Você está na página 1de 123

CONTABILIDADE

GERENCIAL E
CONTROLADORIA

PROF.ª LUIS FERNANDO CONDUTA


SUMÁRIO

AULA 01 A NECESSIDADE DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL NAS ORGANIZAÇÕES 4

AULA 02 INFORMAÇÕES CONTÁBEIS E SEUS USUÁRIOS 14

AULA 03 FUNÇÕES DA CONTABILIDADE 19

AULA 04 TERMINOLOGIA UTILIZADA NA CONTABILIDADE 25

AULA 05 CONCEITUANDO O PATRIMÔNIO 30

AULA 06 O PATRIMÔNIO LÍQUIDO DAS EMPRESAS 37

AULA 07 DESDOBRAMENTO DOS ELEMENTOS PATRIMONIAIS E DE RESULTADO 42

AULA 08 O DESEMPENHO OPERACIONAL E O PATRIMÔNIO DA ORGANIZAÇÃO: UMA


ANÁLISE DA RELAÇÃO 53
AULA 09 O CPC 00 E A INFORMAÇÃO CONTÁBIL: UMA ANÁLISE DO SEU PAPEL NA GESTÃO
DAS ORGANIZAÇÕES 58
AULA 10 O REPORT DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS 76

AULA 11 COMPREENDENDO O PROCESSO CONTÁBIL E ANALISANDO O BP E A DRE 82

AULA 12 INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS DAS COMPANHIAS 88

AULA 13 DESBRAVANDO A ESTRUTURA DA GESTÃO DE CUSTOS 97

AULA 14 O GERENCIAMENTO DE CUSTOS E A EFICIÊNCIA ORGANIZACIONAL 104

AULA 15 ANÁLISE DO GRAU DE ALAVANCAGEM, PONTO DE EQUILÍBRIO E MARGEM DE


SEGURANÇA110
AULA 16 O ORÇAMENTO EMPRESARIAL E INFORMAÇÃO CONTÁBIL 117
INTRODUÇÃO
Gerir uma empresa é um processo complexo e ao mesmo tempo muito cativan-
te, no qual é possível experimentar várias técnicas e conceitos que possibilitarão
ampliar a capacidade individual de identificar, analisar e solucionar problemas.
O segredo para obter sucesso na gestão está na capacidade de a organização
se reconhecer perante o mercado e atribuir objetivos estratégicos que possam
ser alcançados.
Para esse fim, a contabilidade gerencial é uma excelente aliada das organiza-
ções. Sua capacidade de detectar problemas, avaliar contextos e predizer cenários
permite uma evolução menos suscetível às decisões erradas ou ausentes.
Ainda, um sistema de informações confiável, baseado nos dados de plane-
jamento e execução de todas as áreas, atividades e processos, agregará valor à
tomada de decisão dos gestores, fazendo com que os erros fiquem mais distantes
da realidade da empresa e o alcance dos objetivos, mais próximos.
A NECESSIDADE DA
INFORMAÇÃO CONTÁBIL
NAS ORGANIZAÇÕES

AULA 01
Antigamente, os indivíduos eram respeitados na sociedade de acordo com o
volume de bens que possuíam, pois a riqueza patrimonial era símbolo de sucesso
pessoal. As relações de trocas eram feitas com as moedas que circulavam na épo-
ca. Há vários registros desse período que demonstram a necessidade de controle
dos bens que os indivíduos adquiriam, desde inventários desenhados em rochas
até documentos de diversos materiais e em várias línguas, descobertos pelo ho-
mem na tentativa de reencontrar o seu passado. Neles, percebe-se a presença
do controle do patrimônio pessoal em todos os períodos da história do homem.

A necessidade da informação contábil nas organizações

A sociedade evoluiu e a configuração de patrimônio se transformou. O que


antes era tão valioso, como o ouro, por exemplo, perdeu valor com o tempo. O
mesmo ocorreu com o sal, palavra que até deu origem ao termo salário, remu-
neração que a maior parte dos indivíduos recebe pelo esforço laboral que pratica
mensalmente. Outros bens surgiram e se valorizaram, criando, de acordo com a
época e a sociedade respectivas, dinâmicas econômicas diferentes.

Anote isso

O termo salário tem origem no latim salarium argentum, que se traduz


como “pagamento em sal”. O pagamento com sal era oferecido aos sol-
dados do Império Romano. Por ser tão valioso, o sal foi motivo de muitas
disputas, como a guerra entre Roma e Cartago em 250 a.C.

A ciência contábil constrói-se e ramifica-se com base no patrimônio do indiví-


duo. Esse é o eixo central que delineia a percepção do que era, é ou será a conta-
bilidade, Santos et al. (2007, p.24) relatam vários indícios da presença da contabi-
lidade na sociedade mesopotâmica do período de 8.000 a.C. até 3.000 a.C., com
destaque para uma das técnicas de maior relevância, a escrituração registrada em
tabuletas de barro. O que mais se destaca nesse levantamento não é o processo
rudimentar que os povos utilizavam, mas as mutações que o processo sofreu à
medida que a sociedade se transformava e aprimorava a técnica de escrituração
dos bens patrimoniais que se tornava mais complexa.

5
A escrituração mesopotâmica era muito mais do que um simples registro e
implicava uma sistemática única. Esse povo era muito criterioso quanto a registrar
adequadamente e desenvolveu várias formas de registros para os bens, até fichas
de diversos formatos para representá-los. Esse sistema propiciava aos comer-
ciantes e produtores rurais da época o domínio sobre a sua realidade patrimo-
nial com rapidez, bem como facilitava a realização do inventário físico dos bens.
Ainda, permitia o controle de entrada e saída de novos bens do seu patrimônio,
possibilitando a gestão dos ativos que o indivíduo (ou a família) possuía.

Figura 1: A troca de informações

Fonte: https://pixabay.com/
Mais à frente na história, entre 2.000 a.C., no Egito, a escrituração se tornou
obrigatória em razão da cobrança de impostos e taxas, permitindo que o gover-
no recebesse um quinhão dos ganhos auferidos pelos indivíduos que possuíam
patrimônio.
Nesse período, a contabilidade ampliou sua finalidade e seus usuários, servin-
do aos interesses do empreendedor e do governo.
Seguindo as evoluções históricas, com o advento da moeda, das medidas de
valor e da escrita, a técnica de escrituração dos bens patrimoniais se aprimorou
e passou a possibilitar a comparabilidade do valor dos bens que cada indivíduo

6
possuía. Ou seja, essa evolução social permitiu que os patrimônios pessoais de
cada indivíduo pudessem ser comparados entre si, o que possibilitava identificar
o nível de pobreza ou riqueza de cada um.
Desde então, a atividade econômica evoluiu muito, necessitando da ciência
contábil como alicerce para o crescimento dos fluxos de dinheiro entre os povos.
No final do século XV, na Itália, a contabilidade recebeu um novo e importante
impulso: o método das partidas dobradas.
Esse método inovou por conseguir revelar, com perfeição, os impactos das mu-
tações patrimoniais por intermédio de um sistema de contas. A evolução também
ocorreu por meio da regra da igualdade das mutações patrimoniais, na qual tudo
que entra ou sai do patrimônio é identificado com o mesmo valor monetário. O
método foi descrito pela primeira vez em 1494 pelo frei Luca Bartolomeu Pacioli
no livro Summa de Arithmetica, Geometria proportioni et propornaliti.
Frei Luca Pacioli foi um célebre matemático italiano da época e, em sua obra,
dedicou um capítulo para descrever o método de partidas dobradas. Por esse
trabalho, que foi amplamente divulgado pelo mundo, foi reconhecido por muitos
estudiosos como o “pai da contabilidade”. Com ele, iniciou-se uma das grandes
escolas da ciência contábil, a escola europeia.
A partir de 1920, começou a fase de predominância estadunidense na contabi-
lidade: a economia norte-americana estava em expansão, grandes conglomerados
eram criados, o mercado de capitais se expandiu e novas demandas e finalidades
foram incorporadas à contabilidade. Enquanto as escolas europeias declinavam,
as escolas norte-americanas floresciam com suas teorias e práticas contábeis.
Nesse período, com o avanço do mercado de capitais, identificaram-se novos
usuários para a informação gerada pela contabilidade e, com isso, iniciou-se um
processo de padronização de relatórios, de tal forma que investidores, governo,
instituições financeiras, entre outros, pudessem ter a mesma interpretação sobre
as condições do patrimônio das organizações.

7
Figura 2: a informação contábil e seu desenvolvimento

Fonte: https://pixabay.com/

Os arranjos de pessoas ou grupos, denominados, atualmente, de empresas ou


sociedades (sociedades anônimas, sociedades limitadas, sociedades mistas etc.),
tiveram um papel relevante no avanço da contabilidade. A cada nova modalidade
de arranjo criada, os novos livros precisavam do conhecimento contábil para se-
rem escriturados, outras obrigações acessórias tornaram-se necessárias e novas
formas de interação apareciam nas transações entre companhias, pedindo que o
profissional contábil se mantivesse em constante atualização de conhecimentos
e tecnologias.
E o grande marco da contabilidade é a convergência para um padrão único de
escrituração contábil em todas as nações. No Brasil, esse processo iniciou-se com
a Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007, que revoga institutos importantes
da escrituração contábil da Lei n. 6.404/1976 e cria uma harmonização entre as
práticas contábeis brasileiras e as normas internacionais difundidas e adotadas
pelos grandes grupos empresariais no mundo. Essas normas, denominadas In-
ternational Financial Reporting Standards (IFRS), são publicadas pelo International
Accounting Standards Board (IASB). Algumas dessas normas são conhecidas como
International Accounting Standards (IAS).

8
Esse trabalho de convergência foi atribuído ao Comitê de Pronunciamentos
Contábeis (CPC), composto por membros da Associação Brasileira das Compa-
nhias Abertas (Abrasca), Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento
do Mercado de Capitais (Apimec Nacional), Bolsa de Valores, Mercadorias e Fu-
turos de São Paulo (BM&FBOVESPA), Conselho Federal de Contabilidade (CFC),
Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) e
Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon).
Além de normas, convenções e orientações emitidas pelo CPC, a contabilidade
brasileira segue também as orientações fiscais das três esferas de governo (mu-
nicipal, estadual e federal) e normas regulatórias de setores específicos, como
os segmentos de seguros, energia elétrica, financeiro, por exemplo. Isso significa
que o profissional contábil está inserido em um amplo e complexo mar de regu-
lamentações que precisam ser atendidas e praticadas diariamente.
O que distingue a contabilidade de um procedimento meramente administra-
tivo é sua capacidade de auxiliar as organizações na gestão do patrimônio por
meio de técnicas próprias de escrituração, demonstração, auditoria e análise, que
sofrem adaptações ao contexto social, mas preservam sua essência.

Conceito e importância da contabilidade


A contabilidade é uma ciência social cujo objeto é o controle do patrimônio, que
é efetuado por meio de coleta, processamento e armazenamento de informações
sobre os fatos que geraram a mutação patrimonial e financeira das organizações.
Como resultado do processamento dos fatos, a contabilidade gera informações
sobre a posição patrimonial e financeira, o desempenho e as mutações patrimo-
niais e financeiras das organizações.

9
Figura 3: Conhecendo a contabilidade

Fonte: https://pixabay.com/

Para que essas informações possam estar disponíveis com fidedignidade e


acurácia aos seus usuários, a contabilidade utiliza técnicas de escrituração, de-
monstração, análise e auditoria, as quais são empregadas de acordo com seus
pressupostos científicos, combinadas com os pronunciamentos técnicos, legisla-
ções e práticas de mercado amplamente difundidas.
Veja agora os principais conceitos da contabilidade para construir o entendi-
mento necessário sobre sua aplicabilidade e abrangência.

Contabilidade como ciência social


Quando se define a contabilidade como uma disciplina das ciências sociais, a
intenção é relacioná-la aos aspectos sociais do indivíduo e dos grupos, cuja inte-
ração gera vários processos de transferência de riquezas as quais se refletirão no
patrimônio das organizações.
Por exemplo, a partir da transação de compra de itens básicos, como arroz
e feijão, por uma pessoa, efetiva-se um ciclo de produção e abastecimento que
pode gerar várias etapas de transferências de riquezas entre a pessoa e o super-
mercado, o supermercado e o cerealista, o cerealista e o produtor rural, e assim

10
sucessivamente, de forma que é impossível determinar todos os atores envolvidos
e o ponto final da transferência de riqueza.
Nesse caso, há de se considerar o papel do governo nesse processo, no qual
absorve parte da riqueza gerada e a transfere ao meio social.

A Contabilidade como controle

Por controle entende-se as etapas de coleta, processamento e armazenamento


das informações dos fatos que geram efeitos sobre o patrimônio da organização.

Figura 4: Etapas do controle

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

A etapa de coleta pressupõe um processo de comunicação eficiente entre as


áreas e os colaboradores de uma organização, de forma que os fatos que modi-
ficam a situação patrimonial possam ser identificados e registrados pela conta-
bilidade.
A comunicação tem sido bastante eficiente nos últimos anos, essencialmente
por causa da utilização de sistemas e softwares capazes de integrar cada fato ocor-
rido na organização com as diversas áreas que necessitam daquela informação.
Essa comunicação ocorre de forma rápida (em muitas situações, em tempo real)

11
e precisa (difundindo várias ações automatizadas, minimizando erros, reduzindo
custos e padronizando os tratamentos).
A etapa seguinte, processamento, pressupõe a aplicação do conhecimento
contábil, incluindo todo o arcabouço técnico e científico que permitirá a demons-
tração clara de cada mutação patrimonial ocorrida, como também as reflexões
necessárias sobre a real situação patrimonial e financeira da organização. Essa
etapa é de grande importância, por isso exige profissionais contábeis bem prepa-
rados para identificar e processar as informações de forma fidedigna e acurada.
O erro (não intencional) ou dolo (intencional) de um processamento inade-
quado pode causar inúmeros problemas para a organização, desde a aplicação
de uma multa pelas auditorias fazendárias até a perda de credibilidade da orga-
nização perante o mercado.

Contabilidade como sistema de informações

A contabilidade armazena informações geradas em diversas áreas da orga-


nização e também produz suas próprias informações, resultantes de todos os
processamentos e análises das informações de diversas áreas.

Figura 5: A contabilidade e todo seu sistema

Fonte: https://pixabay.com/

12
Desse modo, também é possível conceituar contabilidade como um vasto e
rico sistema de informações capaz de atender aos interesses da organização, do
governo e de diversos outros interessados sobre o contexto patrimonial e finan-
ceiro. Como sistema de informação entende-se um conjunto de recursos voltados
para a geração de informações, de modo que a organização consiga cumprir seus
objetivos (PADOVEZE, 2010).
O uso de softwares integrados e especializados são elementos-chave para que
a contabilidade de uma organização atinja esses resultados.

Isto acontece
na prática

Casos de fraudes contábeis já renderam muitos registros na mídia em


geral, como, por exemplo, os casos envolvendo as empresas Enron, Worl-
dCom, Parmalat, Banco Panamericano, Café Pilão, Adidas. Para saber
mais, pesquise na internet por “casos de fraudes contábeis”.

Por fim, a etapa de armazenamento pressupõe mecanismos de guarda das


informações e de elementos que comprovam a existência das mutações patri-
moniais.

13
INFORMAÇÕES CONTÁBEIS
E SEUS USUÁRIOS

AULA 02
Os sócios administradores são os principais usuários da informação contábil.
Ao fundarem a organização a partir de uma ideia, disponibilizaram recursos para
sua operação e, desde então, dedicam tempo para que ela obtenha o reconheci-
mento do mercado. Consequentemente, desejam que a empresa criada aumente
sua riqueza pessoal por intermédio da distribuição dos lucros auferidos. Para os
sócios, a contabilidade é fundamental.
Uma contabilidade ágil e fidedigna possibilitará que os sócios administradores
acompanhem toda a evolução da empresa que criaram e obtenham informações
sobre questionamentos, como:
A empresa está gerando lucros?
Como está a situação financeira da empresa?
Em qual projeto é possível investir?
Responder a essas perguntas é crucial para que as decisões tomadas pelos
sócios surtam efeitos positivos sobre a organização. Ou, em situações ruins, mi-
nimizem possíveis efeitos negativos.

Figura 6: Conhecendo o processo contábil

Fonte: https://pixabay.com/

15
Além dos sócios administradores, os sócios investidores também são usuários
da informação contábil. Esses sócios se preocupam com os riscos inerentes ao
investimento e ao retorno produzido por ele.
As informações contábeis permitirão decidirem entre a compra, a manutenção
ou a venda de investimentos. Por exemplo, ao divulgar as informações contábeis
sobre o resultado gerado em determinada empresa e as influências desses re-
sultados sobre o patrimônio da entidade, os sócios investidores poderão avaliar
se haverá um incremento no valor das ações ou participações que detêm sobre
o capital da entidade.

Isto acontece
na prática

As companhias de capital aberto, as famosas S/A’s devem divulgar tri-


mestralmente suas informações contábeis, ou seja, elas apresentam suas
demonstrações financeiras todos os usuários e interessados.

Há de se destacar que esse tipo de sócio é de grande relevância para empresas


com ações negociadas em bolsa de valores e para alguns modelos de negócios
em que o sócio investidor participa da sociedade empresarial em caráter tempo-
rário. Em muitos casos, esse parceiro pode não participar da administração, mas
influencia algumas decisões.
Outra categoria de usuário da informação contábil que se pode destacar são
os próprios empregados da entidade e entidades sindicais. Tais usuários estão
interessados em informações contábeis que lhes permitam avaliar a estabilidade
e a lucratividade de seus empregadores e, consequentemente, se a entidade tem
capacidade de prover sua remuneração, benefícios de aposentadoria e oportuni-
dades de emprego.
Instituições financeiras são outra classe de usuários das informações contábeis
das empresas. Para elas, a contabilidade da empresa vai determinar a capacida-
de de pagar seus empréstimos ou financiamentos e os correspondentes custos
financeiros no vencimento contratado.
Em situação semelhante às instituições financeiras estão os diversos credores
da entidade, como fornecedores de matérias-primas, imobilizados, serviços, en-

16
tre outros. Porém, o horizonte de tempo que eles consideram para a análise das
condições financeiras e patrimoniais da entidade é mais curto.

Figura 7: A composição da informações contábeis

Fonte: https://pixabay.com/

Os clientes, por sua vez, também têm interesse em informações contábeis


que demonstrem a continuidade operacional da entidade, especialmente quando
possuem relacionamento de longo prazo com os produtos por ela fornecidos, ou,
ainda, quando dependem dela como fornecedor importante.
As esferas governamentais estão interessadas na destinação dos recursos ge-
rados pela empresa com a finalidade de regulamentar as atividades das entida-
des, estabelecer políticas tributárias e produzir bases estatísticas do desempenho
econômico e social do país.
As entidades interferem no meio social de diversas formas e, por isso, a socie-
dade em geral também é uma possível usuária da informação contábil. Por inter-
médio da contabilidade das entidades, a sociedade poderá avaliar a contribuição
que ela traz à economia local, empregando pessoas e utilizando fornecedores
locais. Além disso, podem identificar a evolução do desempenho da organização,
seus projetos sociais e ambientais.

17
Anote isso

No site do Conselho Federal de Contabilidade estão disponíveis as reso-


luções que orientam a escrituração contábil e demonstram os relatórios
contábeis da maneira correta.

18
FUNÇÕES DA
CONTABILIDADE

AULA 03
Função de organizar

A contabilidade gera várias informações sobre as mutações patrimoniais e fi-


nanceiras que afetam o patrimônio da entidade e as disponibiliza periodicamente
aos usuários de forma sistematizada. Dessa forma, o tipo de informação, perio-
dicidade e forma de apresentação são, na maioria dos casos, conhecidos antes
da ocorrência das mutações.

Figura 8: Organizando a contabilidade

Fonte: https://br.freepik.com/
Nesse contexto, cabe à contabilidade a responsabilidade de organizar as etapas
para que as mutações patrimoniais possam ocorrer com certa previsibilidade,
seguindo orientações técnicas e legais.
Vejamos alguns exemplos:
• Formulários, documentos hábeis e procedimentos para registro das
saídas e entradas de produtos e mercadorias dos estoques.
• Formulários, documentos hábeis e procedimentos para apresentação
dos gastos com adiantamentos e viagens.
• Formulários, documentos hábeis e procedimentos para transferências
de bens entre unidades, filiais, departamentos etc.
• Formulários, documentos hábeis e procedimentos para a realização de
pagamentos.

20
• Formulários, documentos hábeis e procedimentos para a efetivação
das vendas.
A função de organizar também está relacionada ao nível de detalhamento que
a mutação patrimonial receberá da contabilidade. Esse nível está diretamente
relacionado à relevância da informação para os diversos usuários.
O nível de detalhamento é propiciado por um sistema de contas denominado
plano de contas e pela padronização dos históricos dos fatos que geram as mu-
tações patrimoniais e financeiras na entidade. Esses dois mecanismos auxiliarão
e facilitarão a comunicação de informações aos usuários.

Função de registrar

O registro é o ato de reconhecimento da mu-


tação patrimonial e compreende o momento,
o fato e o valor monetário da mutação. Sem o
registro, a entidade não representará de forma
fidedigna e acurada o real valor do seu patri-
mônio.

Figura 9: A função de registrar na contabilidade


Fonte: https://br.freepik.com/

Destaca-se novamente a necessidade de um processo de comunicação eficien-


te entre as áreas e a contabilidade, e de sua ativa participação na organização de
processos e atividades da entidade.
É a partir do exercício dessa função que a contabilidade propiciará todos seus
benefícios para a empresa e os usuários da informação contábil.

Função de reportar

Essa função está relacionada às ações de elaboração de relatórios e demons-


trações que destaquem a situação patrimonial, as mutações ocorridas e que estão
por acontecer.

21
Reportar pressupõe conhecer a informação
sobre as mutações patrimonial e financeira de-
talhadamente registrada. Pressupõe também
periodicidade no processo de comunicação
com seus usuários, pois quando há demora
na divulgação de uma informação, há grandes
possibilidades que ela não seja mais relevante
para o seu usuário.
Figura 10: A função de reportar
Fonte: https://br.freepik.com/

Em relação aos aspectos técnicos e legais, a contabilidade prevê modelos es-


pecíficos e padronizados de apresentação da situação patrimonial e financeira
das empresas, por exemplo, as demonstrações listadas no art. 176 da Lei n.
6.404/1976 (alterada pelas Leis n. 11.638/2007 e 11.941/2009)

Isto acontece
na prática

As definições dadas pelas Leis n. 6.404/1976, 11.638/2007 e 11.941/2009


devem ser observadas por todas as empresas que são regidas pela Lei
das S/A, que compreende, além das sociedades anônimas, também as
empresas limitadas tributadas pelo lucro real conforme o Decreto-lei
1.598/1977.

Observação: toda a legislação citada está sujeita a alterações. Por isso, reco-
menda-se o acesso ao site do Governo Federal para obter a versão mais atual.
Esses demonstrativos, por serem padronizados, facilitam a compreensão dos
diversos usuários da informação contábil, sobretudo investidores, governos e
instituições financeiras.

Função de analisar

A função de analisar está diretamente ligada às funções anteriores, das quais é


uma consequência natural. Ao organizar procedimentos, a contabilidade precisa
monitorar constantemente se eles estão adequados à realidade e ao contexto da

22
organização. A análise possibilita essa refle-
xão e facilita novas ações de organização, e,
se necessário, os ajustes aos procedimentos.
A análise de registro possibilitará identifi-
car mutações patrimoniais e financeiras au-
sentes, incompletas ou registradas erronea-
mente.
Figura 11: A função de analisar da contabilidade
Fonte: https://br.freepik.com/

E, ainda, complementará a função de reportar da contabilidade, agregando


análise crítica, identificando causas e efeitos e prevendo cenários e comporta-
mentos que afetarão a situação patrimonial e financeira da empresa no futuro.
A função de analisar também estará presente nos processos de tomada de
decisões da empresa, auxiliando profissionais e gestores.
Desse modo, a contabilidade apoia todo o ciclo operacional, dando grande
estímulo à gestão eficiente da empresa, qualidade algumas vezes ignorada por
empresas de pequeno e médio porte, que visualizam a contabilidade apenas como
apoio às obrigações fiscais e sociais.

Função de acompanhar

A função de acompanhar também está presente em todo o ciclo operacional


da empresa e pode ser constatada em atividades como controle do fluxo de caixa,
de quantias recebidas e a receber, ou de quantias pagas e a pagar, inventários,
entre outros.
O acompanhamento exercido pela contabilidade também ocorre em ações
estratégicas da organização, como gestão de projetos de investimentos e de or-
çamentos empresariais.
As funções da contabilidade podem ocorrer simultaneamente e, em algumas
empresas, há especialistas ou áreas específicas que as executam.

23
Isto acontece
na prática

A contabilidade tem como objetivo principal gerar informações contábeis


e financeiras a seus usuários, mas tal objetivo só consegue ser atingido
por meio da execução de todas as funções da contabilidade, além do
auxílio de um sistema de informação, um exemplo prático disso são os
sistemas integrados por meio, dos ERP’s, que fornecem uma série de
informações financeiras aos usuários.

24
TERMINOLOGIA UTILIZADA
NA CONTABILIDADE

AULA 04
A contabilidade faz uso de uma terminologia própria, a qual faz parte da lin-
guagem do ambiente empresarial, que muitas vezes desconhece suas origens.
Na sequência são apresentados os termos mais frequentes.
Ativo
São todos os bens, direitos e valores a receber de uma entidade.
Capital social
Parcela do capital próprio investida pelos proprietários ou acionistas da enti-
dade, que abrange os montantes entregues por eles à empresa, como também a
incorporação de lucros obtidos ao capital social.
Ciclo financeiro
Conjunto de etapas que envolve o ingresso e a saída de recursos financeiros
do caixa da entidade. O ciclo financeiro determina as mutações financeiras a que
o patrimônio da entidade está sujeito.
Ciclo operacional
Conjunto de etapas que define a operação da entidade. Tem início com a aqui-
sição dos bens e insumos que gerarão as receitas de comercialização de merca-
dorias, produtos e serviços e termina com o processo de distribuição dos lucros
auferidos no período.

Figura 12: Os conceitos de contabilidade

Fonte: https://br.freepik.com/
26
Cliente
Pessoa física ou jurídica que adquire as mercadorias, produtos ou serviços da
entidade.
Crédito
Convenção contábil que identifica mutações financeiras e patrimoniais que
demonstram:
a) redução de bens e direitos;
b) elevação das obrigações;
c) realização de receitas.
Débito
Convenção contábil que identifica mutações financeiras e patrimoniais que
demonstram:
a) elevação dos bens e direitos;
b) consumo de recursos e realização de gastos para geração de receitas;
c) redução das obrigações.

Anote isso
Conhecer a estrutura patrimonial de uma empresa é fundamental para que
se consiga dali extrair uma série de informações, então busque sempre se
atualizar e descobrir ainda mais sobre a contabilidade, antes de iniciar a
análise das informações.

Empresa
É uma entidade que visa à obtenção de lucros por meio do fornecimento de
mercadorias, produtos ou serviços ao meio social.
Entidade
Tipo de organização, pública ou privada, com finalidade definida e que participa
do meio social fornecendo mercadorias, produtos ou serviços.
Escrituração contábil
Técnica contábil de organizar e registrar os eventos que geram a mutação
patrimonial e financeira no patrimônio da entidade.
Fornecedor
Pessoa física ou jurídica que fornece insumos ou serviços para que a entidade
realize suas operações e gere receitas.

27
Governo
Entidade responsável pela gestão dos recursos fiscais e pelo controle das ati-
vidades empresariais realizadas pelas empresas.
IFRS
Sigla de International Financial Reporting Standards. São normas internacionais
de contabilidade, um conjunto de pronunciamentos contábeis internacionais pu-
blicados e revisados pelo International Accounting Standards Board (IASB).
Mutação financeira
Evento gerado a partir de uma decisão empresarial que modifica a situação
financeira (liquidez) da entidade.
Mutação patrimonial
Evento gerado a partir de uma decisão empresarial que modifica a composição
e o valor do patrimônio da entidade. Toda mutação financeira também é uma
mutação patrimonial, entretanto, nem toda mutação patrimonial é uma mutação
financeira.
Objeto social
Finalidade para qual a entidade foi criada, ou seja, as atividades lícitas que
serão desenvolvidas por ela.
Obrigações acessórias
Atividades ou tarefas necessárias para atender às determinações legais com
o auxílio do controle do órgão fiscal ou de gestão.
Obrigações fiscais
Atividades ou tarefas necessárias para atender à necessidade de cálculo e ao
recolhimento de tributos.
Partidas dobradas
Componente científico da técnica contábil de escrituração que consiste no
reconhecimento dos efeitos das mutações financeiras e patrimoniais sobre o pa-
trimônio da entidade, classificando-os em débitos e créditos.
Patrimônio
Conjunto de bens, direitos e obrigações que auxiliam a entidade no exercício
da sua finalidade social.
Patrimônio líquido
Situação líquida do patrimônio da entidade, resultado da diferença entre seus
bens e direitos e obrigações.

28
Sociedade anônima
Tipo de sociedade comercial, também denominada companhia, constituída
por sócios, anônimos ou não, com o capital dividido por ações, no qual cada um
possui responsabilidade limitada ao preço das ações adquiridas. Esse modelo
possui estrutura societária mais complexa que a sociedade limitada.
Sociedade comercial
Organização de pessoas e bens que tem como objetivo o exercício de uma
atividade econômica.
Sociedade limitada
Tipo de sociedade comercial constituída por dois ou mais sócios, com o capi-
tal dividido em quotas, no qual cada um possui responsabilidade limitada à sua
participação no capital da sociedade perante terceiros.
A terminologia utilizada pela ciência contábil não se limita às palavras e ex-
pressões aqui apresentadas, uma vez que a contabilidade é uma ciência bastante
ampla, com diversas ramificações e especialidades.

CONCLUSÃO
Caro aluno, esperamos que você tenha aproveitado ao máximo os conteúdos
expostos neste primeiro capítulo. Nele tivemos a oportunidade de conhecer um
pouco mais sobre como é o funcionamento da contabilidade e suas informações
geradas, além de suas funções, tais como organizar, registrar, reportar, analisar
e acompanhar. Acompanhe os próximos capítulos e descubra muito mais sobre
a contabilidade e seu aspecto gerencial.

REFERÊNCIAS
HOOG, W. A. Z. Escrituração contábil: aspectos essenciais à sua validação. 2. ed.
Curitiba: Juruá, 2012.
PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação
contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
______. Manual de contabilidade básica: contabilidade introdutória e interme-
diária. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
SANTOS, J. L. et al. Teoria da contabilidade: introdutória, intermediária e avan-
çada. São Paulo: Atlas, 2007.

29
CONCEITUANDO O
PATRIMÔNIO

AULA 05
30
Atualmente com a globalização das operações empresariais as fronteiras estão
se expandindo e os mercados externos ao Brasil aceitando mercadorias e serviços
brasileiros, contudo, para que seja possível realizar determinadas transações com
organizações localizadas em outros países é necessário apresentar os demonstra-
tivos contábeis da empresa vendedora para a compradora, a partir disso surge,
inicialmente, uma questão: será que todas as empresas que possuem operações
com outros países apresentam demonstrativos contábeis que estão alinhados
às práticas internacionais de contabilidade e esse alinhamento proporciona um
gerenciamento mais adequado das atividades da organização?
Esse questionamento inicial começará a ser respondido a partir desse segundo
capítulo e para isso começamos nosso capítulo 2 com uma análise do conceito
de patrimônio.
O patrimônio é o maior bem das organizações, que realizam seu objeto social,
criando e distribuindo riquezas, por meio dele. Para os sócios, o patrimônio re-
presenta o sucesso do seu empreendedorismo. Por essas razões, a contabilidade
tem no patrimônio o seu objeto de estudo.

O conceito de patrimônio (para a contabilidade)

Considera-se Patrimônio todo o conjunto de bens, direitos e obrigações no


qual pertencem a uma determinada pessoa física ou então, jurídica e que também
podem se enquadrar em três situações, são elas:
• Bens: são as mercadorias, máquinas, instalações, computadores, di-
nheiro em espécie, entre outros itens que estão no poder da empresa.
• Direitos: são os itens que a empresa possui a receber de terceiros ou
que está no poder de terceiros (saldo na conta do Banco, por exemplo),
assim como os recursos que são provenientes da venda de mercadoria
que estão por receber, os recursos que estão aplicados em uma insti-
tuição financeira, dentre outros tipos que serão tratados ao longo deste
tópico.
• Obrigações: são os itens que a organização possui obrigação a pagar
em relação a terceiros, por exemplo, as matérias-primas ou mercadorias
adquiridas para revenda, pelas quais a empresa pagará, ou então os

31
adiantamentos que são realizados por clientes para recebimento futuro
de mercadorias, produtos ou serviços.

Anote isso

Alguns teóricos da área contábil consideram que o saldo da conta bancá-


ria (banco conta corrente) deve ser considerado como um bem e não um
direito.

Em resumo o patrimônio das organizações é representado por um conjunto de


bens, direitos e também de obrigações que são essenciais para que a organização
consiga desenvolver suas atividades operacionais.
Abaixo está apresentado alguns exemplos de itens que compõem o patrimônio
de uma empresa:

Quadro 1: Exemplo de itens do patrimônio da organização


Bens Direitos Obrigações
Banco Conta Corrente (Sal-
Caixa Fornecedores
do na conta bancária)
Estoques de mercadorias
Duplicatas a receber INSS a pagar
para revenda
Computadores Imposto a recuperar Salários a pagar
Adiantamento a fornece-
Máquinas ICMS a pagar
dores
Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

O patrimônio de uma empresa também pode ser representado graficamente,


como apresentado na figura destacada na sequência:

32
Figura 1: O processo do patrimônio

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

O patrimônio está representado acima no formato de engrenagem pois, os


três componentes funcionam de forma articulada em organização, veremos ao
longo das discussões nesse e-book como se dá esse funcionamento articulado.

As três situações líquidas do patrimônio de uma


organização

Veremos agora as três formas de situações líquidas do patrimônio de uma


empresa, as mesmas estão representadas na sequência:
• Situação líquida nula: se dá quando a soma de bens e direitos é igual às
obrigações da empresa.

Bens + Direitos = Obrigações

• Situação líquida positiva: já essa situação se dá quando a soma dos bens


e direitos da empresa é superior às suas obrigações.

Bens + Direitos > Obrigações

33
• Situação líquida negativa: essa situação se dá quando a soma dos bens
e direitos da empresa é inferior às suas obrigações, popularmente tam-
bém conhecido como Passivo a Descoberto.

Bens + Direitos < Obrigações

Para uma empresa, a situação de patrimônio nulo ou negativo representa uma


situação de insolvência, demonstrando que a empresa não acumulou riquezas e
que transferiu as recebidas para terceiros.
Essa situação pode ser temporária e não representa necessariamente que o des-
fecho será a falência da empresa, mas pode indicar a necessidade de revisão das
estratégias e de alternativas para retomar o fluxo do crescimento e da acumulação
de riquezas

Figura 2: Equilíbrio financeiro do patrimônio

Fonte: https://pixabay.com/

34
A situação líquida do patrimônio também pode ser interpretada como um lastro
que a empresa possui diante das suas obrigações com terceiros. Para os terceiros,
esse lastro demonstra uma garantia de que a empresa possui bens suficientes
para honrar os compromissos assumidos.
Já em uma situação líquida negativa é composto como o resultado inferior em
relação aos compromissos, indicando a possibilidade de risco de não recebimento
por parte dos terceiros.
Tal análise possui um grau muito maior de complexidade e não apenas uma
simples comparação entre bens e direitos e obrigações, ou seja, é necessário se
considerar outros aspectos, como prazos de recebimentos dos direitos e paga-
mentos das obrigações, característica do bem e seu valor venal.
Há situações em que os valores dos bens, dos direitos e das obrigações estão
subavaliados ou superavaliados, gerando uma situação líquida aparente que não
condiz com a realidade patrimonial da empresa.
Desse modo, não se deve apenas classificar os itens patrimoniais corretamente
entre bens, direitos e obrigações, mas também de atribuir a eles o valor monetário
adequado, reconhecendo todos os bens, direitos e obrigações que fazem parte
do patrimônio da entidade.

Figura 3: Recursos Financeiros e Patrimônio

Fonte: https://pixabay.com/

35
Isto acontece
na prática
Quando a empresa apresenta uma situação líquida negativa deve-se li-
gar o sinal de alerta, pois em vários momentos, quando a empresa se
apresenta dessa forma ela está com um volume de dívida bem alto, e em
muitos casos também inicia-se na mesma um processo de Recuperação
Judicial, o famoso entrou em RJ.

36
O PATRIMÔNIO LÍQUIDO
DAS EMPRESAS

AULA 06
Nesse tópico iremos tratar sobre o patrimônio (líquido) das empresas, bem
como sobre a situação líquida do patrimônio, que corresponde ao conceito de
Patrimônio Líquido (PL), e o mesmo é expresso conforme a figura abaixo:

Figura 4: A composição do patrimônio das empresas

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

Desse modo, quando se observa a situação líquida positiva em uma organiza-


ção, então seu patrimônio líquido será superior a zero, ou seja, a soma de bens
e direitos é superior às obrigações. Já o contrário, quando a situação líquida é
negativa, seu patrimônio líquido é inferior a zero, isto é, a soma de bens e direitos
é inferior às obrigações. Em uma situação líquida nula, o valor é igual a zero.
A composição do patrimônio de uma entidade é representada por um quadro
demonstrativo denominado de Balanço Patrimonial (BP), no qual os bens e direi-
tos são dispostos do lado esquerdo e as obrigações do lado direito. O patrimônio
líquido também é representado nesse quadro, sendo demonstrado do lado es-
querdo quando a situação líquida é negativa (PL < 0), e do lado direito quando a
situação líquida é nula ou positiva.
Com base no exemplo inicial, desconsiderando os ajustes, o balanço patrimo-
nial pode ser representado da forma abaixo:

38
Figura 5: A composição dos Bens, Direitos e Obrigações I

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

Considerando alguns ajustes nos itens patrimoniais, o Balanço Patrimonial será


representado com um PL negativo (passivo a descoberto), como apresentado a
seguir:
Figura 6: A composição dos Bens, Direitos e Obrigações II

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

A leitura dos dados apresentados na Figura 5 representa uma situação líquida


patrimonial positiva, sugerindo que o lastro patrimonial o qual possui permite-a
honrar com suas obrigações, gerando segurança aos terceiros envolvidos (bancos,

39
fornecedores, funcionários e governo).
Já uma outra forma de verificar o Patrimônio Líquido é pelo registro do capital
dos sócios investidos na companhia, esse investimento é denominado de Capital
Social, e dos Lucros do Exercício (Reservas de Lucros) obtidos pelo desenvolvimen-
to das atividades e que não foram distribuídos aos sócios (proprietários). Dessa
forma, tem-se que:

Patrimônio Líquido: Capital Social +/- Reservas de Lucros


(Prejuízos Acumulados)

Utilizando como exemplo um caso hipotético, no qual os registros apontam


que o capital social investido pelos sócios foi de R$ 200.000,00. Sendo que R$
100.000,00 representa a reserva de lucros ainda não distribuídos aos sócios.

PL = R$ 100.000,00 + R$ 200.000,00 = R$ 300.000,00

Dessa forma, entender como o patrimônio da entidade é formado possibilitará


que os usuários da informação contábil saibam como está a realidade patrimonial
e financeira da empresa, se há garantias para as obrigações assumidas e se a em-
presa está obtendo retorno sobre o capital investido pelos sócios e proprietários.
São informações básicas para a boa gestão da empresa e o bom relaciona-
mento com o mercado.

Isto acontece
na prática
A empresa pode optar em não distribuir seus Lucros ao (s) seu (s) sócio
(s) (ou acionistas), nesse caso a legislação concede a esse (s) proprietário
(s) a garantia de que lhe seja pago o mínimo do resultado, denominado
de Juros sobre o Capital Próprio (JCP)

40
Figura 7: O controle patrimonial por meio do quantitativo

Fonte: https://pixabay.com/

41
DESDOBRAMENTO DOS
ELEMENTOS PATRIMONIAIS
E DE RESULTADO

AULA 07
Antes de iniciarmos as discussões sobre a estrutura do balanço patrimonial
é interessante que saibamos que é a finalidade das demonstrações contábeis
segundo o CPC 26 (R1), de acordo com esse pronunciamento

As demonstrações contábeis são uma representação estruturada da posição

patrimonial e financeira e do desempenho da entidade. O objetivo das demons-

trações contábeis é o de proporcionar informação acerca da posição patrimonial

e financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade que seja útil a

um grande número de usuários em suas avaliações e tomada de decisões eco-

nômicas. As demonstrações contábeis também objetivam apresentar os resultados

da atuação da administração, em face de seus deveres e responsabilidades na gestão

diligente dos recursos que lhe foram confiados (CPC 26, 2011, grifo nosso).

Como mencionado na citação acima as respectivas demonstrações eviden-


ciam como está atualmente (e como estava) a situação patrimonial e financeira
da entidade, aliado a isso o desempenho da mesma diante dos cenários econô-
micos. As demonstrações contábeis proporcionam a seus usuários (externos e
internos) um vasto arcabouço informacional as suas tomadas de decisões, essas
relacionadas a comprar ou não uma nova máquina para a linha de produção X
ou Y, vender ou não parte de suas operações, ampliar ou não sua capacidade de
produção, aumentar ou não seu número de colaboradores, essas são decisões
importantes e que são subsidiadas por meio de informações contábil-financeiras.
Esses embasamentos iniciais que nos ajudaram a compreender e a assimilar com
mais facilidade e amplitude os conceitos relacionados ao balanço patrimonial e
as demais demonstrações.
Antes de iniciarmos as discussões sobre a estrutura do balanço patrimonial
proporcionaremos uma conceituação geral sobre o mesmo, trazida pelo art. 178
da Lei 6.404/76 “no balanço patrimonial as contas serão classificadas segundo os
elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o co-
nhecimento e a análise da situação financeira da companhia”, a referendada lei se
limita a situação financeira, porém o pronunciamento técnico CPC 26 (R1) concede
uma abordagem mais ampla e fala sobre situação financeira e patrimonial. Ainda
segundo a Lei 6.404/76, o balanço é composto por três elementos básicos, são
eles: Ativo, Passivo e Patrimônio líquido, sendo que cada um desses possui seus

43
respectivos desdobramentos.
Agora voltando especificamente ao CPC 26 (R1), o respectivo pronunciamento
diz que o balanço patrimonial deve apresentar as seguintes contas (respeitando
a legislação):

Quadro 2: Elementos do ativo

a) Caixa e equivalentes de caixa


b) Clientes e outros recebíveis
c) Estoques
d) Ativos financeiros
e) Total de ativos classificados como disponíveis para venda
(Pronunciamento Técnico CPC 38 – Instrumentos Financeiros:
Reconhecimento e Mensuração) e ativos à disposição para venda de
acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 31 – Ativo Não Circulante
Mantido para Venda e Operação Descontinuada
f) Ativos biológicos dentro do alcance do Pronunciamento Técnico CPC
29
g) Investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial
h) Propriedades para investimento
i) Imobilizado
j) Intangível
k) Contas a pagar comerciais e outras
l) Provisões
m) Obrigações financeira
n) Obrigações e ativos relativos à tributação corrente, conforme definido
no Pronunciamento Técnico CPC 32 – Tributos sobre o Lucro
o) Impostos diferidos ativos e passivos, como definido no Pronunciamen-
to Técnico CPC 32
p) Obrigações associadas a ativos à disposição para venda de acordo com
o Pronunciamento Técnico CPC 31
q) Participação de não controladores apresentada de forma destacada
dentro do patrimônio líquido
r) Capital integralizado e reservas e outras contas atribuíveis aos pro-
prietários da entidade
Fonte: Adaptado do CPC 26 (2019)

44
Além das contas supracitadas, a respeito do balanço patrimonial, poderá haver
contas adicionais, essas contas adicionais servirão para proporcionar um comple-
to entendimento a respeito de determinado grupo contábil, caso seja necessário.
Agora segregando e aprofundando um pouco mais o assunto, podemos relatar
que os itens patrimoniais (bens, direitos e obrigações) recebem outras denomi-
nações pela contabilidade:

Figura 8: Elementos patrimoniais em uma organização

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

Desse modo, o balanço patrimonial demonstra os ativos, os passivos e a situa-


ção líquida patrimonial.
Por convenção, quando o Patrimônio Líquido representar uma situação patri-
monial líquida positiva, será apresentado logo abaixo dos passivos da empresa.
Do contrário, quando representar uma situação patrimonial líquida negativa, será
apresentado logo abaixo dos ativos.
Os itens patrimoniais que compõem o ativo e o passivo são classificados por:
• Ordem de liquidez ou realização para os ativos.
• Ordem de vencimentos ou exigibilidade para os passivos.
Essa orientação é evidenciada pela classificação de itens patrimoniais do ativo
e passivo em agrupamentos de curto prazo (circulante) e de longo prazo ou per-
manentes (não circulante).

45
A entidade deve classificar um ativo como circulante quando:
a) espera realizar o ativo, ou pretende vendê-lo ou consumi-lo durante o
ciclo operacional normal da entidade;
b) o ativo é mantido essencialmente com a finalidade de negociação;
c) espera realizar o ativo no período de até doze meses após a data das
demonstrações contábeis; ou
d) o ativo é caixa ou equivalente de caixa, a menos que sua troca ou uso
para liquidação de passivo seja restrita durante pelo menos doze meses
após a data das demonstrações contábeis.
A entidade deve classificar todos os outros ativos como não circulantes. Quan-
do o ciclo operacional normal da entidade não for claramente identificável, pre-
sume-se que sua duração seja de doze meses.
A entidade deve classificar um passivo como circulante quando:
a) espera liquidar o passivo durante o ciclo operacional normal da enti-
dade;
b) o passivo é mantido essencialmente para a finalidade de negociação;
c) o passivo é exigível no período de até doze meses após a data das de-
monstrações contábeis; ou
d) a entidade não tem direito incondicional de diferir a liquidação do pas-
sivo durante pelo menos doze meses após a data de divulgação.
A entidade deve classificar todos os outros passivos como não circulantes.
Segundo as normativas explícitas pela Lei Complementar nº. 6.404/1976, al-
terada pelas Leis Complementares nº. 11.638/2007 e nº. 11.941/2009 e comple-
mentado pelos CPC 00 e 26, na apresentação dos ativos e passivos da entidade
devem ser obedecidos os seguintes agrupamentos:

46
Figura 9: Composição do patrimônio da empresa segundo a Lei 11.638/07

ATIVO PASSIVO

ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE

PASSIVO NÃO CIRCULANTE


PATRIMÔNIO LÍQUIDO
ATIVO NÃO CIRCULANTE
Capital Social
Investimentos Reservas de Capital
Imobilizado (+/-) Ajustes de Avaliação
Intangível Reservas de Lucro
(-) Ações em tesouraria
(-) Prejuízos acumulados
Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

Anote isso

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis, popularmente conhecido como


CPC é o órgão que emite pronunciamentos (orientações) a respeito dos pro-
cessos contábeis, um deles é o CPC 26 que discute especificamente sobre
a apresentação das demonstrações contábeis e nesse CPC é amplamente
relatado sobre a composição das contas contábeis.

Considerando que ativos e passivos representam montantes que podem ser


realizados ou exigidos, respectivamente, em curto prazo e longo prazo, seu deta-
lhamento, entretanto, depende de uma abordagem que destaque a continuidade
dos bens, direitos e obrigações ao longo do tempo.

Contas do ativo

Como descrito anteriormente, ativos são os bens e direitos à disposição da


entidade, expressos em moeda. Neles estão incluídos: recursos disponíveis em
caixa e em bancos, materiais, mercadorias e produtos em estoque, valores a re-
ceber de clientes, infraestrutura existente para a execução da atividade (imóveis,

47
terrenos, veículos, máquinas e equipamentos, softwares), entre outros.
Os ativos podem ser entendidos também como aplicações de recursos na
entidade, sejam eles de origem de terceiros, de sócios e proprietários e de lucros
auferidos com o exercício da atividade. Portanto, o balanço patrimonial demonstra
também quais são as principais fontes de financiamento que a entidade utiliza
para realizar o seu objeto social.
De acordo com a resolução CFC n. 1.374/2011 (NBC TG Estrutura Conceitual),
os ativos da entidade são recursos por ela controlados como resultado de even-
tos passados e do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos. Tais
benefícios são o potencial daquele ativo de contribuir para a geração de caixa da
entidade.
A NBC TG Estrutura Conceitual (Resolução CFC n. 1.374/2011, 4.9) descreve:

A entidade geralmente emprega os seus ativos na produção de bens ou na prestação

de serviços capazes de satisfazer os desejos e as necessidades dos consumidores.

Tendo em vista que esses bens ou serviços podem satisfazer esses desejos ou ne-

cessidades, os consumidores se predispõem a pagar por eles e a contribuir assim

para o fluxo de caixa da entidade. O caixa por si só rende serviços para a entidade,

visto que exerce um comando sobre os demais recursos.

Veja alguns exemplos práticos de benefícios econômicos proporcionados pelos


ativos:
a) Decorrentes de entradas de recursos no caixa:
• Recebimento de valores dos clientes.
• Recebimento de rendimentos de aplicações financeiras realizadas.
• Recebimento de valores provenientes da venda de parte dos ativos, tais
como veículos, máquinas e equipamentos usados.

b) Decorrentes de saídas de recursos no caixa:


• Compra de mercadorias para geração de entradas de recursos no caixa
com suas vendas.
• Pagamento de um compromisso da entidade que propiciará mais opor-
tunidade de crédito e melhor situação financeira.
• Investimento em aplicações financeiras que gerarão rendimentos no
resgate.

48
• Compra de máquinas e equipamentos que proporcionarão maior ca-
pacidade de produção, qualidade ao produto, agilidade de entrega ao
cliente, redução de gastos e que, consequentemente, atrairão mais clien-
tes ou reduzirão as saídas de recursos do caixa.
Como se pode ver, os benefícios econômicos podem ser alcançados de forma
direta ou indireta pelos ativos da entidade.

Contas do passivo

Os passivos são formados pelas obrigações da entidade, são compromissos


que ajudaram na formação dos ativos, financiando-os. A NBC TG Estrutura Con-
ceitual define passivo como “uma obrigação presente da entidade, derivada de
eventos passados, cuja liquidação se espera que resulte na saída de recursos da
entidade capazes de gerar benefícios econômicos” (Resolução CFC n. 1.374/2011,
4.4).
Considerando que os passivos são fontes de recursos que financiam os ativos,
pode-se afirmar que os benefícios futuros são alcançados de forma indireta pelos
passivos. Veja dois exemplos:
a) Ao comprar uma máquina que melhorará o processo de produção da
entidade por meio de um financiamento bancário, o benefício econô-
mico estará presente indiretamente no ativo adquirido e proporcionará
maior capacidade de geração de receitas ou economias para a entidade.
b) Ao adquirir mercadorias para revenda com prazo de pagamento para o
fornecedor, o benefício econômico é o ingresso de recursos provenien-
tes da venda da mercadoria adquirida.
Alguns passivos provêm da atividade operacional da entidade e não podem ser
vinculados aos ativos, financiando gastos que ajudarão na formação dos lucros.
Salários, encargos sociais, tributos, logística de entrega, publicidade, serviços ob-
tidos, entre outros, também geram obrigações para a entidade.
Portanto, são os passivos que financiam os ativos e os gastos necessários para
a atividade operacional, representando uma importante origem de recursos para
a entidade.

49
Contas de resultado

Os elementos diretamente relacionados à mensuração do resultado são as


receitas e as despesas oriundas da atividade operacional da entidade.
As receitas podem ser conceituadas como os valores gerados pelas atividades
operacionais que culminarão nos benefícios econômicos almejados pela entidade.
As despesas são os esforços, diretos ou indiretos, para gerar essas receitas.
Destaca-se que as receitas representam a entrada de elementos para o ati-
vo, como dinheiro (transações à vista) e direitos a receber (transações a prazo),
normalmente oriundos da venda de produtos, mercadorias ou serviços, ou têm
sua origem na remuneração de bens da entidade, tais como os rendimentos de
aplicação financeira ou de títulos, dividendos, royalties e aluguéis.
Destaca-se ainda que a redução de um passivo em situações específicas pode
representar uma receita. Do mesmo modo, a diminuição de um ativo ou o au-
mento do passivo pode representar uma despesa.
De qualquer forma, ambos vão afetar a situação patrimonial da entidade, con-
tribuindo para elevar ou reduzir seu Patrimônio Líquido, conforme o resultado
apurado no período contábil.
O reconhecimento de receitas e despesas resulta, diretamente, do reconhe-
cimento e da mensuração de ativos e passivos. Dessa forma, as receitas repre-
sentam aumentos dos benefícios econômicos durante o período contábil e as
despesas, decréscimos.
Os lucros se formarão quando as receitas forem superiores aos esforços para
gerá-las. Do contrário, os prejuízos são apurados quando os esforços superam as
receitas. Dessa forma, o resultado apurado, seja de lucro ou prejuízo, se dará pela
subtração das despesas das receitas geradas, conforme demonstrado a seguir:

Receitas – Despesas – Custos = Resultado

Lucro do Exercício = Resultado positivo = Receitas > (Despesas + Custos)

Prejuízos do Exercício = Resultado negativo = Receitas < (Despesas +


Custos)

50
Isto acontece
na prática
Muitos confundem lucro contábil com dinheiro em caixa, ou seja, quando
a empresa ao encerrar seu exercício contábil apresente um lucro não ne-
cessariamente esse valor está disponível no caixa (ou banco) da empresa,
o contrário também é verdade, em outras palavras, prejuízo contábil não
necessariamente significa sem dinheiro no caixa (ou banco).

Assim como os itens patrimoniais são demonstrados em forma de quadro, os


resultados também são apresentados em um quadro demonstrativo, chamado
demonstração dos resultados do exercício (DRE).
Essa demonstração evidencia as etapas de geração dos resultados a partir das
receitas auferidas pela entidade, conforme representado no quadro a seguir:

Figura 10: Demonstração de Resultado do Exercício segundo a Lei 11.638/07

Receitas de vendas de produtos, mercadorias e serviços


(-) Custo dos produtos, mercadorias e serviços
(=) Lucro Bruto
(-) Despesas operacionais
(=) Lucro operacional
(+) Receitas não operacionais
(-) Despesas não operacionais
(=) Lucro Líquido do Exercício

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

Esse quadro é uma simplificação da demonstração dos resultados do exercício


utilizada pelas entidades para apresentar seu desempenho operacional e retrata
os principais elementos necessários para identificar o resultado do período.
Receitas e despesas, quando apresentadas pela DRE, propiciam informações
relevantes para a tomada de decisões econômicas.
A demonstração de resultados também expõe os efeitos de receitas e despesas
que não são vinculadas à atividade operacional da empresa, retratando, por fim,
o desempenho econômico no período.

51
Esse resultado (lucro líquido) vai se somar ao patrimônio das organizações
e assim o seu Patrimônio Líquido será elevado por intermédio do aumento das
reservas de lucros.

Figura 11: Análise da evolução do patrimônio da empresa


Fonte: https://pixabay.com/

52
O DESEMPENHO
OPERACIONAL E
O PATRIMÔNIO DA
ORGANIZAÇÃO: UMA
ANÁLISE DA RELAÇÃO

AULA 08
Figura 12: A evolução do patrimônio da empresa

Fonte: https://cdn.pixabay.com

A estrutura patrimonial de uma entidade também pode ser conceituada como


um conjunto de capitais.
Do lado do ativo estão o capital circulante e o capital não circulante, isto é, de
curto prazo ou de longo prazo, ou permanente. No capital circulante, pode-se
identificar uma parcela que já se encontra disponível, denominado capital dispo-
nível. No capital não circulante, pode-se identificar uma parcela de capital que tem
característica de permanência na entidade, auxiliando-a na geração de benefícios
econômicos futuros, chamada capital fixo ou permanente.
Do lado do passivo tem-se o capital de terceiros, que também pode ser caracte-
rizado como circulante e não circulante. O Patrimônio Líquido equivale ao capital
próprio da entidade, formado pelo capital nominal e os resultados acumulados
(lucros ou prejuízos). O capital nominal é formado pelo capital investido pelos
sócios e proprietários, conhecido como capital social da entidade.
A partir do ativo, por meio da soma do capital circulante com o capital não
circulante, tem-se o capital à disposição da entidade. Esse valor também pode ser
obtido somando-se o capital de terceiros e o capital próprio.
Graficamente, é possível visualizar a estrutura de capitais adaptando a apre-
sentação do balanço patrimonial da entidade:

54
Figura 13: Composição dos capitais da organização

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

Há uma relação direta de integração do desempenho operacional com os itens


que compõem o patrimônio da entidade. A partir dessa integração é possível
analisar a situação financeira e patrimonial.
Unindo as principais demonstrações da contabilidade, o Balanço Patrimonial e
a Demonstração dos Resultados é possível compreender melhor essa integração.
Veja as principais integrações no quadro a seguir:
Quadro 3: Descrição dos itens de desempenho organizacional

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

55
Não se pode esquecer que o desempenho operacional, por intermédio do lucro
líquido do período, também será reconhecido no Patrimônio Líquido da entidade,
contrabalanceando com as integrações dos ativos e passivos.
Percebe-se, então, que ao mensurar o desempenho operacional da entidade
e apontar os itens que o compõem faz-se necessário identificar a relação destes
com os ativos e passivos que constituem o patrimônio da entidade. Todos os itens
patrimoniais emergem a partir do patrimônio da entidade e ao mesmo tempo que
são influenciados por ele também influenciam a sua composição

Anote isso

A área contábil no Brasil passou (e vem passando) por uma série de alte-
rações em sua estrutura conceitual e prática, sempre pensando em seu
posicionamento como internacionalizada e isso reflete no dia a dia do pro-
fissional contábil, pois esse deve estar alinhado a todas essas mudanças
e alterações.

CONCLUSÃO
Caro aluno, nesta unidade você teve a oportunidade de conhecer com maiores
detalhes como é a composição patrimonial das organizações, segundo as legisla-
ções vigentes relacionadas à contabilidade no Brasil, sendo que essas estão em
consonância com os padrões internacionais.
Em detalhes, podemos relatar que inicialmente conceituamos o patrimônio,
segundo a contabilidade, segregando o mesmo em ativo, passivo e patrimônio
líquido, logo na sequência discutimos sobre o patrimônio líquido e suas divisões,
em reservas, prejuízo acumulado e demais itens que compõe esse grupo.
Já no terceiro tópico foi analisado o desdobramento dos elementos patrimo-
niais (ativo e passivo) e do resultado (custos, despesas e receitas) e por fim, vimos
como se dá o desempenho operacional, bem como sua relação com o patrimônio
das organizações.

56
REFERÊNCIAS
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamentos contábeis. Dispo-
nível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos>
Acesso em: 10 jul. 2019.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE – CFC. Resolução CFC n.º 1.374/2011.


Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Finan-
ceiro: NBC TG Estrutura Conceitual. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/pro-
nunciamentosIndex. php>. Acesso em: 16 jun. 2019.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE – CFC. Resolução CFC n.º 1.255/2009.


Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas: NBC TG 1000. 3. ed. Brasília:
Conselho Federal de Contabilidade, 2016.

IUDÍCIBUS, S. de (Coord.) Contabilidade Introdutória. Equipe de professores


da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP. 14. ed. São
Paulo: Atlas, 2018.

IUDÍCIBUS, S. de. et al. Manual de Contabilidade Societária: aplicável a todas as


sociedades. Equipe de professores da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis,
Atuariais e Financeiras – FIPECAFI, FEA/USP. São Paulo: Atlas, 2016.

PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação


contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

57
O CPC 00 E A INFORMAÇÃO
CONTÁBIL: UMA ANÁLISE
DO SEU PAPEL NA GESTÃO
DAS ORGANIZAÇÕES

AULA 09
58
Estrutura conceitual dos relatórios contábeis - CPC 00
(R1)

Antes de começarmos a discutir a respeito das informações contábeis que


estão inseridas (dispostas) nos relatórios contábil-financeiros, devemos conhe-
cer quem são os responsáveis pela emissão das normas que fundamentam os
padrões e apresentações de tais relatórios. Você sabe o que é o CPC e o IASB?
Conhece o trabalho desenvolvido pelos mesmos? Esses são órgãos responsáveis
pela elaboração e atualização das normas contábeis, um atuando nacionalmente
e o outro internacionalmente.
Mais adiante entraremos essencialmente nas discussões envolvendo os re-
latórios contábil-financeiros, que segundo o CPC 00 são chamados de relatório
contábil-financeiro. Mas, o que esses relatórios evidenciam a respeito da conta-
bilidade? E quais são os objetivos desses relatórios contábil-financeiros?
Começamos pelo CPC que é o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, órgão
brasileiro vinculado diretamente ao Conselho Federal de Contabilidade (CFC), esse
último responsável pelo fornecimento de toda estrutura necessária para o desen-
volvimento dos trabalhos do respectivo comitê. O CPC foi instituído por meio da
Resolução CFC nº 1055/05 e o mesmo tem como objetivo principal

[...] o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedi-

mentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para per-

mitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centrali-

zação e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a

convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais (RESOLUÇÃO

CFC nº 1055/05).

A título de complementação a respeito do CPC, o mesmo foi criado para aten-


der determinadas necessidades impostas pelo processo de globalização das ope-
rações empresariais, sendo a mais relevante relacionada ao Processo de Conver-
gência Internacional das Normas Contábeis, ou seja, a adequação das normas
internacionais de contabilidade ao universo contábil brasileiro, alinhando algumas
métricas e procedimentos.
Ademais, o referido comitê possui algumas entidades como membros efetivos,
são elas:

59
• Associação Brasileira das Companhias Abertas (ABRASCA).
• Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado
de Capitais (APIMEC).
• BM&F Bovespa.
• Conselho Federal de Contabilidade (CFC).
• Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FI-
PECAFI).
• Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON).

Anote isso

O CPC 00 (R1) é uma revisão do CPC 00, ou seja, no dia 11/01/2008 foi apro-
vado o CPC 00 e posteriormente divulgado para as organizações, contudo
foi identificado a necessidade de se fazer determinados ajustes e assim
no dia 02/12/2011 foi aprovado o CPC 00 (R1), esse último foi aprovado
e modificado, seguindo as necessidades das organizações e do mercado.

Essas são algumas das pontuações a respeito do Comitê de Pronunciamentos


Contábeis, órgão fundamental para uma plena e assertiva convergência das nor-
mas brasileiras de contabilidade ao padrão internacional, aceito em vários países,
assim como será mencionado nas próximas linhas deste tópico.
Todo o processo de convergência nasce a partir de alguma norma contábil
internacional, e tal norma é emitida por um órgão denominado de International Ac-
counting Standards Board (IASB), antes do mencionado órgão emitir referendadas
normas era o International Accounting Standards Committee (IASC) o responsável
por tais emissões. As normas emitidas pelo IASB já estão totalmente aderentes
nas organizações da União Europeia e em muitos outros países pelo mundo, no
Brasil tais normas estão caminhando a total convergência, claro que esse é um
árduo trabalho e que demanda a colaboração de determinadas entidades fiscali-
zadoras, a mais relevante considerando o contexto brasileiro é a Receita Federal
do Brasil. O IASB é o órgão quem emite os International Financial Reporting Stan-
dards, comumente chamado de IFRS e que é a sigla para a respectiva expressão.
Até o momento discorremos a respeito do CPC e do IFRS, de forma sintética,
com o intuito de nos proporcionar uma base sólida para o encaminhamento das

60
próximas etapas, começando pela estrutura conceitual dos relatórios contábil-fi-
nanceiros.
A referendada estrutura conceitual está descriminada por meio do CPC 00
(R1), o respectivo órgão responsável pela convergência aos padrões brasileiros de
contabilidade adotou integralmente o documento emitido pelo IASB, documento
esse denominado de Framework for the Preparation and Presentation of Financial
Statements. O mencionado CPC 00 (R1) está segregado em capítulos, são eles:
• Objetivo da elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro de
propósito geral.
• Entidade que reporta a informação.
• Características qualitativas da informação contábil-financeira útil.
• Estrutura conceitual (1989): texto remanescente.
Além dos capítulos explicitados acima, o CPC 00 (R1) também contém Prefácio,
Introdução, Finalidade e Alcance cada um desses aborda elementos que estão em
congruência com as demonstrações contábeis.
O respectivo pronunciamento (CPC 00) foi regulamentado pelo CFC, por meio
da Resolução CFC nº 1.47/2011.

Anote isso

Você sabia: quando o CPC 00 (R1) diz “Relatório Contábil-Financeiro” ele


está fazendo referência exclusivamente às “Demonstrações Contábeis” nos
demais países o termo utilizado para fazer referência às demonstrações
contábeis é “Report” que em português significa relatório é devido a isso
que o CPC 00 (R1) utiliza esse termo.

Partimos agora para uma análise mais fundamentada do CPC 00 (R1), come-
çando pelo Prefácio:

O International Accounting Standards Board – IASB está em pleno processo de atuali-

zação de sua Estrutura Conceitual. O projeto dessa Estrutura Conceitual está sendo

conduzido em fases (CPC 00, 2011).

61
À medida que um capítulo é finalizado, itens da Estrutura Conceitual para Elaboração

e Apresentação das Demonstrações Contábeis, que foi emitida em 1989, vão sendo

substituídos. Quando o projeto da Estrutura Conceitual for finalizado, o IASB terá um

único documento, completo e abrangente, denominado Estrutura Conceitual para

Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro (The Conceptual Framework

for Financial Reporting) (CPC 00, 2011).

Conforme explicitado no trecho transcrito acima, o processo de adequação e


estruturação conceitual para elaboração e divulgação de relatórios contábil-finan-
ceiros não foi finalizado, ainda está em processo de adequação e alinhamento.
Esse processo de harmonização e adequação é vagaroso e demanda muito tra-
balho.
O Capítulo 1 da devida estrutura emana as justificativas a respeito da nova
versão da Estrutura Conceitual emitida pelo IASB, tais justificativas estão dispostas
em dois blocos, são elas:

Posicionamento mais claro de que as informações contidas nos relatórios contábil-fi-

nanceiros se destinam primariamente aos seguintes usuários externos: investidores,

financiadores e outros credores, sem hierarquia de prioridade;

Não foram aceitas as sugestões enviadas durante a audiência pública, feita por aque-

les órgãos, no sentido de que caberia, na Estrutura Conceitual, com o objetivo da de-

nominada ‘manutenção da estabilidade econômica’, a possibilidade de postergação

de informações sobre certas alterações nos ativos ou nos passivos. Pelo contrário,

ficou firmada a posição de que prover prontamente informação fidedigna e rele-

vante pode melhorar a confiança do usuário e assim contribuir para a promoção da

estabilidade econômica.

Agora tratando do Capítulo 2 do CPC 00 (R1), esse ainda está sendo formulado,
estruturado e será apresentado futuramente, inclusive caso você consulte o men-
cionado pronunciamento na íntegra, verá que o mesmo se encontra em branco.
Já no Capítulo 3 também são apresentadas mudanças nas bases para as con-
clusões dos trabalhos, no que tange às características qualitativas da informação
contábil-financeira, as respectivas mudanças estão apresentadas em dois tópicos:

62
Características qualitativas fundamentais (fundamental qualitative characteristics –

relevância e representação fidedigna), as mais críticas; e

Características qualitativas de melhoria (enhancing qualitative characteristics – com-

parabilidade, verificabilidade, tempestividade e compreensibilidade), menos críticas,

mas ainda assim altamente desejáveis.

Houve algumas modificações que foram apresentadas pelo CPC 00 (R1), a ca-
racterística qualitativa confiabilidade passou por uma remodelação, agora é de-
nominada como representação fidedigna, tal modificação foi necessária para
uma apresentação mais estruturada das demonstrações contábeis aos usuários
externos e internos.
Duas características foram retiradas de condição de componente da repre-
sentação fidedigna, são elas: A essência sobre a forma e Prudência (conservado-
rismo). Uma abordagem mais detalhada e específica a respeito dos elementos
das características qualitativas da informação contábil-financeira será tratada no
próximo tópico (1.2 Características qualitativas da informação contábil- financeira
útil - CPC 00 (R1)).
O CPC 00 (R1) apresenta uma Introdução tratando sobre as demonstrações
contábeis, inicialmente é relatado a respeito dos usuários externos, que esses po-
dem reivindicar exigências com a finalidade de atender seus interesses próprios,
desde que tais imposições não afetem as demonstrações contábeis estruturadas
e elaboradas seguindo os preceitos descritos nesta Estrutura Conceitual.
Segundo a respectiva estrutura as

Demonstrações contábeis elaboradas dentro do que prescreve esta Estrutura Con-

ceitual objetivam fornecer informações que sejam úteis na tomada de decisões eco-

nômicas e avaliações por parte dos usuários em geral, não tendo o propósito de

atender finalidade ou necessidade específica de determinados grupos de usuários

(CPC 00, 2011).

Quando relatado a questão dos usuários, considera-se os externos e os inter-


nos, abaixo um quadro resumido de alguns desses usuários:

63
Quadro 1: Composição dos usuários

Externo Interno

Governo Diretoria

Entidades Reguladoras Gerência

Instituições Bancárias Analistas

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

Tais usuários (mencionados acima) utilizam as Demonstrações Contábeis com


a finalidade de satisfazer determinadas necessidades, por exemplo:

Decidir quando comprar, manter ou vender instrumentos patrimo-


niais.

Avaliar a administração da entidade quanto à responsabilidade que


lhe tenha sido conferida e quanto à qualidade de seu desempenho e
de sua prestação de contas.

Avaliar a capacidade de a entidade pagar seus empregados e propor-


cionar-lhes outros benefícios.

Anteriormente foram descritas algumas necessidades (há inúmeras outras)


que os usuários possuem e que por meio das demonstrações contábeis é possível
satisfazê-las.

a. O próximo tópico descrito por meio do CPC 00 (R1) está atrelado à Finalidade e

Status, em que no respectivo tópico são estabelecidos os conceitos que servirão

de fundamento para a elaboração e posterior apresentação das demonstrações

contábeis, na sequência (ainda considerando o reportado pronunciamento) são

apresentadas as finalidades da mencionada Estrutura Conceitual, são elas:

b. Dar suporte ao desenvolvimento de novos Pronunciamentos Técnicos, Interpre-

tações e Orientações e à revisão dos já existentes, quando necessário;

64
c. Dar suporte à promoção da harmonização das regulações, das normas contábeis

e dos procedimentos relacionados à apresentação das demonstrações contábeis,

provendo uma base para a redução do número de tratamentos contábeis alter-

nativos permitidos pelos Pronunciamentos, Interpretações e Orientações;Dar

suporte aos órgãos reguladores nacionais;

d. Auxiliar os responsáveis pela elaboração das demonstrações contábeis na apli-

cação dos Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações e no tra-

tamento de assuntos que ainda não tenham sido objeto desses documentos;

e. Auxiliar os auditores independentes a formar sua opinião sobre a conformidade

das demonstrações contábeis com os Pronunciamentos Técnicos, Interpretações

e Orientações;

f. Auxiliar os usuários das demonstrações contábeis na interpretação de infor-

mações nelas contidas, elaboradas em conformidade com os Pronunciamentos

Técnicos, Interpretações e Orientações; e

g. Proporcionar aos interessados informações sobre o enfoque adotado na for-

mulação dos Pronunciamentos Técnicos, das Interpretações e das Orientações.

Cabe salientarmos que conforme evidenciado pela respectiva Estrutura Con-


ceitual:

Esta Estrutura Conceitual não é um Pronunciamento Técnico propriamente dito

e, portanto, não define normas ou procedimentos para qualquer questão particu-

lar sobre aspectos de mensuração ou divulgação. Nada nesta Estrutura Conceitual

substitui qualquer Pronunciamento Técnico, Interpretação ou Orientação (CPC 00,

2011, grifo nosso).

A referendada estrutura não é um pronunciamento técnico como mencionado


anteriormente, mas sim, unicamente um pronunciamento, sem essas especifici-
dades técnicas.

65
No analisado CPC 00 é mencionado ainda que: “Esta Estrutura Conceitual será
revisada de tempos em tempos com base na experiência decorrente de sua uti-
lização”, ou seja, conforme forem surgindo novas necessidades ou conforme o
mercado exigir, nesse caso tendo o usuário como sinônimo de mercado.
E por fim, considerando os itens que antecedem os capítulos, temos o Alcance,
esse divide-se em quatro, como relacionado abaixo:

a. O objetivo da elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro;

b. As características qualitativas da informação contábil-financeira útil;

c. A definição, o reconhecimento e a mensuração dos elementos a partir dos quais

as demonstrações contábeis são elaboradas; e

d. Os conceitos de capital e de manutenção de capital.

Chegou o momento de apresentar os objetivos do relatório contábil-financeiro


de propósito geral; são ao todo 21 objetivos segregados em três grandes tópicos,
dois sub tópicos e três tópicos suplementares, como exposto na tabela a seguir:

INTRODUÇÃO

OBJETIVO, UTILIDADE E LIMITAÇÕES DO RELATÓRIO CONTÁBIL-FINANCEIRO DE


PROPÓSITO GERAL

INFORMAÇÃO ACERCA DOS RECURSOS ECONÔMICOS DA ENTIDADE QUE


REPORTA A INFORMAÇÃO, REIVINDICAÇÕES E MUDANÇAS NOS RECURSOS
E REIVINDICAÇÕES

Recursos econômicos e reivindicações

Mudanças nos recursos econômicos e reivindicações

Performance financeira refletida pelo regime de competência (accruals)

Performance financeira refletida pelos fluxos de caixa passados

Mudanças nos recursos econômicos e reivindicações que não são resultan-


tes da performance financeira

66
Até o momento foram apresentados elementos introdutórios em relação à
Estrutura Conceitual dos relatórios contábil-financeiros, relatando todos seus des-
dobramentos, saindo da introdução, passando pelo alcance dessa estrutura e
fechando com os objetivos dos relatórios contábil-financeiros de propósito geral;
no próximo tópico serão apresentadas as Características qualitativas da informa-
ção contábil-financeira.

Características qualitativas da informação contábil-


financeira útil - CPC 00 (R1)

Chegou o momento de discorrer sobre as características qualitativas da infor-


mação contábil-financeira, mas qual seria a importância de sabermos quais são
essas características? Ou melhor, essas características possuem segregações? Se
sim, quais são essas segregações? Esses são alguns questionamentos que farão
parte desse tópico e que serão respondidos ao longo das discussões.
É necessário que saibamos como é composto o índice dessas características
que estão presentes no CPC 00 (R1) e seguindo os parâmetros elencados pela
Estrutura Conceitual as características qualitativas que serão discutidas ao longo
desse tópico são consideradas atributos responsáveis por transformar os relató-
rios contábil-financeiros (demonstrações contábeis) úteis aos usuários (internos
e externos).
Tais características são separadas em duas frentes distintas, a primeira deno-
minada: Características qualitativas fundamentais e a segunda de Características
qualitativas de melhoria, conforme exposto anteriormente ao final do tópico 1.2.
Mas antes de discutirmos a respeito dessas frentes das características, deve-
mos identificar a abordagem introdutória proporcionada pelo CPC 00 (R1), no
qual é relatado que:

As características qualitativas da informação contábil-financeira útil, discutidas neste

capítulo, identificam os tipos de informação que muito provavelmente são repu-

tadas como as mais úteis para investidores, credores por empréstimos e outros

credores, existentes e em potencial, para tomada de decisões acerca da entidade

que reporta com base na informação contida nos seus relatórios contábil-financeiros

(informação contábil-financeira) (CPC 00, 2011, grifo nosso).

67
Esse primeiro descritivo já faz referência aos usuários externos dos respectivos
relatórios, todo o CPC 00 (R1), gira em torno dos usuários, deverá ser gerada in-
formações úteis a esses usuários para que os mesmos consigam tomar decisões
pautadas em algo mais concreto e efetivo.

Os relatórios contábil-financeiros fornecem informação sobre os recursos eco-

nômicos da entidade que reporta a informação, sobre reivindicações contra a

entidade que reporta a informação e os efeitos de transações e outros eventos e

condições que modificam esses recursos e reivindicações. (Essa informação é refe-

renciada na Estrutura Conceitual como sendo uma informação sobre o fenômeno

econômico). Alguns relatórios contábil-financeiros também incluem material

explicativo sobre as expectativas da administração e sobre as estratégias para

a entidade que reporta a informação, bem como outros tipos de informação sobre

o futuro (forward-looking information) (CPC 00, 2011, grifo nosso).

Por meio da transcrição acima é possível identificar o que esses relatórios for-
necem de informação, ou melhor, que tipo de informação é fornecida. Mais adian-
te é citado “material explicativo”, nesse momento está sendo feito uma alusão a
“notas explicativas”, item tão fundamental como os relatórios contábil-financeiros,
pois as notas explicativas forneceram subsídios mais claros e esclarecedores so-
bre alguns eventos que apenas por meio dos relatórios não seria possível visua-
lizar, a conta de Caixa e Equivalentes de Caixa nos relatórios contábil-financeiros
são apresentados de modo sintético, não especificando quais são as entidades
bancárias que se relacionam com a organização, contudo as notas explicativas,
em muitos casos, desmembram o valor desse grupo contábil, apontando o saldo
bancário que a empresa possui em cada instituição financeira.
Agora nossas discussões partem para o campo do custo para gerar as infor-
mações:

As características qualitativas da informação contábil-financeira útil devem ser apli-

cadas à informação contábil-financeira fornecida pelas demonstrações contábeis,

assim como à informação contábil-financeira fornecida por outros meios. O custo

de gerar a informação, que é uma restrição sempre presente na entidade no

processo de fornecer informação contábil-financeira útil, deve ser observado

similarmente. No entanto, as considerações a serem tecidas quando da aplicação

68
das características qualitativas e da restrição do custo podem ser diferentes para

diferentes tipos de informação [...] (CPC 00, 2011, grifo nosso).

A transcrição acima extraída na íntegra do CPC 00 (R1) trata de um item muito


delicado e bastante discutido nas organizações o custo. No referendado pronun-
ciamento, é descrito que o custo para se gerar uma informação contábil-financeira
deve ser observado e acompanhado; aplicando a eles as mesmas características
qualitativas aplicadas nas informações contábil-financeira, evitando assim, o dis-
pêndio desnecessário de recursos que poderiam ser aplicados em outras áreas
da empresa.
Chegou o momento de discutirmos a respeito do item das características qua-
litativas da informação contábil-financeira útil:

Se a informação contábil-financeira é para ser útil, ela precisa ser relevante e re-

presentar com fidedignidade o que se propõe a representar. A utilidade da infor-

mação contábil-financeira é melhorada se ela for comparável, verificável, tempestiva

e compreensível (CPC 00, 2011, grifo nosso).

São duas as palavras de ordem evidenciadas aqui: Relevância e Fidedignidade.


A primeira está relacionada à diferença que a respectiva informação contábil-fi-
nanceira fará ao processo decisório. Já a segunda (Fidedignidade), toda e qualquer
informação contábil-financeira deverá ser além de relevante, fidedigna, ou seja,
livre de erros, completa e neutra.
Partimos agora para as Características qualitativas fundamentais, são elas a
relevância e a representação fidedigna, ou seja, tais características vão de encon-
tro com as características qualitativas da informação contábil-financeira útil.
Começaremos pela Relevância, na sequência são apresentados na íntegra os
descritivos contidos no CPC 00 (R1):

Informação contábil-financeira relevante é aquela capaz de fazer diferença nas

decisões que possam ser tomadas pelos usuários. A informação pode ser capaz

de fazer diferença em uma decisão mesmo no caso de alguns usuários decidirem

não a levar em consideração, ou já tiver tomado ciência de sua existência por outras

fontes.

69
A informação contábil-financeira é capaz de fazer diferença nas decisões se tiver

valor preditivo, valor confirmatório ou ambos.

A informação contábil-financeira tem valor confirmatório se retro-alimentar – Servir

de feedback – avaliações prévias (confirmá-las ou alterá-las) (CPC 00, 2011, grifo

nosso).

Em suma, as informações para serem úteis devem ser relevantes e subsidiar às


necessidades dos usuários (externos e internos) nos processos decisórios. E tais
informações são relevantes quando as mesmas possam influenciar as decisões
econômicas dos usuários (externos e internos), ajudando-os a avaliar o impacto de
eventos passados, presentes ou futuros, até mesmo comprovando ou retificando
as suas avaliações desenvolvidas anteriormente.
O próximo elemento a ser discutido é o da Materialidade, traremos também
na íntegra os respectivos descritivos expostos por meio do CPC 00 (R1):

A informação é material se a sua omissão ou sua divulgação distorcida (miss-

tating) puder influenciar decisões que os usuários tomam com base na infor-

mação contábil-financeira acerca de entidade específica que reporta a infor-

mação. Em outras palavras, a materialidade é um aspecto de relevância específico

da entidade baseado na natureza ou na magnitude, ou em ambos, dos itens para

os quais a informação está relacionada no contexto do relatório contábil-financeiro

de uma entidade em particular. [...] (CPC 00, 2011, grifo nosso).

Esse elemento (materialidade) afeta diretamente a relevância das informações


contábil-financeiras, sendo mais específico, em determinado casos, a natureza
da informação contábil-financeira, por si só, já é suficiente para determinar a sua
relevância, ou seja, a materialidade está intrinsecamente relacionada à caracte-
rística da relevância.
O próximo a ser discutido é a Representação Fidedigna:

Os relatórios contábil-financeiros representam um fenômeno econômico em

palavras e números. Para ser útil, a informação contábil-financeira não tem só

que representar um fenômeno relevante, mas tem também que representar com

fidedignidade o fenômeno que se propõe representar. Para ser representação

70
perfeitamente fidedigna, a realidade retratada precisa ter três atributos. Ela

tem que ser completa, neutra e livre de erro. É claro, a perfeição é rara, se de

fato alcançável. O objetivo é maximizar referidos atributos na extensão que

seja possível.

Representação fidedigna não significa exatidão em todos os aspectos. Um

retrato da realidade econômica livre de erros significa que não há erros ou

omissões no fenômeno retratado, e que o processo utilizado, para produzir

a informação reportada, foi selecionado e foi aplicado livre de erros (CPC 00,

2011, grifo nosso).

Por meio das transcrições acima foi possível identificar que a exatidão nas
informações contábil-financeira é rara de ser atingido, com isso é aceitável leves
deficiências, desde que o resultado final se mantenha equilibrado e dentro dos
padrões aceitos pela própria empresa como pelos órgãos reguladores de cada
setor da economia.

Isto acontece
na prática

A introdução da lei 11.638/2007 foi um marco para o início do processo de


harmonização contábil, pois foi permitido que fosse realizada uma única
vez, a reavaliação dos ativos de sua empresa, contudo essa reavaliação
deveria ser feita baseando-se em um laudo técnico, preferencialmente
de um perito da área, contudo, para conter gastos, muitos empresários
com o desejo de ampliar o saldo contábil de seu imobilizado decidiram
contratar qualquer um que conhecesse um mínimo de valor de imóveis e
providenciaram as devidas reavaliações, porém muitas das informações
fornecidas por esses peritos não tão capacitados continham vários erros
ou não eram completas, indo na contramão da característica qualitativa
da representação fidedigna, que relata que toda informação contábil-fi-
nanceira para ser fidedigna deverá ser neutra, completa e livre de erros.
Com isso a ideia é que se atente a quem irá prestar serviço a sua empresa,
verifique sua capacidade técnica e histórico técnico, para que não tenham
um problema parecido com o que foi evidenciado.

71
E por fim, temos a Aplicação das características qualitativas fundamentais:

A informação precisa concomitantemente ser relevante e representar com fi-

dedignidade a realidade reportada para ser útil. Nem a representação fidedigna

de fenômeno irrelevante, tampouco as representações não fidedignas de fenômeno

relevante auxiliam os usuários a tomarem boas decisões.

Dessa forma, o processo de satisfazer as características qualitativas fundamen-

tais chega ao seu fim. Caso contrário, o processo deve ser repetido a partir do

próximo tipo de informação mais relevante (CPC 00, 2011, grifo nosso).

O respectivo item descrito acima vem para concretizar todas as afirmações


realizadas e apontadas ao longo de nossos escritos. E, logo ao final é relatado
que caso as informações contábil-financeiras apresentadas não satisfaçam às
necessidades informacionais dos usuários envolvidos todo o processo contábil
deverá ser verificado e refeito.
Agora estamos sendo conduzidos ao último item das características da infor-
mação contábil-financeira, sendo ela, as características qualitativas de melhoria,
essa última característica é composta por 4 elementos: Comparabilidade, Ve-
rificabilidade, Tempestividade e Compreensibilidade, conforme esclarece o CPC
00 (R1), essas

[...] são características qualitativas que melhoram a utilidade da informação

que é relevante e que é representada com fidedignidade. As características qua-

litativas de melhoria podem também auxiliar a determinar qual de duas alternativas

que sejam consideradas equivalentes em termos de relevância e fidedignidade de re-

presentação deve ser usada para retratar um fenômeno. (CPC 00, 2011, grifo nosso).

Em síntese, as respectivas características vêm para complementar as caracte-


rísticas de Relevância e Representação Fidedigna.
Para início temos a característica da Comparabilidade:

As decisões de usuários implicam escolhas entre alternativas, como, por exemplo,

vender ou manter um investimento, ou investir em uma entidade ou noutra. Con-

sequentemente, a informação acerca da entidade que reporta informação será

72
mais útil caso possa ser comparada com informação similar sobre outras en-

tidades e com informação similar sobre a mesma entidade para outro período

ou para outra data.

Comparabilidade é a característica qualitativa que permite que os usuários

identifiquem e compreendam similaridades dos itens e diferenças entre eles

(CPC 00, 2011, grifo nosso).

Em outras palavras, considerando o que foi relatado acima, os usuários (ex-


ternos e internos) devem poder comparar as demonstrações contábeis de uma
organização considerando um determinado lapso temporal, com o objetivo de
identificar possíveis linhas de tendência na sua posição patrimonial, financeira,
econômica e no seu desempenho operacional.
O próximo item é a Verificabilidade:

A verificabilidade ajuda a assegurar aos usuários que a informação representa

fidedignamente o fenômeno econômico que se propõe representar. A verificabi-

lidade significa que diferentes observadores, cônscios e independentes, podem che-

gar a um consenso, embora não cheguem necessariamente a um completo acordo,

quanto ao retrato de uma realidade econômica em particular ser uma representação

fidedigna (CPC 00, 2011, grifo nosso).

Essa característica estabelece que diferentes usuários podem chegar a um


ponto comum de concordância sobre o conteúdo descrito nos relatórios contá-
bil-financeiros, embora não cheguem a um completo acordo sobre tal conteúdo.
Discorreremos agora a respeito da Tempestividade:

Tempestividade significa ter informação disponível para tomadores de deci-

são a tempo de poder influenciá-los em suas decisões. Em geral, a informação

mais antiga é a que tem menos utilidade. Contudo, certa informação pode ter o

seu atributo tempestividade prolongado após o encerramento do período contábil,

em decorrência de alguns usuários, por exemplo, necessitarem identificar e avaliar

tendências (CPC 00, 2011, grifo nosso).

73
Uma informação também só será útil em sua totalidade caso ela seja apresen-
tada em tempo de essa influenciar as futuras decisões na organização.
E por fim, temos a Compreensibilidade:

Classificar, caracterizar e apresentar a informação com clareza e concisão torna-a

compreensível.

Certos fenômenos são inerentemente complexos e não podem ser facilmente

compreendidos. A exclusão de informações sobre esses fenômenos dos rela-

tórios contábil-financeiros pode tornar a informação constante em referidos

relatórios mais facilmente compreendida. Contudo, referidos relatórios seriam

considerados incompletos e potencialmente distorcidos (misleading).

Relatórios contábil-financeiros são elaborados para usuários que têm conheci-

mento razoável de negócios e de atividades econômicas e que revisem e ana-

lisem a informação diligentemente [...] (CPC 00, 2011, grifo nosso).

Uma das qualidades mais essenciais das informações contábil-financeira que


são apresentadas nos relatórios contábil-financeiros (demonstrações contábeis)
é que elas sejam prontamente e potencialmente compreendidas pelos usuários
(externo e interno), desde que os mesmos possuam razoável conhecimento téc-
nico da área e do negócio.
Desse modo, pode-se dizer que a informação contábil-financeira é a ferramen-
ta de comunicação da situação econômico-financeiro da organização. Yamamoto
e Salotti (2006, p. 5) complementam a conceituação de informação contábil-finan-
ceira, elucidando que

[...] a informação contábil pode ser considerada como aquela que altera o estado da

arte e do conhecimento de seu usuário em relação à empresa e, a partir de interpre-

tações, a utiliza na solução de problemas, sendo a natureza da informação contábil,

entre outras, econômico-financeira, física e de produtividade, assim a informação

contábil tem como consequência a ratificação ou alteração da opinião de seus usuá-

rios a respeito das atividades da empresa.

74
O Financial Accounting Standards Board (FASB) (SFAC 2, 1980, p. 1021) afirma
que “toda e qualquer informação se torna útil e desejável ao passo que nela seja
identificada a sua utilidade e relevância ao processo decisório”. Ou seja, toda a
informação contábil, em sua essência e também natureza, proporciona base para
uma série de tomadas de decisões estratégicas, táticas e até operacionais. Con-
tudo, uma série de usuários de tais informações não compreendem, com tanta
assertividade essas informações, prejudicando, assim, o andamento de processos
internos e/ou externos à organização.
Yamamoto e Salotti (2006) destacam que a informação contábil está relaciona-
da aos objetivos da contabilidade, voltados a mensurar e comunicar o conjunto
de eventos econômicos ocorridos dentro da organização. Mas, não é suficiente
apenas a mensuração e comunicação dos eventos; é imprescindível que o usuá-
rio de tais informações compreenda sua utilidade e relevância em cada espaço
geográfico e em cada decisão dentro da organização, e esse é um dos grandes
problemas, a compreensão (e, não rara, a relevância) por parte do usuário dada
à informação.
E dessa forma a compreensão, elemento esse já destacado, está, intrinseca-
mente, relacionada a outros fatores, tais como: desinformação, desinteresse e
irrelevância, todos esses ligados ao usuário da informação contábil-financeira.
Note-se que foram pontuados tais elementos para que seja possível visualizar
o tamanho do problema enfrentado pelas organizações, pois, como destacado
anteriormente, uma compreensão (e, agora, além desse elemento, são elencados
outros três) errônea sobre a informação prejudica todo o andamento do processo
organizacional, e, destaca-se, que qualquer atitude tomada com o uso da infor-
mação contábil-financeira é sentido no resultado da organização.

Figura 1: O valor da informação contábil


Fonte: freepik.com

75
O REPORT DAS
INFORMAÇÕES CONTÁBEIS

AULA 10
76
Nesse tópico iremos analisar com maior profundidade alguns reports, o primei-
ro deles é o balancete de verificação (BV), esse apresenta-se como um demons-
trativo contábil que é gerado por meio da estrutura do plano de contas, assim
como da escrituração dos fatos contábeis. Nele, são apresentados todos os saldos
iniciais e também os finais de cada conta contábil e toda a sua movimentação
(apenas os saldos) de débito e crédito em dado período.
Comumente os balancetes de verificação são elaborados e emitidos mensal-
mente, mas sua apresentação aos usuários externos não é obrigatória, podendo
se limitar aos internos. Isso porque o BV caracteriza-se como um demonstrativo
que é auxiliar na contabilidade. Mas, alguns usuários externos, como instituições
financeiras, podem solicitar o balancete de verificação mais atualizado, isso ge-
ralmente ocorre quando é solicitado algum empréstimo, aumente de limite ou
financiamento e essa solicitação está estritamente relacionada com uma análise
mais detalhada da realidade patrimonial da organização.
Desse modo o BV poderá ser emitido de modo analítico (com todas as contas
contábeis) apenas até o nível sintético.
Pois isso permitirá que as informações estejam no grau de detalhamento ne-
cessário para a análise em vários níveis decisórios da organização.

As aplicações do balancete de verificação

Sua aplicação inicial é auxiliar a organização na identificação de possíveis omis-


sões ou erros de escrituração contábil. Ele é muito aplicado no processo gerencial
por ser um demonstrativo de fácil entendimento e de grande relevância e utilidade
prática.
As omissões são um grave caso em várias companhias, por isso essas podem
ser identificadas ao se perceber situações em que não ocorreram movimentações
em determinadas contas ou então subgrupo de contas. Vamos a um exemplo:
um determinado usuário da área de vendas solicita pode apontar que uma deter-
minada transação de venda a prazo com o cliente Alfa não está apresentada nos
registros da empresa e a partir dessa informação tomar medidas para identificar
as causas da omissão desse registro.
Um elemento de grande relevância nas organizações é o erro (proposital ou
não) no registro contábil, e esse “erro” pode ser identificado quando a movimen-

77
tação que acontece em determinada conta ou então subgrupo distorce o saldo
final do grupo. Podemos usar para ilustrar tal fato a percepção tida pela área de
produção de que determinados insumos industriais que foram adquiridos a prazo
não foram escriturados para o fornecedor correto. E no processo de análise da
investigação das causas, identificou-se que havia sido escriturado para um outro
fornecedor por engano. E como um efeito dominó, ambas as contas contábeis
desses fornecedores estariam demonstrando saldos finais incorretos no período
apresentado.
Na sequência um modelo de balancete de verificação analítico:
Quadro 2: Modelo de Balancete de verificação

Balancete de Verificação – Companhia Alfa

Saldo
Conta Contábil Débito Crédito Saldo Final
inicial

Ativo

Ativo Circulante

Caixa

Banco

Ativo não Circulante

Passivo

Passivo Circulante

Passivo não Circu-


lante

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

78
Anote isso

É de suma relevância destacar que o balancete de verificação é um demons-


trativo contábil não obrigatório, ou seja, não é obrigatório a sua apresen-
tação aos usuários, diferentemente do balanço patrimonial e as demais
demonstrações.

O balancete de verificação é um instrumento de acompanhamento analítico da


contabilidade, por meio dele é possível verificar o desdobramento de uma série de
contas contábeis, esse demonstrativo está em total consonância com os demais
demonstrativos e livros contábeis, como o livro razão e o diário (de apresentação
obrigatória).

O relacionamento do balanço patrimonial da


demonstração dos resultados e dos demais
demonstrativos contábeis

O balancete também possui forte vinculação com uma série de demonstra-


tivos contábeis, como por exemplo o balanço patrimonial e a demonstração do
resultado do exercício.
Esses (BP e DRE) são elaborados com o propósito de apresentar a posição dos
saldos das contas contábeis em dado corte temporal. E tais saldos também podem
ser visualizados no balancete de verificação.
Cabe destacar que a principal diferença existente entre o BV e tais demonstra-
tivos está na forma de apresentação das contas contábeis. Visto que o BP é tido
como um índice das contas do ativo e passivo. Já a DRE apresentará as contas de
resultado (receitas, custos e despesas) de modo a evidenciar os vários níveis de
geração dos resultados do período e também será um demonstrativo com infor-
mações tabuladas a partir do balancete de verificação.
Outros relatórios são construídos a partir das informações disponíveis no ba-
lancete, mas necessitam também das informações disponíveis no livro razão da
conta contábil. São os casos da elaboração da demonstração dos fluxos de caixa,
demonstração das mutações do patrimônio líquido, demonstração dos lucros ou

79
prejuízos acumulados, demonstração do valor adicionado e das notas explicativas
às demonstrações.

Isto acontece
na prática

O balanço patrimonial mais a demonstração de resultado do exercício são


demonstrativos complementares, ou seja, eles aumentam sua eficiência
quando analisados em conjunto.

Além disso, muitos outros relatórios de finalidade gerencial são elaborados a


partir do balancete de verificação, como quadros comparativos de pagamentos
a clientes, fornecedores, bancos, tributos, receitas mensais e custos e despesas.
E isso remete muito com o processo de padronização e organização, exigidos
pela contabilidade.
A contabilidade é um elemento primordial para as entidades organizarem seus
processos e atividades operacionais. Essa organização ocorre a partir do sistema
de informações que deve atender às necessidades informacionais dos usuários
internos e externos.
O sistema de informações compreenderá a estrutura da informação desejada
pela entidade e os mecanismos de coleta, processamento, guarda e geração da
informação.
O plano de contas é o grande norteador do sistema de informações da or-
ganização. Os relatórios contábeis, como balancete, razão, balanço patrimonial,
demonstração dos resultados e relatórios ad hoc são as formas de apresentação
das informações.
Nesse sentido, a contabilidade participa ativamente da criação e da consolida-
ção do sistema de informações da organização, haja vista que nele se encontra
toda a matéria-prima para o seu trabalho.

80
A Contabilidade e seu relacionamento com os Con-
troles Internos nas organizações
É muito comum as organizações possuírem suas próprias leis, que regem as
atividades executadas por todos os seus membros. Essas leis se apresentam em
forma de procedimentos de conduta, orientações de trabalho, formulários pre-
definidos e relatórios periodicamente divulgados aos usuários, que são denomi-
nados de controles internos.
Os controles internos visam assegurar à organização padrões de eficiência em
questões legais, ambientais e trabalhistas, elevar o nível de qualidade em seus
processos, produtos e serviços e transparência nas informações que divulga ao
mercado. A imagem de uma empresa organizada e eficiente também lhe é atri-
buída pelos controles internos.
Assim, para que a informação contábil seja considerada útil a seu usuário é ne-
cessária a participação da contabilidade no processo de criação e aprimoramento
dos controles internos da organização.
Veja alguns exemplos dessa interação:
a) Orientações quanto aos procedimentos de entrada, saída e inventários
de estoques.
b) Orientações quanto aos procedimentos de emissão de notas fiscais.
c) Orientações quanto aos registros de gastos por centros de custos e
rateios, entre outros.
Em muitas situações, a contabilidade é a principal ferramenta que as organi-
zações possuem para criar ou aprimorar controles internos, reputando para ela
a responsabilidade de fiscalizar e gerenciar a aplicação desses controles.

Figura 3: A composição dos números dos reports Figura 4: Agrupamento das informações para
apresentação em relatório

Fonte: https://br.freepik.com Fonte: https://br.freepik.com/

81
COMPREENDENDO O
PROCESSO CONTÁBIL E
ANALISANDO O BP E A DRE

AULA 11
82
Uma das principais finalidades da contabilidade é demonstrar periodicamente a
realidade econômico-financeira das entidades.
Algumas informações são obtidas simplesmente pela leitura dos demonstrati-
vos e outras somente após aplicar a técnica contábil de análise de balanços. Essa
técnica consiste em uma ferramenta de grande valor nas tomadas de decisões,
especialmente por possibilitar o conhecimento da situação econômica e financeira
da organização.
Embora seja conhecida como análise de balanços, essa técnica não se limita
à análise do balanço patrimonial, sendo aplicável aos demais demonstrativos
contábeis, principalmente à demonstração dos resultados.

Compreendendo o Balanço Patrimonial

O balanço patrimonial é a principal demonstração gerada pela contabilidade


e tem sua obrigatoriedade prevista na legislação brasileira (Lei n. 6.404/1976,
art.176, I e alterações proporcionadas pela Lei 11.638/07).
Nesse demonstrativo constam informações financeiras e econômicas da orga-
nização em determinado período.

Quadro 3: Exemplo de Balanço Patrimonial

BALANÇO PATRIMONIAL

ANO ANO ANO ANO


ATIVOS PASSIVO
X2 X3 X2 X3

Ativo Circulante Passivo Circulante

Ativo Não Circu-


Passivo Não Circulante
lante

Patrimônio Líquido

ATIVO TOTAL PASSIVO TOTAL


Fonte: Elaborado pelo autor adaptado da Lei. 11.638/07 (2019)

83
Para realizar a análise do balanço patrimonial – e também dos demais de-
monstrativos – é necessário seguir alguns processos que irão permitir uma maior
compreensão a respeito das informações contábeis registradas.
Passo 1: Leitura do demonstrativo contábil: nessa etapa é possível identifi-
car as informações disponíveis sem a necessidade de aplicação de alguma técnica.
Basta apenas ler o demonstrativo. Informações como o período a que se referem,
a moeda em que os valores são apresentados e os itens patrimoniais da organi-
zação no período são identificados na leitura prévia.
Passo 2: Análise da estrutura do demonstrativo para o desenvolvimento
da análise vertical: com o desenvolvimento desse passo será possível identifi-
car a relevância dos itens patrimoniais por período, assim como compreender as
estruturas de aplicação e financiamento do capital.
Passo 3: Análise da evolução das contas patrimoniais para a construção
da análise horizontal: demonstra como os itens patrimoniais evoluíram de um
período para o outro. A análise não explica as causas da evolução, mas pode indi-
car os principais itens patrimoniais que contribuíram para a realidade patrimonial,
financeira e de desempenho da organização.
Passo 4: Análise dos indicadores: nesse passo será revelado as informações
ocultas nas demonstrações, como liquidez, endividamento, rentabilidade, prazos
médios, entre outras informações.
Passo 5: Análise comparativa com padrões de mercado: caso a organização
tenha disponível o demonstrativo de empresas similares no ramo de atuação,
pode-se também aplicar a análise comparativa entre elas. Para a análise ser útil
é necessário tomar alguns cuidados, como:
a) assegurar que os demonstrativos utilizem o mesmo período de refe-
rência;
b) assegurar que os demonstrativos registrem os valores na mesma moe-
da;
c) identificar se há similaridades nos itens patrimoniais demonstrados pe-
las empresas.
Passo 6: Relatório de análise do balanço patrimonial: sempre será elabora-
do concomitantemente ao desenvolvimento dos passos anteriores e será nele que
as informações significativas serão descritas. Aqui se faz uso da boa comunicação
escrita, aliada a recursos que auxiliam na compreensão das informações, como
quadros, tabelas e gráficos.

84
Compreendendo a Demonstração de Resultado do
Exercício

A demonstração dos resultados da organização é o segundo principal rela-


tório contábil e também faz parte do rol de demonstrativos exigidos pela Lei n.
6.404/1976 (art.176, III e Lei 11.638/07).
Tal demonstrativo descreve e tabula todas as receitas que foram auferidas no
período (ano calendário) e deduzidos todos os esforços operacionais (custos e
despesas) para sua geração, além de destacar os vários estágios de formação do
lucro (ou prejuízo) da empresa para que seja realizada uma análise pelos usuários
internos e externos. E dentre essa série de esforços estão os tributos sobre a ven-
da e lucros (se houver lucro), custos de mercadoria, produto ou serviços vendidos
e despesas com vendas, administrativas e financeiras.
Os mesmos procedimentos de análise do balanço patrimonial são aplicáveis
à demonstração do resultado do exercício, além disso, os mesmos passos são
necessários para identificar as informações contábeis visíveis e também ocultas.

Quadro 4: Demonstração do Resultado do Exercício

ANO ANO
Demonstração do Resultado do Exercício
X2 X3

Receitas brutas com prestação de serviço ou venda de


produtos

(–) Deduções da receita de vendas

Impostos sobre vendas

Devoluções e abatimentos

(=) Receita líquida

(–) Custos das mercadorias vendidas

(=) Lucro bruto

(–) Despesas operacionais

Despesas com vendas

Despesas administrativas

Outras receitas e despesas operacionais

85
(=) Lucro antes do resultado financeiro

(+/–) Resultado financeiro

Despesas financeiras

Receitas financeiras

(=) Lucro antes do imposto de renda e contribuição


social

Imposto de renda

Contribuição social

(=) Lucro líquido do exercício

Fonte: Elaborado pelo autor adaptado da Lei. 11.638/07 (2019)

Com a leitura da DRE é possível obter algumas informações prévias, mas que
irão colaborar e muito com o desenvolvimento de qualquer tipo de análise, são
elas:
a) os períodos que são apresentados na demonstração;
b) a unidade monetária aplicada aos valores apresentados (geralmente o
Real);
c) o real faturamento ou receitas de vendas auferidas em cada período (a
prazo + a vista);
d) como se deu a construção da composição dos custos em cada período;
e) como se deu a construção da composição das despesas de operação
em cada período;
f) o resultado econômico (contábil) alcançado ao final de cada período; e
g) as contas de resultado (receita, despesas e custos) que possuem notas
explicativas que detalham melhor a composição do seu montante.
E dessa forma é possível relacionar tais informações com outros demonstra-
tivos (DRE, por exemplo), principalmente o balanço patrimonial para identificar
informações ou inferir sobre comportamentos e causas dos resultados organi-
zacionais.

86
Figura 5: Análise da DRE

Fonte: https://br.freepik.com/

Figura 6: Compreendendo as informações apresentadas na DRE

Fonte: https://br.freepik.com

Isto acontece
na prática

Quando uma organização solicita um crédito (empréstimo, financiamento)


a uma instituição financeira, então é realizada uma análise do potencial de
pagamento e de liquidez da empresa solicitando, isso é obtido por meio
de uma análise, principalmente do BP e da DRE da empresa solicitante.

87
INDICADORES ECONÔMICO-
FINANCEIROS DAS
COMPANHIAS

AULA 12
88
Cabe enfatizar que uma leitura prévia e uma análise da estrutura, bem como
da evolução das contas nos demonstrativos irão proporcionar uma extração de
informações do demonstrativo de balanço patrimonial e demonstração dos re-
sultados e de outros demonstrativos contábeis mais eficiente. Contudo, essas
demonstrações sozinhas não são capazes de identificar a situação econômico-fi-
nanceira da organização, sendo necessário o uso de indicadores para orientar o
diagnóstico final da organização.

Os indicadores financeiros

Agora iremos apresentar um conjunto de indicadores que fornecerão base


para uma série de decisões organizacionais.

1. Índice de liquidez imediata


Esse demonstra a real capacidade de pagamento das obrigações de curto prazo
(imediatamente) da organização.

Qual a fórmula?
Disponibilidades
Passivo Circulante
Como interpretar?
Quantia em reais para saldar cada R$ 1,00 de dívida. Quanto maior, melhor.

2. Índice de liquidez seca


Já esse apresenta a capacidade de pagamento das obrigações de curto prazo
sem que a organização precise vender os produtos e mercadorias em estoque.
Qual a fórmula?
Ativo Circulante – Estoques
Passivo Circulante

Como interpretar?
Essa é a quantia em reais para saldar cada R$ 1,00 (um real) de dívida, então
quanto maior, melhor.

89
3. Índice de liquidez geral
Temos também esse indicador que apresenta qual a capacidade de pagamen-
to de todas as obrigações, sem necessitar de vender imobilizado da companhia
(conhecido também como ativos fixos).
Qual a fórmula?
Ativo Circulante + Ativo não Circulante
Passivo Circulante + Passivo não Circulante
Como interpretar?
Quantia em reais para saldar cada R$ 1,00 (um real) de dívida, então quanto
maior, melhor.

4. Grau de endividamento de curto prazo


Esse grau apresenta como está o comprometimento do capital próprio da
organização em relação às obrigações (dívida) de curto prazo.
Qual a fórmula?
Passivo Circulante

Patrimônio Líquido

Como interpretar?
Quanto menor que R$ 1,00 (um real), então melhor.

5. Grau de endividamento de longo prazo


Demonstra o comprometimento do capital próprio da organização em relação
às obrigações de longo prazo.
Qual a fórmula?
Passivo não Circulante
Patrimônio Líquido
Como interpretar?
Quanto menor que R$ 1,00 (um real), então melhor.

6. Grau de endividamento total


Demonstra o comprometimento do capital próprio da organização em relação
às obrigações de longo prazo.
Qual a fórmula?

90
Passivo Circulante + Passivo não Circulante
Patrimônio Líquido
Como interpretar?
Quanto menor que R$ 1,00 (um real), então melhor.

7. Grau de imobilização
Demonstra se a organização tem realizado investimentos fixos com recursos
de longo prazo, que são os mais apropriados.
Qual a fórmula?
Ativo Imobilizado
Passivo Circulante + Passivo não Circulante
Como interpretar?
Para esse indicador o ideal é que esteja abaixo de 1,00 (um real).

Os indicadores de atividade

1. Giro do ativo
Indica o número de meses de vendas necessários para cobrir o patrimônio
global da empresa. Para obter as vendas mensais, basta dividir o montante de
vendas anuais por 12.
Qual a fórmula?
Ativo Total
Vendas Líquidas Mensais
Como interpretar?
Quanto menor o resultado encontrado, então melhor.

2. Prazo médio de estocagem


Demonstra o tempo médio, em dias, para o estoque ser comercializado. Para
obter o custo diário, basta dividir o montante anual por 360.
Qual a fórmula?
Estoques
Custos diários dos produtos/mercadorias vendidas
Como interpretar?
Quanto menor o resultado encontrado, então melhor.

91
3. Prazo médio de recebimento de clientes
Demonstra o tempo médio, em dias, para o estoque ser comercializado. Para
obter o custo diário, basta dividir o montante anual por 360.
Qual a fórmula?
Vendas a receber
Vendas liquidas diárias
Como interpretar?
Quanto menor o resultado encontrado, então melhor.

Os indicadores econômicos

1. Lucratividade
Demonstra a parcela das receitas, livre de gastos operacionais, que foram
incorporadas ao patrimônio da organização.

Qual a fórmula?
Lucro Líquido x 100
Receitas Líquida

Como interpretar?
Quanto maior o resultado encontrado, então melhor.

2. Retorno do capital investido pela empresa


Demonstra a rentabilidade obtida do capital próprio da organização no perío-
do.
Fórmula:
Lucro Líquido x 100
Patrimônio Líquido
Como interpretar?
Quanto maior o resultado encontrado, então melhor.

3. Ebtida (Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization)


Esse indicador possibilita analisar o lucro da operação da organização antes
do pagamento dos devidos tributos e antes de calcular a depreciação, a amortiza-

92
ção, as receitas e despesas financeiras, em outras palavras ele representa a real
capacidade operacional da atividade gerar caixa (recursos financeiros).
Qual a fórmula?

Lucro líquido + Depreciação + Amortização + Despesas financeiras – Receitas


financeiras + Impostos sobre o lucro (IR e CS)

Como interpretar?
Uma empresa sadia consegue gerar caixa a partir da sua atividade principal.
Quanto maior o resultado do Ebtida, mais capacidade de geração de caixa ela tem.
Contudo, deve-se ficar atento ao nível de endividamento que pode consumir do
caixa gerado.

Isto acontece
na prática

O EBTIDA é uma medida de desempenho da organização muito utilizada


e acompanhada nas empresas americanas.

Em resumo, para calcular todos esses indicadores são utilizadas informações


do balanço patrimonial e também da demonstração do resultado do exercício.
Mas cabe salientar que, sempre as aplicações desses indicadores deverão
acontecer de forma sincronizada e lado a lado com a leitura prévia, assim como
as análises de estrutura (análise vertical) e evolução (análise horizontal) da com-
panhia. Sendo que assim, os resultados observados e encontrados poderão ser
ampliados e a capacidade de observação do usuário (interno e externo) irá per-
mitir um diagnóstico mais preciso e eficiente da organização.
Outro ponto de destaque é que a análise, assim como a interpretação dos de-
monstrativos contábeis são duas grandes aliadas da gestão da organização, visto
que por intermédio dessas, será possível compreender e identificar os comporta-
mentos que são prejudiciais para a situação econômico-financeira da companhia e
assim, desenvolver uma série de ações (plano de ação) mais pontuais e objetivas,
a fim de redirecionar o andamento das operações e estratégia da empresa.
É sabido que uma série de gestores de organizações concentrem todo seu
potencial na operação e assim se esquecem de gerir o patrimônio da empresa,

93
ou então, que façam a gestão departamental, esquecendo assim que uma ação
desenvolvida pela sua área pode causar reflexos negativos sobre o patrimônio
e eficiência da organização. Assim, uma análise das demonstrações possibilita
uma visão do conjunto de toda a companhia, facilitando o desenvolvimento (e
implantação) de planos de contingência e ação.

Figura 7: Apresentação dos indicadores da companhia

Fonte: https://br.freepik.com

Figura 8: Tabulando os indicadores da companhia

Fonte: https://br.freepik.com

94
Anote isso

Os indicadores apresentados aqui não representam a posição da com-


panhia no futuro, mas sim no passado, ou seja, como ela se comportou
durante os últimos meses (anos) analisados.

CONCLUSÃO
Caro aluno, nesta unidade foi possível analisar com mais detalhes a compo-
sição da informação contábil, segundo o que emana o CPC 00, dentre outras
normativas, vimos que tal informação é de suma importância para uma série de
processos decisórios dentro das organizações.
Além disso, vimos sobre o report das informações contábeis por meio dos re-
latórios contábeis (demonstrações contábeis) e como se dá sua relação, partindo
desde o balancete de verificação e chegando até o BP e a DRE.
O terceiro ponto discutido nesta unidade foi sobre o processo de análise e
compreensão a respeito do BP e da DRE, estes como instrumentos de forte cunho
decisório e gerencial, pois a partir deles é possível extrair uma série de informa-
ções contábeis que podem ser trabalhadas, lapidadas e compiladas com o pro-
pósito de construir uma série de análises econômico-financeiras a respeito da
(s) organização (ões), na próxima unidade iremos estudar outros elementos que
colaboram com a gestão estratégica e operacional das organizações.

REFERÊNCIAS
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE – CFC. Resolução CFC n.º 1.161, de 13
de fevereiro de 2009. Manual de contabilidade do Sistema CFC/CRCs e outras
providências. Disponível em: <http://portalcfc.org.br/legislacao/>. Acesso em: 15
jul. 2019.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE – CFC. Resolução CFC n.º 1.374, de 8


de dezembro de 2011. Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Re-
latório Contábil-Financeiro: NBC TG Estrutura Conceitual. Disponível em: <http://
portalcfc.org.br/ legislacao/>. Acesso em: 16 jul. 2019.

95
IUDÍCIBUS, S. de (Coord.) Contabilidade Introdutória. Equipe de professores da
Faculdade de Economia, Administração e contabilidade da USP. 11. ed. São Paulo:
Atlas, 2018.

MARION, J. C.; RIBEIRO, O. M. Introdução à Contabilidade Gerencial. São


Paulo: Saraiva, 2014.

PADOVEZE, C. L. Contabilidade Gerencial: um enfoque em sistema de informação


contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2016.

PADOVEZE, C. L. Manual de Contabilidade Básica: contabilidade introdutória e


intermediária. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

96
DESBRAVANDO A
ESTRUTURA DA GESTÃO DE
CUSTOS

AULA 13
97
Os custos estão presentes em qualquer atividade organizacional, seja ela in-
dustrial, comercial ou serviço, mas inicialmente a gestão dos custos surgiu para
atender as necessidades emergentes de empresas industriais, que precisavam
definir o valor dos estoques com base em gastos incorridos.
Até então, essas eram novas demandas, que não tinham um embasamento
teórico específico da Contabilidade. É por esse motivo que muitos estudiosos da
área mencionam que a forma como a contabilidade de empresas industriais foi
feita à época decorreu de forma muito similar com o que já era realizado em enti-
dades comerciais. Sendo assim, podemos dizer que a gestão dos custos necessita
de direcionadores e para isso há os princípios da contabilidade de custos, salien-
ta-se que esses princípios também são utilizados na contabilidade comercial.

Realização da receita

Este princípio diz respeito ao momento em que devemos realizar o reconheci-


mento (realização) da Receita. Por este princípio temos que o reconhecimento
do resultado, seja ele lucro ou prejuízo deve ser feito apenas quando houver
a realização da receita. Por sua vez, a receita ocorre no momento em que, ou
à medida em que ocorre a transferência do bem ou serviço para o comprador
(MARTINS, 2010).
Sendo assim, é importante estar atento a este princípio, pois ele está ligado a
normativos contábeis da Contabilidade Financeira e está interligado com o próxi-
mo princípio que veremos, o da confrontação entre despesas e receitas.

Confrontação entre despesas e receitas

Se por um lado temos um princípio que diz o momento em que as receitas


devem ser reconhecidas, temos o princípio da confrontação entre despesas e
receitas, que preconiza o reconhecimento das despesas no momento em que as
receitas são reconhecidas.
Para facilitar sua compreensão lembre como é realizado o registro contábil
em uma operação de venda. São reconhecidas as receitas, deduções da receita e
em seguida o Custo da Mercadoria Vendida (CMV). Observe que esse, não é nada

98
além do já conhecido regime de competência. Reconhecer receitas e despesas no
momento de sua ocorrência.
Por fim, neste tópico apresentamos o Princípio da Apropriação de Custos por
Absorção. Fique atento a ele, pois, dentre os princípios, é o que traz mais impacto
à definição do custo de um produto. Acompanhe.

Apropriação de Custos por absorção

Como vimos, uma das principais dificuldades originadas da utilização de má-


quinas no processo produtivo é a preponderância de Custos que não podem ser
identificados a um único produto específico. Por exemplo, a mão de obra antes
quase artesanal, dedicava-se à produção de um produto específico. Com a Revolu-
ção Industrial, um mesmo operário é utilizado na produção de diversos produtos.
Diante dessa realidade, a Contabilidade de Custos precisa definir o que irá
compor o valor de um produto, para que assim possa chegar ao valor de estoque.
Então, temos o princípio da apropriação de custos por absorção, que rege que
o valor de um produto é formado por todos os custos, ou seja, todos os esforços
financeiros que foram empregados na produção do bem ou serviço. Mas e as
despesas?
As despesas fazem parte do resultado e não transitam no Balanço Patrimo-
nial. Por outro lado, os custos são alocados aos produtos, que, enquanto não
são vendidos, figuram no Balanço Patrimonial como estoques e, por força de
sua venda e reconhecimento da receita são apresentados na Demonstração de
Resultado do Exercício (DRE) sob a forma de Custo do Produto Vendido (CPV).
Veja a Figura 1 para compreender a explicação.

99
Figura 1: Apropriação de custos aos produtos

Fonte: Martins (2010, p.37)


No próximo tópico iremos compreender como detalhar os custos em subclas-
sificações, pois ao produzir informações sobre o custo de um produto teremos
custos que se comportam de formas diferentes. Por exemplo, existem custos que
independentemente de haver ou não produção continuam existindo, enquanto
outros não.
Também existem custos que estão estritamente relacionados a um produto,
enquanto outros não. Veremos, então, como classificar esses custos em subclas-
sificações de custos.

Anote isso

Custos por absorção é uma forma de custeio, amplamente utilizado no


Brasil por uma série de organizações, além disso o Estado fiscalizador acei-
ta essa forma de custeio como válido para fins de escrituração contábil e
apuração fiscal.

100
Subclassificação dos custos

Podemos classificar um custo em, basicamente, duas subclassificações que se


dividem em mais dois tipos de custos cada, formando quatro subclassificações.
São elas:
De acordo com a variabilidade do custo:
• Custo Fixo: é um custo que se mantém estável por determinado período
de tempo ou volume de produção. Por exemplo, o aluguel se mantém
estável por um período contratual e, normalmente, sofre variações pe-
riódicas, mesmo assim continua sendo um custo fixo.
• Custo variável: é um custo diretamente proporcional ao volume de
produção, quanto mais unidades produzidas maior será o gasto.
De acordo com a ligação do custo a produtos específicos ou não:
• Custo direto: é um custo que pode ser diretamente associado a um
produto específico. Exemplos mais comuns são, a matéria-prima e a
mão de obra.
• Custo indireto: são custos que não podem ser relacionados a um pro-
duto específico. Por exemplo, se um espaço alugado atende a produção
de dois produtos ao mesmo tempo este é um custo indireto. Se há uma
conta de energia em uma fábrica que produz dois ou mais produtos esse
é um custo indireto, pois qualquer tentativa de dividir esse custo entre
os produtos, não passará de estimativa.
Mas para que essa subclassificação?
A subclassificação de custos auxilia a definição do custo de um produto de
forma que possamos identificar melhor qual custo pertence a qual produto. Só
conseguimos alcançar isso com essas subclassificações, pois lembre que com a
industrialização de processos um único gasto, como depreciação de equipamen-
tos, por exemplo, pode estar relacionado à produção de diversos produtos ao
mesmo tempo.
Na figura 2, você pode conferir um esquema de como podemos classificar os
gastos e subclassificar os custos.

101
Figura 2: esquema de classificação de gastos

Fonte: elaborado pelo autor (2019)

Isto acontece
na prática

Veremos no próximo tópico o tema Margem de Contribuição, mas para


que seja extraída com maior eficiência o conteúdo de MC é necessário
que saibamos claramente a diferença entre custos fixos e variáveis, pois
uma atribuição errônea de custos (fixos e variáveis) poderá distorcer toda
a sua análise, na prática isso que dizer tomar uma decisão com um ca-
minho diferente.

Figura 3: Análise dos custos e despesas

Fonte: https://br.freepik.com/

102
Figura 4: Análise dos gastos corporativos

Fonte: https://br.freepik.com
103
O GERENCIAMENTO DE
CUSTOS E A EFICIÊNCIA
ORGANIZACIONAL

AULA 14
104
Margem de contribuição

Para compreendermos o conceito de margem de contribuição, precisamos


dizer quais características não fazem parte de seu conceito. O termo margem é
muito genérico, cujo sinônimo representa uma diferença entre um limite definido.
No mercado de empréstimos consignados, por exemplo, quando dizemos que
uma pessoa tem margem, estamos dizendo que ela tem crédito disponível, con-
siderando o quanto ela recebe mensalmente e o quanto pode assumir de dívida.
Na contabilidade temos, por exemplo, o conceito de margem de lucro, que
representa o quanto percentualmente a empresa tem de resultado em relação a
suas receitas. Ou seja, a margem de lucro nos diz o quanto sobrou das receitas,
depois de retirados todos os custos e despesas. Mas, e a margem de contribuição?
A margem de contribuição (MC) não representa uma margem de lucro (GAR-
RISON, NOREEN E BREWER, 2013), portanto. A partir dessa afirmação, podemos
trabalhar no conceito da MC, mas para entendê-lo, de fato, precisamos fazer o
seguinte percurso. Acompanhe!
Veja que ao trabalharmos com o custeio variável, temos que o custo unitário
de cada produto é definido apenas por custos variáveis. Quando apresentávamos
o resultado obtido com a venda de mercadorias, tínhamos que:

Resultado = Vendas – Custos totais – Despesas Totais

Já pelo custeio variável, o resultado é calculado tirando das receitas os gas-


tos variáveis relacionados ao produto, sendo possível representar por meio da
equação:

Resultado = Vendas – Gastos variáveis

Não podemos dizer que os dois cálculos se referem a resultado, pois na lin-
guagem contábil, a segunda equação está incorreta, visto que não considera os
custos e despesas fixas. É, então, que surge o conceito de margem de contri-
buição. Podemos definir a MC como sendo o quanto sobra das receitas após a
retirada de custos e despesas variáveis.

105
MCu
MCu = Preço de Venda (Líquido de Impostos) – Custos Variáveis – Despesas
Variáveis

Agora, voltemos a uma análise do termo margem de contribuição. Sobre o


termo margem, já entendemos como sendo aquilo que sobra, mas e o termo
contribuição? A contribuição está ligada à ajuda, auxílio. Sendo assim, margem de
contribuição seria o quanto cada produto contribui para a formação do resultado
da empresa.

Isto acontece
na prática

A margem de contribuição é um valioso indicador de desempenho que


muitas empresas utilizam, principalmente no momento de aumentar a
produção e comercialização de um dado produto, se esse estiver com
uma margem baixa (em comparação com os demais produtos), deve-se
analisar com calma e verificar se realmente vale a pena continuar produ-
zindo tal produto.

Vamos para um exemplo, observando o cálculo da margem de contribuição


unitária para cada produto e considerando as informações que já foram dadas.
Note que não há incidência de nenhuma despesa variável, como fretes ou comis-
sões de vendas.

106
Exemplo de cálculo de margem de contribuição unitária por produto:

Produto X Produto Y

Preço de venda 100,00 150,00

(-) Custos Variáveis Unitários (80,00) (100,00)

(-) Materiais diretos (40,00) (60,00)

(-) Água (20,00) (30,00)

(-) Luz (20,00) (10,00)

(=) MC 20,00 50,00

Ao calcularmos a MCu de cada produto, podemos perceber que o X contribui


com R$ 20,00 a cada unidade vendida e o Y contribui com R$ 50,00 a cada unidade
vendida. Em outras palavras, ao vender uma unidade do produto X, por exem-
plo, a empresa fica com R$ 20,00 que contribuem para a formação do resultado,
ajudando na manutenção dos custos e despesas fixas. É por isso que a Margem
de Contribuição não pode ser chamada de margem de lucro, pois esse resultado
não pertence totalmente à empresa, primeiro ele é utilizado no pagamento de
custos e despesas fixas.
Mas já percebeu que haverá um momento em que, após realizar a venda de
muitas unidades, haverá margem de contribuição suficiente para pagar todos os
custos e despesas fixas e ainda haverá sobras. É a partir desse momento que a
cada unidade vendida a MC se torna resultado positivo da empresa.

Anote isso

Podemos ter custos fixos que são diretamente ligados a um produto es-
pecífico. Agora, como reconhecê-los no resultado, visto que eles são apre-
sentados após a margem de contribuição total?

O mix de produção

107
Agora iniciamos a conversa sobre o mix de produção, mas o que um mix de
produtos informa/transmiti/indica aos usuários?
Um mix de produtos indica a quantidade de unidades que é ideal de produ-
ção e vendas de cada produto/mercadoria em um dado ambiente com restrições
(mercadológicas, por exemplo).
Figura 5: Acompanhamento detalhado do resultado da companhia

Fonte: https://br.freepik.com

A margem de contribuição é um excelente balizador para determinar o mix,


pois por meio dos resultados ali encontrados devemos dar preferência pela pro-
dução dos produtos com as maiores margens e os demais produtos, não devo
produzir? A resposta é, depende... depende de você (empresa) deseja explorar um
novo mercado e ganhar espaço, para isso, em dados momentos, são necessários
sacrifícios financeiros.
Inicialmente para a completa composição desse mix é necessário que se anali-
se qual será a quantidade (média) de vendas dos produtos que iremos conseguir
atingir, pois de nada resolve produzir uma série de produtos que poderão ficar
parados no estoque e gerando custos para a empresa. Necessitamos produzi-los
e consequentemente vendê-los.
Dessa forma, a quantidade de unidades que apresentaremos no mix corres-
ponde, no máximo, à quantidade média de vendas de cada produto.

108
Veja no quadro a seguir, como seria um exemplo de mix de produção e vendas
ideal, em um dado cenário.

Quadro 1: Mix de produtos

Mercadoria Quantidade indicada no Mix

Torta de maça 20.000 unidades

Torta de milho 10.000 unidades

Bolo de chocolate 30.000 unidades

Farinha 0 unidades

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

Veja que em nosso mix de produção (exemplo acima), demos prioridade aos
produtos que possuem uma maior margem de contribuição, devido que são esses
os produtos que irão maximizar o resultado (financeiro) da companhia.
Um outro ponto é que este mix representa o volume de produção e vendas
ideal, ou seja, o máximo que conseguiremos fazer para ter o melhor resultado
possível, mesmo com a falta de matéria-prima.

Figura 6: Análise do mix de produtos

Fonte: https://br.freepik.com/

Enfim, vocês conseguiram perceber o valor e a relevância que essa informação


possui para uma entidade? Com informações desse tipo o gestor terá uma boa
base para gerenciar o negócio e tomar as decisões.

109
ANÁLISE DO GRAU DE
ALAVANCAGEM, PONTO DE
EQUILÍBRIO E MARGEM DE
SEGURANÇA

AULA 15
110
Grau de alavancagem nas organizações

Quando estamos analisando os resultados de uma entidade, estamos avalian-


do os resultados da gestão e, nesses momentos, é muito comum surgir a dúvida:
se houver um esforço para aumento das receitas, qual seria o impacto disso no re-
sultado operacional? Uma solução à essa pergunta é a Alavancagem Operacional.
A alavancagem operacional é uma medida de sensibilidade da receita opera-
cional líquida a determinada variação percentual nas vendas, segundo Garrison,
Noreen e Brewer, 2013).
Ou seja, seu resultado nos diz qual será a variação do resultado quando houver
uma varrição nas receitas. Para isso, precisamos encontrar o Grau de Alavanca-
gem Operacional, por meio da seguinte equação:
Grau de alavancagem operacional:

Margem de contribuição
Resultado operacional líquido

Considerando os dados do nosso exemplo anterior, temos uma margem de


contribuição total de R$ 17.000,00, enquanto temos um resultado operacional
líquido de R$ 8.700,00. Sendo assim, o Grau de Alavancagem Operacional seria:

17.000
8.700

Grau de alavancagem operacional: 1.95 vezes

Isso implica dizer que para cada 1% de aumento das receitas, o resultado
operacional irá aumentar 1,95%. Vejamos a prova do funcionamento do Grau de
Alavancagem Operacional a partir de uma suposição. Considere que as receitas
da empresa aumentem em 30% para ambos os produtos, sem que Custos e Des-
pesas fixos aumentem.

111
Ponto de equilíbrio

Ponto de Equilíbrio Contábil


O Ponto de Equilíbrio Contábil (PEC) também chamado na literatura interna-
cional de Break-even Point (ponto de ruptura) é o ponto exato em que as receitas
são suficientes para quebrar a barreira do prejuízo, dando origem ao Lucro.
Veja a imagem a seguir, que representa as receitas, despesas, custos e lucro
de forma gráfica. Observe que até o volume que determina o Ponto de Equilíbrio,
estamos reconhecendo um prejuízo.
Para compreendermos melhor o ponto de equilíbrio, pense em um exemplo
simples. Suponha uma empresa que vende picolés a R$ 2,00 cada unidade, já
líquido de tributos, cujo custo de aquisição é de R$ 1,20. Além dos custos com
produtos, a empresa tem gastos fixos mensais entre custos e despesas que totali-
zam R$ 2.800,00. Como expressar o resultado dessa entidade em uma expressão
matemática?

Resultado = (2,00 x Quantidade vendida) – (1,20 x Quantidade vendida) – 2.800

Por meio dessa representação, conseguimos calcular o Resultado da entidade.


Pense, por exemplo, que em um período de um mês a entidade tenha vendido
apenas 10 picolés. Qual seria seu Resultado?

Resultado = (2 x10) – (1,20 x 10) – 2.800


Resultado = 20 – 12 – 2800
Resultado = - 2.792

Como resultado, obtivemos um prejuízo de R$ 2.792.


Note como essa é uma informação relevante. Significa que a venda de 10 uni-
dades é insuficiente para obter lucro.

Sabemos, então, que se a gestão da empresa pensar em determinar uma meta


de vendas, 10 unidades seria uma meta equivocada. Qual seria, portanto, a quan-
tidade necessária para que não houvesse prejuízo? Vamos usar as mesmas infor-
mações anteriores para determinar o resultado da quantidade em que o Lucro

112
seria igual a zero, pois esse é o momento em que não há prejuízo.

0 = (2 x quantidade vendida) – (1,20 x quantidade vendida) – 2800


- 2 quantidade vendida + 1,20 quantidade vendida = -2800
-0,8 quantidade vendida = -2800
quantidade vendida = 3.500

Com esse resultado agora sabemos que é necessário vender 3.500 unidades
de picolé para que o resultado seja igual a zero. A definição de Ponto de Equilíbrio
Contábil (PEC) é justamente essa, o momento em que, contabilmente, o resultado
das vendas da empresa começa a superar o prejuízo.

Ponto de equilíbrio contábil:

Custos e despesas fixos


Margem de contribuição unitária

Essa equação nos retorna à quantidade de unidades que precisam ser vendidas
para que o resultado contábil da entidade seja igual a zero.

Isto acontece
na prática

O ponto de equilíbrio é um instrumento/métrica de acompanhamento


dos resultados da companhia, na prática utilizamos o Ponto de equilí-
brio em vários momentos nas empresas, por exemplo, em uma escola
de idiomas, há um número mínimo de alunos para se abrir a turma e a
escola não ficar negativa, esse número mínimo é o ponto de equilíbrio.

Ponto de Equilíbrio Financeiro


Resultados Contábil e Financeiro nem sempre são idênticos. Podemos dizer
que na maioria das entidades o resultado contábil é diferente do resultado finan-

113
ceiro, principalmente pelo reconhecimento de gastos não financeiros.
Ao reconhecermos gastos desse tipo no cálculo de Ponto de Equilíbrio Con-
tábil, podemos transmitir uma informação distorcida para a entidade, elevando
seu resultado de PEC com gastos que sequer geram impacto no Caixa. O mesmo
acontece ainda com Amortização e Exaustão.

Para resolver a situação, excluiremos do cálculo de Ponto de Equilíbrio os gas-


tos que não geram desembolso. Veja como ficaria a equação a seguir, em que CDF
representam os Custos e Despesas Fixas, MCu a Margem de Contribuição Unitária
e MC% a Margem de Contribuição Percentual. Clique nos itens.

Ponto de equilíbrio financeiro:

CDF – gastos não financeiros


Margem de contribuição unitária

Ponto de Equilíbrio Econômico


Para que um negócio seja economicamente viável, não basta ter resultados
é preciso que seus resultados tragam retorno econômico aos investidores. O
retorno, normalmente é medido sobre um percentual do valor investido, seria
o Retorno sobre Investimento (ROI – return on investment). Também podemos
medir o retorno esperado sobre o total de Patrimônio Líquido da Entidade, visto
que esse tende a aumentar ao longo do tempo.
Vamos então retomar o nosso exemplo anterior. Considerando um Investi-
mento de R$ 250.000,00 e um retorno mensal esperado de 2,75%. Sendo assim,
o retorno mensal esperado é de R$ 6.875,00.
Esse valor passa a integrar o numerador da nossa equação de Ponto de Equi-
líbrio, gerando o Ponto de Equilíbrio Econômico.
Para que um negócio seja economicamente viável, não basta ter resultados
é preciso que seus resultados tragam retorno econômico aos investidores. O
retorno, normalmente, é medido sobre um percentual do valor investido, seria o
Retorno sobre Investimento (ROI – return on investment). Também podemos medir
o retorno esperado sobre o total de Patrimônio Líquido da Entidade, visto que
esse tende a aumentar ao longo do tempo.

114
Vamos, então, retomar o nosso exemplo anterior. Considerando um Investi-
mento de R$ 250.000,00 e um retorno mensal esperado de 2,75%. Sendo assim,
o retorno mensal esperado é de R$ 6.875,00. Esse valor passa a integrar o nume-
rador da nossa equação de Ponto de Equilíbrio, gerando o Ponto de Equilíbrio
Econômico. Veja a equação a
Ponto de equilíbrio econômico:

CDF + Lucro desejado


Margem de contribuição unitária

Sendo assim, o Ponto de Equilíbrio Econômico (PEE) para o nosso exemplo


seria:

8.300,00 + 6875,00
34%

PEE = 44.632,35

Isso significa que a empresa estará economicamente em equilíbrio quando


atingir vendas de R$ 44.632,35, considerando uma proporção de 40% em vendas
do produto A e 60% em vendas do produto B. Perceba que, dos três pontos de
equilíbrio apresentados, o econômico nos trouxe o maior resultado, pois nele o
volume de vendas deveria ser suficiente para cobrir todos os custos e despesas
fixos, além de remunerar o capital investido.

Margem de segurança

Quando a informação de custos passa a ser analisada de forma mais apurada


é possível produzir informações úteis à tomada de decisão. O cálculo de pontos
de equilíbrio é fundamental, por exemplo, para definir metas e traçar estratégias
necessárias para atingi-las.
Entretanto, mesmo tendo sua relevância e utilidade comprovadas, nenhuma
informação por si só é completa. O resultado de ponto de equilíbrio também não
está imune a essa deficiência. É preciso analisar um conjunto de informações para

115
que a gestão das entidades tenha um direcionamento adequado.

Figura 7: Analisando a margem de segurança da empresa

Fonte: https://br.freepik.com/

A margem de segurança de uma entidade é o quanto o volume de vendas está


acima do Ponto de Equilíbrio.

Figura 8: Discussão do direcionamento organizacional

Fonte: https://br.freepik.com

116
O ORÇAMENTO
EMPRESARIAL E
INFORMAÇÃO CONTÁBIL

AULA 16
117
O contexto do orçamento empresarial

Pode-se dizer que o orçamento empresarial se constitui como uma das fer-
ramentas de apoio a gestão das organizações. E tal ferramenta tem sua origem
pautada à busca pela eficiência na utilização dos recursos que estão disponíveis
para a organização, bem como na previsão e também no controle do crescimento
de suas operações (fabris, comerciais e etc.).
Diante disso, temos também a informação contábil que é um elemento de
importante valor para a elaboração do orçamento empresarial, pois ela servirá
de sustentação para o desenvolvimento das previsões, dos cenários e dos com-
portamentos do patrimônio da organização, além disso, por meio da tabulação
de tais informações será possível compreender com maior amplitude como está
o desempenho da organização, seja no aspecto financeiro-econômico como tam-
bém no aspecto operacional.
Ainda pode-se dizer que por meio de tais informações é desenvolvido o acom-
panhamento de várias ações organizacionais que são resultantes dos planos or-
çamentários que foram elaborados pela organização, demonstrando assim a efi-
ciência, por área, com o propósito de se atingir os objetivos ora propostos.

Isto acontece
na prática

O orçamento empresarial é um instrumento muito valioso para as orga-


nizações, visto sua amplitude e eficiência, geralmente as empresas criam
grupos de trabalho (comitês) para construir e executar o orçamento. Esse
comitê é formado por representantes de todas as áreas da empresa.

118
Figura 9: O equilíbrio do orçamento empresarial

Fonte: https://br.freepik.com/

Vamos ver, na sequência, mais alguns detalhes a respeito do orçamento em-


presarial e sua amplitude dentro de uma organização.

Aspectos do orçamento empresarial


As organizações utilizam-se de uma série de ferramentas para sua gestão e
dentre elas há o planejamento estratégico, tático e o operacional, comumente
eles são visualizados de forma conjugada.
Vamos iniciar pelo planejamento estratégico, de forma rápida e concisa, po-
de-se dizer que ele é a composição do plano no qual são estabelecidos todo os
princípios da organização, bem como seus respectivos princípios, isso sempre em
consonância com seus valores e visão.
Na sequência temos o planejamento tático, pode-se dizer que esse é uma espé-
cie de orçamento empresarial, o qual contém todos os principais direcionamentos
para um dado lapso temporal, seja ele médio, curto ou longo prazo.
No momento em que o orçamento empresarial é desenvolvido em uma empre-
sa que já possui um plano estratégico, nesse momento deverá existir a conjugação
de duas ferramentas, de modo que o plano estratégico se constituía como o dire-
cionar de todas as diretrizes, assim como os objetivos e as metas orçamentárias
para toda a empresa.
Dessa forma, o processo de análise da execução do orçamento vai colaborar
também para a verificação da execução do plano estratégico.

119
E agora temos a terceira parte, que é o planejamento operacional, esse em
uma escala de hierarquia por meio de uma pirâmide, pode-se dizer que ele está
na base da pirâmide mais próximo da execução das atividades organizacionais.
Nesse planejamento são estabelecidas todas as ações de curto prazo, assim como
os recursos que são necessários para isso, os prazos e as condições para sua
execução. Pode ser representado por instrumentos como planos de fabricação,
programações de compras, cronogramas de projetos etc. Os planos operacionais
são elaborados e executados à luz das definições do orçamento empresarial.
Todos os planos (estratégico, táticos e operacionais) estão vinculados ao orça-
mento empresarial e, juntos, alimentam o sistema de informações da organização,
que é o principal veículo de medição e comunicação dos resultados alcançados.
Agora tratando sobre as funções de um orçamento empresarial podem ser
resumidas pelas ações existentes no ciclo PDCA (sigla em inglês dos verbos plan,
do, check, act – planejar, executar, verificar e ajustar).
A função planejar contempla diretrizes e objetivos impostos à organização,
bem como as ações a serem realizadas e os recursos necessários para sua execu-
ção. Nessa fase, os gestores são incentivados a pensar no futuro, balizados pelo
plano estratégico da organização e as condições ambientais existentes (ambiente
interno e externo).
Na função executar, o orçamento empresarial será um norteador para a reali-
zação de ações que alcancem as metas mensais globais e das áreas. O orçamento
será utilizado como um roteiro de viagem pelos gestores, funcionando como um
meio para dirimir dúvidas e orientar decisões.
Já na função verificar, o sistema de informações da organização vai indicar se
o curso do orçamento empresarial está favorável para que a área e toda a empre-
sa alcancem os objetivos previstos no planejamento. O sistema de informações
precisa expressar as informações no mesmo formato do orçamento, facilitando
a leitura e a avaliação pelos gestores da organização.
Finalmente, na função ajustar, a organização atuará sobre os desvios de com-
portamento detectados, de modo que os resultados projetados para a empresa
sejam alcançados. E, ainda, que situações desconhecidas ou não abordadas na
fase do planejamento sejam contornadas.

120
A organização e o processo de elaboração do orçamento

A ação de planejar exige a execução de um conjunto de atividades que resul-


tam na construção do orçamento empresarial. Esse conjunto de atividades são
denominados processo orçamentário.
O processo orçamentário reúne e estabelece uma sequência para a realização
das atividades, sobretudo respeitando as inter-relações das áreas, temas afins e o
prazo adequado para que o plano possa ser elaborado, aprovado e comunicado
para toda a empresa antes do início do período em que deve ser executado.
Cada etapa é realizada de maneira coordenada entre todos os envolvidos no
processo orçamentário e reúne ações que devem ser monitoradas até a apro-
vação da versão final do orçamento. A ausência de maestria para coordenar e
liderar essas ações pode atrapalhar o processo, desperdiçando tempo e criando
descrédito entre os participantes.
Por isso, para o sucesso desse processo é fundamental que se estabeleça um
grupo de trabalho e um coordenador.
Figura 10: Olhar atento a todas as variáveis do orçamento

Fonte: https://br.freepik.com
Sendo assim, é necessária atenção em todos os detalhes no momento da pre-
paração do orçamento empresarial, e isso requer que todos os processos orça-
mentários, desde a elaboração, as implantações até a utilização do mesmo sejam
totalmente eficazes, ou seja, atinjam a meta que é controle do resultado e dos
gastos, mas para que isso aconteça é totalmente necessário o apoio e a colabo-
ração de todos da empresa, desde aquele colaborador do nível operacional, até
o presidente da companhia e muitas vezes esse apoio/colaboração é obtido por

121
meio da conscientização de todos sobre a importância do orçamento.
Em suma, pode-se dizer que um orçamento empresarial é desenvolvido entre
dois ou então três meses antes de se iniciar realmente o período em que esse
deverá ser executado.
E além disso, a sua elaboração muitas vezes é baseada em dados históricos
da contabilidade, ou seja, de exercícios anteriores, salvo em casos em que a com-
panhia adota o Orçamento Base Zero que é iniciar o processo orçamentário do
zero, excluindo para essa elaboração todas as bases de dados.

CONCLUSÃO
Caro aluno, nesta unidade 4 você teve a oportunidade de desenvolver um
maior contato com algumas ferramentas muito utilizadas na gestão de organiza-
ções, além disso foi lhe apresentado a relação dessas técnicas com uma série de
exemplificações para facilitar sua absorção e visualização.
Logo no início, no tópico 1 começamos com uma análise geral a respeito dos
custos e despesas das organizações, assim como sua respectiva gestão, já na
sequência (tópico 2) tratamos com maior profundidade sobre o gerenciamento
dos custos e como isso afetar a eficiência organizacional. No tópico 3 vimos sobre
o grau de alavancagem, ponto de equilíbrio e margem de segurança, bem como
sua relação com a eficiência da organização. E para fecharmos foi discutido sobre
o orçamento empresarial, bem como apresentado seu conceito, aplicabilidade e
finalidade.
Enfim, nesta unidade tivemos a oportunidade de descobrir novos conceitos,
ferramentas e sua usabilidade prática nas empresas, seja ela do ramo comercial,
industrial ou serviço, de pequeno porte, médio ou grande.

122
REFERÊNCIAS
BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. Gestão de Custos e Formação de Preços. 6. ed. São Paulo:
Atlas, 2016.

CREPALDI, S. A. Curso básico de contabilidade de custos. 5. ed. São Paulo: Atlas,


2010.

FREZATTI, F. Orçamento Empresarial: planejamento e controle gerencial. 4. ed.


São Paulo: Atlas, 2007.

MARION, J. C.; RIBEIRO, O. M. Introdução à Contabilidade Gerencial. São Paulo:


Saraiva, 2014.

MARTINS, E. Contabilidade de custos. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2017.

PADOVEZE, C. L. Contabilidade Gerencial: um enfoque em sistema de informação


contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

SOUZA, A.; CLEMENTE, A. Gestão de Custos: aplicações operacionais e estratégi-


cas. São Paulo: Atlas, 2012.

WELSCH, G. A. Orçamento Empresarial. São Paulo: Atlas, 2009.

123

Você também pode gostar