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OSTENSIVO CIAA-118/040

CAPÍTULO 3
CIRCUITOS HIDRÁULICOS
3.1. - COMPONENTES DOS CIRCUITOS HIDRÁULICOS
a) De deslocamento não positivo
Sabe-se que as bombas têm como função converter a energia mecânica em
energia hidráulica, empurrando o fluido hidráulico pelos sistemas.
Assim, as bombas de deslocamento não positivo são usadas para transferir os
fluidos onde as únicas resistências são aquelas criadas pelo peso do fluido e pelos
atritos decorrentes do fator de agregação das moléculas nas rugosidades das
paredes das tubulações.
Nas bombas cujo tipo mencionamos, não existe uma vedação entre os pórticos de
aspiração e de descarga. Assim, o deslocamento do fluido reduz quando aumenta
a resistência ao fluxo.
Em decorrência, as bombas de deslocamento não positivo são, raramente, usadas
nos Sistemas Hidráulicos Industriais.
b) De deslocamento positivo
As bombas de deslocamento positivo fornecem uma quantidade definida de fluido
a cada rotação ou ciclo.
Portanto, a descarga, com exceção das perdas oriundas de vazamentos,
independem da pressão ou resistência oferecida à descarga, tornando-as
adequadas para transmitir força através dos fluidos nos sistemas.
As bombas mais freqüentemente usadas para transferir força através dos fluidos
são as bombas de engrenagens, de lóbulos, de palhetas, e de êmbolos axiais e
radiais.
3.1.2 - Controles direcionais
As “válvulas direcionais” constituem os “controles direcionais” usados para
controlar a direção do fluxo.
Estas válvulas variam substancialmente, tanto em operação como em construção, e
são classificadas de acordo com suas características principais, tais como:
1. Método de acionamento
2. Número de passagens de fluxo
3. Tipo de elemento interno
4. Conexões
5. Dimensões
a) Método de acionamento
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Através de solenóides e/ou pressão hidráulica, cames, êmbolos, etc.
b) Número de passagens de fluxo
Uma via, duas, três, quatro ou mais vias.
c) Tipo de elemento interno
Êmbolo, carretel (rotativo ou deslizante), esfera, etc.
d) Conexões
Roscas paralelas, cônicas, montagem em sub-placa, gaxetas, etc.
e) Dimensões
Expressas em diâmetro nominal da conexão da válvula ou placa de montagem, ou
em capacidade de vazão.
As válvulas direcionais controlam o “caminho” através do qual o fluxo deverá se
encaminhar, abrindo ou fechando passagens em posições definidas.
3.1.3 - Compõem o grupo dos controles direcionais
a) Válvula de retenção
Constitui-se em uma válvula direcional de uma só via que permite o fluxo livre
numa direção e bloqueia o fluxo no sentido oposto (Fig. 3-1).
Existem ainda as válvulas de retenção pilotadas que permitem o fluxo no sentido
oposto, a partir do momento em que uma pressão piloto desloca o êmbolo ou
esfera e a válvula se abre.

Fig. 3-1 - A figura ao lado ilustra a válvula de retenção simples


b) Controles de pressão
Dizem respeito a estes controles, as válvulas de controle de pressão.
Assim, estas válvulas limitam a pressão máxima de um sistema, regulam a pressão
reduzida e modificam valores que envolvem alterações na pressão de operação.
Constituem estes controles: as válvulas de segurança.

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Válvulas de segurança

P. A pressão de descarga se faz sentir aqui...


1. E é transmitida à face cônica do êmbolo piloto através do orifício do êmbolo
balanceado (com galeria central)
2. A pressão adicional desta mola mantém o êmbolo assentado.
3. Quando o ajuste da mola é alcançado, este êmbolo se afasta, a câmara superior
descomprime para o pórtico P/ da galeria central.
4. Quando a pressão nesta área for 1,5 atm maior que a pressão da câmara superior....
6. O êmbolo se eleva e a pressão da bomba vai ter ao tanque.
A - Se utilizar esta galeria (linha de ventagem), a pressão da bomba vai ter ao tanque
pelo pórtico T. Assim, o pórtico “A” constitui na linha de ventagem da válvula de
segurança.
P - Da bomba
T - Para o tanque (através da descompressão pela válvula de segurança)
B - Para o sistema.
Fig. 3-2 - Atuação de uma válvula de segurança de êmbolo balanceado: fechado,
abrindo e descarregando (da esquerda para a direita)
I) Finalidade da válvula de segurança
Limitar a pressão máxima do sistema a um valor máximo determinado. A sua
configuração normal é FECHADA.
II) Pressão de ruptura
Define a pressão na qual a válvula segurança inicia a sua abertura.
III) Ventagem da válvula de segurança
Na ventagem da válvula de segurança o fluxo da bomba passa pela válvula e
deriva para o tanque - praticamente na pressão zero (Fig. 3-2).
“Ventar” (expressão convencionalmente usada em Hidráulica), significa tornar
INOPERATIVA a válvula de segurança.
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Fig. 3-3 - Ventagem da válvula de segurança Fig. 3-4 - Válvula de segurança


3.1.4 Reservatórios dos fluidos hidráulicos - Fig. 3-5
1) Finalidade
Os reservatórios têm como função prover espaço suficiente para o fluido do
sistema e mais uma reserva.
Devem, ainda, manter o fluido limpo e a temperatura apropriada. Assim, a eles se
associam peneiras, filtros, plugs magnéticos etc. O reservatório armazena o fluido
até que o sistema o solicite.
Quando o calor gerado, decorrente do trabalho do sistema, se situa acima da
capacidade de dissipação do reservatório e tubulações, evidentemente o sistema
incorpora os resfriadores ou trocadores de calor.

Fig. 3-5 - O projeto dos reservatórios devem ter em vista as facilidades de


manutenção
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Os reservatórios devem ter espaço para separação do ar, devem permitir que os
contaminantes assentem e devem contribuir para que o calor gerado se dissipe.
O fundo deve ser de tal modo que o fluido possa ser drenado, integralmente.
Devem ainda integrar uma tampa para inspeção, chicanas, indicadores de nível,
filtros etc.

1. O fluido percorre uma trajetória indireta até chegar à aspiração da bomba. Assim,
se evita a turbulência do fluido no interior do tanque.
2. O fluido de retorno é projetado contra as anteparas do reservatório; em decorrência,
se obtém melhor dissipação de calor adquirido pelo trabalho do fluido no sistema.
3. Chicanas - evitam a aspiração direta do fluido pela bomba.
4. O fluido de aspiração - no interior do tanque - deve ser colhido pelo filtro, resfriado
e desaerado.
Fig. 3-6 - As chicanas controlam a direção do fluido no tanque
Nota.: Os plugs magnéticos retém as partículas de ferro e aço que eventualmente
evoluam na corrente fluida do sistema.
2 - Os reservatórios e suas características de resfriamento - Fig. 3-7

1. O fluido hidráulico circula


através das tubulações e...
2. O calor absorvido pelo sistema
é dissipado para o ambiente...
3. Através do reservatório

Fig. 3-7

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3.1.5 - Localização dos filtros
Nos sistemas hidráulicos modernos, os filtros podem estar localizados em três locais
distintos: (ou simultaneamente).
1. Na linha de aspiração
2. Na linha de descarga
3. Na linha de retorno
a) Na linha de aspiração
Têm como finalidade, proteger bomba e componentes do sistema (Fig. 3-8).

Fig. 3-8 - Filtro na linha de aspiração da bomba


b) Na linha de descarga
São usados (Fig. 3-9) nos sistemas em que as válvulas e demais componentes,
especificamente, por serem mais sensíveis que a bomba devem ser preservados.
A figura abaixo ilustra o filtro na linha de descarga.

Fig. 3-9
c) Na linha de retorno
Filtros instalados na linha de retorno retém as partículas finas antes que o fluido
retorne ao reservatório.
São freqüentemente encontrados nos sistemas que tem pequenos reservatórios em
que os contaminantes não assentam razoavelmente bem.

Fig. 3-10 Filtro instalado na linha de retorno


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3.1.6 - Acessórios dos sistemas hidráulicos
a) Acumuladores
I) Aplicações
Os acumuladores constituem uma reserva de fluido sob pressão, a ser usada
quando a demanda do sistema é máxima.
Assim, ao invés de se instalar bombas de grandes vazões, o sistema armazena
o fluido sob pressão (nos acumuladores) e descarrega-o conforme mencionado
no parágrafo um.
Assim, torna-se possível usar bombas e motores acionadores de dimensões
menores.
São freqüentemente encontrados nos sistemas que desenvolvem ciclos de
trabalhos intermitentes. Como por exemplos, temos alguns sistemas de
Máquinas de Leme e Estabilizadores para Navios de Guerra.
A Fig. 3-11 mostra um dos diversos tipos de acumuladores no qual uma bolsa
ou bexiga de borracha sintética separa o gás (nitrogênio - geralmente) do
fluido hidráulico.
A bolsa é pré-carregada com o gás neutro - no caso o Nitrogênio seco.
As pressões do gás na pré-carga variam de acordo com cada aplicação.
A pressão no acumulador aumenta quando o fluido é forçado para dentro do
mesmo e diminui quando se descarrega. Supre assim, sistema com um volume
de fluido adicional, sob pressão.

Fig. 3-11
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b) Intensificadores
Os intensificadores são dispositivos usados com finalidade de multiplicar valores
de pressão.
Assim, uma pequena quantidade de fluido, a alta pressão, deve ser suficiente para
concluir fases finais de processos industriais.
c) Pressostatos
São instalados visando ligar ou desligar circuitos elétricos, nas pressões
desejadas.
Para tal, ativam válvulas operadas por solenóides e dispositivos de princípios
afins.
d) Instrumentos
São instalados para medir as variáveis, vazão pressão, temperaturas etc.
3.1.7 Atuadores
1 - Variabilidade de velocidade
A maioria dos motores elétricos tem velocidade constante. Isto caracteriza uma situação
extremamente conveniente quando operamos equipamentos com velocidade constante.
Os atuadores hidráulicos - lineares ou rotativos - podem ser acionados com velocidades
variáveis e infinitas, mantendo-se constante a velocidade do atuador e variando-se,
apenas, o débito da bomba, ou utilizando-se uma válvula controladora de vazão.
2 - Reversibilidade
Os acionadores reversíveis não são em grande número. E os que são, normalmente,
devem ser quase parados antes que novo sentido de rotação lhes seja introduzido.
O atuador hidráulico pode ter sentido de rotação invertido, instantaneamente, sem
quaisquer danos. Neste caso, uma válvula direcional ou uma válvula de segurança
atuam no controle.
3 - Proteção de sobrecarga
A válvula de segurança protege os componentes do sistema de pressões excessivas.
Quando os valores circulantes excedem aos valores de ajuste da válvula, o débito da
bomba é enviado diretamente ao tanque.
É também por intermédio da válvula de segurança que se ajusta a força ou o torque
necessários ao equipamento.
4 - Adequação dos fluidos à vedação dos "o" rings
Alguns fluidos resistentes ao fogo atacam e desintegram certos retentores e “O” rings.
Assim, poucos destes componentes destinados à vedação são compatíveis com todos os
fluidos.
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Os fabricantes devem ser consultados se houver troca do fluido por outro de
características diferentes. Quando persistirem dúvidas pertinentes aos retentores e “O”
rings, as consultas devem ser estendidas aos mesmos.
Os aditivos dos fluidos usados pelo usuário do equipamento, também concorrem
eventualmente para que ocorra o ataque ao elementos de vedação e, assim, só devem ser
usados mediante recomendação do fabricante.
Fluidos sintéticos não são compatíveis com Nitrila e Neoprene, portanto, a troca de
fluidos derivados de Petróleo, água-glicóis ou água-óleo, por um fluido sintético requer
a desmontagem dos componentes visando à substituição do material dos elementos de
vedação.
Para a troca de fluidos a base de água para fluidos derivados de petróleo, emulsões e
glicóis são indicados os componentes a base de Neoprene e Buna N.
Quando for a troca de fluidos sintéticos para fluidos sintéticos nos quais estejam
presentes o cloro hidrocarbono, são indicados o Silicone, Viton e Teflon.
Para composto de cloro mais éster, além dos materiais indicados no parágrafo anterior
deve também ser usado o FBA Butyl; para os fluidos a base de éster e fosfatos são
recomendados o Silicone, Viton, Teflon e Butyl.
3.2 SÍMBOLOS E INTERPRETAÇÃO DE PLANOS HIDRÁULICOS
3.2.1 - Símbolos gráficos normalizados
Os símbolos mostrados estão de acordo com o ANSI (American National Standars
Institute). Os símbolos básicos podem ser utilizados para formar qualquer combinação.
1 - Linhas e suas funções

Fig. 3-12

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2 - Bombas

Fig. 3-13
3 - Motores e cilindros

Fig. 3-14
4 - Métodos de operação

Fig. 3-15

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5 - Outros

Fig. 3-16
6 - Válvulas - símbolos básicos

Fig. 3-17

7 - Válvulas - exemplos

Fig. 3-18

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8 - Um círculo com um triângulo cheio (de energia)
Simboliza uma bomba ou um motor hidráulico

Fig. 3-19
9 - Os cilindros são simbolizados em suas versões de simples e de dupla ação

Fig. 3-20
10 - Um quadrado é o símbolo básico de uma válvula

Fig. 3-21

11 - Pressão piloto fornecida por uma válvula de retenção


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Fig. 3-22
12 - Simbologia em um circuito

Fig. 3-23
3.3 – FUNCIONAMENTO DOS FREIOS HIDRÁULICOS
Os fluidos transmitem integralmente e em todos os sentidos, as pressões exercidas
(Princípio de Pascal).
Assim, os sistemas de freio hidráulico, transformam a pressão aplicada sobre o pedal de
freios, em uma pressão ampliada e gerada num sistema hidráulico para acionar as
sapatas.
Para tal, utiliza o fluido hidráulico como meio condutor desta pressão. Compondo o
sistema de freios (Fig. 3-24) e lhe emprestando funcionalidade, podem ser citados os
seguintes componentes básicos:
- Cilindro mestre - onde é gerada a pressão hidráulica.
- Tubulações - possibilita a condução da pressão.
- Cilindros de rodas - onde é recebida a pressão que é transforma em força aplicada às
sapatas contra o tambor de freio, produzindo, assim, o “efeito de frenagem”.
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Fig. 3-24- Componentes básicos de um sistema de freios hidráulicos


3.3.1 - Cilindro mestre
Os cilindros mestres, sob o ponto de vista de construção e funcionamento, podem ser
de dois tipos: de êmbolo e cilindros simples, e de êmbolo e cilindros duplos.
a) Cilindro mestre de êmbolos e cilindros simples (Fig. 3-25)

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Fig. 3-25 - Cilindro mestre de êmbolo e cilindro simples de um sistema de freios
hidráulicos com reservatório de fluido integrado
I) Construção
O reservatório é provido de um orifício em sua tampa cuja finalidade é
comunicar a pressão atmosférica à superfície do fluido que, contido no
reservatório, enche o cilindro que contém o êmbolo.

Fig. 3-26 - A figura acima ilustra todos os componentes de um dos diversos tipos de
cilindros mestres à disposição no mercado
II) Funcionamento do cilindro mestre
Quando o êmbolo é acionado para frente (Fig. 3-27), a borda da gaxeta
primária veda o orifício de compensação e inicia a compressão do fluido que é
forçado, através da válvula residual, para as tubulações do sistema.
O orifício de alimentação assegura que a seção posterior do êmbolo se
mantenha em contato com o fluido do reservatório, que é exposto à pressão
atmosférica.

Fig. 3-27 - Funcionamento do cilindro mestre


Assim, se estabelece um diferencial de pressões entre a face frontal da gaxeta
primária e a superfície posterior do êmbolo.
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A pressão hidráulica de frenagem só passa a existir no sistema quando todas as
sapatas estiverem em contato com os tambores de freio (Fig. 3-28).
Só então, a cada aumento de pressão sobre o êmbolo, corresponderá um
aumento da força de frenagem.
A figura abaixo mostra uma situação na qual o sistema hidráulico atuou e
ambas as sapatas deslocaram suas lonas de freios respectivas. Assim, será
obtido o efeito de frenagem.

Fig. 3-28
III) Retorno do êmbolo
Cessando a pressão sobre o êmbolo (Fig. 3-29), as molas de retorno das sapatas
forçam o fluido, determinando o retorno do êmbolo com uma conseqüente
queda de pressão no sistema.

Fig. 3-29
A mola de retorno (Fig. 3-29 - Fig. 3-25) mantém, ao mesmo tempo, a gaxeta
primária encostada na face de êmbolo e a válvula residual encostada no seu assento.
A pressão exercida sobre o fluido pelas molas de retorno das sapatas (Fig. 3-28),
num determinado tempo, é maior que a resistência oferecida pela tensão da mola da
válvula de pressão residual (Fig. 3-30), e disso resulta um refluxo do fluido.

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A – sistema de freios atuado B – válvula residual em fluxo


Fig. 3-30 A e B
Em decorrência, o refluxo do fluido se torna mais lento que o recuo do êmbolo.
Como conseqüência, se estabelece uma depressão na área dos orifícios de
compensação e alimentação (Fig. 3-30).
Assim, um consistente fluxo se orienta da área dos orifícios para área frontal à
gaxeta primária, através dos orifícios do êmbolo e borda da gaxeta.
O fluxo do fluido tem as seguintes finalidades:
 Compensar com a maior quantidade de fluido o desgaste sofrido pela lona de
freios.
 Evitar penetração de ar no sistema.
Quando os êmbolos dos cilindros das rodas voltarem à posição de repouso, o fluido
em excesso no sistema refluirá ao reservatório do cilindro mestre através do orifício
de compensação.
Assim, o cilindro mestre permanecerá posicionando e cheio com o fluido, pronto
para nova atuação.
Nos sistemas equipados com freios a disco, não são encontradas as válvulas
residuais, uma vez que também não existem as molas de retorno das sapatas (Fig. 3-
31).

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Fig. 3-31 - Mola de retorno das sapatas


A figura ao lado mostra que a folga na parte média das sapatas é MENOR que a
folga das extremidades das mesmas.
Sabe-se que assim é feito para uniformizar a pressão de atuação da lona contra o
tambor.
A folga nas extremidades é maior a fim de que a ação nas mesmas não seja
excessivamente incisiva e, assim, as lonas gastar-se-ão uniformemente.
b) Cilindro mestre com êmbolos e cilindros duplos
Este cilindro mestre possui dois êmbolos, dois reservatórios de fluidos e duas
saídas de tubulações, uma para cada êmbolo.
Todavia, o funcionamento destes é idêntico ao do cilindro mestre com êmbolo
simples.
Os sistemas que adotam êmbolos duplos (Fig. 3-32), possuem dois circuitos
hidráulicos independentes: um circuito para as rodas dianteiras e outro para as
rodas traseiras.
Nos casos de falha de um dos circuitos, o outro pode ser atuado normalmente.

Fig. 3-32 - Cilindro mestre com êmbolos e cilindros duplo


I) Funcionamento (Fig. 3-33)
Partindo da posição de repouso e acionando-se o êmbolo primário, este
comprimirá o fluido na câmara 1. Assim, o circuito hidráulico pertencente ao
êmbolo acionará normalmente os freios traseiros.
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Fig. 3-33- Funcionamento do cilindro mestre duplo


Simultaneamente, será atuado também o êmbolo secundário, fazendo com que o
fluido da câmara 2 seja comprimido e acione o sistema de freios dianteiros,
conforme é mostrado na figura.
 Falha no circuito primário (traseiros)
Seja o caso de um indesejável rompimento de tubulação do sistema de freios
traseiros (Fig. 3-34). Ao se acionar o êmbolo primário, este não encontrará
resistência por parte do fluido contido na câmara 1.

Fig. 3-34- Rompimento do sistema de freios traseiros


Assim, o êmbolo primário percorrerá livremente uma parte de seu curso até
encostar no batente do êmbolo secundário.
A partir deste ponto, o êmbolo secundário será empurrado mecanicamente e
comprimirá o fluido contido na câmara 2, produzindo, assim, o efeito de
frenagem nas rodas dianteiras.
 Falhas no circuito secundário (dianteiros)
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Se a perda de fluido estiver localizada no circuito hidráulico dos freios
dianteiros (Fig. 3-35), os êmbolos primário e secundário percorrerão
livremente uma parte do curso total até que o batente do êmbolo secundário
encoste no fundo da câmara. A partir deste instante, passará a existir pressão
do fluido na câmara 1.

Fig. 3-35- Rompimento do sistema de freios dianteiros

c) Cilindros de rodas
Existem dois tipos de cilindro de rodas: unidirecionais e bidirecionais.
1. Êmbolos
2. Gaxetas
3. Mola
4. Parafuso de sangria
5. Coifas
6. Expansores das gaxetas
Fig. 3-36 - Cilindros unidirecionais

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Fig. 3-37 - Cilindro de rodas bidirecionais
I) Funcionamento
1. Posição de repouso
Quando o sistema de freios não está atuado, a mola de retorno (Fig. 3-38)
traciona as sapatas e as mantém ligeiramente afastadas do tambor.

Fig. 3-38 - A figura ao lado mostra rebites de lonas, lonas, tambor do sistema de
freios, molas de retorno e o cilindro de roda
Em decorrência, as sapatas atuam sobre as gaxetas e estas comprimem a mola
através dos tambores.
2. Acionamento
A pressão exercida pelo cilindro mestre força os êmbolos para fora,
empurrando as sapatas contra o tambor, exercendo a ação de frenagem (Fig.
3-39).

Fig. 3-39 - Os êmbolos do cilindro de rodas recebem a pressão hidráulica e exercem


pressão nas sapatas contra o tambor de freios através das lonas
A força aplicada às sapatas é proporcional à pressão desenvolvida no cilindro
mestre.
3. Retorno
Ao ser retirada a pressão determinada pelo cilindro mestre, as molas de
retorno das sapatas comprimem os êmbolos e forçam o fluido a retornar ao
estado de repouso.
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O refluxo do fluido se torna possível pelas características da válvula de
pressão residual. Esta válvula retarda o retorno fluido, evitando assim, entrada
de ar no sistema e danos às gaxetas.
A válvula de pressão residual será tratada na página seguinte.
3.3.2 - Freios a disco
Será usado como referência um tipo básico de sistema. Outros modelos existem,
porém diferem apenas em ligeiras modificações construtivas. Como exemplo, o
sistema ABS (ante-breck system) utilizado nos modernos carros, que utiliza uma
central eletrônica de gerenciamento através de sensores para impedir o travamento de uma
das rodas.
As pinças são constituídas de dois cilindros, um para cada lado do disco, porém,
dependendo do modelo poderemos ter êmbolo apenas em um lado.
Uma das estruturas, a interna é solidária á extremidade do eixo, sendo que estas
estruturas são firmemente unidas através de parafusos, e as superfícies de contato
finamente retificadas.
Cada uma das estruturas aloja um cilindro com o seu respectivo êmbolo que atua uma
guarnição de freio através das pastilhas (equivalentes às sapatas).
Cada uma das pastilhas se aloja no rebaixo de cada uma das estruturas do conjunto do
cavalete fixo. Por ocasião da atuação do sistema, as pastilhas atuam conjuntamente em
cada um dos lados do disco de freio.
No lado da superfície de fricção, as pastilhas são revestidas com material resistente à
fricção; do lado oposto, uma substância abafadora amortece os ruídos provocados pela
frenagem.

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Fig. 3-40
a) Funcionamento
I) Atuação
O sistema é, da mesma forma, atuado a partir do cilindro mestre. O aumento de
pressão no sistema determinado pelo pedal, transmite-se aos cilindros das rodas e
atua nas faces posteriores dos êmbolos, forçando-os para fora.
Assim, as pastilhas são forçadas contra as faces do disco de freios, travando.
b) Recuo dos êmbolos
I) Funcionamento do vedador do êmbolo.
O vedador se aloja numa ranhura anular do cilindro, envolve o êmbolo e tem
duas funções: evita o vazamento de fluido por ocasião do aumento de pressão do
sistema; e possibilita o recuo do êmbolo quando o sistema deixa de ser atuado.
Quando a pressão aumenta (pela atuação do sistema), determinando o
deslocamento axial do êmbolo, o vedador acompanha-o neste movimento e sofre
uma deformação lateral, decorrência de sua elasticidade.
Quando o sistema conclui sua atuação, a pressão cessa; o vedador que se
encontrava deformado pela pressão e pelo deslocamento do êmbolo, se
recompõe na sua forma primária.
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Na recomposição do vedador, o atrito de aderência arrasta de volta o êmbolo,
possibilitando o recuo decorrente de sua atuação.
c) Dispositivo de auto regulagem das pastilhas
O dispositivo tem por finalidade compensar o recuo excessivo dos êmbolos nos
casos de folgas de rolamentos, desvios do disco e outras causas.
De acordo com o manual do fabricante, e na falta deste, as pastilhas devem ser
inspecionadas quanto à espessura das guarnições a cada 5.000 Km.
Se esta espessura estiver reduzida a 2,0 mm ou menos, devem ser substituídas.

Fig. 3-41
3.3.3 - Ar no sistema
Apesar das sapatas estarem convenientemente reguladas, quando a resistência sentida
no pedal for pequena, existe a possibilidade da haver ar associado ao fluido hidráulico
no interior do sistema.
Assim, sabendo-se que o ar constitui um componente inconveniente quando está
associado ao fluido hidráulico no interior dos sistemas, torna-se necessário a sua
expulsão.
Isto é obtido pelo processo de “sangria”.
a) Sangria
Sempre que os sistemas hidráulicos são abertos para reparos e/ ou manutenção,
vestígios de ar associados à carga de fluido hidráulico são admitidos nos sistemas.
Quando isto acontece, as características de resposta, logo a confiabilidade nos sistemas
se alteram, uma vez que estes vestígios se agrupam formando “balões de ar”
facilmente compressíveis.

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Em decorrência, se faz necessário a extração do ar contido nos sistemas. Esta tarefa é
chamada de “sangria”.
b) Processos de sangria
Pelo menos dois processos de sangria são muito difundidos: sangria manual e
sangria pela unidade pressurizadora.
I) Sangria manual
Encher o reservatório do cilindro mestre com fluido de freio limpo. Conectar na
conexão de sangria de uma das rodas, uma extremidade da linha de dreno e
submergir a outra num vidro parcialmente cheio de fluido limpo.

Fig. 3-42 - Sangria manual


Aplicar um esforço moderado no pedal de freio e abrir o parafuso de sangria.
Quando o fluido que sai pela extremidade da linha de dreno submersa no vidro
estiver livre de bolhas, fechar o parafuso de sangria e soltar o pedal de freio.
Se a performance do sistema não for alcançada, repetir a operação com o pedal
de freios conforme o descrito.
Após a sangria ter surtido efeito naquela roda, fechar o parafuso de sangria e
retirar o dreno. Repetir a operação nas outras rodas se for necessário.
II) Sangria pela unidade pressurizadora (Fig. 3-43)
Encher o reservatório do cilindro mestre com fluido limpo para freios. Conectar
o pressurizador ao reservatório usando uma linha para o fluido.
Abrir a válvula do pressurizador e pressurizar todo o sistema hidráulico. Instalar
uma das extremidades da linha de dreno no dispositivo de sangria; submergir a
outra num vidro parcialmente cheio com fluido limpo.
Controlar a chegada de fluido no vidro, livrar e isentar de bolhas de ar. Desfazer
a manobra fechando a válvula de sangria e retirando a unidade pressurização.

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O vidro com fluido revela a existência e ou ausência de bolhas de ar, evita
entrada de ar no sistema e possibilita reaproveitamento do fluido sangrado
(desde que seja limpo).

Fig. 3-43 - Sangria com unidade pressurizadora


3.3.4 - Prevenções
Todo os sistemas hidráulicos industriais estão sujeitos a vazamentos, a desgastes e a
corrosão.
Assim, possíveis vazamentos devem ser detectados, corrigida a avaria, e suplementado
o fluido perdido.
Presença de resíduos (Fig. 3-44) decorrentes de desgastes e decomposição natural dos
componentes, combinada com ar absorvido, contribuem para formação de ácidos que
atacam e corroem as paredes dos cilindros e demais componentes, causando
dificuldades funcionais aos sistemas de freios hidráulicos.

OSTENSIVO - 3-26 - REV.3


OSTENSIVO CIAA-118/040

Fig. 3-44 - A manutenção e o controle dos componentes usados previne as


conseqüências mostradas acima
Nota: 1. O nível do fluido de freios deve ser controlado a cada dia;
2. O sistema de freios deve ser inspecionado, pelo menos, a cada 6 meses;
3. Somente use peças e fluidos para freios com reputação qualidade
reconhecidos;
4. Execute as desmontagens, inspeções, manutenções e montagens em
ambientes limpos. Use somente materiais de limpeza recomendados pelos
fabricantes.
3.3.5 - Fluidos para freios “A.B.N.T”
No Brasil, os fluidos para freios devem satisfazer as especificações da Associação
Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, ou SAE adaptadas ao nosso clima. Essas
especificações devem preencher os seguintes requisitos:

Características Fluido 1ª linha Especificação SAE


J.1703 A/ABNT
1.0 – Aparência Límpido -------------------------------
2.0 – Coloração Amarelo claro ------------------------------
3.0 - Ponto de ebulição 198º C 190º C
3.1 - Variação do ponto de ebulição + 1.0º C 3,0º máx. variação
4.0 - Ponto de fulgor (V.A Cleveland) 105º C 82,0º C
5.0 - Viscosidade: A - 10º C 574,0 * Max. 1800 cSt
A + 60º C 10,3 * Min. 5.0 cSt
6.0 - Neutralidade 8,2 11,5
7.0 - Corrosão:
Ferro estanhado 0,01 0,2
Aço 0,05 0,2
Alumínio 0,09 0,1
Ferro fundido 0,04 0,2
Cobre 0,15 0,4
Latão 0,18 0,4
8.0 - Neutralidade (PH) após corrosão 8,2 11,5
9.0 - Efeito S/A borracha (70 horas a 120º C)
Aumento do diâmetro
OSTENSIVO - 3-27 - REV.3
OSTENSIVO CIAA-118/040
0,02” 0,055”
10.0 - Tolerância com a água
24 horas A - 10º C Em ordem Não separar ou
24 horas A + 60º C Em ordem estratificar
11.0 - Evaporação % EVAP 79.8 80.0
Aspecto do resíduo Oleoso Oleosos/ precipitado

*ESPECIFICAÇÃO ABNT-EB155

OSTENSIVO - 3-28 - REV.3

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