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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS


GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS
Disciplina – Teoria Contábil

Estudo de caso

Caso 1

BigBite e HotSnack são as maiores redes de fast-food do país e lançaram, em conjunto e


em atendimento a uma crescente demanda do mercado por produtos mais saudáveis,
uma campanha de publicidade de longo prazo. Para tal, foi contratada uma equipe de
profissionais da saúde alimentar para elaborar lanches mais coerentes com um estilo de
vida saudável, com diversos nutrientes necessários ao organismo humano e quantidade
de calorias adequada para adultos e crianças.

Durante o período de um ano, as vendas desses novos lanches serão registradas, estarão
disponíveis para verificação e uso em campanhas promocionais e, ao final do período,
serão comparadas. A rede que obtiver o maior valor será a vencedora. Como prêmio, a
vencedora terá acesso a uma conta bancária que foi aberta e bloqueada ao início da
campanha e na qual cada uma das redes depositou R$ 10 milhões. Essa conta está
atrelada a uma aplicação corrigida a uma taxa de 1% ao mês e, após o depósito, as
empresas não têm mais acesso a esse dinheiro.

Como parte da competição e ao seu início, cada uma das redes disponibilizará uma de
suas marcas de produtos para deliberação da vencedora acerca de qual prêmio preferirá.
Esse produto não poderá ser vendido pela detentora da marca durante o período da
competição, mas poderá ser usado para fins de promoção da campanha. Ao final da
competição, a vencedora deverá escolher entre a marca disponibilizada pela empresa
derrotada ou ficar com os R$ 20 milhões mais rendimentos durante o ano. Caso a
empresa opte por ficar com a marca os R$ 20 milhões serão doados a uma instituição de
caridade. Para fins tributários, a participação na promoção é prevista em lei e o
desembolso de ambas as empresas se enquadra como doação para fins de cálculo do
Imposto de Renda se, e somente se, a empresa vencedora doar todo o prêmio monetário
a instituições de caridade. No entanto, essa opção somente poderá ser feita ao final do
período da campanha, que se iniciou em 1 o de janeiro de 2019 e será considerada
finalizada em 31 de dezembro do mesmo ano.

Dado o contexto, pede-se debater a respeito de:

1) Como se dá o reconhecimento e mensuração das marcas disponibilizadas em dois


momentos:

i) no lançamento do concurso;

iii) decorridos 95% do prazo do concurso e a empresa Y tiver obtido vantagem


significativa sobre X.
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Disciplina – Teoria Contábil

2) Durante o concurso, como cada empresa efetuará o reconhecimento do valor


depositado na conta bloqueada e dos rendimentos?

3) Considerando que o benefício tributário seja de 40% sobre a base de cálculo da


doação. Neste caso, como fica o benefício tributário (qual o seu valor e quando o
mesmo deve ser reconhecido) ?

4) Considerando que interessa a ambas as empresas deter o controle de uma marca da


outra, explique como a fica a contabilização da marca caso a vencedora decida ficar
com a mesma.

5) Qual o valor contabilizável do prêmio, no caso de a vencedora optar por resgatar o


montante bloqueado no banco.

Caso 2

A Construtora EFG House S.A. atua no ramo de construção civil, sendo uma das
maiores construtoras de prédios residenciais e comerciais. Uma de suas obras em
particular, um prédio residencial com 196 apartamentos, teve início em 2006 com
expectativa de entrega da obra em Novembro/2008. Nessa data, a construtora já havia
vendido 85% dos apartamentos. No entanto, durante a construção, a empresa enfrentou
alguns contratempos, e no prazo da entrega da obra, a empresa se encontrava com
diversos fatores que necessitavam de julgamento dos contadores à luz da teoria e das
normas vigentes de contabilidade.
A área da construção continha algumas árvores nativas que deveriam ser preservadas,
mas duas árvores foram mortas. A prefeitura local, preocupada com a preservação da
área verde da cidade, fiscaliza esse tipo de incidente aplicando as medidas cabíveis,
inclusive com autuação de multa. Por conta da morte das árvores, a prefeitura não havia
liberado o “habite-se” até Novembro/2008, data de entrega dos apartamentos. Nessa
mesma data, ainda não havia sido feita vistoria referente às mortes das árvores e não
tinha agenda de quando ocorreria a vistoria; e a empresa não tinha como estimar com
confiabilidade o valor da provável autuação da prefeitura referente à morte das árvores.
Entretanto, no contrato de compra e venda dos apartamentos, a construtora havia
colocado uma cláusula que poderia haver um atraso de seis meses de entrega, sem que
tivesse que pagar multa aos compradores.
Passados os seis meses, em Maio/2009, data final conforme os contratos individuais
com cada comprador para entrega dos apartamentos, a situação não havia evoluído em
termos de liberação legal e fiscal dos órgãos competentes, e a prefeitura não havia
liberado o “habite-se”. No entanto, a obra estava pronta, então a empresa EFG House
convocou uma reunião com os futuros condôminos e moradores para explicar a
situação, e fazer algum acordo, e decidiu, mesmo sem o documento legal de “habite-se”,
entregar os apartamentos, de forma a evitar a multa com os compradores e futuros
moradores. Diversos compradores ficaram insatisfeitos, assim a construtora se
comprometeu em pagar os condomínios até a liberação do documento, sendo que não
havia então uma data prevista para a liberação do documento por parte da prefeitura.
Mas a expectativa da construtora era ter que fazer futuros pagamentos de condomínio
aos novos moradores por pelo menos seis meses.
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Disciplina – Teoria Contábil

Apesar da liberação dos apartamentos, alguns moradores continuaram insatisfeitos e


inconformados e muitos entraram com diversos processos contra a construtora, os quais
se dividiram: parte dos processos foi avaliada como perda possível, remota, e outra
como provável.
O prazo de garantia da construção do prédio, da área comum e dos apartamentos
individuais é de cinco anos. A empresa, com base em dados históricos, é capaz de
estimar com certa segurança os valores que poderão ser desembolsados para honrar a
garantia pelos próximos cinco anos.
Em dezembro de 2009, a prefeitura vistoriou o caso das árvores e lavrou um auto de
infração, aplicando as multas cabíveis e exigindo remoção das árvores em até doze
meses, bem como o replantio de mais 2.000 árvores na cidade vizinha no prazo de seis
meses.
Em 2011, as pastilhas dos prédios começaram a cair e a empresa teve que arcar com os
custos de reforma, refazendo toda a parte externa dos quatro prédios do condomínio, o
que aconteceria novamente em 2013, obra que durou mais um ano até 2014. Com isso,
em 2015 a entidade está operando com prejuízo e considera encerrar suas atividades no
ramo de construção residencial, dedicando-se somente à construção de prédios
comerciais. A empresa está fazendo as estimativas dos gastos e ainda não formalizou os
planos de reestruturação empresarial aos acionistas.
Com base no caso relatado e à luz da teoria da contabilidade, incluindo as normas
vigentes do CPC 25, que trata de provisões e passivos contingentes e oferece critérios
de reconhecimento, responda às questões a seguir, justificando sua resposta.

1)Há algum passivo ou provisão a ser reconhecido no ano de 2008?

2)Quais os passivos, provisões e contingências identificados e que devem ser


reconhecidos no ano 2009?

3)No ano de 2009, com a entrega da obra, o contrato estabelece cinco anos de garantia a
partir da data de entrega. A empresa tem um passivo nessa data? Qual é o tipo de
passivo e como deve ser feita a mensuração, a cada ano ou de uma única vez?

4)Quanto à morte das árvores, quais passivos e provisões a empresa deve reconhecer?

5)Explique por que a empresa deve ou não reconhecer o passivo de provisão com
reestruturação a reestruturação empresarial.

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