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SINUSITE MAXILAR ODONTOGÊNICA: REVISÃO DE

LITERATURA
Karen Almeida Matos1, Maria Camilly Gonçalves Lima2, Larissa Soderini
Ferracciù3, Patrícia Ingrid Augusto de Farias4, Amélia Raiane Nunes Chaves5,
João Pedro de Almeida Santos6, Larissa Gabrielly Santos de Araújo7, Álvaro
Henrique Moura Fonsêca dos Santos8, Emilly de Lima Ferreira 9.
Alunos do Curso de Bacharelado em Odontologia – ASCES-UNITA/
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8

Caruaru-PE
9
Aluna do Curso de Bacharelado em Odontologia – UNINASSAU/ Caruaru-PE
karenalmeidamatos22@gmail.com, m.camilly.gl@outlook.com,
soderinilarissa@gmail.com, patriciaingridp@gmail.com, amelia.raiane@hotmail.com,
joaopedrohas35@gmail.com, larissagsa2019@gmail.com,
alvaro_henrique001@hotmail.com, emillydelima91@gmail.com.
Palavras-chave: Infecção Odontogênica. Seio Maxilar. Sinusite Maxilar.

1. INTRODUÇÃO
O seio maxilar é o maior de todos os seios paranasais, estando localizado na
maxila, entre a cavidade orbital e nasal e sendo o único seio paranasal que confina com
o processo alveolar da maxila. Os processos alveolares presentes na maxila e mandíbula
sendo caracterizados por abrigar os elementos dentários, que estão sujeitos ao
desenvolvimento de cáries, infecções, cistos e neoplasias. Com base na relação do
processo alveolar maxilar e sua dentição associada com os seios maxilares, a patologia
de origem odontogênica tem o potencial de envolver o seio maxilar em vários graus de
significância (SHANTI et al., 2020).
A sinusite maxilar é uma doença caracterizada pela inflamação e/ou infecção
sintomática da mucosa do seio maxilar, que pode se originar de uma infecção
odontogênica. A origem da sinusite é considerada primariamente rinogênica, mas em
alguns casos a infecção dentária é um importante fator predisponente. As causas mais
comuns de sinusite maxilar odontogênica (SMO) incluem periodontite apical e
marginal, fístulas oroantrais após extração dentária e infecção por corpos estranhos
intra-antrais (AUKŠTAKALNIS; SIMONAVIČIŪTĖ; SIMUNTIS, 2018).
A sintomatologia da sinusite odontogênica é semelhante a da sinusite não
odontogênica, sendo apresentado obstrução ou congestão nasal, dor ou pressão na face e
dores de cabeça; porém, quando a origem é odontogênica, os sintomas estão presentes
apenas em um lado da face (LECHIEN et al., 2014). Outrossim, a sinusite odontogênica
se difere em relação à microbiologia, fisiopatologia e gerenciamento da sinusite de
origem nasal (WORKMAN; GRANQUIST; ADAPPA, 2018).
O presente estudo tem por objetivo descrever os achados da literatura sobre a
SMO discutindo a anatomia e proximidade do seio maxilar com as raízes dentárias,
etiologia, diagnóstico e tratamento da sinusite odontogênica.
2. METODOLOGIA
O determinado trabalho apresenta uma revisão narrativa da literatura. Foram
identificados trabalhos publicados entre os anos de 1992 e 2020 na língua portuguesa e
inglesa, que contemplassem os descritores “Sinusite Maxilar”, “Seio Maxilar” e
“Sinusite Odontogênica”. As buscas dos dados fornecidos para a temática foram
realizadas em artigos publicados nas bases de pesquisa PubMed, Scielo e Google
acadêmico. Dentre 54 obras estudadas, 21 foram selecionadas para o aprimoramento
científico do estudo, sendo utilizado como critério para a seleção destas a abordagem
científica priorizada na revisão.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 ANATOMIA
O seio maxilar é uma cavidade ou compartimento ósseo localizado no interior da
maxila, acima dos pré-molares e molares superiores, podendo estender-se mais
anteriormente à região canina. O assoalho da estrutura varia em espessura e pode ser
interrompido com raízes dentárias expostas em pacientes com perda óssea
(NEWSOME; POETKER, 2020). Uma vez que o seio maxilar e as raízes dos molares
estão intimamente relacionados, a membrana sinusal está susceptível a risco de danos.
Nas imagens radiográficas e na tomografia computadorizada de feixe cônico
(TCFC), o seio maxilar aparece como uma área radiolúcida, de formato circular ou oval,
com faces laterais radiopacas devido à presença de ar em seu interior em condições
normais. Entretanto, na presença de sinusite maxilar, as imagens podem ser parcial ou
completamente radiopacas devido ao espessamento da mucosa do seio maxilar
(ARIETA et al., 2005).
3.2 ETIOLOGIA DA SINUSITE MAXILAR ODONTOGÊNICA
A sinusite odontogênica é mais comumente o resultado de lesão iatrogênica da
membrana de Schneider do seio maxilar (TROELTZSCH; PACHE; TROELTZSCH,
2015). Várias patologias odontogênicas podem causar SMO, incluindo infecções
dentárias periapicais, doença periodontal, trauma maxilar, patologia óssea maxilar ou
causas iatrogênicas como extrações dentárias, osteotomias maxilares, endodontia e
implantes dentários, além de além de corpos estranhos no seio relacionados ao
tratamento odontológico (CORDEIRO; FERRER; FERNANDEZ, 2015).
Quando os canais radiculares dos dentes são preenchidos incompletamente com
um material obturador durante a endodontia, o tratamento insuficiente do canal radicular
causa pulpite e necrose pulpar no canal radicular no ápice radicular (SATO, 2006). Uma
vez que a inflamação pulpar causa lesões apicais (periodontite apical), ocorre a infecção
odontogênica, e pela proximidade com o assoalho do seio maxilar, este corre o risco de
se tornar inflamado.
3.3 DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da sinusite odontogênica envolve a realização de um exame
clínico efetivo, detalhando a anamnese e realizando um bom exame físico. O uso de
exames por imagem pode fornecer informações valiosas no diagnóstico de sinusite
maxilar odontogênica, como uma imagem radiopaca no interior do seio maxilar,
apresentando-se associada a corpos estranhos no seio, comunicações buco-sinusais ou
inflamações e infecções oriundas de doenças periodontal e/ou endodôntica (UEDA;
KANEDA, 1992). Os sintomas do paciente com sinusite odontogênica e
rinossinusite são muito semelhantes, e para distinguir as doenças, são realizados exames
clínicos e de imagem, sendo a tomografia computadorizada (TC) o padrão ouro para
avaliação da doença do seio maxilar e doença odontogênica associada. A opacificação
unilateral do seio maxilar é a característica mais distintiva, apresentando-se às vezes
sem sintomatologia nasossinusal associada, pois o complexo osteomeatal não está
obstruído, diferindo-se da risossinusite (WORKMAN; GRANQUIST; ADAPPA, 2018).
Um estudo de Workman e colegas (2018) e as descobertas mais recentes de
Simuntis e colegas (2019) concluem enfaticamente que as secreções fétidas são a marca
registrada da SMO, enfatizando que a importância de uma anamnese completa não deve
ser subestimada. Outros sintomas menos exclusivos incluem dor e pressão facial e
congestão nasal.
3.4 TRATAMENTO
Pacientes com sinusite odontogênica têm uma carga microbiana maior e mais
diversificada do que pacientes com sinusite crônica isolada, e a terapia antimicrobiana
deve abordar essa diferença (SAIBENE; VASSENA; PIPOLO, 2016). O tratamento
odontológico pode incluir canais radiculares, extrações dentárias ou retalhos bucais para
fístulas oroantrais, dependendo do perfil patológico (NEWSOME; POETKER, 2020).
Contudo, devido à resistência microbiana, alguns casos não podem ser resolvidos com
antibióticos e requerem cirurgia.
O tratamento cirúrgico da doença do seio maxilar inclui classicamente o
procedimento de Caldwell-Luc, que envolve a remoção completa do epitélio
respiratório do seio maxilar, mas agora mais comumente inclui ESS como padrão-ouro
(TATARYN et al., 2018). Desse modo, a eliminação do fator causal de origem dentária,
acompanhada do manejo da infecção do seio maxilar é essencial para o sucesso do
tratamento.
Além disso, otorrinolaringologistas têm utilizado a técnica endoscópica na
associação do tratamento da sinusite maxilar odontogênica, que consiste na criação de
uma loja óssea onde o tecido infectado, pólipos e corpos estranhos são removidos do
interior do seio maxilar, após a remoção da causa dentária (LOPATIN et al., 2002).
Dessarte, o atendimento multidisciplinar diminui as chances de recidiva da doença.
4. CONCLUSÃO
A sinusite maxilar odontogênica é uma doença de diagnóstico complexo, devido
aos seus sintomas serem parecidos com a sinusite de origem não odontogênica. No
presente estudo é ressaltada a importância do conhecimento anatômico e etiológico das
estruturas envolvidas na doença, assim como a realização dos exames imaginológicos e
interação multidisciplinar entre o cirurgião-dentista e otorrinolaringologista para o
tratamento efetivo ser realizado. O tratamento da SMO consiste, primariamente, na
eliminação do fator causal de origem dentária.
REFERÊNCIAS
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Acesso em: 22, setembro 2022.

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