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Resumo:
Este trabalho é resultado de uma experiência acadêmico-empresarial que buscou
descrever o processo criativo e o tempo de trabalho como práticas de gestão da
inovação em uma empresa imersa no contexto da indústria de criação no ramo de
decoração no Brasil. O método estudo de caso serviu de orientação metodológica,
cujos dados foram obtidos no site institucional, documentos internos e por meio de
entrevistas com os dirigentes, gerentes e funcionários na empresa estudada. Como
resultado, evidenciou-se uma lógica regida pela e para a criação, em que a empresa
estudada constituiu-se um local onde não predomina apenas o cálculo inerente ao
processo de acumulação capitalista, mas uma amplitude mais variada de práticas de
produção, como os dois processos criativos com suporte estratégico do tempo “livre”
no trabalho. Eis algo de destaque para as pesquisas na temática das indústrias
criativas e gestão da inovação, a pesquisa empírica com presença e observação do
pesquisador, cujo achado talvez não teria sido possível se não fosse a tarefa
(curiosa e prazerosa) de investigar as organizações. Por fim, este artigo traz novos
insights tanto para discussões sobre as concepções e práticas de gestão nas
indústrias de criação, como também um repensar sobre a organização do trabalho e
novas relações nas organizações da economia criativa.
Abstract:
This paper is resulted of an academic-managerial experience that described the
creative process and the time of work as practices of innovation management in a
creative industry in the decoration sector in Brazil. The method case study served as
methodological orientation, whose data were obtained in the institutional site, internal
documents and through interviews with the leaders, managers and employees in the
studied company. As results, it was evidenced not only the capitalist logic, but also a
more varied of production practices as two creative processes with strategic support
of the free time in the work. There is something of prominence for the researches in
the creative industries and innovation management theme. Besides the empiric
research with presence and the researcher's observation, whose found perhaps
would not have been possible if it doesn't root the task (curious and pleasant) of
investigating the organizations. Finally, this paper brings new insights for discussions
on the conceptions and administration practices in the creative industries, as well as
to rethink about the work in the organizations and new relationships in the
organizations of the creative economy.
1. INTRODUÇÃO
(2) Processo Livre de Criação – tem por objetivo “sentar e deixar as idéias
aparecerem” – Esse processo criativo é caracterizado pela casualidade, e
quase sempre ocorre quando se trabalha em prol do processo direcionado
de criação.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao refletir sobre o uso do tempo nas organizações, percebe-se que ele vem
sendo, desde a Antiguidade até as organizações contemporâneas, inclusive aquelas
da indústria de criação, uma forma de manipulação ideológica, operacionalizada
através da dicotomia entre o tempo de trabalho e o tempo livre. Este último revela
uma atitude de seus dirigentes em tornar o seu capital intelectual cada vez mais
produtivo e comprometido com o negócio da organização. Isso merece estudos mais
aprofundados sobre a consciência ou não das causas e conseqüências dessa
prática, em termos de dominação e controle organizacional, gerados pelas estruturas
organizacionais no contexto da indústria criativa que atingiu o tempo de trabalho. Por
outro lado, isso reforça uma prática para resolver os problemas atuais, através da
estratégia da inovação, pois, para as organizações contemporâneas centradas no
mercado, os controles do tempo não são tão determinados e previsíveis como são
os modelos racionalizados nas organizações modernas (CLEGG, 1998). Tais
colocações apresentadas reforçam a necessidade de se realizar mais pesquisas
sobre a temporalidade nas organizações, envolvendo a questão do tempo livre e do
controle organizacional nos estudos organizacionais e nos debates sobre gestão da
inovação em indústrias de criação.
Por fim, este trabalho trouxe novos insights tanto para discussões sobre as
concepções e práticas de gestão da inovação nas indústrias de criação, como
também um repensar sobre a organização e as relações de trabalho nas
organizações da economia criativa.
REFERÊNCIAS
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Cf. Roberts (1989) e Pinto (1996, p.6) “A palavra serendipidade não foi incorporada à língua
portuguesa. Sua origem, em 1754, na língua inglesa é atribuída à Horace Walpole. A serendipidade
descreve as descobertas casuais ou fortuitas.”