Você está na página 1de 9

DE CAPITU À HELENA: O RETRATO DE UMA SOCIEDADE PATRIARCAL

PRESENTE NA INTERTEXTUALIDADE ENTRE AS OBRAS DE MACHADO


DE ASSIS E MARCO LUCCHESI 1

Aline Maiara Rocha 2


Kailane Caroline Chicoski 3

RESUMO: O presente artigo tem como tema o retrato da sociedade patriarcal presente
na obra O dom do crime, de Marco Lucchesi, a qual faz intertextualidade com Dom
Casmurro, de Machado de Assis. Essa temática nos leva às seguintes indagações: O
que a Helena, de Lucchesi e a Capitu, de Machado, tem em comum? O que Bentinho e
José Mariano representam? Que discursos em relação à mulher são retratados através
das personagens? Para responder a esses questionamentos, objetiva-se analisar, por
meio de elementos formais e discursivos, a ideologia patriarcal presente na sociedade
dos séculos passados, que permanece até os dias atuais. Para atender ao objetivo
proposto, realizamos uma pesquisa bibliográfica e utilizamos fontes secundárias para
subsidiar nosso artigo. Nos respaldamos teoricamente no estudo da autora Teles
(2020), que disserta sobre a intertextualidade das obras de Lucchesi e Machado. Com
isso, realizamos uma análise sobre a relação entre Capitu e Helena e a ideologia por
trás da absolvição de José Mariano. Espera-se, por meio desta análise, gerar uma
reflexão acerca do pensamento pejorativo e julgador da sociedade em relação à mulher.
Palavras-chave: Patriarcal; O dom do crime; Dom Casmurro; Sociedade.

1 INTRODUÇÃO

O romance O dom do Crime, de Marco Lucchesi, publicado no ano de


2010, faz uma intertextualidade com a obra Dom Casmurro, de Machado de
Assis.

A obra de Lucchesi nos apresenta um crime passional, ocorrido na cidade


do Rio de Janeiro, que supostamente inspirou Machado de Assis a criar as
personagens Capitu e Bentinho: “Trata-se de um romance que, pelo próprio título
que apresenta, convoca o leitor a retomar seus referenciais literários, nesse caso
Dom Casmurro, de Machado de Assis, obra com a qual mantém diálogo
constante.” (TELES, 2020, p.160).

Essa intertextualidade entre as duas obras nos leva às seguintes


indagações: o que a Helena, de Lucchesi e a Capitu, de Machado, tem em

1 Estudo desenvolvido como requisito parcial de avaliação da disciplina: Introdução aos Estudos
Literários II, 2021/2, ministrada pelo Prof. Dr. José Carlos da Costa.
2Acadêmica da 1ª série do curso de Letras Português/Espanhol, da Universidade Estadual do Oeste

do Paraná, campus de Cascavel – PR.


3Acadêmica da 1ª série do curso de Letras Português/Espanhol, da Universidade Estadual do Oeste

do Paraná, campus de Cascavel – PR.

1
comum? O que Bentinho e José Mariano representam? Que discursos em
relação à mulher são retratados através das personagens?

Perante a esses questionamentos, objetiva-se analisar, por meio de


elementos formais e discursivos, a ideologia patriarcal presente na sociedade
dos séculos passados, que permanece até os dias atuais. Para isso, realizamos
uma pesquisa bibliográfica e utilizamos fontes secundárias para subsidiar nosso
artigo.

Utilizamos como suporte teórico os estudos realizados por Teles (2020),


que dissertam sobre a intertextualidade das obras de Lucchesi e Machado. Com
isso, realizamos uma análise sobre a relação entre Capitu e Helena e a ideologia
por trás da absolvição de José Mariano.

Na perspectiva de atender o proposto, este artigo encontra-se assim


organizado: primeiramente, analisamos os pensamentos e os comportamentos
das personagens e o que elas representam no romance, traçando paralelos
entre as obras de Machado e Lucchesi e, em seguida, concluímos os resultados
de nossa análise.

2 IDEOLOGIA, SOCIEDADE E PATRIARCALISMO REPRESENTADOS


ATRAVÉS DAS PERSONAGENS

O dom do Crime é um romance o qual faz constantes paralelos entre


Capitu/Bentinho e Helena/Mariano. Cria-se, assim, um jogo entre as
personagens das duas obras, interligando os fatos do crime com uma das obras
mais famosas dos últimos séculos.

Em O dom do crime (2010), um dos muitos livros do premiado


escritor Marco Lucchesi, a autorreferencialidade aflora por meio
da trama que explora dados históricos, coletados em pesquisa
cuidadosa feita pelo autor nos arquivos jornalísticos do século
XIX. Trata-se de um romance que, pelo próprio título que
apresenta, convoca o leitor a retomar seus referenciais literários,
nesse caso Dom Casmurro, de Machado de Assis, obra com a
qual mantém diálogo constante. (TELES, 2020, p. 160).

2
Lucchesi junta em sua obra ficção e elementos históricos, os quais foram
coletados de jornais do século XIX que circulavam no Rio de Janeiro, dando
destaque para um caso de crime passional:

“[...] a matéria objetiva a que o escritor teve acesso foi filtrada


por um olhar comprometido com a ideologia da época em que
foi registrada nos jornais. O próprio “real” é, assim, retratado
como algo compromissado com a superestrutura, intrínseca ao
momento que o registrou.” (TELES, 2020, p.161).

Tratando-se de um romance contemporâneo, sua proposta objetiva-se,


principalmente, em representar a realidade. “Portanto, em sentido amplo do
adjetivo, todo romance é histórico em sua essência, ao se inscrever em
determinada temporalidade, que nunca deixa de ser histórica.” (TELES, 2020,
p.161).

Com isso, o narrador de 1900 é influenciado pelas mãos do escritor do


século XXI, que vive em uma sociedade na qual pautas feministas são debatidas
e postas em prática. Isso influência diretamente no modo com que o narrador
olha para Capitu e Helena. “Apesar de o narrador ser um homem do tempo de
Helena, o escritor que criou toda a trama não tem como abandonar a si mesmo,
ainda que quisesse.” (TELES, 2020. p.163).

No romance de Lucchesi, o narrador não identificado, assim como Bento


Santiago na obra de Machado de Assis, escreve suas memórias. Diferentemente
de Bentinho, que decidiu escrevê-las para atar as duas pontas da vida, ele
escreve por conselho de seu médico:

O doutor Schmidt de Vasconcelos sugeriu-me que escrevesse


um livro de memórias. Seria uma forma de não deixar em branco
o meu passado, além do benefício de espantar os males da
velhice. Não todos, que são muitos, alguma parte, algum
resíduo. Decidi seguir seu concelho, não sem temores e
incertezas, diante de um passado cujas imagens se revelam
confusas e imperfeitas, como se fosse um mosaico inacabado,
miragem do que fui e deixei de ser. ( LUCCHESI, 2010, p. 9).

Então, o narrador decide contar sobre um caso que presenciou no tribunal,


em 1866, sobre um homem chamado José Mariano (médico renomado) que,
utilizando de sua ferramenta de trabalho (bisturi), mata sua esposa por conta de
uma suposta traição com Raimundo: “É sobre isso que pretendo escrever, caro
doutor Schmidt: as memórias dos outros. Prometo frear o tom, mais comedido,

3
talvez mais frio, como querem os positivistas. Um livro sem opiniões, beirando o
cinismo, ou quase.” (LUCCHESI, 2010, p. 20).

Isso leva o narrador a pensar que seu contemporâneo Machado de Assis,


o qual trabalhava no Diário do Rio de Janeiro, ao entrar em contato com as
notícias sobre o caso de Helena, inspirou-se no caso para escrever seu último
livro: Dom Casmurro.

Dentre as notas de falecimento, uma delas salta-lhe aos olhos


pela concisão: a missa de sétimo dia de Helena Augusta da Silva
[...].A frieza do convite soa estranha. E, no entanto, a brevidade
se aclarava com outra informação, publicada pelo Diário, por
volta do dia 8 ou 9 de novembro: às sete e meia da noite, o
doutor José Mariano da Silva residente à rua dos Barbonos,
dava a morte à sua esposa, dona Helena Augusta. Pouco
depois, apresentou-se ao oficial do estado-maior do corpo de
polícia, declarando que cometera aquele atentado. (LUCCHESI,
2010, p.32-33, grifos do autor).

Observa-se que o título da obra de Lucchesi faz um intertexto com a de


Machado, porém, o substantivo dom ganha um outro sentido nessa releitura.
Nesse caso, podemos conceituar o “dom” no romance de Lucchesi, segundo o
dicionário, como “qualidade especial ou habilidade inata para fazer algo; aptidão,
habilidade, talento” (DOM, 2022).

Isso porque o médico José Mariano, um homem paranoico e possessivo,


ao utilizar de sua ferramenta de trabalho para matar, possivelmente havia
premeditado o crime e utilizado de seus conhecimentos medicinais para executar
Helena. “O doutor Mariano deixou previamente separada a carteira de ferros
cirúrgicos e, de bisturi em punho, segurou a mola que tornou firme a lâmina,
deferindo golpes, que sabia fatais.” (LUCCHESI, 2010, p.53, grifos do autor).

O fato de José Mariano ter matado Helena com golpes no pescoço, mostra
um intertexto com Bento Santiago que, tomado pelo ciúmes, tem pensamentos
homicidas em relação à Capitu:

Da cama ouvi a voz dela, que passara o resto da tarde com


minha mãe, e naturalmente comigo, como das outras vezes;
mas, por maior que fosse o abalo que me deu, não me fez sair
do quarto. Capitu ria alto, falava alto, como se me avisasse; eu
continuei surdo, a sós comigo e o meu desprezo. A vontade que
me dava era cravar-lhe as unhas no pescoço, enterrá-las bem,
até ver-lhe sair a vida com o sangue... (ASSIS, 1997, p.109).

4
José Mariano, assim como Bentinho, é retratado no romance de Lucchesi
como um homem possessivo, agressivo e violento. Tomado por um ciúme
doentio, ele vê sua esposa como uma mulher que merece receber uma punição
por “trair" sua confiança.

Mariano, digo, Bentinho, sonhou fazer justiça com as próprias


mãos. Poderia ter usado um aparelho cortante, em vez das
unhas? Se apertasse a mola de um bisturi havia de juntar as
pontas de sua vida com a de Mariano, que é o que proponho
nestas páginas. Mas para isso Bento Santiago teria de ser
médico. (LUCCHESI, 2010, p. 89).

Machado de Assis vê nesse caso a manifestação de uma mente louca:


“deslindar a fina camada, porventura existente, entre as malhas da justiça e os
deveres da medicina. Não seria no caso, afinal, de se ampliar [...] o território da
loucura? (LUCCHESI, 2010, p.33, grifos do autor).

Outra observação importante, é que após esse crime monstruoso ter


acontecido, José Mariano é julgado no tribunal. Um tribunal do século XIX,
composto por homens brancos e poderosos os quais dizem que Helena, uma
mulher que foi tirada da pobreza por um marido atencioso e bem sucedido, não
poderia cometer um crime contra sua honra. Disse o advogado e amigo de
Mariano, Busch Varella:

Essa mulher perdida que acabava de apunhalar o marido [...]


naquilo que tinha de mais caro, essa mulher que abusara da
confiança que ele depositara nela, que havia roubado
traiçoeiramente a honra de um homem puro e ilibado
[entusiásticos e prolongados aplausos]. (LUCCHESI, 2010, p.
103).

Nota-se outro intertexto com Dom Casmurro, já que a família de Bentinho,


em comparação à família de Capitolina, tinha melhores condições financeiras.
“Mais do que o paralelo com Capitu, que também vem de uma família
socioeconomicamente inferior à de Bento, vemos que Helena é julgada por uma
espécie de dupla traição.” (TELES, 2020, p.166).

Observamos nesse ponto mais uma questão de poder. A mulher deve ser
submissa e fiel ao homem que tirou-a de uma vida ruim e deu a ela “dignidade".
A traição, para o júri, é muito mais grave que o assassinato de Helena, afinal, ela
não era uma mulher digna de perdão.

5
O romance de Lucchesi nos mostra um contexto em que esferas
de poder compõem uma barreira intransponível. Silenciada pela
morte, Helena é julgada por um tribunal masculino, por uma
sociedade que acredita que ela devia ao marido fidelidade e
gratidão pelas condições materiais que ele lhe proporcionou.
(TELES, 2020, p.167).

Durante julgamento inteiro, Helena não pode protestar. Morta, calada,


sem voz. Ela é condenada pelo júri. Nota-se novamente mais um paralelo com
a obra de Machado. Helena, assim como Capitu, é silenciada.

[...] a “criminosa”, no tribunal, parece ser ela. Afinal, se ela


cometeu adultério, este poderia muito bem ter justificado o crime
de honra, praticado pelo marido. Pelo menos é essa a lógica que
predomina entre os personagens do romance. Desse modo, fica
a impressão, para o leitor, de que é Helena quem está, em última
instância, sendo levada a júri. (TELES, 2020, p.165).

O que vemos e sabemos sobre essas mulheres parte apenas do ponto de


vista de dois homens. Suas verdadeiras ações, emoções e percepções são
ocultadas. Até hoje, as mulheres têm sua voz abafada todos os dias pelo
pensamento patriarcal que permeia nosso cotidiano.

A voz de Helena é a de uma nuvem indefinida, solta, numa


câmara de vozes, onde se dissolve por igual seu timbre com o
de Capitu, nos ventos frios da narrativa, de que não tem como
se agasalhar. Inabordáveis. Cada qual como figura indireta. Se
Capitolina fala pelas cordas vocais de Bentinho, Helena emerge
da trama de um folhetim, afogada na correnteza de uma retórica
de mandarins. Velha e vazia dos bacharéis do tempo.
(LUCCHESI, 2010, p.127).

Assim, o júri (em comemoração) declara a absolvição de José Mariano,


por alienação mental. “[...] o fato de a sala da seção ter presenciado atos mais
próprios de um teatro do que do recinto de um tribunal, comprometendo a
isenção do júri, pressionado pelo público, francamente favorável aos argumentos
da defesa.” (LUCCHESI, 2010, p.139, grifos do autor).

Nesse ponto, o júri pode ser entendido como a nossa sociedade. Assim
como em Dom Casmurro, o que está em pauta e aberto para julgamentos é a
conduta da mulher. Traiu ou não traiu? Desde Capitolina até Helena Augusta: o
que interessa para a sociedade é a suposta traição, “[...] deve ser observado
que, nos dias de hoje, a grande questão que ronda o romance, para o leitor

6
desavisado, é se Capitu traiu ou não o marido. Ou seja, continuamos a ter um
público ávido por respostas” (TELES, 2020, p.165).

A insanidade e a crueldade na relação de dominação do homem para com


sua esposa não choca, é natural. Um o crime justificado por uma suposta
alienação mental e pela defesa da tão preciosa honra masculina. A
normalização da violência contra a mulher torna-se justificável por conta de uma
possível paranoia de um marido ciumento. A psique do homem nunca é
questionada.

O romance de Lucchesi nos mostra um contexto em que esferas


de poder compõem uma barreira intransponível. Silenciada pela
morte, Helena é julgada por um tribunal masculino, por uma
sociedade que acredita que ela devia ao marido fidelidade e
gratidão pelas condições materiais que ele lhe proporcionou.
Acusada por uma agregada e pelos escravos, que ajudam a
manter esse sistema de poder, vítimas e agentes dessa
estrutura social, ela sequer tem como oferecer sua própria
versão. A grande questão ética parece ser a maneira como foi
morta. Mas essa também é, por fim relevada. (TELES, 2020,
p.167).

Até os dias de hoje, mulheres são julgadas mesmo depois de mortas,


como se fossem as verdadeiras e únicas culpadas pelos crimes que tiraram suas
vidas. A vítima torna-se culpada. Como disse Viveiros de Castro:

Mata a esposa com um bisturi após julgá-la, por frágeis ilações,


como adúltera. Premedita o crime com perfeita consciência, não
apresentando resquícios de delírio ou confusão mental.
Consumada a tragédia, Mariano dispõe tranquilamente sobre
seus negócios, manda chamar o cunhado, determina que ele,
Torres Homem, devia providenciar para o governo da casa.
Imediatamente depois, entrega-se ao quartel e, na qualidade de
réu confesso, conta ao delegado o que se passara e a razão de
dar morte a dona Helena, enumerando as provas do que seria a
infidelidade de sua mulher. (LUCCHESI, 2010, p.143).

Em diversos aspectos as duas histórias cruzam-se. “Helena está em


Capitu e Capitu está em Helena” (TELES, 2020, p.167), assim como Helena está
em todas as mulheres. Duas personagens com histórias semelhantes. No
romance o narrador afirma que havia uma epidemia de homens matando suas
companheiras. O fictício junta-se com o histórico e torna-se real, cotidiano. O
dom do Crime nos mostra como a mulher é julgada e condenada mesmo quando
seu papel é o de vítima. Indignado, o narrador pronuncia-se:

7
Uma aberração jurídica e médica. Contradição que o primeiro
júri não percebeu, bracejando nas ondas fortes das metáforas
do doutor Busch Varella, nas correntes do folhetim, que acabou
por fazer volume raso das figuras de Helena e Mariano, segundo
uma práxis recorrente, que inverte o lugar da vítima e do
assassino [...]. (LUCCHESI, 2010, p.143).

Um romance e um intertexto: o narrador nos apresenta um crime, uma


história. A sociedade patriarcal representada através dos olhos do júri e o
machismo através das mãos frias e ensanguentadas de José Mariano. “Pesa o
silêncio de Helena sob os escombros patriarcais da defesa.” (LUCCHESI, 2010,
p.143). Marcas de uma violência que repete-se até os dias de hoje, estampando,
assim como o caso de Helena, as manchetes de jornais.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O dom do Crime recria a história de Dom Casmurro através das


personagens Helena Augusta e José Mariano. O romance, através de um crime
passional muito repercutido, nos mostra retrato de uma sociedade patriarcal, a
qual exige que a mulher seja companheira, doce, fiel e submissa a seu marido.
Caso ela não atenda à essas expectativas, é julgada e condenada, mesmo
quando é a vítima da situação.

Helena está em Capitu, e Bentinho em José Mariano. Sendo assim,


Helena não tem sua voz escutada na história, tudo o que passou é abafado pela
voz patriarcal do júri. A mulher não é ouvida. Nessa sociedade em que vivemos,
o que prevalece é a voz do homem.

O ciúme e a loucura humana são representados no romance através de


José Mariano. Além disso, o privilégio masculino também é evidenciado no
romance: um homem bem sucedido não sofre as consequências do crime
monstruoso o qual cometeu. Ambas personagens são o retrato de uma
sociedade brasileira de pensamentos patriarcais, que todos os dias mata e cala
a voz de muitas mulheres.

Com isso, podemos observar que a intriga presente nesse romance


contemporâneo é o amor x possessividade, tendo como tema principal a morte
de Helena Augusta pelas mãos de seu marido possessivo.

8
Os motivos ligados ao tema da obra são: o ciúme, o amor, a
possessividade, a paranoia, a loucura, a insanidade, o machismo, a infidelidade,
a desconfiança, a insanidade, o patriarcalismo, a agressividade, a injustiça e o
descontrole.

Através de nossa análise, foi possível concluir que o romance de Marco


Lucchesi reúne o passado e o presente. Neles, Capitu e Helena encontram-se.
Através do real e do fictício, Lucchesi utiliza-se das personagens para
representar o pensamento do patriarcado presente em nossa sociedade
brasileira, que julga e condena a figura feminina.

REFERÊNCIAS

ASSIS, Joaquim Maria Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Ártica, 1997.
DOM. In:______. Michaelis On-Line. São Paulo: Companhia Editora
Melhoramentos, 2022. Disponível em: < https://michaelis.uol.com.br/moderno-
portugues/busca/portugues-brasileiro/Dom/ >. Acesso em 29/06/2022.
LUCCHESI, Marco. O dom do Crime. Rio de Janeiro: Record, 2010.
TELES, Adriana da Costa. O dom do crime, de Marco Lucchesi, e o intertexto
com Dom Casmurro, de Machado de Assis. São Paulo: FronteraZ, 2020.

Você também pode gostar