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INSTITUIÇÃO: CREJA PROF.

MARCOS FERREIRA

DISCIPLINA: PROJETO DE APRENDIZAGEM INTERDISCIPLINAR I

DOCENTE: Marcelo Bezerra

CURSO: TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO

TURMA: C (NOTURNO)

DISCENTE: Rafael Vinícius dos Santos de Carvalho

DATA: 13/09/2022

FICHAMENTO DE RESUMO
Referência:
Azevedo AT, Benedito VL, Silva-Junior JS, Atestados médicos por dorsopatias em
motoristas de ônibus de empresa na cidade de São Paulo. Rev Bras Med Trab. 2020.
O documento é subdividido em 5 partes; introdução, métodos, resultados, discussão e
conclusões.
A parte introdutória relata que um dos maiores motivos de transtornos de saúde
ocupacionais são as dores nas costas, impedindo ou limitando o desempenho pleno de
atividades físicas. O indivíduo com esse problema apresenta perda de produtividade,
aumento do absenteísmo, além de requerer indenizações por incapacidade, repercutindo em
sua qualidade de vida. Segundo os dados levantados nesse artigo, as dores nas costas
atingem 70 a 85% dos adultos, tanto homem quanto mulher. A prevalência de dorsalgias no
mundo varia de 22,8% a 67%, e estudos brasileiros indicam uma amplitude de 9,6% a
71,5%. As dorsopatias podem estar associadas a vários fatores de risco, como idade, sexo e
atividades de trabalho. Como por exemplo, a postura sentada por muitas horas seguidas
contribui para a dor lombar crônica. Por conseguinte, esses quadros osteomusculares podem
gerar situações de presenteísmo, com diminuição da produtividade e necessidade de
afastamento do trabalho – podendo ser de curta ou longa duração – com impactos
socioeconômicos para o trabalhador, o empregador e a sociedade. No caso dos motoristas
de ônibus, existem várias situações de riscos ocupacionais com os quais contribuem para o
desencadeamento das dores nas costas, como muito tempo na mesma posição, movimentos
repetitivos e a vibração de corpo inteiro. Esses fatores interferem no estado psicofisiológico
e se traduzem em irritabilidade, insônia, distúrbios da atenção e sintomas
musculoesqueléticos. Portanto, há a necessidade de desenvolver pesquisas no país para
estudar a saúde dos motoristas, visto que sua inserção social de apoio à mobilidade urbana.
O objetivo do artigo é analisar quais são os fatores associados à apresentação de atestados
médicos por dorsopatias entre motoristas de ônibus de uma empresa de transporte coletivo
na cidade de São Paulo.

No que se refere aos métodos utilizados, foram utilizados bancos de dados fornecidos pelo
setor de recursos humanos de uma empresa do ramo de transporte coletivo localizada na
cidade de São Paulo. Solicitou-se um relatório com informações sobre os motoristas de
ônibus que estavam vinculados à empresa e em atividade no período de 01 de janeiro de
2016 até 31 de dezembro de 2017., desconsiderando os inativos e afastados do trabalho
previamente a esse período. Em relação ao grupo amostral, foi solicitado informações,
como: sexo, idade, tempo de trabalho na empresa, turno de trabalho, número de atestados
médicos por código do grupamento “outras dorsopatias” da Classificação Internacional de
Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, 10ª versão (CID-10), e número de dias de
repouso em cada atestado. Mas também, foram calculadas as médias, os desvios padrão
(DP) e as taxas entre as informações coletadas. Foi realizada regressão logística para
identificar quais variáveis estavam associadas ao desfecho. A pesquisa foi aprovada pelo
Comitê de Ética em Pesquisas do Centro Universitário São Camilo ( parecer n°
4.304.936/2020) e registrada na Plataforma Brasil (CAAE 18841519.8.0000.0062). Em
relação às questões éticas, não foi necessárias a aplicação de Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido, pois os dados a serem coletados e analisados são baseados em arquivo
fornecido pela empresa sem informações que identifiquem os trabalhadores.

Os resultados apresentados no período, foram identificados 2.229 motoristas na empresa,


cuja idade média era de 47,3 anos (DP: 9,37). A média de tempo na empresa foi de 8,65
anos (DP:4,58). A população era predominantemente masculina (98,06%), e a maioria
trabalhava no período diurno (85,9%). Do total de motoristas, 379 apresentaram atestado
por dorsopatia. Isso indica uma prevalência de 17%, com média de 1,86 dias por atestado,
no período de 2016 a 2017. O total bruto de atestados foi de 891, sendo uma taxa de 2,35
atestados por motorista absenteísta. O índice de frequência foi de 0,40 -, ou uma taxa de 40
atestados a cada 100 motoristas; e o índice de gravidade foi de 0,74 dias perdidos para cada
trabalhador vinculado. Na análise, apenas a faixa etárias apresentou distribuição
estatisticamente significativa. Na modelagem múltipla ajustada por sexo, verificou-se que
os trabalhadores com idade inferior a 40 anos tinham uma probabilidade de 36% maior de
apresentar atestados por dorsopatias em comparação a trabalhadores com 40 anos ou mais.

A respeito das discussões apresentadas no artigo são referentes aos resultados obtidos após
o levantamento de dados. Levando a entender que a presença de atestados médicos nesse
grupo deve servir de norte para análise e ações que visem a gerenciar a saúde desses
trabalhadores, em decorrência do impacto negativo na percepção da qualidade de vida,
entre outros aspectos. No mercado de trabalho, é necessário que o trabalhador esteja em
afastamento por mais de 15 dias antes de requerer o benefício. Portanto, é natural supor a
existência de um contingente de trabalhadores acometidos de quadros incapacitante que se
recuperam antes da necessidade de encaminhamento para a Previdência Social, como visto
pela média de dias por atestado no grupo estudado. A longa jornada de trabalho dos
motoristas de ônibus contribui para dores osteomusculares, que são mais frequentes nessas
do que em outras profissões. A manutenção prolongada da postura sentada e a angulação do
assento são considerados fatores de risco para lombalgia entre motoristas, pois modificam a
curvatura natural da coluna e aumentam a pressão sobre a região posterior dos discos
intervertebrais. Isso pode acarretar alterações biomecânicas, como desequilíbrio muscular
entre força extensora e flexora de tronco e diminuição da estabilidade e mobilidade do
complexo lombo-pelvequadril, responsáveis pelo desenvolvimento de dores na porção
inferior da coluna. Os trabalhadores com menos de 40 anos apresentaram ser mais
propensos a desenvolverem dores nas costas do que aqueles mais velhos. Esse resultado é
divergente de outros estudos. As dores musculoesqueléticas entre motoristas de ônibus
foram associadas a idade superior a 40 anos na Índia. A questão da maior probabilidade de
afastamento por dorsopatias entre os trabalhadores mais jovens sugere o efeito do
trabalhador sadio, em que o mercado de trabalho é composto por aqueles mais saudáveis e
aptos. Ou seja, os trabalhadores com maior idade e portadores de quadros ortopédicos
crônicos talvez estejam afastados por incapacidade laborativa ou não tenham sido
considerados aptos para admissão na empresa. Dessa forma, os trabalhadores mais velhos
encontrados nas pesquisas podem ser considerados “sobreviventes” e, por isso, menos
suscetíveis ao afastamento por dorsopatias.

Portanto, levando em conta tudo que foi apresentado ao longo do artigo, conclui-se que o
estudo analisou a prevalência de atestados médicos por dorsopatias em população de
motoristas de ônibus de uma empresa paulistana e não encontrou diferença em relação ao
sexo, ao tempo de empresa ou ao turno de trabalho. Entretanto, os trabalhadores mais
jovens tinham chances maiores de apresentar atestados por dores nas costas em comparação
aos mais velhos, o que pode ser explicado pelo efeito do trabalhador sadio. Em relação aos
dias perdidos, o absenteísmo causa impactos socioeconômicos para o trabalhador e para a
empresa. Tendo em vista o resultado do artigo com o qual encontrou casos de trabalhadores
incapacitados pelo quadro osteomuscular, recomenda-se a análise para implantação de
ações permanentes de promoção à saúde e de prevenção de doenças. A criação de
programas voltados à melhora das condições de saúde, da qualidade de vida e do bem-estar
dos motoristas de ônibus é bem-vinda em virtude do importante papel social dessa categoria
profissional.
Palavras-chaves: Dorsopatia, dor lombar, absenteísmo, saúde do trabalhador,
epidemiologia, motoristas.

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