motivação do ato administrativo, logo, integra a decisão, o que leva à
responsabilidade solidária.
Esse é o entendimento da minoria da doutrina, capitaneada por
Marçal Justen Filho (1999). Tal posicionamento ganhou força, porém,
quando o STF modificou seu entendimento anterior (MS 24.073/DF)
para, por maioria decidir pela responsabilidade solidária dos pareceristas.
No Mandado de Segurança nº. 24.584-1/DF, o STF, por meio do
Direito, Estado e Sociedade: os Séculos XX e XXI em Perspectiva 125
Considerações finais
Referências
DOI: 10.46550/978-65-5397-105-9.131-139
Introdução
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Direito, Estado e Sociedade: os Séculos XX e XXI em Perspectiva 133
Materiais e métodos
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23 HERIS, Mehdi P.; MIDDEL, Ariane; MULLER, Brian. Impacts of form and design policies on
urban microclimate: Assessment of zoning and design guideline choices in urban redevelopment
projects. Landscape and Urban Planning, v. 202, p. 103870, 2020.
Direito, Estado e Sociedade: os Séculos XX e XXI em Perspectiva 137
Considerações finais
Referências
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Capítulo 10
DOI: 10.46550/978-65-5397-105-9.141-158
Introdução
crise dos países exportadores. Então, com o intuito de solucionar esses dois
problemas, o ex-engenheiro da NASA, Jack Niles iniciou as suas pesquisas
para analisar a possibilidade de um trabalho fora do estabelecimento que
garantisse a produtividade dos funcionários (LINERO; ROCHA, 2020).
Com base nos estudos sobre a produtividade no teletrabalho, naquele
momento, as primeiras impressões foram no sentido de que as funções
administrativas podiam ser executadas com eficácia mesmo que a
distância. As funções gerenciais, por sua vez, demandavam um pouco
mais de atenção para serem desenvolvidas em regime de teletrabalho
(LINERO; ROCHA, 2020, p. 129).
Destaque-se que naquele tempo não havia a internet e as plataformas
de hoje, mas o trabalho remoto foi implantado em razão dos avanços na
tecnologia que permitiram que a atividade laboral realizada pelo empregado
fosse à distância através do computador.
O instituto de teletrabalho foi adicionado na legislação trabalhista
em 2011 através da Lei n° 12.551/2011, que estabelecia em seu artigo 6°
que não haveria distinção entre o serviço prestado no estabelecimento e
o realizado do domicílio ou à distância, sendo observado o princípio da
igualdade. Nessa transição entre essa legislação e a Reforma trabalhista,
que irá regulamentar essa modalidade de trabalho, houve a discussão de
como seria feito o controle dos empregados, devido o afastamento físico
das partes (GARCIA, 2021). Nesse sentido:
O legislador considera que o controle do empregador pode se dar de
diversas formas, inclusive através de meios telemáticos e informatizados
de comando, sendo certo que nesses casos controle e supervisão se
equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e
diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio (ROMAR,
2018, p. 206).
Com o advento da Reforma trabalhista, através da Lei n°
13.467/2017, o teletrabalho foi incluído no capítulo II-A, nos artigos
75-A a 75-E e trouxe artigos para reger essa relação. Com base nisso, é
possível definir que o termo trabalho a distância é o gênero que tem duas
espécies: o teletrabalho e o trabalho em domicílio, conhecido como home
office (ROMAR, 2018). Diante disso a CLT que dispõe:
Art. 75-B. Considera-se teletrabalho ou trabalho remoto a prestação
de serviços fora das dependências do empregador, de maneira
preponderante ou não, com a utilização de tecnologias de informação e
de comunicação, que, por sua natureza, não se configure como trabalho
externo (BRASIL, 1943).
Para que seja caracterizada a relação de emprego, a legislação
144 Direito, Estado e Sociedade: os Séculos XX e XXI em Perspectiva
Ressalta-se que, o não controle no home office não é uma regra, mas uma
presunção, visto que sempre que possível será realizado o controle de
jornada. No entanto, apesar do home office ser intrínseco à tecnologia
e aos meios de comunicação, é fundamental a fiscalização e supervisão
atentando às garantias pessoais e fundamentais do trabalhador
(RIBEIRO; CARVALHO, 2022, p. 8).
Com o resultado da não observância da duração de trabalho, revela-
se um rompimento de uns dos princípios estabelecidos na Constituição
Federal que é o da dignidade da pessoa humana, posto que a garantia é
a proteção da integridade física, psicológica e social do trabalhador, logo,
a limitação da jornada é um direito constitucional (DELGADO; ASSIS;
ROCHA, 2020).
Deve-se observar igualmente a possibilidade de doenças
ocupacionais, que são desencadeados pela atividade laboral, principalmente
doenças ligadas à saúde mental que podem ocorrer devido ao isolamento
social do trabalhador. Nessa mesma linha, o contato reduzido com a
empresa e aos colegas de trabalho pode desencadear uma individualização
dos direitos, sensação de solidão, falta de motivação e dificuldade de
ascensão empresarial (NASCIMENTO; TORRES; NERY, 2021).
A ausência de uma rotina marcada por rituais como preparar-se
para sair, que coloca o indivíduo em “modo trabalho”, e o fechar do
computador e voltar para casa, que o coloca em “modo descanso”,
acarreta um aumento da carga de trabalho mental dos profissionais.
Fica difícil a separação do momento de descanso e de lazer. Momentos
como tomar um café, uma conversa com os colegas e a socialização
levam à descontração e à quebra da atividade, facilitando a redução do
estresse. Com o isolamento social esses momentos de descompressão
foram perdidos. O aumento da depressão, a ansiedade e o burnout
caracterizam a quarta onda da pandemia (SANTANA, 2020, p.20).
Cumpre destacar que as doenças ocupacionais são equiparadas a
acidente de trabalho (RIBEIRO; CARVALHO, 2020).
A questão da saúde mental não pode ser negligenciada, pois seus efeitos
poderão ser mais duradouros que a própria pandemia. O medo do
vírus junto com as medidas de isolamento geram medo e confusão nas
pessoas. A insegurança e a falta de um ambiente adequado para os pais
que estão trabalhando remotamente gera estresse que pode culminar
em aumento na violência contra crianças no ambiente doméstico.
(KUBIAK; LANGOSKI, 2021, p. 15).
Em razão disso é fundamental buscar a proteção do trabalhador
visto que essas situações podem atingir sua saúde física e mental, em
longo prazo. Isso porque eventuais abusos contra o teletrabalhador ficarão
Direito, Estado e Sociedade: os Séculos XX e XXI em Perspectiva 151
acimas citados, a fim de garantir que a sua crescente adesão não viole os
ditames constitucionais de proteção ao trabalho. No dia 02 de setembro
de 2022 houve a publicação da Lei 14.442/22 que trouxe a determinação
de alguns pontos que eram alvos de críticas. Observa-se que a contratação
poderá ser por tarefa ou por produção, o brasileiro que esteja no exterior
será regido pelas normas brasileiras e estagiários e aprendizes poderão
realizar o trabalho. Ademais, cumpre destacar que o artigo 75-B, § 9º
dispõe que o horário de teletrabalho deverá assegurar o repouso legal.
Considerações finais
Referências
DOI: 10.46550/978-65-5397-105-9.159-177
Introdução
4 Em relação aos dependentes, há ainda previsão no Decreto n. 3.048/1999, que possui redação
diferente da Lei 8.213/91, no sentido de garantir exclusivamente ao enteado e tutelado a
condição de dependente (BRASIL, 1999).
164 Direito, Estado e Sociedade: os Séculos XX e XXI em Perspectiva
5 A proteção integral tem como fundamento a concepção de que crianças e adolescentes são
sujeitos de direitos, frente à família, à sociedade e ao Estado. Rompe com a ideia de que sejam
simples objetos de intervenção no mundo adulto, colocando-os como titulares de direitos
comuns a toda e qualquer pessoa, bem como de direitos especiais decorrentes da condição
peculiar de pessoas em processo de desenvolvimento (CURY, GARRIDO & MARÇURA,
2002).
166 Direito, Estado e Sociedade: os Séculos XX e XXI em Perspectiva
6 CC, art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores,
cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações
judiciais (BRASIL, 2002)
Direito, Estado e Sociedade: os Séculos XX e XXI em Perspectiva 167
7 §6º. Equiparam-se a filho, para fins de recebimento da pensão por morte, exclusivamente o
enteado e o menor tutelado, desde que comprovada a dependência econômica.
Direito, Estado e Sociedade: os Séculos XX e XXI em Perspectiva 169
9 Vedação ao retrocesso social: “uma vez concretizado o direito, elenão poderia ser diminuído ou
esvaziado, consagrando aquilo que a doutrina francesa chamoude effetcliquet” (LENZA, 2020).
Direito, Estado e Sociedade: os Séculos XX e XXI em Perspectiva 171
objeto prejudicado.
Com as novas disposições inseridas pela EC n° 103/19 a controvérsia
retorna com um novo debate em torno da exclusão do menor sob guarda
da proteção previdenciária como dependente: a alteração promovida no
texto constitucional é legítima?
Impõe dizer que o art. 25, §6º da CRFB/88 está sujeito aos mesmos
paradigmas constitucionais que foram invocados pelos autores das ADIs
4.878 e 5.083 e explicitados acima: proteção integral do menor, isonomia,
proporcionalidade, vedação ao retrocesso social e equidade.
Considerações finais
Referências
DOI: 10.46550/978-65-5397-105-9.179-196
Introdução
1 Uma versão deste estudo focalizando o negacionismo irresponsável de Jair Bolsonaro durante
o enfrentamento da pandemia da Covid-19 no Brasil, foi apresentada no XI CONINTER. A
presente versão foi ampliada e revisada, apresentando outras contribuições a reflexão do tema,
desdobrado em três momentos históricos distintos.
2 Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social (PPGDS) da
Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES). E-mail: harilsonleo@gmail.com.
3 Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social (PPGDS) da
Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES). Bolsista da CAPES. E-mail:
terradecontato@gmail.com. Bolsista CAPES.
4 Desprezo à vida humana é entendido pela perspectiva decolonial como o resultado dos violentos
processos de colonização que resultaram, conforme Maldonaldo-Torres (2008, p. 66), no
horror ao mundo da morte sentido e experienciado pelos povos nativos em face das tecnologias
de morte utilizadas pelos colonizadores.
5 Wallerstein (2005, p. 32, tradução nossa) defina o sistema mundo (colonial)/moderno como
“[…] uma zona espaço-temporal que atravessa múltiplas unidades políticas e culturais, que
representa uma zona integrada de atividade e instituições que obedecem à determinadas regras
sistêmicas.”
180 Direito, Estado e Sociedade: os Séculos XX e XXI em Perspectiva
(1992, 2005, 2010). Este autor enfatiza a classificação social realizada pelos
europeus no exercício da colonialidade do poder, na qual impõe o elemento
europeu como superior, enquanto raça e espírito, para se apropriar do
corpo, do saber e do ser dos supostamente inferiorizados como raça (povos
autóctones da América, negros africanos e afrodescendentes, asiáticos,
judeus, ciganos, mulheres, homossexuais). Assim, o que se vislumbra é
demonstrar especificidades do capitalismo, ancorado na exploração e
ganância desmedida por pilhagem de riquezas.
O conceito de desprezo à vida também dimensiona a invisibilidade
e visibilidade, pois demonstra como são apresentados impactos sociais e
genocídios de grupos humanos, sob a “ação política” contraproducente.
Partindo destas distinções, este artigo ancorou-se numa bibliografia
especializada, que investigaram aspectos relacionados ao objeto
perscrutado. Além do aporte bibliográfico, a pesquisa se valeu da análise
de notícias divulgadas em sites da internet, apresentando desdobramentos
da pandemia da Covid-19 (2019-2022), no que diz respeito ao desprezo à
vida humana e suas diretrizes para conferir visibilidade e invisibilidade às
vítimas.
Além desta introdução, analisaremos na próxima seção, a
invisibilizada e genocida invasão europeia, que irrompeu sobre os povos
autóctones durante o que foi denominado pelos invasores de “conquista”
e que na leitura feita por Dussel (1993, p. 8) significou o “encobrimento”
destes povos. Na sequência, abordamos a visibilidade conferida ao
holocausto judaico, ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial. Na
terceira seção, discutimos o negacionismo irresponsável do governo Jair
Bolsonaro, ocorrido durante a pandemia da Covid-19 no Brasil. Por fim,
apresentamos as considerações finais.
doenças6.”
Não obstante, a Europa fechou os olhos ao genocídio ocorrido
durante a colonização e pilhagem das riquezas da América. A matriz
colonial de poder europeia, implantada na América a partir de 1492,
espalhou uma sequência exploratória pelo mundo, que se notabilizou
pela dispensabilidade da vida humana, bem como pelo controle do
conhecimento e da subjetividade. Quijano (2010, p. 74) ressalta que
a dominação imposta pela colonialidade do poder configurou novas
identidades classificando – “índios, negros, azeitonados, amarelos, brancos,
mestiços – e as geoculturais do colonialismo, como América, África, Extremo
Oriente, Próximo Oriente (mais tarde Ásia), Ocidente ou Europa (Europa
Ocidental, depois)”. O amplo espectro de dominação apresentado pelo
autor parte da imposição de uma lógica racional cartesiana binária, na
qual um “Eu” narcísico permeia a existência humana, inferiorizando o
outro. Desse modo, por meio de um conhecimento racista e patriarcal,
a Europa consolidou a dominação econômica, sua autoridade política e
domínio sobre os corpos, os gêneros e a sexualidade (QUIJANO, 2005;
MIGNOLO, 2008).
A negação da alteridade e a defesa intransigente dos europeus
de serem os portadores da única maneira de realizar a leitura correta
do mundo, estão no centro das causas do genocídio imposto aos povos
originários durante a colonização da América. Assim, a modernidade, em
sua cruzada emancipacionista, mostrou-se falaciosa e mitológica. O mito da
modernidade, de acordo com Dussel (1993), se reproduz, culpabilizando
a vítima inocente, enquanto inocenta o invasor colonizador, homem
prático, que posiciona dialeticamente o outro como si mesmo. Parte-se da
afirmação do eu conquisto e colonizo o outro, homem ou mulher vencidos,
numa continua caminhada para o “ego cogito” moderno. Fernando Cortes,
conforme Dussel (1993), representa uma síntese do homem capitalista
moderno, racional, prático e violento. Um pobre fidalgo que se tornou
rico e poderoso pelos resultados advindos da aplicação dos preceitos da
colonialidade/modernidade.
O desejo de riquezas e a ambição praticamente sem limites dos
colonizadores europeus e seus descendentes diretos, ou seja, aqueles que
nascidos neste continente, vão reproduzir e se beneficiar com tal sistema
de domínio, responsáveis pela matança desenfreada, do México ao Chile,
6 O contingente de vidas ceifadas, ao longo dos primeiros cinquenta anos de invasão, por
exemplo, é estimado em cerca de trinta e cinco milhões de vítimas, considerando apenas nas
áreas: asteca, maia, no Caribe e em Tawantinsuyu (inca) (QUIJANO, 1992, p. 13).
Direito, Estado e Sociedade: os Séculos XX e XXI em Perspectiva 183
que uma mentira bem contada, passe a soar como verdade e, o outro lado improvável de um
fato noticiado.
9 Dados disponíveis em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-57523633. Acessado em 28 de
ago. 2021.
190 Direito, Estado e Sociedade: os Séculos XX e XXI em Perspectiva
10 Dados atualizados, dão conta que ocorreram 33.076.779 infecções e 674.482 mortes
relacionadas ao coronavírus registradas no país desde o início da pandemia. Dados disponíveis
em: https://graphics.reuters.com/world-coronavirus-tracker-and-maps/pt/countries-and-
territories/brazil/. Acessado em: 20 de jul. 2022.
11 Dados disponíveis em: https://www.folhape.com.br/noticias/biden-afirma-que-china-esconde-
informacoes-essenciais-sobre-a-origem/195615/. Acessado em: 28 de ago. 2021.
Direito, Estado e Sociedade: os Séculos XX e XXI em Perspectiva 191
e informais pelo fim das restrições aos setores não essenciais (excetuando
saúde, alimentação, segurança, transporte). Foram muito bem-vindos o
auxílio em socorro aos necessitados e o avanço da vacinação. Todavia, não
faltaram exemplos de irresponsabilidade, desprezo e falta de compaixão
do presidente Jair Bolsonaro pela dor das famílias infectadas, tampouco
pelas vidas ceifadas que elevaram o número de óbitos a cerca de 700 mil
brasileiros. A atuação do presidente contribuiu(i) sensivelmente para a
degenerescência da atividade política, enquanto locus adequado as soluções
consensuais e conflitos. Paradoxalmente, reafirma, peremptoriamente, ser
o conflito autoritário diário seu modo operacional predileto.
Considerações finais
Referências
DOI: 10.46550/978-65-5397-105-9.197-208
Introdução
3 Ver WEBER, Max. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Brasília, DF:
Editora Universidade de Brasília: São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1999.
200 Direito, Estado e Sociedade: os Séculos XX e XXI em Perspectiva
Brasil.
Em 11 de abril de 2019, na comemoração dos 100 primeiros dias
de governo, o ex-presidente Bolsonaro assinou o Decreto n. 9.759 que em
seu preâmbulo decidiu pela extinção e estabelecimento de diretrizes, regras
e limitações para colegiados da administração pública federal (BRASIL,
2019).
De acordo matéria veiculada pela Confederação dos Trabalhadores
no Serviço Público Municipal - Confetam (2019), o Ministro da Casa
Civil, à época o senhor Onyx Lorenzoni, teria afirmado que o objetivo
da decisão seria de “diminuir de 700 para menos de 50 o número de
colegiados” que estavam previstos pela Política Nacional de Participação
Social - PNPS (CONFETAM, 2019).
Segundo a Confetam (2019) o decreto do governo Bolsonaro
afetaria diretamente colegiados como o Conselho das Cidades, o Conselho
Nacional do Meio Ambiente (Conama), o Fórum Brasileiro de Mudanças
Climáticas, o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
(Consea), o Conselho Nacional dos Povos Indígenas (CNPI), entre outros
fóruns de participação popular no governo federal.
Para Silano e Fonseca (2019) a medida foi apresentada pelo ex-
presidente enquanto um ato de “gigantesca economia, desburocratização
e redução do poder de entidades aparelhadas politicamente usando nomes
bonitos para impor suas vontades” (SILANO, FONSECA, 2019, n.p),
porém, em relação à promessa de “gigantesca economia”, a imprensa pelo
qual os dois autores citados escreveram (a ‘Pública’) procurou junto à Casa
Civil dados da prometida redução de gastos, o que não foi encontrado.
Em relação a medida de extinção e esvaziamento dos colegiados
da administração pública federal a partir do Decreto n. 9.759 de 2019 é
evidente a pronta motivação do governo em enfraquecer a participação
popular na esfera administrativa federal sob a falácia de “redução de
gastos”, além disso, essa medida fere a Política Nacional de Participação
Social - PNPS. O menosprezo e a desestruturação das organizações de
participação civil no governo, concentrando as decisões no próprio ente do
poder executivo federal é forte característica do autoritarismo que vigorou
no Brasil nos últimos anos.
Outra decisão polêmica foi a demissão do ex-ministro da Saúde
Luiz Henrique Mandetta, em 16 de abril de 2020, durante a pandemia
provocada pela Covid-19. Naquele contexto, segundo notícia veiculada no
site Euronews
Direito, Estado e Sociedade: os Séculos XX e XXI em Perspectiva 203
Considerações finais
Referências
DOI: 10.46550/978-65-5397-105-9.209-219
Zizék.
O autor (2013) relata uma característica trabalhada pelos governos
autoritários, de instauração de um poder oculto, invisível, intangível,
porém regulador. O paralelo que legitima o rei absolutista é a escolha
divina de Deus, um ser infalível. O paralelo que legitima o governo militar
no Brasil é o controle do avanço comunista, que é apresentado como uma
sociedade sem liberdade e sem individualização dos seres. Qual é, portanto,
o paralelo que legitima o governo Jair Bolsonaro, cuja gestão contribuiu
para a morte de mais de seiscentas mil pessoas?
Salienta-se que, nos exemplos acima explanados, o que se busca
lutar contra é justamente o que se aplica. O rei absolutista é, por óbvio,
falho, já que ele é homem em sua essência, apesar da crença divina de sua
origem. A ditadura militar tem por intuito proteger a população de uma
ameaça comunista totalitária, e, para isso, priva a liberdade e sistematiza
o povo através da extirpação de sua identidade face à necessidade de
enquadramento em um conceito militar de vida plena. Ou seja, o poder
paralelo admite que os seguidores aceitem as atitudes do líder, por mais
contraditórias que sejam. Assim,
A verdadeira conspiração do poder está na própria ideia de conspiração,
na ideia de uma Instancia misteriosa que “controla tudo nos bastidores”
e de fato comanda o espetáculo, ou seja, na ideia de que, por trás do
Poder público visível, há outra estrutura de poder, “louca”, obscena,
invisível. [...]. A teoria da conspiração garante que o campo do grande
Outro não seja uma bricolagem inconsistente: sua premissa básica é de
que, por trás do Mestre público (que, é claro, é um impostor), existe
um mestre oculto que mantém efetivamente tudo sob controle. [...]
se tivermos que superar o poder social “efetivo”, precisamos primeiro
romper o controle fantasmático que ele exerce sobre nós (ZIZÉK,
2013, p. 244-245).
Cabe trazer aqui um pequeno recorte das falas do Presidente Jair
Bolsonaro em seu discurso de posse no Congresso Nacional.
[...]
Vamos unir o povo, valorizar a família, respeitar as religiões e nossa
tradição judaico-cristã, combater a ideologia de gênero, conservando
nossos valores. O Brasil voltará a ser um país livre das amarras
ideológicas.
[...]
Uma de minhas prioridades é proteger e revigorar a democracia
brasileira, trabalhando arduamente para que ela deixe de ser apenas
uma promessa formal e distante e passe a ser um componente
216 Direito, Estado e Sociedade: os Séculos XX e XXI em Perspectiva
Referências
João N. Figueiredo1
DOI: 10.46550/978-65-5397-105-9.221-234
Fonte: https://noticias.uol.com.br/politica
Introdução
3 Após a derrota nas urnas em outubro de 2022 e, especialmente, após as prisões relacionadas
aos atos de invasão à Sede dos Três Poderes, a prática de vestir as cores nacionais ou réplicas da
Bandeira Nacional, caiu em desuso pelos bolsonaristas e passou a ser adotada pelos partidários
da esquerda, como forma de se criar uma nova identidade em relação a tais práticas.
Direito, Estado e Sociedade: os Séculos XX e XXI em Perspectiva 227
Ingenuidade aventureira
Considerações finais
Referências
DOI: 10.46550/978-65-5397-105-9.235-257
Introdução
Brasil de 1988.
Dessa forma, o presente trabalho abordará elementos de análise
voltados para os aspectos que incluem como estudo preliminar a estrutura
e as tendências da responsabilidade civil, principalmente no que cerne ao
uso excessivo da liberdade de expressão e de imprensa para disseminar Fake
News, principalmente, no contexto das eleições. Nesse sentido, o problema
da pesquisa é esclarecer de que forma há a responsabilização cível em face
das Fake News no contexto eleitoral.
O tipo de pesquisa utilizado foi exploratório e descritivo, com
método de abordagem dedutivo, indutivo e dialético, enquanto o método
de procedimento foi histórico e estruturalista, com técnicas de pesquisa
documentais, utilizando de leitura de materiais como artigos, trabalhos
prévios e revisões literárias a fim de esclarecer algum conceito relevante.
O objetivo geral é compreender a responsabilidade civil pela
divulgação de Fake News no contexto das eleições, bem como os limites
entre a liberdade de expressão e de imprensa, enquanto o específico é
analisar o que é a liberdade de expressão e de imprensa e seus limites, bem
como o sistema de freios e contrapesos.
que causar dano a outrem. Nesse sentido, gera consequências jurídicas para
o autor, com o intuito de garantir o direito da vítima de reparação do seu
bem jurídico atingido.
Conforme o artigo 927 do Código Civil de 2002, aquele que, por
ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Tal instituto
compõe-se de pressupostos para que seja aferida a sua existência, sendo
estes: a conduta do agente, o dano à vítima, o nexo causal e a culpa.
A responsabilidade configura-se tanto com a culpa do agente
quanto com o dolo (GONÇALVES, 2022). Nesse sentido, dispõe o artigo
927, parágrafo único, do Código Civil que:
Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa,
nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor implicar, por sua natureza, risco para os direitos
de outrem (BRASIL, 2002).
Observa-se, então, que aqueles envolvidos na produção e divulgação
das Fake News podem ser responsabilizados civilmente pelos seus atos,
uma vez que ferem a dignidade da pessoa humana. Todavia, no contexto
eleitoral, há a união dos principais agentes contribuidores da fake news,
sobretudo, para o viés de manipular massas em prol de uma corrente
político-ideológica, o que torna o processo de responsabilização civil mais
complexo.
Diante disso, nos últimos anos, foram elaboradas novas resoluções
do Tribunal Superior Eleitoral e jurisprudências no sentido de regular a
propagação de notícias inverídicas no âmbito eleitoral. A título de exemplo,
a nova Resolução do Tribunal Superior nº 23.714 de 2022 busca tornar
mais efetivo o combate à desinformação no processo eleitoral, uma vez que
reafirma:
Art. 2º É vedada, nos termos do Código Eleitoral, a divulgação ou
compartilhamento de fatos sabidamente inverídicos ou gravemente
descontextualizados que atinjam a integridade do processo eleitoral,
inclusive os processos de votação, apuração e totalização de votos (TSE,
2022).
Considerações finais
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Acesso em: 29 de out. 2022.
TSE aprova resolução para dar mais efetividade ao combate à
desinformação no processo eleitoral. Tribunal Superior Eleitoral, 2022.
Disponível em: https://www.tse.jus.br/comunicacao/noticias/2022/
Outubro/tse-aprova-resolucao-para-dar-mais-efetividade-ao-combate-a-
desinformacao-no-processo-eleitoral.
TSE Explica: saiba como funciona o direito de resposta. Tribunal
Superior Eleitoral, 2022. Disponível em: https://www.tse.jus.br/
comunicacao/noticias/2022/Outubro/tse-explica-saiba-como-funciona-o-
direito-de-resposta.
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