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UNIVERSIDADE CEUMA
CURSO DE PSICOLOGIA

KESIA COSTA LEITE

LINHAS DE CUIDADO EM SAÚDE MENTAL: O CONSULTÓRIO NA RUA NA


PERCEPÇÃO DA EQUIPE

São Luís
2017
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KESIA COSTA LEITE

LINHAS DE CUIDADO EM SAÚDE MENTAL: O CONSULTÓRIO NA RUA NA


PERCEPÇÃO DA EQUIPE
Artigo Científico apresentado ao curso de
graduação em Psicologia da Universidade
Ceuma, como requisito obrigatório para a
obtenção do grau de psicólogo.

Orientador:Profª. Ms. Mae Soares da


Silva

São Luís
2017
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KESIA COSTA LEITE

LINHAS DE CUIDADO EM SAÚDE MENTAL: O CONSULTÓRIO NA RUA NA


PERCEPÇÃO DA EQUIPE
Artigo Científico apresentado ao curso de
graduação em Psicologia da Universidade
Ceuma, como requisito obrigatório para a
obtenção do grau de psicólogo.

Aprovado em: ____/____ /______


Nota: __________________

BANCA AVALIADORA

________________________________________________
Profª.Ms. Mae Soares da Silva
(Orientadora)

________________________________________________
1º Avaliador

________________________________________________
2° Avaliador
7

LINHAS DE CUIDADO EM SAÚDE MENTAL: O CONSULTÓRIO NA RUA NA


PERCEPÇÃO DA EQUIPE
Kesia Costa Leite1
Mae Soares da Silva2

RESUMO

O presente artigo traz os resultados de uma pesquisa de abordagem qualitativa que


teve como objetivo conhecer o lugar do Consultório na Rua nas linhas de cuidado
em saúde mental, na perspectiva da equipe. O estudo envolveu profissionais das
diferentes categorias da equipe de Consultório na Rua (eCnaR) do Município de São
Luís-MA. Para definição da amostra, foi considerado pelo menos um profissional de
cada categoria, alcançando, pelo critério de saturação temática, o total de sete
entrevistados. A coleta de dados foi feita com a técnica de entrevista
semiestruturada. Utilizou-se um roteiro de entrevista semiestruturada e um
questionário estruturado, para definição do perfil da amostra. Os dados foram
analisados pela técnica de Análise de Conteúdo, modalidade Temática, seguindo os
princípios da bioética. Este estudo faz parte da pesquisa “Percepções de
Profissionais e Usuários da Rede de Atenção Psicossocial acerca do
Desenvolvimento de Linhas de Cuidado em Saúde Mental aprovada pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da Universidade Ceuma sob parecer de nº 1.760.219. Dos
resultados emergiram três temas: o Consultório na Rua é Atenção Básica; o
Consultório na Rua resgata a dignidade humana e o Consultório na Rua não é um
serviço à margem da Rede. Ressalta-se a importância do desenvolvimento de outras
pesquisas na área no intuito de promover melhores articulações, contribuindo assim
para a contemplação do sujeito em sua integralidade.

Palavras-Chave: Consultório na Rua. Linha de cuidado. Saúde mental.

ABSTRACT
This article presents the results of a qualitative research that aimed to know the place
of the Clinic in the Streetin the lines of mental health care, from the perspective of the
team. The study involved professionals from different categories of the Clinic in the

1
Graduanda do curso de Psicologia da Universidade Ceuma. kesinhaleite@outlook.com
2
Professora Mestre do curso de Psicologia Ceuma. mae.soares@ceuma.br
8

Streetin the city of São Luís-MA. For definition of the sample, at least one
professional from each category was considered, reaching, by the criterion of
thematic saturation, the total of seven interviewees. Data was collected using the
semi-structured interview technique. It was used a semi-structured interview script
and a structured questionnaire, to define the sample profile. The data were analyzed
by the Content Analysis technique, Thematic modality, following the principles of
bioethics. This study is part of the research "Perceptions of Professionals and Users
of the Network of Psychosocial Care on the Development of Lines of Care in Mental
Health” approved by the Research Ethics Committee of the University Ceuma under
opinion of No. 1,760,219. From the results emerged three themes: Clinic in the Street
is basic attention; The Clinic in the Street rescues human dignity and The Clinic in
the Streetis not a service on the margins of the Network. It is important to develop
other researches in the area in order to promote better articulations, thus contributing
to the subject contemplation in its integrality.

Keywords: Clinic in the Street. Line of Care. Mental Health

1 INTRODUÇÃO

O Brasil, atualmente, possui um cenário epidemiológico de consumo


prejudicial de substâncias psicoativas, como por exemplo: álcool, cocaína, LSD,
crack, inalantes, etc, cujas consequências diretas implicam em prejuízos sanitários e
sociais tanto para o usuário quanto para sua comunidade. Por essa razão, este tema
tem sido pauta de muitas discussões nos diferentes setores governamentais, e da
própria sociedade civil, com o objetivo de criar estratégias de prevenção e promoção
da saúde, tratamento e redução de danos, voltado para os indivíduos no contexto de
vulnerabilidade social e em situação de rua (BRASIL, 2010).
Em geral, os serviços de saúde de base comunitária prestam assistência
para pessoas que residem em um determinado território, não estando incluídas em
seu planejamento ações voltadas para pessoas em situação de rua. Além disso,
esse público costuma ser estigmatizado pela sociedade, dificultando a procura por
serviços de saúde, assim como o seu acolhimento nestes. Esta problemática indicou
a necessidade de se desenvolver intervenções biopsicossociais efetivas, voltadas
para o contexto da rua e articuladas com a rede integral de serviços de saúde
9

(BRASIL, 2010). A partir dessa demanda, no ano de 2012 foi criado o Consultório de
Rua, que tem como objetivo levar atendimento primário aos sujeitos que se
encontram em situação de rua e em vulnerabilidade social, que por motivos diversos
não buscam atendimentos de saúde.
O Município de São Luís – MA, cenário deste estudo, conta com uma
população de pouco mais de um milhão de habitantes e um número bastante
significativo de pessoas em situação de rua acometidas por problemas de saúde.
Dividido em sete distritos sanitários, São Luís possui apenas uma equipe de
Consultório na Rua (eCnaR) implantada, que volta suas ações para dois distritos
localizados na região central. Com pouco mais de dois anos de implantação, a
eCnaR local ainda é pouco conhecida entre os serviços de saúde, inclusive entre as
Unidades da Atenção Básica e os serviços da Rede de Atenção Psicossocial
(RAPS).
Diante desta problemática, questiona-se a integralidade das ações
desenvolvidas para a população de rua, no contexto da RAPS. Assim, este estudo
teve como objetivo conhecer as percepções de profissionais de Consultório na Rua
sobre o lugar deste serviço nas linhas de cuidado em Saúde Mental.
Trata-se de um trabalho inédito e um tema pouco discutido na realidade
local, tornando este estudo de suma importância para o melhor desenvolvimento e
planejamento da gestão, no que tange à implantação de novas eCnaR e
fortalecimento dos serviços já existentes.
Uma vez que cabe às secretarias o papel de planejar as ações e articular
os setores, pretende-se contribuir com a gestão municipal para uma melhor
articulação dos serviços da RAPS e com os profissionais de saúde, para um melhor
planejamento e revisão de seus referenciais teóricos.

2 PROCESSO HISTÓRICO DE PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA

A fim de obter melhor conhecimento e compreensão acerca da temática


das pessoas em situação de rua, é de suma importância contextualizar o processo
histórico, observando de que forma essa população foi se constituindo, passando a
ser situada à margem da sociedade civil e do estado. Diferentes nomenclaturas já
foram utilizadas ao longo dos séculos para nomear as pessoas que perambulavam
pelas ruas, como: itinerantes, vagabundos, migrantes, mendigos, incapacitados, sem
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domicílio fixo, entre outros. De acordo com Stoffels (1977, apud PEREIRA;
SANTOS, 2013) existem relatos da existência de pessoas itinerantes que habitavam
as ruas desde a Grécia Antiga, devido às desapropriações de terras e o crescimento
das cidades. Já na Idade Média, os itinerantes ficavam próximos aos feudos e às
cidades que se formavam e buscavam sobrevivência e “caridade”, que já eram
disponibilizadas pelas igrejas (PEREIRA; SANTOS, 2013).
A libertação da servidão e da coerção corporativa que se deu na Europa
ocidental, entre os séculos XV e XVI, é um marco histórico importante para a
compreensão do crescimento da população que perambulava pelas ruas (ladrões,
mendigos, vagabundos). Nesse contexto, produtores rurais e camponeses,
assalariados pela sua agricultura, tiveram suas terras confiscadas ou roubadas nas
áreas mais próximas do núcleo industrial, sobrando-lhes apenas a sua mão-de-obra
para ser vendida. A falta de trabalho, ocasionada pela pouca absorção dos
trabalhadores rurais pela indústria, fomentou a criação de leis rígidas contra a
vadiagem nos países europeus, de modo que, de acordo com Silva (2006, p.74),
“essas leis foram utilizadas com o fim de forçar os trabalhadores a aceitarem
empregos de baixos salários e de inibir seu deslocamento em busca de melhores
condições”.
Ao longo dos tempos e das mudanças socioeconômicas ocorridas, a
população em situação de rua se expandiu e tomou formas. De acordo com a visão
de Silva (2006), o fenômeno gerado pela expropriação de produtores rurais e
camponeses, transformando-os em assalariados, ficou conhecido como pauperismo.
Diz ainda que:

O fenômeno da população em situação de rua surge no seio do pauperismo


generalizado vivenciado pela Europa Ocidental, ao final do século XVIII,
compondo as condições históricas necessárias à produção capitalista
(SILVA, 2006, p.75).

Com base no que foi dito acima, podemos perceber a forma como foi se
dando a população em situação de rua em diferentes países; no Brasil não foi muito
diferente:o Estado realizou o ajuste estrutural, ou seja, a chamada reestruturação
produtiva, que teve como foco a financeirização do capital sob diretrizes neoliberais.
Com essa mudança no trabalho, grandes efeitos foram provocados, sendo eles: o
agravamento do desemprego, a queda da renda média real dos trabalhadores e a
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precarização das condições e relações de trabalho. Com isso, as pessoas se viram


obrigadas a superlotar as ruas, já que os níveis de pobrezas e o grau de
vulnerabilidade da classe trabalhadora estavam aumentando (SILVA, 2006).

2.1 Conhecendo a forma como as ruas se apresentam

A rua, atualmente, é um cenário composto por personagens de diferentes


origens, muito mais abrangentes do que outrora. Isto é, se antes a rua era cenário
de mendicância, agora ela é ocupada por pessoas que apresentam motivos diversos
que as levaram a se encontrar nessa nova realidade. Vale destacar que viver na rua
não é sinônimo de estar sozinho, pois muitos vínculos podem ser estabelecidos a
partir desse contexto, podendo vir a ser mais fortalecidos e significativos para o
sujeito do que o da própria família biológica. Por outro lado, viver na rua significa
estar mais vulnerável a diversas doenças, devido a questões como: dormir
diretamente no chão ou em papelões; passar muito tempo sem tomar banho; não se
alimentar ou fazê-lo de forma inadequada; usar roupas pouco agasalhadas, além de
não ter acesso à água potável para consumo (SILVA, 2013).

2.2 Direitos e deveres da população em situação de rua

A vulnerabilidade em que as pessoas em situação de rua são


encontradas está muitas vezes ligada ao desconhecimento e ao desrespeito da sua
condição de sujeito de direitos e deveres. Essa noção, em sua forma mais original,
traz consigo a ideia de dignidade humana, permeada por diversos significados, que
devem ser considerados e respeitados pelo meio social em que o sujeito vive. O
reconhecimento desses direitos e deveres protege a dignidade da pessoa humana,
promovendo sua autonomia e liberdade de projetar a própria vida e se comprometer
com o seu mundo e a sociedade em que vive, o que também implica na obrigação
de respeitar o direito do outro (PEQUENO, 2011).
O processo de constituição da pessoa de direitos e deveres deve se dar
de maneira ativa, de forma que transforme tal realidade no reconhecimento, defesa
e promoção de seus direitos e deveres em ações permanentes, não só do sujeito em
si, mas fundamentalmente de todos, incluindo aí o próprio Estado. As equipes de
Consultório na Rua, atuando a partir dessa concepção, têm por implicação um
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trabalho que ultrapassa e amplia a dimensão sanitária, abrangendo de forma


afirmativa a inclusão social dos indivíduos atendidos (TEIXEIRA; FONSECA, 2015).
Em relação ao acesso à rede de saúde, inúmeras barreiras podem
prejudicar a procura ou o acolhimento das pessoas em situação de rua nos serviços.
Fatores como a estigmatização desse público-alvo e a subnotificação da ocorrência
de diferentes patologias revelam uma frágil relação com o sistema de saúde e a
dificuldade de se traçar um perfil de morbimortalidade desta população.
Silva (2013) destaca que, entre outras problemáticas, a formação de
subculturas de rua pode favorecer o aumento do uso de algum tipo de droga
psicoativa, que, por sua vez, pode contribuir para o agravamento da condição de
vida dos envolvidos. Apesar desse apontamento, é importante marcar que nem
todas as pessoas que estão em situação de rua fazem o uso de substâncias
psicoativas, porém a grande maioria faz uso ou já utilizou em algum momento de
sua vida.

2.3 Critérios para implantação de uma equipe de Consultório na Rua

Para se implantar um eCnaR em um determinado município, alguns itens


deverão ser levados em consideração. Para ser implantada uma equipe, o município
deverá ter de 80 a 100 pessoas em situação de rua. Para aqueles municípios que
possuem mais de 300 mil habitantes, o cálculo do teto máximo das eCnaR terá
como base os dados coletados a partir da Pesquisa do Ministério do
Desenvolvimento Social e da Pesquisa sobre crianças e adolescentes em situação
de rua, coletados pela Secretaria de Direitos Humanos (BRASIL, 2011).
A atuação das eCnaR se dá a partir da elaboração de cronograma criado
por meio de reuniões de pré-campo, tendo como objetivos planejar as atividades e
discutir as estratégias que a equipe deverá possuir no momento da intervenção; em
seguida realizar as reuniões de pós-campo com o intuito de avaliar as atividades
executadas. Para o desenvolvimento das atividades na rua, é necessário que os
territórios sejam previamente estudados e mapeados pelas equipes, com o intuito de
observar as demandas que são prioridades de atenção de acordo com o número
maior de violência e de pessoas em situação de rua e/ou que fazem uso abusivo de
álcool e outras drogas. Esse mapeamento é articulado com as lideranças
comunitárias e com os agentes da rede básica de saúde (SILVA; FRAZÃO;
13

LINHARES, 2014).
Em decorrência das exposições apresentadas, vale ressaltar a
importância da implantação de eCnaR não somente em uma parte do território
municipal, mas em todo os demais territórios, pois é por meio desse serviço,
oferecido pelo Consultório na Rua, que o sujeito possui uma garantia de assistência
na saúde, sendo este serviço uma das portas de entrada para a Atenção Básica.

2.4 Composição dos profissionais da equipe de Consultório na Rua e suas


práticas

O Consultório na Rua (CnaR) parte da proposta de uma clínica ampliada


que tem como fundamentos básicos o acolhimento, o diálogo e a troca de olhares
entre as disciplinas para dentro e fora. Essa interdisciplinaridade possibilita uma
atenção integral aos usuários. Tendo uma visão mais ampliada de saúde, torna-se
favorável um olhar diferenciado da doença e da saúde. Essa visão auxilia em um
estudo mais detalhado do cenário de rua, dos personagens constituintes, da própria
equipe de profissionais que compõem esse serviço (BRASIL, 2012).
Assim como as Equipes de Saúde da Família, o CnaR está situado no
campo da Atenção Básica em Saúde e de estar norteado pela PNAB. De acordo
com Brasil (2012), a atenção básica se caracteriza como um conjunto de ações de
saúde, nas esferas individual e coletiva, envolvendo tanto a prevenção quanto a
promoção à saúde, a prevenção de agravos, abarcando também o diagnóstico, o
tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde. Tem
como principal objetivo desenvolver uma atenção integral de saúde coletiva e a
autonomia dos sujeitos, considerando-os em sua singularidade e inserção
sociocultural.
Segundo o Ministério da Saúde, estão entre as diretrizes dos CnaR
oferecer ações de prevenção, promoção e cuidados primários aos indivíduos em
situação de rua, constituindo-se como ampliador público dos elementos da rede de
atenção integral em saúde mental; promover ações que abarquem as diversas
formas de vulnerabilidade; ter como eixos o respeito às diferenças, o enfrentamento
do estigma, a promoção de direitos humanos e da inclusão social; e assegurar o
cuidado no território, no ponto de vista da integralidade, do trabalho em redes,
garantindo uma atenção diversificada aos usuários de álcool e outras drogas
14

(BRASIL, 2010).
A equipe de profissionais que compõe o CnaR deve organizar as
estratégias de trabalho que realizará em cada setor em que estiver instalada. Ao
conhecer o território e identificar as demandas, precisará promover momentos de
reuniões com a eCnaR e interequipes, como NASF, CAPs etc. A partir daí,
desenvolver e realizar planejamentos, discutir os casos, elaborar e acompanhar os
projetos terapêuticos singulares, que são fundamentais para a atenção integral à
saúde, a resolução das ações e a gestão do cuidado. Por se tratar de uma equipe
multiprofissional, duas novas categorias passaram a ser inseridas nesse serviço, o
agente social e o técnico de saúde bucal (BRASIL, 2012).
Os profissionais que compõem a eCnaR dividem-se em três modalidades,
a Modalidade I – deve ser formada minimamente por quatro profissionais, sendo
dois profissionais de nível médio e dois denível superior;A Modalidade II – esta
equipe deve ser formada minimamente por seis profissionais, sendo três de nível
médio e três de nível superior;E a Modalidade III – sendoformada por cinco
profissionais de nível superior e três de nível médio. As equipes deverão cumprir
uma carga horária de no mínimo trinta horas semanais (BRASIL, 2011).

2.5 Redução de Danos e o Consultório na Rua

Com base no que foi dito acima, uma das formas de se trabalhar com a
população em situação de rua é reduzir os danos causados a esses indivíduos por
estarem em situação de vulnerabilidade. A proposta de Redução de Danos (RD)
está em proporcionar uma reflexão ampliada sobre a possibilidade de diminuir os
danos causados a esses sujeitos pelo uso abusivo e nocivo de álcool e outras
drogas. A RD vem possibilitar informações adequadas sobre riscos, danos, práticas
seguras, saúde, cidadania e direitos, criando dessa forma melhores condições para
que as pessoas possam tomar decisões, buscar atendimento de saúde e estarem
inseridas socialmente em um contexto de garantias de direitos e cidadania
(TEIXEIRA; FONSECA, 2015).
Como política pública, a RD foi adotada primeiramente pela Prefeitura
Municipal de Santos no ano de 1989, Estado de São Paulo, junto ao Programa
Troca de Seringas (uma estratégia para diminuir os níveis de contaminação pelo
vírus da imunodeficiência humana – HIV em usuários de drogas injetáveis). Essa
15

estratégia foi alvo de oposição por amplos setores da sociedade, chegando a gerar
processos judiciais. Nessa época, a cidade de Santos apresentava altos índices de
infecção por HIV por via endovenosa, quando profissionais e gestores de saúde
ousaram permitir a distribuição para usuários de drogas injetáveis de hipoclorito de
sódio para higienização de seringas e agulhas, sendo alvo de processos jurídicos e
extrema resistência política (SAMPAIO; FREITAS, 2006).
Ao término desse processo conflituoso, um novo momento de ações para
RD foi proposto em 1994, em parceria com o Ministério da Saúde. O Programa de
Redução de Danos (PRD) nasce nas Universidades e nas Coordenações Municipal-
Estaduais de saúde, pois não existiam grupos organizados de usuários de drogas,
nem ONGs envolvidas com a temática da RD no Brasil. O processo de implantação
das ações ocorreu dentro das comunidades e fora das Unidades Básicas de Saúde
(UBS), ou seja, os profissionais que compunham a equipe do PRD, ao tentar
estabelecer contato com os usuários de drogas, observaram que esse grupo estava
praticamente ausente desses serviços ou era invisível para os profissionais de
saúde (SAMPAIO; FREITAS, 2006).
O Ministério da Saúde buscou intervir nas causas e efeitos do consumo
prejudicial das substâncias psicoativas, em conjunto com outras políticas sociais, por
intermédio das ações previstas no Plano Emergencial de Ampliação do Acesso ao
Tratamento e Prevenção em Álcool e outras Drogas no Sistema Único de Saúde -
SUS (PEAD 2009 – 2010), instituído pela Portaria nº 1190, de 04 de Junho de 2009,
e do Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas (PIEC), instituído
pelo Decreto Presidencial nº 7179 de 20 de maio de 2010. Tendo como foco reduzir
uma lacuna assistencial histórica das políticas de saúde, foi criado o Consultório na
Rua (CR), um importante dispositivo e componente da rede de atenção substitutiva
em saúde mental (BRASIL, 2010).
De acordo com Brasil (2012), quando se fizer necessário, deverá atuar
em parcerias com outras equipes que compõem a Unidade Básica de Saúde,
presente no território de atuação onde esse consultório se encontra atuante. Outros
pontos de atenção da rede de saúde também poderão ser articulados quando for
necessário. De acordo com a especificidade dessa população, a estratégia de RD
precisará ser transversal a todas as ações atuantes de saúde realizadas pela
equipe. Encontramos a definição das atribuições de cada categoria dos diferentes
profissionais da atenção básica na Política Nacional de Atenção Básica/Portaria nº
16

2.488; é de suma importância que se ressaltem algumas atribuições específicas


comuns aos membros da equipe do Consultório na Rua, dentre elas estão:
 Atendimento das demandas espontâneas ou identificadas pelo
profissional/equipe;
 Ter boa capacidade de estabelecer contatos e vínculos;
 Visão sistêmica;
 Adequação da linguagem, utilizando discursos apropriados à realidade do
usuário;
 Atuar sempre com disponibilidade para a escuta de forma ampliada e
diferenciada;
 Articulação com as equipes das UBS referentes ao território de abordagem
para encaminhamento e acompanhamento das demandas de saúde do
usuário;
 Atuar de forma proativa, estimulando o usuário ao autocuidado;
 Articulação com a rede de saúde;
 Articulação com outras redes sociais;
 Desenvolver atividades de educação em saúde;
 Evitar julgamentos, críticas e/ou opiniões sobre a situação de vida do usuário;
 Observar o “comportamento” do usuário e do grupo, objetivando a garantia da
sua segurança e da equipe;
 Observar o relato verbal e a comunicação não verbal do usuário;
 Registro com histórico do atendimento nos moldes da ESF;
 Atuar com estratégia de redução de danos;
 Fazer busca ativa de agravos prevalentes na rua, priorizando a tuberculose,
DST, hepatites virais, dermatoses, uso abusivo de álcool e outras drogas,
entre outros;
 Realizar atividades em grupo.
A Redução de Danos deve abarcar os três princípios norteadores do
SUS, que são eles: universalidade, equidade e resolutividade. Isso implica dizer que
é de suma importância garantir a universalidade do atendimento público em saúde,
ou seja, não estabelecer barreiras, condições prévias para que o cuidado se
estabeleça. No caso da equidade, ela vem como princípio da justiça, o SUS propõe
atender diferentemente os desiguais ou cada um de acordo com a sua necessidade
17

na assistência à saúde de determinados indivíduos e grupos da população. Segundo


o princípio da resolutividade, a RD é caracterizada como possibilidade de aumento
da capacidade da escuta, análise e ofertas de ações em saúde, sempre a partir e
em conjunto com o usuário, potencializando assim as chances de que as ações
propostas sejam mais próximas do possível para a sustentação pelo usuário e
também seu comprometimento com o seu processo de cuidado (TEIXEIRA;
FONSECA, 2015).
Quando se trabalha em uma perspectiva de reduzir danos, alguns limites
podem surgir no encontro de dois sujeitos, como afirmam Teixeira e Fonseca (2015,
p. 41-42):

Trabalhar numa lógica de redução de danos significa ter de encarar


abertamente os limites e possibilidades de incluir nas reflexões e
intervenções em saúde as dores, prazeres, desejos, ambiguidades,
contradições, alegrias, entre tantas outras coisas que podem surgir no
encontro de dois sujeitos e que podem nos levar muito mais além de
qualquer preceito moral que tenhamos, incidindo assim no que de mais
precioso pode existir na clínica, que é a possibilidade de criar diferentes
sentidos para vida.

Vale ressaltar que a estratégia de RD trabalha no enfoque de reduzir os


danos causados no sujeito visando à permissão destes para o processo, levando em
consideração a sua autonomia e integralidade enquanto sujeito de direitos e
deveres.

3 MÉTODO

3.1 Tipo de estudo

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva, analítica e exploratória.


Segundo Minayo (2010), a pesquisa qualitativa refere-se a uma questão particular e
se preocupa com as ciências sociais em um grau de realidade que não pode ser
quantificado. Neste tipo de pesquisa, trabalha-se com significados, motivos,
aspirações, crenças, valores e atitudes, correspondendo a um espaço mais profundo
das relações, dos procedimentos e dos fenômenos.

3.2 Sujeitos e cenário do estudo


18

Este estudo foi realizado no cenário de Rua do Município de São Luis –


MA. Para definição do universo da pesquisa, foi considerado pelo menos um
profissional da eCnaR do município, de cada categoria que a compunha. Assim,
foram entrevistados sete profissionais, das seguintes modalidades: enfermagem,
psicologia, serviço social, terapia ocupacional, medicina com especialidade em
psiquiatria e técnico em saúde bucal.

3.3 Coleta de dados

Para a coleta dos dados, foi utilizada técnica de entrevista


semiestruturada e dois instrumentos: um questionário estruturado, que contou com
perguntas fechadas, visando captar aspectos sociodemográficos dos sujeitos do
estudo; um roteiro de entrevista semiestruturada, que contou com perguntas
abertas, que segundo Minayo (2010) permite ao entrevistado discorrer sobre o tema
proposto, sem respostas ou condições pré-fixadas pelo pesquisador e ao
entrevistador realizar perguntas a partir de tópicos definidos previamente que levem
a uma maior compreensão do objeto de estudo.
As entrevistas foram gravadas após o conhecimento e consentimento
prévio dos entrevistados e posteriormente transcritas. Tanto a coleta de dados
quanto a transcrição foram realizadas pelos pesquisadores, por ser este um
momento.

3.4 Amostra

Em uma pesquisa de natureza qualitativa, o pesquisador preocupa-se


menos com a generalização e mais com o aprofundamento, a abrangência e a
diversidade no processo de compreensão do objeto em estudo. Por isso, apesar de
conhecermos o universo da pesquisa, descrito no tópico anterior, o número total de
entrevistados não foi conhecido a priori (MINAYO, 2010).
Seguiu-se, para a definição da amostra, o critério de saturação,
determinado pela repetição das falas. Segundo Fontanella, Ricas e Turato (2008),
na amostragem por saturação é suspensa a inclusão de novos participantes, quando
as informações obtidas passam a apresentar repetições, não sendo relevante
19

persistir na coleta de dados.

3.5 Análise dos dados

A análise das entrevistas foi realizada utilizando a Análise de Conteúdo,


na modalidade temática. Segundo Bardin (2003), a Análise de Conteúdo é um
conjunto de técnicas de análise de comunicação, visando obter, por procedimentos
sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores
(quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às
condições de produção/recepção destas mensagens.
A modalidade temática é uma das mais usadas na área da saúde em
pesquisa qualitativa. Pope e Mays (2009) colocam que, na Análise Temática o
pesquisador agrupa os dados por temas e examina todos os casos do estudo para
ter certeza de que todas as manifestações de cada tema foram incluídas e
comparadas.
Para realizar a análise dos dados, foram seguidos os seguintes passos,
propostos por Minayo (2010):
 Pré-análise: após a transcrição das entrevistas gravadas, as falas foram
transformadas em texto, com unidades de sentido e significado. Para a
apreensão das ideias centrais, a determinação das unidades de registro e a
constituição dos corpos, foram realizadas leituras exaustivas, flutuantes e
interrogativas de todo o material estudado.
 Fase de categorização-exploração do material: nesse momento o material foi
explorado, visando alcançar o núcleo de compreensão do texto. Para tanto,
foram procuradas expressões ou palavras significativas, em torno das quais
as falas se organizam, para se fazer a ordenação das categorias empíricas.
 Análise dos resultados e interpretação: a análise final sobre as categorias
empíricas encontradas exige um olhar mais profundo sobre estas, onde foram
realizadas inferências e interpretações, relacionando os núcleos de sentido
com o quadro em estudo. Esta última análise permite que se faça uma
interface entre o objeto de estudo e os dados encontrados, funcionando como
resposta para os objetivos propostos.

3.6 Considerações éticas


20

Este trabalho faz parte de um projeto maior intitulado “Percepções de


Profissionais e Usuários da Rede de Atenção Psicossocial acerca do
Desenvolvimento de Linhas de Cuidado em Saúde Mental”, que foi submetido ao
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Ceuma e aprovado sob parecer de nº
1.760.219. Esta pesquisa foi realizada de acordo com a Resolução CNS – MS
466/12 e preservou a identidade dos entrevistados, assegurando seu anonimato. As
entrevistas foram realizadas após assinatura do termo de consentimento livre e
esclarecido-TCLE.
Os resultados foram discutidos sob o referencial da portaria que define as
diretrizes de organização e funcionamento das equipes de Consultório na Rua,
saberes e práticas na atenção primária à saúde, manual sobre o cuidado à saúde
junto à população em situação de rua, sendo atreladas algumas intervenções que
estão na ótica da Redução de Danos.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Perfil sociodemográfico

Participaram deste estudo sete profissionais de categorias diferentes, com


idade entre 28 e 43 anos. Entre os entrevistados, apenas um era do sexo masculino,
a maioria declarou ser casado ou viver em união estável e apenas um não é natural
do Maranhão. Todos os profissionais de nível superior possuem pós-graduação,
mas apenas um tem tal formação voltada à área da atenção básica em saúde.
Considerando que o CnaR foi implantada há três anos no município, em relação ao
tempo de trabalho na equipe, o entrevistado que trabalha há menos tempo está há
oito meses e os demais trabalham na equipe há aproximadamente dois ou três anos.
Somente um entrevistado não possui outro vínculo empregatício, sendo que os
vínculos declarados variaram entre a docência, atuação em serviços de saúde
mental e outros serviços de saúde.
A partir da análise dos dados coletados, emergiram três grandes temas,
sob os quais os resultados serão organizados. São eles: “O Consultório na Rua é
Atenção Básica”, “O Consultório na Rua resgata a dignidade humana” e “O
Consultório na Rua não é um serviço à margem da Rede”. Os resultados foram
21

discutidos sob o referencial da portaria que define as diretrizes de organização e


funcionamento das equipes de Consultório na Rua, saberes e práticas na atenção
primária à saúde, manual sobre o cuidado à saúde junto à população em situação de
rua, sendo atreladas algumas intervenções que estão na ótica da Redução de
Danos.

4.2 O Consultório na Rua é Atenção Básica


Ao buscar a concepção dos profissionais da eCnaR acerca da saúde
mental na atenção básica, evidenciou-se que os profissionais atribuem que tudo que
eles fazem é saúde mental. Porém, houve uma dificuldade por parte dos
profissionais em correlacionar a saúde mental à atenção básica, já que no início de
sua criação o CnaRs e originou de um Programa voltado para o combate ao uso
nocivo de álcool e outras drogas. Por conta disso, foi corroborada certa preocupação
em deixar claro para o entrevistador que o CnaR não é só saúde mental, é também
atenção básica, na qual atendem todas as demandas de saúde primária, inclusive as
de transtornos, álcool e outras drogas
Quanto a essa dificuldade de compreensão da diferença do Consultório
“de” Rua e o “na” Rua, a fala de E07 revela: “(...) ainda faz essa confusão, porque
antes existia o Consultório “de” Rua, e hoje é “na” Rua (...) a saúde mental não deixa
de ser inserida (...).
Alguns autores irão discutir esse ponto do surgimento do Consultório “de”
Rua (CR) e a sua mudança para o Consultório “na” Rua (CnaR). Surgiu a partir da
experiência do consumo prejudicial de drogas, associada ao contexto
vulnerabilidade e a exclusão das pessoas em situação de rua, sendo observada a
inúmera incidência de consumo por essa população em situação de rua. O Ministério
de Saúde, em 2009, propôs que o Consultório de Rua fosse utilizado como
estratégia de um Plano Emergencial de Ampliação de acesso e tratamento e
prevenção em Álcool e outras Drogas no Sistema Único de Saúde e em 2010 foi
incorporado ao Plano Integrado de Enfretamento ao Crack e outras Drogas (JORGE,
2012).
Segundo Hallais e Barros (2015), o Consultório “de” Rua, passou a ser
“na” Rua, a partir das vivencias no cenário de rua, sendo verificado que o problema
não estava apenas no combate de álcool ou outras drogas, mas também
precisariam combater muitas outras demandas de saúde, como por exemplo,
22

tuberculose, AIDS, entre outros. Foi nesse momento que se percebeu a necessidade
de integrar o Consultório à RAPS, que visa desenvolver ações de atenção
psicossocial, tendo como base os fundamentos e as diretrizes estabelecidas pela
Política Nacional de Atenção Básica.
Foi possível identificar que os entrevistados atuam na perspectiva do
acolhimento, atendendo o sujeito em sua subjetividade e singularidade, respeitando-
o como ser de direito e deveres, acolhendo-o e desenvolvendo ações que o
considerem para além da doença; é através do trecho da fala de E01 que podemos
constatar isso: “(...) a pessoa estar ou não com transtorno mental, ela é uma pessoa
(...) buscar ações que sejam centradas na pessoa e não no problema psiquiátrico,
ou no problema de álcool (...)”.
Pode-se fazer ênfase à fala de Brasil (2013), quando defende que toda e
qualquer pessoa é um ser político,o qual possui direitos e deveres, isto é, quando o
sujeito não tem seus direitos de atendimento à saúde, há implicação no sentimento
de impotência neste contexto, ou até mesmo se considerar incapaz de ter seus
direitos ouvidos. O autor ainda relata a importância do acolhimento por parte das
equipes constituintes nas Unidades de Saúde, sendo este um dispositivo
fundamental no estabelecimento do vínculo com o usuário, estabelecendo o primeiro
contato de escuta para as suas aflições, tendo espaço para a exposição e o
oferecimento dos serviços.
Com base no que foi questionado pelo entrevistador, através das
experiências dos profissionais em campo, acerca dos motivos que fazem as pessoas
migrarem para as ruas, verificou-se que a maioria se dá por conflitos familiares,
baixa autoestima, perda de entes queridos, desemprego, problemas com álcool e/ou
outras drogas. Relacionamos o dito a fragmentar a fala de E03: “Álcool e outras
drogas, decorrentes dedesemprego, baixo autoestima, perda de vínculos familiares,
perda de algum ente querido (...)”
Araújo (2012) ressalta que existem diversos motivos que levam o sujeito a
migrar para as ruas, que não somente de álcool e/ou outras drogas, mas por
questões da falta de empregos formais, doenças mentais, os desastres sociais e
também os problemas familiares. Os autores Bulla, Mendes e Prates (2004)
compartilham da mesma visão, quando estes, consideram que há inúmeros fatores
que levam as pessoas a viverem nas ruas, não somente o uso de substâncias
psicoativas.
23

Tendo como embasamento o que foi identificado a partir das falas dos
profissionais, a equipe tem conseguido estabelecer o vínculo com essa população,
por estar sensível às necessidades desses sujeitos, não importando se estão sujos,
mal vestidos, doentes, ou “drogados”. Enxergando os seus usuários como pessoas,
como alguém que não está indiferente a eles, como pode ser evidenciado na fala a
seguir: E02 “(...) a saúde mental ta inserida no trabalho do Consultório na Rua, que é
o atendimento a essas pessoas, ações de orientação, os acompanhamentos que se
faz (...).
Podemos verificar também na visão de Louzada (2015) quando este
considera que os profissionais devem ser convidados a pensar e repensar sobre os
cuidados que se devem ter com a população em situação de rua, trazendo a
problematização dos modelos de atenção vigente, incorporando novas buscas de
conhecimentos referentes à atenção primária, fortalecendo os espaços a educação
constante, contribuindo para a criação de outras ações de cuidado dentro do
contexto de vida de cada usuário.

4.3 O Consultório na Rua resgata a dignidade humana

De acordo com os dados coletados da entrevista, foi verificado que o


Consultório na Rua atua na linha de cuidado como o serviço que favorece o acesso
do usuário à Rede de Atenção Psicossocial, sendo este considerado pelos
profissionais como o braço do SUS na rua, isto é, trabalha como porta de entrada
para outros pontos de atendimento da Rede, como pode ser correlacionada a fala de
E01: “(...) o Consultório na Rua ele é esse braço do SUS na rua (...)”
Podemos afirmar por Brasil (2011) que o CnaR é uma das portas de
entrada para os serviços de atenção básica, deve propiciar uma atenção longitudinal
e integral e também coordenar o cuidado dessa população, prestando serviços de
saúde de qualidade a esses indivíduos em situação de rua.
Hallais e Barros (2015) ressaltam que foi através da Portaria nº122, de 25
de Janeiro de 2012, publicada pelo Ministério da Saúde, no qual definiu as diretrizes
de organização e funcionamento das eCnaR como porta de entrada deste público de
situação de rua para os outros serviços de atenção.
Por meio das falas observadas dos entrevistados, pode-se perceber que a
eCnaR trabalha com o foco do regaste da dignidade humana, compreendendo o
24

sujeito em sua integralidade. No entanto, por mais que a eCnaR perceba o morador
de rua como pessoa, este ainda sofre muitos preconceitos e estigmas não somente
da população em geral, mas também dos serviços de saúde, como mostra a fala de
E03 “(...) a gente encontra dificuldade pra atendimento pros moradores de rua (...)
dentro das unidades, de funcionários das unidades”.
Faça-se referência ao dito a cima através da fala de Hallais e Barros
(2015) quando ressalta que é notória a presença de estigmas e preconceitos em
relação ao morador de rua dentro das unidades, por muitas vezes estarem sujos,
com mau cheiro, por estarem muitas vezes sobre o efeito da droga consumida.
Ainda dando ênfase às falas dos entrevistados, foi constatada a
dificuldade por parte dos demais serviços da Rede em compreender o trabalho do
CnaR, já que se trata de serviço novo dentro da RAPS. Os profissionais atrelam
essa dificuldade de compreensão também pela razão de troca constante de gestores
nas Unidades. Isso implica na dificuldade de articulação da equipe com esses
serviços, comprometendo o acesso do usuário, impossibilitando este da inserção e
do acompanhamento no processo de atendimento a partir das demandas existentes
de cada sujeito, é o que demonstra a fala de E07 “(...) mudanças de gestores
dificulta na divulgação dos serviços da equipe para outros serviços de saúde”.
Pode-se evidenciar de acordo com Teixeira e Fonseca (2015) sobre a
importância da comunicação entre os gestores constituintes das unidades que
compõem a Rede, no qual asseguram que é de grande valia que se invista em
gestores e trabalhadores que garantam a sustentabilidade das redes.
Com base nas falas dos dados coletadas ao longo da pesquisa, a linha de
cuidado está presente em toda atuação da eCnaR, pois eles atuam para além de um
simples encaminhamento ou uma simples orientação, estão sempre ouvindo os seus
usuários, para assim então desenvolver estratégia específica para alcançar a
universalidade, a equidade e a resolutividade de cada demanda. O seu trabalho tem
se caracterizado como o resgate do sujeito humano, o que pode ser percebido a
partir das falas de: E01 “(...)ela está dando voz aquela pessoa, ela ta dando
visibilidade aquela pessoa (...)”. E02 “(...) mesmo que ele use, mas que ele se
alimente que ele tome líquido (...)”. E04 “(...) o RG a gente tira deles”.
Conforme Franco (2003) a linha de cuidado só pode cuidar de fato do
usuário, se os serviços de saúde estiverem trabalhando de forma organizada nesse
processo, de maneira que haja o acolhimento dos usuários pelos profissionais das
25

unidades, o que implicaria dizer que, estes profissionais devem atender bem o
morador de rua, fazendo uma escuta qualificada conforme a sua demanda
específica, quando houver a necessidade de encaminhamento que se possa ter uma
articulação ativa e segura, ou seja, isso só será possível a Rede estiver atuando
embasada em Linha de Cuidado. O autor ainda enfatiza a importância que os
profissionais estabeleçam o vínculo entres seus usuários, com a finalidade de
acompanhá-los dentro da rede, se responsabilizando e procurando facilitar o seu
percurso dentro da rede.

4.4 O Consultório na Rua não é um serviço à margem da Rede

Conforme as análises dos dados coletados, a eCnaR reconhece o seu


lugar na RAPS, no entanto, essa compreensão de dispositivo constituinte da RAPS
se dá apenas pelos profissionais da equipe, pelos demais serviços de saúde não
ocorre essa compreensão, é por essa razão que não conseguem dar continuidade
aos atendimentos da população em situação de rua.
Em sua pesquisa sobre as análises das práticas das primeiras equipes de
CnaR do Rio de Janeiro, a autora Louzada (2015) evidenciou que os profissionais
relataram o grande esforço de promover o acesso e continuidade na rede de saúde
para seus usuários. Porém, estes encontravam inúmeras barreiras que
impossibilitavam a entrada dos usuários ou a permanência nas instituições de
saúde. Diante da coletada de dados ao longo da pesquisa, os profissionais relataram
que cumprem com seu papel no acolhimento, na construção do vínculo, tratamento
e acompanhamento dos casos, todavia, quando a eCnaR precisava acionar o nível
secundário e terciário, se deparavam em um limite de atuação, comprometendo a
integralidade da atenção e coordenação do cuidado, causando frustração e
sofrimento na equipe.
Os dados da pesquisa nos mostraram que por se tratar de um serviço que
tem como público o morador de rua, a eCnaR acaba se envolvendo nesse cenário
de estigmas e preconceitos. Por conta disso, torna-se difícil a articulação entre os
outros serviços de saúde. Faremos referência a falas de: E05 “... a gente percebe
que os profissionais lá, mesmo a gente explicando o quê que é o trabalho, ainda
havia uma resistência de aceitar aquilo. Eles poderiam até ter essa resistência em
falar com o usuário, mas com a gente não”.
26

Nos achados da pesquisa de Louzada (2015), esta encontrou em seus


resultados que os profissionais que atuavam com essa população em situação de
rua, se sentiam discriminados pelos outros serviços da rede, verbalizaram que a
falta de acolhimento e a sensibilidade da rede não é direcionado apenas aos
usuários, mas a eles também, ainda revelaram que muitas vezes foram barrados na
entrada dos serviços de saúde e/ou não conseguiram auxilio de outros órgãos em
situação de urgência.
Durante a pesquisa, a maioria dos entrevistados verbalizou que o
problema na articulação se dá principalmente por parte dos serviços do Estado, pois
estes possuem protocolo específico e rigoroso no oferecimento dos seus serviços,
podemos constatar nas falas a seguir:
E06 “(...) o CAPSad do Estado já é um pouco mais difícil. A gente já teve
pacientes que voltaram porque não tinham acompanhante...”. E02 “A abertura com
os serviços de saúde mental do Estado não temos muito. Já tivemos um usuário que
precisou acessar o serviço do CAPSad e tinha a necessidade de ele ter um
acompanhante(...)”.
Com base no que foi estabelecido por Brasil (2012), quando se fizer
necessário, o Consultório na Rua deverá atuar em parceria com outras equipes que
compõem a Unidade Básica de Saúde presente no território de atuação, onde esse
consultório se encontra atuante. Outros pontos de atenção da Rede de saúde
também poderão ser articulados quando for necessário. No entanto, mesmo
sabendo de toda essa teoria por trás dos serviços que precisam estar em contato
com os demais, na prática isso não acontece, alguns serviços de saúde têm grande
resistência ao acolhimento do morador de rua.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando os resultados coletados a partir da pesquisa, constatou-se


a existência da compreensão de que o Consultório na Rua está dentro da Atenção
Básica e é um serviço que também pode ser considerado como porta de entrada
para outros serviços da Rede. No entanto, verifica-se a dificuldade de compreensão
por parte dos entrevistados acerca da saúde mental como sendo parte da Atenção
Básica.
Embasando nisso, a eCnaR trabalha na perspectiva de linha de cuidado
27

em saúde mental, que vai desde o primeiro contato com o usuário, estabelecendo o
vínculo, o acolhimento e o acompanhamento deste. Todavia, não existe o
entendimento por parte do profissional sobre a definição de linha de cuidado, por
mais que este utilize como ferramenta de intervenção.
Por se tratar de um público que está à margem da sociedade, não
somente o usuário sofre preconceito, mas também a própria equipe que o
representa na Rede. Existe uma grande dificuldade na articulação com os outros
serviços, devido ao preconceito e estigma que circula entre os profissionais das
demais modalidades da Rede.
A divulgação do trabalho da eCnaR, tanto para a população em geral
quanto para os próprios profissionais da Rede,facilita o acesso do usuário aos outros
pontos de serviços, estabelecendo o acolhimento e a aceitação do sujeito em sua
singularidade e totalidade. Ressaltamos a importância do desenvolvimento de outras
pesquisas na área, com o intuito de promover melhores articulações, contribuindo
assim para a contemplação do sujeito em sua integralidade.

REFERÊNCIAS

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Consultórios de Rua do SUS. Ministério da Saúde/EPJN-FIOCRUZ: Brasília, p. 48,
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rua. Manual sobre o cuidado à saúde junto à população em situação de rua,
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28

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Desafios de uma Prática em Construção. Sau. & Transf. Soc., Florianópolis, v.3,
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LOUZADA, L. O. Análise das práticas das primeiras equipes de Consultório na


Rua do RJ: caminhos para o exercício da Clínica Ampliada na perspectiva dos
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Rio de Janeiro, 2015.

MINAYO, M. C. S. O Desafio do Conhecimento: Pesquisa Qualitativa em Saúde.


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população em situação de rua no Brasil 1995-2005. Dissertação de mestrado em
Política Social, Universidade de Brasília, 2006.

TEIXEIRA, M.; FONSECA, Z. Saberes e Práticas na Atenção Primária à Saúde:


cuidado à população em situação de rua e usuários de álcool, crack e outras drogas.
São Paulo: Hucitec, 2015.
30

ANEXOS
31

APÊNDICE A – TCC – Questionário estruturado – Perfil Sociodemográfico dos


Usuários entrevistados
UNIVERSIDADE CEUMA
COORDENAÇÃO DE PSICOLOGIA
LINHAS DE CUIDADO EM SAÚDE MENTAL: O CONSULTÓRIO NA RUA NA
PERCEPÇÃO DA EQUIPE
CÓDIGO______________
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Nome:
_______________________________________________________________

1. Gênero: ( ) Masculino ( ) Feminino 2. Idade: ____________

3. Estado Civil: ( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Divorciado ( ) Viúvo ( ) União


consensual

4. Naturalidade: __________5. Cidade:_____________________

6. Religião ________________

7. Escolaridade: ( ) Nível Fundamental ( ) Nível Médio ( ) Superior Completo ( )


Superior Incompleto ( ) Pós-graduação

8. Faz acompanhamento no CAPS há quanto tempo? ___________________

9. Já esteve internado em algum serviço de saúde mental? ( ) Não ( ) Sim.


Quantas vezes e por quanto tempo? ___________________________

10. Tem emprego? ( ) SIM ( ) NÃO Ocupação:


______________________________
11. Renda Mensal: ________________
32

APÊNDICE B – TCC – Roteiro de entrevista semiestruturada dos usuários da rede


de atenção psicossocial

UNIVERSIDADE CEUMA
COORDENAÇÃO DE PSICOLOGIA
LINHAS DE CUIDADO EM SAÚDE MENTAL: O CONSULTÓRIO NA RUA NA
PERCEPÇÃO DA EQUIPE

Avaliação Subjetiva da Percepção de profissionais da Atenção Básica em Avaliação


sobre o desenvolvimento de linhas de cuidado em saúde mental

1. Percepção de saúde mental no âmbito da Atenção Básica.


2. Conhecimento e práticas referentes às linhas de cuidado em saúde mental.
3. Orientação e encaminhamentos dados aos usuários em sofrimento psíquico da
comunidade.
33

APÊNDICE C – TCC – Perfil sociodemográfico dos entrevistados


34

Apêndice D – TCC – Termo de Consentimento Livre e Esclaredido

UNIVERSIDADE CEUMA
COORDENAÇÃO DE PSICOLOGIA
COMITÉ DE ÉTICA EM PESQUISA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO I

INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA:


Título do Projeto: Percepções de Profissionais e Usuários da Rede de Atenção Psicossocial acerca
do Desenvolvimento de Linhas de Cuidado em Saúde Mental.
Pesquisador Responsável: Profª. Ma Mae Soares da Silva
Telefone para contato: (98) 3214-4135 / 98114-2314
Pesquisadora participante: Anny Carollyne Soares dos Santos (98148-1730), Esdras Alves Mota
leite (98145-8027) Joceline Conrado da Silva (98146-6678), José Cláudio Oliveira Neto (98129-4355),
Kesia Costa Leite (98320-0134), Liana Mara Amaral Feitosa (98158-3670), Morganna Ferreira de
Siqueira (98473-8633), Rafaela Soares Mendes (98424-4812), Patrícia Figueredo Nardaci (98287-
1038) (alunos do curso de Psicologia da Universidade do CEUMA).

O Sr(a) está sendo convidado(a) como voluntário(a) a participar da pesquisa Percepções de


Profissionais e Usuários da Rede de Atenção Psicossocial acerca do Desenvolvimento de
Linhas de Cuidado em Saúde Mental, na condição de profissional da Rede de serviços em saúde.
Conhecer a percepção de profissionais e usuários da rede de atenção psicossocial acerca do
desenvolvimento de linhas de cuidado em saúde mental. Para tanto, pretende caracterizar o perfil
sociodemografico dos entrevistados; investigar os conhecimentos e práticas dos profissionais da
Atenção Básica, dos CAPS e do serviço hospitalar de urgência e emergência de referência em saúde
menta referentes às linhas de cuidado em saúde mental avaliar os conhecimentos e práticas de
profissionais l referentes às linhas de cuidado nessa área; conhecer as percepções de usuários dos
CAPS sobre o trajeto feito pelos mesmos na Rede de Atenção Psicossocial. A coleta de dados será
realizada a partir da técnica de entrevista e dos instrumentos questionário estruturado e roteiro de
entrevista semiestruturada. A entrevista será gravada. Em nenhum momento o Sr(a) será
identificado(a). Mesmo após a publicação dos resultados, a sua identidade será preservada. Você
não terá nenhum gasto e nenhum ganho financeiro por participar desta pesquisa. Considerando que
nesta pesquisa serão realizadas entrevistas para a coleta de dados, entende-se como risco a
possibilidade dos entrevistados sentirem-se desconfortáveis no processo. Diante deste fato, o Sr(a)
poderá interromper a entrevista a qualquer momento, sendo prestado acolhimento e escuta
qualificada. Como benefícios serão discutidas estratégias de comunicação e articulação dos
diferentes pontos da Rede de Atenção Psicossocial. No caso do Sr(a) aceitar fazer parte do estudo,
assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador
responsável. A qualquer momento poderei solicitar novas informações e modificar minha decisão de
participar se assim o desejar Em caso de recusa o Sr(a) não será penalizado(a) de forma alguma.

Local e data ___________________, _______/_______/______


Entrevistado:___________________________________________ RG: ________________

Entrevistador: _____________________________________________
Em caso de dúvidas a respeito dos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar o Comitê de
Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade CEUMA. Telefone CEP Universidade CEUMA: (98)
3214-4212
Endereço CEP Universidade CEUMA: Rua Josué Montello, No 01 – Renascença II – CEP: 65075-
120 – São Luis – MA.
35

ANEXOS
36

ANEXO A – Termo de aceite

Eu, Mae Soares da Silva, professor (a) desta Universidade, lotado (a) na
Coordenadoria do Curso de Psicologia, aceito orientar o discente KESIA COSTA
LEITE, matrícula n.º 018273, na elaboração do seu TCC, cujo projeto é intitulado
LINHAS DE CUIDADO EM SAÚDE MENTAL: O CONSULTÓRIO NA RUA NA
PERCEPÇÃO DA EQUIPE
Ressalta-se que os direitos e deveres do discente e do orientador seguem
o estabelecido nas Resoluções específicas do CEPE e do Curso de Psicologia, que
dispõe sobre o TCC.
Nome do (a) aluno (a): KESIA COSTA LEITE CPD: 018273

Coordenadoria do Curso de Psicologia___________________,


Declaro, na oportunidade, conhecer o cronograma de trabalho da
Coordenadoria do Curso, comprometo-me a elaborar o Projeto do Trabalho de
Conclusão de Curso dentro dos prazos e normas estipulados.
Atenciosamente,

_______________________________________
Assinatura do (a) aluno (a)

ACEITE DO (A) ORIENTADOR(A):

_______________________________________________
Assinatura do (a) orientador (a)

São Luís, ____ de novembro de 2017.


37

ANEXO B - Projeto de TCC – Aprovação

Aluno (a): KESIA COSTA LEITE CPD:018273

Orientador (a): Mae Soares da Silva

Título do Projeto: LINHAS DE CUIDADO EM SAÚDE MENTAL: O CONSULTÓRIO


NA RUA NA PERCEPÇÃO DA EQUIPE

Ao Docente da Disciplina Trabalho de Conclusão de Curso,

Prof. Mae Soares da Silva


Tendo acompanhado a elaboração e examinado a versão final do projeto de
Trabalho de Conclusão de Curso realizado, considero-o satisfatório e recomendo
sua aprovação.

Atenciosamente,

_________________________________
Assinatura do (a) Orientador (a)
38

São Luís, ___ de novembro de 2017.

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