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Sistema Automatizado de
COMUTAÇÃO DE GASES E
CONTROLE DO FLUXO DE MASSA
Aplicação em Fornos Térmicos
Sebastião G. dos Santos Filho
Professor Associado do Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos – LSI/PSI/EPUSP
Escola Politécnica da USP
( + α( ))
vula eletromagnética tipo proporcional podemos citar MKS, BROOKS e
= − é dado por K(m’- mS’), isto é, o fluxo TYLAN que invariavelmente obede-
de massa medido (m’) é constante- cem o princípio de funcionamento já
onde Ta é a temperatura ambiente e mente comparado com o “set point” descrito e são construídos geralmen-
α é o coeficiente de variação com a (mS’). Quando m’ e mS’ se igualam, o te para operar: (a) numa ampla faixa
temperatura. sinal que vai para a válvula solenóide de pressão de entrada do gás de pro-
Supondo: passa a ser nulo e não há nenhum cesso até 1500 psi, (b) numa larga
α( − ) << acionamento. Desta forma, ficando o flu- faixa de fluxos até 30 slpm (litros por
xo constante no valor de “set point” mS’. minuto), (c) com rápida resposta a
e,
α( − ) <<
podemos dizer que a corrente que
passa nos dois ramos da ponte de
Wheastone são aproximadamente
iguais e dadas por:
≅ ≅ (2)
Figura 6 – Diagrama completo do painel de gases para controle do fluxo e comutação dos gases nitrogênio (N2), argônio (Ar), mistura comercial
argônio/hidrogênio (Ar/H2), oxigênio (O2), amônia (NH3), óxido nitroso (N2O) e gás clorídrico (HCl).
CONSTRUÇÃO DE UM PAINEL DE
GASES PARA FORNO TÉRMICO
leitor interessado em entender o en- em nitrogênio que é ativado após o Observe você na figura 6 que para
cadeamento das etapas de proces- uso para evitar a corrosão das linhas habilitar o nitrogênio na saída do cir-
so para fabricação de circuitos inte- de gases. Observe que o diagrama cuito, basta acionar as válvulas
grados deve, por exemplo, se repor- da figura 6 até que é relativamente solenóide SA1 e SS1 (por hipótese a
tar ao Apêndice A do livro simples e mesmo assim apresenta válvula manual M1 deve estar acio-
Microeletrônica (tradução) de A. uma formação tipo árvore com um nada e o “set point” do controlador de
Sedra (veja nas referências bibliográ- número relativamente grande de com- fluxo de massa MF1 deve estar pre-
ficas deste artigo). ponentes. Historicamente os siste- viamente ajustado). Por outro lado,
Também é importante destacar na mas controladores de fluxo de gases para acionar a amônia na seqüência,
figura 5 que todos os gases de en- eram chamados de selvas porque devemos desativar as solenóides
trada no painel de gases estão estes sistemas eram construídos em SA 1 e SS1 e em seguida ativar as
pressurizados numa dada pressão de salas apropriadas e tinham o aspec- solenóides SC1, SA5 e SS1. Finalmen-
entrada (tipicamente 50 psi) enquan- to de selvas de tubos e vávulas. te, para terminar o processo de
to que a saída do forno térmico en- A lógica de controle do sistema nitretação, as chaves SC1, SA5 e SS1
contra-se na pressão ambiente de 1 de gases da figura 6 é tal que qual- são desativadas e as solenóides SA1
atmosfera (1 atm ou 760 Torr). A ta- quer tratamento térmico deve ser e SS1 são novamente ativadas. Note
bela 5 é muito útil pois permite fazer sempre iniciado em gás inerte (N2 ou neste exemplo que começamos e
a conversão de pressão para qual- Ar) e na seqüência podem vir O2, Ar/ terminamos em gás inerte. O proces-
quer unidade conhecida. H2, NH3 ou N2O. O HCl, em particu- so de “purga” da linha de amônia é
A figura 6 apresenta um esque- lar, é empregado com fluxo de até feito após as lâminas de silício te-
ma completo do painel de gases pro- 600 sccm (centímetros cúbicos por rem sido retiradas do forno. Neste
jetado que pode ser controlado via minuto) em conjunto com O2 num flu- caso, as solenóides SA1 e SS1 são
microcomputador através de um xo substancialmente mais alto (até desabilitadas e as solenóides SP1,
acionamento adequado das válvulas 6 litros/minuto). Após a etapa no gás SA5 e SS1 são habilitadas. Com isso,
solenóides (SC1, SC2, SC3, SP1, SP2, de processo desejado, seja ele cor- asseguramos a durabilidade do
SP3, SA1, SA2, SA3, SA4, SA5, SA6, rosivo ou não, o tratamento térmico controlador de fluxo de massa e dos
SA7, SS1 e SS2). Para cada gás de deve terminar em ambiente inerte tubos de gás. Este processo de “pur-
entrada numa pressão típica de en- quando então as lâminas de silício ga” é particularmente importante para
trada de 50 psi, existe um filtro de são retiradas vagarosamente do for- o caso do gás clorídrico que é o mais
entrada (para eliminar contaminação no ainda aquecido na temperatura corrosivo dos três gases que tem cir-
por particulado) em série com uma de processo. Todos os fluxos dos cuito de purga na figura 6.
válvula manual. Antes da operação gases são previamente programa- O projeto mostrado na figura 6
do painel, estas válvulas manuais de dos nos controladores de fluxo de pode ser implementado com várias
entrada devem ser abertas. Observe massa através da tensão de “set bitolas de tubo. A bitola aqui escolhi-
que os gases corrosivos (NH3, N2O e point” na faixa de 0 a 6 litros por da foi a de ¼ de polegada que é a
HCl) possuem um circuito de purga minuto (slpm). mais comum para a faixa de fluxos
de gás empregados para fornos tér-
micos. Além disso, a escolha das
conexões entre as tubulações e os
dispositivos tem importância funda-
mental. As conexões do tipo VCR
apresentadas na figura 7 são aque-
las que asseguram o melhor grau de
limpeza do painel de gases. Todos os
gases utilizados em etapas de pro-
cesso para microeletrônica são
ultrapuros e, portanto, não devem
sofrer contaminações ao passar do
painel para a entrada do forno. A
vedação da conexão VCR é assegu-
rada quando uma anilha (gasket) é
esmagada após forçar o rosquea-
mento entre os terminações “ma-
cho” e a “fêmea” apresentadas na
Figura 9 – Circuito para acionamento individual das solenóides das válvulas SC1, SC2, SC3, figura 7.
SP1, SP2, SP3, SA1, SA2, SA3, SA4, SA5, SA6, SA7, SS1 e SS2 indicadas na figura 6. Veja que
este circuito deve ser replicado 15 vezes e os sinais de acionamento podem ser provenientes,
Veja na figura 6 que estão repre-
por exemplo, da porta paralela de um PC. sentadas todas as conexões VCR. É
importante destacar que diversas co-
Figura 10 – Diagrama esquemático completo do “hardware” necessário para controle automático do painel de gases. Cada estágio 247C permite
efetuar a leitura e a geração de set point para até 4 controladores de fluxo de massa.
nexões padrões podem ser adquiri- - 14 uniões fêmeas duplas (SS-4- Por outro lado, o controle auto-
das no mercado com “tees”, “cruzes”, WVCR-6-DF, Double Female union); matizado dos controladores de fluxo de
“Ls”, etc. Além disso, é possível es- - 25 terminações macho (SS-4- massa MFC 1, MFC 2, MFC3 , MFC4,
pecificar soldagens de terminações VCR-3-4MTW, VCR Male weld gland); MFC5, MFC6 e MFC7 é feito conforme
“macho” ou “fêmea” nas extremida- - 50 metros de tubos eletropolidos ilustrado na figura 10. O bloco 247C
des de tubos internamente eletro- de um quarto de polegada. comercializado pela MKS é um estágio
polidos. As soldagens de terminações Os controladores de fluxo de mas- de leitura/gerador de “set-point” de qua-
em tubos eletropolidos é feita atra- sa modelo 2159B da MKS apresen- tro canais para fixar o fluxo de massa
vés de sistema de descarga a arco tam-se em série com uma válvula de em cada controlador MFC. Note que
especialmente projetado para este gás normalmente fechada, acionável como temos um total de 7 MFCs, são
fim (Veja, por exemplo, o sistema via solenóide, com conector de 15 necessários 2 estágios 247C inter-
CWS-100 DR no portal apresenta- pinos para entrada de alimentação conectados entre si (configuração mes-
do na referência 5). Também, para ±15V, tensão de set-point na faixa de tre/escravo). O bloco 232 de interface,
ver outros tipos de conexões além 0 a 5 VDC, terra, sinal de fluxo de também comercializado pela MKS, per-
daquelas apresentadas na figura 6, saída, pontos de teste e pontos não mite enviar os sinais de controle para os
navegue no portal apresentado na conectados conforme indicado na estágios 247C através da saída RS232
referência 5. figura 8. do PC. A documentação do bloco 232
A lista de material necessário da MKS já fornece o código fonte de
para construir o painel de gases apre- INTERFACE COM programação para controle do fluxo dos
sentado na figura 6 é a seguinte: MICROCOMPUTADOR PC MFCs. Este código fonte pode ser
extendido para permitir o controle inte-
a) Circuito pneumático Vamos agora apresentar os circui- grado dos MFCs juntamente com as
tos de interface para controle solenóides. Veja mais informações na
- 15 válvulas solenóides MUFH- automatizado do painel de gases uti- referência 3.
3-FK-3 – FESTO; lizando um microcomputador PC. A
- 20 metros de mangueira de figura 9 mostra um circuito para AGRADECIMENTOS
interconexão entre válvula solenóide acionamento individual de cada
e válvula para gás. solenóide apresentada na figura 6. À FAPESP por ter financiado o pro-
Observe que o circuito utiliza um jeto e construção do painel de gases
b) Circuito para gases TRIAC TIC 206D (Texas) que quan- apresentado neste artigo. Aos técnicos
do acionado energiza a solenóide da Renato Franzin, Nelson Ordonez, Alex
- 2 Controladores de fluxo de mas- válvula MUFH-3-FK-3. O aciona- Markevicius e Alexandre Camponucci
sa 2159B-10000RV-S (SPCAL = mento do TRIAC é feito através do pelas discussões e construção do pai-
5VDC para 6000 sccm de N2O ou O2) fotoTRIAC MOC3020 (Texas) que nel de gases. Ao Bacharel em Física
da MKS; permite isolar a rede de alta tensão José C. de Souza Filho pelo projeto ini-
- 1 Controlador de fluxo de mas- (220 Vef) do circuito TTL (5 volts) do cial do software de controle automático.l
sa 2159B-10000RK-S (SPCAL = estágio de entrada formado pelo tran-
5VDC para 600 sccm de HCl) da sistor BC548 e o diodo emissor de REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MKS; luz.
- 1 Controlador de fluxo de mas- O sinal de comando para o circui- 1. Dispositivos pneumáticos:
sa 2159B-10000RK-S (SPCAL = to da figura 9 pode vir, por exemplo, http://www.festo.com
5VDC para 2000 sccm de NH3) da da saída paralela de um microcom- 2. Dispositivos pneumáticos:
MKS; putador PC. Através do emprego de http://www.festo.com.br
- 2 Controladores de fluxo de mas- linguagens de programação do tipo 3. Dispositivos para gases: http:/
sa 2159B-10000RV-S (SPCAL = QBASIC, C++, DELPHI, etc.; é pos- /www.mksinst.com
5VDC para 6000 sccm de N2, Ar ou sível controlar os sinais da saída 4. Dispositivos para gases: http:/
Ar/H2) da MKS; paralela de forma a promover a se- /frco.com/brooks/products/
- 1 Controlador de fluxo de mas- qüência de acionamentos das products.html
sa 2159B-00100SV (SPCAL = 5VDC solenóides válvulas SC1, SC2, SC3, 5. Conexões para linhas de gases:
para 100 sccm de HCl) da MKS; SP1, SP2, SP3, SA1, SA2, SA3, SA4, h t t p : / / w w w. s w a g e l o k . c o m / e n /
- 8 válvulas Nupro normalmente fe- SA5, SA6, SA7, SS1 e SS2. Não va- Ecatalog/ecmainframes.asp
chadas acionadas por ar comprimido; mos neste artigo detalhar como se 6. Conexões para linhas de gases:
- 8 válvulas manuais; faz o programa (software) de contro- http://www.bayvalve.com/pages/
- 8 filtros de de entrada para gás; le da saída paralela do micro- products.htm
- 11 Tees (316L-4-ATW-3-4TB7-4A, computador PC porque isto é algo já Sedra, A.S. and Smith, K.C.
tube weld manifold tee); amplamente divulgado (Veja, por Microeletrônica. Makron Books, 2000,
- 5 “Ls” (316L-4-ATW-9, Tube exemplo, o artigo: “Os segredos da ISBN 85-346-1044-4 (tradução da 4a.
weld elbow); porta paralela”, na página 32). edição em inglês).