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Impacto dos programas de redução de

danos na resposta ao HIV: cultura dos


usuários, redução de danos nas micro-associações, auto-organização
e organização externa dos grupos de usuários

Paulo Raimundo1 e Ana Gabriela Gutierrez Zamudio2

1 Conselho Nacional de Combate a SIDA, Mozambique


2 Medicos Sem Fronteira, Mozambique
Contexto
• Programas de redução de Danos, HIV e direitos
humanos estão fortemente ligados;

• Ambos formam parte de promoção de direitos


humanos na resposta ao HIV;

• Programa HIV como foco de atenção para a cultura


dos usuários, redução de danos nas micro-
associações, auto-organização e organização externa
dos grupos de usuários deve ser prioridade global;

• Registo do conhecimento do impacto dos programas


de HIV e Redução de Danos limitado
Estimated HIV prevalence among people who inject drugs by countr

• A nivel mundial existem cerca de 16 milhões de PUDI com uma prevalência de


HIV cerca de 18% e mais de 50% com HCV;

• A infecção por HIV é 22 vezes maior em PUD do que na população geral;

• A Infecção tem um impacto multiplicador - entre PUD e transmitir infecções para


os seus parceiros sexuais;

• Moçambique - Maputo 50% de prevalência do HIV e 44% de prevalência de


hepatite (IBBS);

• O estudo MoT (modos de transmissão) em Moçambique mostra 29% de novas


infecções pela populacão chave e seus parceiros.
Objectivo
Documentar as experiências dos programas de
redução de danos na resposta ao HIV através de:

• Cultura dos usuários;

• Redução de danos nas micro-


associações;

• Auto-organização e organização
externa dos grupos de usuários; e

• Efeitos sobre os serviços de saúde.


Metodologia
• Revisão sistematica (bancos de dados revistos por pares:
MEDLINE; artigos publicados desde 2008 - 2017), pesquisamos a
literatura de especialistas e agências internacionais (procuramos
dados sobre prevalência de UDI, características de PID, incluindo
gênero, idade e características sociodemográficas e de risco, e a
prevalência de HIV, HCV e HBV entre PWID. Dados elegíveis sobre
prevalência de UDI, anticorpo HIV)

• Revisão de politicas nacionais relevantes e Guiões de HIV e PUD


desde 2021 procurando as ligações entre os temas de interesse;

• Revisão e Análise de dados de rotina dos programas HIV e PUD


desde 2021;

• Análise em Microsoft Excel.


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Experiências globais (Estudo de Caso)


EUA, Nova York (Des Jarlais, D.C., Friedman, S.R., & Sotheran, J.L., 1991):
• Legalizar OCB dos PUD e financiar;
• Distribuição de seringas em locais de alcance das cidades;

Holanda, Roterdã (Junkiebond com politica virada a ação, 1986):


• Programa de troca de agulha contra hepatite B;
• Distribuição de seringas;

Argentina, Buenos Aires (2001)


• Substituição de seringas e acesso livre nas US;
• Distribuição de preservative nas US;

Asia central (2004)


• Família o centro da insersão social;
• Contigencia do uso diário.
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Experiências africanas (Mauricias )
• Primeiro país em Africa a
desenvolver programas de
redução de danos para PUD em
2006 pelo Ministério da Saúde;

• A troca de agulhas ocorre em mais


de 50 com abordagem
multissectorial;

• Metadona - 6.000 pessoas no


programa no final de 2013 e 16
pontos de distribuição;

• a taxa de incidência do HIV


diminuiu mais de 50% entre as
pessoas que injetam drogas, de
92% em 2005 para 44% em 2013.

• Com o programa a taxa de incidência do HIV diminuiu mais de 50% entre as pessoas
que injetam drogas, de 92% em 2005 para 44% em 2013.
Resultados 1/3
Experiências africanas (Quênia )
• Desde 2011-2012 Quênia introduziu e implementou com sucesso uma visão
abrangente programa de redução de danos;

• Atualmente, projetos de redução de danos apoiados por vários doadores estão em


sete cidades. Os serviços incluem: distribuição de material de injeção; servicos de
saúde reprodutiva; HIV e TB aconselhamento e testes, e terapia subtituicão
opiaceos (OST) com metadona. NSP fornecido por ONGs;

• Desde 2012 quase 10 mil PUDI de uma população estimada em 18.000 habitante
têm estado alcançado pela informação, cuidado de Saúde, e serviços de troca de
agulhas e seringas;

• Financiamento pelo PEPFAR, o Fundo Global e outros doadores


Resultados 1/4
Experiências africanas (Tanzânia)
• Prevalência do HIV de 42% entre as pessoas que injetam drogas (PUDI) em
Dar es Salaam, enquanto a prevalência do HIV é estimada em 8,8% entre a
população geral da cidade;

• Serviços de prevenção, tratamento e cuidados de HIV, incluindo NSP e o


tratamento assistido e medicado (MAT/OST) para PUDIs em 2010. OST
iniciou em Fevereiro 2011 e esta disponivel em 3 locais em Dar es Salam,
Zanzibar e Mbeya com planos de expansão;

• NSP iniciou em 2011 pela ONG Medicins du Monde e esta presente em 4


locais em Dar es Salam com distribuicão movel por Educadores de Pares.
Resultados 1/5
Custo-eficácia
• De acordo com OMS na Ásia, o programa expandido de intervenções de HIV com
população-chave iria evitar 5 milhões de novas infecções até 2020;
• Programas de terapia de substituição por opiáceos (OST), programa de distribuição de
seringas/agulhas (NSP), e Testar e Tratar, implementados em combinacão têm o
potencial de prevenir o HIV em PUDI de forma eficaz e custo-efectiva ;
• Um estudo realizado em oito países da Europa Oriental e Ásia Central descobriu que os
investimentos em NSPs retornaram economias entre 1,6 e 2,7 vezes o investimento
original, prevenindo infecções por HIV e hepatite C ;
• Governo do Nepal reduziu a prevalência do HIV entre as pessoas que injetam drogas de
68% em 2002 para 6,3% em 2011;
• China reduziu o número de novos casos de HIV entre pessoas que injetam drogas em
75% ;
• Desde 2008, a Ucrânia reduziu-se mais de metade a prevalência do HIV entre as
pessoas que injetam drogas. Em contraste, no mesmo período, verificou-se um
aumento da prevalência do HIV entre as pessoas que injetam drogas, de 1% a 41,6%,
nas Filipinas, onde houve pouca implementação de programas de redução de danos .
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Estratégias de Reducão de Danos
Pacote compreensivo (OMS, ONUSIDA e UNODC ):
1.Programa de seringas e agulhas (NSP)
2.Terapia de subtituicão por opiáceos (OST) e outros tratamentos baseados
em evidência
3.Testagem e aconselhamento de HIV
4.TARV
5.Prevencão e tratamento de doencas sexualmente transmissíveis
6.Programa de distribuicao de preservativos para PUDI e seus parceiros
sexuais
7.IEC para PUD e parceiros sexuais
8.Prevencão, vacinacão, diagnostico e tratamento de hepatites virais
9.Prevencão, diagnóstico e tratamento de tuberculose.
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Estratégias de Reducão de Danos


Abordagem Comunitária (mais de 40 estudos revelaram que):

1.IEC baseado na comunidade;

2.Aumentam a acessibilidade e a aceitabilidade para populações-chave, que


estão em risco de obter os servicos

3.Serviços de redução de risco, como preservativos, seringas, e testagem


comunitária, e referência para tratamento, reduz o comportamentos de risco
e baixa a exposição ao HIV

4.Mudancas de comportamentos associados com redução de transmissão de


infecções como HIV e hepatites – transmissão de HIV e Hep e prevenível;

5.NSP comunitario é método altamente eficaz para a prevenção do HIV.


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Estratégias de Reducão de Danos


Centro de Atendimento na comunidade:

1.Relevante para pessoas marginalizadas que enfrentam barreiras para


aceder aos serviços necessários (redução do uso de drogas, redução da troca
de sexo por drogas, melhoria da participação social, saúde mental, acesso a
cuidados de saúde);

1.Úteis para alcançar aqueles com acesso limitado a instalações de saúde e


permitem vínculos críticos e referências entre a comunidade e instalações de
saúde .
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Estratégias de Reducão de Danos
Pacote compreensivo - Tratamento para HIV e Hepatitis (HCV):

1.Reducão de danos como intervencões cruciais para eliminar hepatites


virais;

2.Um modelo recente sugere que o tratamento de 40 infecções por 1.000


PUDI por ano ao longo de um período de 10 anos resultaria numa redução de
72% na prevalência de HCV dessa população, mesmo admitindo a reinfecção
após o tratamento;

3.PUDI testados positivo para HCV foram 32,6% mais propensos a alterar
significativamente o uso de drogas, mostrando que a conscientização sobre a
infecção por HCV entre essa população em particular pode motivá-los a
reduzir seu consumo.
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Estratégias de Reducão de Danos
Pacote compreensivo - Tratamento para HIV:

1.O TARV pode reduzir a carga viral do HIV a um nível "indetectável" ou de


supressão viral;

2.TARV é tão eficaz em PUD como em outras populações, apesar de visão


realizada por muitos que PUD são candidatos pobres para adesão ao anti-
retrovirais, para tal deve se facilitar acesso ao tratamento e ao tratamento do HIV
clínicas (por exemplo, clínica móvel); providenciar programas de terapia de
substituição e distribuicão de seringas/agulhas;

3.Os participantes HIV positivos do OST documentaram a aderência aos ARV que
é comparável às pessoas infectadas pelo HIV em TARV na população em geral.
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Estratégias de Reducão de Danos
Pacote Compreensivo - Programa de Troca de Seringas (NSP):

1.Está provado que é custo eficaz a reduzir a transmissão do HIV e Hep em PUDI.
2.Está provado que não encoraja o uso de drogas e que tem como objetivo envolver os
clientes regularmente, oferecendo múltiplas oportunidades de acesso a outros serviços de
saúde, como HTC, TARV, tratamento de Hep e prevenção de overdose;
3.Em 81 cidades em toda a Europa, Ásia e América do Norte descobriu que a prevalência do
HIV aumentou em média 5,9% por ano nas 52 cidades sem NSPs, mas a prevalência do HIV
diminuiu 5,8% por ano nas 29 cidades com NSPs (Hurley, Jolley e Kaldor, 1997);
4.Nova York - introdução de NSPs foi associada a uma diminuição acentuada da incidência
do HIV no início dos anos 90 de 4% ao ano para 1% (Des Jarlais et al., 1996, 2005).
5.Em contra partida, a prevalência do HIV em Cebu, Filipinas recentemente aumentou
drasticamente de 0,5% em 2009 para 53% em 2011 sem NSP; De modo similar, epidemias
de explosão rápida foram observadas em Sargodha (Paquistão), Bangkok (Tailândia) e
Manipur (Índia), onde a prevalência do HIV aumentou de quase zero em poucos meses
para atingir níveis de 20-50% (Choopanya et al., 1991; Emmanuel et al., 2009; Sarkar et al.,
1993) .
Resultados 1/12

Evolução do Programa - HIV


Resultados 1/13
Evolução do Programa - HIV
A prevencão é significativamente mais
barata que o tratamento, como é ilustrado
na publicacão UNSIDA;
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Estratégias de Reducão de Danos
Pacote Compreensivo - Terapia de Substituição por Opiáceos (OST)
1.Há evidências de que a terapia de substituição para heroína e outros opiáceos é efetiva
na redução do uso de drogas e comportamentos relacionados à transmissão de vírus
transmitidos pelo sangue, incluindo a cessação completa do uso de drogas injetáveis (Ball
et al., 1988; Hubbard et al., 1988; OECD et al., 2014; Yancovitz et al., 1991).
2.América do Norte, Europa e Ásia descobriu que o OST foi associado a uma redução de
54% no risco de infecção pelo HIV entre PUDI (MacArthur et al., 2012).
3.O acesso suficiente à OST poderia prevenir 130 mil novas infecções por HIV fora da África
subsaariana todos os anos;
4.Reduz o uso de opiáceos, comportamentos de risco de HIV, atividades criminosas e
melhorias no bem-estar geral .
5.Intervencões que tratam a dependência efectivamente, são altamente eficazes em
reduzir comportamentos de risco que colocam PUDI em risco de HIV
6.Reduz uso de opiáceos e é considerada a estratégia mais importante para melhorar
retencão em tratamento de HIV e Hepatite em PUDI.
7.Overdose por opióides é prevenivel e tratável se testemunhada. OST fornece a prevenção
mais eficaz entre pessoas dependentes de opióides
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Estratégias de Reducão de Danos
Pacote Compreensivo - Prevenção de Overdose
• Cerca de 70.000-100.000 pessoas morrem devido a overdose de opióides por ano . Naloxona é um antagonista
de opiáceos que investe os efeitos de uma overdose de opióide.
• A necessidade de acesso a naloxona a ser ampliada é mais urgente do que nunca. Combinando isso com
comunicação de mudança de comportamento efetiva, agulhas limpas e OST tem enorme potencial para
benefícios de saúde pública;
• Nalaxone é bem sucedida para utilizacâo do tratamento de overdose por opiáceo. Não tem efeito se os
opióides estão ausentes e não tem potencial para abuso. A disponibilidade a nível;
• comunitário pode ajudar a reduzir altas taxas de oversdose por opiáceos, particularmente onde acesso aos
servicos de saúde é limitado para pessoas que usam drogas;
• Diretrizes da OMS, de 2014, recomendam que países expandam o acesso de naloxona a pessoas que possam
testemunhar uma overdose em sua comunidade, como amigos, familiares, parceiros de pessoas que usam
drogas e trabalhadores sociais. Na maioria dos países, a naloxona atualmente é acessível apenas por meio de
hospitais e equipes de ambulância que não conseguem obter ajuda para as pessoas que precisam dele com
rapidez suficiente;
• A naloxona tem sido utilizada no gerenciamento de overdose de opióides há mais de 40 anos. É uma droga
segura com baixo risco de efeitos colaterais graves. De acordo com as diretrizes, qualquer adulto capaz de
aprender suporte vital básico também pode aprender a reconhecer uma sobredosagem de opióides e
administrar a naloxona a tempo de salvar vidas.
Conclusões 2/1

• O fenómeno do uso de drogas tem por todo o mundo com grande impacto
na vida das PUD, suas famílias e comunidades;

• Evidências mostram que as intervenções são práticas, viáveis, eficazes,


seguras e econômicas e todas têm um forte impacto positivo na saúde
individual e comunitária;

• Estudos relataram taxas alarmantes de recaída apos rehabilitação da


dependência de opiáceos de até 91%, indicando que o risco de recaída
pode ser maior para a dependência de opiáceos do que para outras
drogas. E por isto que as intervenções baseadas na reducção de danos
devem ser sempre complementares entre as acções de prevenção e
rehabilitação;

• Não olhar os usuários como incompetentes e patológicos, e, portanto,


como objetos de intervenção, mas sim como aliados e participantes em
sua própria saúde individuIal e colectiva.
Conclusões 2/2
• A teoria e a prática de redução de danos devem levar mais em conta
tanto os grupos de usuários micro-sociais quanto os formalmente
organizados;

• Fortalecer os factores relacionados com a sustentabilidade das


intervenções de base comunitarios para a redução de danos;

• Formação básica em redução de danos através do pacote compreensivo


(OMS, ONUSIDA e UNODC );

• Olhar o consumo de droga como problema de toda população e


negligenciada;

• Potenciar as instituições de ensino em projectos de redução de danos


através do pacote compreensivo visando a orientação metodológica e
apontar novos caminhos para o combate do problema;

• Envolver os PMTs, APEs, ACS, PTs em novas técnicas de redução de


danos e ampliar estudos epidemiológicos reduzindo as medias
internacionais, nacionais para a priorização de estratégias no controlo
da droga no pais.
Moçambique continua muito conhecido
por varias razões...
OBRIGADO PELA ATENÇÃO

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