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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA


INSTITUTO SUPERIOR DE AGRONOMIA

EFEITO DA ADIÇÃO DE CHLORELLA VULGARIS EM REGIMES ALIMENTARES NOS ÍNDICES


PRODUTIVOS DE FRANGOS DE CARNE

MIGUEL FORTUNA RODRIGUES

ORIENTADORA:

DOUTORA MARIA MADALENA DOS SANTOS


LORDELO REDFORD

2020
UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA
INSTITUTO SUPERIOR DE AGRONOMIA

EFEITO DA ADIÇÃO DE CHLORELLA VULGARIS EM REGIMES ALIMENTARES NOS ÍNDICES


PRODUTIVOS DE FRANGOS DE CARNE

MIGUEL FORTUNA RODRIGUES

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM ENGENHARIA ZOOTÉCNICA/PRODUÇÃO ANIMAL

JÚRI
PRESIDENTE: ORIENTADORA:
Doutor Rui José Branquinho de Bessa Doutora Maria Madalena dos
Santos Lordelo Redford
VOGAIS:
Doutora Maria Madalena dos Santos
Lordelo Redford
Doutor André Martinho Almeida

2020
i
Agradecimentos

À Professora Doutora Madalena Lordelo Redford, por ser minha orientadora, por ter
confiança em mim para realizar este trabalho e me ter ajudado ao longo deste período
durante toda a realização da dissertação, por partilhar o seu conhecimento fascinante pelas
aves.

Aos professores do departamento de zootecnia do ISA, à Professora Doutora Luísa


Falcão, ao Professor Doutor João Bengala Freire e ao Professor Doutor André Almeida pelo
carinho e conhecimento transmitido ao longo destes anos de curso.

Ao David Ribeiro por toda a ajuda, confiança e simpatia que prestou durante todo o
ensaio.

Às minhas grandes amigas que esta faculdade me deu. À Daniela, à Laura, à Leonor
e à Mónica por me aturarem durante estes anos. Obrigado pela vossa amizade e, por este
tempo que passamos juntos, que nos fez crescer. Pelos nossos dias de estudo, de
trabalhos, os almoços e todos os outros momentos que marcaram este inicio da nossa
amizade. Um agradecimento especial à Dani (Daniela para os outros) por me ter dado uma
enorme ajuda ao longo do ensaio e por todo o acolhimento que me deu na “nossa” casa do
ISA. Obrigado meninas!

Aos meus pais e à minha irmã, pelo apoio e motivação que me deram, acreditando
em mim, ajudando a realizar os meus sonhos académicos. Obrigado por tudo aquilo que
fizeram por mim durante estes anos e todas as etapas da minha vida.

Aos meus primos, nomeadamente à Bia e ao Tiago por serem um pilar grande na
minha vida.

Aos amigos que conheci neste percurso de vida, aos da faculdade, aos amigxs de
longa data.

ii
Resumo

A incorporação de microalgas como a Chlorella vulgaris na alimentação de frangos é


atualmente considerado um desafio no que toca ao setor da produção animal. Tem o intuito
de substituir os alimentos convencionais por alimentos alternativos com menor impacto
ambiental.

Este estudo, teve como finalidade comparar os índices produtivos em frangos de


carne (estirpe Ross 308) durante duas semanas. Foram fornecidos quatro regimes
alimentares diferentes à base de milho e bagaço de soja, formulados para frangos em
crescimento (dos 21-35 dias). Nestas duas semanas foram administrados os seguintes
regimes experimentais: o regime denominado de Controlo, que não continha microalga nem
suplementação enzimática, o regime MA com incorporação de microalga Chlorella vulgaris
(10 %), o regime MAR com a adição da enzima Rovabio® (0.005 %) à microalga (10 %) e o
regime MAM com a adição de uma mistura enzimática (0.010 %) à microalga (10 %). Foram
avaliados os seguintes índices produtivos: peso vivo (PV), ganho médio diário (GMD),
ingestão de alimento, índice de conversão (IC), efeito do regime no peso relativo do papo,
moela, pâncreas, fígado, duodeno, jejuno, íleo e dos dois cecos; no comprimento do
duodeno, jejuno, íleo e de um ceco e a viscosidade do duodeno mais jejuno e íleo. Na
análise dos resultados, observou-se que, na primeira semana de estudo o alimento ingerido
foi superior para o regime MAM. Este tratamento, apresentou também um comprimento
relativo do jejuno superior ao Controlo e ao tratamento MAR. Os tratamentos MAR e MAM
apresentaram maior viscosidade no duodeno e jejuno quando comparados com o
tratamento MA. No íleo, os regimes que continham a microalga apresentaram maior
viscosidade comparativamente ao Controlo.

Contudo, foi possível concluir que a microalga não teve efeitos negativos nas
performances dos frangos, no entanto a viscosidade é um fator que deve ser melhorado nos
regimes alimentares destes animais, quando se recorre à incorporação da Chlorella vulgaris.

Palavras-chave: Frangos de carne, Chlorella vulgaris, índices produtivos, viscosidade


intestinal

iii
Abstract

In order to replace conventional foods with alternative ones with less environmental
impact, the incorporation of microalgae, such as Chlorella vulgaris, in broiler feeding is
currently considered a challenge in animal production. The aim of this study was to compare
the production rates in broilers (Ross 308) during two weeks. Four different diets, based on
corn and soybean bagasse, were formulated for growing chickens (from 21-35 days). In
these two weeks, the following experimental regimens were administered: the treatment
called Control, which did not contain microalgae or enzyme supplementation, the MA
treatment with an incorporation of microalgae Chlorella vulgaris (10 %), the MAR treatment
with an addition of the Rovabio® enzyme (0,005 %) to the microalgae (10 %) and the MAM
treatment with an addition of an enzymatic mixture (0,010 %) to the microalgae (10 %). The
following productive indices were evaluated: live weight (LW), body weight gain (BWG), feed
intake, conversion index (CI), effect of the treatment on the relative weight of the crop,
gizzards, pancreas, liver, duodenum, jejunum, ileum and both cecos; in the length of
duodenum, jejunum, ileum and cecum and the viscosity of duodenum, jejunum and ileum.
The results showed that in the first week of the study, the feed ingested was higher for the
MAM treatment. This treatment also presented a superior length of the jejunum compared
with the Control and MAR treatments. MAR and MAM treatments showed higher viscosity in
the duodenum and jejunum when compared with the MA treatment. In the ileum, the
treatments that contained microalgae showed higher viscosity compared to the Control.
Nevertheless, it was possible to conclude that the microalgae had no negative effects on the
performance of the broilers, however, viscosity is a factor that should be improved in the
diets of these animals when the incorporation of Chlorella vulgaris is used.

Key-words: Broiler, Chlorella vulgaris, broiler performance, intestinal viscosity

iv
Índice

Agradecimentos ..................................................................................................................... ii

Resumo ................................................................................................................................. iii

Abstract ................................................................................................................................. iv

Lista de Figuras .................................................................................................................... vii

Lista de Quadros ................................................................................................................. viii

Lista de abreviaturas ............................................................................................................. ix

1. Introdução ...................................................................................................................... 1

2. Alimentação de frangos de carne ................................................................................... 2

2.1. Sistema digestivo .................................................................................................... 3

2.2. Necessidades nutricionais ....................................................................................... 5

2.3. Alimentação de frangos de carne ............................................................................ 6

2.3.1. Alimentos alternativos ...................................................................................... 8

2.3.1.1. Grãos de leguminosas .............................................................................. 8

2.3.1.2. Insetos ...................................................................................................... 9

2.3.1.3. Proteínas aquáticas ......................................................................................10

3. Microalgas .....................................................................................................................10

3.1. O cultivo e o ambiente ...............................................................................................11

3.2. Resultados da utilização da microalga na alimentação ..............................................12

4. Chlorella vulgaris ...........................................................................................................13

4.1. Composição nutricional ..............................................................................................14

5. Enzimas ........................................................................................................................16

5.1. Rovabio® ...................................................................................................................17

6. Objetivo .........................................................................................................................17

7. Materiais e Métodos ......................................................................................................18

7.1. Animais e Instalações ............................................................................................18

7.2. Regimes Alimentares .............................................................................................19

7.3. Tratamentos e parâmetros .....................................................................................21

7.4. Análise Estatística ..................................................................................................22

v
8. Resultados ....................................................................................................................24

8.1. Peso vivo e Ganho médio diário .............................................................................24

8.2. Alimento Ingerido ...................................................................................................24

8.3. Índice de conversão ...............................................................................................25

8.4. Dimensão dos órgãos ............................................................................................25

8.5. Viscosidade ............................................................................................................27

9. Discussão .....................................................................................................................27

10. Conclusão..................................................................................................................31

11. Bibliografia .................................................................................................................32

vi
Lista de Figuras

Figura 1. Evolução da produção de carne de frango no mundo desde 2012 a 2018............. 2


Figura 2. Produção de frango de carne em Portugal de 2015 a 2017 ................................... 3
Figura 3. Ilustração do sistema digestivo da galinha doméstica............................................ 4
Figura 4. Esq:Ilustração da célula da Chlorella; Dir: microalgas de Chlorella vulgaris..........14
Figura 5. Imagem das duas filas de gaiolas com os frangos ................................................18
Figura 6. Aspeto visual dos quatro regimes alimentares de crescimento para frangos
realizados para o ensaio ......................................................................................................20
Figura 7. Planta da sala de acordo com a distribuição dos regimes em cada gaiola ............21
Figura 8. Pesagem do frango durante o ensaio ...................................................................22
Figura 9. Empastamento dos bicos em dois regimes alimentares diferentes. Esq. Regime
com Chlorella, Dir. Regime Controlo ....................................................................................28

vii
Lista de Quadros

Quadro 1. Exemplos de alimentos alternativos utilizados na alimentação animal para


frangos.................................................................................................................................................... 8
Quadro 2. Perfil de aminoácidos de dois alimentos (Chlorella vulgaris e Soja) e valores de
referência (OMS/FAO) ....................................................................................................................... 14
Quadro 3. Composição simples de açúcares na parede celular da Chlorella vulgaris .......... 15
Quadro 4. Composição de ácidos gordos da Chlorella vulgaris ................................................ 16
Quadro 5. Valores percentuais de SFA, MUFA, PUFA, n-3, n-6, n-3/ n-6 e DHA/EPA,
calculados a partir dos lípidos totais................................................................................................ 16
Quadro 6. Formulação percentual dos quatro regimes alimentares em estudo ...................... 19
Quadro 7. Análise química aos quatro regimes estudados em frangos ................................... 20
Quadro 8. Registo do peso vivo durante todo o ensaio em frangos e do ganho médio diário
do ensaio. Desde os 14 dias de idade até aos 35 dias de idade................................................ 24
Quadro 9. Alimento ingerido apenas os quatro regimes experimentais em frangos. ............. 25
Quadro 10. Índice de conversão (g/g) nos frangos. ..................................................................... 25
Quadro 11. Efeito do regime no peso relativo (g/kg de peso vivo) do papo, moela, pâncreas,
fígado, duodeno, jejuno, íleo e 2 cecos (cm/kg de peso vivo) e no comprimento (duodeno,
jejuno, íleo e 1 ceco) dos frangos .................................................................................................... 26
Quadro 12. Efeito do regime alimentar na viscosidade (sp) dos conteúdos do
duodeno+jejuno e íleo dos frangos.................................................................................................. 27

viii
Lista de abreviaturas

DHA – Ácido docosahexaenóico

DPA – Ácido docosapentaenóico

EPA – Ácido eicosapentaenóico

FMV – Faculdade de medicina veterinária

GMD – Ganho médio diário

IC – Índice de conversão

MA – Regime com adição de Chlorella

MAM – Regime com adição de Chlorella e a mistura enzimática

MAR – Regime com adição de Chlorella e Rovabio®

PNA – Polissacáridos não aminácidos

PUFA – Ácidos gordos polinsaturados

PV – Peso vivo

SFA – Ácidos gordos insaturados

UE – União europeia

ix
1. Introdução
Face ao desenvolvimento populacional e ao aumento dos rendimentos familiares, a
procura por produtos de origem animal tende a aumentar no setor pecuário. Esta procura
tem como consequência um aumento na produção de milho e soja, sendo estas, duas das
matérias-primas mais utilizadas em todo o mundo na alimentação animal (Madeira et al.
2017).

De acordo com Aviagen (2018), as proteínas presentes nos alimentos, como as que
se encontram nos grãos de cereais e no bagaço de soja são decompostas pela ação da
digestão em aminoácidos. A qualidade proteica das dietas é baseada no nível do equilíbrio e
da digestibilidade dos aminoácidos essenciais.

A proteína utilizada na alimentação dos frangos é um dos ingredientes mais caros


incorporados nas suas dietas. Nutricionalmente e economicamente, o uso adequado de
proteínas é essencial em todos os sistemas de alimentação, sendo a sua taxa de utilização
uma variável direta para os custos de produção (Beski et al. 2015).

Atualmente, as produções de milho e soja começam a tornar-se insustentáveis,


sendo por isso necessário a procura de alimentos alternativos (Madeira et al. 2017). As
microalgas são consideradas como uma das alternativas para a incorporação na
alimentação animal. São consideradas como um suplemento alimentar ricos em proteínas,
hidratos de carbono, lípidos, minerais, vitaminas, pigmentos e enzimas (El-abd e Hamouda
2017). A sua incorporação fornece aminoácidos essenciais, polissacáridos, ácidos gordos
polinsaturados, monoinsaturados, n-3 e n-6 (Priyadarshani e Rath 2012).

Os efeitos anti nutricionais reduzem a eficiência das microalgas pelo organismo dos
animais monogástricos, impedindo assim que sejam digerida devido à sua parede celular
(Madeira et al. 2017). Contudo a investigação na área da indústria alimentar para os
animais, procura melhorar a biodisponibilidade dos nutrientes e a sua digestão, através da
utilização de enzimas. A aplicação combinada de enzimas pode resultar como efeito aditivo
na utilização dos nutrientes, melhorando o desempenho do animal (Madeira et al. 2017).

Neste contexto, o presente estudo tem como objetivo a observação dos índices
produtivos em frangos de carne, quando alimentados com adição de Chlorella vulgaris em
com a incorporação de diferentes enzimas.

1
2. Alimentação de frangos de carne
A avicultura é um setor dentro da produção animal que continua em permanente
evolução, tendo como base a eficiência animal e o seu bem-estar. Esta eficiência é afetada
por diversos fatores, entre eles, a genética, a alimentação, o maneio e o ambiente.

Atualmente as estirpes de frangos de carne sofreram uma considerável pressão


seletiva direcionada para o rápido crescimento inicial, alto rendimento da carcaça e alta
eficiência na conversão alimentar (Gholami et al. 2017). No que diz respeito à criação dos
frangos, deve-se proporcionar um ambiente que permita que as aves alcancem um
desempenho ótimo na sua taxa de crescimento, uniformidade, eficiência alimentar e
rendimento, assegurando também que o bem-estar da ave não seja comprometido
(Aviagen, 2018).

A produção e comercialização internacional de carne de frango tem crescido


rapidamente nos últimos anos, como ilustra a Figura 1. Em muitos países, a carne de frango
é cada vez mais consumida como fonte acessível de proteína animal, contrariamente à
carne de porco e bovino devido a crenças, religiões e o preço (Horne e Achterbosch 2008).
De acordo com a FAO, em 2017, a carne de aves apresentou cerca de 37 % da produção
global de carne, sendo os Estados Unidos da América o maior produtor mundial (18 % da
produção mundial), seguidamente da China, Brasil e a Rússia.

Produção mundial de carne de frango de


2012 a 2018
100000

80000
mil toneladas

60000

40000

20000

0
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Ano

Produção anual de carne de frango

Figura 1. Evolução da produção de carne de frango no mundo desde 2012 a 2018. Fonte:
https://www.statista.com/statistics/237637/production-of-poultry-meat-worldwide-since-1990/
consultado a 27/07/2020.

2
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (2017) a produção de frango em
Portugal, alcançou as 318 mil toneladas com um acréscimo de 5,4 %, comparativamente ao
ano anterior, consequência da maior produção nacional dos aviários de multiplicação e da
importação de pintos do dia (Figura 2). Os dados dos abates confirmaram o dinamismo da
atividade neste segmento, expresso pelo aumento do número de cabeças e sobretudo do
volume, resultando num peso médio de carcaça de frango superior em cerca de 3 %,
relativamente a 2016. É de referir também, o aumento da importação de pintos do dia para
produção de carne (+53 %, face a 2016) e a redução das saídas para o exterior (-9 %).

Produção de frango de carne em Portugal


de 2015 a 2017

400
300
103 t

200
100
0
2015 2016 2017
Ano

Produção de frango de carne

Figura 2. Produção de frango de carne em Portugal de 2015 a 2017. Fonte: INE, I. P., Estatísticas da
produção animal.

2.1. Sistema digestivo


O sistema digestivo das aves é composto por um bico, língua, esófago, papo,
proventrículo, moela, intestino delgado, ceco, cólon e cloaca, como consta na Figura 3. A
digestão inclui todas as alterações físicas e químicas que os alimentos podem sofrer antes
de serem absorvidos pelo intestino. Os desenvolvimentos dos órgãos são variáveis
consoante o tamanho da ave, o tipo de alimentos e outros fatores. As aves que ingerem
alimentos mais fibrosos, grosseiros, tendem a ter um sistema digestivo maior que o normal
(Sturkie 1965).

3
Figura 3. Ilustração do sistema digestivo da galinha doméstica. Adaptado de:
https://zootecnicainternational.com/poultry-facts/impact-grain-type-performance-broilers-necrotic-
enteritis-challenge/ consultado: 02/12/2019

O bico tem como função a apreensão do alimento, que seguidamente é deglutido


com a ajuda da língua, apresentando esta papilas gustativas e táteis. As glândulas salivares
estão presentes na cavidade bocal e são responsáveis pela segregação da saliva, contendo
esta a enzima amílase e caracterizada por ter um pH ligeiramente alcalino (Santos 2008).
De seguida apresenta-se o esófago que serve de transporte para o alimento desde a faringe
até ao proventrículo, passando pelo papo (Mendes 2015). O papo tem como função o
armazenamento do alimento antes de este passar para o proventrículo. O tempo de
permanência dos alimentos no papo é, em média, de 1 a 2 horas, estando este dependente
da moela (Mendes 2015).

O proventrículo é um pequeno espaçamento de tecido secretório, que antecede a


moela, e que produz a enzima pepsina e o ácido clorídrico. A digestão inicia-se neste
compartimento devido ao muco produzido ter um valor de pH 4 (Santos 2008). Após o
proventrículo, o alimento passa para a moela, um órgão muito musculado, com um pH entre
2,2 e 3,6 (Puerta 2019). Este tem uma ação mecânica sobre os alimentos, triturando-os
pelos movimentos rítmicos e misturando os mesmos com ácido clorídrico (Mendes 2015).

O intestino delgado é constituído pelo duodeno, jejuno e íleo (Sturkie 1965). É aqui
que ocorre a grande parte da digestão e absorção dos nutrientes, demorando até 3 horas.
No duodeno dá-se a continuação da digestão dos alimentos vindos da moela com a adição
das enzimas vindas do pâncreas. No jejuno é onde existe a grande parte da absorção dos
nutrientes. Na fase final do jejuno e no íleo, o conteúdo resultante da digestão já se encontra
com um pH alcalino (Santos 2008). Os cecos apresentam uma estrutura em forma de saco,

4
contendo uma elevada atividade microbiana. Aqui é onde ocorre a hidrólise parcial da
celulose e de outros polissacáridos não amiláceos (PNA), a reabsorção da água presente no
material fecal e algumas fermentações (Mendes 2015). Por fim, o cólon conduz os
conteúdos resultantes da digestão para a cloaca. Existindo ainda, pelo trajeto, a absorção
de água, alguns produtos da digestão e sais minerais (Mendes 2015). A cloaca é a cavidade
terminal do sistema digestivo, urinário e reprodutor que contacta com o exterior (Mendes
2015).

2.2. Necessidades nutricionais


O alimento ingerido é considerado como o material que, após a ingestão pelos
animais, é capaz de ser digerido, absorvido e utilizado de forma eficiente (McDonald et al.
2010). As aves domésticas necessitam de nutrientes para manter a sua manutenção,
permitindo assim o crescimento do animal. Atualmente as aves necessitam de um
fornecimento constante de energia, proteína, aminoácidos essenciais, ácidos gordos
essenciais, minerais e vitaminas. A maior parte da energia e dos nutrientes necessários são
obtidos através da digestão de alimentos naturais, mas no que diz respeito aos minerais,
vitaminas e alguns aminoácidos essenciais (lisina, metionina, treonina e triptofano) são
frequentemente administrados como suplementos sintéticos (Ravindran 2013).

De acordo com as normas de Santomá e Mateos (2018), no caso das aves as


necessidades energéticas são expressas em energia metabolizável aparente. Um dos
princípios básicos da nutrição avícola consiste na autorregulação do alimento ingerido pelo
frango com base nas suas necessidades energéticas. Segundo as especificações de
nutrição da Aviagen (2014), o nível de energia metabolizável para frangos entre os 11 e os
24 dias de idade é de 3100 kcal e para frangos entre os 25 dias e o abate é de 3200 kcal.

No que diz respeito ao teor proteico das dietas dos frangos, pode-se considerar que
estes não necessitam de proteína, mas de aminoácidos digestíveis. Logo, o nível de
proteína bruta das matérias-primas pode ser reduzido consideravelmente quando formulado
com aminoácidos digeríveis (Santomá e Mateos 2018). A metionina é o primeiro aminoácido
limitante em aves alimentadas com dietas à base de milho e soja. Atua como um
aminoácido essencial na síntese das proteínas, mas também influência o metabolismo
lipídico. Os requisitos de metionina nas dietas dos frangos são diferentes durante o seu
crescimento, afetando a qualidade da carne e a sua estabilidade oxidativa (Wen et al. 2017).

A metionina tem uma ação direta e importante na composição das penas para a
síntese de queratina. A queratina é uma proteína fibrosa que precisa deste aminoácido para

5
o desenvolvimento das penas como agente de termorregulação dos frangos (Emous e
Krimpen 2019).

Segundo Liu et al. (2019), a lisina é o segundo aminoácido essencial limitante. É um


aminoácido necessário na nutrição dos frangos, tendo um papel importante na manutenção
do crescimento dos mesmos (Khwatenge et al. 2020). A lisina interage com os outros
aminoácidos através das suas vias metabólicas, contribuindo para a utilização de proteínas
na alimentação das aves. A disponibilidade e a digestibilidade são importantes no que diz
respeito à formulação de dietas uma vez que podem afetar a performance do frango e a sua
qualidade da carcaça (Khwatenge et al. 2020).

Aviagen (2014), refere que o teor proteico a ser introduzido na alimentação para
frangos entre os 11 e os 24 dias deve ser de 21,5 % e para frangos em acabamento, entre
os 25 dias e o abate, de 19,5 %.

De acordo com Santomá e Mateos (2018) as necessidades de fibra para os frangos


não se encontram bem determinadas. Sabe-se que os frangos de carne necessitam de uma
certa quantidade de fibra para o bom funcionamento intestinal. Segundo Saadatmand et al.
(2019), a parte fibrosa presente na alimentação provém das matérias-primas utilizadas,
dependendo do tipo de dieta e da quantidade de fibra inerente. Esta, por sua vez, melhora o
bom desempenho dos órgãos do sistema digestivo.

O cálcio tem uma grande influência nas dietas dos frangos no que diz respeito ao
crescimento, eficiência alimentar, desenvolvimento esquelético, função dos nervos, e ao
sistema imunitário (Aviagen 2018). As necessidades de cálcio variam ao longo do
crescimento, desde os 0,87 % para frangos em crescimento até aos 0,79 % para frangos em
fase de acabamento (Aviagen, 2014).

O fósforo tem mais funções conhecidas de que qualquer outro elemento mineral no
corpo dos animais (McDonald et al. 2010). Estudos realizados sobre o efeito dos níveis de
fósforo nas dietas dos animais, mostram que uma alta ingestão afeta negativamente o
metabolismo do cálcio e todas as funções ósseas, enquanto que, dietas com baixo teor de
fósforo limita o crescimento desses mesmos animais (Li et al. 2016). A Aviagen (2014)
indica valores de 0,435 % para frangos em crescimento e 0,395 % para frangos em fase de
acabamento.

2.3. Alimentação de frangos de carne


As melhorias da genética animal têm um impacto ao nível da produção de alimentos
para os animais (Behnke 1996). As fontes de energia são o constituinte de maior

6
importância na dieta das aves, seguidas pelas fontes de proteína. Globalmente, o milho (Zea
mays) é a fonte de energia mais usada enquanto que a soja (Glycine max) é a fonte proteica
mais comum. No entanto, a utilização do trigo (Triticum spp.), do sorgo (Sorghum vulgare) e
do girassol (Helianthus annuus) são outras fontes comummente utilizadas (Ravindran 2013).

De acordo com Ravindran (2013), os ingredientes mais utilizados atualmente na


avicultura na maior parte do mundo são:

1. Energia:
 Cereais (principalmente milho, trigo, sorgo) e subprodutos de cereais;
 Óleos vegetais.
2. Proteína:
 Bagaço de soja.
3. Suplementos minerais:
 Suplemento de cálcio: carbonato de cálcio, casca de ostra.
 Suplemento de cálcio e fósforo: fosfato dicálcico, fosfato monocálcico;
 Minerais: premix de minerais;
 Fonte de sódio: sal, bicarbonato de sódio.
4. Outros:
 Suplementos vitamínicos: premix de vitaminas;
 Aminoácidos: metionina, lisina, treonina;
 Aditivos alimentares: enzimas, coccidiostáticos, etc.

O milho é o cereal mais utilizado mundialmente na alimentação das aves devido ao


seu valor energético. Comparando com outros tipos de cereais, este apresenta maior
digestibilidade do amido. O milho é rico em xantofilas, particularmente disponíveis e eficazes
para a coloração da gema e pele em aves geneticamente capazes de fixar esses pigmentos
(Larbier e Leclercq 1992).

O trigo apresenta uma grande variedade quanto ao seu teor proteico dependendo da
cultivar que se utiliza, do grau de desenvolvimento do grão, das condições climáticas, o tipo
de solo, entre outros fatores. Contudo, pode apresentar assim, uma variação do seu teor
proteico entre os 8% e os 14% (Mandarino 1994). Embora seja considerado uma fonte mais
proteica e forneça menos energia que o milho, existem alguns problemas associados á sua
ingestão. A presença de pentosanos, nomeadamente os arabinoxilanos causam problemas
na viscosidade ao nível dos conteúdos digestivos, isto, devido á insuficiente produção de
xilanases, aumentando assim, a viscosidade dos conteúdos digestivos (Leeson e Summers
2005).

7
O trigo é um cereal que tem limites de incorporação nos regimes alimentares. Mais
de 30 % da sua incorporação pode levar á acumulação dos detritos no bico da ave, o que
pode provocar uma redução na atividade alimentar desse animal (Leeson e Summers 2005).

O bagaço de soja é utilizado como uma fonte principal de proteínas (Vahjen et al.
2005). A constituição de proteína bruta varia entre os 38 a 48 %, dependendo do método de
extração do óleo e da qualidade do grão (Ravindran 2013). Choct et al. (2010) referenciam
que o bagaço de soja também é constituído por 35 % de hidratos de carbono, 10 % de água,
5 % de minerais e menos de 1 % de gorduras.

2.3.1. Alimentos alternativos


A utilização de alimentos alternativos na alimentação das aves começa a ser uma
prática habitual no setor. Com o aumento das preocupações ambientais e a dependência da
existente na produção de alimentos por países terceiros, leva a uma necessidade pela
procura de alimentos proteicos alternativos com o objetivo de substituir a soja (Chisoro
2015). De acordo com o Regulamento (CE) nº 1069/2009 da União Europeia (UE) a
utilização de subprodutos animais para a sua alimentação está proibida no caso das aves, à
exceção da farinha de peixe. Outros países fora da UE utilizam a farinha de peixe e farinha
de carne na formulação de regimes alimentares (Leeson e Summers 2005).

Atendendo á existência de uma vasta quantidade de matérias-primas que se pode


utilizar, Poel et al. (2013) estudaram alguns alimentos alternativos, considerando a sua
possível produção na Europa. Com base neste critério enumerou uma pequena lista descrita
no Quadro 1.

Quadro 1. Exemplos de alimentos alternativos utilizados na alimentação animal para frangos.


Adaptado de:(Van der Poel et al.2013)

Categoria do alimento Alimento


Grãos de leguminosas Ervilha (Pisum sativum L.), fava (Vicia faba), tremoço
(Lupinus albus), grão-de-bico (Cicer arietinum)
Insetos Insetos adultos e larvas
Proteínas aquáticas Lentilha-de-água, algas (micro e macro algas)

2.3.1.1. Grãos de leguminosas


Os grãos de leguminosas contribuem significativamente para o fornecimento de
proteínas, no entanto deve-se ter em atenção os fatores anti nutricionais presentes nos
grãos, como os taninos (Van der Poel et al. 2013). O teor proteico da ervilha pode variar

8
entre os 16 e 32 %, com um perfil de aminoácidos bem equilibrado na lisina, resultando de
um bom complemento com cereais (Iji et al. 2017).

A fava contém cerca de 25 a 35 % de proteína e 40 a 48 % de amido, sendo assim


uma fonte rica de proteína e energia para os animais. O seu perfil em aminoácidos
apresenta uma alta concentração de lisina (5,4 a 6,8 %) e um baixo teor de metionina (0,6 a
1,0 %). Contém aproximadamente 1 % de lípidos, com uma alta proporção de ácido linoleico
e linolénico. Os fatores anti nutricionais são inibidores de protéase, taninos e lectinas (Iji et
al. 2017).

O tremoço é muito rico em proteína (35 %), mas todas as variedades cultivares
apresentam fatores anti nutricionais nomeadamente os alcaloides. Os alcaloides têm um
sabor amargo, logo resulta de uma diminuição da ingestão do tremoço (Iji et al. 2017).

O grão-de-bico é particularmente rico em lisina, dos quais estão presentes 6 % a 7 %


da proteína total, mas contem quantidades variáveis de inibidores de tripsina e quimotripsina
(Iji et al. 2017).

2.3.1.2. Insetos
Chen et al. (2009) relata que os insetos são um alimento nutritivo ricos em proteínas,
aminoácidos, gordura, vitaminas e oligoelementos. A utilização de proteínas animais
processada (exceto a farinha de peixe) é proibida na UE para aves, suínos, e ruminantes,
contudo esta proibição poderá ser alterada com mais investigação no setor (Van der Poel et
al. 2013). A constituição dos insetos é muito variável de acordo com as espécies e o seu
estado de desenvolvimento (larva, pupa e adulto) (Ravindran 2013). A fração proteica pode
variar entre 40 % a 75 % (Ravindran 2013). O teor de gordura, por sua vez, oscila entre os
10 % e os 50 %, e a constituição de ácidos gordos essenciais é muito diferente da gordura
animal. Análises realizadas aos insetos mostram que estes são ricos em minerais como
potássio, sódio, cálcio, cobre, ferro, zinco, manganês e fósforo (Chen et al. 2009). No que
diz respeito às vitaminas, estes apresentam caroteno e vitaminas A, B1, B2, B6, D, E, K e C
(Chen et al. 2009).

Biasato et al. (2012), estudaram a incorporação de farinha de larva do Tenebrio


molitor na alimentação de frangos (Ross 708), com diferentes incorporações (5 %, 10 % e
15 %) durante 53 dias. Observaram que o peso vivo aos 12 e 25 dias foi significativamente
superior para os regimes com 10 e 15 %. A ingestão foi superior do dia 1 ao dia 25 com 15
% da farinha de larva. O índice de conversão apresentou melhor valor para o regime com 15
% durante todo o ensaio (1-53 dias). Biasato et al. (2012) chegaram assim à conclusão de

9
que a inclusão da farinha de larva pode melhorar o peso vivo e a ingestão, mas afetar
negativamente o efeito da eficiência alimentar.

2.3.1.3. Proteínas aquáticas


A lentilha-de-água é uma planta aquática de flutuação livre, existindo quatro géneros
de espécies (Spirodela, Lemna, Wolffiella e Wolffia) caracterizadas por um crescimento
rápido. A sua constituição proteica é muito rica, variando entre 20 % a 40 %, tendo
concentrações muito altas de aminoácidos essenciais como a lisina e metionina (Shammout
e Zakaria 2015).

Num estudo realizado em frangos de carne por Shammout e Zakaria (2015), foi
descoberto que, apesar do seu elevado teor proteico, a lentilha também fornece uma boa
fonte de vitaminas e minerais e que, quando comparada com outros alimentos utilizados na
alimentação animal, a percentagem de fibra não excede os 5 %, possuindo assim muito
pouco material indigestível para os animais monogástricos (Shammout e Zakaria 2015).

As algas representam um grupo heterogéneo de plantas existindo dois tipos


principais, as macroalgas e as microalgas (Iji et al. 2017). Van der Poel et al. (2013),
afirmam que existem três algas importantes, ricas em proteínas que são produzidas
comercialmente: Aphanizomenon flos-aquae, Spirulina e a Chlorella. A utilização das
microalgas na alimentação animal tem um impacto positivo devido á sua composição
química (Spolaore et al. 2006). Apresentam um alto teor de proteínas que varia consoante a
espécie. Os hidratos de carbono podem ser encontrados sob a forma de amido, glicose,
açucares e outros polissacáridos. No que diz respeito á constituição lipídica, esta varia entre
1 % a 70 %, dos quais compostos de glicerol, açucares e ácidos gordos saturados e
insaturados (n3 - ácido linolénico, n6 – ácido linoleico). O teor vitamínico é constituído por
vitamina A, B1, B2, B3, B5, B6, B7, B9, B12, C, E. As microalgas são ricas em pigmentos
como a clorofila e os carotenoides. A digestibilidade geral é elevada, razão pela qual não
existe uma limitação no seu uso nos alimentos para os animais (Spolaore et al. 2006).

3. Microalgas
As algas são divididas por macroalgas, microalgas e cianobactérias. As macroalgas
representam as algas marinhas e são um organismo eucariota. As microalgas, são
organismos eucarióticas e procarióticas e a maior parte são unicelulares. As cianobactérias,
também conhecidas como algas verde-azuladas ou bactérias unicelulares são organismos
procariotas (Yang et al. 2019; Ferrell e Sarisky-Reed 2010).

10
3.1. O cultivo e o ambiente
Os problemas ambientais tais como o aquecimento global, o aumento das emissões
de CO2 para a atmosfera, a desflorestação, entre outros, têm sido uma preocupação da
atualidade quando se pensa no futuro (Al-qasmi et al. 2012). A produção de biodiesel é
mundialmente obtida de muitos ingredientes, também utilizados na alimentação animal
como são o exemplo a soja e o milho. A preocupação por uma produção sustentável leva à
procura de outras matérias-primas que necessitem de menos recursos para uma maior
produção (Singh et al. 2011). As microalgas são um dos alimentos alternativos, pois
necessitam de menores áreas para o seu cultivo comparando com as culturas tradicionais
(Al-qasmi et al. 2012).

O modo de produção de cada alimento difere significativamente assim como o


rendimento produtivo e a área utilizada. De acordo com Singh et al. (2011), as microalgas
necessitam de menos terra arável comparativamente com outros alimentos convencionais,
resultando assim em maiores produções por área. É de salientar que, o tipo de cultivo é
também um fator positivo na produção de microalgas, tendo oportunidade de produzir este
tipo de alimento para os animais em terras inativas, não havendo assim competição direta
com os alimentos convencionais no que diz respeito à alimentação animal (Judith et al.
2019).

Segundo Singh et al. (2011), as microalgas têm um ciclo muito curto de produção,
dependendo do tipo de processo, permitindo colheitas contínuas ou múltiplas tendo, por isso
maiores rendimentos de produção. Devido a uma alta eficiência fotossintética, a utilização
de fertilizantes e nutrientes é reduzida, resultando num impacto significativo na poluição que
os fertilizantes causam no meio ambiente.

A produção em larga escala das microalgas é um processo dispendioso


comparando com os alimentos convencionais. Isto, devido ao meio de cultura aquático e aos
parâmetros físico-químicos inerentes à sua manutenção. Para o crescimento fotossintético,
as microalgas necessitam de luz, temperatura (20-30⁰ C), dióxido de carbono, água e sais
inorgânicos, tal como o azoto, fósforo, ferro e silício (Antunes e Silva 2010).

A composição em nutrientes é muito variável entre as espécies de microalgas,


podendo ser prejudicial quanto à padronização das matérias-primas utilizadas na
alimentação (Judith et al. 2019). No entanto Judith et al. (2019), afirmaram que o valor
nutricional das microalgas não só é determinado pela composição química, como também
depende da utilização dos nutrientes por parte do animal.

11
3.2. Resultados da utilização da microalga na alimentação
A utilização das microalgas nos alimentos compostos tem vindo a sofrer avaliações
nutricionais e toxicológicas, demonstrando ser um potencial suplemento alimentar ou
substituto de fontes de proteína convencionais (Becker 2007).

Diversas espécies de microalgas na alimentação animal têm sido alvo de várias


experiências de modo a influenciar beneficamente a saúde, o desempenho e a qualidade da
carne das aves (Świątkiewicz et al. 2015). Toyomizu et al. (2010), comprovaram que a
inclusão de microalgas beneficia a composição em ácidos gordos, no entanto, pode afetar
negativamente os fatores sensoriais da carne.

Segundo Dineshbabu et al. (2019), o perfil nutritivo das microalgas complementa a


alimentação regular fornecendo ácidos gordos polinsaturados (PUFA), pigmentos que
afetam a coloração do músculo e tem propriedades antioxidantes.

Um estudo realizado por Evans et al. (2015), sobre a incorporação de diferentes


percentagens de Spirulina nos regimes para frangos, constatou que a sua utilização até 16
% da microalga não prejudicava o desenvolvimento dos animais nem a respetiva taxa de
conversão alimentar. Contudo, Toyomizu et al. (2010) verificou que o aumento da
incorporação da microalga tinha como consequência o amarelecimento de vários tecidos,
nomeadamente do peito, da pele, da gordura e do fígado, sendo um fator visual positivo
para o consumidor. Recentemente, os estudos de Shanmugapriya et al. (2015), indicaram
que a sua utilização melhora o ganho médio corporal, a taxa de conversão alimentar, o
comprimento das vilosidades intestinais e diminui o peso relativo da gordura abdominal.

Num outro estudo de Bonos et al. (2016), a suplementação com a utilização


Arthrospira platensis aumentou a concentração de ácidos gordos polinsaturados, como o
ácido eicosapentaenóico (EPA), ácido docosahexaenóico (DHA) e o ácido
docosapentaenóico (DPA), presentes na carne da coxa.

No que diz respeito à microalga Chlorella, Kotrbáček et al. (2015), relataram que um
nível muito baixo de incorporação nas dietas pode afetar o desempenho do animal. Num
estudo realizado por Combs (1952), a inclusão de 10 % da microalga na dieta resultou num
aumento acentuado no crescimento e melhoria na eficiência alimentar dos frangos. Esta
melhoria deveu-se ao alto teor de riboflavina, caroteno e várias vitaminas do complexo B.
Abdelnour et al. (2019), relatou que a adição da Chlorella, com 5 % a 10 % nos regimes,
forneceu um suplemento proteico adequado, que não teve efeitos prejudiciais ao

12
crescimento das aves, e melhorou a digestibilidade da fibra bruta, contribuindo para o
aumento de peso corporal e redução do custo da alimentação.

Segundo Abdelnour et al. (2019), a quantidade e a qualidade da proteína da


Chlorella pode aumentar o ganho de peso dos frangos. A utilização da microalga beneficia
os frangos devido aos aminoácidos essenciais e fatores antioxidantes presentes, mas por
outro lado, a má palatabilidade pode levar a um decréscimo da ingestão e, por
consequência, a diminuição do ganho médio diário e um período mais longo de engorda
(Abdelnour et al. 2019)

An et al. (2016), estudaram a incorporação de Chlorella, com 0.05 %, 0.15 % e 0.5 %


na alimentação de frangos. Não detetaram nenhuma alteração do peso relativo dos órgãos,
na percentagem relativa do rendimento do músculo dos peitos e das pernas. No caso de
Yan e Kim (2013), a inclusão de Schizochytrium aumentou significativamente o ácido gordo
n-3 e os ácidos gordos insaturados (SFA) comparativamente a um regime padrão. Os
autores afirmaram que o ácido gordo n-3 na carne pode ser melhorado aumentando os
níveis de ácidos gordos polinsaturados dos regimes, e que a analise das carne apresenta
baixas concentrações de SFA, mas concentrações mais elevadas de PUFA e ácidos gordos
n-3.

De acordo com a literatura, Świątkiewicz et al. (2015) verificou que, mesmo utilizando
diversas espécies de microalgas, a maioria pode ser adicionada aos regimes alimentares
das aves. No caso da Spirulina e da Chlorella, estas podem ser utilizadas para aumentar a
pigmentação e os ácidos gordos presentes na carne. No que diz respeito aos índices
zootécnicos, Yan e Kim (2013), utilizaram a microalga Schizochytrium JB5 na alimentação
de frangos (0.1 e 0.2 % na sua incorporação) e, afirmaram que não houve alterações no
ganho médio corporal, na taxa de ingestão alimentar e na taxa de conversão alimentar, mas
sim na composição nutricional da carne. A incorporação da microalga nos dois tratamentos
reduziu a proporção de ácidos gordos n-6 / n-3 e o conteúdo de SFA em comparação com o
tratamento controlo. Melhorou também a composição de ácidos gordos da carne do peito
sem afetar o desenvolvimento dos frangos comparativamente ao tratamento controlo.

4. Chlorella vulgaris
A Chlorella vulgaris é uma microalga unicelular que pertence às microalgas verdes,
da família Chlorophyta (Ahmad et al. 2018). A sua estrutura morfológica é de célula
microscópica esférica com 2 a 10 μm de diâmetro e possui muitos elementos estruturais
semelhantes às plantas (Safi et al. 2014) (Figura 4). De uma forma geral, o seu valor
nutritivo é muito rico, contendo proteínas, lípidos, hidratos de carbono, oligoelementos e

13
vitaminas, tais como, complexo B, tiamina, C, D, E e K. É uma microalga composta por mais
de 20 vitaminas e minerais, como ferro, potássio, cálcio, fósforo, magnésio, pró-vitamina A,

Figura 4. Esq:Ilustração da célula da Chlorella; Fonte: (Safi et al. 2014). Dir: microalgas de Chlorella
vulgaris; adaptado de : adaptado de (Fayad et al. 2017). Harvesting of microalgaeChlorella
vulgarisusingelectro-coagulation-flocculation in the batch mode

inositol, biotina e ácido fólico (Ahmad et al. 2018). Becker (2013), afirma que em termos de
percentagens, o valor da proteína varia entre 51 % a 58 %, os hidratos de carbono variam
entre 12 % a 17 % e o valor dos lípidos varia entre 14 % a 22 %.

4.1. Composição nutricional


As proteínas têm um papel importante no crescimento e manutenção da célula. O
conteúdo total de proteínas presente na Chlorella pode variar de acordo com as condições
de crescimento. A qualidade nutricional é determinada pelo seu perfil de aminoácidos
essenciais e não essenciais (Safi et al. 2014).

As proteínas são compostas por diferentes aminoácidos, logo, a sua qualidade


nutricional é determinada pelo seu conteúdo, proporção e disponibilidade de aminoácidos
(Becker 2007). Segundo um estudo de Becker (2007), comparando o perfil de aminoácidos
de referência (WHO/FAO) com a Chlorella e um alimento convencional, a soja, notou que
não existe grandes diferenças entre elas, como apresentado no Quadro 2.

Quadro 2. Perfil de aminoácidos de dois alimentos (Chlorella vulgaris e Soja) e valores de referência
(OMS/FAO) (g por 100g de proteína). Adaptado de: (Becker 2007)

Ile Leu Val Lys Phe + Tyr Met + Cys Try Thr Ala Arg Asp Glu Gly His Pro Ser

OMS/FAO 4.0 7.0 5.0 5.5 6.0 3.5 1.0 4.0


Chlorella
3.8 8.8 5.5 8.4 5.0 3.4 2.2 1.4 2.1 4.8 7.9 6.4 9.0 11.6 5.8 2.0 3.8 4.1
vulgaris

Soja 5.3 7.7 5.3 6.4 5.0 3.7 1.3 1.9 1.4 4.0 5.0 7.4 1.3 19.0 4.5 2.6 5.3 5.8

14
O perfil de aminoácidos analisado a partir da hidrolise das proteínas, fornece
informações sobre a qualidade nutricional, contudo não é possível diferenciar entre a
quantidade total e o grau de disponibilidade dos aminoácidos (Becker 2013). Assim sendo,
tratando-se de uma estrutura com uma parede celular, são necessários tratamentos
específicos para destruir essa parede e tornar acessível as proteínas às enzimas digestivas,
para se tornar um alimento de boa digestibilidade (Becker 2007).

No que diz respeito aos hidratos de carbono, estes representam um grupo de


açúcares redutores e um grupo de polissacarídeos como o amido e a celulose. O amido é o
polissacárido mais abundante, localizado no cloroplasto e é composto de amilose e
amilopectina, juntamente com os açúcares, que posteriormente são utilizados para fornecer
energia às células. A celulose confere uma barreira fibrosa protetora na parede celular, o β1-
3 glucano, sendo este um polissacárido muito importante que apresenta diversos benefícios
para a saúde (Safi et al. 2014). No Quadro 3 estão descritos alguns açúcares como sendo
os mais relevantes no estudo de Safi et al. (2014), dando destaque para o ramnose que
apresenta cerca de metade dos açúcares totais.

Quadro 3. Composição simples de açúcares na parede celular da Chlorella vulgaris. Adaptado de:
(Safi et al. 2014)

Açúcares neutros Percentagem (%)


Ramnose 45-54
Arabinose 2-9
Xilose 7-19
Manose 2-7
Galactose 14-26
Glucose 1-4

A presença de lípidos na microalga é variável de acordo com o seu modo e


condições de produção. Os ácidos gordos de maior destaque presentes na Chlorella são: o
ácido palmítico (C16:0), ácido esteárico (C18:0), ácido oleico (C18:1), ácido linoleico (C18:2)
e ácido linolénico (C18:3). De todos estes ácidos, o ácido palmítico e o oleico são os que
mais se destacam na composição lipídica, representando 50 a 62 % do seu total (Yeh e
Chang 2012).

Segundo Yeh e Chang (2012), se a concentração total de lípidos for superior a 40 %,


apresenta maior teor de C16:0 e C18:1, mas se for inferior a 30 % apresenta maior teor de

15
C16:0 e C18:2. Em condições favoráveis de cultivo para a alimentação, a Chlorella
apresenta maiores concentrações de ácidos gordos polinsaturados, como o C18:2, C18:3 e
o C20:5 (Safi et al. 2013).

Zheng et al. (2011), no seu estudo apresentado no Quadro 4, demostra que o C16:0,
C16:1 e o C18:1, são os mais abundantes nesta análise. Já os teores de ácidos gordos
insaturados e saturados apresentam valores elevados.

Quadro 4. Composição de ácidos gordos da Chlorella vulgaris. Adaptado de: (Zheng et al. 2011)

Ácidos gordos Composição de ácidos gordos (% de ácidos gordos


totais)
C14:0 0.92±0.1
C16:0 22.50±0.5
C16:1 23.31±0.3
C16:2 1.95±0.4
C18:0 2.18±0.2
C18:1 45.36±1.8
C18:2 1.14±0.1
C20:0 2.64±0.3
Ácidos gordos insaturados 71.76±2.5
Ácidos gordos saturados 28.24±0.7

Num estudo realizado por Tokusoglu e Ünal (2003), com diferentes microalgas, a
Chlorella apresentou os resultados descritos no Quadro 5, destacando-se na percentagem
de PUFA e ómega 3.
Quadro 5. Valores percentuais de SFA, MUFA, PUFA, n-3, n-6, n-3/ n-6 e DHA/EPA, calculados a
partir dos lípidos totais. Adaptado de: (Tokusoglu e Ünal 2003)

Chlorella vulgaris (%)


∑SFA 22.22
∑MUFA 35.44
∑PUFA 38.94
∑ n-3 29.21
∑ n-6 9.73
∑n-3/n-6 3.00
DHA/EPA 6.73

5. Enzimas
As enzimas têm como função a digestão dos polissacáridos não amiláceos (PNA),
que são hidratos de carbono complexos presentes nos grãos, permitindo o aumento da
digestibilidade dos alimentos. A sua utilização tem como consequência a diminuição da
viscosidade dos alimentos, melhorando a sua absorção pelos organismos (Suresh et al.
2019).

16
No setor avícola a utilização das enzimas exógenas, como as xilanases, amílases, β-
glucanase, pectinase, protéase, fitase, galactosidase, são algumas das mais utilizadas nos
alimentos compostos (Suresh et al. 2019).

A adição de enzimas nos alimentos compostos dos animais pode melhorar a


disponibilidade dos polissacáridos não amiláceos e, reduzir os impactos negativos e
tornando assim, os conteúdos digestivos menos viscosos. A diminuição da viscosidade dos
conteúdos digestivos está correlacionada com a eficácia das enzimas em digerir os seus
substratos (β-glucanas no caso da aveia e da cevada e arabinoxilanos no caso do trigo e do
centeio) (Leeson e Summers 2005).

5.1. Rovabio®
O Rovabio® é uma concentração de enzimas, do mesmo organismo e da mesma
fermentação de Penicillium funiculosum, contendo principalmente xilanase e β-glucanase
(West et al. 2007).

Segundo Lee et al. (2010), a utilização de enzimas como β-glucanase, xilanase,


protease e amílase, quebram as cadeias poliméricas dos PNA, melhorando o seu valor
nutricional. Lee et al. (2010) dizem-nos que a suplementação do alimento para os frangos
com β-glucanase e xilanase melhorou o ganho médio diário, a conversão alimentar e a
redução da viscosidade dos conteúdos digestivos, o que levou a um melhor contacto entre
as enzimas exógenas e os nutrientes, resultando num aumento da digestibilidade.

A utilização de xilanase, amilase, protease e fitase, em dietas à base de milho e


bagaço de soja, aumentaram a disponibilidade dos nutrientes, especialmente quando as
dietas são marginais nas necessidades nutricionais (West et al. 2007).

6. Objetivo
Este trabalho teve como objetivo principal a comparação de diversos regimes
alimentares para frangos quando incorporada a microalga Chlorella vulgaris em conjunto
com dois tipos de enzimas, o Rovabio® e uma mistura enzimática. Comparando a interação
das enzimas quando adicionadas aos regimes com a Chlorella. Esta comparação fez-se
através da análise dos índices zootécnicos.

17
7. Materiais e Métodos
O estudo foi realizado nas instalações experimentais da secção de Produção Animal
do Instituto Superior de Agronomia. Estudou-se o efeito da adição da microalga Chlorella
vulgaris nos índices produtivos com a utilização de frangos da estirpe Ross 308.

7.1. Animais e Instalações


Foram selecionados 120 frangos com 14 dias de idade da estirpe ROSS 308 de
ambos os sexos e de acordo com o seu peso. Posteriormente, foram anilhados
(identificados com um número) e distribuídos em grupos de 3 animais pelas 40 gaiolas de
forma homogénea. A sala onde decorreu o ensaio é composta por duas filas de gaiolas com
dois pisos cada, uma com 16 gaiolas e outra com 24 gaiolas (Figura 5). Cada gaiola tem
uma área de 2750 cm2 que equivale a 916,67 cm2 por frango. Tem ainda incorporado uma
linha de bebedouros com pipeta, um comedouro e um suporte para a incorporação de uma
lâmpada, que abrange duas gaiolas. Tanto o bebedouro como o comedouro foram ajustados
á altura dos animais durante todo o ensaio. Este ensaio teve a duração de 15 dias.

Figura 5. Imagem das duas filas de gaiolas com os frangos

18
No dia anterior à chegada dos frangos procedeu-se à preparação da sala, verificando
todas as pipetas e a instalação das lâmpadas de aquecimento de infravermelhos. As
lâmpadas foram utilizadas para o aquecimento da sala, atingindo valores compreendidos
entre os 24⁰ C e os 26⁰ C para o conforto térmico dos animais. A temperatura da sala foi
medida com um termómetro e regulada de acordo com as recomendações para a estirpe e o
conforto dos animais foi observado pela sua disposição por baixo da lâmpada. Quando a
temperatura da sala aumentou devido às condições climáticas externas e ao crescimento
dos animais, trocaram-se as lâmpadas de infravermelhos por lâmpadas de halogénio ligadas
durante 24 horas. O ambiente dentro da sala foi controlado por um sistema automático de
ventilação.

A limpeza da sala foi realizada de dois em dois dias, de modo a não criar um
ambiente conspurcado.

Uma semana antes do inicio do ensaio (14-21 dias de idade) foi distribuído um
alimento comercial de iniciação da empresa que já acompanhava os frangos desde o seu
nascimento, para não originar problemas de stress alimentar devido à adaptação das novas
instalações e do seu ambiente.

7.2. Regimes Alimentares


Os regimes alimentares apresentados na Figura 6 foram formulados de acordo com
as necessidades nutricionais para frangos em crescimento. Utilizaram-se como ingredientes
principais o milho e o bagaço de soja, sendo depois adicionados outros ingredientes de
acordo com cada regime em específico. No Quadro 6 apresenta-se a formulação dos quatro
regimes.

Quadro 6. Formulação percentual dos quatro regimes alimentares em estudo. Controlo, regime sem
qualquer adição de Chlorella; MA, regime com adição de Chlorella; MAR, regime com adição de Chlorella e
Rovabio®; MAM, regime com adição de Chlorella e a mistura enzimática.

Ingredientes Controlo MA MAR MAM


(%) (%) (%) (%)
Milho 56 55.5 55.5 55.5
Bagaço soja 47 % 37 26.5 26.5 26.5
Óleo de soja 3.6 4.14 4.14 4.14
Carbonato Cálcio 1.06 1 1 1
Fosfato bicálcico 1.44 1.5 1.5 1.5
Metionina sintética 0.28 0.36 0.36 0.36
Lisina sintética 0 0.37 0.37 0.37
Premix 0.3 0.3 0.3 0.3

19
Sal 0.33 0.33 0.33 0.33
Chlorella vulgaris 0 10 10 10
Rovabio® 0 0 0.005 0
Mistura enzimática 0 0 0 0.010

O regime de controlo é um alimento composto constituído essencialmente por milho


e bagaço de soja, não existiu nenhuma adição da microalga nem de enzimas. Aos três
regimes em que incidiu o estudo, Chlorella (MA), Chlorella+Rovabio® (MAR), Chlorella+Mix
(MAM) foi adicionado 10% da microalga. No regime MA apenas se adicionou Chlorella
vulgaris. No regime MAR foi adicionado uma enzima comercial, o Rovabio®, constituída por
xilanases, β-glucanases, celulases, pectinases, protéases e outras (Adisseo). No regime
MAM foi adicionado uma mistura enzimática constituída por 4 enzimas (glucosaminidases,
alginate liase, acetilglucosamina diacetilase e lisozimas) elaborada pela Faculdade de
Medicina Veterinária (FMV).

Figura 6. Aspeto visual dos quatro regimes alimentares de crescimento para frangos realizados para
o ensaio. Controlo, regime sem qualquer adição de Chlorella; MA, regime com adição de Chlorella; MAR,
regime com adição de Chlorella e Rovabio®; MAM, regime com adição de Chlorella e a mistura enzimática.

Após o término do ensaio foram realizadas as análises químicas aos quatro regimes
apresentados no Quadro 7. Todos os regimes apresentam uma semelhança entre eles
como era de esperar.

Quadro 7. Análise química aos quatro regimes estudados em frangos. Controlo, regime sem qualquer
adição de Chlorella; MA, regime com adição de Chlorella; MAR, regime com adição de Chlorella e Rovabio®;
MAM, regime com adição de Chlorella e mistura enzimática.

Controlo MA MAR MAM

Matéria Seca (%) 88.96 89.63 89.33 86.43


Água (%) 11.03 10.37 10.67 13.57
Cinzas (%MS) 6.27 6.76 6.97 7.07
Matéria Orgânica 82.69 82.67 82.36 79.36

20
(%MS)
Proteína Bruta
22.4 22.76 22.17 22.13
(%MS)
Gordura Bruta
7.4 8.4 8.5 8.6
(%MS)
Valor Calórico
4613.6 4626.9 4649.77 4614.73
(cal/g de MS)
Uma semana após a chegada dos frangos, foram distribuídos os regimes alimentares
previamente fabricados nas instalações do Instituto Superior de Agronomia de acordo com a
planta da sala representada na Figura 7.

Figura 7. Planta da sala de acordo com a distribuição dos regimes em cada gaiola

As matérias-primas utilizadas foram previamente organizadas e preparadas para o


fabrico dos regimes. Estes regimes foram administrados aos frangos no estado de farinha,
significando isso que, todos os ingredientes que se apresentavam em grão tiveram de sofrer
um processo físico, nomeadamente o grão de milho que foi triturado num moinho de
martelos. Os outros ingredientes já se encontravam no estado de farinha ou pó. Este
alimento foi distribuído em forma de farinha, para as enzimas dos regimes experimentais
não sofrerem altas temperaturas e a sua desnaturação no processo de granulação. Todos
os ingredientes necessários para o fabrico dos quatro regimes alimentares foram
devidamente pesados e adicionados na misturadora com fita em espiral durante sete
minutos. Após a mistura o alimento composto foi armazenado em caixas de plástico.

7.3. Tratamentos e parâmetros

21
No início da distribuição dos regimes experimentais, cada frango foi novamente
pesado. Durante todo o ensaio, o alimento foi distribuído diariamente, uma a duas vezes por
dia para minimizar os desperdícios e para estar sempre disponível aos animais.

As pesagens foram realizadas semanalmente. Estas pesagens consistiram na


pesagem dos frangos, do alimento deixado no comedouro e do alimento desperdiçado que
ficou retido nos tabuleiros para a recolha do desperdício. Todas as pesagens do alimento e
dos frangos foram utilizadas as balanças Mettler Toledo, Columbus, OH, USA (Figura 8).

Figura 8. Pesagem do frango durante o ensaio

A quantidade de alimento distribuído e a mortalidade foram registados diariamente.

No final do ensaio foram pesados todos os frangos sendo selecionado


posteriormente o que tinha o peso médio de cada gaiola para se proceder ao abate. Após o
abate de cada animal, registou-se o peso do papo, da moela, do pâncreas, do fígado, do
duodeno, jejuno, íleo e dos dois cecos e registou-se o comprimento do duodeno, do jejuno,
do íleo e de um ceco. Também se recolheram amostras dos conteúdos digestivos presentes
no duodeno e jejuno e no íleo de forma a analisar as suas viscosidades.

As amostras coletadas dos conteúdos digestivos foram centrifugadas a uma


velocidade de 9000 rpm durante 10 minutos. Posteriormente, recolheu-se 1 ml de
sobrenadante, realizando a leitura com o viscosímetro (modelo LVDVCP – II Brookfield
Engineering laboratoriess, middleboro, MA, USA) a 6 rpm. As amostras foram mantidas a 25
⁰ C durante os processos. Entre todas as repetições o viscosímetro foi limpo com água
destilada e seco com papel.

7.4. Análise Estatística

22
Para os valores da ingestão alimentar e índice de conversão alimentar foi usado
como unidade experimental a gaiola (n=40). Para análise do PV individual e GMD, foi usado
como unidade experimental o animal (n=120). Para os valores dos órgãos do sistema
digestivo e para a medição da viscosidade usou-se um animal por gaiola (n=40).

Os dados recolhidos foram submetidos a análise de variância e comparados


utilizando o procedimento GLM do SAS (SAS,2001). Médias com valores de F significativo
(p<0.05) foram comparados usando o teste de Duncan.

23
8. Resultados
8.1. Peso vivo e Ganho médio diário
O PV dos frangos foi registado ao longo do ensaio. De acordo com os valores do PV
registados no Quadro 8 durante o ensaio não se verificaram diferenças significativas
(p>0.05). O PV no dia 14 corresponde ao dia da chegada dos frangos. O PV no dia 21
corresponde ao dia em que se começou a administrar os quatro regimes experimentais
(Controlo, MA, MAR, MAM). O PV no dia 35 corresponde ao último dia (frangos com 35 dias
de idade) antes do abate dos animais. Quanto ao GMD, este não apresentou diferenças
significativas no tempo total do ensaio (p>0.05).

Quadro 8. Registo do peso vivo durante todo o ensaio em frangos e do ganho médio diário do

Controlo MA MAR MAM SEM P-value


PV dia 14 (g) 326.33 320.56 327.07 320.27 2.24 0.60
PV dia 21 (g) 786.80 788.33 780.20 783.40 6.11 0.97
PV dia 28 (g) 1329.07 1268.00 1288.67 1322.03 12.06 0.24
PV dia 35 (g) 1918.37 1927.80 1923.90 1929.23 18.80 0.99
GMD total
77.20 81.40 81.6 81.8 2.41 0.99
(g/dia)
ensaio. Desde os 14 dias de idade até aos 35 dias de idade.

Controlo, regime sem qualquer adição de Chlorella; MA, regime com adição de Chlorella; MAR, regime com
adição de Chlorella e Rovabio®; MAM, regime com adição de Chlorella e a mistura enzimática. SEM (Standard
error of the mean). O PV dia 14 corresponde à chegada dos animais e o dia 21 à primeira semana em que a
alimentação foi igual em todos os grupos.

8.2. Alimento Ingerido

No Quadro 9 está apresentado o alimento ingerido dos regimes experimentais. O


registo destes valores foi feito uma vez por semana, desde a chegada dos frangos. As
ingestões na primeira semana (dia 14-20) e na última semana (dia 28-35) não registaram
diferenças significativas (p>0.05) entre tratamentos. No caso da segunda semana (dia 21-
27) os animais do regime MAM mostraram uma maior ingestão de alimento (p<0.05),

24
comparando com o tratamento MA. Os frangos do regime Controlo e do MAR ingeriram a
mesma quantidade de alimento, enquanto que o regime MA apresentou menor ingestão,
comparando com o regime MAR.

Quadro 9. Alimento ingerido apenas os quatro regimes experimentais em frangos.

Controlo MA MAR MAM SEM P-value


Alimento ingerido
612.10 613.70 628.70 601.90 5.06 0.32
(g) - dia 14-20
Alimento ingerido
809.30ab 747.40b 799.40ab 847.40a 12.82 0.04
(g) - dia 21-27
Alimento ingerido
1056.50 1112.00 1074.90 1090.90 13.33 0.52
(g) - dia 28-35
Controlo, regime sem qualquer adição de Chlorella; MA, regime com adição de Chlorella; MAR, regime com
adição de Chlorella e Rovabio®; MAM, regime com adição de Chlorella e a mistura enzimática. SEM (Standard
error of the mean). O alimento ingerido dia 14-20 foi igual em todos os grupos. a-b médias com letras diferentes
significam que são significativamente diferentes (p<0.05)

8.3. Índice de conversão

Em relação ao índice de conversão, apresentado no Quadro 10, não apresentou


diferenças significativas entre os quatro regimes experimentais (p>0.05).

Quadro 10. Índice de conversão (g/g) nos frangos.

Controlo MA MAR MAM SEM P-value


IC dia 14-20 1.332 1.313 1.399 1.303 0.01 0.08
IC dia 21-27 1.493 1.566 1.600 1.592 0.03 0.64
IC dia 28-35 1.801 1.698 1.701 1.805 0.02 0.08
Controlo, regime sem qualquer adição de Chlorella; MA, regime com adição de Chlorella; MAR, regime com
adição de Chlorella e Rovabio®; MAM, regime com adição de Chlorella e a mistura enzimática. SEM (Standard
error of the mean). O alimento ingerido dia 14-20 foi igual em todos os grupos.

8.4. Dimensão dos órgãos

25
No Quadro 12 estão todas as medidas registadas do peso relativo do papo, moela,
pâncreas, fígado, duodeno, jejuno, íleo e dos cecos e nos quais não se verificaram

Controlo MA MAR MAM SEM P-value


Papo (g/kg) 2.62 2.39 2.30 2.72 0.12 0.55
Moela (g/kg) 13.94 13.67 13.74 12.98 0.29 0.68
Pâncreas (g/kg) 2.86 3.09 3.09 3.18 0.07 0.48
Fígado (g/kg) 23.37 24.28 26.57 26.72 0.68 0.36
Duodeno (g/kg) 6.99 7.76 7.96 7.56 0.22 0.44
Comprimento 18.76 18.27 18.90 19.33 0.27 0.60
(cm/kg)
Jejuno (g/kg) 13.69 13.63 13.72 14.29 0.38 0.93

diferenças significativas (p>0.05) entre o peso dos órgãos dos animais alimentados com os
diferentes regimes alimentares. No comprimento relativo do duodeno, íleo e ceco também
não apresentaram diferenças significativas (p>0.05) nos diferentes regimes alimentares. Os
resultados revelam que o comprimento relativo do jejuno dos animais mostram uma
tendência para ser significativamente diferente por ter um p>0.05 e p<0.1(Quadro 12).

Quadro 11. Efeito do regime no peso relativo (g/kg de peso vivo) do papo, moela, pâncreas, fígado,
duodeno, jejuno, íleo e 2 cecos (cm/kg de peso vivo) e no comprimento (duodeno, jejuno, íleo e 1
ceco) dos frangos (n=10).

26
Comprimento 45.28b 46.39ab 45.39b 49.40a 0.62 0.06
(cm/kg)
Íleo (g/kg) 11.08 10.94 11.00 11.86 0.27 0.61
Comprimento 45.56 44.76 47.05 48.65 0.78 0.31
(cm/kg)
Ceco* (g/kg) 4.58 4.73 5.41 5.21 0.17 0.29
Comprimento** 10.80 10.22 10.82 9.79 0.18 0.11
(cm/kg)
Controlo, regime sem qualquer adição de Chlorella; MA, regime com adição de Chlorella; MAR, regime com
adição de Chlorella e Rovabio®; MAM, regime com adição de Chlorella e a mistura enzimática. SEM (Standard
error of the mean). a-b médias com letras diferentes significam que são significativamente diferentes (p<0.05).
*Peso dos dois cecos; ** Comprimento de um ceco.

8.5. Viscosidade

No Quadro 12 encontram-se os valores da viscosidade dos conteúdos digestivos dos


frangos que consumiram os diferentes regimes alimentares. As viscosidades dos conteúdos
do duodeno e do jejuno apresentaram valores superiores nos animais que ingeriram os
regimes alimentares MAR e MAM (p<0.05), seguido do regime MA. O menor valor
observado de viscosidade foi nos conteúdos digestivos das aves do tratamento Controlo. Os
resultados indicam que a viscosidade nos conteúdos do íleo dos frangos não foi diferente
entre os três tratamentos com a Chlorella, MA, MAR e MAM, mas foi significativamente
inferior no tratamento Controlo (p<0.05).

Quadro 12. Efeito do regime alimentar na viscosidade (sp) dos conteúdos do duodeno+jejuno e íleo

Controlo MA MAR MAM SEM P-value


Duodeno + jejuno 3.63c 5.38b 6.79a 5.52a 0.27 <.0001
Íleo 5.21b 10.52a 12.70a 13.65a 0.73 <.0001
dos frangos (n=10).

Controlo, regime sem qualquer adição de Chlorella; MA, regime com adição de Chlorella; MAR, regime com
adição de Chlorella e Rovabio®; MAM, regime com adição de Chlorella e a mistura enzimática. SEM (Standard
error of the mean). a-b médias com letras diferentes significam que são significativamente diferentes (p<0.05).

9. Discussão

Relativamente ao alimento ingerido, é de salientar que na mudança do alimento de


iniciação para os regimes experimentais, realizou-se um pequeno período de adaptação dos
animais principalmente no regime MA e MAR. O regime MAM, devido a problemas técnicos

27
da adição da mistura enzimática com a Chlorella, apresentou grumos que prejudicaramm a
sua homogeneidade. Posteriormente, procedeu-se à moagem destes grumos até atingir
uma homogeneidade desejável, não sobreaquecendo a mistura. Como se pode observar na
Figura 6, o aspeto visual dos regimes onde se adicionou a Chlorella apresenta diferenças. O
MAM é diferente dos outros dois (MA e MAR) devido ao que foi referido anteriormente. As
diferenças observadas na ingestão dos regimes com a presença de Chlorella em
comparação ao Controlo deveu-se ao sabor, odor e textura (Abdelnour et al. 2019; Halle et
al. 2009).

Foi notório durante a execução do ensaio experimental que a alteração da


alimentação para os regimes experimentais, levou ao empastamento dos bicos dos frangos.
Este empastamento foi observado nos regimes onde se incorporou a microalga,
nomeadamente o MA e o MAR, no entanto, também se detetou, em alguns casos para os
outros dois regimes. Uma das razões para o empastamento ocorrer é o facto de o alimento
ter sido administrado sob a forma de farinha. Ainda, a Chlorella foi adicionada desidratada e
sob a forma de pó, o que por sua vez quando em contacto com a saliva dos animais ou com
água, formava um pequeno empastamento no exterior dos bicos, como apresentado na
Figura 9. Em futuros ensaios seria interessante a utilização de regimes sob a forma de
granulado de forma a verificar se existe diferenças significativas nos resultados zootécnicos
em relação ao modo como é apresentado o alimento a estes animais. Contudo, a
administração a forma de farinha foi feita de maneira a não comprometer a razão pela qual
foram incorporada as enzimas, uma vez que processos como a granulação podem provocar
a desnaturação das mesmas (Boltz et al. 2019), comprometendo assim a sua função.

Figura 9. Empastamento dos bicos em dois regimes alimentares diferentes. Esq. Regime com
Chlorella, Dir. Regime Controlo

A utilização da mistura enzimática partiu dos resultados positivos in vitro da


degradação das membranas celulares da Chlorella, por isso a necessidade de testar nos
animais. No caso do Rovabio®, que também é uma mistura enzimática muito utilizada em
avicultura comercial, tem a capacidade de degradar as paredes celulares das plantas
terrestres mas não está testada para as plantas aquáticas. Logo, a sua escolha foi para
perceber se a sua utilização com a Chlorella seria um fator positivo na alimentação dos
frangos.

28
Relativamente à viscosidade dos conteúdos digestivos, foram observadas diferenças
importantes. O regime Controlo apresentou valores inferiores aos rigimes que contêm a
Chlorella. Estas diferenças podem estar correlacionadas com a dimensão do comprimento
do jejuno, devido à adaptação do intestino perante um novo regime alimentar. Pestana et al.
(2020), relataram que com a utilização de uma baixa concentração da microalga Spirulina
(0.10 %) ocorria a gelificação das proteínas, contribuindo para a diminuição da
digestibilidade dos aminoácidos e consequente aumento da viscosidade conduzindo assim
ao aumento dos órgãos digestivos.

Rezvani et al. (2012), utilizaram frangos de carne machos ROSS 308, formulando
dietas à base de milho e soja, contendo 0, 0.07 %, 0.14 % e 0.21 % de Chlorella. Os autores
verificaram que não houve diferenças significativas no ganho de peso dos animais entre os
tratamentos. No que diz respeito ao índice de conversão, os frangos alimentados com o
controlo apresentaram maior índice de conversão comparando com os frangos
suplementados com a Chlorella (p<0.05). Já Kang et al. (2013) utilizaram a mesma
microalga no estado seco e líquido como suplementação nos regimes para frangos durante
duas semanas na fase de crescimento. Foi adicionado 1 % de Chlorella em pó e 1 % de
Chlorella fresca líquida a um regime de controlo à base de milho e bagaço de soja. O autor
concluiu que o ganho médio diário foi superior nos regimes com a adição de Chlorella
comparativamente ao controlo (p<0.05). A ingestão de alimento e o índice de conversão dos
frangos não foram diferentes dos frangos que ingeriram o alimento de controlo (p>0.05).

Kang et al. (2016), num estudo semelhante, incorporaram 0 %, 2.5 %, 5 % e 7.5 %


de Chlorella, como fonte proteíca, na dieta de frangos (Ross 308) tendo como base milho e
bagaço de soja. Teve a duração de 35 dias, no entanto, tendo as dietas estudadas só foram
administradas nas duas últimas semanas. Os resultados que obtiveram, indicam que
quanto maior a inclusão da microalga melhor era o ganho médio diário, a altura das
vilosidades e o aumento da profundidade das criptas (p<0.05). Relativamente ao alimento
ingerido e índice de conversão não se obtiveram diferenças entre as diferentes quantidades
de microalga incorporada (p>0.05). Segundo os autores, o desenvolvimento geral das
vilosidades, pode refletir o estado de saúde do trato gastrointestinal do animal. Sendo o
intestino delgado o principal local da digestão enzimática e absorção dos nutrientes, o
aumento da altura das vilosidades e da profundidade das criptas na alimentação com
Chlorella é visto como um critério para avaliar a capacidade digestiva da microalga, e ainda
sugere que esta suplementação pode aumentar a população de bactérias probióticas e, ao
mesmo tempo, reduzir as bactérias entéricas prejudiciais.

29
Comparando estes estudos de vários autores com o nosso estudo, existe uma
diferença na quantidade de Chlorella incorporada. Na maioria dos trabalhos realizados em
aves a microalga é utilizada como fonte de suplementação. O nosso estudo de um ponto de
vista científico é algo inovador, pois, utiliza a Chlorella como fonte proteíca em substituição
percentual de bagaço de soja. Sem grandes diferenças nos valores dos índices zootécnicos,
a viscosidade dos conteúdos digestivos nos animais que ingeriram a microalga é um dado
que se deve ter em consideração.

Tanto no nosso estudo como no de Kang et al. (2016), houve um aumento do


tamanho do intestino delgado dos frangos, independentemente das diferenças de
incorporação da microalga na alimentação. É de salientar que este aumento se deve,
portanto, à adaptação do intestino para a digestão dos constituintes da Chlorella devido à
gelificação das proteínas.

A digestibilidade da Chlorella é um fator que tem de ser mais estudado pela


comunidade científica. A utilização do Rovabio® e da mistura enzimática poderão ter
provocado um efeito na viscosidade no duodeno e jejuno, não existindo diferenças entre
eles. A baixa digestibilidade e uma viscosidade elevada leva a que as fezes dos animais
sejam mais húmidas, tornando assim as suas camas também mais húmidas, levando assim
a um aumento de problemas de saúde para os animais criados em explorações.

Independentemente da quantidade de Chlorella que se possa introduzir nos regimes


dos frangos as suas performances zootécnicas não apresentam grandes diferenças
significativas que justifiquem a sua utilização. Não existindo muitos estudos com a mesma
concentração de Chlorella utilizada neste estudo, é de salientar que como não houve
diferenças significativas relevantes nas performances zootécnicas dos frangos, a utilização
da Chlorella vulgaris pode trazer benefícios para a saúde dos animais durante o seu tempo
de vida e vantagens nutricionais na carne para o consumidor (Madeira et al. 2017;Becker
2007;Świątkiewicz et al. 2015).

30
10. Conclusão

Após a realização de todas as análises em estudo sobre a adição da microalga


Chlorella vulgaris e das enzimas exógenas utilizadas, é possivel concluir que a sua
incorporação nos regimes alimentares para frangos não teve um impacto considerado
significatico nas suas performances zootécnicas.

As diferenças que se observaram incidem princialmente sobre a viscosidade dos


conteúdos digestivos. A ulilização de 10 % de Chlorella não teve impactos negativos no
crescimento dos animais, no entanto a viscosidade é um ponto crítico que tem de ser
melhorado em ensaios futuros. A incorporação da microalga na alimentação dos frangos, é
um objeto de estudo que terá que sofrer mais investigação de forma a chegar a um equilibrio
que indique a quantidade “óptima que se pode incorporar nos alimentos compostos para
frangos.

31
A utilização das microalgas é um fator positivo na alimentação dos animais. Não só
pelos vários fatores inerentes ao seu modo de produção, como a pouca área que utiliza e à
poluição que causa comparativamente com a produção de soja. No entanto, existem outros
aspetos não tão positivos como o custo o custo de produção deste tipo tipo de matérias-
primas que, terá que ser subtancialmente mais baixo quando em larga escala, para que a
sua incorporação em regimes alimentares para frangos seja viável e ao alcance dos
produtores.

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