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Conhecendo a sogata
A sogata, Tagosodes orizicolus (Müir) (Hemiptera: Delphacidae) é uma importante praga do
arroz no norte da America do Sul (Colômbia, Venezuela e Perú) e no Caribe (Cuba) e, embora a
espécie ocorresse no Brasil, não era considerada praga importante no país. Sujeito à forte
pressão de controle biológico natural, esse inseto não conseguia formar altas populações no
Brasil.
Os adultos de sogata são pequenas cigarrinhas, com dimorfismo sexual (Figura 1). As fêmeas
medem de 3 a 4mm de comprimento e são de coloração castanho-amarelada, podendo possuir
asas ou viverem com asas rudimentares e não funcionais (fêmeas braquípteras). Os machos são
menores (2 a 3mm de comprimento) e de coloração preta. Em ambos os sexos, há uma faixa
mediana dorsal de cor clara na cabeça e no tórax. Os ovos são postos em grupos de 8 a 20 no
interior da nervura principal e incubam por 3 a 5 dias. As ninfas são branco-amareladas, ápteras
e com duas faixas escuras dorso-longitudinais. A fase ninfal varia de 18 a 15 dias, sucedendo-se
as gerações em cerca de 20 dias.
Analisando a problemática
Essa é a segunda safra de ocorrência do inseto, com alastramento para mais regiões do Estado.
Portanto a sogata é uma praga nova para o arroz catarinense e para a qual muito conhecimento
ainda precisa ser obtido. Por certo informações originárias da Colômbia e Venezuela ajudarão
nesse conhecimento, mas peculiaridades locais precisam ser estudadas. Por exemplo, os surtos
de sogata em Santa Catarina aparentemente têm ocorrido após a fase reprodutiva do arroz, no
verão. Nos países citados esses surtos já ocorrem no início do perfilhamento do arroz.
A própria dispersão do inseto não é bem conhecida. Os adultos voam e, ao se analisar a
quantidade de lavouras com registro da praga, essa capacidade de voo parece ser grande. Essa
dispersão também pode ter sido ampliada pelo eventual transporte de indivíduos em tratores e
colheitadeiras.
A aparente ausência de controle biológico atuando nas arrozeiras é outro foco para estudos. Os
principais agentes de controle biológico da sogata são os fungos (metarrízio principalmente),
vespinhas parasitoides e aranhas. Epizootias de metarrízio são desfavorecidas em tempo
quente e seco (verão) e eventuais aplicações de inseticidas para outras pragas, pode ter levado
ao colapso das populações de vespinhas e aranhas.
Informe Técnico pag. 3
Cabe salientar que, consultando o Agrofit (http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/
principal_agrofit_cons), verifica-se que o inseto já aparece na listagem de pragas do arroz
(delfacídeo-do-arroz), mas não há nenhum inseticida registrado para seu controle. Isso advém
da irrelevância que o inseto tinha até então para a cultura do arroz. Com esse novo status de
praga, estudos de eficiência técnica, visando o registro de produtos, deverão ser conduzidos.