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Junho/2015
Fadiga em trabalhadores de centrais
térmicas da EDP na Região Centro
Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Saúde Ocupacional
Autora
Maria António Neves Rêgo de Lemos Gomes
Orientador
Prof. Doutor Carlos Fontes Ribeiro
Que solução, porém, pode haver para os problemas que a não têm?
Porque viajar circularmente ou na repetição de Sísifo, é insistir no que
previamente se julga vão.
Com a pequena diferença, todavia, de que às pisadas repetidas o caminho
endureceu… É assim mais fácil que os nossos pés se firmem no terreno em que
primeiro se tinham embaraçado.
Vergílio Ferreira, «Aparição»
Agradecimentos
Agradecimentos
A Maria da Luz Vale Dias, pelo apoio e entusiasmo que soube transmitir.
Resumo
O presente estudo visa analisar a percepção da fadiga numa população de trabalhadores
por turnos das centrais de produção termoeléctrica da Região Centro pertencentes à EDP
(Energias De Portugal).
O seu principal objectivo é a avaliação da percepção da fadiga em trabalhadores por
turnos. Esta avaliação é feita de forma absoluta, bem como comparativa, relativamente a
uma população que, trabalhando no mesmo sector, não realiza trabalho por turnos.
A motivação para a realização deste estudo partiu de trabalho anterior de
acompanhamento destes trabalhadores, no qual se percepcionaram queixas relacionadas
com a execução de trabalho por turnos. Assim, resolveu-se estudar, de forma
sistematizada e quantitativa, a real dimensão do problema, pretendendo-se com a
informação recolhida e analisada nesta dissertação recomendar formas de melhorar o
acompanhamento regular dos trabalhadores em causa, quer seja no contexto de Exames
Periódicos de Medicina do Trabalho, quer seja contribuindo para a organização do
trabalho ou dinamizando acções de sensibilização e de educação para a saúde.
A fadiga em trabalhadores por turnos tem, desde sempre, vindo a ser reconhecida como
um importante factor a ter em conta na sua saúde e bem-estar, no seu desempenho e
produtividade, bem como na sinistralidade laboral.
A revisão bibliográfica feita aponta para que os trabalhadores por turnos apresentem,
com maior prevalência: fadiga, alterações do sono, interferência na vida pessoal e
familiar, agravamento de patologias já conhecidas, aumento do risco para o
desenvolvimento de patologias gastrointestinais, cardiovasculares e relacionadas com a
gestação.
Para a avaliação da fadiga nesta população foram aplicados dois questionários, CIS
(Checklist Individual Strenght) e OFER (Occupational Fatigue Exhaustion/Recovery Scale),
tanto a trabalhadores por turnos como a outros trabalhadores, publicados na literatura,
cada um contando com vinte questões de auto-preenchimento, sendo que o primeiro
conta com quatro dimensões e o segundo com três.
Foi realizada análise estatística dos dados obtidos, utilizando testes não paramétricos
(Mann-Whitney) para comparar, entre trabalhadores por turnos e outros, os resultados
nas diferentes dimensões, recorrendo-se a uma correcção de Bonferroni para controlar o
nível de significância global de 0.05. As consistências internas nas dimensões dos
questionários foram avaliadas recorrendo ao α de Cronbach.
Os resultados obtidos mostraram diferenças estatisticamente significativas entre o grupo
de trabalhadores por turnos e os de trabalhadores que não fazem turnos, na aplicação do
questionário CIS, considerando as suas quatro dimensões (severidade da fadiga,
problemas de concentração, diminuição da motivação, exercício físico), mostrando maior
gravidade no primeiro grupo.
Relativamente ao questionário OFER, e às suas três dimensões (fadiga aguda, fadiga
crónica, recuperação entre turnos), os resultados indicam uma diferença estatisticamente
significativa na gravidade percepcionada entre os grupos analisados, sendo de maior
dimensão no primeiro grupo (trabalhadores por turnos).
Conclui-se, assim, que para a amostra estudada, há associação positiva entre a realização
de trabalho por turnos e a percepção e medição de fadiga.
Resulta deste trabalho um conjunto de remodelações a considerar, destacando-se a
necessidade de implementar um controlo mais rigoroso dos sintomas relacionados com
fadiga destes trabalhadores, reunir com chefias e responsáveis para contribuir para uma
melhor organização do trabalho e incrementar a dinamização da sensibilização dos
trabalhadores para esta problemática, bem como relativamente a estratégias que visem
melhorar a capacidade de tolerância a este tipo de trabalho.
Abstract
The presente study focuses on analysing the perception of fatigue amongst a group of
shift workers from thermoelectric power plants located in the central region of Portugal,
all belonging to EDP (Energias De Portugal).
Here, the main objective is to evaluate these worker’s fatigue perception. This evaluation
is conducted in absolute terms in addiction to a comparison with with workers that, albeit
working in the same sector, do not perform shift work.
The main driver motivating this study is the perception of complaints from shiftworkers
which arise from previous work where the latter were followed. This perception is now
quantified by means of surveys. It is meant that the information extracted from these will
allow for improved guidelines for the medical follow up of shift workers, hence
contributing to a better organisation of work and promoting education for health.
The data obtained, expressing the diferente dimensions, were statistically analised, using
non-parametric tests (Mann-Whitney), and Bonferroni’s correction, for controlling a
global significance level of 0.05. The internal consistencies of the dimensions of the
questionnaires were evaluated using Cronbach’s α.
The results show statistically significant differences between shiftworkers and non-
shiftworkers, when applying the CIS questionnaire, considering its four dimensions
(fatigue severity, concentration problems, decreased motivation and diminuished physical
activity), with shiftworkersissuing more complaints.
When considering the OFER questionnaire, and its three dimensions (acute fatigue,
chronic fatigue and intershif recovery), results indicate a statistically significant difference
between the two groups of workers (shiftworkers and non-shiftworkers) when perceiving
fatigueagain refering shiftworkers more.
Overall, the results show a positive association between shiftwork and the perceived and
measured fatigue.
Índice
ÍNDICE DE FIGURAS ................................................................................................... vii
ÍNDICE DE QUADROS ................................................................................................ viii
ÍNDICE DE TABELAS ................................................................................................... ix
SIGLAS .............................................................................................................................x
1. INTRODUÇÃO E PERTINÊNCIA DO ESTUDO .....................................................1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................3
2.1. Introdução............................................................................................................3
2.2. Trabalho por turnos..............................................................................................4
2.3. Fadiga ................................................................................................................ 11
2.3.1. Porquê medir a fadiga? ...............................................................................26
2.4. Trabalho por turnos e fadiga efeitos na saúde e vida de relação do trabalhador ... 28
2.4.1. Alterações do sono ...................................................................................... 29
2.4.2. Sistema digestivo ........................................................................................ 32
2.4.3. Sistema cardiovascular ................................................................................ 32
2.4.4. Psiquismo ................................................................................................... 32
2.4.5. Outros efeitos na saúde ...............................................................................33
2.4.6. Efeitos na vida pessoal e de relação ............................................................ 33
2.5. Gestão do trabalho por turnos e fadiga ............................................................... 34
2.5.1. Organização do trabalho .............................................................................34
2.5.2. Vigilância médica de trabalhadores por turnos ............................................ 42
3. OBJECTIVOS DO ESTUDO ................................................................................... 52
4. MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 54
5. RESULTADOS ........................................................................................................ 59
6. DISCUSSÃO ...........................................................................................................68
7. CONCLUSÕES ....................................................................................................... 74
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................................76
ANEXOS ......................................................................................................................... 85
ÍNDICE DE FIGURAS
Fig. 5 – Actividade física diminuída (trabalhadores por turnos e outros trabalhadores) …57
Fig. 6 - Mediana das respostas dos trabalhadores às quatro dimensões do inquérito CIS
(normalizadas ao número de perguntas) ……………………………………………………………………….58
Fig. 9 – Recuperação entre turnos (trabalhadores por turnos e outros trabalhadores) ….60
Fig.10 - Mediana das respostas dos trabalhadores às quatro dimensões do inquérito CIS
(normalizadas ao número de perguntas) ………………………………………………………………….……62
ÍNDICE DE QUADROS
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1. Mediana das respostas dos trabalhadores às quatro dimensões do inquérito CIS
(normalizadas ao número de perguntas) …………………………………………………………………….…58
Tabela 2. Mediana das respostas dos trabalhadores às três dimensões do inquérito CIS
(normalizadas ao número de perguntas) ………………………………………………………………………62
SIGLAS
Considerando que a própria Autora tem vindo, ao longo da sua carreira profissional, a
desempenhar funções que exigem o trabalho por turnos, este facto torna-a conhecedora
das condicionantes da realização deste tipo de trabalho.
Foi assim, como trabalhadora e como Médica do Trabalho, que resolveu estudar a
população que segue e que executa trabalho por turnos, no que concerne à queixa mais
verbalizada por este grupo de trabalhadores – a fadiga.
Pretende avaliar como é que a fadiga é percebida pela população estudada, e se, nesta
população, se verificam diferenças entre os trabalhadores que executam trabalho por
turnos e aquelas que trabalham de acordo com um horário convencional, relativamente à
fadiga.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Introdução
Neste capítulo pretende-se dar a conhecer o estado da arte sobre a temática do presente
trabalho.
Por uma questão de organização, optou-se por subdividir este capítulo em quatro
subcapítulos, seguindo uma sequência que pareceu ser a mais lógica.
DEFINIÇÃO
IMPACTO
O trabalho por turnos, que é executado por 17% da força laboral europeia (Eurofound
(2012), Fifth European Working Conditions Survey, Publications Office of the European
Union, Luxembourg), tem-se vindo a impor como necessário à sociedade; esta
necessidade justifica-se com a organização da sociedade em “24 horas”, o funcionamento
de serviços básicos, essenciais (forças de segurança, serviços básicos, saúde), indústrias
cujo processo de produção seja longo, superior a 8 horas e necessariamente contínuo
(para ser lucrativo), indução de trabalho 24 horas noutros sectores, fornecedores da
indústria.
Wright Jr. et al. (2013) afirmam que o trabalho por turnos é prevalente, indicando 20% do
total da força laboral mundial como cumprindo este tipo de organização do trabalho. Este
autor chama, ainda, a atenção para o facto de os trabalhadores por turnos estarem em
risco de sofrer do Distúrbio do Sono Relacionado com Trabalho por Turnos (SWD – Shift
Work Disorder).
Existe cada vez mais evidência que comprova que os horários por turnos têm um impacto
negativo na fisiologia, saúde e segurança do trabalhador.
Øyane et al. (2013), num estudo conduzido num grupo de enfermeiros noruegueses,
chegam à conclusão que há uma associação positiva entre o desempenho de trabalho
nocturno e a fadiga crónica. Não se verificou, na amostra estudada por Øyane et al.,
evidência de efeito cumulativo entre o número de turnos nocturnos executados e a
fadiga.
Qualquer tipo de trabalho por turnos pode provocar perda de sono, mas esta perda é
especialmente pronunciada em escalas que incluam turnos nocturnos, já que os
trabalhadores, no final de um turno nocturno, se deitam quando os seus ritmos diurnos
promovem o estado de vigília. Assim, a perturbação do sono é o sintoma mais desafiante
entre os trabalhadores por turnos.
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
O trabalho por turnos pode ser analisado segundo alguns parâmetros, como sejam:
horário do turno (manhã, tarde, noite), duração do turno, quantidade de turnos antes do
descanso, dias de descanso aos fins-de-semana, probabilidade de trabalho extraordinário,
descanso entre turnos, pausas durante os turnos, previsibilidade e regularidade do
horário de trabalho.
Não há horários por turnos ideais. O ideal, para a maioria da população, seria não haver
trabalho que interferisse com um dia “normal”, não perturbando os ritmos circadianos, a
vida familiar e social, os tempos de lazer.
Vários estudos vêm provar que não é indiferente a construção do horário de trabalho,
como não são indiferentes as características pessoais de cada trabalhador.
Estes autores recomendam que a planificação de horários seja a que permita dias de
intervalo entre diferentes tipos de turnos, por forma a ser possível ao trabalhador a
recuperação das alterações infligidas aos ritmos circadianos; são, ainda, aconselhadas as
pausas regulares.
Verifica-se menor incidência de problemas e de dessincronose em trabalhadores que
tenham um padrão de trabalho regular.
Em regra, os ritmos circadianos dos trabalhadores por turnos ficam ajustados após cerca
de quatro a cinco jornadas, especialmente se se verificar uma transição do turno de dia
para o nocturno.
Aconselham a rotação anterógrada (manhã -> tarde -> noite) dos turnos, evitar horários
prolongados, fazer pausas frequentes e sensibilizar os trabalhadores para a premência da
higiene do sono.
Jackson e Moreton (2013) defendem que as pessoas que trabalham em turnos nocturnos
estão sujeitas a perturbações dos ritmos circadianos corporais, como sejam: padrões de
sono-vigília, temperatura corporal central e níveis hormonais. Dos muitos efeitos
deletérios relacionados com a saúde, a alteração do sono é o mais comum. A combinação
do desequilíbrio no ritmo circadiano e da fadiga aumenta o risco de tomar decisões
inadequadas, cometer erros e sofrer acidentes.
HORÁRIOS DE TRABALHO
Rotativo: a adaptação a este tipo de horário pode revelar-se mais difícil, já que o
horário é inconstante; verifica-se, neste grupo de trabalhadores, que há mais
queixas do foro físico e psicológico.
TRABALHO E FISIOLOGIA
RITMO CIRCADIANO
Os ritmos circadianos são os processos fisiológicos que ocorrem com uma frequência de
cerca de 24 horas, ou seja “ao longo do dia [de 24 horas] ”. De forma mais simples,
poderemos dizer que corresponde ao ritmo de funcionamento do corpo humano.
Verifica-se maior actividade corporal durante o dia, o que corresponde aos processos
produtivos (fase ergotrópica); assim, e a título de exemplo, podemos citar funções
CRONOTIPO
Quanto ao cronotipo (o tipo de ritmo de cada indivíduo, no que concerne aos horários em
que, preferencialmente, desempenha as suas actividades), há a considerar três
possibilidades: cronotipo matutino (“cotovias”), cronotipo vespertino (“corujas”) e
cronotipo indiferente.
Os indivíduos de cronotipo matutino têm tendência a levantar-se cedo, atingindo a sua
maior produtividade durante a manhã e início da tarde. Preferem deitar-se igualmente
cedo.
Os indivíduos de cronotipo vespertino preferem deitar-se e levantar-se tarde, tendo
melhor desempenho durante a tarde e a noite.
O ritmo circadiano interno vai afectar o estado de alerta. Quando se trabalha no turno da
noite, e admitindo um cronotipo intermédio, estaremos a faze-lo quando o nosso ritmo
interno é lento e a descansar quando é elevado. O ponto de baixa actividade afecta a
capacidade de concentração, afectando o desempenho, a produtividade e a segurança.
DESSINCRONOSE
problemas digestivos;
perturbações na vida familiar e social.
Saksvik et al. (2010) promoveram uma revisão sistemática sobre o conceito “tolerância a
trabalho por turnos”, inicialmente introduzido em 1979 por Andlauer et al..
O conceito assenta na capacidade de adaptação ao trabalho por turnos, sem que dessa
adaptação advenham consequências adversas. Foi operacionalizado mediante a ausência
de problemas habitualmente associados ao trabalho por turnos, como alterações
digestivas, fadiga persistente e alterações do sono. Chegaram à conclusão que, de uma
forma geral, idades mais jovens, género masculino, cronotipo vespertino, estado mental
equilibrado e auto-confiança se relacionam com uma maior tolerância ao trabalho por
turnos. Encontraram evidência em como a idade crítica para reduzida tolerância ao
trabalho por turnos se situa entre os 40 e os 50 anos. No entanto, poderão encontrar-se
casos em que trabalhadores mais velhos revelam altos índices de tolerância ao trabalho
por turnos; a explicação mais consistente assenta no “efeito do trabalhador por turnos
saudável”: indivíduos saudáveis, que lidam bem com o trabalho por turnos e desejam
continuar a trabalhar por turnos. Por outro lado, este grupo de trabalhadores tende a ter
uma escala de serviço menos exigente, não sendo, assim, as exigências tão marcadas.
2.3. Fadiga
São várias as definições propostas, próximas entre si, mas não coincidentes. A título
ilustrativo, elaborou-se o quadro seguinte, incluindo algumas definições propostas.
CONCEITO
CATEGORIZAÇÃO DO CONCEITO
Grandjean (1998) defende que há distinção evidente entre duas das categorizações de
fadiga: a muscular e a generalizada; esta distinção relaciona-se com a duração no tempo,
com os mecanismos biológicos e com as sensações que provocam.
Van Dijk e Swaen (2003) afirmam que cerca de 20% da população trabalhadora reporta
sintomas que se situam sob o conceito de fadiga. Após a execução do trabalho, é de
esperar a presença de algum grau de fadiga, que será compensada por contrapartidas
sociais e económicas.
FADIGA AGUDA
A fadiga aguda pode ser considerada como um mecanismo protector do corpo humano.
Sabemos que “a sensação de cansaço (…) é dolorosa quando não nos concedemos
repouso” (Grandjean, 1998); mas esta sensação desconfortável é aquela que nos faz
procurar o repouso, a fim de restabelecer o equilíbrio fisiológico e psicológico.
Tal como outros mecanismos fisiológicos (sede, fome, sono), a sensação de cansaço
constitui um mecanismo de protecção do organismo, a fim de evitar sobrecargas que
sejam nocivas, bem como para propiciar que os processos normais de restabelecimento
do organismo tenham lugar.
FADIGA GENERALIZADA/CRÓNICA
Retemperado, Estimulado,
Sono Cansado, Descansado, Estado de
Sono leve atento, muito
profundo desatento tranquilo alerta
motivado atento
De acordo com o CCOHS, a fadiga pode ser potenciada pelas seguintes condições:
iluminação fraca;
acuidade visual limitada;
temperaturas elevadas;
ambiente ruidoso;
elevado nível de conforto;
tarefas que tenham de ser desempenhadas durante longos períodos de tempo;
tarefas demoradas, repetitivas, ritmadas, difíceis, maçadoras e monótonas.
Esta mesma situação é ilustrada pelo “modelo do balde” (bucket model), referido em
várias publicações, como a International Labour Organization Encyclopaedia of
Occupational Health and Safety ou Hill (2003).
O MODELO DO BALDE
O modelo do balde sobre a fadiga usa a imagem de um balde, com fontes que contribuem
para o seu enchimento, e com vazadouros que levam à sua depleção; a analogia
relativamente à fadiga é feita da seguinte forma:
verificam-se eventos ou situações na nossa vida que contribuem para encher o
balde (organização do trabalho, oportunidades para progredir na carreira,
satisfação pessoal, recuperação após o trabalho, sono, actividades de lazer, estilos
de vida saudáveis, nutrição adequada);
outros eventos/situações vão contribuir para esvaziar o balde (esforço mental e
físico excessivo, ambiente de trabalho desfavorável, interacções sociais e
preocupações, estados patológicos, necessidades organizacionais do trabalho).
Caso o balde seja esvaziado mais depressa do que consegue ser enchido, estaremos
perante uma situação em que há um desequilíbrio, o que vai afectar a capacidade de
adaptação (coping) do indivíduo.
Visto de outra forma, não faz sentido “encher o balde” se os factores que contribuem
para aumentar o stress (“stressores”) continuamente o drenam de forma rápida. Nesta
situação, a recuperação pode ser insuficiente e poderá levar a um acumular de fadiga,
bem como de stress.
O controlo dos stressores será equivalente a tornar os drenos do balde menos eficazes,
prevenindo a acumulação de fadiga (Hill, 2003).
Huibers et al. (2007) demonstram a associação entre fadiga e depressão, sendo que o
impacto da segunda sobre a primeira aumenta com o decorrer do tempo. Como possível
explicação, defendem que o estado depressivo vai reforçar a fadiga que, por sua vez, é
potenciada por factores subsequentes, como diminuição da actividade física e isolamento
social.
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS
Numa avaliação de um trabalhador, há que considerar outras causas de fadiga, como por
exemplo:
insónia;
apneia do sono;
síndrome das pernas irrequietas;
narcolepsia;
consumo de cafeína, álcool, nicotina;
consumo de benzodiazepinas de longa duração de acção;
síndroma de fadiga crónica.
Diagnosticado se o indivíduo tem fadiga que persiste por um período superior a seis
meses, bem como se preenche alguns critérios adicionais.
Critérios (segundo Zwarts, citando Fukuda et al.):
Absolutos:
o fadiga persistente ou recorrente, clinicamente avaliada, sem causa
evidente, de instalação recente, que perdura por mais de seis meses;
o fadiga não resulta de sobreesforço;
o fadiga não alivia com o repouso;
o a fadiga determina uma redução dos níveis prévios de actividades nos
campos profissional, educacional, social e pessoal.
Relativos (quatro ou mais critérios presentes por mais de seis meses):
o diminuição da memória ou concentração;
o dor de garganta;
o gânglios cervicais e axilares patentes;
o mialgias;
o poliartralgias;
o cefaleias “de novo”;
o sono não reparador;
o mal estar pós exaustão.
CONCEITOS RELACIONADOS
MONOTONIA
CARGA DE TRABALHO
Pode definir-se como o custo que a realização de uma dada tarefa implica, que resulta de
um equilíbrio entre as solicitações impostas ao indivíduo e as suas capacidades de
resposta, tendo repercussões sobre o comportamento e as funções do operador em
actividade, assim como sobre o desempenho.
“Exprime uma relação dinâmica entre as condições externas, que representam as
solicitações, ou seja, as exigências impostas, e as condições internas, resultantes do
estado funcional do operador e expressam a sua capacidade funcional, a carga de
trabalho inerente à realização de uma dada tarefa não é a mesma para todas as pessoas”
(in Manual de Saúde, Segurança e Higiene no Trabalho, IMTT, 2010).
RECUPERAÇÃO
Sluiter et al. (2003) indicam que a insuficiente recuperação da fadiga relacionada com o
trabalho será o iniciar de um ciclo vicioso, levando a que um esforço extra tenha que ser
despendido no início de cada jornada, a fim de poder compensar o estado psico-
fisiológico sub-óptimo e evitar uma quebra no rendimento. Este estado vicioso levará à
acumulação de fadiga. No mesmo estudo, a fadiga relacionada com o trabalho, que leva a
uma elevada necessidade de recuperação, foi proposta como um elo na presumível
sequência de eventos que ocorrem entre as exigências laborais repetidas e o
desenvolvimento de stress relacionado com o trabalho, sobrecarga psicológica e, a longo
prazo, problemas de saúde.
ALOSTASE
Ramsay e Woods (2014), sumarizam a teoria proposta por Sterling e Eyer, focando-se nos
seguintes princípios:
a regulação mais eficaz é a antecipada, baseando-se a antecipação na experiência
ou em acontecimentos passados;
os parâmetros regulados deverão adaptar-se, mudando, a fim de se obter uma
resposta óptima relativamente às mudanças ambientais vivenciadas;
A regulação óptima é obtida através de um centro de comando central (localizado
a nível cerebral), que determina a activação ou inactivação dos múltiplos
processos que vão influenciar um ou mais parâmetros, para que se atinja uma
resposta o mais possível benéfica (custo-benefício).
McEwen (1998) define “carga alostática” como sendo a que reflecte os custos para o
organismo, no processo de ser forçado a uma adaptação a situações físicas ou
psicossociais adversas.
A sua presença representa uma de três possibilidades: activação frequente dos sistemas
alostáticos, incapacidade de parar a actividade alostática após uma situação de stress ou
a resposta inadequada dos sistemas alostáticos, levando a uma actividade elevada de
sistemas de contra-regulação.
SONO
O sono constitui um dos mecanismos através dos quais o corpo humano consegue o
repouso e a recuperação após esforços, sendo altamente dependente do ritmo circadiano
e variando com a idade.
Citando Grandjean (1998), “um sono sem prejuízos qualitativos e quantitativos é um pré-
requisito indispensável para a saúde, bem-estar e capacidade de produção”.
Colten e Altervogt (2006) defendem que uma duração de sono entre sete e oito horas
está relacionada com um menor risco de obesidade, diabetes e patologia cardiovascular
(hipertensão arterial, síndromas coronárias agudas, acidentes vasculares cerebrais). Da
mesma forma, associam uma adequada duração do sono com a diminuição do risco de
acidentes e erros.
Kompier et al. (2012) elegem o sono como a principal actividade no sentido da
recuperação. Dizem que a fadiga após a jornada de trabalho constitui um indicador
relativo ao desequilíbrio entre o esforço despendido e a recuperação alcançada. O
conceito de fadiga está intimamente relacionado com o de sonolência; por vezes, são
usados como sinónimos. A fadiga relaciona-se com e é consequência da insónia; a fadiga
é, ainda, a principal característica do síndrome de burnout. Assim, poderemos prever se a
qualidade do sono (ou a falta dela) está relacionada com a fadiga após o trabalho. Este
estudo permitiu demonstrar uma associação entre a qualidade do sono e a fadiga pós-
laboral; assim, poderá estar implícito que num processo diário, cumulativo, de esforço no
trabalho sem que se verifique a necessária recuperação, a má qualidade de sono e a
fadiga serão dois lados de uma mesma moeda. Ainda no mesmo estudo, é considerada a
teoria de uma relação cíclica e viciosa entre stressores no trabalho, qualidade do sono,
preocupações relacionada com o trabalho e fadiga diurna.
Ainda assim, é de utilidade quantificar a fadiga, como meio, por exemplo, de estudar o
desgaste sofrido pelo corpo humano quando sujeito a situações de maior exigência,
determinar a reacção do organismo perante diferentes factores/sobrecarga, ou, de um
ponto de vista mais ligado à ergonomia, obter informações para a concepção do local e
ritmo de trabalho.
testes psicomotores;
testes de desempenho mental (cálculos, testes psicotécnicos, testes de memória).
Estas avaliações poderão ser feitas antes, durante e após a jornada laboral; as alterações
verificadas entre avaliações poderão indicar a extensão/importância da fadiga.
Dahlgren et al. (2005) demonstram a relação entre stress no trabalho e fadiga, tendo,
também em conta que a fadiga pode ser considerada como uma aviso para o organismo
da sua necessidade para recuperar, sendo que o stress vai prejudicar a qualidade dessa
recuperação.
Knutsson (2003) realça os efeitos deletérios na saúde dos trabalhadores que o trabalho
por turnos pode determinar; salienta que a evidência aponta para a associação do
trabalho por turnos com patologia gástrica (úlcera péptica), doença coronária e
complicações relacionadas com a gravidez. Nota, ainda, a probabilidade de agravamento
de patologias já existentes, como sejam asma, diabetes e epilepsia.
Øyane et al. (2013), num estudo conduzido num grupo de enfermeiros noruegueses,
chegam à conclusão que há uma associação entre o desempenho de trabalho nocturno e
a fadiga crónica. Não se verificou, na amostra estudada, evidência de efeito cumulativo
entre o número de turnos nocturnos executados e a fadiga.
Qualquer tipo de trabalho por turnos pode provocar perda de sono, mas esta perda é
especialmente pronunciada em escalas que incluam turnos nocturnos, já que os
trabalhadores, no final de um turno nocturno, se deitam quando os seus ritmos diurnos
promovem o estado de vigília. Assim, a perturbação do sono é o sintoma mais desafiante
entre os trabalhadores por turnos.
Niu et al. (2011) demonstram que o trabalho em turnos rotativos está associado com
fadiga aguda relacionada com o trabalho, pior recuperação e aumento de fadiga crónica
por má adaptação. Verificaram que existia menor incidência de problemas e de
dessincronose em trabalhadores que tinham um padrão de trabalho regular. Em regra, os
ritmos circadianos dos trabalhadores por turnos ficam ajustados após cerca de quatro a
cinco jornadas, especialmente se se verificar uma transição do turno de dia para o
nocturno. Concluem admitindo que o trabalho por turnos provoca fadiga e diminui os
níveis de atenção, o que poderá levar a diminuição na qualidade do desempenho, bem
como a incidentes/acidentes.
Caruso (2013) defende que a estratégia-chave para lidar com os riscos associados ao
trabalho por turnos em profissionais de saúde (diminuição do desempenho, obesidade,
lesões acidentais) passa pela priorização do sono, tanto nos sistemas organizacionais,
como na vida pessoal do trabalhador.
As conclusões de Caruso poderão, sem dificuldade, ser aceites como verdadeiras para
outras realidades profissionais, em que o trabalho por turnos esteja envolvido.
O mesmo autor, em 2004, estuda a relação entre fadiga mental e o trabalho e qualidade
de sono. Descreve como preditores de fadiga mental: elevada exigência no trabalho, estar
sujeito a supervisão, género feminino, idades mais jovens, falta de exercício físico regular,
dificuldade de se abstrair de assuntos relacionados com o trabalho durante os períodos
de lazer, roncopatias e alterações do sono. Este último factor foi considerado o preditor
major. Neste estudo, não foi demonstrada relação significativa entre o trabalho por
turnos e a fadiga mental, com a reserva da possibilidade de confusão entre os conceitos
de fadiga mental e sonolência. Segundo este estudo, a fadiga poderá estar relacionada
com um Índice de Massa Corporal elevado. Conclui relacionando de forma estreita a
fadiga com a elevada exigência no trabalho, “imersão” no trabalho, alterações no sono e
género feminino.
A qualidade do sono obtida através do descanso em períodos que não o nocturno fica
condicionada. Há que atentar às seguintes condicionantes:
necessidade de dormir durante o dia (sono mais leve e menos reparador);
facilidade em adormecer em alturas inadequadas;
possível adormecer por períodos muito breves (micro-sonos);
afectação da atenção e da capacidade de operar máquinas.
Sluiter et al. (2003) indicam que a insuficiente recuperação da fadiga relacionada com o
trabalho será o iniciar de um ciclo vicioso, levando a que um esforço extra tenha que ser
despendido no início de cada jornada, a fim de poder compensar o estado psico-
fisiológico subóptimo e evitar uma quebra no rendimento. Este estado vicioso levará à
acumulação de fadiga. No mesmo estudo, a fadiga relacionada com o trabalho, que leva a
uma elevada necessidade de recuperação, foi proposta como um leo na presumível
sequência de eventos que ocorrem entre as exigências laborais repetidas e o
desenvolvimento de stress relacionado com o trabalho, sobrecarga psicológica e, a longo
prazo, problemas de saúde.
SINISTRALIDADE
A relação da fadiga laboral com o risco de aumento de acidentes é notada por Pisarski e
Barbour (2013), ao se referirem aos acidentes de Three Mile Island (1979), Bhopal (1984),
Chernobyl (1986) ou Exxon Valdez (1989); em todos foi apontada a fadiga como um factor
que contribuiu para a sua ocorrência. Colten e Altervogt (2006) associam uma adequada
duração do sono com a diminuição do risco de acidentes e erros.
Tubo digestivo:
Problemas gástricos (pirose, náusea), úlcera péptica;
Alteração dos hábitos intestinais, com tendência à obstipação.
De notar a importância fulcral do tipo de alimentação; muitas vezes, apenas comida pré-
preparada está disponível (máquinas de “vending”) no local de trabalho; por outro lado,
verifica-se falta de informação por parte dos trabalhadores sobre a forma mais adequada
de compor as suas refeições, principalmente nos turnos da noite.
2.4.4. Psiquismo
Dahlgren et al. (2005) demonstram a relação entre stress no trabalho e fadiga, tendo,
também em conta que a fadiga pode ser considerada como um aviso para o organismo da
sua necessidade para recuperar, sendo que o stress vai prejudicar a qualidade dessa
recuperação.
Huibers et al. (2007) demonstram a associação entre fadiga e depressão, sendo que o
impacto da segunda sobre a primeira aumenta com o decorrer do tempo. Como possível
explicação, defendem que o estado depressivo vai reforçar a fadiga que, por sua vez, é
potenciada por factores subsequentes, como diminuição da actividade física e isolamento
social.
Gemeli et al. (2008) elencam a resistência insulínica e uma associação positiva entre
trabalho por turnos e Diabetes mellitus tipo II. Relacionam o trabalho por turnos como
factor de risco para a degeneração dos discos intervertebrais lombares.
Quanto à interacção social e familiar, há que ter em conta que a maioria das actividades
familiares e de lazer ocorre à noite ou durante os fins-de-semana. Esta realidade pode
levar a que a quantidade de tempo que o trabalhador por turnos passa com a família e
amigos possa ser insuficiente, não permitindo que o trabalhador por turnos desfrute e
descontraia o que seria desejável, acumulando cansaço e alguma frustração.
A gestão dos riscos associados à fadiga, tal como a sua prevenção, tem que ser encarada
como um trabalho de equipa e uma responsabilidade partilhada (Lerman et al., 2012),
incluindo: entidade empregadora, trabalhadores, serviços de saúde ocupacional e outros
representantes.
PREVENÇÃO
No local de trabalho, a fadiga está geralmente associada aos seguintes factores: número
total de horas trabalhadas e duração dos turnos, duração do intervalo entre turnos de
trabalho, pausas durante um turno, dias de folga, número de turnos durante a noite
(especialmente se consecutivos), número de vezes que o trabalhador está “de chamada”.
Ao nos determos nestas variáveis, estaremos a conseguir fazer a avaliação do risco.
Sabendo que a fadiga constitui um risco laboral, há que proceder à sua avaliação e
gestão:
identificar as circunstâncias que provocam fadiga laboral;
avaliar o risco de ocorrer fadiga;
implementar medidas para controlar o risco de ocorrer fadiga;
fazer uma revisão sistemática e periódica das medidas adoptadas.
Por forma a identificar as circunstâncias que provocam fadiga laboral, poderão ser
adoptadas as seguintes estratégias:
observar os sistemas e práticas de trabalho;
considerar o ambiente de trabalho e factores associados (iluminação adequada,
qualidade do ar, temperatura ambiente, humidade ambiente, níveis de ruído,
presença de substâncias tóxicas) ;
conversar com os trabalhadores e responsáveis pela organização sobre o impacto
da carga de trabalho e do horário de trabalho;
discutir possíveis impactos na saúde e na vida pessoal com os trabalhadores;
rever registos de acidentes e lesões;
obter informação sobre fadiga através de pesquisa, materiais de orientação e
dados de entidades oficiais, associações profissionais ou outras fontes;
observar níveis de fadiga (sinais de fadiga, inspeccionar registos de ponto, de
forma a detectar trocas entre trabalhadores que possam potenciar fadiga).
Seguindo a proposta da WorkSafe Victoria (2008), para uma correcta gestão do risco de
fadiga, há que seguir vários passos:
identificar se a fadiga constitui um perigo:
o exigências físicas e mentais do trabalho;
o planificação e marcação do trabalho;
o tempo de trabalho;
o condições do ambiente de trabalho;
o factores individuais e factores não relacionados com o trabalho.
avaliar a interacção da fadiga com outros perigos
o tarefas manuais (aumento do risco de lesões em turnos mais prolongados);
o níveis de exposição (ruído, químicos calor, mais significativos em turnos de
maior duração).
avaliar os riscos relacionados com a fadiga: é importante reconhecer factores que
possam estar interrelacionados e, logo, não devam ser considerados
isoladamente; a avaliação de riscos deverá ser feita de forma a priorizar os riscos
mais importantes; poderão, por exemplo, ser usadas listas de verificação (“check-
lists”) ou tabelas de verificação (“charts”), para o efeito.
controlar os riscos associados com a fadiga:
o exigências físicas e mentais do trabalho;
o planificação e marcação do trabalho; trabalho nocturno;
o tempo de trabalho; trabalho por turnos;
o condições do ambiente de trabalho;
o factores individuais e factores não relacionados com o trabalho;
o emergências e eventos inesperados;
Niu et al. (2011) recomendam que a planificação de horários seja de forma a que permita
dias de intervalo entre diferentes tipos de turnos, por forma a permitir que se recupera
das alterações infligidas aos ritmos circadianos; são, ainda, aconselhadas as pausas
regulares. Aconselham a rotação anterógrada (manhã -> tarde -> noite) dos turnos, evitar
horários prolongados, fazer pausas frequentes e sensibilizar os trabalhadores para a
premência da higiene do sono.
Bambra et al. (2008) publicou recomendações a serem tomadas pelas organizações, a fim
de minorar o efeito do trabalho em turnos nocturno, em sequência de uma revisão
sistemática. Assim, recomendou três tipos de intervenção: rotações rápidas,
anterógradas, mudar de rotações retrógradas para anterógradas e permitir que o
Mencionando, uma vez mais, a WorkSafe Victoria (2008), referimos as sugestões feitas
por esta entidade para a gestão de horários:
trabalho nocturno – reduzir ao mínimo
duração da jornada de trabalho – avaliar:
o a natureza das tarefas está adequada a trabalho prolongado?
o o sistema de produção está desenhado para prevenir a acumulação de
fadiga?
o está previsto um sistema de substituições?
o o tempo prolongado ou turnos duplos está a ser evitado ou minimizado?
o as exposições tóxicas estão limitadas?
o está assegurada a devida recuperação antes do próximo turno?
o verifica-se aceitação por parte dos trabalhadores do tempo de trabalho?
ritmo de rotação: rápido;
direcção da rotação: anterógrada (no sentido dos ponteiros do relógio);
horário dos turnos: evitar início de turnos antes das 6:00; se possível, dar folgas
mais longas antes de turnos que comecem cedo;
duração das folgas: permitir pelo menos duas noites completas de recuperação
após cada turno nocturno; providenciar alguns fins-de-semana sem trabalho.
Metzner e Fischer (2001), num estudo conduzido sobre trabalhadores de uma indústria
têxtil, alcançam resultados que levam à conclusão que o turno de trabalho e os estilos de
vida são relevantes para explicar a percepção da fadiga dos trabalhadores.
Reforçam a importância de os trabalhadores adoptarem estilos de vida saudáveis, para
melhor trabalhar em turnos prolongados.
Na maioria dos casos, o trabalhador conhece o seu horário com antecedência, o que
facilita o planeamento das actividades não profissionais.
Nos casos em que o trabalhador está de prevenção, verifica-se um estado de alerta
inerente, o que dificulta um sono profundo e o repouso adequado.
ALIMENTAÇÃO
Uma solução poderá passar por disponibilizar aos trabalhadores o acesso a uma copa,
onde possam preparar ou aquecer refeições confeccionadas em casa; uma outra poderá
estar no tipo de artigos disponibilizados em máquinas de “vending”, muito comuns em
instalações onde se trabalha durante as 24 horas (hospitais, por exemplo); uma outra
passará pela informação e formação dos trabalhadores sobre alimentação saudável e
estratégias para a conseguir mesmo trabalhando por turnos.
SÚMULA
Assim, poderemos resumir as regras a ter em conta pelos trabalhadores por turnos e
pelos responsáveis pelas organizações quanto à organização do trabalho:
evitar turnos fixos;
evitar turnos nocturnos consecutivos;
evitar mudanças bruscas de turno;
planificar alguns fins-de-semana livres;
evitar vários dias de trabalho consecutivos seguidos de “mini-férias”;
turnos longos ou horas extraordinárias deverão ser residuais;
considerar turnos de diferentes durações;
horários flexíveis (“flextime”);
mantar o horário regular e praticável;
intervalos entre turnos racionais;
evitar sentir fome ou desidratar; tentar manter um padrão similar ao seguido
durante o dia; há alguma evidência que uma refeição rica em proteínas e pobre
em hidratos de carbono se torna mais adequada para manter o estado de alerta;
deverá ser tomada uma refeição completa antes de entrar de serviço, bem como
“almoçar” a meio do turno; deverá ser tomada uma refeição mais ligeira antes de
deitar no final do turno;
em algumas situações é possível agendar tarefas mais exigentes do ponto de vista
físico ou intelectual para as alturas do dia em que os trabalhadores estejam mais
alerta ou no seu pico de desempenho – período da tarde;
deverá, sempre que possível, evitar-se tarefas pesadas e/ou perigosas a meio da
noite, durante as primeiras horas da manhã ou no final de um turno nocturno.
EXAMES DE SAÚDE
EXAMES DE ADMISSÃO
Trabalho prévio, e da maior importância, será a avaliação dos riscos profissionais, a cargo
dos Técnicos de Saúde e Segurança. O resultado dessa avaliação deverá ser dado a
conhecer antecipadamente ao Médico do Trabalho, para que este possa conduzir o
Exame de Saúde.
Em caso de dúvida, será mandatório que o Médico do Trabalho proceda a uma visita ao
local de trabalho, inteirando-se das componentes materiais do trabalho, bem como das
especificidades das tarefas a realizar.
Deverá ser prestada atenção a determinadas situações, em que o trabalho por turnos
poderá representar um factor de risco para o seu agravamento:
distúrbios menstruais;
exposição a tóxicos;
distúrbios gastrointestinais moderados;
asma e doença pulmonar obstrutiva crónica;
ingestão de álcool, drogas ou substâncias com efeitos no sistema nervoso central
(ainda que prescritas);
alterações significativas da acuidade visual.
Como defende Costa (1998), a situação de cada trabalhador deverá ser avaliada como um
todo e de forma cuidadosa.
O Médico do Trabalho deverá ter em conta que, por vezes, o trabalhador por turnos não
percepciona determinadas alterações como problemas de saúde, considerando-as como
inerentes ao trabalho. Outros casos haverá em que é o próprio trabalhador a ocultar
alterações existentes, com receio de perder as compensações habitualmente auferidas ao
realizar trabalho por turnos.
EXAMES PERIÓDICOS
Os exames periódicos, como o nome indica, deverão ser conduzidos com uma frequência
regular.
Recomenda-se o período regular de um ano entre avaliações.
EXAMES OCASIONAIS
Os exames ocasionais serão realizados sempre que se verifique uma das seguintes
situações:
alteração das condições de trabalho;
iniciativa do trabalhador;
iniciativa da hierarquia/entidade empregadora;
iniciativa do Médico do Trabalho.
Nestes casos, o Exame de Saúde deverá ser dirigido à situação concreta que motivou a
realização do Exame, tanto relativamente à abordagem médica quanto à necessidade de
exames complementares ou pareceres médicos.
A Ficha de Aptidão deverá conter o parecer médico.
Poderão ser previstos ou agendados novos Exames de Saúde, por forma a assegurar, caso
necessário, o correcto acompanhamento do trabalhador.
Deverá, ainda, tomar conhecimento da avaliação dos riscos laborais; será a partir desta
avaliação que poderá adequar a vigilância específica de cada trabalhador, ou grupo de
trabalhadores.
No caso concreto dos trabalhadores por turnos, será importante conhecer as instalações
onde o trabalho é desempenhado, bem como outros factores associados: iluminação e
ventilação, temperatura e humidade ou desenho do posto de trabalho.
Será igualmente importante inteirar-se de aspectos organizacionais do trabalho, como a
elaboração de escalas de serviço, o tipo de rotatividade utilizado para essa elaboração, a
monotonia, a adequação de tarefas à hora do dia (ou da noite) em que deverão ser
executadas, a existência de pausas.
As visitas aos postos de trabalho constituem um meio eficaz de promover a aproximação
entre o Médico do Trabalho, os trabalhadores e a empresa, por forma a conseguir uma
interacção dinâmica e proveitosa. Assim, deverá o Médico do Trabalho assumir, sempre
que possível e desejável, uma postura conciliadora, de ouvinte, colocando as questões de
forma tranquila e assertiva, evitando fazer juízos de valor imediatos.
Caso assim o entenda, poderá formalizar, fundamentando, as suas impressões sob a
forma de Relatório, a enviar posteriormente aos responsáveis da empresa, bem como aos
trabalhadores (ou seus representantes).
Metzner e Fischer (2001), num estudo conduzido sobre trabalhadores de uma indústria
têxtil, alcançam resultados que levam à conclusão que o turno de trabalho e os estilos de
vida são relevantes para explicar a percepção da fadiga dos trabalhadores.
É responsabilidade da Saúde Ocupacional promover estratégias para informar e formar os
trabalhadores, nomeadamente as conducentes a que estes possam tomar opções de vida
que conduzam a ganhos em saúde.
A educação para a saúde, que se deseja ocorra como resultado do trabalho conjunto do
Médico do Trabalho, bem como a Equipa de Saúde Ocupacional e a Equipa de Higiene e
Segurança, pode ser alcançada de várias formas:
sensibilização durante os Exames de Saúde;
sensibilização durante visitas a postos de trabalho;
elaboração de panfletos para distribuição pelos trabalhadores;
elaboração e divulgação de notícias relacionadas com a saúde (“newsletters”);
acções de sensibilização em sala.
o Proteger o sono:
o bloqueio das fontes de ruído;
o manter uma rotina de sono o mais regular possível;
o dormir numa cama confortável;
o evitar a ingestão de comida “pesada” e de bebidas alcoólicas antes de
dormir (1-2 horas).
o Fazer exercício:
o genericamente, manter-se em forma ajuda a resistir ao stress e à doença;
o 20 minutos de exercício aeróbico (andar a pé) antes do início da jornada;
o evitar exercício físico nas 3 horas antes de dormir;
o evitar a exaustão física.
o Técnicas de relaxamento:
o dar-se tempo para relaxar;
o descubrir o que ajuda a relaxar;
o Técnica de relaxamento: deite-se confortavelmente e, um por um,
lentamente, contraia os grupos musculares; depois, pausadamente,
deixe que relaxem. Respire profundamente durante este exercício.
o Dieta (alimentação):
o a dieta recomendada é aquela que, a par do exercício físico, ajuda a estar
em forma:
o evitar alimentos com alto teor de gordura ou açúcar;
o evitar comida “pesada” a meio da noite.
o Luz clara:
o o ritmo circadiano pode ser alterado pela exposição a luz clara, afectando a
produção de melatonina (essencial para nos fazer sentir sonolentos, sendo
produzida na fase inicial do sono nocturno);
o a luz clara vai reduzir a produção de melatonina, ou deslocá-la para mais
tarde.
o Cafeina:
o estimulante, ajuda o indivíduo a permanecer alerta e a ter melhor
desempenho;
o em pequenas doses, poderá ser uma ajuda; recomenda-se a sua ingestão
antes de começar ou no início de um turno;
o não se deve tomar café a partir da segunda metade do turno nocturno,
pois poderá interferir com a capacidade de descanso ao chegar a casa.
o Álcool:
o pode tornar o trabalhador sonolento, embora vá perturbar a qualidade do
sono, tornando-o mais leve, sendo mais fácil o despertar;
o recomenda-se evitar a ingestão de álcool 1 a 2 horas antes de dormir,
especialmente se se seguir um turno de trabalho;
o desaconselha-se, contudo, o consumo de álcool imediatamente antes ou
durante a jornada de trabalho;
o Químicos:
o anfetaminas, estimulantes: O seu uso regular provoca nervosismo e
alterações de humor, prejudicando o desempenho;
o comprimidos “para dormir”: Não se recomenda o seu uso regular, pela
probabilidade de criar tolerância.
3. OBJECTIVOS DO ESTUDO
Pensa-se que, com esta análise, contribuímos para o conhecimento deste problema na
população e empresa em causa. Pensamos poder contribuir para estudos futuros nesta
área, nomeadamente por ter sido feita a tradução para a língua portuguesa das escalas
CIS e OFER.
OBJECTIVO GERAL
Caracterizar a população de trabalhadores que executa trabalho por turnos nas Centrais
Térmicas consideradas e avaliar o impacto percebido da fadiga.
OBJECTIVOS ESPECÍFICOS
Avaliar se existem diferenças entre os trabalhadores que executam trabalho por turnos e
os que executam trabalho em horário convencional quanto a:
1. sensação subjectiva de fadiga;
2. diferenças entre os trabalhadores que executam trabalho por turnos e os que
executam trabalho em horário convencional quanto à capacidade de
concentração;
3. diferenças entre os trabalhadores que executam trabalho por turnos e os que
executam trabalho em horário convencional quanto à motivação para o trabalho;
4. diferenças entre os trabalhadores que executam trabalho por turnos e os que
executam trabalho em horário convencional quanto à actividade física conseguida;
5. diferenças entre os trabalhadores que executam trabalho por turnos e os que
executam trabalho em horário convencional quanto à existência de fadiga crónica;
6. diferenças entre os trabalhadores que executam trabalho por turnos e os que
executam trabalho em horário convencional quanto à existência de fadiga aguda;
7. diferenças entre os trabalhadores que executam trabalho por turnos e os que
executam trabalho em horário convencional quanto à capacidade de recuperação
entre turnos de trabalho.
4. MATERIAIS E MÉTODOS
Após a pesquisa bibliográfica, foi decidido aplicar dois questionários aos trabalhadores,
porquanto se considerou que, relativamente aos questionários conhecidos, nenhum
permitia o estudo global pretendido destes trabalhadores (percepção e quantificação da
fadiga).
Optou-se por estudar a população já definida, por ser aquela que despertou o intuito de
verificar se a intuição clínica, empírica, se materializava quando medida.
A população estudada corresponde aos trabalhadores que realizam trabalho por turnos
em centrais termoeléctricas da região centro, detidas, no seu todo ou em parte, por
empresas do Grupo EDP. Assim, a população estudada pode definir-se como uma amostra
de conveniência.
Para controlo, para além dos trabalhadores das mesmas centrais termoeléctricas que não
realizavam trabalho por turnos, optou-se por engrandecer este segundo grupo,
adicionando trabalhadores que, pertencendo ao sector de produção de energia e ao
mesmo grupo empresarial, não realizassem trabalho por turnos. Estes trabalhadores
pertencem a outra empresa da EDP Produção, a Direcção Tejo-Mondego, que se ocupa da
produção de energia eléctrica a partir de fontes hídricas (barragens).
Foram escolhidos dois questionários, um vocacionado para a fadiga na vida diária (CIS -
Checklist Individual Strenght) e o outro para a fadiga na vida laboral (OFER - Occupational
Fatigue Exhaustion/Recovery Scale), adiante referidos como “CIS” e “OFER”.
ESCALA CIS
A Escala CIS foi inicialmente desenvolvida para ser aplicada em população com Síndrome
de Fadiga Crónica; ulteriormente, foi validada para ser usada na população trabalhadora;
foi usada, nomeadamente, no estudo sobre fadiga no trabalho de Maastricht (Maastricht
cohort study on fatigue at work, 2003).
Proporciona uma avaliação multidimensional da gravidade e das consequências
comportamentais da fadiga. É subdividida em quatro subescalas: sensação subjectiva de
fadiga, concentração, motivação e actividade física.
ESCALA OFER
A Escala OFER, desenvolvida e validada para medir a fadiga relacionada com o trabalho;
tem características psicométricas robustas e sem viés relacionado com o género. As suas
três subescalas identificam e distinguem características de fadiga crónica relacionada com
o trabalho, estados agudos de fadiga no fim de um turno e recuperação efectiva de fadiga
entre turnos. É, portanto, uma ferramenta útil na pesquisa sobre fadiga relacionada com
o trabalho.
Optou-se por usar a versão inicial da Escala OFER, e não a versão comercializada de
quinze itens.
Considerando não ter sido obtida qualquer tradução validada destas escalas para a língua
portuguesa, houve que se proceder à tradução para língua portuguesa, segundo os
seguintes passos:
1. procedeu-se à tradução livre das escalas;
2. entregaram-se os textos originais e a tradução feita a uma Professora de Língua
Inglesa, com vasta experiência no Ensino, a fim de validar a tradução feita;
3. depois de incluídas as sugestões de melhoria para a tradução, foram as escalas
traduzidas apresentadas a um grupo homogéneo de profissionais*, para se
proceder à validação do conteúdo;
4. finalmente, e após obtida concordância entre a tradução e a interpretação feita
desta, foram consideradas as escalas traduzidas e prontas a serem aplicadas à
população a estudar.
* O grupo de profissinais escolhido para validação da tradução do conteúdo foi composto
por onze médicos e enfermeiros, de ambos os géneros, membros da Equipa da Viatura
Médica de Emergência e Reanimação do Médio Tejo (Equipa da qual a Autora faz parte),
todos trabalhando por turnos, com mais de quinze anos de experiência profissional.
Assim, foram utilizados dois questionários, contendo cada um vinte itens, cuja aplicação
era similar: questionários de auto-preenchimento, vinte questões relativas, tipologia de
questões semelhante, cotação semelhante (escala de Likert, de um a sete pontos).
Depois de obtidas as devidas autorizações por parte da empresa EDP, foram visitadas as
Centrais Térmicas referidas, a fim de apresentar o projecto pessoalmente, tanto aos
responsáveis por cada Central como aos trabalhadores presentes.
MÉTODOS ESTATÍSTICOS
Começou-se por fazer uma análise descritiva das variáveis relativas à antiguidade dos
trabalhadores, à sua idade, género e habilitações literárias, segmentando os
trabalhadores entre quem efectua trabalho por turnos e quem não o faz.
As variáveis quantitativas foram descritas em termos da sua média e erro padrão,
avaliando-se frequências para as variáveis qualitativas.
Para cada questionário, avaliou-se a normalidade das variáveis que exprimem as várias
dimensões do mesmo, recorrendo a testes de Kolmogorov-Smirnov.
5. RESULTADOS
No total, 106 respondentes (93%) são do sexo masculino, sendo os restantes 8 (7%) do
sexo feminino. Apenas 1 mulher indicou trabalhar por turnos (13% do total de mulheres),
sendo o número de homens que trabalham por turnos 38 (36% do total de homens).
A idade média dos trabalhares é 41.48 anos (±1.077), sendo a média das idades menor
nos trabalhadores por turnos (35.18±0.693) que nos restantes (44.85±1.468).
Dos 111 trabalhadores que indicaram as suas habilitações literárias, 2 (2%) estudaram até
ao 6º ano, 12 (11%) até ao 9º ano, 71 (64%) até ao 12º ano, 4 (4%) possuem habilitações
de nível 4 e 22 (20%) curso superior. Relativamente aos 39 trabalhadores que indicaram
trabalhar por turnos, 2 (5%) estudaram até ao 9º ano, 29 até ao 12º (74%), 1 possui nível
4 (3%) e 7 curso superior (20%). Um total de 72 dos 75 trabalhadores que indicaram não
trabalhar por turnos responderam à questão sobre as suas habilitações literárias, tendo 2
(3%) indicado ter estudado até ao 6º ano, 10 (14%) até ao 9º ano, 42 (58%) até ao 12º
ano, 3 (4%) possuindo habilitações de nível 4 e 15 (21%) curso superior.
QUESTIONÁRIO CIS
Quanto à dimensão “actividade física diminuída” (Figura 5), obteve-se uma diferença
significativa entre os grupos, com especial destaque relativamente à questão 7 (“Penso
que consigo fazer muito durante o dia”), mostrando que, também nesta dimensão, os
trabalhadores por turnos atingem maior pontuação.
Optou-se assim por usar testes não paramétricos para efectuar comparações entre
valores medidos para trabalhadores por turnos e outros.
As medianas das respostas às variáveis correspondendo às quatro dimensões do inquérito
(normalizadas ao número de perguntas incluídas em cada dimensão) estão incluídas na
Tabela 1 e ilustradas na Figura 6.
Severidade da
fadiga
4,00
3,00
2,00
1,00
Diminuição da Problemas de Não trabalha por turnos
0,00
actividade física concentração Trabalha por turnos
Diminuição da
motivação
Figura 6 - Mediana das respostas dos trabalhadores às quatro dimensões do inquérito CIS
(normalizadas ao número de perguntas).
QUESTIONÁRIO OFER
Relativamente à dimensão “fadiga crónica” (Figura 8), os resultados obtidos mostram que
o grupo de trabalhadores por turnos obtém uma pontuação mais significativa, sendo as
questões 3 (“Muitas vezes, receio acordar para mais um dia de trabalho”) e 4 (“Muitas
vezes, penso no quanto mais tempo aguentarei ir trabalhar”) as que obtiveram pontuação
menos significativa.
A dimensão “fadiga crónica” aparenta ter boa consistência interna, α=0.859, a dimensão
“fadiga aguda” consistência interna aceitável, α=0.727 e a dimensão “recuperação entre
turnos” consistência interna aceitável, α=0.721.
Optou-se assim por usar testes não paramétricos para efectuar comparações entre
valores medidos para trabalhadores por turnos e outros. As medianas das respostas às
variáveis correspondendo às três dimensões do inquérito (normalizadas ao número de
perguntas incluídas em cada dimensão) estão incluídas na Tabela 2 e ilustradas na Figura
10.
Trabalha por turnos? Fadiga crónica Fadiga aguda Recuperação entre turnos
Não trabalha por 3.06 3.50 3.00
turnos
Trabalha por turnos 3.88 4.25 4.33
Fadiga crónica
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
Não trabalha por turnos
0,00
Trabalha por turnos
Recuperação
Fadiga aguda
entre turnos
6. DISCUSSÃO
Tendo sido o propósito fundamental deste estudo caracterizar a percepção de fadiga por
trabalhadores por turnos, considera-se alcançado esse objectivo.
De facto, os resultados obtidos vêm confirmar a literatura, já discutida no capítulo
“Revisão Bibliográfica”.
Em especial, cita-se Øyane et al. (2013) que determina haver uma associação positiva
entre o trabalho por turnos nocturno e fadiga, bem como Niu et al. (2011), que
demonstra a relação entre trabalho por turnos rotativos e a fadiga aguda e crónica, bem
como a uma menos boa recuperação entre turnos.
Fica claro que os trabalhadores por turnos apresentam maior prevalência de fadiga,
relativamente a outros trabalhadores, o que vem confirmar as conclusões de Kant et al.
(2003) no Maastricht Cohort Study.
Esta análise vem consolidar a noção de que o trabalho por turnos tem efeitos deletérios
nos trabalhadores que o executam.
Relativamente à escala OFER, e às suas três dimensões (fadiga aguda, fadiga crónica e
recuperação entre turnos), verifica-se que todas as pontuações são mais gravosas no
grupo de trabalhadores que realizam trabalho por turnos, o que é consistente com um
maior impacto da fadiga e da dificuldade de recuperação entre turnos neste grupo.
Analisando cada uma das três dimensões, devem tecer-se as seguintes considerações:
Dos resultados obtidos, resultam algumas preocupações. Se, por um lado, se atingem os
objectivos do estudo, medindo a percepção da fadiga e validando a percepção clínica, por
outro emerge a certeza de nesta população se verificar impacto importante da fadiga e
dos riscos a ela associados.
Quanto aos trabalhadores que não executem trabalho por turnos, poderão ser exploradas
as seguintes possibilidades, estudando:
os trabalhadores da EDP que não trabalhem por turnos, relativamente à fadiga;
prospectivamente, os trabalhadores que não executem trabalho por turnos,
quanto à fadiga.
aptos para o desempenho das suas funções. Sugere-se o preenchimento, em cada Exame
de Saúde, de novo questionário sobre fadiga.
Para além dos Exames de Saúde, será de especial importância a cooperação com as
hierarquias e com os próprios trabalhadores, no sentido de contribuir para um melhor
conhecimento do trabalho por turnos, fadiga e problemas relacionados, ajudando a
desenvolver estratégias que, adaptadas ao local e contexto de trabalho, possam permitir
aos trabalhadores minimizar os efeitos deletérios do trabalho por turnos e da fadiga.
Uma outra importante missão que não deve passar ao lado do Médico do Trabalho
consiste na educação para a saúde do trabalhador. Este ponto pode ser endereçado em
várias ocasiões: durante os Exames de Saúde, durante reuniões com hierarquias, ao
mesmo tempo que se realizam visitas a locais de trabalho ou, mais formalmente, em sala,
para um maior número de participantes.
7. CONCLUSÕES
Os resultados obtidos neste estudo vêm confirmar a percepção inicial que lhe deu
origem: considerando a população estudada, verifica-se que os trabalhadores por turnos
estão mais vulneráveis à fadiga e às consequências que desta advêm, percepcionando-a
de forma mais marcada do que outros trabalhadores.
Da aplicação da escala CIS, resultou, para cada uma das suas quatro dimensões
(severidade da fadiga, problemas de concentração, diminuição da motivação e diminuição
da actividade física), um impacto mais evidente da fadiga na população de trabalhadores
por turnos.
Deste trabalho poderão vir a resultar novas oportunidades de estudo, quer seja sobre a
mesma população ou para populações de diferentes características (maiores dimensões,
por exemplo). A variável a ser estudada poderá estar relacionada com o trabalho por
turnos (monotonia das tarefas, queixas de saúde), ou, eventualmente, ser considerada
outra componente material do trabalho.
Crê-se ser uma mais-valia o investir, pelo Médico do Trabalho, parte do tempo do Exame
de Saúde para sensibilizar os trabalhadores para a fadiga e riscos associados, bem como
para estratégias que permitam minimizar esses riscos.
Numa linha de pensamento coerente, no sentido da educação para a saúde e da
promoção de estilos de vida saudáveis, deverá o Serviço de Saúde Ocupacional [no caso
vertente, a Direcção de Segurança e Saúde da EDP], promover a prática de visitas a locais
de trabalho e de acções de sensibilização colectivas sobre trabalho por turnos, fadiga e
nutrição adequada.
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ANEXO 1 - PARECERES
PARECERES
Maria António (Mitó) <mariaantoniolemos@gmail.com>
FW: Aprovação | Proposta de Mestrado
2 mensagens
Pós Graduado <posgraduado@fmed.uc.pt> 28 de janeiro de 2014 às 15:41
Para: uc2009010787@student.uc.pt, mariaantoniolemos@gmail.com, eduardo.leitao.costa@gmail.com
Cc: amscabrita@gmail.com, cribeiro@fmed.uc.pt, fontes.ribeiro@gmail.com, jcabecas@gmail.com
Exmo.(a) Senhor(a)
Licenciado (a)
No âmbito das Propostas de projeto de dissertação e investigação científica, cumpre-nos informar V. Exa. de que a proposta por si apresentado(a) obteve
aprovação do Coordenador do Gabinete de Estudos Avançados, conforme e-mail infra.
Nuno Patrício
STAG – Gestão Académica
Estudos PósGraduados
Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra
Pólo das Ciências da Saúde Unidade Central
Contactos: 239 857 720
posgraduado@fmed.uc.pt
Azinhaga de Santa Comba
3000548 Coimbra
De: GEA [mailto:gea@fmed.uc.pt]
Enviada: sextafeira, 24 de Janeiro de 2014 17:54
Para: posgraduado@fmed.uc.pt
Assunto: Aprovação | Proposta de Mestrado
Para os devidos efeitos, informamos que foi aprovado pelo Senhor Professor Armando Carvalho, coordenador do Gabinete de Estudos Avançados, os
Projetos de Investigação de Mestrado e respetivos orientadores dos estudantes:
Nº registo na Tipo de
Investigador/Aluno e co-investigadores Tema/Título Área
CE curso/projecto
Maria António Neves Rêgo de Lemos Fadiga em Trabalhadores de Centrais Térmicas da EDP na Região
001/2014 Mestrado
Gomes Centro Saúde Ocupacional
Patologia
003/2014 Mestrado Eduardo Leitão Costa Avaliação automática de convulsões num modelo experimental
Experimental
Cordiais cumprimentos,
https://mail.google.com/mail/u/0/?ui=2&ik=f51c4c7f15&view=pt&search=inbox&th=143d98341a47e7b6&siml=143d98341a47e7b6&siml=143fe8c70c03a708 1/2
03/07/2015 Gmail FW: Aprovação | Proposta de Mestrado
Susana Costa
e-mail: gea@fmed.uc.pt
Maria António Lemos <mariaantoniolemos@gmail.com> 4 de fevereiro de 2014 às 20:17
Para: profissional <ma.lemos@sapo.pt>
Mensagem encaminhada
De: Pós Graduado <posgraduado@fmed.uc.pt>
Data: 28 de Janeiro de 2014 às 15:41
Assunto: FW: Aprovação | Proposta de Mestrado
Para: uc2009010787@student.uc.pt, mariaantoniolemos@gmail.com, eduardo.leitao.costa@gmail.com
Cc: amscabrita@gmail.com, cribeiro@fmed.uc.pt, fontes.ribeiro@gmail.com, jcabecas@gmail.com
[Citação ocultada]
Maria António Lemos
https://mail.google.com/mail/u/0/?ui=2&ik=f51c4c7f15&view=pt&search=inbox&th=143d98341a47e7b6&siml=143d98341a47e7b6&siml=143fe8c70c03a708 2/2
ANEXO 2
APROVEITAMENTOS HIDROELÉCTRICOS
CENTRAIS TERMOELÉCTRICAS
ANEXO 2
GRUPO EDP
O Grupo EDP é liderado pela EDP – Energias de Portugal, S.A. e tem por objecto a
“promoção, dinamização e gestão, por forma directa ou indirecta, de
empreendimentos e actividades na área do sector energético”.
EDP PRODUÇÃO
ii
ANEXO 2
1 - PRODUÇÃO HIDROELÉCTRICA
DIRECÇÃO TEJO-MONDEGO
iii
ANEXO 2
AGUIEIRA
iv
ANEXO 2
CASTELO DO BODE
v
ANEXO 2
BOUÇÃ
vi
ANEXO 2
CABRIL
vii
ANEXO 2
FRATEL
viii
ANEXO 2
BELVER
ix
ANEXO 2
2 - PRODUÇÃO TERMOELÉCTRICA
CARRIÇO
x
ANEXO 2
A energia eléctrica produzida serve para alimentar a fábrica de sal, cujas instalações
são adjacentes às da Central; o excedente da energia eléctrica produzida é exportado
para o SEP (Sistema Eléctrico Público), através da ligação à subestação de Lavos.
A Central é composta por um grupo termogerador, que funciona a gás natural, por sua
vez ligado a uma caldeira de recuperação de gases quentes. É constituída por três
edifícios:
Desde a entrada em funcionamento, a central tem tido uma produção anual superior a
200 GWh de energia elétrica e superior a 300 GWh de energia térmica e um consumo
superior a 60 mm³ de gás natural.
xi
ANEXO 2
LARES
A Central de Ciclo Combinado de Lares (CCLR), com uma potência térmica de 1.428
MWt (2 x714 MWt) utiliza uma tecnologia de Ciclo Combinado a gás natural ou gasóleo
baseada em turbinas a gás e turbinas a vapor.
A Central é composta por 2 grupos geradores de ciclo combinado, cada um deles com
uma potência eléctrica líquida unitária de 431,33 MWe.
A Central fica localizada num terreno industrial situado na margem direita do rio
Mondego nas proximidades de Lares,a cerca de 6 km a Este da cidade da Figueira da
Foz.
xii
ANEXO 2
xiii
ANEXO 2
xiv
ANEXO 2
O alternador, com uma potência de 450 MW, produz a energia elétrica a uma tensão
de 19 kV que é enviada para o parque de linhas através do transformador principal
este eleva a tensão de 19 kV para 400 kV, sendo a energia elétrica gerada lançada na
rede elétrica através de linhas de muito alta tensão (400 kV), que ligam à subestação
de Lavos.
xv
ANEXO 2
MORTÁGUA
xvi
ANEXO 2
xvii
ANEXO 2
Legenda:
1 - Fosso de descarga; 2 – Garra; 3- Silo; 4 – Tremonha; 5 - Grelha alimentação; 6 - Grelha
Vibratória; 7 - Contentores Cinzas/Escórias; 8 – Ventiladores; 9 – Caldeira; 10 - Barrilete; 11 -
Precipitador electrostático; 12 - Chaminé; 13 - Desgasificador; 14 - Condensador; 15 - Torre de
refrigeração; 16 - Turbina; 17 - Alternador
xviii
ANEXO 2
A central, como já foi referido, foi projectada para queimar resíduos com um poder
calorífico inferior de 13800 KJ/Kg com uma humidade de 30%; no entanto, devido a
percentagens de humidade elevadas, o poder calorífico é inferior.
ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL
xix
ANEXO 3
DOCUMENTOS
ENTREGUES AOS TRABALHADORES
INSTRUÇÕES DE PREENCHIMENTO;
INFORMAÇÃO E CONSENTIMENTO INFORMADO;
IMPRESSO “DADOS DE IDENTIFICAÇÃO INDIVIDUAL”;
QUESTIONÁRIO DE VITALIDADE INDIVIDUAL [CIS – CHECKLIST INDIVIDUAL
STRENGHT];
ESCALA DE FADIGA OCUPACIONAL (EXAUSTÃO/RECUPERAÇÃO) [OFER -
OCCUPATIONAL FATIGUE EXHAUSTION/RECOVERY SCALE].
INSTRUÇÕES DE PREENCHIMENTO
Por fim, deverá responder aos dois questionários, seguindo as instruções de preenchimento
anexas.
MUITO OBRIGADA
INFORMAÇÃO E CONSENTIMENTO INFORMADO
__________________________________________________________ :
Este estudo irá decorrer durante o primeiro quadrimestre de 2014, fazendo parte de
um projecto de dissertação do ciclo de estudo conducentes ao grau de mestre da
investigadora.
Trata-se de um estudo que não irá afectar a sua rotina ou outros aspectos da sua vida
pessoal, uma vez que consiste no preenchimento individual de dois questionários.
Este estudo foi aprovado pela Comissão de Ética da Faculdade Medicina da
Universidade de Coimbra (FMUC) de modo a garantir a protecção dos direitos,
segurança e bem-estar de todos os doentes ou outros participantes incluídos e garantir
prova pública dessa protecção.
Como participante neste estudo beneficiará da vigilância e apoio do seu médico,
garantindo assim a sua segurança.
Este estudo tem por objectivo o estudo da fadiga em trabalhadores de centrais
térmicas da EDP da Região Centro (Carriço, Lares e Mortágua). Serão incluídos todos os
trabalhadores que nessas centrais realizem trabalho.
4. POTENCIAIS BENEFÍCIOS
Este estudo pretende ter a vantagem de estudar a fadiga (e problemas associados)
relacionada com o seu tipo de trabalho. Desta forma, pretende a Autora conhecer
melhor esta problemática e poder contribuir para um seguimento mais adequado nos
Exames de Medicina do Trabalho.
5. INFORMAÇÕES
Ser-lhe-á dado conhecimento de qualquer nova informação que possa ser relevante
para a sua condição ou que possa influenciar a sua vontade de continuar a participar
no estudo.
Pode retirar o seu consentimento em qualquer altura sem qualquer consequência para
si, sem precisar de explicar as razões, sem qualquer penalidade ou perda de benefícios
e sem comprometer a sua relação com o Investigador que lhe propõe a participação
neste estudo.
8. COMPENSAÇÃO
Este estudo é da iniciativa do investigador e, por isso, se solicita a sua participação sem
uma compensação financeira para a sua execução, tal como também acontece com os
investigadores e o Centro de Estudo.
Não haverá qualquer custo para o participante pela sua participação neste estudo.
9. CONTACTOS
Se tiver perguntas relativas aos seus direitos como participante deste estudo, deve
contactar:
Presidente da Comissão de Ética da FMUC,
Azinhaga de Santa Comba, Celas – 3000-548 Coimbra
Telefone: 239 857 707
e-mail: comissaoetica@fmed.uc.pt
CONSENTIMENTO INFORMADO
1. Declaro ter lido este formulário e aceito de forma voluntária participar neste
estudo.
5. Aceito seguir todas as instruções que me forem dadas durante o estudo. Aceito
em colaborar com o médico e informá-lo(a) imediatamente das alterações do
meu estado de saúde e bem-estar e de todos os sintomas inesperados e não
usuais que ocorram.
6. Autorizo o uso dos resultados do estudo para fins exclusivamente científicos e,
em particular, aceito que esses resultados sejam divulgados às autoridades
sanitárias competentes.
9. Fui informado que o estudo pode ser interrompido por decisão do investigador,
do promotor ou das autoridades reguladoras.
Nome do participante____________________________________________________
Assinatura : _________________________________________
Data:________/_____/____
Nome: _________________________________________________________________________________
9º ano
12º ano
Curso médio
Curso superior
Pós-graduação
Mestrado/doutoramento
Faz trabalho por turnos? SIM NÃO Se SIM, há quantos anos? ______ anos
turno fixo
turnos rotativos
_________________________________________________________________________________
Se respondeu turnos rotativos, indique o esquema de rotação e de pausas que executa:
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
Nas próximas páginas, encontrará 20 afirmações. Através delas, deseja-se obter uma ideia de
como se sentiu nas duas últimas semanas.
Por exemplo:
Sinto-me descansado
Se sente que a afirmação é inteiramente falsa, assinale o quadrado da direita, como abaixo:
Se sente que a afirmação não é nem inteiramente verdadeira nem inteiramente falsa, assinale
no quadrado que esteja mais de acordo com o que tenha sentido.
Por exemplo, se se sente relaxado, mas não muito relaxado, assinale o quadrado que se
localiza mais perto da afirmação “sim, é verdade”, como abaixo:
7 - Penso que consigo fazer muito durante o dia Sim, é verdade Não, é falso
8 - Quando executo uma tarefa, consigo concentrar-me no que Sim, é verdade Não, é falso
estou a fazer
9 - Sinto-me incapaz de fazer o que quer que seja Sim, é verdade Não, é falso
10 - Sinto que produzo pouco durante o dia Sim, é verdade Não, é falso
20 - Sinto que estou em excelente forma física Sim, é verdade Não, é falso
Escala de Fadiga Ocupacional (exaustão/recuperação)
Nas próximas páginas, encontrará 20 afirmações. Através delas, deseja-se obter uma ideia de
como se sentiu nas duas últimas semanas.
Por exemplo:
Se sente que a afirmação é inteiramente falsa, assinale o quadrado da direita, como abaixo:
Se sente que a afirmação não é nem inteiramente verdadeira nem inteiramente falsa, assinale
no quadrado que esteja mais de acordo com o que tenha sentido.
Por exemplo, se se sente relaxado, mas não muito relaxado, assinale o quadrado que se
localiza mais perto da afirmação “sim, é verdade”, como abaixo:
1 - Gasto muito do meu tempo livre a recuperar do trabalho Sim, é verdade Não, é falso
2 - Muitas vezes, sinto-me no limite relativamente ao meu trabalho Sim, é verdade Não, é falso
3 - Muitas vezes, receio acordar para mais um dia de trabalho Sim, é verdade Não, é falso
4 - Muitas vezes, penso no quanto mais tempo conseguirei Sim, é verdade Não, é falso
aguentar ir trabalhar
5 - Sinto que a maioria do tempo “vivo para o trabalho” Sim, é verdade Não, é falso
6 - Passo muito tempo a sentir a cabeça lenta/pesada Sim, é verdade Não, é falso
11 - Geralmente tenho muita energia para dedicar à família ou amigos Sim, é verdade Não, é falso
14 - Tenho bastante energia “de reserva" para quando dela necessito Sim, é verdade Não, é falso
15 - Não consigo recuperar completamente a energia entre turnos Sim, é verdade Não, é falso
de trabalho
16 - Sinto-me completamente descansado no início de cada turno Sim, é verdade Não, é falso
de trabalho
17 - A preocupação com assuntos de trabalho torna mais difícil o Sim, é verdade Não, é falso
relaxar em casa
18 - Geralmente recupero a minha energia em poucas horas, depois Sim, é verdade Não, é falso
do regresso a casa do trabalho
20 - Não tenho tempo suficiente entre os turnos para recuperar Sim, é verdade Não, é falso
completamente a energia