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DISPOSITIVOS

Sistema Automatizado de
COMUTAÇÃO DE GASES E
CONTROLE DO FLUXO DE MASSA
Aplicação em Fornos Térmicos
Sebastião G. dos Santos Filho
Professor Associado do Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos – LSI/PSI/EPUSP
Escola Politécnica da USP

semos, podem ser interconectados


entre si de forma a implementar cir-
O controle do fluxo e da comutação de gases bem como de
cuitos completos. Nesta tabela, po-
vapores, encontra aplicação direta em salas limpas para fabrica- demos destacar que o cilindro de
ção de circuitos integrados, em hospitais, para controle do fluxo ação simples possui um êmbolo li-
de anestesia, em fornos de sinterização de materiais, para meta- gado a uma mola. Quando o ar com-
primido é introduzido no comparti-
lurgia, dentre outras possíveis. Neste artigo apresentaremos um mento sem a mola, o êmbolo se mo-
sistema para comutação e controle do fluxo de massa para ga- vimenta e atua empurrando uma
ses de entrada num forno térmico destinado a sinterização, oxi- vareta para fora do cilindro. Mais tar-
de, a mola movimenta o êmbolo em
dação e nitretação de materiais. O sistema automatizado aqui direção contrária quando existir au-
apresentado para o controle de fluxo e seqüenciamento de diver- sência de pressão no compartimen-
sos gases num forno é um exemplo de projeto mecatrônico que to sem mola. Já no cilindro de ação
dupla, o êmbolo pode ser movimen-
utiliza atuadores mecânicos, elétricos e controle via
tado para a esquerda ou para a direi-
microcomputador.

Na construção de um sistema válvulas, cilindros simples ou duplos,


automatizado de comutação e con- filtros, etc. Os circuitos que compõem
trole do fluxo de gases, são normal- os painéis de gases incluem válvulas
mente empregados três tipos de dis- “agulha”, rotâmetros, controladores de
positivos básicos que são os pneu- fluxo de massa (mass flow controllers),
máticos, os para gases e os eletrô- tubulações rígidas ou flexíveis (poliflo),
nicos. Uma associação de dispositi- reguladores, filtros, válvulas, etc. Fi-
vos pneumáticos interligados por tu- nalmente, os dispositivos eletrônicos
bos e alimentados por ar comprimi- (transistores, resistores, etc.) permi-
do resulta num circuito puramente tem implementar circuitos de interface
pneumático. Já a associação de dis- com microcomputadores de modo a
positivos para gases resulta em se conseguir fazer a programação dos
painéis de gases assim como a as- fluxos e da seqüência de gases que
sociação de dispositivos eletrônicos serão inseridos, por exemplo, num
resulta em circuitos eletrônicos. Um dado forno térmico.
sistema automatizado de comutação
e controle do fluxo de gases nada CIRCUITOS PNEUMÁTICOS
mais é do que um circuito híbrido PARA GASES
contendo os três tipos de disposi-
tivos mencionados. Os circuitos A tabela 1 mostra os símbolos
Tabela 1 - Símbolos representativos dos
pneumáticos incluem fonte de ar com- dos dispositivos pneumáticos mais dispositivos pneumáticos mais comuns.
primido, mangueiras ou tubulações, comuns os quais, conforme já dis-

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ta dependendo do compartimento Para analisar os dispositivos dos


onde é inserido o ar comprimido e o painéis de gases, considere a tabela
mesmo também atua sobre uma 3 onde temos representada a
vareta. Por outro lado, a válvula é um simbologia típica de todos aqueles
dispositivo básico que permite ou não que são mais comumente emprega-
a passagem de ar comprimido quan- dos. Estes dispositivos destinam-se
do acionada. Na tabela 1 é mostrado a não apenas controlar o fluxo mas
o símbolo de uma válvula com cami- também seqüenciar os gases dese-
nho entre os pontos 1 e 2 habilitado jados por uma dada linha de saída
tendo o acesso 3 fechado. Os tipos conectada, por exemplo, num forno
possíveis de acionamento de uma Figura 1 - Válvula pneumática normalmente térmico. A figura 3(a) mostra um cir-
fechada acionada eletricamente por tensão
válvula para ar comprimido estão aplicada a uma solenóide. A caixa do lado cuito híbrido onde uma válvula
mostrados na tabela 2. Observe que esquerdo representa o acionamento por solenóide para ar comprimido é em-
a posição da seta entre os terminais solenóide e a caixa do lado direito representa a pregada em conjunto com uma vál-
posição de repouso assegurada por uma mola.
1 e 2 corresponde ao caminho ativa- vula para gás (normalmente fecha-
do pela fonte de acionamento da) de forma a permitir o acionamento
(solenóide, botão, alavanca, pedal, elétrico da passagem do mesmo, isto
batente, rolete ou mola) enquanto que é, a válvula solenóide controla a pas-
o acesso 3 representado na figura fica sagem de ar comprimido o qual, por
fechado após o acionamento. sua vez, ativa a válvula de gás. Veja
A “caixa” indicada no lado esquer- que quando a energizamos a
do da figura 1 representa uma válvu- solenóide, o caminho entre A e P é
la cujo caminho entre os pontos P e habilitado. Em seguida, o êmbolo do
A foi acionado através de uma ten- cilindro de ação simples movimenta

Figura 2 - Válvula solenóide MUFH-3-PK-3


fabricada pela FESTO cujo símbolo foi
apresentado na figura 1.

são aplicada a um solenóide ficando


a via B fechada. Numa etapa seguin-
te representada pela “caixa” dese-
nhada do lado direito, com a ausên-
cia de tensão aplicada na sole-
nóide, o caminho entre os pontos
A e B é acionado por uma mola fi-
cando desta vez a via P fechada.
A figura 2 mostra um exemplo co-
mercial cujo símbolo já foi apresen-
tado na figura 1. Trata-se da válvu-
la solenóide MUFH-3-PK-3 fabri-
cada pela FESTO. Observe que a
energização do solenóide é feita
Tabela 2 - Válvulas pneumáticas onde são Tabela 3 - Componentes típicos empregados
indicados os tipos mais comuns de acionamento. com 220 V eficazes da rede atra- em painéis de gases.
vés de uma chave S1 .

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pneumáticos como os cilindros de


ação simples e dupla associados a
válvulas solenóides para ar compri-
mido. O acionamento pode também
ser via manual, motor e eletromag-
nética. Neste último caso, o campo
eletromagnético da solenóide movi-
menta uma vareta que abre uma vál-
vula que estava normalmente fecha-
da. A mola tem a função de deixar a
válvula normalmente fechada na au-
sência de campo.
Por outro lado, o controlador de
fluxo de massa (MFC: Mass Flow
Controller) é um outro dispositivo para
gás que permite um controle extre-
mamente preciso do fluxo de gás em
uma dada linha. A figura 4 mostra um
diagrama completo de um controlador
Figura 3 - Circuito híbrido para acionamento de uma válvula para gás entre os pontos C e D: de fluxo de massa. O fluxo de gás
(a) Representação esquemática completa; (b) Representação também completa mas com
símbolo mais simples para a válvula solenóide; (c) Representação simplificada de uma válvula que passa entre os pontos A e B é
para gás acionada por válvula solenóide pneumática. controlado para ficar estável num
valor específico pré-programado. Con-
forme indicado na figura 4, o MFC é
uma vareta que abre a válvula e libe- sendo que o cilindro ficou imbutido
composto de um bloco I onde se
ra a passagem de gás entre os pon- na válvula de gás. Na última seção
mede o fluxo de massa e um bloco II
tos C e D. Este tipo de associação é deste artigo, voce terá a oportunida-
que controla o fluxo de massa de
comum em painéis de gases os quais de de ver um circuito eletrônico sim-
forma a se igualar com um valor de
podem ser controlados de forma re- ples de interface para microcom-
referência (set point).
mota através de chaves discretas putador para acionamento remoto de
Considerando inicialmente o blo-
que ativam tensões elétricas ou ain- um painel de gases.
co I onde se mede o fluxo de massa,
da através de circuitos de interface Convém também destacar no
normalmente fabrica-se o tubo por
conectados a um microcomputador caso da válvula para gás da tabela 3
onde passa o gás em aço inoxidável
no qual exista um software de con- que o acionamento pode ser feito,
internamente eletropolido a fim de ga-
trole. A figura 3(b) mostra uma repre- além daquele mostrado na figura 3(b),
rantir alto nível de limpeza e
sentação simplificada da válvula também das diversas maneiras mos-
minimizar reações químicas entre o
solenóide conectada ao cilindro de tradas na tabela 4. Veja que, no
gás e o referido tubo. Observe você
ação simples e, ainda, a figura 3(c) é acionamento pneumático/elétrico, te-
na figura 4 que existem dois sensores
equivalente ao circuito da figura 3(b) mos presente diversos componentes
de temperatura nos dois extremos do
tubo de aço eletropolido e um
esquentador ao centro. Quando o gás
flui através do tubo, ele carrega calor
de uma extremidade a outra sendo
que quando maior o fluxo, maior a
quantidade que é transportada. Po-
rém, esta quantidade de calor trans-
portada é proporcional a diferença de
temperatura entre os dois sensores
e, portanto, proporcional ao fluxo de
massa. A diferença de temperatura
é medida com a ajuda de uma ponte
de Wheastone onde os sensores são
resistências com um coeficiente de
variação com a temperatura. As re-
sistências associadas aos sensores
1 e 2 nas temperaturas TE e TS, res-
Tabela 4 - Formas de acionamento de uma válvula para controlar a passagem de gás.
pectivamente, podem ser escritas, tam-
bém respectivamente, como segue:

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Figura 4 – Diagrama funcional do controlador de fluxo de massa (MFC).

= ( + α( − )) Considerando agora o bloco II,


verifica-se facilmente que o sinal de
Existe uma gama muito grande de
fabricantes de controladores de flu-
e (1) controle que vai para a entrada da vál- xo de massa (MFC) dentre os quais

( + α( ))
vula eletromagnética tipo proporcional podemos citar MKS, BROOKS e
= − é dado por K(m’- mS’), isto é, o fluxo TYLAN que invariavelmente obede-
de massa medido (m’) é constante- cem o princípio de funcionamento já
onde Ta é a temperatura ambiente e mente comparado com o “set point” descrito e são construídos geralmen-
α é o coeficiente de variação com a (mS’). Quando m’ e mS’ se igualam, o te para operar: (a) numa ampla faixa
temperatura. sinal que vai para a válvula solenóide de pressão de entrada do gás de pro-
Supondo: passa a ser nulo e não há nenhum cesso até 1500 psi, (b) numa larga
α( − ) << acionamento. Desta forma, ficando o flu- faixa de fluxos até 30 slpm (litros por
xo constante no valor de “set point” mS’. minuto), (c) com rápida resposta a
e,

α( − ) <<
podemos dizer que a corrente que
passa nos dois ramos da ponte de
Wheastone são aproximadamente
iguais e dadas por:

≅ ≅ (2)

Dessa forma, a diferença de po-


tencial na saída da ponte (entre os
pontos C e D) que é proporcional ao
fluxo de massa m’ será dada por:

= − =α − Figura 5 – Diagrama esquemático de um painel de gases conectado a um forno térmico


convencional para lâminas de silício.
(3)

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Figura 6 – Diagrama completo do painel de gases para controle do fluxo e comutação dos gases nitrogênio (N2), argônio (Ar), mistura comercial
argônio/hidrogênio (Ar/H2), oxigênio (O2), amônia (NH3), óxido nitroso (N2O) e gás clorídrico (HCl).

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Tabela 5 – Tabela de conversão de pressões (fonte: Manual VAT).

mudança de fluxo de processo (se-


gundos), (d) com partes internas re-
sistentes a gases corrosivos e (e)
opcionalmente com saída padrão
para microcomputador.

CONSTRUÇÃO DE UM PAINEL DE
GASES PARA FORNO TÉRMICO

Os fornos térmicos tem sido em-


pregados em etapas avançadas de
processo visando a fabricação de cir-
cuitos integrados. Estas etapas con- Figura 7 – Conexão VCR “macho” e “fêmea”
sistem em tratamentos térmicos juntamente com o símbolo característico
para circuitos de painéis de gases.
numa dada temperatura durante um
tempo pré-fixado em um ambiente
gasoso de tipo e fluxo pré-escolhido. Os gases inertes (N2, Ar) desti-
A figura 5 mostra um diagrama nam-se a tratamentos de difusão de
esquemático de um painel de gases dopantes no silício, o oxigênio (O2)
conectado a um forno térmico no qual permite fazer oxidações, a mistura
foi inserido lâminas de silício. padrão Ar/H2 (90% Ar + 10 % H2) per-
Opcionalmente, fornos de processa- mite fazer tratamentos de sin-
mento térmico rápido poderiam ser terização entre camadas de metal e
alimentados pelo mesmo painel de entre metal e silício, os gases a base
gases da figura 5 onde uma única de nitrogênio (NH3 ou N2O) permitem
lâmina por vez é carregada horizon- fazer a nitretação da superfície das
talmente no tubo de quartzo e a re- lâminas de silício e finalmente o gás Figura 8 – Representação da construção física
sistência enrolada junto ao tubo é clorídrico inserido conjuntamente do controlador de fluxo de massa 2159B e a
correspondente pinagem do conector de 15
substituída por bancos de lâmpadas com o oxigênio destina-se enrique- pinos para controle remoto do fluxo de massa.
halógenas. cer a taxa de oxidação do silício. O

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leitor interessado em entender o en- em nitrogênio que é ativado após o Observe você na figura 6 que para
cadeamento das etapas de proces- uso para evitar a corrosão das linhas habilitar o nitrogênio na saída do cir-
so para fabricação de circuitos inte- de gases. Observe que o diagrama cuito, basta acionar as válvulas
grados deve, por exemplo, se repor- da figura 6 até que é relativamente solenóide SA1 e SS1 (por hipótese a
tar ao Apêndice A do livro simples e mesmo assim apresenta válvula manual M1 deve estar acio-
Microeletrônica (tradução) de A. uma formação tipo árvore com um nada e o “set point” do controlador de
Sedra (veja nas referências bibliográ- número relativamente grande de com- fluxo de massa MF1 deve estar pre-
ficas deste artigo). ponentes. Historicamente os siste- viamente ajustado). Por outro lado,
Também é importante destacar na mas controladores de fluxo de gases para acionar a amônia na seqüência,
figura 5 que todos os gases de en- eram chamados de selvas porque devemos desativar as solenóides
trada no painel de gases estão estes sistemas eram construídos em SA 1 e SS1 e em seguida ativar as
pressurizados numa dada pressão de salas apropriadas e tinham o aspec- solenóides SC1, SA5 e SS1. Finalmen-
entrada (tipicamente 50 psi) enquan- to de selvas de tubos e vávulas. te, para terminar o processo de
to que a saída do forno térmico en- A lógica de controle do sistema nitretação, as chaves SC1, SA5 e SS1
contra-se na pressão ambiente de 1 de gases da figura 6 é tal que qual- são desativadas e as solenóides SA1
atmosfera (1 atm ou 760 Torr). A ta- quer tratamento térmico deve ser e SS1 são novamente ativadas. Note
bela 5 é muito útil pois permite fazer sempre iniciado em gás inerte (N2 ou neste exemplo que começamos e
a conversão de pressão para qual- Ar) e na seqüência podem vir O2, Ar/ terminamos em gás inerte. O proces-
quer unidade conhecida. H2, NH3 ou N2O. O HCl, em particu- so de “purga” da linha de amônia é
A figura 6 apresenta um esque- lar, é empregado com fluxo de até feito após as lâminas de silício te-
ma completo do painel de gases pro- 600 sccm (centímetros cúbicos por rem sido retiradas do forno. Neste
jetado que pode ser controlado via minuto) em conjunto com O2 num flu- caso, as solenóides SA1 e SS1 são
microcomputador através de um xo substancialmente mais alto (até desabilitadas e as solenóides SP1,
acionamento adequado das válvulas 6 litros/minuto). Após a etapa no gás SA5 e SS1 são habilitadas. Com isso,
solenóides (SC1, SC2, SC3, SP1, SP2, de processo desejado, seja ele cor- asseguramos a durabilidade do
SP3, SA1, SA2, SA3, SA4, SA5, SA6, rosivo ou não, o tratamento térmico controlador de fluxo de massa e dos
SA7, SS1 e SS2). Para cada gás de deve terminar em ambiente inerte tubos de gás. Este processo de “pur-
entrada numa pressão típica de en- quando então as lâminas de silício ga” é particularmente importante para
trada de 50 psi, existe um filtro de são retiradas vagarosamente do for- o caso do gás clorídrico que é o mais
entrada (para eliminar contaminação no ainda aquecido na temperatura corrosivo dos três gases que tem cir-
por particulado) em série com uma de processo. Todos os fluxos dos cuito de purga na figura 6.
válvula manual. Antes da operação gases são previamente programa- O projeto mostrado na figura 6
do painel, estas válvulas manuais de dos nos controladores de fluxo de pode ser implementado com várias
entrada devem ser abertas. Observe massa através da tensão de “set bitolas de tubo. A bitola aqui escolhi-
que os gases corrosivos (NH3, N2O e point” na faixa de 0 a 6 litros por da foi a de ¼ de polegada que é a
HCl) possuem um circuito de purga minuto (slpm). mais comum para a faixa de fluxos
de gás empregados para fornos tér-
micos. Além disso, a escolha das
conexões entre as tubulações e os
dispositivos tem importância funda-
mental. As conexões do tipo VCR
apresentadas na figura 7 são aque-
las que asseguram o melhor grau de
limpeza do painel de gases. Todos os
gases utilizados em etapas de pro-
cesso para microeletrônica são
ultrapuros e, portanto, não devem
sofrer contaminações ao passar do
painel para a entrada do forno. A
vedação da conexão VCR é assegu-
rada quando uma anilha (gasket) é
esmagada após forçar o rosquea-
mento entre os terminações “ma-
cho” e a “fêmea” apresentadas na
Figura 9 – Circuito para acionamento individual das solenóides das válvulas SC1, SC2, SC3, figura 7.
SP1, SP2, SP3, SA1, SA2, SA3, SA4, SA5, SA6, SA7, SS1 e SS2 indicadas na figura 6. Veja que
este circuito deve ser replicado 15 vezes e os sinais de acionamento podem ser provenientes,
Veja na figura 6 que estão repre-
por exemplo, da porta paralela de um PC. sentadas todas as conexões VCR. É
importante destacar que diversas co-

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Figura 10 – Diagrama esquemático completo do “hardware” necessário para controle automático do painel de gases. Cada estágio 247C permite
efetuar a leitura e a geração de set point para até 4 controladores de fluxo de massa.

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nexões padrões podem ser adquiri- - 14 uniões fêmeas duplas (SS-4- Por outro lado, o controle auto-
das no mercado com “tees”, “cruzes”, WVCR-6-DF, Double Female union); matizado dos controladores de fluxo de
“Ls”, etc. Além disso, é possível es- - 25 terminações macho (SS-4- massa MFC 1, MFC 2, MFC3 , MFC4,
pecificar soldagens de terminações VCR-3-4MTW, VCR Male weld gland); MFC5, MFC6 e MFC7 é feito conforme
“macho” ou “fêmea” nas extremida- - 50 metros de tubos eletropolidos ilustrado na figura 10. O bloco 247C
des de tubos internamente eletro- de um quarto de polegada. comercializado pela MKS é um estágio
polidos. As soldagens de terminações Os controladores de fluxo de mas- de leitura/gerador de “set-point” de qua-
em tubos eletropolidos é feita atra- sa modelo 2159B da MKS apresen- tro canais para fixar o fluxo de massa
vés de sistema de descarga a arco tam-se em série com uma válvula de em cada controlador MFC. Note que
especialmente projetado para este gás normalmente fechada, acionável como temos um total de 7 MFCs, são
fim (Veja, por exemplo, o sistema via solenóide, com conector de 15 necessários 2 estágios 247C inter-
CWS-100 DR no portal apresenta- pinos para entrada de alimentação conectados entre si (configuração mes-
do na referência 5). Também, para ±15V, tensão de set-point na faixa de tre/escravo). O bloco 232 de interface,
ver outros tipos de conexões além 0 a 5 VDC, terra, sinal de fluxo de também comercializado pela MKS, per-
daquelas apresentadas na figura 6, saída, pontos de teste e pontos não mite enviar os sinais de controle para os
navegue no portal apresentado na conectados conforme indicado na estágios 247C através da saída RS232
referência 5. figura 8. do PC. A documentação do bloco 232
A lista de material necessário da MKS já fornece o código fonte de
para construir o painel de gases apre- INTERFACE COM programação para controle do fluxo dos
sentado na figura 6 é a seguinte: MICROCOMPUTADOR PC MFCs. Este código fonte pode ser
extendido para permitir o controle inte-
a) Circuito pneumático Vamos agora apresentar os circui- grado dos MFCs juntamente com as
tos de interface para controle solenóides. Veja mais informações na
- 15 válvulas solenóides MUFH- automatizado do painel de gases uti- referência 3.
3-FK-3 – FESTO; lizando um microcomputador PC. A
- 20 metros de mangueira de figura 9 mostra um circuito para AGRADECIMENTOS
interconexão entre válvula solenóide acionamento individual de cada
e válvula para gás. solenóide apresentada na figura 6. À FAPESP por ter financiado o pro-
Observe que o circuito utiliza um jeto e construção do painel de gases
b) Circuito para gases TRIAC TIC 206D (Texas) que quan- apresentado neste artigo. Aos técnicos
do acionado energiza a solenóide da Renato Franzin, Nelson Ordonez, Alex
- 2 Controladores de fluxo de mas- válvula MUFH-3-FK-3. O aciona- Markevicius e Alexandre Camponucci
sa 2159B-10000RV-S (SPCAL = mento do TRIAC é feito através do pelas discussões e construção do pai-
5VDC para 6000 sccm de N2O ou O2) fotoTRIAC MOC3020 (Texas) que nel de gases. Ao Bacharel em Física
da MKS; permite isolar a rede de alta tensão José C. de Souza Filho pelo projeto ini-
- 1 Controlador de fluxo de mas- (220 Vef) do circuito TTL (5 volts) do cial do software de controle automático.l
sa 2159B-10000RK-S (SPCAL = estágio de entrada formado pelo tran-
5VDC para 600 sccm de HCl) da sistor BC548 e o diodo emissor de REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MKS; luz.
- 1 Controlador de fluxo de mas- O sinal de comando para o circui- 1. Dispositivos pneumáticos:
sa 2159B-10000RK-S (SPCAL = to da figura 9 pode vir, por exemplo, http://www.festo.com
5VDC para 2000 sccm de NH3) da da saída paralela de um microcom- 2. Dispositivos pneumáticos:
MKS; putador PC. Através do emprego de http://www.festo.com.br
- 2 Controladores de fluxo de mas- linguagens de programação do tipo 3. Dispositivos para gases: http:/
sa 2159B-10000RV-S (SPCAL = QBASIC, C++, DELPHI, etc.; é pos- /www.mksinst.com
5VDC para 6000 sccm de N2, Ar ou sível controlar os sinais da saída 4. Dispositivos para gases: http:/
Ar/H2) da MKS; paralela de forma a promover a se- /frco.com/brooks/products/
- 1 Controlador de fluxo de mas- qüência de acionamentos das products.html
sa 2159B-00100SV (SPCAL = 5VDC solenóides válvulas SC1, SC2, SC3, 5. Conexões para linhas de gases:
para 100 sccm de HCl) da MKS; SP1, SP2, SP3, SA1, SA2, SA3, SA4, h t t p : / / w w w. s w a g e l o k . c o m / e n /
- 8 válvulas Nupro normalmente fe- SA5, SA6, SA7, SS1 e SS2. Não va- Ecatalog/ecmainframes.asp
chadas acionadas por ar comprimido; mos neste artigo detalhar como se 6. Conexões para linhas de gases:
- 8 válvulas manuais; faz o programa (software) de contro- http://www.bayvalve.com/pages/
- 8 filtros de de entrada para gás; le da saída paralela do micro- products.htm
- 11 Tees (316L-4-ATW-3-4TB7-4A, computador PC porque isto é algo já Sedra, A.S. and Smith, K.C.
tube weld manifold tee); amplamente divulgado (Veja, por Microeletrônica. Makron Books, 2000,
- 5 “Ls” (316L-4-ATW-9, Tube exemplo, o artigo: “Os segredos da ISBN 85-346-1044-4 (tradução da 4a.
weld elbow); porta paralela”, na página 32). edição em inglês).

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