Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
GERENCIAL E
CONTROLADORIA
AULA 01
Antigamente, os indivíduos eram respeitados na sociedade de acordo com o
volume de bens que possuíam, pois a riqueza patrimonial era símbolo de sucesso
pessoal. As relações de trocas eram feitas com as moedas que circulavam na épo-
ca. Há vários registros desse período que demonstram a necessidade de controle
dos bens que os indivíduos adquiriam, desde inventários desenhados em rochas
até documentos de diversos materiais e em várias línguas, descobertos pelo ho-
mem na tentativa de reencontrar o seu passado. Neles, percebe-se a presença
do controle do patrimônio pessoal em todos os períodos da história do homem.
Anote isso
5
A escrituração mesopotâmica era muito mais do que um simples registro e
implicava uma sistemática única. Esse povo era muito criterioso quanto a registrar
adequadamente e desenvolveu várias formas de registros para os bens, até fichas
de diversos formatos para representá-los. Esse sistema propiciava aos comer-
ciantes e produtores rurais da época o domínio sobre a sua realidade patrimo-
nial com rapidez, bem como facilitava a realização do inventário físico dos bens.
Ainda, permitia o controle de entrada e saída de novos bens do seu patrimônio,
possibilitando a gestão dos ativos que o indivíduo (ou a família) possuía.
Fonte: https://pixabay.com/
Mais à frente na história, entre 2.000 a.C., no Egito, a escrituração se tornou
obrigatória em razão da cobrança de impostos e taxas, permitindo que o gover-
no recebesse um quinhão dos ganhos auferidos pelos indivíduos que possuíam
patrimônio.
Nesse período, a contabilidade ampliou sua finalidade e seus usuários, servin-
do aos interesses do empreendedor e do governo.
Seguindo as evoluções históricas, com o advento da moeda, das medidas de
valor e da escrita, a técnica de escrituração dos bens patrimoniais se aprimorou
e passou a possibilitar a comparabilidade do valor dos bens que cada indivíduo
6
possuía. Ou seja, essa evolução social permitiu que os patrimônios pessoais de
cada indivíduo pudessem ser comparados entre si, o que possibilitava identificar
o nível de pobreza ou riqueza de cada um.
Desde então, a atividade econômica evoluiu muito, necessitando da ciência
contábil como alicerce para o crescimento dos fluxos de dinheiro entre os povos.
No final do século XV, na Itália, a contabilidade recebeu um novo e importante
impulso: o método das partidas dobradas.
Esse método inovou por conseguir revelar, com perfeição, os impactos das mu-
tações patrimoniais por intermédio de um sistema de contas. A evolução também
ocorreu por meio da regra da igualdade das mutações patrimoniais, na qual tudo
que entra ou sai do patrimônio é identificado com o mesmo valor monetário. O
método foi descrito pela primeira vez em 1494 pelo frei Luca Bartolomeu Pacioli
no livro Summa de Arithmetica, Geometria proportioni et propornaliti.
Frei Luca Pacioli foi um célebre matemático italiano da época e, em sua obra,
dedicou um capítulo para descrever o método de partidas dobradas. Por esse
trabalho, que foi amplamente divulgado pelo mundo, foi reconhecido por muitos
estudiosos como o “pai da contabilidade”. Com ele, iniciou-se uma das grandes
escolas da ciência contábil, a escola europeia.
A partir de 1920, começou a fase de predominância estadunidense na contabi-
lidade: a economia norte-americana estava em expansão, grandes conglomerados
eram criados, o mercado de capitais se expandiu e novas demandas e finalidades
foram incorporadas à contabilidade. Enquanto as escolas europeias declinavam,
as escolas norte-americanas floresciam com suas teorias e práticas contábeis.
Nesse período, com o avanço do mercado de capitais, identificaram-se novos
usuários para a informação gerada pela contabilidade e, com isso, iniciou-se um
processo de padronização de relatórios, de tal forma que investidores, governo,
instituições financeiras, entre outros, pudessem ter a mesma interpretação sobre
as condições do patrimônio das organizações.
7
Figura 2: a informação contábil e seu desenvolvimento
Fonte: https://pixabay.com/
8
Esse trabalho de convergência foi atribuído ao Comitê de Pronunciamentos
Contábeis (CPC), composto por membros da Associação Brasileira das Compa-
nhias Abertas (Abrasca), Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento
do Mercado de Capitais (Apimec Nacional), Bolsa de Valores, Mercadorias e Fu-
turos de São Paulo (BM&FBOVESPA), Conselho Federal de Contabilidade (CFC),
Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) e
Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon).
Além de normas, convenções e orientações emitidas pelo CPC, a contabilidade
brasileira segue também as orientações fiscais das três esferas de governo (mu-
nicipal, estadual e federal) e normas regulatórias de setores específicos, como
os segmentos de seguros, energia elétrica, financeiro, por exemplo. Isso significa
que o profissional contábil está inserido em um amplo e complexo mar de regu-
lamentações que precisam ser atendidas e praticadas diariamente.
O que distingue a contabilidade de um procedimento meramente administra-
tivo é sua capacidade de auxiliar as organizações na gestão do patrimônio por
meio de técnicas próprias de escrituração, demonstração, auditoria e análise, que
sofrem adaptações ao contexto social, mas preservam sua essência.
9
Figura 3: Conhecendo a contabilidade
Fonte: https://pixabay.com/
10
sucessivamente, de forma que é impossível determinar todos os atores envolvidos
e o ponto final da transferência de riqueza.
Nesse caso, há de se considerar o papel do governo nesse processo, no qual
absorve parte da riqueza gerada e a transfere ao meio social.
11
e precisa (difundindo várias ações automatizadas, minimizando erros, reduzindo
custos e padronizando os tratamentos).
A etapa seguinte, processamento, pressupõe a aplicação do conhecimento
contábil, incluindo todo o arcabouço técnico e científico que permitirá a demons-
tração clara de cada mutação patrimonial ocorrida, como também as reflexões
necessárias sobre a real situação patrimonial e financeira da organização. Essa
etapa é de grande importância, por isso exige profissionais contábeis bem prepa-
rados para identificar e processar as informações de forma fidedigna e acurada.
O erro (não intencional) ou dolo (intencional) de um processamento inade-
quado pode causar inúmeros problemas para a organização, desde a aplicação
de uma multa pelas auditorias fazendárias até a perda de credibilidade da orga-
nização perante o mercado.
Fonte: https://pixabay.com/
12
Desse modo, também é possível conceituar contabilidade como um vasto e
rico sistema de informações capaz de atender aos interesses da organização, do
governo e de diversos outros interessados sobre o contexto patrimonial e finan-
ceiro. Como sistema de informação entende-se um conjunto de recursos voltados
para a geração de informações, de modo que a organização consiga cumprir seus
objetivos (PADOVEZE, 2010).
O uso de softwares integrados e especializados são elementos-chave para que
a contabilidade de uma organização atinja esses resultados.
Isto acontece
na prática
13
INFORMAÇÕES CONTÁBEIS
E SEUS USUÁRIOS
AULA 02
Os sócios administradores são os principais usuários da informação contábil.
Ao fundarem a organização a partir de uma ideia, disponibilizaram recursos para
sua operação e, desde então, dedicam tempo para que ela obtenha o reconheci-
mento do mercado. Consequentemente, desejam que a empresa criada aumente
sua riqueza pessoal por intermédio da distribuição dos lucros auferidos. Para os
sócios, a contabilidade é fundamental.
Uma contabilidade ágil e fidedigna possibilitará que os sócios administradores
acompanhem toda a evolução da empresa que criaram e obtenham informações
sobre questionamentos, como:
A empresa está gerando lucros?
Como está a situação financeira da empresa?
Em qual projeto é possível investir?
Responder a essas perguntas é crucial para que as decisões tomadas pelos
sócios surtam efeitos positivos sobre a organização. Ou, em situações ruins, mi-
nimizem possíveis efeitos negativos.
Fonte: https://pixabay.com/
15
Além dos sócios administradores, os sócios investidores também são usuários
da informação contábil. Esses sócios se preocupam com os riscos inerentes ao
investimento e ao retorno produzido por ele.
As informações contábeis permitirão decidirem entre a compra, a manutenção
ou a venda de investimentos. Por exemplo, ao divulgar as informações contábeis
sobre o resultado gerado em determinada empresa e as influências desses re-
sultados sobre o patrimônio da entidade, os sócios investidores poderão avaliar
se haverá um incremento no valor das ações ou participações que detêm sobre
o capital da entidade.
Isto acontece
na prática
16
tre outros. Porém, o horizonte de tempo que eles consideram para a análise das
condições financeiras e patrimoniais da entidade é mais curto.
Fonte: https://pixabay.com/
17
Anote isso
18
FUNÇÕES DA
CONTABILIDADE
AULA 03
Função de organizar
Fonte: https://br.freepik.com/
Nesse contexto, cabe à contabilidade a responsabilidade de organizar as etapas
para que as mutações patrimoniais possam ocorrer com certa previsibilidade,
seguindo orientações técnicas e legais.
Vejamos alguns exemplos:
• Formulários, documentos hábeis e procedimentos para registro das
saídas e entradas de produtos e mercadorias dos estoques.
• Formulários, documentos hábeis e procedimentos para apresentação
dos gastos com adiantamentos e viagens.
• Formulários, documentos hábeis e procedimentos para transferências
de bens entre unidades, filiais, departamentos etc.
• Formulários, documentos hábeis e procedimentos para a realização de
pagamentos.
20
• Formulários, documentos hábeis e procedimentos para a efetivação
das vendas.
A função de organizar também está relacionada ao nível de detalhamento que
a mutação patrimonial receberá da contabilidade. Esse nível está diretamente
relacionado à relevância da informação para os diversos usuários.
O nível de detalhamento é propiciado por um sistema de contas denominado
plano de contas e pela padronização dos históricos dos fatos que geram as mu-
tações patrimoniais e financeiras na entidade. Esses dois mecanismos auxiliarão
e facilitarão a comunicação de informações aos usuários.
Função de registrar
Função de reportar
21
Reportar pressupõe conhecer a informação
sobre as mutações patrimonial e financeira de-
talhadamente registrada. Pressupõe também
periodicidade no processo de comunicação
com seus usuários, pois quando há demora
na divulgação de uma informação, há grandes
possibilidades que ela não seja mais relevante
para o seu usuário.
Figura 10: A função de reportar
Fonte: https://br.freepik.com/
Isto acontece
na prática
Observação: toda a legislação citada está sujeita a alterações. Por isso, reco-
menda-se o acesso ao site do Governo Federal para obter a versão mais atual.
Esses demonstrativos, por serem padronizados, facilitam a compreensão dos
diversos usuários da informação contábil, sobretudo investidores, governos e
instituições financeiras.
Função de analisar
22
organização. A análise possibilita essa refle-
xão e facilita novas ações de organização, e,
se necessário, os ajustes aos procedimentos.
A análise de registro possibilitará identifi-
car mutações patrimoniais e financeiras au-
sentes, incompletas ou registradas erronea-
mente.
Figura 11: A função de analisar da contabilidade
Fonte: https://br.freepik.com/
Função de acompanhar
23
Isto acontece
na prática
24
TERMINOLOGIA UTILIZADA
NA CONTABILIDADE
AULA 04
A contabilidade faz uso de uma terminologia própria, a qual faz parte da lin-
guagem do ambiente empresarial, que muitas vezes desconhece suas origens.
Na sequência são apresentados os termos mais frequentes.
Ativo
São todos os bens, direitos e valores a receber de uma entidade.
Capital social
Parcela do capital próprio investida pelos proprietários ou acionistas da enti-
dade, que abrange os montantes entregues por eles à empresa, como também a
incorporação de lucros obtidos ao capital social.
Ciclo financeiro
Conjunto de etapas que envolve o ingresso e a saída de recursos financeiros
do caixa da entidade. O ciclo financeiro determina as mutações financeiras a que
o patrimônio da entidade está sujeito.
Ciclo operacional
Conjunto de etapas que define a operação da entidade. Tem início com a aqui-
sição dos bens e insumos que gerarão as receitas de comercialização de merca-
dorias, produtos e serviços e termina com o processo de distribuição dos lucros
auferidos no período.
Fonte: https://br.freepik.com/
26
Cliente
Pessoa física ou jurídica que adquire as mercadorias, produtos ou serviços da
entidade.
Crédito
Convenção contábil que identifica mutações financeiras e patrimoniais que
demonstram:
a) redução de bens e direitos;
b) elevação das obrigações;
c) realização de receitas.
Débito
Convenção contábil que identifica mutações financeiras e patrimoniais que
demonstram:
a) elevação dos bens e direitos;
b) consumo de recursos e realização de gastos para geração de receitas;
c) redução das obrigações.
Anote isso
Conhecer a estrutura patrimonial de uma empresa é fundamental para que
se consiga dali extrair uma série de informações, então busque sempre se
atualizar e descobrir ainda mais sobre a contabilidade, antes de iniciar a
análise das informações.
Empresa
É uma entidade que visa à obtenção de lucros por meio do fornecimento de
mercadorias, produtos ou serviços ao meio social.
Entidade
Tipo de organização, pública ou privada, com finalidade definida e que participa
do meio social fornecendo mercadorias, produtos ou serviços.
Escrituração contábil
Técnica contábil de organizar e registrar os eventos que geram a mutação
patrimonial e financeira no patrimônio da entidade.
Fornecedor
Pessoa física ou jurídica que fornece insumos ou serviços para que a entidade
realize suas operações e gere receitas.
27
Governo
Entidade responsável pela gestão dos recursos fiscais e pelo controle das ati-
vidades empresariais realizadas pelas empresas.
IFRS
Sigla de International Financial Reporting Standards. São normas internacionais
de contabilidade, um conjunto de pronunciamentos contábeis internacionais pu-
blicados e revisados pelo International Accounting Standards Board (IASB).
Mutação financeira
Evento gerado a partir de uma decisão empresarial que modifica a situação
financeira (liquidez) da entidade.
Mutação patrimonial
Evento gerado a partir de uma decisão empresarial que modifica a composição
e o valor do patrimônio da entidade. Toda mutação financeira também é uma
mutação patrimonial, entretanto, nem toda mutação patrimonial é uma mutação
financeira.
Objeto social
Finalidade para qual a entidade foi criada, ou seja, as atividades lícitas que
serão desenvolvidas por ela.
Obrigações acessórias
Atividades ou tarefas necessárias para atender às determinações legais com
o auxílio do controle do órgão fiscal ou de gestão.
Obrigações fiscais
Atividades ou tarefas necessárias para atender à necessidade de cálculo e ao
recolhimento de tributos.
Partidas dobradas
Componente científico da técnica contábil de escrituração que consiste no
reconhecimento dos efeitos das mutações financeiras e patrimoniais sobre o pa-
trimônio da entidade, classificando-os em débitos e créditos.
Patrimônio
Conjunto de bens, direitos e obrigações que auxiliam a entidade no exercício
da sua finalidade social.
Patrimônio líquido
Situação líquida do patrimônio da entidade, resultado da diferença entre seus
bens e direitos e obrigações.
28
Sociedade anônima
Tipo de sociedade comercial, também denominada companhia, constituída
por sócios, anônimos ou não, com o capital dividido por ações, no qual cada um
possui responsabilidade limitada ao preço das ações adquiridas. Esse modelo
possui estrutura societária mais complexa que a sociedade limitada.
Sociedade comercial
Organização de pessoas e bens que tem como objetivo o exercício de uma
atividade econômica.
Sociedade limitada
Tipo de sociedade comercial constituída por dois ou mais sócios, com o capi-
tal dividido em quotas, no qual cada um possui responsabilidade limitada à sua
participação no capital da sociedade perante terceiros.
A terminologia utilizada pela ciência contábil não se limita às palavras e ex-
pressões aqui apresentadas, uma vez que a contabilidade é uma ciência bastante
ampla, com diversas ramificações e especialidades.
CONCLUSÃO
Caro aluno, esperamos que você tenha aproveitado ao máximo os conteúdos
expostos neste primeiro capítulo. Nele tivemos a oportunidade de conhecer um
pouco mais sobre como é o funcionamento da contabilidade e suas informações
geradas, além de suas funções, tais como organizar, registrar, reportar, analisar
e acompanhar. Acompanhe os próximos capítulos e descubra muito mais sobre
a contabilidade e seu aspecto gerencial.
REFERÊNCIAS
HOOG, W. A. Z. Escrituração contábil: aspectos essenciais à sua validação. 2. ed.
Curitiba: Juruá, 2012.
PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação
contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
______. Manual de contabilidade básica: contabilidade introdutória e interme-
diária. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
SANTOS, J. L. et al. Teoria da contabilidade: introdutória, intermediária e avan-
çada. São Paulo: Atlas, 2007.
29
CONCEITUANDO O
PATRIMÔNIO
AULA 05
30
Atualmente com a globalização das operações empresariais as fronteiras estão
se expandindo e os mercados externos ao Brasil aceitando mercadorias e serviços
brasileiros, contudo, para que seja possível realizar determinadas transações com
organizações localizadas em outros países é necessário apresentar os demonstra-
tivos contábeis da empresa vendedora para a compradora, a partir disso surge,
inicialmente, uma questão: será que todas as empresas que possuem operações
com outros países apresentam demonstrativos contábeis que estão alinhados
às práticas internacionais de contabilidade e esse alinhamento proporciona um
gerenciamento mais adequado das atividades da organização?
Esse questionamento inicial começará a ser respondido a partir desse segundo
capítulo e para isso começamos nosso capítulo 2 com uma análise do conceito
de patrimônio.
O patrimônio é o maior bem das organizações, que realizam seu objeto social,
criando e distribuindo riquezas, por meio dele. Para os sócios, o patrimônio re-
presenta o sucesso do seu empreendedorismo. Por essas razões, a contabilidade
tem no patrimônio o seu objeto de estudo.
31
adiantamentos que são realizados por clientes para recebimento futuro
de mercadorias, produtos ou serviços.
Anote isso
32
Figura 1: O processo do patrimônio
33
• Situação líquida negativa: essa situação se dá quando a soma dos bens
e direitos da empresa é inferior às suas obrigações, popularmente tam-
bém conhecido como Passivo a Descoberto.
Fonte: https://pixabay.com/
34
A situação líquida do patrimônio também pode ser interpretada como um lastro
que a empresa possui diante das suas obrigações com terceiros. Para os terceiros,
esse lastro demonstra uma garantia de que a empresa possui bens suficientes
para honrar os compromissos assumidos.
Já em uma situação líquida negativa é composto como o resultado inferior em
relação aos compromissos, indicando a possibilidade de risco de não recebimento
por parte dos terceiros.
Tal análise possui um grau muito maior de complexidade e não apenas uma
simples comparação entre bens e direitos e obrigações, ou seja, é necessário se
considerar outros aspectos, como prazos de recebimentos dos direitos e paga-
mentos das obrigações, característica do bem e seu valor venal.
Há situações em que os valores dos bens, dos direitos e das obrigações estão
subavaliados ou superavaliados, gerando uma situação líquida aparente que não
condiz com a realidade patrimonial da empresa.
Desse modo, não se deve apenas classificar os itens patrimoniais corretamente
entre bens, direitos e obrigações, mas também de atribuir a eles o valor monetário
adequado, reconhecendo todos os bens, direitos e obrigações que fazem parte
do patrimônio da entidade.
Fonte: https://pixabay.com/
35
Isto acontece
na prática
Quando a empresa apresenta uma situação líquida negativa deve-se li-
gar o sinal de alerta, pois em vários momentos, quando a empresa se
apresenta dessa forma ela está com um volume de dívida bem alto, e em
muitos casos também inicia-se na mesma um processo de Recuperação
Judicial, o famoso entrou em RJ.
36
O PATRIMÔNIO LÍQUIDO
DAS EMPRESAS
AULA 06
Nesse tópico iremos tratar sobre o patrimônio (líquido) das empresas, bem
como sobre a situação líquida do patrimônio, que corresponde ao conceito de
Patrimônio Líquido (PL), e o mesmo é expresso conforme a figura abaixo:
38
Figura 5: A composição dos Bens, Direitos e Obrigações I
39
fornecedores, funcionários e governo).
Já uma outra forma de verificar o Patrimônio Líquido é pelo registro do capital
dos sócios investidos na companhia, esse investimento é denominado de Capital
Social, e dos Lucros do Exercício (Reservas de Lucros) obtidos pelo desenvolvimen-
to das atividades e que não foram distribuídos aos sócios (proprietários). Dessa
forma, tem-se que:
Isto acontece
na prática
A empresa pode optar em não distribuir seus Lucros ao (s) seu (s) sócio
(s) (ou acionistas), nesse caso a legislação concede a esse (s) proprietário
(s) a garantia de que lhe seja pago o mínimo do resultado, denominado
de Juros sobre o Capital Próprio (JCP)
40
Figura 7: O controle patrimonial por meio do quantitativo
Fonte: https://pixabay.com/
41
DESDOBRAMENTO DOS
ELEMENTOS PATRIMONIAIS
E DE RESULTADO
AULA 07
Antes de iniciarmos as discussões sobre a estrutura do balanço patrimonial
é interessante que saibamos que é a finalidade das demonstrações contábeis
segundo o CPC 26 (R1), de acordo com esse pronunciamento
diligente dos recursos que lhe foram confiados (CPC 26, 2011, grifo nosso).
43
respectivos desdobramentos.
Agora voltando especificamente ao CPC 26 (R1), o respectivo pronunciamento
diz que o balanço patrimonial deve apresentar as seguintes contas (respeitando
a legislação):
44
Além das contas supracitadas, a respeito do balanço patrimonial, poderá haver
contas adicionais, essas contas adicionais servirão para proporcionar um comple-
to entendimento a respeito de determinado grupo contábil, caso seja necessário.
Agora segregando e aprofundando um pouco mais o assunto, podemos relatar
que os itens patrimoniais (bens, direitos e obrigações) recebem outras denomi-
nações pela contabilidade:
45
A entidade deve classificar um ativo como circulante quando:
a) espera realizar o ativo, ou pretende vendê-lo ou consumi-lo durante o
ciclo operacional normal da entidade;
b) o ativo é mantido essencialmente com a finalidade de negociação;
c) espera realizar o ativo no período de até doze meses após a data das
demonstrações contábeis; ou
d) o ativo é caixa ou equivalente de caixa, a menos que sua troca ou uso
para liquidação de passivo seja restrita durante pelo menos doze meses
após a data das demonstrações contábeis.
A entidade deve classificar todos os outros ativos como não circulantes. Quan-
do o ciclo operacional normal da entidade não for claramente identificável, pre-
sume-se que sua duração seja de doze meses.
A entidade deve classificar um passivo como circulante quando:
a) espera liquidar o passivo durante o ciclo operacional normal da enti-
dade;
b) o passivo é mantido essencialmente para a finalidade de negociação;
c) o passivo é exigível no período de até doze meses após a data das de-
monstrações contábeis; ou
d) a entidade não tem direito incondicional de diferir a liquidação do pas-
sivo durante pelo menos doze meses após a data de divulgação.
A entidade deve classificar todos os outros passivos como não circulantes.
Segundo as normativas explícitas pela Lei Complementar nº. 6.404/1976, al-
terada pelas Leis Complementares nº. 11.638/2007 e nº. 11.941/2009 e comple-
mentado pelos CPC 00 e 26, na apresentação dos ativos e passivos da entidade
devem ser obedecidos os seguintes agrupamentos:
46
Figura 9: Composição do patrimônio da empresa segundo a Lei 11.638/07
ATIVO PASSIVO
Anote isso
Contas do ativo
47
terrenos, veículos, máquinas e equipamentos, softwares), entre outros.
Os ativos podem ser entendidos também como aplicações de recursos na
entidade, sejam eles de origem de terceiros, de sócios e proprietários e de lucros
auferidos com o exercício da atividade. Portanto, o balanço patrimonial demonstra
também quais são as principais fontes de financiamento que a entidade utiliza
para realizar o seu objeto social.
De acordo com a resolução CFC n. 1.374/2011 (NBC TG Estrutura Conceitual),
os ativos da entidade são recursos por ela controlados como resultado de even-
tos passados e do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos. Tais
benefícios são o potencial daquele ativo de contribuir para a geração de caixa da
entidade.
A NBC TG Estrutura Conceitual (Resolução CFC n. 1.374/2011, 4.9) descreve:
Tendo em vista que esses bens ou serviços podem satisfazer esses desejos ou ne-
para o fluxo de caixa da entidade. O caixa por si só rende serviços para a entidade,
48
• Compra de máquinas e equipamentos que proporcionarão maior ca-
pacidade de produção, qualidade ao produto, agilidade de entrega ao
cliente, redução de gastos e que, consequentemente, atrairão mais clien-
tes ou reduzirão as saídas de recursos do caixa.
Como se pode ver, os benefícios econômicos podem ser alcançados de forma
direta ou indireta pelos ativos da entidade.
Contas do passivo
49
Contas de resultado
50
Isto acontece
na prática
Muitos confundem lucro contábil com dinheiro em caixa, ou seja, quando
a empresa ao encerrar seu exercício contábil apresente um lucro não ne-
cessariamente esse valor está disponível no caixa (ou banco) da empresa,
o contrário também é verdade, em outras palavras, prejuízo contábil não
necessariamente significa sem dinheiro no caixa (ou banco).
51
Esse resultado (lucro líquido) vai se somar ao patrimônio das organizações
e assim o seu Patrimônio Líquido será elevado por intermédio do aumento das
reservas de lucros.
52
O DESEMPENHO
OPERACIONAL E
O PATRIMÔNIO DA
ORGANIZAÇÃO: UMA
ANÁLISE DA RELAÇÃO
AULA 08
Figura 12: A evolução do patrimônio da empresa
Fonte: https://cdn.pixabay.com
54
Figura 13: Composição dos capitais da organização
55
Não se pode esquecer que o desempenho operacional, por intermédio do lucro
líquido do período, também será reconhecido no Patrimônio Líquido da entidade,
contrabalanceando com as integrações dos ativos e passivos.
Percebe-se, então, que ao mensurar o desempenho operacional da entidade
e apontar os itens que o compõem faz-se necessário identificar a relação destes
com os ativos e passivos que constituem o patrimônio da entidade. Todos os itens
patrimoniais emergem a partir do patrimônio da entidade e ao mesmo tempo que
são influenciados por ele também influenciam a sua composição
Anote isso
A área contábil no Brasil passou (e vem passando) por uma série de alte-
rações em sua estrutura conceitual e prática, sempre pensando em seu
posicionamento como internacionalizada e isso reflete no dia a dia do pro-
fissional contábil, pois esse deve estar alinhado a todas essas mudanças
e alterações.
CONCLUSÃO
Caro aluno, nesta unidade você teve a oportunidade de conhecer com maiores
detalhes como é a composição patrimonial das organizações, segundo as legisla-
ções vigentes relacionadas à contabilidade no Brasil, sendo que essas estão em
consonância com os padrões internacionais.
Em detalhes, podemos relatar que inicialmente conceituamos o patrimônio,
segundo a contabilidade, segregando o mesmo em ativo, passivo e patrimônio
líquido, logo na sequência discutimos sobre o patrimônio líquido e suas divisões,
em reservas, prejuízo acumulado e demais itens que compõe esse grupo.
Já no terceiro tópico foi analisado o desdobramento dos elementos patrimo-
niais (ativo e passivo) e do resultado (custos, despesas e receitas) e por fim, vimos
como se dá o desempenho operacional, bem como sua relação com o patrimônio
das organizações.
56
REFERÊNCIAS
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamentos contábeis. Dispo-
nível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos>
Acesso em: 10 jul. 2019.
57
O CPC 00 E A INFORMAÇÃO
CONTÁBIL: UMA ANÁLISE
DO SEU PAPEL NA GESTÃO
DAS ORGANIZAÇÕES
AULA 09
58
Estrutura conceitual dos relatórios contábeis - CPC 00
(R1)
CFC nº 1055/05).
59
• Associação Brasileira das Companhias Abertas (ABRASCA).
• Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado
de Capitais (APIMEC).
• BM&F Bovespa.
• Conselho Federal de Contabilidade (CFC).
• Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FI-
PECAFI).
• Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON).
Anote isso
O CPC 00 (R1) é uma revisão do CPC 00, ou seja, no dia 11/01/2008 foi apro-
vado o CPC 00 e posteriormente divulgado para as organizações, contudo
foi identificado a necessidade de se fazer determinados ajustes e assim
no dia 02/12/2011 foi aprovado o CPC 00 (R1), esse último foi aprovado
e modificado, seguindo as necessidades das organizações e do mercado.
60
próximas etapas, começando pela estrutura conceitual dos relatórios contábil-fi-
nanceiros.
A referendada estrutura conceitual está descriminada por meio do CPC 00
(R1), o respectivo órgão responsável pela convergência aos padrões brasileiros de
contabilidade adotou integralmente o documento emitido pelo IASB, documento
esse denominado de Framework for the Preparation and Presentation of Financial
Statements. O mencionado CPC 00 (R1) está segregado em capítulos, são eles:
• Objetivo da elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro de
propósito geral.
• Entidade que reporta a informação.
• Características qualitativas da informação contábil-financeira útil.
• Estrutura conceitual (1989): texto remanescente.
Além dos capítulos explicitados acima, o CPC 00 (R1) também contém Prefácio,
Introdução, Finalidade e Alcance cada um desses aborda elementos que estão em
congruência com as demonstrações contábeis.
O respectivo pronunciamento (CPC 00) foi regulamentado pelo CFC, por meio
da Resolução CFC nº 1.47/2011.
Anote isso
Partimos agora para uma análise mais fundamentada do CPC 00 (R1), come-
çando pelo Prefácio:
zação de sua Estrutura Conceitual. O projeto dessa Estrutura Conceitual está sendo
61
À medida que um capítulo é finalizado, itens da Estrutura Conceitual para Elaboração
e Apresentação das Demonstrações Contábeis, que foi emitida em 1989, vão sendo
Não foram aceitas as sugestões enviadas durante a audiência pública, feita por aque-
les órgãos, no sentido de que caberia, na Estrutura Conceitual, com o objetivo da de-
de informações sobre certas alterações nos ativos ou nos passivos. Pelo contrário,
estabilidade econômica.
Agora tratando do Capítulo 2 do CPC 00 (R1), esse ainda está sendo formulado,
estruturado e será apresentado futuramente, inclusive caso você consulte o men-
cionado pronunciamento na íntegra, verá que o mesmo se encontra em branco.
Já no Capítulo 3 também são apresentadas mudanças nas bases para as con-
clusões dos trabalhos, no que tange às características qualitativas da informação
contábil-financeira, as respectivas mudanças estão apresentadas em dois tópicos:
62
Características qualitativas fundamentais (fundamental qualitative characteristics –
Houve algumas modificações que foram apresentadas pelo CPC 00 (R1), a ca-
racterística qualitativa confiabilidade passou por uma remodelação, agora é de-
nominada como representação fidedigna, tal modificação foi necessária para
uma apresentação mais estruturada das demonstrações contábeis aos usuários
externos e internos.
Duas características foram retiradas de condição de componente da repre-
sentação fidedigna, são elas: A essência sobre a forma e Prudência (conservado-
rismo). Uma abordagem mais detalhada e específica a respeito dos elementos
das características qualitativas da informação contábil-financeira será tratada no
próximo tópico (1.2 Características qualitativas da informação contábil- financeira
útil - CPC 00 (R1)).
O CPC 00 (R1) apresenta uma Introdução tratando sobre as demonstrações
contábeis, inicialmente é relatado a respeito dos usuários externos, que esses po-
dem reivindicar exigências com a finalidade de atender seus interesses próprios,
desde que tais imposições não afetem as demonstrações contábeis estruturadas
e elaboradas seguindo os preceitos descritos nesta Estrutura Conceitual.
Segundo a respectiva estrutura as
ceitual objetivam fornecer informações que sejam úteis na tomada de decisões eco-
nômicas e avaliações por parte dos usuários em geral, não tendo o propósito de
63
Quadro 1: Composição dos usuários
Externo Interno
Governo Diretoria
a. O próximo tópico descrito por meio do CPC 00 (R1) está atrelado à Finalidade e
64
c. Dar suporte à promoção da harmonização das regulações, das normas contábeis
tamento de assuntos que ainda não tenham sido objeto desses documentos;
e Orientações;
65
No analisado CPC 00 é mencionado ainda que: “Esta Estrutura Conceitual será
revisada de tempos em tempos com base na experiência decorrente de sua uti-
lização”, ou seja, conforme forem surgindo novas necessidades ou conforme o
mercado exigir, nesse caso tendo o usuário como sinônimo de mercado.
E por fim, considerando os itens que antecedem os capítulos, temos o Alcance,
esse divide-se em quatro, como relacionado abaixo:
INTRODUÇÃO
66
Até o momento foram apresentados elementos introdutórios em relação à
Estrutura Conceitual dos relatórios contábil-financeiros, relatando todos seus des-
dobramentos, saindo da introdução, passando pelo alcance dessa estrutura e
fechando com os objetivos dos relatórios contábil-financeiros de propósito geral;
no próximo tópico serão apresentadas as Características qualitativas da informa-
ção contábil-financeira.
tadas como as mais úteis para investidores, credores por empréstimos e outros
que reporta com base na informação contida nos seus relatórios contábil-financeiros
67
Esse primeiro descritivo já faz referência aos usuários externos dos respectivos
relatórios, todo o CPC 00 (R1), gira em torno dos usuários, deverá ser gerada in-
formações úteis a esses usuários para que os mesmos consigam tomar decisões
pautadas em algo mais concreto e efetivo.
a entidade que reporta a informação, bem como outros tipos de informação sobre
Por meio da transcrição acima é possível identificar o que esses relatórios for-
necem de informação, ou melhor, que tipo de informação é fornecida. Mais adian-
te é citado “material explicativo”, nesse momento está sendo feito uma alusão a
“notas explicativas”, item tão fundamental como os relatórios contábil-financeiros,
pois as notas explicativas forneceram subsídios mais claros e esclarecedores so-
bre alguns eventos que apenas por meio dos relatórios não seria possível visua-
lizar, a conta de Caixa e Equivalentes de Caixa nos relatórios contábil-financeiros
são apresentados de modo sintético, não especificando quais são as entidades
bancárias que se relacionam com a organização, contudo as notas explicativas,
em muitos casos, desmembram o valor desse grupo contábil, apontando o saldo
bancário que a empresa possui em cada instituição financeira.
Agora nossas discussões partem para o campo do custo para gerar as infor-
mações:
68
das características qualitativas e da restrição do custo podem ser diferentes para
Se a informação contábil-financeira é para ser útil, ela precisa ser relevante e re-
decisões que possam ser tomadas pelos usuários. A informação pode ser capaz
não a levar em consideração, ou já tiver tomado ciência de sua existência por outras
fontes.
69
A informação contábil-financeira é capaz de fazer diferença nas decisões se tiver
nosso).
tating) puder influenciar decisões que os usuários tomam com base na infor-
que representar um fenômeno relevante, mas tem também que representar com
70
perfeitamente fidedigna, a realidade retratada precisa ter três atributos. Ela
tem que ser completa, neutra e livre de erro. É claro, a perfeição é rara, se de
seja possível.
a informação reportada, foi selecionado e foi aplicado livre de erros (CPC 00,
Por meio das transcrições acima foi possível identificar que a exatidão nas
informações contábil-financeira é rara de ser atingido, com isso é aceitável leves
deficiências, desde que o resultado final se mantenha equilibrado e dentro dos
padrões aceitos pela própria empresa como pelos órgãos reguladores de cada
setor da economia.
Isto acontece
na prática
71
E por fim, temos a Aplicação das características qualitativas fundamentais:
tais chega ao seu fim. Caso contrário, o processo deve ser repetido a partir do
próximo tipo de informação mais relevante (CPC 00, 2011, grifo nosso).
presentação deve ser usada para retratar um fenômeno. (CPC 00, 2011, grifo nosso).
72
mais útil caso possa ser comparada com informação similar sobre outras en-
tidades e com informação similar sobre a mesma entidade para outro período
mais antiga é a que tem menos utilidade. Contudo, certa informação pode ter o
73
Uma informação também só será útil em sua totalidade caso ela seja apresen-
tada em tempo de essa influenciar as futuras decisões na organização.
E por fim, temos a Compreensibilidade:
compreensível.
[...] a informação contábil pode ser considerada como aquela que altera o estado da
74
O Financial Accounting Standards Board (FASB) (SFAC 2, 1980, p. 1021) afirma
que “toda e qualquer informação se torna útil e desejável ao passo que nela seja
identificada a sua utilidade e relevância ao processo decisório”. Ou seja, toda a
informação contábil, em sua essência e também natureza, proporciona base para
uma série de tomadas de decisões estratégicas, táticas e até operacionais. Con-
tudo, uma série de usuários de tais informações não compreendem, com tanta
assertividade essas informações, prejudicando, assim, o andamento de processos
internos e/ou externos à organização.
Yamamoto e Salotti (2006) destacam que a informação contábil está relaciona-
da aos objetivos da contabilidade, voltados a mensurar e comunicar o conjunto
de eventos econômicos ocorridos dentro da organização. Mas, não é suficiente
apenas a mensuração e comunicação dos eventos; é imprescindível que o usuá-
rio de tais informações compreenda sua utilidade e relevância em cada espaço
geográfico e em cada decisão dentro da organização, e esse é um dos grandes
problemas, a compreensão (e, não rara, a relevância) por parte do usuário dada
à informação.
E dessa forma a compreensão, elemento esse já destacado, está, intrinseca-
mente, relacionada a outros fatores, tais como: desinformação, desinteresse e
irrelevância, todos esses ligados ao usuário da informação contábil-financeira.
Note-se que foram pontuados tais elementos para que seja possível visualizar
o tamanho do problema enfrentado pelas organizações, pois, como destacado
anteriormente, uma compreensão (e, agora, além desse elemento, são elencados
outros três) errônea sobre a informação prejudica todo o andamento do processo
organizacional, e, destaca-se, que qualquer atitude tomada com o uso da infor-
mação contábil-financeira é sentido no resultado da organização.
75
O REPORT DAS
INFORMAÇÕES CONTÁBEIS
AULA 10
76
Nesse tópico iremos analisar com maior profundidade alguns reports, o primei-
ro deles é o balancete de verificação (BV), esse apresenta-se como um demons-
trativo contábil que é gerado por meio da estrutura do plano de contas, assim
como da escrituração dos fatos contábeis. Nele, são apresentados todos os saldos
iniciais e também os finais de cada conta contábil e toda a sua movimentação
(apenas os saldos) de débito e crédito em dado período.
Comumente os balancetes de verificação são elaborados e emitidos mensal-
mente, mas sua apresentação aos usuários externos não é obrigatória, podendo
se limitar aos internos. Isso porque o BV caracteriza-se como um demonstrativo
que é auxiliar na contabilidade. Mas, alguns usuários externos, como instituições
financeiras, podem solicitar o balancete de verificação mais atualizado, isso ge-
ralmente ocorre quando é solicitado algum empréstimo, aumente de limite ou
financiamento e essa solicitação está estritamente relacionada com uma análise
mais detalhada da realidade patrimonial da organização.
Desse modo o BV poderá ser emitido de modo analítico (com todas as contas
contábeis) apenas até o nível sintético.
Pois isso permitirá que as informações estejam no grau de detalhamento ne-
cessário para a análise em vários níveis decisórios da organização.
77
tação que acontece em determinada conta ou então subgrupo distorce o saldo
final do grupo. Podemos usar para ilustrar tal fato a percepção tida pela área de
produção de que determinados insumos industriais que foram adquiridos a prazo
não foram escriturados para o fornecedor correto. E no processo de análise da
investigação das causas, identificou-se que havia sido escriturado para um outro
fornecedor por engano. E como um efeito dominó, ambas as contas contábeis
desses fornecedores estariam demonstrando saldos finais incorretos no período
apresentado.
Na sequência um modelo de balancete de verificação analítico:
Quadro 2: Modelo de Balancete de verificação
Saldo
Conta Contábil Débito Crédito Saldo Final
inicial
Ativo
Ativo Circulante
Caixa
Banco
Passivo
Passivo Circulante
78
Anote isso
79
prejuízos acumulados, demonstração do valor adicionado e das notas explicativas
às demonstrações.
Isto acontece
na prática
80
A Contabilidade e seu relacionamento com os Con-
troles Internos nas organizações
É muito comum as organizações possuírem suas próprias leis, que regem as
atividades executadas por todos os seus membros. Essas leis se apresentam em
forma de procedimentos de conduta, orientações de trabalho, formulários pre-
definidos e relatórios periodicamente divulgados aos usuários, que são denomi-
nados de controles internos.
Os controles internos visam assegurar à organização padrões de eficiência em
questões legais, ambientais e trabalhistas, elevar o nível de qualidade em seus
processos, produtos e serviços e transparência nas informações que divulga ao
mercado. A imagem de uma empresa organizada e eficiente também lhe é atri-
buída pelos controles internos.
Assim, para que a informação contábil seja considerada útil a seu usuário é ne-
cessária a participação da contabilidade no processo de criação e aprimoramento
dos controles internos da organização.
Veja alguns exemplos dessa interação:
a) Orientações quanto aos procedimentos de entrada, saída e inventários
de estoques.
b) Orientações quanto aos procedimentos de emissão de notas fiscais.
c) Orientações quanto aos registros de gastos por centros de custos e
rateios, entre outros.
Em muitas situações, a contabilidade é a principal ferramenta que as organi-
zações possuem para criar ou aprimorar controles internos, reputando para ela
a responsabilidade de fiscalizar e gerenciar a aplicação desses controles.
Figura 3: A composição dos números dos reports Figura 4: Agrupamento das informações para
apresentação em relatório
81
COMPREENDENDO O
PROCESSO CONTÁBIL E
ANALISANDO O BP E A DRE
AULA 11
82
Uma das principais finalidades da contabilidade é demonstrar periodicamente a
realidade econômico-financeira das entidades.
Algumas informações são obtidas simplesmente pela leitura dos demonstrati-
vos e outras somente após aplicar a técnica contábil de análise de balanços. Essa
técnica consiste em uma ferramenta de grande valor nas tomadas de decisões,
especialmente por possibilitar o conhecimento da situação econômica e financeira
da organização.
Embora seja conhecida como análise de balanços, essa técnica não se limita
à análise do balanço patrimonial, sendo aplicável aos demais demonstrativos
contábeis, principalmente à demonstração dos resultados.
BALANÇO PATRIMONIAL
Patrimônio Líquido
83
Para realizar a análise do balanço patrimonial – e também dos demais de-
monstrativos – é necessário seguir alguns processos que irão permitir uma maior
compreensão a respeito das informações contábeis registradas.
Passo 1: Leitura do demonstrativo contábil: nessa etapa é possível identifi-
car as informações disponíveis sem a necessidade de aplicação de alguma técnica.
Basta apenas ler o demonstrativo. Informações como o período a que se referem,
a moeda em que os valores são apresentados e os itens patrimoniais da organi-
zação no período são identificados na leitura prévia.
Passo 2: Análise da estrutura do demonstrativo para o desenvolvimento
da análise vertical: com o desenvolvimento desse passo será possível identifi-
car a relevância dos itens patrimoniais por período, assim como compreender as
estruturas de aplicação e financiamento do capital.
Passo 3: Análise da evolução das contas patrimoniais para a construção
da análise horizontal: demonstra como os itens patrimoniais evoluíram de um
período para o outro. A análise não explica as causas da evolução, mas pode indi-
car os principais itens patrimoniais que contribuíram para a realidade patrimonial,
financeira e de desempenho da organização.
Passo 4: Análise dos indicadores: nesse passo será revelado as informações
ocultas nas demonstrações, como liquidez, endividamento, rentabilidade, prazos
médios, entre outras informações.
Passo 5: Análise comparativa com padrões de mercado: caso a organização
tenha disponível o demonstrativo de empresas similares no ramo de atuação,
pode-se também aplicar a análise comparativa entre elas. Para a análise ser útil
é necessário tomar alguns cuidados, como:
a) assegurar que os demonstrativos utilizem o mesmo período de refe-
rência;
b) assegurar que os demonstrativos registrem os valores na mesma moe-
da;
c) identificar se há similaridades nos itens patrimoniais demonstrados pe-
las empresas.
Passo 6: Relatório de análise do balanço patrimonial: sempre será elabora-
do concomitantemente ao desenvolvimento dos passos anteriores e será nele que
as informações significativas serão descritas. Aqui se faz uso da boa comunicação
escrita, aliada a recursos que auxiliam na compreensão das informações, como
quadros, tabelas e gráficos.
84
Compreendendo a Demonstração de Resultado do
Exercício
ANO ANO
Demonstração do Resultado do Exercício
X2 X3
Devoluções e abatimentos
Despesas administrativas
85
(=) Lucro antes do resultado financeiro
Despesas financeiras
Receitas financeiras
Imposto de renda
Contribuição social
Com a leitura da DRE é possível obter algumas informações prévias, mas que
irão colaborar e muito com o desenvolvimento de qualquer tipo de análise, são
elas:
a) os períodos que são apresentados na demonstração;
b) a unidade monetária aplicada aos valores apresentados (geralmente o
Real);
c) o real faturamento ou receitas de vendas auferidas em cada período (a
prazo + a vista);
d) como se deu a construção da composição dos custos em cada período;
e) como se deu a construção da composição das despesas de operação
em cada período;
f) o resultado econômico (contábil) alcançado ao final de cada período; e
g) as contas de resultado (receita, despesas e custos) que possuem notas
explicativas que detalham melhor a composição do seu montante.
E dessa forma é possível relacionar tais informações com outros demonstra-
tivos (DRE, por exemplo), principalmente o balanço patrimonial para identificar
informações ou inferir sobre comportamentos e causas dos resultados organi-
zacionais.
86
Figura 5: Análise da DRE
Fonte: https://br.freepik.com/
Fonte: https://br.freepik.com
Isto acontece
na prática
87
INDICADORES ECONÔMICO-
FINANCEIROS DAS
COMPANHIAS
AULA 12
88
Cabe enfatizar que uma leitura prévia e uma análise da estrutura, bem como
da evolução das contas nos demonstrativos irão proporcionar uma extração de
informações do demonstrativo de balanço patrimonial e demonstração dos re-
sultados e de outros demonstrativos contábeis mais eficiente. Contudo, essas
demonstrações sozinhas não são capazes de identificar a situação econômico-fi-
nanceira da organização, sendo necessário o uso de indicadores para orientar o
diagnóstico final da organização.
Os indicadores financeiros
Qual a fórmula?
Disponibilidades
Passivo Circulante
Como interpretar?
Quantia em reais para saldar cada R$ 1,00 de dívida. Quanto maior, melhor.
Como interpretar?
Essa é a quantia em reais para saldar cada R$ 1,00 (um real) de dívida, então
quanto maior, melhor.
89
3. Índice de liquidez geral
Temos também esse indicador que apresenta qual a capacidade de pagamen-
to de todas as obrigações, sem necessitar de vender imobilizado da companhia
(conhecido também como ativos fixos).
Qual a fórmula?
Ativo Circulante + Ativo não Circulante
Passivo Circulante + Passivo não Circulante
Como interpretar?
Quantia em reais para saldar cada R$ 1,00 (um real) de dívida, então quanto
maior, melhor.
Patrimônio Líquido
Como interpretar?
Quanto menor que R$ 1,00 (um real), então melhor.
90
Passivo Circulante + Passivo não Circulante
Patrimônio Líquido
Como interpretar?
Quanto menor que R$ 1,00 (um real), então melhor.
7. Grau de imobilização
Demonstra se a organização tem realizado investimentos fixos com recursos
de longo prazo, que são os mais apropriados.
Qual a fórmula?
Ativo Imobilizado
Passivo Circulante + Passivo não Circulante
Como interpretar?
Para esse indicador o ideal é que esteja abaixo de 1,00 (um real).
Os indicadores de atividade
1. Giro do ativo
Indica o número de meses de vendas necessários para cobrir o patrimônio
global da empresa. Para obter as vendas mensais, basta dividir o montante de
vendas anuais por 12.
Qual a fórmula?
Ativo Total
Vendas Líquidas Mensais
Como interpretar?
Quanto menor o resultado encontrado, então melhor.
91
3. Prazo médio de recebimento de clientes
Demonstra o tempo médio, em dias, para o estoque ser comercializado. Para
obter o custo diário, basta dividir o montante anual por 360.
Qual a fórmula?
Vendas a receber
Vendas liquidas diárias
Como interpretar?
Quanto menor o resultado encontrado, então melhor.
Os indicadores econômicos
1. Lucratividade
Demonstra a parcela das receitas, livre de gastos operacionais, que foram
incorporadas ao patrimônio da organização.
Qual a fórmula?
Lucro Líquido x 100
Receitas Líquida
Como interpretar?
Quanto maior o resultado encontrado, então melhor.
92
ção, as receitas e despesas financeiras, em outras palavras ele representa a real
capacidade operacional da atividade gerar caixa (recursos financeiros).
Qual a fórmula?
Como interpretar?
Uma empresa sadia consegue gerar caixa a partir da sua atividade principal.
Quanto maior o resultado do Ebtida, mais capacidade de geração de caixa ela tem.
Contudo, deve-se ficar atento ao nível de endividamento que pode consumir do
caixa gerado.
Isto acontece
na prática
93
ou então, que façam a gestão departamental, esquecendo assim que uma ação
desenvolvida pela sua área pode causar reflexos negativos sobre o patrimônio
e eficiência da organização. Assim, uma análise das demonstrações possibilita
uma visão do conjunto de toda a companhia, facilitando o desenvolvimento (e
implantação) de planos de contingência e ação.
Fonte: https://br.freepik.com
Fonte: https://br.freepik.com
94
Anote isso
CONCLUSÃO
Caro aluno, nesta unidade foi possível analisar com mais detalhes a compo-
sição da informação contábil, segundo o que emana o CPC 00, dentre outras
normativas, vimos que tal informação é de suma importância para uma série de
processos decisórios dentro das organizações.
Além disso, vimos sobre o report das informações contábeis por meio dos re-
latórios contábeis (demonstrações contábeis) e como se dá sua relação, partindo
desde o balancete de verificação e chegando até o BP e a DRE.
O terceiro ponto discutido nesta unidade foi sobre o processo de análise e
compreensão a respeito do BP e da DRE, estes como instrumentos de forte cunho
decisório e gerencial, pois a partir deles é possível extrair uma série de informa-
ções contábeis que podem ser trabalhadas, lapidadas e compiladas com o pro-
pósito de construir uma série de análises econômico-financeiras a respeito da
(s) organização (ões), na próxima unidade iremos estudar outros elementos que
colaboram com a gestão estratégica e operacional das organizações.
REFERÊNCIAS
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE – CFC. Resolução CFC n.º 1.161, de 13
de fevereiro de 2009. Manual de contabilidade do Sistema CFC/CRCs e outras
providências. Disponível em: <http://portalcfc.org.br/legislacao/>. Acesso em: 15
jul. 2019.
95
IUDÍCIBUS, S. de (Coord.) Contabilidade Introdutória. Equipe de professores da
Faculdade de Economia, Administração e contabilidade da USP. 11. ed. São Paulo:
Atlas, 2018.
96
DESBRAVANDO A
ESTRUTURA DA GESTÃO DE
CUSTOS
AULA 13
97
Os custos estão presentes em qualquer atividade organizacional, seja ela in-
dustrial, comercial ou serviço, mas inicialmente a gestão dos custos surgiu para
atender as necessidades emergentes de empresas industriais, que precisavam
definir o valor dos estoques com base em gastos incorridos.
Até então, essas eram novas demandas, que não tinham um embasamento
teórico específico da Contabilidade. É por esse motivo que muitos estudiosos da
área mencionam que a forma como a contabilidade de empresas industriais foi
feita à época decorreu de forma muito similar com o que já era realizado em enti-
dades comerciais. Sendo assim, podemos dizer que a gestão dos custos necessita
de direcionadores e para isso há os princípios da contabilidade de custos, salien-
ta-se que esses princípios também são utilizados na contabilidade comercial.
Realização da receita
98
além do já conhecido regime de competência. Reconhecer receitas e despesas no
momento de sua ocorrência.
Por fim, neste tópico apresentamos o Princípio da Apropriação de Custos por
Absorção. Fique atento a ele, pois, dentre os princípios, é o que traz mais impacto
à definição do custo de um produto. Acompanhe.
99
Figura 1: Apropriação de custos aos produtos
Anote isso
100
Subclassificação dos custos
101
Figura 2: esquema de classificação de gastos
Isto acontece
na prática
Fonte: https://br.freepik.com/
102
Figura 4: Análise dos gastos corporativos
Fonte: https://br.freepik.com
103
O GERENCIAMENTO DE
CUSTOS E A EFICIÊNCIA
ORGANIZACIONAL
AULA 14
104
Margem de contribuição
Não podemos dizer que os dois cálculos se referem a resultado, pois na lin-
guagem contábil, a segunda equação está incorreta, visto que não considera os
custos e despesas fixas. É, então, que surge o conceito de margem de contri-
buição. Podemos definir a MC como sendo o quanto sobra das receitas após a
retirada de custos e despesas variáveis.
105
MCu
MCu = Preço de Venda (Líquido de Impostos) – Custos Variáveis – Despesas
Variáveis
Isto acontece
na prática
106
Exemplo de cálculo de margem de contribuição unitária por produto:
Produto X Produto Y
Anote isso
Podemos ter custos fixos que são diretamente ligados a um produto es-
pecífico. Agora, como reconhecê-los no resultado, visto que eles são apre-
sentados após a margem de contribuição total?
O mix de produção
107
Agora iniciamos a conversa sobre o mix de produção, mas o que um mix de
produtos informa/transmiti/indica aos usuários?
Um mix de produtos indica a quantidade de unidades que é ideal de produ-
ção e vendas de cada produto/mercadoria em um dado ambiente com restrições
(mercadológicas, por exemplo).
Figura 5: Acompanhamento detalhado do resultado da companhia
Fonte: https://br.freepik.com
108
Veja no quadro a seguir, como seria um exemplo de mix de produção e vendas
ideal, em um dado cenário.
Farinha 0 unidades
Veja que em nosso mix de produção (exemplo acima), demos prioridade aos
produtos que possuem uma maior margem de contribuição, devido que são esses
os produtos que irão maximizar o resultado (financeiro) da companhia.
Um outro ponto é que este mix representa o volume de produção e vendas
ideal, ou seja, o máximo que conseguiremos fazer para ter o melhor resultado
possível, mesmo com a falta de matéria-prima.
Fonte: https://br.freepik.com/
109
ANÁLISE DO GRAU DE
ALAVANCAGEM, PONTO DE
EQUILÍBRIO E MARGEM DE
SEGURANÇA
AULA 15
110
Grau de alavancagem nas organizações
Margem de contribuição
Resultado operacional líquido
17.000
8.700
Isso implica dizer que para cada 1% de aumento das receitas, o resultado
operacional irá aumentar 1,95%. Vejamos a prova do funcionamento do Grau de
Alavancagem Operacional a partir de uma suposição. Considere que as receitas
da empresa aumentem em 30% para ambos os produtos, sem que Custos e Des-
pesas fixos aumentem.
111
Ponto de equilíbrio
112
seria igual a zero, pois esse é o momento em que não há prejuízo.
Com esse resultado agora sabemos que é necessário vender 3.500 unidades
de picolé para que o resultado seja igual a zero. A definição de Ponto de Equilíbrio
Contábil (PEC) é justamente essa, o momento em que, contabilmente, o resultado
das vendas da empresa começa a superar o prejuízo.
Essa equação nos retorna à quantidade de unidades que precisam ser vendidas
para que o resultado contábil da entidade seja igual a zero.
Isto acontece
na prática
113
ceiro, principalmente pelo reconhecimento de gastos não financeiros.
Ao reconhecermos gastos desse tipo no cálculo de Ponto de Equilíbrio Con-
tábil, podemos transmitir uma informação distorcida para a entidade, elevando
seu resultado de PEC com gastos que sequer geram impacto no Caixa. O mesmo
acontece ainda com Amortização e Exaustão.
114
Vamos, então, retomar o nosso exemplo anterior. Considerando um Investi-
mento de R$ 250.000,00 e um retorno mensal esperado de 2,75%. Sendo assim,
o retorno mensal esperado é de R$ 6.875,00. Esse valor passa a integrar o nume-
rador da nossa equação de Ponto de Equilíbrio, gerando o Ponto de Equilíbrio
Econômico. Veja a equação a
Ponto de equilíbrio econômico:
8.300,00 + 6875,00
34%
PEE = 44.632,35
Margem de segurança
115
que a gestão das entidades tenha um direcionamento adequado.
Fonte: https://br.freepik.com/
Fonte: https://br.freepik.com
116
O ORÇAMENTO
EMPRESARIAL E
INFORMAÇÃO CONTÁBIL
AULA 16
117
O contexto do orçamento empresarial
Pode-se dizer que o orçamento empresarial se constitui como uma das fer-
ramentas de apoio a gestão das organizações. E tal ferramenta tem sua origem
pautada à busca pela eficiência na utilização dos recursos que estão disponíveis
para a organização, bem como na previsão e também no controle do crescimento
de suas operações (fabris, comerciais e etc.).
Diante disso, temos também a informação contábil que é um elemento de
importante valor para a elaboração do orçamento empresarial, pois ela servirá
de sustentação para o desenvolvimento das previsões, dos cenários e dos com-
portamentos do patrimônio da organização, além disso, por meio da tabulação
de tais informações será possível compreender com maior amplitude como está
o desempenho da organização, seja no aspecto financeiro-econômico como tam-
bém no aspecto operacional.
Ainda pode-se dizer que por meio de tais informações é desenvolvido o acom-
panhamento de várias ações organizacionais que são resultantes dos planos or-
çamentários que foram elaborados pela organização, demonstrando assim a efi-
ciência, por área, com o propósito de se atingir os objetivos ora propostos.
Isto acontece
na prática
118
Figura 9: O equilíbrio do orçamento empresarial
Fonte: https://br.freepik.com/
119
E agora temos a terceira parte, que é o planejamento operacional, esse em
uma escala de hierarquia por meio de uma pirâmide, pode-se dizer que ele está
na base da pirâmide mais próximo da execução das atividades organizacionais.
Nesse planejamento são estabelecidas todas as ações de curto prazo, assim como
os recursos que são necessários para isso, os prazos e as condições para sua
execução. Pode ser representado por instrumentos como planos de fabricação,
programações de compras, cronogramas de projetos etc. Os planos operacionais
são elaborados e executados à luz das definições do orçamento empresarial.
Todos os planos (estratégico, táticos e operacionais) estão vinculados ao orça-
mento empresarial e, juntos, alimentam o sistema de informações da organização,
que é o principal veículo de medição e comunicação dos resultados alcançados.
Agora tratando sobre as funções de um orçamento empresarial podem ser
resumidas pelas ações existentes no ciclo PDCA (sigla em inglês dos verbos plan,
do, check, act – planejar, executar, verificar e ajustar).
A função planejar contempla diretrizes e objetivos impostos à organização,
bem como as ações a serem realizadas e os recursos necessários para sua execu-
ção. Nessa fase, os gestores são incentivados a pensar no futuro, balizados pelo
plano estratégico da organização e as condições ambientais existentes (ambiente
interno e externo).
Na função executar, o orçamento empresarial será um norteador para a reali-
zação de ações que alcancem as metas mensais globais e das áreas. O orçamento
será utilizado como um roteiro de viagem pelos gestores, funcionando como um
meio para dirimir dúvidas e orientar decisões.
Já na função verificar, o sistema de informações da organização vai indicar se
o curso do orçamento empresarial está favorável para que a área e toda a empre-
sa alcancem os objetivos previstos no planejamento. O sistema de informações
precisa expressar as informações no mesmo formato do orçamento, facilitando
a leitura e a avaliação pelos gestores da organização.
Finalmente, na função ajustar, a organização atuará sobre os desvios de com-
portamento detectados, de modo que os resultados projetados para a empresa
sejam alcançados. E, ainda, que situações desconhecidas ou não abordadas na
fase do planejamento sejam contornadas.
120
A organização e o processo de elaboração do orçamento
Fonte: https://br.freepik.com
Sendo assim, é necessária atenção em todos os detalhes no momento da pre-
paração do orçamento empresarial, e isso requer que todos os processos orça-
mentários, desde a elaboração, as implantações até a utilização do mesmo sejam
totalmente eficazes, ou seja, atinjam a meta que é controle do resultado e dos
gastos, mas para que isso aconteça é totalmente necessário o apoio e a colabo-
ração de todos da empresa, desde aquele colaborador do nível operacional, até
o presidente da companhia e muitas vezes esse apoio/colaboração é obtido por
121
meio da conscientização de todos sobre a importância do orçamento.
Em suma, pode-se dizer que um orçamento empresarial é desenvolvido entre
dois ou então três meses antes de se iniciar realmente o período em que esse
deverá ser executado.
E além disso, a sua elaboração muitas vezes é baseada em dados históricos
da contabilidade, ou seja, de exercícios anteriores, salvo em casos em que a com-
panhia adota o Orçamento Base Zero que é iniciar o processo orçamentário do
zero, excluindo para essa elaboração todas as bases de dados.
CONCLUSÃO
Caro aluno, nesta unidade 4 você teve a oportunidade de desenvolver um
maior contato com algumas ferramentas muito utilizadas na gestão de organiza-
ções, além disso foi lhe apresentado a relação dessas técnicas com uma série de
exemplificações para facilitar sua absorção e visualização.
Logo no início, no tópico 1 começamos com uma análise geral a respeito dos
custos e despesas das organizações, assim como sua respectiva gestão, já na
sequência (tópico 2) tratamos com maior profundidade sobre o gerenciamento
dos custos e como isso afetar a eficiência organizacional. No tópico 3 vimos sobre
o grau de alavancagem, ponto de equilíbrio e margem de segurança, bem como
sua relação com a eficiência da organização. E para fecharmos foi discutido sobre
o orçamento empresarial, bem como apresentado seu conceito, aplicabilidade e
finalidade.
Enfim, nesta unidade tivemos a oportunidade de descobrir novos conceitos,
ferramentas e sua usabilidade prática nas empresas, seja ela do ramo comercial,
industrial ou serviço, de pequeno porte, médio ou grande.
122
REFERÊNCIAS
BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. Gestão de Custos e Formação de Preços. 6. ed. São Paulo:
Atlas, 2016.
123