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Fat Tails

Por Bill Bonner

A vida acontece.
Minha mãe morreu ontem à noite. O gato subiu no telhado. O Dow Jones disparou 200
pontos.
Apesar de todo o progresso da ciência, ninguém pode prever o futuro. Mesmo em
áreas consideradas 100% previsíveis, o futuro nunca é certo. Por exemplo, quando a
água chega a 100 graus Celsius, podemos supor com segurança que ela ferverá.
Mesmo assim, não podemos ter certeza de que ela começará a borbulhar quando
deveria. Teorias cien cas nunca são realmente comprovadas. Elas simplesmente
ainda não foram desacreditadas.
Nicholas Taleb u liza a analogia do pote de balas. Se, na primeira vez, você pegar uma
bala vermelha, supõe que há balas vermelhas no pote. Se a situação se repe r, reforça
sua suposição. Se a situação con nuar se repe ndo, você formula uma hipótese: só há
balas vermelhas no pote. Essa hipótese, em tese, é tão boa quanto qualquer teoria
cien ca, mas não pode ser comprovada. Como saber? Talvez a próxima bala seja
preta!
Se, em vez de uma sequência ininterrupta de balas vermelhas, uma preta surgisse de
vez em quando, um observador poderia concluir que há menos balas pretas do que
balas vermelhas. Se um grupo de crianças pegasse diversas balas, o resultado seria
mais ou menos previsível, não em relação aos indivíduos, mas aos grupos. A maioria
pegaria balas vermelhas; alguns pegariam balas pretas.
Ao todo, esperar-se-ia a mesma distribuição de balas pretas e vermelhas da
observação inicial. E colocadas em um grá co, a distribuição de balas vermelhas e balas
pretas por grupo, teria a forma de um sino, chamado de curva normal ou curva
senoidal. Na extrema esquerda, por exemplo, pode haver zero grupos que pegaram
apenas balas pretas. Na extrema direita, haveria o fenômeno oposto, grupos que
pegaram apenas balas vermelhas. No centro, ou no topo do sino, espera-se o maior
número de grupos – aqueles que pegaram uma proporção de balas pretas e vermelhas
correspondentes à proporção dentro do pote. A maioria dos grupos caria na grande
curva do sino. Classi cadas em uma curva, a maioria estaria certa.
Esse é o argumento do livro de James Surowiecki, A sabedoria das mul dões. Pegue as
opiniões de diversas pessoas e as coloque todas juntas; as visões amalgamadas
provavelmente estarão mais próximas da realidade do que qualquer opinião separada.
Se perguntarmos a um grupo de pessoas sobre a temperatura, algumas dirão que está
mais quente do que de fato está. Juntando todas as opiniões, provavelmente
chegaremos mais perto de saber a temperatura real.
Mas vivemos em um mundo estranho e maravilhoso. Quando cien stas observaram
muitos fenômenos, os quais acreditava-se distribuídos aleatoriamente de acordo com

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um padrão de curva normal, descobriram algo curioso. Nas extremidades da curva,
onde os eventos raros são registrados, foram encontradas pequenas saliências. O que
não se acreditava que acontecesse com tanta frequência, na verdade, era muito mais
comum do que se imaginava. As inundações a cada 100 anos, por exemplo, aconteciam
a cada 88 anos. Chances de um em um milhão, na verdade, ocorriam a cada 700.000
vezes. Esta s cos se referem a essas estranhas saliências nas extremidades das curvas
normais como fat tails. No Brasil, fat tails são conhecidas como caudas longas. Em vez
de diminuírem como deveriam, os eventos raros parecem se tornar mais frequentes
quando menos esperamos.
Não sabemos o que isso nos diz sobre a natureza, mas percebemos um fenômeno
correlato no ser humano; ele tende a subes mar os extremos e a exagerar o ordinário.
Ele observa o hoje e imagina que o amanhã será o mesmo. Provavelmente será, mas
sempre existe uma chance de que seja diferente. E essa chance é maior do que
imaginamos.
Nem tudo o que acontece em nosso mundo é tão simples quanto a temperatura. Se
você perguntasse a um grupo de inves dores, em agosto de 1929, o que aconteceria
em Wall Street, receberia uma variedade de respostas. Talvez encontrasse um
rabugento ou dois que preveriam uma grande quebra no mercado, mas a opinião da
maioria não estava nada próxima do que aconteceu. A maioria das pessoas acreditava
que o preço das ações caria estável ou subiria. Poucas pessoas anteciparam a
Segunda-Feira Negra, com sua queda de 30% nos preços. No m, os rabugentos
estavam certos.
Os economistas e a mídia foram igualmente complacentes. Apesar das pretensões de
ambas as pro ssões, tanto os economistas quanto a mídia nanceira foram movidos
pelo ímpeto. Eles re etem a opinião comum de que o que aconteceu ontem
provavelmente se repe rá amanhã. Essa é uma caracterís ca psicológica dos seres
humanos, com base no que parece ser uma observação precisa da natureza.
Geralmente, o que aconteceu ontem se repete no dia seguinte. E, geralmente, as
grandes maiorias – cujas visões são re e das nos cálculos dos economistas, bem como
nas manchetes dos jornais – estão certas: nada extraordinário acontece. Geralmente,
você lucra cerca de 3% a 5% sobre seus inves mentos. Geralmente, é quente no verão
e frio no inverno. Geralmente, chove o su ciente para que os níveis atuais de
vegetação sejam man dos, nem mais nem menos. Geralmente, o mercado de ações
sobe e desce – mas não muito rapidamente.
Se um inves dor vivesse para sempre, provavelmente poderia ganhar muito dinheiro
apostando na neve em julho. É verdade que esse evento não é frequente, mas ele
ocorre. No entanto, a maioria das pessoas tem tanta certeza de que ele é impossível
que está disposta a conceder muitas vantagens para quem aposta na possibilidade de
que ele aconteça. Esse é o segredo do sucesso nos inves mentos e do sucesso no
pôquer. Você joga com a mão que tem; a nal, não tem outra escolha. E não controla
quando recebe quatro ases ou quando neva. Mas saber como jogar de acordo com as
probabilidades é o que faz você ganhar dinheiro.

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A não ser que o evento cauda longa tenha sido amplamente discu do, provavelmente
ele será subpreci cado. Depois do ataque terrorista de 11 de setembro, os americanos
avaliaram as possibilidades de um atentado como muito maiores do que realmente era
provável. Próximo ao ano 2000, avaliaram as chances de um colapso de todo o sistema
de computadores incialmente em zero... depois do colapso de um Y2K ter sido
amplamente discu do na mídia, em 50%. Não sabíamos quais eram as chances reais,
mas provavelmente nunca foram zero ou 50%.
Natural e normalmente, a maioria das pessoas passa a maior parte de seu tempo no
aconchego do ordinário. Enchentes que duram 40 dias e 40 noites, fogo e enxofre,
colapsos do mercado ou guerras mundiais raramente as incomodam. As pessoas
assistem TV e leem jornais, mas, a não ser quando estão entre das por fantasias ao
es lo de Guerra dos Mundos, nada na mídia atrapalha seu sono.
Mas, em parte de seu cérebro, elas sabem que o futuro pode não ser tão calmo e
previsível. Elas sabem que, às vezes, as coisas dão muito errado ou muito certo. As
pessoas realmente perdem todo o seu dinheiro ou têm lucros de 1.000%. Acontece,
apenas não com tanta frequência. E, apesar de as pessoas acreditarem que
provavelmente não vai acontecer – Por que aconteceria? É tão extraordinário – elas
sabem que poderia e sentem que deveriam pelo menos considerar a possibilidade.
Quem sabe, tenham sorte e lucrem 1.000% sobre seus inves mentos ou evitem uma
perda terrível.
A Grupo Agora está no ramo de explorar caudas longas. Nosso papel e nosso
relacionamento com nossos clientes não é o de um provedor de no cias. Nós
fornecemos no cias, mas elas são especiais, são as no cias que estão nas
extremidades da curva normal.
As no cias comuns são veiculadas pela grande mídia e dizem aos leitores que o mundo
é como eles imaginam. São as no cias que dizem que hoje será muito parecido com
ontem e que amanhã será muito parecido com hoje. É como a projeção de um
economista convencional para o próximo ano; é o que se espera.
Nós somos a mídia alterna va, apresentamos pontos de vista, no cias e ideias que são
uma opção à mídia tradicional.
Nos lembramos de meados da década de 1980. Grandes mudanças ocorriam no
mundo – principalmente na União Sovié ca e em seus Estados satélites. Nossa
newsle er, a Strategic Investment, previu que a União Sovié ca se desintegraria e que
o Muro de Berlim cairia. Não nos lembramos de um único veículo de comunicação
tradicional – revista, jornal ou canal de TV – que percebeu o que estava para acontecer.
Mas nossos editores sabiam como o mundo funcionava e nham uma opinião que
estava, na época, na extremidade da cauda longa da curva normal.
Da mesma forma, na década de 1990, uma de nossas newsle ers previu uma
revolução nos padrões alimentares americanos. O médico Robert Atkins disse que a
dieta recomendada pelas autoridades médicas reconhecidas não era saudável. Em vez
de comer tanto amido e açúcar, americanos deveriam comer mais carne e gorduras,
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ele disse. Na época, essa visão estava muito distante do centro da curva normal, estava
na área da cauda longa; o Dr. Atkins foi chamado de maluco por suas ideias tão
diferentes.
O Dr. Atkins não viveu para ver, mas o New York Times acabou concordando com sua
opinião cerca de 10 anos mais tarde. Agora, a Dieta Atkins se tornou convencional.
Isso não signi ca que nossas newsle ers, e-mails, livros e outras publicações são
sempre muito “fora da caixa”, nem que estão sempre certas. Mas o que publicamos
de ni vamente não é convencional. Cobramos os maiores preços por palavra na
indústria. As pessoas não precisam pagar tanto para descobrir o que todo mundo
pensa. Elas podem descobrir o ponto de vista convencional por muito menos. Elas
pagam o que cobramos porque valorizam as recomendações, a pesquisa e a opinião da
cauda longa.
Por exemplo, não é provável que inves dores lucrem mais de 3% a 5%. Esse é o retorno
médio medido há centenas de anos. Mas nossos editores e pesquisadores trabalham
muito para encontrar formas de gerar mais lucro. É por isso que nossa publicidade
nanceira parece tão ousada e agressiva para muitas pessoas. Ela oferece aos leitores a
chance de fazer algo que a maioria das pessoas sabe ser improvável. A maioria dos
inves dores con nuará a lucrar de 3% a 5%. Apenas alguns lucrarão mais – apostando
em um evento cauda longa.
Os mercados de inves mento merecem nossa atenção especial. Eles ilustram por que e
como, com o tempo, um inves dor só pode ter ganhos acima da média se zer algo
‘ultrajante’. Ou seja, ele só ganhará mais do que outros inves dores se zer algo que os
outros não estão fazendo. Dessa forma, ele encontra os inves mentos cauda longa,
aqueles que di cilmente darão a ele melhores chances.
Em um bull market pico, todos os inves dores em ações ganham dinheiro. Conforme
os preços sobem, mais e mais inves dores são atraídos, compram ações por preços
cada vez mais altos e cam cada vez mais con antes de que os preços vão con nuar a
subir. Todos os inves mentos têm altas e baixas em ciclos irregulares, mas garan dos.
Aproveitando as altas e baixas dos ciclos, inves dores lucram cerca de 3% a 5% a longo
prazo. A única forma de lucrar mais é aproveitar o upside, mas sair antes que o
downside esteja avançado demais. Mas isso signi ca que ele deve fazer algo
alarmantemente fora do comum. Ele precisa ir à extremidade da curva normal, onde
há poucos inves dores, e os inves dores são considerados estranhos. Ele tem que
fazer algo que todos os seus amigos, vizinhos e familiares acreditam tolo; ele tem que
vender ações quando quase todos acreditam que elas con nuarão a subir. Ele tem que
acreditar que estamos certos quando alertamos sobre um colapso nanceiro.
Realmente haverá um colapso nanceiro? É impossível ter certeza, mas sabemos que a
maioria das apostas em cauda longa talvez não compense, simplesmente porque tais
eventos não ocorrem com frequência, é isso o que faz deles caudas longas.
Também é por isso que nosso po de negócio é pouco apreciado pela grande mídia.
Não somos apenas concorrentes, somos concorrentes agressivos. Dizemos às pessoas
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que a grande mídia não tem ideia do que está fazendo. O amanhã pode ser
completamente diferente do hoje, nós dizemos. As autoridades médicas americanas
estão erradas, nós mostramos. A maioria dos modelos econômicos são bobagem, nós
acusamos. Veja como ganhar muito mais dinheiro, nós prometemos.
É necessária uma certa quan dade de audácia para dizer essas coisas. Principalmente
quando sabemos que podemos errar na maioria das vezes. Há muitos anos,
escrevemos um e-mail com o subject “Quando as luzes se apagarem em Paris”,
insis ndo que os leitores comprassem ações de urânio. Até onde sabemos, Paris
con nua iluminada, apesar das ações de urânio terem disparado. Alertamos sobre um
colapso nanceiro todos os anos desde 1985. Até agora, não houve nenhum colapso
(mas que ligado... acreditamos que ele virá). Di cilmente se passa uma semana sem
que digamos aos leitores como dobrar seu patrimônio. Se todas essas oportunidades
de caudas longas vessem se saído como esperávamos, nossos leitores seriam tão ricos
quanto Warren Bu e . E quantos de nossos leitores sofrem com artrite, dores
musculares e nas costas apesar de todas as ‘curas milagrosas’ oferecidas pela mídia de
saúde alterna va por tantos anos?
É claro que não podemos saber ‘o que funciona’ em saúde, nanças, negócios, amor,
sexo ou economia mais do que os outros, mas isso não signi ca que devemos desis r.
Os leitores sabem muito bem que falamos sobre o que está no reino dos eventos cauda
longa. Eles sabem que é di cil dobrar o patrimônio e perder peso. Mesmo assim, cam
felizes por saberem que alguém está estudando as possibilidades em seu nome,
cando animado por eles e relatando descobertas de forma alegre e envolvente. Esse é
nosso negócio. É nosso papel. É o que os clientes esperam de nós; é o que nos pagam
para fazer. Eles esperam que nós observemos as luzes se apagando em Paris, o colapso
nanceiro de 2005 ou uma erva pouco conhecida que elimina a dor nas costas. Eles
sabem que essas coisas podem acontecer ou não. Mas a grande mídia está lá para
dizer o que é mais provável. Nosso trabalho é dizer o que é improvável, mas
importante. Nosso trabalho é não rar os olhos dos eventos cauda longa. E se nossas
informações forem comuns ou convencionais, nós fracassamos.
Por que os eventos cauda longa são tão importantes?
Mencionamos anteriormente que os eventos cauda longa tendem a ser
subpreci cados. Há uma certa dinâmica a favor do ordinário que faz com que as
pessoas subes mem o incomum. Se faz tempo que não chove, as pessoas começam a
sen r que nunca mais vai chover. Se perguntarmos a elas diretamente, elas
responderão que certamente choverá um dia. Mas, emocionalmente,
sen mentalmente, subconscientemente, elas jogaram fora seus guarda-chuvas. A
sensação não é de chuva. E, se vessem que apostar... apostariam contra a chuva.
Isso é importante de diversas maneiras. Primeiro, signi ca que um evento cauda longa
geralmente será ignorado pela grande mídia porque parece exagerado ou
simplesmente bizarro. Quem falar sobre o assunto será taxado de maluco.
Consequentemente, o assunto raramente é mencionado. Como ele é negligenciado,
nunca é completamente contabilizado pelos mercados nanceiros. Eles simplesmente
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não o percebem. É como se vivessem em casas de vidro, mas nunca pensassem sobre
pedras.
Mesmo quando o evento é obvio, como o risco de uma quebra na bolsa de valores, a
tendência emocional de exagerar a história recente leva à sistemá ca subpreci cação
de fatos do passado mais remoto. Não houve quebra na bolsa desde 1987. E a quebra
de 87 acabou sendo benigna. Como resultado, inves dores pararam de se preocupar
com quebras. As chances de uma quebra podem ser baixas, mas provavelmente não
são tão baixas quanto inves dores imaginam. Um inves dor médio provavelmente
avalia as possibilidades de uma quebra em pouco acima de zero. Na verdade, é
provável que elas sejam muito maiores.
Saber que eventos cauda longa são mais comuns do que se imagina e que inves dores
frequentemente os subpreci cam leva a uma abordagem especula va muito simples –
apostar nos extremos. Você estará errado na maioria das vezes, mas quando es ver
certo, sua especulação mais do que compensará por todas as vezes em que esteve
errado.
E há outro sen do de acordo com o qual eventos cauda longa são importantes, eles
podem salvar a sua vida.
Quando fomos para a Inglaterra para fazer negócios lá, nhamos uma nuvem sobre
nossas cabeças, mas era uma nuvem diferente e mais pesada; ela não fornecia a chuva
que possibilita a vida. Tínhamos enviado uma correspondência dos EUA para o Oxford
Club. As autoridades a apreenderam sob a acusação de que o Oxford Club não estava
registrado. Nós não sabíamos que era preciso estar registrado para ter opiniões, mas
aceitamos bem a situação e fomos ao equivalente britânico ao SEC para descobrir
como poderíamos dispersar aquela nuvem.
“Você não pode usar hipérboles ou medo em suas promoções de mala-direta”, disse o
funcionário.
Por um momento, pensamos que teríamos que fechar as portas. De certo modo,
hipérbole é o que publicamos. Hipérbole é o que você encontra em caudas longas. Ela
trata de eventos que acontecem tão raramente que parece um exagero mencioná-los.
“Ações terão queda de 50%!” pode ser considerado uma hipérbole. “Ações terão queda
de 15%”, provavelmente é aceitável.
Mas como saber o que é hiperbólico e o que não é – nós queríamos saber. Talvez só
fosse possível fazer a dis nção depois do fato. Se você vesse anunciado em 1999:
“Ações de tecnologia terão alta de 50% no próximo ano”, não seria um exagero. A nal,
elas veram alta de 80% no ano anterior. Todos pensavam que elas con nuariam a
subir. Se você vesse previsto, “Ações de tecnologia terão queda de mais de 50%”, por
outro lado, os scais nanceiros o teriam acusado de usar hipérbole e medo. Mas, no
curso do ano 2000, em vez de subir, as ações caíram. No m, a visão convencional era a
hipérbole, e a perspec va de cauda longa acabou sendo moderada.
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Os inves dores não deveriam ser alertados? Qual era o bem público de banir a
perspec va de cauda longa, que era a correta? Qual é o propósito de ngir que o
futuro sempre será como o passado imediato?
Em um momento de inspiração, zemos a seguinte pergunta a nosso inquisidor inglês:
“E se fosse 1938? Na época, como agora, a Fleet Street Le er falava sobre eventos
mundiais. Bem, e se disséssemos aos leitores que a pior guerra mundial da história
estava por vir? E que, em apenas dois anos, aviões de guerras alemães sobrevoariam
Londres, jogando bombas na cidade? E se nós os alertássemos de que as ações iriam
despencar e que a Inglaterra pra camente iria à falência, forçada a depender do
dinheiro e dos materiais de guerra dos EUA? E se contássemos todas as coisas terríveis
que aconteceriam no con nente... falássemos sobre as maiores batalhas terrestres na
Rússia, sobre um teatro de guerra que se estendeu dos desertos da África às orestas
do Sul do Pací co, sobre as tenta vas dos alemães de eliminar todos os judeus da
Europa... e sobre uma nova arma, criada pelos Estados Unidos, que era tão poderosa,
que uma única bomba era capaz de incinerar cidades inteiras... e que centenas de
milhares de pessoas morreriam em tempestades de fogo em cidades alemãs...
enquanto centenas de milhares também morreriam nas cidades do Japão quando os
americanos lançassem essas novas bombas!?”
Houve um silêncio constrangedor. A Segunda Guerra Mundial havia sido um evento
cauda longa. Quase ninguém no mundo convencional viu o que se aproximava. Hitler
pra camente disse ao mundo o que pretendia fazer, mas emocional e
sen mentalmente, as pessoas não conseguiam acreditar. Elas apostaram contra a
guerra. Milhões de judeus caram na Europa, imaginando que tudo caria bem.
Líderes na França e na Inglaterra apostaram na paz. Quem poderia saber que paz não
poderia haver?
A mídia não deveria se preocupar com essas coisas? A Fleet Street Le er deveria car
em silêncio, mesmo se visse essas coisas se aproximando? Devemos deixar de dizer o
que realmente pensamos ou suavizar nossa opinião para que ela se encaixe mais
confortavelmente no molde convencional e não perturbe as sensibilidades de
reguladores delicados? Não pode haver lugar no mundo das publicações para as
pessoas que tentam imaginar os eventos cauda longa... mesmo que eles sejam
improváveis e desagradáveis?
“Ah... bem...” nalmente veio a resposta. “Acho que tudo o que posso dizer é que
esperamos que vocês ajam como cavalheiros.”
“Sim”, poderíamos ter respondido se véssemos pensado sobre o assunto. “Estamos
na liga de cavalheiros extraordinários... escrevendo sobre extraordinários eventos
cauda longa.
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