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Texto 7 - TERRITÓRIO DA DIVERGÊNCIA E DA CONFUSÃO. Souza, 2009.
Texto 7 - TERRITÓRIO DA DIVERGÊNCIA E DA CONFUSÃO. Souza, 2009.
(ORGANIZADORES)
TERRITÓRIOS E TERRITORIALIDADES:
TEORIAS, PROCESSOS E CONFLITOS
1ª. edição
Editora Expressão Popular
São Paulo – 2009
Copyright © 2009 Universidade Estadual Paulista (UNESP)
Faculdade de Ciências e Tecnologia
Campus de Presidente Prudente – SP
Programa de Pós-Graduação em Geografia
A coleção Geografia em Movimento tem Conselho Editorial indicado pela coordenação do Programa de
Pós-Graduação em Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia – FCT da Universidade Estadual
Paulista – UNESP, campus de Presidente Prudente. Por essa razão, suas publicações podem se diferenciar da
linha editorial da Editora Expressão Popular.
Conselho Editorial:
Bernardo Mançano Fernandes (presidente)
Eliseu Savério Spósito
Flávia Akemi Ikuta
João Lima Sant’Anna Neto
Vários autores.
Indexado em GeoDados - http://www.geodados.uem.br
ISBN 978-85-7743-XXX-X
Prefácio
Maria Encarnação Beltrão Sposito 7
Apresentação 11
O desenvolvimento local:
contextos nacionais em confronto
Egidio Dansero
Paolo Giaccaria
Francesca Governa 249
Palavras iniciais
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poder que estaria em primeiro plano ou que seria a mais imediatamente vi-
sível, mas sim a das identidades, das intersubjetividades e das trocas simbóli-
cas, por trás da construção de imagens e sentidos de “lugar” enquanto espa-
cialidade vivida e percebida, dotada de significado, marcada por “topofilias”
(e “topofobias”)… O que não significaria sugerir que a dimensão do poder
(sob a forma de heteronomia − as assimetrias, os conflitos, a dominação − ou
sob a forma de autonomia − a simetria, o consenso livre de coerção) não de-
veria ser considerada! Uma região ou um bairro são, enquanto tais, espaços
definidos, basicamente, por identidades e intersubjetividades compartilha-
das; são, portanto, “lugares”, espaços vividos e percebidos. Mas uma região
e um bairro também podem ser nitidamente ou intensamente territórios, em
função de regionalismos e bairrismos, ou mesmo porque foram “reconheci-
dos” pelo aparelho de Estado como unidades espaciais formais a serviço de
sua administração ou de seu planejamento, ou ainda porque movimentos
sociais ali passaram a exercer, fortemente, um contrapoder insurgente. Am-
bos, região e bairro, podem ser, aliás, até mesmo estudados privilegiando-se
o exercício do poder, apesar de, teórico-conceitualmente, essa não ser a ca-
racterística definidora primária desses tipos de recorte espacial.
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Aqui, o primeiro mal-entendido a ser desfeito tem a ver com uma redu-
ção do poder a algo mau, ruim. Tanto no senso comum − resultado, especial-
mente em países periféricos e semiperiféricos, de sua diária experiência com
um poder estatal corrupto e desmoralizado − quanto na tradição anarquista
do século XIX, o poder é visto como algo que, em si mesmo, é sempre dig-
no de suspeição e mesmo de desprezo e rejeição. O poder estatal é, nos dois
casos, abusivamente tomado como sinônimo e paradigma do poder em geral.
Tal posição constitui uma hipersimplificação e uma perigosa distorção.
O poder implica, evidentemente, a capacidade de estabelecer normas
e de fazê-las cumprir, sob pena de sanções morais ou materiais. Mas essa
capacidade não precisa ser exercida apenas por uma instância de poder que
encarne uma separação estrutural entre dominantes e dominados, entre di-
rigentes e dirigidos, sendo a expressão de uma divisão de classes e de uma
assimetria estrutural de poder entre grupos sociais − como é o caso do apare-
lho de Estado. A heteronomia, ou seja, a imposição da “lei” (no sentido am-
plo da palavra grega nómos: lei, norma, costume) de cima para baixo e/ou de
fora para dentro, é aquela situação com a qual a humanidade mais freqüen-
temente se viu confrontada; apesar disso, não é a única possibilidade, nem é
uma inevitabilidade decorrente de qualquer “lei natural”. A autonomia, isto
é, a capacidade de um grupo de “dar a si próprio a lei” (em outras palavras,
de autogerir-se e autogovernar-se, livre de hierarquias institucionalizadas e
assimetrias estruturais de poder e da atribuição da legitimidade do poder a
alguma fonte transcendental e externa ao grupo), pode ser uma construção
difícil e delicada, mas já teve lugar inúmeras vezes ao longo da história, em
várias escalas espaciais e temporais: dos dois séculos da democracia ateniense
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Referências
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