D.

TAREJA

As nações todas são mistérios.

Cada uma é todo o mundo a sós.

Ó mãe de reis e avó de impérios.

Vela por nós!

Teu seio augusto amamentou

Com bruta e natural certeza

O que, imprevisto, Deus fadou.

Por ele reza!

Dê tua prece outro destino

A quem fadou o instinto teu!

O homem que foi o teu menino

Envelheceu.

Mas todo vivo é eterno infante

Onde estás e não há o dia.

No antigo seio, vigilante,

De novo o cria!
O poema “D.Tareja” enquadra-se na primeira parte da obra
MENSAGEM, de Fernado Pessoa intitula “Os Castelos”. Nesta
primeira apresenta a proposta portuguesa ao Mundo.

Analise:
Para começar D.Tareja refere- se a d. Teresa, mãe de D. Anfoso
Henriques origem de Portugal.
A primeira quadra do poema apresenta “mundo a sós” que todas
são mistérios”. A metáfora “As nações todas são mistérios.” Assenta
a ideia de que a conquista de uma nação é um processo que
envolve o desconhecido, a descoberta e o mistério. A apóstrofe “ Ó
mãe de reis…” esta a interpolar ao responsável pelos fundadores
da pátria, os reis, no caso dom Afonso Henriques, pois foi a partir
deste que a ideia de Império começaria a se formar.

Na segunda quadra ” teu seio Augusto amamentou/ com bruta e

natural certeza” é utilizada uma dupla adjetivação antes do nome
ou seja reforçando assim a ideia de certeza. É feita é uma
referência há como primeiro rei entra num conflito para decidir quem
irá subir ao poder com dona Teresa . “ O que imprevisto, Deus
fadou”, ou seja, mesmo sendo mais provável que dom Afonso
Henriques falhasse este mostrou o contrário.

Na terceira quadra, o sujeito poético refere-se aos governantes do

ano de 1930 em Portugal, fazendo uma crítica social “ Dê tua prece
outro destino/ A quem fadou instinto teu!” Não deram continuação
ao Império do primeiro rei. Em Memória a dom Afonso Henriques
que não teve seguimento do seu Império.

Na última estrofe, está uma Mensagem de Esperança. O homem

ainda pode mudar, e voltar aos Origens do passado ou seja
melhorar. Pessoa pede, a dona Teresa, que regresse novamente
ao português ambicioso e com vontade de descobrir.