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IPV – Instituto Politécnico de Viseu

ESAV – Escola Superior Agrária de Viseu

Relatório de Estágio

Curso Técnico Superior Profissional


Produção Animal

Realizado em
Quinta do Azevinho
de
20 de Fevereiro a 1 de Abril
por
Débora Amorim

Orientadores
Entidade: Pedro Figueiredo Lopes
ESAV: José Manuel Gomes Moreira Costa

Viseu, 2018
IPV – Instituto Politécnico de Viseu
ESAV – Escola Superior Agrária de Viseu

Relatório de Estágio

Curso Técnico Superior Profissional


Produção Animal

Realizado em
Quinta do Azevinho
de
20 de Fevereiro a 1 de Abril
por
Débora Amorim

Orientadores
Entidade: Pedro Lopes
ESAV: José Manuel Gomes Moreira Costa

Viseu, 2018
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Agradecimentos

A formação profissional é conseguida com partilha, colaboração e dedicação. Por isso,


quero da mais grata maneira expressar o meu reconhecimeto a todos os que, durante todo o
meu estágio, me ajudaram e apoiaram, contribuindo para o meu crescimento tanto a nível
pessoal como a nível profissional.
Em primeiro lugar quero agradecer à minha Diretora de Curso Catarina Coelho, pela
oportunidade que me deu em estagiar na minha área de eleição. Também gostaria de dar
um agradecimento especial ao Professor Francisco José Matias e ao Professor José Manuel
Costa, por estarem sempre presentes na ajuda à realização deste projeto. Agradeço também
ao meu supervisor de estágio Pedro Figueiredo Lopes, por me receber na Quinta do
Azevinho, contribuindo assim para a minha evolução profissional na área da Equitação.
Também quero, sem esquecer os meus colegas de turma, agradecer-lhes por todo o
apoio e jamais os esquecerei.
Deixo um agradecimento especial á minha colega de estágio, Telma Brito, por me ter
acompanhado e apoiado durante todo este tempo. Muito obrigada.
Por fim, mas não menos importante, dirijo-me a um conjunto de pessoas
insubstituíveis e cujo todas as mais gratas palavras não poderiam ter importância comparada
ao seu contributo. A todos os meus familiares, um sincero agradecimento.
Todo este trabalho é um reflexo da influência deste conjunto de pessoas a quem
estarei eternamente grata. Todos eles influênciaram a minha formação e, consecutivamente,
o meu futuro.
A todos eles os meus mais sinceros agradecimentos.

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Resumo

Este relatório tem como objetivo dar a conhecer a empresa Quinta do Azevinho, fazendo
referência às atividades que a mesma realiza e às tarefas que foram desenvolvidas durante o estágio.
Pretende-se assim que seja compreendida a ordem e dificuldade das tarefas desenvolvidas
num Centro Hípico e a complexidade do ensino e trabalho do Cavalo.

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Índice

1. Introdução........................................................................................................................... 9
2. A Empresa ......................................................................................................................... 10
2.1. História ........................................................................................................................ 10
2.2. Instalações ................................................................................................................... 11
2.3. Atividades desenvolvidas ............................................................................................ 13
2.3.1. Escola de Equitação ......................................................................................... 13
2.3.2. Hipoterapia...................................................................................................... 14
2.3.3. Cavalos a penso ............................................................................................... 15
2.3.4. Desbaste e treino de cavalos........................................................................... 15
3. Atividades realizadas durante o estágio ........................................................................... 16
3.1. Maneio Alimentar ....................................................................................................... 16
3.2. Limpeza e cuidados das instalações ............................................................................ 17
3.2.1. Limpeza de corredor e sala de arreios ............................................................ 17
3.2.2. Manutenção das boxes ................................................................................... 17
3.3. Maneio do Cavalo........................................................................................................ 18
3.3.1. Limpeza ........................................................................................................... 19
3.3.2. Aparelhamento ............................................................................................... 21
3.3.3. Trabalho .......................................................................................................... 24
3.3.3.1. À guia ........................................................................................................... 24
3.3.3.2. No plano ...................................................................................................... 25
3.3.3.3. Nos obstáculos ............................................................................................ 28
4. Conclusão .......................................................................................................................... 32
5. Bibliografia ........................................................................................................................ 33
6. Webgrafia.......................................................................................................................... 33
Índice de Figuras
Figura 1. Quinta do Azevinho ...................................................................................................... 10
Figura 2. Picadeiro Interior .......................................................................................................... 11
Figura 3. Picadeiro Exterior ......................................................................................................... 11
Figura 4. Guia mecânica .............................................................................................................. 12
Figura 5. Boxes interiores ............................................................................................................ 12
Figura 6. Comedouro manual ...................................................................................................... 12
Figura 7. Boxes exteriores ........................................................................................................... 12
Figura 8. Padock .......................................................................................................................... 13
Figura 9. Aula de Sela 2 ............................................................................................................... 14
Figura 10. Aula de hipoterapia .................................................................................................... 14
Figura 11. Cavalo residente ......................................................................................................... 15
Figura 12. Aceitação do arreio .................................................................................................... 15
Figura 13. Administração de palha.............................................................................................. 16
Figura 14. Varrendo o corredor................................................................................................... 17
Figura 15. Retirando cagados ...................................................................................................... 18
Figura 16. Cavalo saudável .......................................................................................................... 18
Figura 17. Limpa cascos............................................................................................................... 19
Figura 18. Almofaça..................................................................................................................... 19
Figura 19. Cardoa ........................................................................................................................ 20
Figura 20. Brussa ......................................................................................................................... 20
Figura 21. Escova das crinas ........................................................................................................ 20
Figura 22. Mandil ........................................................................................................................ 20
Figura 23. Ligaduras de trabalho ................................................................................................. 21
Figura 24. Protetores de tendão ................................................................................................. 21
Figura 25. Suadouro .................................................................................................................... 22
Figura 26. Protetor de dorso ....................................................................................................... 22
Figura 27. Arreio .......................................................................................................................... 22
Figura 28. Cabeçada .................................................................................................................... 23
Figura 29. Aparelho pessoa ......................................................................................................... 23
Figura 30. Rédeas fixas ................................................................................................................ 24
Figura 31. Trabalho à guia com gogue ........................................................................................ 24
Figura 32. Trabalho no plano ...................................................................................................... 25
Figura 33. Serpentina de 4 arcos ................................................................................................. 27

6
Figura 34. Círculos, voltas e meias voltas (direta e indireta) ..................................................... 27
Figura 35. Linha do meio ............................................................................................................. 27
Figura 36. Oito ............................................................................................................................ 27
Figura 37. Diagonal ..................................................................................................................... 27
Figura 38. Trabalho no plano sobre varas no chão ..................................................................... 28
Figura 39. Trabalho nos obstáculos............................................................................................. 28
Figura 40. Diferentes tipos de obstáculos .................................................................................. 29
Figura 41. Fases do salto ............................................................................................................ 30
Figura 42. Saltos compostos com 7m entre si............................................................................. 31

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Lista de abreviaturas
(ESAV) – Escola Superior Agrária de Viseu

(FEP) – Federação Equestre Portuguesa

(E1) – Elementar 1

(E3) – Elementar 3

(CCE) – Concurso Completo de Equitação

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1. Introdução

O presente relatório foi elaborado com base no estágio realizado no âmbito do curso de
Técnico Superior Profissional em Produção Animal.
Foi por estima aos cavalos e desejo de evoluir e aprofundar o meu conhecimento sobre a
Doutrina Equestre, que decidi estagiar na Quinta do Azevinho, uma empresa ligada aos cavalos
e ao ensino de cavaleiros.
A finalidade deste relatório, além de dar a conhecer a empresa, apresenta ainda todas a
atividades que lá são desenvolvidas e os procedimentos a ter na manutenção de um Centro
Hípico e no cuidado e ensino daquele que tão nobremente é o Cavalo.

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2. A Empresa

2.1. História

A Quinta do Azevinho está localizada na vila de Santar, freguesia do concelho de Nelas.


Funciona principalmente como escola de equitação mas dedica-se também ao desbaste e
treino de cavalos de desporto destinados à disciplina de obstáculos, tendo alunos e cavalos a
concorrer em todos os níveis de competição, desde regionais a nacionais e internacionais.
Existente há cerca de 14 anos, começou por ter apenas um pequeno efetivo de 4
animais.
Ao longo do tempo o número terá vindo a crescer significativamente, tendo
atualmente 28 cavalos hospedados.

Figura 1. Quinta do Azevinho

10
2.2. Instalações
As instalações da Quinta do Azevinho podem ser utilizadas de modo geral pelos seus
clientes, sendo que estes devem respeitar a regras e normas impostas, bem como horários de
aulas e utilização de picadeiros.

A Quinta possui:

 1 Picadeiro interior;
 1 Picadeiro exterior;
 1 Guia mecânica
 17 Boxes interiores;
 28 Boxes exteriores;
 5 Padocks

Ambos os picadeiros são utilizados para o trabalho diário do cavalo, seja à guia, no
plano ou nos obstáculos.
O picadeiro interior tem dimensões de
20m x 60m, uma teia de madeira prensada a toda
a sua volta e o piso consiste numa camada de
15cm de pó de pedra devidamente espalhado e
compactado. A teia tem um papel importante no
que respeita à segurança do cavaleiro e do cavalo,
pois evita que ambos toquem e raspem na parede,
prevenindo assim possíveis acidentes. Figura 2. Picadeiro Interior

O picadeiro exterior tem dimensões de 40m x 60m, possui sebe a substituir a teia e o
piso consiste em areia fina com drenagem subterrânea.

Figura 3. Picadeiro Exterior

11
A guia mecânica é uma estrutura vedada, descoberta,
com 2.5 cm de largura, com separações individuais e
capacidade para 4 animais, que gira à volta de um eixo. Tem
uma caixa de controlo com velocidade regulável e tem 3
posições (esquerda, direita e automático). Está programada
para a posição “automático”, mudando por isso de direção de 7
em 7 min. No fim do programa (60 min), a guia não desliga
totalmente, ficando a rodar à velocidade de um passo de
descanso, para que os cavalos nunca fiquem parados até os

irem buscar. Durante o inverno raramente é utilizada devido à Figura 4. Guia mecânica
acumulação de água.

Nas boxes interiores estão alojados os


cavalos de clientes. Cada uma tem dimensões de 3m
x 3m, porta de correr com sistema de segurança anti
fuga, bebedouro automático e comedouro com
sistema de rotação manual para facilitar
administração de ração.

Figura 5. Boxes interiores

Figura 6. Comedouro manual

As boxes exteriores estão destinadas aos


cavalos de escola e cavalos que venham para a
participação em eventos organizados pela Quinta.
Têm dimensões 3m x 3m, são feitas de madeira e
teto em chapa, não têm comedouro e o sistema de
abeberamento consiste num balde grande e
resistente que deve ser regularmente abastecido de
água.
Figura 7. Boxes exteriores

12
Os padocks são campos amplos onde os animais podem andar soltos, gozando de um
regime de semi-liberdade. Na Quinta do Azevinho os padocks são utilizados maioritariamente
durante o verão, onde vivem os cavalos de escola. Durante o inverno os animais são recolhidos
e colocados em boxes, para que estejam mais protegidos do frio, vento e da chuva. Nestes
locais existem abrigos e árvores para que os animais se possam proteger do sol e estão
distribuídos entre 2 a 3 baldes
de água (regularmente
abastecidos) por todos os
padocks. Existe sempre palha á
disposição e a ração é
distribuída no mesmo horário
dos restantes cavalos que se
encontram em boxes. Figura 8. Padock

2.3. Atividades desenvolvidas

2.3.1. Escola de Equitação


A Quinta trabalha principalmente como escola de equitação. Dispõe de 3 cavalos
de escola, treinados para ensinar tanto alunos iniciantes e inexperientes como alunos com já
alguma experiência. As aulas e os cavalos são por isso adaptados à idade e experiência de cada
aluno, podendo haver aulas coletivas ou individuais.

Existem 2 opções disponíveis para o regime de aulas:


 “Mensalidade”, com 1 ou 2 aulas por semana com horário fixo
 “Cartão 8 aulas”, podendo as aulas ser fixas ou marcadas mediante
disponibilidade

Tendo como principal vertente desportiva os saltos de obstáculos, os alunos são


iniciados no “Volteio”, onde aprendem, com um cilhão de volteio, a desenvolver o equilíbrio e
o pleno á vontade a cavalo. Após atingidos estes objetivos os alunos passam para as “aulas de
sela”, iniciando-se na Sela 1, onde começam por aprender a condução do cavalo nos seus três
andamentos naturais (passo, trote e galope) e as regras do picadeiro. Quando estão aptos para
iniciar os obstáculos, passam para a Sela 2, onde iram aprender a diferenciar a posição de
obstáculos da posição clássica e como realizar devidamente um percurso a varas no chão nos

13
três andamentos. Seguidamente passam para a
Sela 3, começando então a efetuar os primeiros
saltos, que vão dos 50 cm aos 70 cm. Quando o
alunos se sentem plenamente à vontade para
fazer um percurso até 70 cm, estão então aptos
para passar para a Sela 4, onde podem começar
a treinar, e posteriormente competir em provas
de 80 cm. A Sela 4 marca uma importante
passagem do que é denominado “Provas de
Escola” para as “Provas Nacionais”. São
intituladas ”Provas de Escola” as provas que vão Figura 9. Aula de Sela 2
até ao 80 cm e “Provas Nacionais”, as provas a
partir de 1m para cima (não se aplica a poules e provas regionais). Qualquer cavaleiro que
queira concorrer a nível nacional terá que ter realizado e ter sido aprovado no Exame de Sela
4, onde constam 4 provas: Obstáculos (80cm), Dressage (P3), Maneio e prova Escrita.

Estas aulas são estruturadas segundo o “Programa Oficial de Formação de


Praticantes” da FEP (https://www.fep.pt/Portals/0/Ficheiros/Federacao/Regulamentos/Reg.%
20Formacao%20de%20Praticantes%20-%2024.01.2014.pdf).
Embora existam 9 Selas, a Quinta apenas dá aulas com cavalos de escola até ao
nível de Sela 4. A partir deste nível, os alunos devem adquirir um cavalo próprio para que
possam continuar a evoluir a nível competitivo, sendo sempre acompanhados pelo seu
equitador. As provas Internacionais passam a ser possíveis quando realizado o Exame de Sela 7
(Obstáculos 1.10cm, Dressage E3, Maneio e prova Escrita).

2.3.2. Hipoterapia
A Hipoterapia consiste na utilização dos
andamentos tridimensionais do cavalo como método
terapêutico, tendo como objetivo estimular o Sistema Nervoso
Central de pessoas com necessidades educativas especiais, entre
eles deficientes motores, cognitivos, portadores e autismo, entre
muitas outras patologias. Posteriormente esta prática irá
traduzir-se em benefícios no desenvolvimento de competências
motoras, cognitivas, comunicativas e psicossociais.

Figura 10. Aula de hipoterapia

14
Os cavalos de escola da Quinta estão treinados tanto para as aulas de equitação como
para a Hipoterapia, sendo por isso animais calmos e confiáveis o suficiente para que os seus
cavaleiros se sintam à vontade com eles e possam tirar o maior partido possível das aulas.

2.3.3. Cavalos a penso

A Quinta dispõe de espaçosas boxes


para receber cavalos a penso, onde está incluído
no preço a alimentação, a cama e o serviço de
tratador. Adicionalmente pode-se solicitar o
trabalho do cavalo, com base nos objetivos do
dono.

Figura 11. Cavalo residente

2.3.4. Desbaste e treino de cavalos


A Quinta do Azevinho recebe poldros e cavalos vindos de outros locais do país,
com a finalidade de lhes iniciar o desbaste ou resolver problemas que estes estejam a dar.
Por vezes poldros mal desbastados, cavalos problemáticos e cavalos com traumas
necessitam de parar o treino que estão a ter e serem reavaliados, definindo-se um novo treino
com o objetivo de resolver o problema. Isto pode ser feito no local onde se encontra o animal
ou noutro Centro Hípico, para onde é enviado o equino e lá permanece, ficando à
responsabilidade de profissionais que lhe darão um treino adequado até estar o problema
resolvido, regressando depois a casa.
O ensino do cavalo deve começar desde
bastante cedo, aos cerca de 2 anos, com um pré-desbaste,
onde se ensinam as regras básicas de maneio, o que tornará
o jovem animal mais confiante na convivência com os
humanos. Com 3 anos inicia-se o desbaste, onde se começa a
ensinar o poldro a aceitar o arreio e o peso do cavaleiro.
Apenas se pode considerar que o poldro está totalmente
desbastado quando este aceita plenamente, e com toda a
calma, o maneio, o peso do cavaleiro e se deixa controlar
Figura 12. Aceitação do arreio
montado nos seus três andamentos naturais.

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Terminado o desbaste inicia-se imediatamente um treino contínuo e específico adaptado à
disciplina equestre que o poldro seguirá (Dressage, Obstáculos; CCE; entre outros).
(http://www.ene.pt/Imgs/Tese_Luis_Negr%C3%A3o.pdf)

3. Atividades realizadas durante o estágio

3.1. Maneio Alimentar


A primeira coisa que o tratador deve fazer assim que se chega ao Centro Hípico, logo
pela manhã, é verificar se todos os cavalos estão bem. Após essa verificação é dada a
alimentação.
Na Quinta do Azevinho a alimentação dos animais consiste em palha e concentrado. É
sempre dada em primeiro lugar a palha e só depois o concentrado. Comendo primeiro a palha,
o animal vai comer mais lentamente o alimento concentrado e vai conseguir digeri-lo melhor,
acabando por tirar melhor partido da energia, proteína e vitaminas provenientes do mesmo. A
fibra estimula a mobilidade gástrica pelo que, quando fornecida depois do alimento
concentrado, acaba por acelerar a sua velocidade no intestino delgado chegando o conteúdo
mais rapidamente ao intestino grosso e tal não é desejável pois pode provocar o
desenvolvimento de problemas de saúde, como cólicas (http://www.intacol.pt/pt/faqs). É
também importante pois mantem os animais entretidos e evita o stress causado pelas longas
horas que passadas na boxe.
O concentrado dado na Quinta consiste
num concentrado específico com níveis
adequados de energia, proteínas, vitaminas e
minerais, de modo a ir ao encontro das
exigências nutricionais de cavalos de desporto
submetidos a grandes esforços. É um alimento
altamente digestível e combina diversas fontes
de energia para maximizar o rendimento do
cavalo. A quantidade fornecida baseia-se
sempre no peso e trabalho a que o animal está
sujeito diariamente (https://www.pavo.pt/). Figura 13. Administração de palha
Caso a ração seja administrada só por si,
pode formar um bolo no fundo do estômago que quando misturado com sucos digestivos,
pode formar uma massa espessa nos intestinos, de mobilidade difícil para os movimentos

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ondulantes naturais do mesmo. Se isto acontecer, dá-se uma indigestão ou excesso de
fermentação, que pode resultar numa rutura do intestino.

3.2. Limpeza e cuidados das instalações


É de extrema importância que as instalações de qualquer Centro Hípico estejam
sempre bem limpas e arrumadas, para que as pessoas se sintam bem e os animais se
mantenham saudáveis.

3.2.1. Limpeza de corredor e sala de arreios


Corredores limpos e uma sala de
arreios bem arrumada é sinal de que o centro
hípico se preocupa com o seu aspeto e prestígio,
permitindo conforto a todos os que por lá
passam e que os alunos encontrem
rapidamente os materiais de que necessitam.
Na Quinta do Azevinho estas tarefas são
realizadas logo após dada a alimentação, para
que o local se encontre limpo quando os alunos
chegarem. Figura 14. Varrendo o corredor

3.2.2. Manutenção das boxes


A manutenção das camas na Quinta do Azevinho faz-se após a limpeza do
corredor e sala de arreios. Esta tarefa é fundamental para a saúde do cavalo e exige cuidados
diários e atenção redobrada.
Uma boa cama deve ser macia, seca, plana e com boas propriedades absorventes,
evitando o mau cheiro pela decomposição da urina e das fezes. Uma cama suja ou mal
cuidada, para além de levar ao apodrecimento dos cascos, pode facilitar o aparecimento de
problemas respiratórios, articulares e de pele.
Existem vários materiais utilizados para as camas dos equinos, sendo eles:
 Palha;
 Serrim;
 Aparas de madeira;
 Fitas de papel;
 Fibra de côco;
 Casca de arroz

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Na Quinta do Azevinho as camas são
feitas de serrim. Começa-se por retirar as fezes
com uma forquilha de cagados e seguidamente
procede-se à viragem da cama com uma forquilha
simples de 4 bicos, retirando todos os focos de
humidade. Este processo repete-se todos os dias
de manhã, após dada a alimentação. Quando a
cama começa a ficar demasiado baixa é colocado
mais serrim para aumentar novamente o seu
volume. Camas baixas podem levar a várias lesões
nos animais por estes entrarem facilmente em Figura 15. Retirando cagados
contacto com o cimento do chão da box.

3.3. Maneio do Cavalo


Os cavalos, de um modo geral, apresentam certas características e atitudes que
permitem avaliar o seu estado de saúde. Uma das melhores maneiras de identificar possíveis
alterações de saúde e/ou comportamentais no animal é durante o seu maneio.
Assim, deve-se ter em atenção se os olhos se encontram brilhantes e sem corrimentos,
as orelhas móveis e alertas e a pele com pelo macio, lustroso e mais ou menos longo de acordo
com o tipo de estabulação e estação do ano. A pele não deve apresentar feridas nem crostas.
Um cavalo saudável deve comer com apetite, mastigar facilmente os alimentos e
apresentar-se com uma boa condição física, ou seja, nem muito gordo nem demasiado magro.
As fezes devem ser firmes e com uma coloração que pode variar de castanho claro a
verde-escuro, dependendo da dieta. A urina pode variar de quase incolor a amarelo claro e os
animais devem urinar várias vezes por dia.
Os membros não devem
apresentar qualquer aumento de
temperatura à palpação nem qualquer
tumefação. Quando o cavalo se encontra
em repouso, é normal descansar um dos
membros posteriores, mas nunca os
membros anteriores. A mudança
contínua de posição não é normal. Figura 16. Cavalo saudável

18
3.3.1. Limpeza
A limpeza é uma parte importante nos cuidados dos cavalos. Para além de evitar o
surgimento de lesões e problemas de pele, é normalmente durante o seu processo que são
detetadas outras lesões que possa o animal eventualmente ter, sendo por isso um
procedimento que deve ser levado com alguma calma e atenção.
A sessão diária de cuidados limpa e massaja o corpo do animal, sendo retirados o
excesso de gordura, a pele morta, o pó e outras sujidades acumuladas. Para que se possa
proceder a uma correta e eficaz limpeza do equino, existem vários materiais que devem ser
utilizados de um modo e numa ordem específica (http://cavalomeu.blogspot.com).

1) Limpa cascos: O limpa-cascos serve para


retirar a sujidade dos mesmos, limpando da
frente para trás e da esquerda para a direita.
É importante ver se o casco se encontra
saudável, vendo se não contém infeções e
rachas. Para prevenir rachas usa-se unto. O
unto é um material impermeável, composto à
base de vários óleos e gorduras, e deve ser
colocado depois do trabalho e antes do Figura 17. Limpa cascos
duche.

2) Almofaça: A almofaça é um material bastante útil para remover a lama, as


marcas de suor e levantar a sujidade do pêlo. Este tipo de “escova” ativa a
circulação sanguínea e liberta a tensão dos músculos. As zonas onde os ossos
são mais visíveis é bastante sensível,
por isso, as passagens com a
almofaça devem ser mais suaves.
Este material de limpeza é utilizado
em movimentos circulares contra o
pelo, da frente para trás e da
esquerda para a direita. Existem 2
tipos de almofaça: as de borracha e

as de ferro.
Figura 18. Almofaça

19
3) Cardoa: A cardoa é uma escova de pelos compridos
e duros, que se utiliza para retirar a sujidade
levantada pela almofaça. Esta é utilizada da frente
para trás, no sentido do crescimento do pelo.

Figura 19. Cardoa

4) Brussa: A brussa é uma escova de pelos


curtos e macios, que é utilizada no fim de
passar a cardoa, sendo a sua finalidade
abrilhantar o pelo depois de estar limpo.
Esta é utilizada uma vez contra o pelo e logo
de seguida a favor do pelo. A cada 3
movimentos destes, deve passar-se a brussa
na almofaça para retirar a sujidade da Figura 20. Brussa
brussa.

5) Pente ou escova de crinas: A escova


de crinas serve para escovar e retirar
os resíduos do topete, das crinas e
da rabada. Para escovar as crinas,
começa-se da frente para trás, de
cima para baixo e devagar. Na
rabada começa-se por pentear as
pontas, subindo até ao início. Figura 21. Escova das crinas

6) Mandil: Mandil é o nome dado a um


pano húmido, um toalhete ou uma
esponja que se utiliza para retirar a
sujidade das zonas sensíveis do
equino, como as extremidades das
orelhas, do nariz, dos olhos e da
boca.
Figura 22. Mandil

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3.3.2. Aparelhamento
Após a limpeza, segue-se o aparelhamento do cavalo. Este processo consiste em
colocar no animal todos os equipamentos necessários para que se possa de seguida dar início
ao seu trabalho. Os equipamentos devem-se adaptar ao tipo de trabalho a que o animal estará
sujeito e devem ser colocados corretamente, de maneira a que não possam em circunstância
alguma magoar o animal. Deste modo o animal deve ser aparelhado sempre por um
profissional ou com vigia deste, caso seja um amador a efetuar o processo.

Para o trabalho montado, primeiramente devem-se colocar as proteções nos


membros. Esta deve ser logo a primeira tarefa a realizar para que depois não seja esquecida. A
escolha das proteções depende do trabalho que o animal irá ter. Caso vá trabalhar à guia ou
no plano, deve utilizar ligaduras, caso vá trabalhar nos obstáculos, o melhor será utilizar
caneleiras (http://cavalomeu.blogspot.com).
As ligaduras de trabalho servem essencialmente para
proteger o tendão de toques que o cavalo lá possa dar com os
cascos. Devem ser sempre desenroladas á volta do tendão no
sentido da frente para trás e do meio para baixo e depois para
cima. No início deve colocar-se a ponta da ligadura a meio do
tendão, com a parte enrolada virada para trás. Depois começa-se a
desenrolar a ligadura em direção ao boleto. Chegando ao boleto, a
ligadura para de descer e começa-se a desenrolar para cima até ao
joelho. Quando chega ao joelho já a ligadura deverá ter terminado,

apertando-se então o velcro. Existem também ligaduras de Figura 23. Ligaduras de


descanso, utilizadas normalmente no final de dias cujo trabalho foi trabalho
mais exigente. Servem para ajudar os tendões a recuperar do esforço a que estiveram sujeitos
e só são colocadas para o cavalo passar a noite, sendo retiradas no dia seguinte logo de manhã
cedo.
As caneleiras dão igualmente proteção aos
tendões, podendo ser utilizadas em qualquer tipo de
trabalho do cavalo. São normalmente mais utilizadas nos
obstáculos por serem mais seguras. Caso uma caneleira
saia a meio de um percurso de obstáculos, não causa
perigo para nem para o cavalo nem para o cavaleiro,
enquanto se o velcro de uma ligadura se solta a meio de
Figura 24. Protetores de tendão

21
um salto esta pode enrolar-se à volta dos restantes membros do cavalo antes que o cavaleiro
tenha tempo de parar, podendo provocar lesões graves ao cavalo e consequentemente ao
cavaleiro. As caneleiras para as mãos dos cavalos chamam-se Protetores de Tendão e
encaixam perfeitamente no tendão e boleto do animal, tendo duas tiras de velcro que passam
na canela e apertam para trás. As caneleiras dos pés chamam-se Protetores de Boleto e
protegem somente o boleto, encaixando perfeitamente no boleto e têm uma tira de velcro
que aperta para trás.
As cloches são proteções que devem ser utilizadas em qualquer tipo de trabalho
do cavalo, pois protegem as quartelas e os talões de possíveis alcançadelas que o animal possa
dar com as pinças dos posteriores nestes locais. São colocadas á volta da muralha do casco e
têm uma fita com velcro que aperta para fora e para trás. Normalmente só são utilizadas
cloches nas mãos, contudo há cavalos que cruzam os pés e acabam por se aleijar, devendo
colocar-se nestas situações cloches nos pés também.
De seguida coloca-se o suadouro, o protetor
de dorso, o arreio e a cilha
(http://cavalomeu.blogspot.com). O suadouro é
utilizado para proteger o cavalo do couro do arreio e o
arreio do suor do cavalo e é colocado sobre o garrote
com as fitas de velcro viradas para a frente.
Figura 25. Suadouro

O protetor de dorso é colocado em cima do suadouro e, tal


como o nome indica, serve para proteger o dorso.
Seguidamente coloca-se o arreio sobre o protetor de dorso e
puxa-se a parte da frente do suadouro e do protetor de dorso
para cima, fazendo com que estes se encaixem no cepinho do

Figura 26. Protetor de dorso arreio e deixem uma folga no garrote. Existem arreios
diferentes adaptados a todas as modalidades, incluindo
obstáculos e ensino, devendo por isso escolher-se o arreio adequado ao trabalho que o cavalo
irá ter.
Para fixar o arreio ao corpo do cavalo
utiliza-se uma cilha. Existem também várias cilhas
diferentes para cada modalidade, sendo que nos arreios
de ensino são utilizadas cilhas mais curtas e simples e
nos arreios de obstáculos utilizam-se cilhas babete, que

Figura 27. Arreio 22


apresentam uma parte mais larga que irá proteger a barriga quando o cavalo lá bater com as
mãos no momento do salto. Deve ser apertada com a parte dos elásticos do lado esquerdo do
cavalo e reajustada no picadeiro, antes de se montar.
Por último coloca-se a cabeçada.
(http://cavalomeu.blogspot.com). Esta serve para
segurar a embocadura na boca do cavalo e as
rédeas, com as quais o cavaleiro irá controlar o
cavalo. Para a colocar o cavaleiro deve pôr-se do
lado esquerdo da cabeça do cavalo e segurar as
faceiras da cabeçada e o chanfro do animal na mão
direita. Com a mão esquerda deve empurrar a
embocadura contra a boca do cavalo, fazendo
pressão na gengiva com o polegar para ajudar a que

este abra a boca. Colocada a embocadura, passa-se Figura 28. Cabeçada


as orelhas e o topete entre a testeira e a cachaceira
e aperta-se a cisgola, a focinheira e a sub-focinheira.

Caso o cavalo vá trabalhar á guia, colocam-se primeiro as proteções dos membros


(ligaduras e cloches). Depois coloca-se o suadouro e o protetor de dorso.
De seguida coloca-se o cilhão. O cilhão é uma espécie de cilha prolongada com
várias argolas que vai prender o suadouro e o protetor de dorso ao cavalo. Ao cilhão prende-se
então o sistema que se utilizará para trabalhar o cavalo (aparelho pessoa; rédeas fixas; gogue
ou chambon).
O aparelho pessoa é um
sistema de cordas distribuídas
uniformemente e especificamente pelo
corpo do cavalo, tendo inclusive uma parte
que passa atrás dos quartos traseiros do
animal, que tem como objetivo levar o
cavalo a uma posição baixa de pescoço,
estendendo assim a linha do dorso e
obrigando-o a pôr o seu peso debaixo da
massa, favorecendo a musculação do Figura 29. Aparelho pessoa
pescoço, o dorso e da garupa do animal.

23
As rédeas fixas têm uma grande
utilidade no trabalho à guia, pois promovem o
alongamento da linha de cima do dorso,
distendendo-a e arredondando-a. Deve-se ter em
atenção o correto ajuste do comprimento das
rédeas, para que não fiquem demasiado justas
nem demasiado compridas.

O chambon é também um ótimo Figura 30. Rédeas fixas


equipamento para o trabalho à guia, porque ajuda
a desenvolver os músculos da linha superior do cavalo (pescoço, dorso, lombo e garupa) e
torna o animal mais flexível, estabelecendo-lhe o seu equilíbrio natural. O gogue é idêntico ao
chambon, mudando apenas o facto de não tornar o cavalo tão flexível.
(http://www.fph.com.br/files/outros/image/manual_equitacao_site_final.pdf)
Por fim coloca-se a cabeçada e uma guia presa ao bridão.

3.3.3. Trabalho
Após o cavalo estar bem limpo e aparelhado, leva-se para o picadeiro e inicia-se o
seu trabalho. O trabalho deve ser sempre feito por um profissional ou acompanhado por um.

3.3.3.1. À guia
O trabalho à guia é de extrema importância e utilidade tanto no trabalho de
um cavalo adulto como no desbaste de um poldro. É com este trabalho que os poldros
começam a aprender a suportar a presença do arreio e posteriormente do peso do cavaleiro e
é-lhes ensinado a obedecer à voz e ao
chicote. Quando chegam a adultos, o
objetivo do trabalho à guia passa a ser
melhorar o fortalecimento muscular e
aperfeiçoar a flexibilidade e equilíbrio nos
seus três andamentos naturais.
O sistema que se utilizará para
trabalhar o cavalo (aparelho pessoa; rédeas
fixas; gogue ou chambon) só deve ser
colocado quando o animal já se encontrar no
Figura 31. Trabalho à guia com gogue

24
picadeiro. Depois do sistema estar colocado corretamente inicia-se o trabalho para a
esquerda. O equitador, fazendo-se sempre acompanhar de um chicote, deve manter-se no
centro de um círculo, fazendo com que o cavalo comece a andar a passo á sua volta. Aos
poucos vai aumentando o comprimento da guia, de maneira a que o cavalo descreva um
círculo com um diâmetro cada vez maior (o ideal será de 20 m). Depois, empurrando o cavalo
com o chicote, pede o trote e passado algum tempo pede o galope, elevando assim o grau de
dificuldade progressivamente. Terminado o trabalho para o lado esquerdo, começa-se o
trabalho para o lado direito. A forma correta e mais segura de pegar na guia é exercer a
condução com a mão do mesmo lado em que se trabalha isto é, se o cavalo trabalha para a
mão esquerda é a mão esquerda que deve conduzir e vice-versa, enquanto a outra mão segura
o excedente da guia e suporta o chicote. O chicote está virado para a frente quando está em
ação durante o trabalho, ou para trás quando o mesmo termina e é necessário trazer o cavalo
ao centro do círculo. O tempo de trabalho costuma durar cerca de 20 min (10 min para cada
lado) e deve ter-se em atenção que o esforço realizado para um lado deve ser sempre o mais
idêntico possível daquele que foi utilizado para o outro, ou seja, tempo de passo, trote e
galope igual para os dois lados (http://www.ene.pt/Imgs/Tese_Luis_Negr%C3%A3o.pdf).

3.3.3.2. No plano
O ensino do cavalo baseia-se em determinados Conceitos Equestres que têm
como objetivos o aperfeiçoamento dos seus andamentos naturais e a sua completa submissão
às ajudas do cavaleiro, obtendo-se assim um cavalo Calmo, Para diante e Direito. Estes
conceitos são trabalhados no plano para que depois, se for o caso, se possam utilizar nos
obstáculos (Manual do Monitor de Equitação Geral).
É indispensável que o cavalo
permaneça “Calmo” para que possa compreender e
responder facilmente às exigências do cavaleiro sem
se irritar com este. O conceito de “Para Diante”
significa que o cavalo mantém um permanente
desejo de andar para diante, que se traduz numa
pronta resposta á solicitação das ações do cavaleiro.
Apenas quando um cavalo se encontra calmo e para
diante, se lhe pode pedir que ande “Direito”. Este Figura 32. Trabalho no plano
conceito define então que um cavalo direito é um
cavalo que se apresenta flexível para ambos os lados (esquerda e direita) e tenha capacidade
de se adaptar facilmente às figuras do picadeiro que lhe são exigidas.

25
Para que se possa então aperfeiçoar os andamentos naturais do cavalo
(passo, trote e galope), é necessário primeiro conhecer e perceber a sua mecânica. Podem
considerar-se saltados ou marchados, consoante se têm tempo(s) de suspensão ou não;
basculados de pescoço ou não; consoante o movimento do balanceiro do pescoço e simétricos
ou assimétricos, consoante se as oscilações da coluna são ou não semelhantes à esquerda e à
direita (Manual Oficial de Formação Equestre).

Assim, os andamentos podem considerar-se como:

 Passo:
 4 Tempos;
 Marchado;
 Basculado de pescoço;
 Simétrico
 Trote:
 2 Tempos com momento de suspensão entre eles;
 Saltado;
 Não basculado de pescoço;
 Simétrico
 Galope:
 3 Tempos seguidos por um momento de suspensão;
 Saltado;
 Basculado de pescoço;
 Assimétrico

Para trabalhar a completa submissão do cavalo às ajudas do cavaleiro, devem utilizar-


se as várias figuras do picadeiro existentes. Estas ajudam a flexibilizar o cavalo para ambos os
lados, sendo que algumas até fazem parte de reprises das provas de Dressage (Manual do
Monitor de Equitação Geral).

Sabendo-se que um dos Princípios Gerais da equitação é que se deve sempre progredir
do fácil para o difícil, devem ser ensinadas (tanto ao jovem cavalo como ao jovem cavaleiro)
primeiro as figuras do picadeiro mais fáceis e, posteriormente, apenas quando estas estão
bem compreendidas, as mais complexas (Manual Oficial de Formação Equestre).

26
As figuras do picadeiro existentes são universais:

 Círculo (15m e 20m);


 Diagonal;
 Linha do meio;
 Volta (10m, 8m e 6m);
 Serpentina (2, 3 e 4 arcos);
 Meia volta direta e meia volta inversa;
 Oito

Figura 33. Serpentina Figura 34. Círculos, Figura 35. Linha do


de 4 arcos voltas e meias voltas meio
(http://equitacaoespe (direta e indireta) (http://equitacaoespe
cial.blogspot.com) (http://equitacaoesp cial.blogspot.com)
ecial.blogspot.com)

Figura 37. Diagonal


Figura 36. Oito (www.fep.pt)
(https://amantesdecavalos
.blogs.sapo.pt)
27
É a partir deste conhecimento que se irá trabalhar corretamente o cavalo, tendo em
conta as dificuldades que apresenta e os objetivos que se quer que ele alcance.
Como na Quinta do Azevinho a modalidade praticada são os Saltos de Obstáculos, o
trabalho no plano pode complementar-se com vários exercícios de varas no chão e cavaletes
(saltos até 50 cm), que irão ajudar a ginasticar o cavalo, a melhorar a sua mecânica no salto, e
a fazer com que este comece a respeitar os obstáculos e as ordens do cavaleiro. É importante
que o cavalo seja capaz de alongar e reunir a passada realizando um determinado número de
passadas largas ou curtas entre dois pontos perfeitamente definidos, imediatamente após a
ordem do cavaleiro, pois isso é a chave para o sucesso num percurso de obstáculos.
São vários os esquemas de varas e cavaletes que podem ser adotados, adaptando-se
aos cavalos e preferência dos cavaleiros, podendo ser feitos para ambos os lados, dentro das
várias figuras do picadeiro, a trote e a galope e com várias distâncias entre eles (Manual do
Monitor de Equitação Geral).

Figura 38. Trabalho no plano sobre varas no chão

3.3.3.3. Nos obstáculos


O trabalho diário de um cavalo
de obstáculos não passa necessariamente por
saltar todos os dias. Qualquer cavaleiro de
obstáculos sabe que é de grande importância
que o seu cavalo trabalhe à guia com o sistema
que mais se lhe adequar, e no plano, com ajuda
de cavaletes ou não, sendo que os obstáculos
propriamente ditos devem ser utilizados apenas
1 ou 2 vezes por semana, para não esforçar os
tendões e aborrecer o animal. Figura 39. Trabalho nos obstáculos

28
À medida que a experiência do cavaleiro vai evoluindo, é necessário que o seu
conhecimento progrida também. Sendo assim é de estrema importância que este conheça
desde cedo quais os tipos de obstáculos que existem, quais os fatores de decisão do salto e
quais as suas fases.
Existem diversos tipos de obstáculos que aparecem frequentemente nas
provas, como os oxeres, os verticais, as cruzes, os muros, as valas de água e as tríplices, entre
outros menos frequentes (Manual Oficial de Formação Equestre).

Figura 40. Diferentes tipos de obstáculos (Manual Oficial de Formação Equestre)

Cada um destes obstáculos necessita de um especial cuidado no momento do


seu salto, sendo por isso importante que o cavaleiro conheça os fatores de decisão para cada
salto, de maneira a poder decidir previamente qual a melhor maneira de o abordar sem
cometer uma falta (Manual do Monitor de Equitação Geral).

São então os fatores de decisão:


 Velocidade (dosagem de galope imposta ao cavalo);
 Impulsão (energia e vontade do cavalo andar para diante);
 Equilíbrio (estabilidade na distribuição do peso do cavalo por um todo)

29
Conhecendo-se os fatores de decisão, passa-se então a adaptar cada obstáculo
a cada um deles:

 Cruz, vertical e muro: impulsão e equilíbrio;


 Oxer: velocidade, impulsão e equilíbrio
 Tríplice: velocidade e impulsão
 Vala de água: velocidade

Também é de extrema importância ter-se conhecimento sobre as 4 diferentes


fases do salto. São elas:
 Aproximação;
 Batida (de anteriores e posteriores);
 Suspensão;
 Receção (de posteriores e anteriores);
 1º Passada de galope

Na aproximação e na batida de anteriores, o cavaleiro deve manter-se numa


posição equilibrada, que não prejudique a estabilidade do cavalo. Na batida dos posteriores
deve levantar-se ligeiramente e avançar os braços sem perder o contacto com a boca do
cavalo. Na suspensão mantem os braços estendidos. Na receção volta a sentar-se e inclina-se
ligeiramente para trás e na 1º passada de galope volta a uma posição equilibrada,
estabilizando novamente o cavalo (Manual do Monitor de Equitação Geral).

Figura 41. Fases do salto (https://pt.depositphotos.com)

O cavaleiro deve também ser capaz de adequar género de trabalho nos


obstáculos a si e ao cavalo. Com isto, deve decidir se trabalhará com obstáculos isolados, com
esquemas, com compostos, com interdependências ou com percursos.
Obstáculos isolados são obstáculos que não estão ligados a outros,
encontrando-se sozinhos no picadeiro ou sendo utilizados separadamente dos outros. Saltos

30
em esquema é um conjunto vários cavaletes separados com 2m a 3m entre si, levando o
cavalo a saltar a tempo sucessivamente sem ter de “dar” passadas entre eles. Saltos
compostos são obstáculos distanciados entre si de 7m a 12m. Podem ser constituídos por dois,
três ou mais obstáculos, denominando-se respetivamente duplos, triplos, quádruplos, etc.
Interdependências são dois obstáculos com 12m a 16m de distância entre si. Um percurso é
formado por vários obstáculos dispostos por todo o picadeiro, existindo vários isolados,
compostos e interdependências (Manual do Monitor de Equitação Geral).

Figura 42. Saltos compostos com 7m entre si

31
4. Conclusão
Durante este estágio tive a oportunidade de aprofundar os meus conhecimentos sobre
o ensino tanto do cavalo como do cavaleiro. O facto de poder auxiliar as aulas de equitação
ajudou-me a desenvolver melhor a capacidade de resolução rápida de problemas, devido ao
facto de por vezes o cavalo não querer colaborar ou o aluno não compreender o que se lhe era
pedido, tendo então de agir de modo a resolver rapidamente a dificuldade sem prejudicar a
aula.
O cuidado na alimentação é realmente bastante importante e não podem jamais
ocorrer enganos nas medidas de concentrado dado a cada cavalo ou na sua troca, pois isso
pode levar aos animais sérios problemas de saúde. Contudo, devo referir que seria muito mais
benéfico para os animais se lhes fosse dado feno ao invés de palha, pois o feno contém
vitaminas e minerais importantes para o seu bom desempenho nutricional, enquanto a palha
possui um valor nutricional baixo e pouco benéfico para o seu organismo.
Apesar de já saber proceder à limpeza e manutenção das instalações antes de iniciar o
estágio, pude com ele compreender que não é de facto fácil proceder a estas tarefas de
maneira a que o Centro Hípico se mantenha todos os dias limpo e com bom aspeto. Talvez
tenha notado a falta de uma lista de direitos e deveres aos quais os alunos deveriam ser
obrigados a cumprir. Penso que se estes limpassem os cascos do cavalo antes de o ir tirar da
box e se mantivessem a sala de arreios limpa e arrumada, fosse mais fácil para os tratadores
de manter tudo limpo e agradável de frequentar.
Na minha opinião, a minha evolução foi mais pronunciada no que diz respeito à
correta realização do trabalho do cavalo. O facto de saber passar à guia da maneira correta, de
saber como trabalhar um cavalo no plano e nos obstáculos contribui em muito para a minha
formação profissional. Tive contudo bastantes dificuldades em escolher que parte do trabalho
no plano e nos obstáculos abordar neste relatório, pois a dimensão e a complexidade da
Doutrina Equestre é tal que para a desenvolver corretamente foram publicados inúmeros
livros escritos por grandes Metres da equitação, sendo-me por isso impossível descreve-la
toda aqui.
Tendo em conta que o objetivo principal deste trabalho era descrever todas as
atividades desenvolvidas no Centro Hípico e os procedimentos a ter na manutenção do mesmo
e no cuidado e ensino do cavalo, considero que o objetivo foi alcançado na íntegra.
Assim concluo que este estágio foi uma mais-valia para a minha formação profissional
e que, apesar de já ter alguns conhecimentos antes de o iniciar, terminei com um nível de
conhecimentos muito superior ao que tinha, e isso com certeza que me auxiliará no futuro.

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5. Bibliografia
Veloso, Manuel Maria Pinheiro das Neves (Cor. Cav.), Manual do Monitor de Equitação
Geral, 2009, ESCOLA NACIONAL DE EQUITAÇÃO

Pombeiro, Joaquim Rodrigo Nest Arnaut (Cor.), Manual Oficial de Formação Equestre,
2005, INSTITUTO DO DESPORTO DE PORTUGAL

6. Webgrafia
http://www.equiapara.com/ - consultado em 14/5/2018

https://www.fep.pt/Portals/0/Ficheiros/Federacao/Regulamentos/Reg.%20Formaca
o%20de%20Praticantes%20-%2024.01.2014.pdf - consultado em 17/5/2018

http://cavalomeu.blogspot.com - consultado em 21/5/2018

https://www.pavo.pt/ - consultado em 21/5/2018

http://www.intacol.pt/pt/faqs - consultado em 21/5/2018

https://www.youtube.com/watch?v=cyc10e6aXTA - consultado em 31/5/2018

http://www.ene.pt/Imgs/Tese_Luis_Negr%C3%A3o.pdf - consultado em 13/6/2018

http://www.fph.com.br/files/outros/image/manual_equitacao_site_final.pdf -
consultado em 17/6/2018

http://www.ene.pt/Imgs/Escala_de_Treino.pdf - consultado em 17/6/2018

https://www.fep.pt/Portals/0/Ficheiros/Disciplinas/Ensino/2018/Regulamento%20E
nsino%20Final%20com%20Poneis%202018.pdf - consultado em 17/6/2018

https://pt.depositphotos.com - consultado em 17/6/2018

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