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XX ENANGRAD Joinville / SC | 28 a 30 de outubro de 2009

ESTUDOS DA QUALIDADE NO BRASIL: UM LEVANTAMENTO DAS TEORIAS QUE


FUNDAMENTAM OS ESTUDOS ACERCA DE QUALIDADE PUBLICADOS NO
ENCONTRO DA ANPAD NO PERÍODO DE 2001 A 2005

Uirá Araújo Nery da Cunha

Iuri Brito Moraes Oliveira

Liane Márcia Freitas e Silva

Vanessa Carvalho de Souza


XX ENANGRAD Joinville / SC | 28 a 30 de outubro de 2009

QUALIDADE (QLD)

ESTUDOS DA QUALIDADE NO BRASIL: UM LEVANTAMENTO DAS TEORIAS


QUE FUNDAMENTAM OS ESTUDOS ACERCA DE QUALIDADE PUBLICADOS NO
ENCONTRO DA ANPAD NO PERÍODO DE 2001 A 2005
XX ENANGRAD Joinville / SC | 28 a 30 de outubro de 2009

RESUMO:
No atual contexto econômico, as empresas são impelidas a melhorarem
intensivamente produtos e serviços para se manterem competitivas no mercado.
Neste contexto, a qualidade surge como ferramenta de gestão para atingimento da
maximização da produtividade e melhoria da competência estratégica. Ambientado
neste cenário, este artigo objetiva analisar as principais formas de utilização do
termo qualidade e os diversos conceitos acerca da qualidade empregados nos
artigos científicos publicados no ENANPAD entre 2001 e 2005. Para tal, esta
pesquisa fundamentou-se como uma revisão analítica documental numa amostra de
3.148 artigos em 22 diferentes áreas da administração apontadas pela ANPAD. Para
analisar foram estabelecidas cinco categorias que avaliavam o número de citações e
o aprofundamento da qualidade no texto. Pelas análises realizadas, pode-se concluir
que o termo qualidade teve representação em quase todas as áreas, ainda que
superficialmente, como indicam as categorias “A” e “B”. No geral, verificou-se fraca
contextualização da qualidade, sendo esta mais citada e aprofundada na área de
gestão e logística, que realmente se destacou em seus artigos de categoria “E”.
Palavras-chave: Categorias, Conceitos, Gestão, Qualidade.

ABSTRACT:
In the current economic context, companies are pushed to improve intensive
products and services to remain competitive in the market. In this context, emerged
as a quality management tool for achieving the maximization of productivity
improvement and strategic competence. Environmental in this scenario, this article
aims to analyze the main ways to use the term quality and different concepts about
the quality used in scientific articles published in ENANPAD between 2001 and 2005.
To this end, this research was based as an analytical review of a sample of 3148
documentary articles in 22 different areas identified by the administration ANPAD. To
examine five categories were established to assess the number of citations and
deepening the quality of text. For the analysis, we can conclude that the term quality
has representation in almost all areas, even superficially, as indicated by the
categories "A" and "B". Overall, there was poor quality of contextualization, which is
quoted more in-depth management and logistics, which if really highlighted in your
articles classified in category E.
Keywords: Categories, Concepts, Management, Quality.
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1. Introdução

No atual contexto econômico, as empresas encontram-se em um processo


irreversível de reorganização, denominado de “Globalização Econômica”. Dentro
desse processo, as organizações têm muito mais variáveis exógenas, as quais
podem determinar sua ascensão ou declínio, do que variáveis controláveis por
ações internas. Neste panorama, houve um interesse crescente pela gestão da
qualidade, assim como, um reconhecimento cada vez maior de sua importância
estratégica, em decorrência de uma série de fatores como a onda crescente de
importações, programas federais, aumento da sensibilidade dos consumidores e as
contínuas pressões no sentido de melhorarem-se intensivamente produtos e
serviços (GARVIN, 1992).
Reconhecendo a importância da qualidade, como ferramenta estratégica de
gestão para atingimento da maximização da produtividade, Porter (1989) indica a
qualidade como um meio de diferenciação frente aos concorrentes e como caminho
para atingimento de vantagem competitiva. De forma análoga, os autores Slack et al
(1999) posicionam a qualidade como um critério de desempenho necessário para o
atingimento da eficácia e eficiência dos sistemas produtivos.
Desta forma, percebe-se que, na medida em que houve uma maior
necessidade pela eficientização dos sistemas produtivos, atrelada ao acirramento
competitivo e ao processo de globalização da economia, o conceito e os princípios
de gestão da qualidade no âmbito da gestão da produção passaram a ser aplicados
e utilizados com maior frequência no intuito de alavancar a produtividade das
organizações e permitir melhoria de sua competência estratégica.
No entanto, o que se percebe é que ao longo dos anos, o entendimento do
conceito qualidade sofreu diversas alterações, acrescentando novas perspectivas e
abordagens, passando de uma visão operacional meramente focada na inspeção,
para uma visão sistêmica, que engloba toda a organização voltada para um âmbito
estratégico, tal como preconiza o TQM (Gestão da Qualidade Total). Neste aspecto,
Garvin (1984) publicou nos Estados Unidos um artigo intitulado "O que significa,
realmente, a qualidade do produto?", evidenciando o aspecto dinâmico do termo
qualidade ao longo dos anos e mostrando que este conceito muda conforme o
contexto de quem o avalia.
A despeito do aspecto dinâmico da qualidade, Garvin (1992) listou cinco
diferentes abordagens genéricas para definir qualidade: abordagem
transcendente: qualidade como sinônimo de excelência inata; abordagem
baseada no produto: qualidade como sinônimo de características no produto;
abordagem baseada no usuário: qualidade como atendimento das necessidades e
preferências do consumidor; abordagem baseada na produção: qualidade como
sinônimo de conformidade com as especificações; abordagem baseada no valor:
qualidade como desempenho ou conformidade a um preço ou custo aceitável. Já em
referência à divergência conceitual e as diferentes perspectivas da qualidade Garvin
(1984) afirmou que, estudiosos de áreas distintas como Filosofia, Economia,
Marketing e Engenharia analisam a qualidade com perspectivas que competem
entre si, com esquemas de análises diferentes, terminologias próprias e ao mesmo
tempo, com alguns temas comuns.
Apoiando-se nestas afirmativas de Garvin (1984, 1992) e diante de tantas
conceituações e diversas formas de abordagens, observa-se que o termo qualidade,
em diversas ocasiões, não apenas no mundo empresarial, mas também no âmbito
acadêmico é utilizado de maneira inadequada ou em contextos inadequados, em
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virtude da atmosfera de modismo na qual o conceito de qualidade está imerso


atualmente. Dessa forma, sendo a qualidade um tema de tamanha relevância no
atual contexto concorrencial de economia globalizada e havendo essa divergência
conceitual a respeito da qualidade, este artigo se propõe a analisar as principais
formas de utilização do termo qualidade e os diversos conceitos acerca da qualidade
empregados nos artigos científicos publicados no ENANPAD (Encontro Nacional da
Pós-Graduação e Pesquisa em Administração), no período de 2001 a 2005, a fim de
analisar como o termo qualidade está sendo utilizado nas diversas áreas da
administração, se adequado ao contexto no qual está sendo empregado ou se
utilizado meramente pelo modismo que envolve a gestão da qualidade atualmente.
Neste intuito, esta pesquisa realizou uma busca integral nos artigos desse
período, dos mais variados temas, em três línguas diferentes e nas suas mais
variadas classificações, que sofreu com mudanças. Nos anos de 2001 e 2002
contou com 15 (quinze) classificações diferentes; nos anos de 2003 e 2004 sofreu
uma ampliação, passando a contar com 17 (dezessete) classificações e no ano de
2005 ocorreu uma redução considerável no número de classificações, passando a
contar com apenas 10 (dez). A quantificação da utilização da palavra qualidade e de
seus conceitos ocorreu a partir da criação de cinco categorias distintas as quais
foram definidas a partir de critérios específicos que se baseavam na relevância do
assunto qualidade, analisando desde a ausência da utilização e da conceituação de
qualidade até o tratamento destas de maneira aprofundada.
Para tal, segue inicialmente com uma exploração teórica sobre a qualidade,
suas abordagens teóricas até o atual conceito de Gestão da Qualidade Total
(sessão 2), posteriormente, são apresentados os procedimentos metodológicos
utilizados para a consecução do objetivo traçado (sessão 3), e por fim, segue-se
com a análise dos dados traçados (sessão 4), que suportam as conclusões finais
tecidas no fim deste artigo (sessão 5).

2. O que é Qualidade?

Neste momento de competitividade intensa, a qualidade é uma das formas de


manutenção da vantagem competitiva ou, no mínimo, de permanência no mercado.
Endossando tal afirmativa, Paladini (1990), de forma enfática, afirma que a única
forma que a empresa possui para sobreviver é vender seus produtos. Como essa
venda depende diretamente da vontade do cliente, o fator qualidade é imprescindível
para tornar a empresa mais atrativa no mercado em que atua.
Em épocas passadas, a qualidade era entendida e limitada ao segmento
fabril, isto é, seu enfoque estava diretamente relacionado ao produto ou ao
atendimento às especificações e à eficiência do processo produtivo (CROSBY,
1979). Todavia, a idéia de qualidade atualmente em vigor, trata da satisfação do
cliente mediante o atendimento ou superação de sua expectativa. Sob esta nova
perspectiva, o cliente passou a ser o foco principal das organizações com o
atendimento às suas necessidades explícitas e implícitas. No entanto, a
preocupação com a qualidade dos produtos deriva de tempos remotos, quando o
homem desde seu passado aprendeu a buscar a qualidade como forma de garantir
sua sobrevivência por mais tempo com segurança e conforto, apesar da vida
primitiva. Ratificando esta afirmativa, Paladini (1995) afirma que a preocupação com
a qualidade remonta as épocas antigas, embora não houvesse, neste período, uma
noção muito clara do que fosse qualidade, estando esta consagrada, neste período,
principalmente na arquitetura, na literatura, nas artes e na Matemática.
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Neste contexto, Juran (1990) expõe que as necessidades humanas pela


qualidade existem desde o princípio da história, no entanto, os meios para obter
essas necessidades, ou seja, a estruturação dos procedimentos e processos de
gerenciamento voltados para a qualidade, somente foram estabelecidos com a
possibilidade de produção mecanizada e em massa, momento em que a
padronização dos processos e as especificações dos produtos passaram a ser
possíveis. Ainda assim, este autor afirma que ao longo dos anos esta forma de
gerenciamento sofreu imensas e contínuas mudanças, em virtude da evolução das
metodologias administrativas e das necessidades de mercado.
Garvin (1992), sobre o entendimento do conceito de qualidade e sua evolução
ao longo dos anos, indica que a qualidade é conhecida como conceito há milênios.
Todavia, só recentemente, no século XX, surgiu como função de gerência formal.
Para este autor, a disciplina ainda está em formação, mas ainda assim, é possível
identificar quatro "eras da qualidade" distintas: inspeção, controle estatístico da
qualidade, garantia da qualidade e gestão estratégica. (Quadro 1).
Quadro 1: Etapas do Movimento da Qualidade
Etapas do Movimento da Qualidade
Controle Gerenciamento
Garantia da
Períodos Inspeção Estatístico da Estratégico da
Qualidade
Qualidade Qualidade
Preocupação Impacto
Verificação Controle Coordenação
básica estratégico
Um problema a
Um problema ser resolvido, Uma
Visão da Um problema
a ser mas que seja oportunidade de
qualidade a ser resolvido
resolvido enfrentado concorrência
proativamente
Toda a cadeia
Uniformidade de produção e As
Uniformidade do produto a contribuição necessidades
Ênfase
do produto com menos de todos os de mercado e
inspeção grupos do consumidor
funcionais
Planejamento
estratégico,
Instrumentos e
Instrumento Programas e estabelecimento
Métodos técnicas
de medição sistemas de objetivos e a
estatísticas
mobilização da
organização
Estabelecimento
Mensuração da
de objetivos,
Inspeção, Solução e a qualidade,
Papel dos educação e
classificação, aplicação de planejamento
profissionais da treinamento,
contagem e métodos da qualidade e
qualidade trabalho
avaliação estatísticos projeto de
consultivo todos
programas
departamentos
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Todos os
departamentos, Todos na
Os
O embora a alta empresa, com a
Responsabilidade departamentos
departamento gerência só se alta gerência
pela qualidade de produção e
de inspeção envolva exercendo forte
engenharia
apenas liderança
parcialmente
Orientação e "inspeciona" "controla" a "constrói" a "gerencia" a
abordagem a qualidade qualidade qualidade qualidade
Fonte: Garvin (1992).
Verifica-se através do Quadro 1 que o conceito de qualidade foi mudando
para adaptar-se à realidade das empresas, e principalmente as exigências de
mercado. Se antes, a qualidade era percebida e aplicada como inspeção de
qualidade sobre os produtos já manufaturados, nos dias atuais, a qualidade, é
percebida de maneira estratégica, que engloba não apenas a atividade de operação,
mas aplica e gerencia esta a partir do controle estatístico da qualidade envolvendo
toda a organização, principalmente a cúpula da organização. Neste processo
evolutivo, percebe-se que a qualidade passou de uma visão operacional que
contemplava a inspeção como atividade para qualidade até o estabelecimento de
estratégias de qualidade para o atingimento de vantagens competitivas, onde o
cliente passou a ser o foco central das empresas e fator relevante para a
sobrevivência delas no mercado. Esta última fase contempla ao que se denominou
de TQM (Gerenciamento da Qualidade Total), uma estratégia de gestão estruturada
em meados de 1950 pelos japoneses que contempla a filosofia de gestão,
denominada, Just in Time (JIT).
Sobre a inserção do cliente no gerenciamento da qualidade, Slack et al
(1999), afirmam que a qualidade tem dois aspectos importantes: a visão da
operação e do consumidor. De acordo com a primeira visão, a qualidade consiste
em conformidade do produto ou serviço com as expectativas dos consumidores,
enquanto que, sob a segunda visão, a qualidade é vista como o resultado da
comparação das expectativas dos consumidores sobre os produtos e serviços com
as percepções de como o produto ou serviços são desempenhados. Dessa forma,
pode-se entender qualidade como sendo tanto a satisfação das necessidades dos
clientes, pelo atendimento das expectativas como também, pode-se entender
qualidade como sendo conformidade dos produtos consumidos, ou seja,
atendimento das especificações.
Esta dualidade na compreensão do que venha a ser qualidade, deriva do fato
de a palavra qualidade possuir um caráter subjetivo, além de se adequar a diversas
perspectivas. Esta diversidade de conceituações, bem como de diferentes
perspectivas pode ser identificada quando se observa as conceituações
apresentadas pelos gurus da qualidade. (Quadro 2). Através deste, observa-se que,
os autores considerados referências na área, assumem diferentes posturas quando
da adoção de uma definição acerca de qualidade. No entanto, todos convergem na
opinião de que a qualidade está associada fortemente ao atendimento das
necessidades ou desejos dos usuários. Dessa forma, verifica-se que qualidade é um
termo que apresenta diversas interpretações (GARVIN, 1992), e por isso, pode ser
definida e entendida sob diversas formas, a depender do contexto no qual está
aplicado e dos objetivos pretendidos. Em virtude disto, Garvin (1992), identificou
cinco diferentes abordagens sobre qualidade, conforme ilustra o Quadro 3.
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Quadro 2: O conceito de qualidade


Ano Autor Definição
1950 Deming Máxima utilidade para o consumidor
1951 Feigenbaum Perfeita satisfação do usuário
1954 Juran Satisfação das aspirações do usuário
1961 Juran Maximização das aspirações do usuário
1964 Juran Adequação ao uso
1979 Crosby Conformidade com os requisitos do cliente.
Fonte: Adaptado de Slack et al (1999).
Quadro 3: Abordagens da Qualidade
Abordagem Definição
Qualidade é sinônimo de excelência inata. É absoluta e
Transcendental
universalmente reconhecível.
Qualidade é uma variável precisa e mensurável, oriunda
Baseada no Produto
dos atributos do produto.
Qualidade é uma variável subjetiva que deve atender da
Baseada no Usuário
melhor maneira aos desejos do consumidor.
Qualidade é uma variável precisa e mensurável, oriunda
Baseada na Produção do grau de conformidade do planejado com o
executado.
Qualidade é um misto de dois conceitos distintos:
Baseada no Valor excelência e valor, onde há destaque os trade-off
qualidade versus preço.
Fonte: Adaptado de Garvin (1992)
Mais uma vez, conforme se pode verificar ao analisar o Quadro 3, o conceito
de qualidade depende do contexto em que é aplicado, podendo-se considerar
diversas percepções em relação à qualidade, em face da subjetividade, da
complexidade e do objetivo de sua aplicação na organização. Assim, a forma como
a qualidade é definida e entendida por uma organização reflete a forma como esta
direciona a produção de bens e serviços.
Neste contexto, sendo a qualidade um conceito caracteristicamente tão
subjetivo e relativo, como definir um gerenciamento que fosse capaz de modelar a
qualidade a fim de que esta fosse aplicada nas organizações e promovesse ganhos
de eficiência e melhoria na competência estratégica? Nesta perspectiva, na segunda
metade do século XX, no período de reestruturação japonesa foi moldada uma
estratégia de gestão direcionada para a qualidade, que em muito contribuiu para o
crescimento deste país, sendo considerada, a principal arma para o fortalecimento e
crescimento econômico do Japão vivenciado na segunda metade do século XX. Esta
estratégia de gestão específica voltada para a qualidade, denominada de Gestão da
Qualidade Total (TQM) corresponde à atual visão da qualidade nas organizações,
onde a qualidade desempenha uma função estratégica, ou seja, é vista como
ferramenta estratégica para as organizações, à medida que, pode possibilitar a
obtenção de vantagem competitiva e a melhoria da competência estratégica.
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Segundo Slack et al (1999), o TQM é uma filosofia de gestão, ou seja, uma


forma de pensar e trabalhar, que se preocupa com o atendimento das necessidades
e das expectativas dos consumidores e tenta mover o foco da qualidade de uma
atividade puramente operacional, transformando-a em uma responsabilidade de toda
a organização. Nesse sentido, podem ser identificados no TQM alguns pilares
principais, que sustentam toda filosofia, quais sejam: a melhoria contínua; o foco nos
clientes; e a participação de toda organização no atingimento da qualidade.
O kaizen, denominação japonesa para melhoria contínua, é aplicado tanto
na busca de solução de problemas quanto na melhoria sistemática e contínua, de
modo a alcançar níveis mais altos de qualidade e performance organizacional,
utilizando para tal o ciclo PDCA (plan, do, control e action). Enquanto isso, o foco no
cliente relaciona-se com o pleno atendimento de suas necessidades. Nesse sentido,
as organizações devem ser capazes de ter agilidade para atender às mudanças de
necessidades e expectativas dos clientes, concentrando seus recursos em
atividades que venham a atender estas necessidades. Por fim, a participação de
todos na efetivação da qualidade, ocorre à medida que, todos os funcionários, ou
colaboradores de todas as esferas organizacionais se envolvem nas atividades de
melhoria contínua e na busca da satisfação do cliente.
Assim, percebe-se que a gestão pela qualidade total é bastante ampla,
envolvendo não apenas diversas áreas funcionais da organização, mas
incorporando interesses de diversos stakeholders de uma organização, na busca da
excelência em desempenho. Neste escopo, ressalta-se o surgimento dos modelos
de gestão da qualidade, através da série ISO de certificação e os prêmios de
excelência, tais como, o Prêmio Deming de qualidade (Japão), o Prêmio Europeu de
Qualidade (Europa), o Prêmio Malcolm Baldrige de qualidade (EUA) e o Prêmio
Nacional de Qualidade (Brasil), que promovem a avaliação da política de gestão
desenvolvida e implementada por determinada organização em relação às práticas
de qualidade através de modelos de gestão da qualidade que estabelecem um
conjunto de critérios e itens que a organização deve cumprir por meio de suas
práticas que conduzem a resultados de excelência.

3. Procedimentos Metodológicos

Baseando-se na classificação de métodos de pesquisa apresentada pelos


autores Cervo & Bervian (1983), este estudo caracteriza-se como revisão analítica
documental, pois visa avaliar o conceito, a aplicação e contexto no qual o termo
qualidade foi utilizado na produção científica publicada durante os ENANPAD no
período de 2001 a 2005. A coletânea dos anais deste evento foi disponibilizada pela
biblioteca da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF).
Os eventos que tiveram sua produção científica rastreada foram realizados
em diferentes cidades, tendo sido sediado em Campinas-SP (2001), Salvador-BA
(2002), Atibaia-SP (2003), Curitiba-PR (2004) e Brasília-DF (2005) e contaram com a
participação do público acadêmico de todo o Brasil, o que proporcionou uma análise
geral da contextualização acerca do tema qualidade em âmbito nacional. As
quantidades de artigos pesquisadas em cada evento, além da eficiência em termos
de quantidade de artigos pesquisados, em cada evento, seguem apresentados na
Tabela 1.
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Tabela 1: Características da amostra


Quantidade de artigos
ENANPAD Eficiência
publicados
2001 426 100%
2002 551 100%
2003 629 100%
2004 796 100%
2005 791 94,31%
O presente estudo procedeu-se a partir do levantamento de citações sobre o
termo qualidade nos artigos explorados, no período supracitado, totalizando assim, a
investigação em 3.148 publicações distribuídas em diversas categorias conforme
apresentado na Tabela 2.
Tabela 2: Características da amostra
Categoria Publicações
ACT – Administração de Ciência e Tecnologia 113
ADI – Administração da Informação 198
APS – Administração Pública e Gestão Social 98
CAB – Casos em Administração Brasileira 14
CCG – Contabilidade e Controle Gerencial 194
COR – Comportamento Organizacional 198
ECE – Empreendedorismo e Comportamento Empreendedor 58
EOR – Estudos Organizacionais 106
EPA – Ensino e Pesquisa em Administração 146
EPQ – Ensino e Pesquisa em Administração e Contabilidade 50
ESO – Estratégia em Organizações 333
FIC/FIN – Finanças e Contabilidade 264
GAG – Gestão de Agronegócios 56
GCT – Gestão de Ciência, Tecnologia e Informação 42
GIN – Gestão Internacional 75
GOL – Gestão de Operações e Logística 139
GPG – Gestão Pública e Governança 151
GPR/GRT – Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho 263
GSA – Gestão Social e Ambiental 106
MKT – Marketing 264
POP – Políticas Públicas 131
TEO – Organizações/Teoria das Organizações 149
TOTAL 3.148
Fonte: ANPAD (2009).
Analisando as áreas temáticas dos eventos entre 2001 e 2005, verifica-se que
ocorreram variações na denominação dos assuntos, o que conseqüentemente
alterou a distribuição dos artigos entre as categorias, dificultando uma análise mais
aprofundada sobre os temas. Do mesmo modo é mister citar que houve a
impossibilidade de analisar 45 publicações referentes ao ano de 2005, tendo em
vista que os arquivos disponíveis encontravam-se corrompidos no material
disponibilizado pela biblioteca. Entretanto, obteve-se uma eficiência de análise de
98,86% das publicações avaliadas, uma amostra bastante considerável,
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representando quase que a totalidade dos artigos publicados, o que torna o estudo
suficientemente válido como parâmetro para interpretações pretendidas.
Dessa forma, para elucidar a pesquisa de forma objetiva, foram estabelecidas
pelo pesquisador cinco diferentes categorias, onde cada uma destas indicava uma
classificação com base na localização da palavra e o contexto no qual o termo
estava sendo empregado. Deste modo, foram estabelecidas as categorias “A”, “B”,
“C”, “D” e “E”, que de maneira crescente indica gradação na relevância onde a
quantidade de aparições da palavra qualidade, bem como, o contexto de aplicação
são analisados. É importante ressaltar que, para analisar a quantificação de
aparições da palavra qualidade, por terem sidos rastreados artigo em três diferentes
línguas obedeceu-se os seguintes critérios:
• Quando o texto estava em português, as buscas estavam concentradas em
sua escrita em português e em inglês;
• Quando o texto estava em inglês, as busca focava apenas a palavra escrita
na língua inglesa;
• Quando o texto estava escrito em espanhol, as buscas estavam concentradas
em sua escrita em espanhol e em inglês;
Assim como anteriormente citado, acerca dos critérios de avaliação, foi
utilizada uma escala gradativa para análise da utilização do termo qualidade,
iniciando pela categoria “A” e encerrando na categoria mais elevada, denominada de
“E”, onde os critérios de avaliação estão expostos no Quadro 4:
Quadro 4: Categorização para análise dos dados
Categoria Critérios de Classificação
• Não houve citação do termo qualidade no texto nem tão pouco a
A
utilização de bibliografia sobre o assunto.
• Houve entre 1 a 4 citações;
• Citações realizadas de forma esporádica;
B
• Citações não relacionadas com o tema ou objetivos da pesquisa;
• Ausência da utilização de bibliografia sobre qualidade.
• Ocorreram mais de 4 citações no texto, sendo que tais citações
ocorreram e estavam relacionadas de alguma forma com: o
C contexto ou objetivo do artigo; tratavam sempre da mesma definição
de qualidade; estavam sempre relacionadas a determinado tipo de
qualidade.
• Ocorreram mais de 4 citações no texto, sendo que tais citações
ocorreram e estavam relacionadas de alguma forma com: o
contexto ou objetivo do artigo; tratavam sempre da mesma definição
D
de qualidade; estavam sempre relacionadas a determinado tipo de
qualidade.
• Bibliografia específica de qualidade.
• Ocorreram mais de 4 citações no texto, sendo que tais citações
ocorreram e estavam relacionadas de alguma forma com: o
contexto ou objetivo do artigo; tratavam sempre da mesma definição
de qualidade; estavam sempre relacionadas a determinado tipo de
E
qualidade.
• Bibliografia específica de qualidade;
• Citações explícitas que tal artigo tratava exclusivamente ou
objetivava relacionar a qualidade com outra variável.
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Apesar da especificação objetiva de cada categoria, existiram casos especiais


relevantes para uma divisão racional da pesquisa. Nestes casos, o pesquisador
responsável pela avaliação optou pela mudança de categoria de um determinado
artigo, pois o mesmo encontrava-se no limiar de duas categorias. Quando isso
ocorreu, o critério adotado foi a categorização do artigo de acordo com as
características da letra que alcançava maior classificação, sendo no geral, o uso de
referências bibliográficas o principal critério para o desempate.
Após a categorização dos artigos em suas respectivas categorias e com o
auxílio do programa de planilha eletrônica de cálculo Microsoft Excel, fez-se o
cálculo percentual de freqüência do termo qualidade por categoria em um
determinado ano utilizando-se a seguinte fórmula:

 QRT 
  ×100 (1)
 TAA 
Onde:
QRT = quantidade de repetições do termo
TAA = total de artigos por assunto

Por fim, para a realização da tabela na qual se expõe os resultados totais das
categorias em seus respectivos anos utilizou-se a seguinte fórmula:

 TGC 
  ×100 (2)
 TAP 

Onde:
TGC = total geral de repetições por categoria
TAP = total de artigos publicados no ano

4. Análise dos Dados

De posse dos artigos publicados entre os anos de 2001 e 2005 e estabelecida


a categorização em que estes artigos seriam analisados, procedeu-se a análise dos
dados ano a ano, conforme segue apresentado nos gráficos seguintes: (Figura 1–
Ano 2001; Figura 2– Ano 2002; Figura 3 – Ano 2003; Figura 4 – Ano 2004; Figura 5
– Ano 2005). Por fim, apresenta-se um gráfico (Figura 6) que relaciona a utilização
da qualidade durante os cinco anos analisados de maneira agregada, a fim de
permitir análises gerais. Ressalta-se apenas que os gráficos apresentados foram
plotados em duas dimensões, representando o eixo das ordenadas a porcentagem
de utilização da palavra qualidade e o eixo das abscissas as áreas de pesquisa
apontadas pela ANPAD (2009).
Os dados coletados no ano de 2001 evidenciaram que os artigos relacionados
em praticamente todos os temas contaram com a predominância da categoria “B”,
que foi superior em 12 das 15 classificações. Pode-se evidenciar claramente que na
classificação Finanças só estiveram presentes as categorias “A” e “B” além de
evidenciar também a maior incidência de artigos da categoria “E” respectivamente
em: GOL (Gestão de Operações e Logística), GPG (Gestão Pública e Governança)
e GRT (Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho).
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Figura 1: Análise sobre qualidade (2001)

Sobre o ano de 2002 é possível afirmar que novamente a categoria “B” foi
predominante, também com a mesma quantidade de vezes que apareceu em 2001,
que também contou com 15 linhas de pesquisa. Também como em 2001, a linha de
Finanças contou com a categoria “A” como predominante, e dessa vez a linha de
Casos da Administração Brasileira teve a categoria “A” aparecendo nas amostras.
Ainda pode-se citar a ausência da categoria “D” em quatro linhas de pesquisa,
ampliando ainda mais a ausência que no ano anterior. A ausência da categoria “E”
em 7 linhas de pesquisa também chamou a atenção, sendo que no ano anterior tal
categoria manteve-se ausente em apenas 4 linhas.
Figura 2: Análise sobre qualidade (2002)

Em 2003 ocorreu um acréscimo na quantidade de linhas de pesquisa,


totalizando 17 linhas de pesquisa. Agora a predominância visível dos dois anos
anteriores da categoria “B” foi quebrada, passando a corresponder por
aproximadamente 47% das categorias mais predominantes, sendo que tal categoria
representou por 80% em 2001 e 2002. Pode-se notar também o crescimento
percentual de aparecimento de artigos de categoria “C”, que manteve presença em
todas as linhas além da categoria “D”, que dessa vez ficou ausente apenas na linha
de pesquisa na área de Finanças. A categoria “E” ampliou a presença nas amostras
em relação ao ano anterior, ficando ausente em apenas cinco.
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Figura 3: Análise sobre qualidade (2003)

O ano de 2004 obedeceu a mesma quantidade de linhas de pesquisa que o


ano de 2003 e ampliou consideravelmente a presença da predominância das
amostras que categoria “B”, fazendo a mesma tornar-se mais uma vez a mais
predominante. A categoria “A” manteve a posição de maior predominância na área
de Finanças e a categoria “C” repetiu os anos de 2002 e 2003, demonstrando o
aparecimento de amostras em todas as linhas de pesquisa.
Figura 4: Análise sobre qualidade (2004)

Figura 5: Análise sobre qualidade (2005)

O ano de 2005 sofreu com forte redução da quantidade de linhas de


pesquisa, passando para apenas 10, e desta vez, a categoria “B” atingiu seu maior
percentual de predominância de toda a amostra. A forte redução não atingiu
significativamente todas as outras categorias, onde as categorias “A” e “C”
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permaneceram presente nas amostras de todas as linhas de pesquisa. Por fim, a


figura 6 que ajuda a entender comportamento das categorias no período analisado.
Figura 6: Evolução temporal das categorias (2001-2005)

A figura 6 possibilita uma visão bastante interessante acerca do que


aconteceu com todas as categorias ao longo do tempo e inicialmente percebe-se a
enorme predominância de artigos que foram categorizados como tipo “B”,
demonstrando uma relativa negligência na utilização da palavra, seja por conta da
não existência de relação com a palavra abordada nas amostras ou pela ausência
de conceituação e conseqüentemente inexistência de bibliografia tratando
exclusivamente da qualidade.
Pelos dados analisados, pode-se observar que a categorização situou-se
numa faixa que variou pouco mais de 10% durante o período analisado. As
categorias “A” e “C” ficaram bem próximas no gráfico, assim como pode-se observar
pela figura 6. Nesse sentido, as curvas que representam as categorias “A” e “C”
variaram menos de 5%, demonstrando relativa similaridade tanto na ausência da
palavra nas amostras analisadas quanto na pouca consistência de utilização que
ficou evidente na categorização do tipo “C”.
Além disso, as análises anteriores apontam que a categoria “D” apresenta
uma característica peculiar, variando na faixa de 5% e 10% no primeiro e último
biênio, sofrendo uma variação no ano de 2003 de pouco mais de 9% nas amostras
em relação ao ano anterior. Porém, tal fato não se repetiu, e a categoria “D” voltou a
faixa que estava atuando até 2002. Já a categorização tipo “E” praticamente
manteve sua atuação entre 8% e 4% do total de amostras, aproximadamente 5,32%
de média das amostras no período analisado.
Até o momento, a presente análise foi bastante direta, proveniente do que foi
observável diretamente da visualização das figuras. Entretanto, para legitimar um
processo eficiente de análise de dados é necessário interpretar os aspectos
quantitativos da tabulação em características qualitativas e chegar a conclusões
individuais sobre os estudos pesquisados, como visto a seguir:
• De forma geral, todos os artigos que foram classificados na categoria “E” na
área ADI (Administração da Informação) tratavam exclusivamente da
qualidade das informações da mesma forma que uma boa parte dos artigos
de categorização “E” de GCT (Gestão de Ciência, Tecnologia e Informação) e
que, geralmente, estavam ligadas a algum processo de tomada de decisão,
comunicação e/ou sistemas de informação. A outra parte acerca de GCT
estava ligada a qualidade de produto ou serviço;
• Analisando aspectos pertinentes à classificação FIN (Finanças), pode-se
perceber que até 2004 não ocorreu nenhum artigo que abordasse a qualidade
e fosse alocado na categoria “E”. Infelizmente, ocorreu um equívoco por parte
da organização do evento ao inserir um artigo do tema Gestão Pública e
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Governança (GPG) nos estudos relacionados a Finanças. A partir de 2005 foi


incorporada à classificação Finanças os estudos de Contabilidade por conta
da fusão feita com o tema CCG (Contabilidade e Controle Gerencial), o que
alterou sua nomenclatura para FIC (Finanças e Contabilidade). A verificação
feita após essa fusão e quando o tema ainda era CCG apontou que a relação
existente entre os artigos categorizados como tipo “E” aumentaram por conta
dos estudos sobre a qualidade do lucro;
• Acerca da área ESO (Estratégias em Organizações), pode-se observar que
segundo a afirmativa dos autores Carvalho & Paladini (2006): “a qualidade
não é vista de forma isolada, mas inserida em um modelo em que se
consideram os aspectos essenciais da sobrevivência das organizações e de
como a qualidade os afeta e é por eles influenciada”. Pode-se afirmar que,
qualidade é um termo extremante ligado à estratégia porque ela (em especial
a gestão da qualidade) leva as organizações a uma posição diferenciada
perante as outras, leva-as a vantagem competitiva, tema que está
intrinsecamente ligado à qualidade. Portanto, entende-se que a inconstante
presença de artigos com contextualização aprofundada no tema qualidade
(categorias “D” e “E”) e maioria de utilizações enquadradas na categoria “B”
durante os anos infundam a expectativa criada acerca da ligação existente
entre o tema e o termo.
• A respeito do tema GIN (Gestão internacional) pode-se observar que não
houve, no período de 2001 a 2004, abordagem significativa do tema, sendo
que a maioria dos artigos publicados atingiu no máximo a categoria “C”, com
algumas poucas exceções que citaram qualidade na bibliografia;
• Sobre o tema MKT (Marketing) é possível afirmar que a totalidade dos artigos
que alcançaram a categoria “E” tratam da qualidade de produtos ou serviços
e, por ser um assunto que aborda em demasia a relação de necessidades do
consumidor, como na definição da American Marketing Association (AMA)
que define o marketing como “o desempenho das atividades comerciais que
dirigem o fluxo de bens e serviços do produtor ao consumidor ou usuário”
pode ser amplamente relacionado com a abordagem baseada no usuário de
Garvin, sendo assim um assunto que gera inúmeras possibilidades de
pesquisa na área de atendimento às necessidades do consumidor, entretanto,
o tema ainda não atingiu as expectativas onde no ano de 2001, a categoria
mais predominante foi a “A” e nos anos posteriores alcançou como categoria
predominante apenas a categoria “B”, abordando a qualidade de forma
inexpressiva;
• O tema CAB (Casos da Administração Brasileira) ficou apenas dois anos
como classificação e provavelmente ficou tão pouco tempo por conta do
pouco êxito de criação dessa classificação na quantidade de artigos
publicados, mostrando também o pouco interesse no aspecto da qualidade e
de gestão da qualidade. Da mesma forma que o tema ECE
(Empreendedorismo e Comportamento Empreendedor) que não teve nenhum
artigo categorização “E” em dois anos de participação;
• Para o caso de ACT (Administração de Ciência e Tecnologia) tem-se que
praticamente em todos os anos analisados tal classificação teve a categoria
“B” em mais da metade dos artigos publicados durante o evento,
demonstrando mais uma vez relativa negligência na utilização da palavra;
• A publicação da classificação APS (Administração Pública e gestão Social)
ocorreu apenas no ano de 2005, onde praticamente metade dos artigos
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situou-se na categoria “B” e quase 20% deles ficou categorizado como “A”.
Pode-se também citar que todos os artigos que foram categorizados como “E”
na classificação APS tratavam apenas da administração pública, nenhum
deles obteve classificação “E” e tratou do tema Gestão Social, objetivando
tratar da qualidade na prestação do serviço público;
• A classificação EPA (Ensino e Pesquisa em Administração) também
incorporou o tema contabilidade e transformou-se em 2005, na área EPQ
(Ensino e Pesquisa em Administração e Contabilidade). Nesta, pode-se
perceber que todos os artigos que foram categorizados como “E” desde EPA
até EPQ tratavam da qualidade no ensino;
• Acerca das áreas POP (Políticas Públicas) e TEO (Organizações/Teoria das
Organizações) percebe-se que todos os artigos categorizados como “E”
possuem, respectivamente, uma relação direta com qualidade no serviço
público e qualidade de produto ou serviço. Já na área EOR (Estudos
Organizacionais) que foi incorporado ao rol de temas no ano de 2005, tratou
sobre qualidade de forma bastante esporádica e sem fundamentação onde
praticamente 75% dos artigos desse tema ficaram categorizados ou na “A” ou
na “B”;
• A respeito do tema COR (Comportamento Organizacional tem-se que a
totalidade dos artigos categorizados como “E” tratou basicamente de
qualidade de vida no trabalho, qualidade total e padrão ISO, sendo que
para os dois últimos relacionados ao comportamento dos indivíduos.
• As áreas restantes são: GAG (Gestão de Agronegócios), GOL (Gestão de
Operações e Logística), GPG (Gestão Pública e Governança), GPR/GRT
(Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho), GSA (Gestão Social e
Ambiental). A respeito dos temas que tiveram categorização tipo “E” pode-se
citar sobre: GAG (qualidade de produtos e serviços), GPG (qualidade na
prestação de serviços públicos), GPR/GRT (qualidade de vida), GSA
(qualidade de vida). O tema GOL (Gestão de Operações e Logística foi o
tema que mais abordou qualidade, onde os artigos de categorização “E”
foram os que trataram da qualidade de forma abrangente no sentindo de
abordar gestão da qualidade, qualidade em produtos e serviços,
certificação ISO, qualidade no processo, além de fundamentar de forma
profunda e contextualizada, tornando tal categoria a que realmente tratou a
qualidade com perícia, cuidado e aplicabilidade.

5. Considerações finais

O objetivo pretendido por este artigo foi analisar a utilização da palavra


qualidade nos artigos do ENANPAD de 2001 a 2005, para isso, foram realizados
critérios de avaliação e criadas cinco categorias distintas de análise. Foram 3.148
artigos analisados e nestes observou-se que em sua grande maioria o sentimento
que permaneceu foi de falta de apreço com a palavra, com sua conceituação e
fundamentação teórica fortemente ligada ao momento histórico.
Tal falta de apreço foi absolutamente confirmada na figura 6, que
demonstrava numa primeira análise a elevada percentagem de artigos de categoria
“B”, artigos que continham a palavra, mas não a utilizaram de forma adequada.
Pode-se perceber, que exceto na categoria GOL (Gestão de Operações e Logística),
todos os outros artigos categorizados como “E” das outras linhas de pesquisa
falavam dos mesmos assuntos e abordagens acerca da qualidade e diversos termos
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como: qualidade de vida, qualidade dos serviço publico, qualidade no ensino,


qualidade de produtos e serviços e qualidade do lucro foram abordados e cada um
deles seguiu a mesma linda de raciocínio dos outros artigos de mesma classificação
categorizados como “E”.
A respeito da classificação GOL pode-se afirmar que ela, sem dúvida, foi a
classificação que abordou a qualidade tanto na quantidade elevada de artigos que
utilizaram a palavra de forma adequada e utilizando diversos mecanismos para
utilizar a qualidade de forma ampla, pegando diversos aspectos pertinentes ao tema,
tratando o mesmo com a importância que deve ser atribuída.

Referência

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Disponível em http://www.anpad.org.br. Acessado em 01 de julho de 2009.
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