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Curso Conclusão 12º Ano

Módulo/UFCD LIBERDADE E RESPONSABILIDADE DEMOCRÁTRICAS Data


15/08/2022 A 28/08/2022
Formador FRANCISCO HENRIQUES
Formando

TRABALHO

O que é a cidadania portuguesa e o que implica?


A atribuição da cidadania portuguesa depende dos critérios legalmente definidos para
atribuição ou aquisição da nacionalidade portuguesa.

Estes critérios assentam na filiação ou no território, no caso de atribuição à nascença,


ou na naturalização, no caso de aquisição ao longo da vida.

Assim, a cidadania portuguesa exige um vínculo ou uma conexão relevante a Portugal


— ter nascido em território português, ser filho ou neto de portugueses, casar-se com
alguém detentor de cidadania portuguesa — que justifique tal estatuto de
inclusão/pertença à comunidade política e jurídica portuguesa.

Num sentido amplo, a cidadania é reconhecida como o «direito a ter direitos». Por
isso, há quem a entenda como um estatuto que confere um leque de direitos
constitucionalmente previstos.

Embora a Constituição da República Portuguesa não o defina, a cidadania pode ser


compreendida como um direito fundamental ligado a uma nacionalidade: o «direito a
ser membro da República Portuguesa». Exige, portanto, um vínculo ou conexão
relevante a Portugal — ter nascido em território português, ser filho ou neto de
portugueses, casar-se com um cidadão português — que justifique tal estatuto de
inclusão/pertença à comunidade política e jurídica portuguesa. De qualquer forma, a
Constituição não admite distinções entre cidadãos originários e cidadãos
naturalizados; excetua-se a exigência de que o presidente da República seja português
de origem.

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Importa notar que a Constituição adota o termo «cidadania» em detrimento de
«nacionalidade» ou «nação», a fim de escapar à carga antidemocrática que o Estado
Novo lhes imprimiu. Assim, a cidadania portuguesa não deve ser interpretada num
sentido exclusivo (ou seja, distintivo do «nós» e dos «outros») porque a Constituição
reconhece aos estrangeiros e apátridas que se encontrem ou residam em Portugal os
mesmos direitos do cidadão português. Neste sentido, todos os cidadãos portugueses
— e estrangeiros a eles equiparados pelo princípio da universalidade — gozam dos
direitos e estão sujeitos aos deveres consignados na Constituição. Há, todavia, direitos
exclusivos dos portugueses (sobretudo direitos políticos) e direitos exclusivos dos
estrangeiros (como o direito de asilo).

Direitos e Deveres dos cidadãos portugueses


Os direitos fundamentais são as posições jurídicas básicas reconhecidas pelo direito
português, europeu e internacional com vista à defesa dos valores e interesses mais
relevantes que assistem às pessoas singulares e coletivas em Portugal,
independentemente da nacionalidade que tenham (ou até, no caso dos apátridas, de
não terem qualquer nacionalidade).

O Estado tem a obrigação de respeitar os direitos fundamentais e de tomar medidas


para os concretizar, quer através de leis, quer nos domínios administrativo e judicial.
Estão obrigadas a respeitá-los tanto as entidades privadas quanto as públicas, e tanto
os indivíduos quanto as pessoas coletivas. Mesmo os cidadãos portugueses que
residam no estrangeiro gozam da proteção do Estado para o exercício dos direitos
fundamentais, desde que isso não seja incompatível com a ausência do país.

À luz da nossa Constituição, existem duas grandes categorias de direitos fundamentais:


os direitos, liberdades e garantias, por um lado, e os direitos e deveres económicos,
sociais e culturais, por outro. Os primeiros — por ex., o direito à liberdade e à
segurança, à integridade física e moral, à propriedade privada, à participação política e
à liberdade de expressão, a participar na administração da justiça — correspondem ao

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núcleo fundamental da vivência numa sociedade democrática. Independentemente da
existência de leis que os protejam, são sempre invocáveis, beneficiando de um regime
constitucional específico que dificulta a sua restrição ou suspensão.

Em contraste, os direitos económicos, sociais e culturais — por exemplo, o direito ao


trabalho, à habitação, à segurança social, ao ambiente e à qualidade de vida — são,
muitas vezes, de aplicação diferida. Dependem da existência de condições sociais,
económicas ou até políticas para os efetivar. A sua não concretização não atribui a um
cidadão, em princípio, o poder de obrigar o Estado ou terceiros a agir, nem o direito de
ser indemnizado.

Alguns deveres – como o pagamento de impostos, a colaboração com a administração


da justiça, a obediência às ordens legítimas da autoridade – são diretamente exigíveis,
pelo que o seu incumprimento pode dar origem a sanções previstas na lei. Existem
outros deveres, geralmente de carácter cívico (por ex., votar), cuja falta de
cumprimento não dá lugar a qualquer sanção.  Há ainda deveres que se impõem aos
cidadãos em virtude de alguma condição particular. Os magistrados e os militares, por
exemplo, estão sujeitos ao dever de isenção partidária, enquanto os advogados e os
médicos são obrigados ao sigilo profissional.

O cumprimento dos deveres fundamentais atende, naturalmente, à situação específica


de alguns cidadãos. Por exemplo, as pessoas com deficiência não são obrigadas ao
cumprimento de deveres para que se encontrem incapacitadas.

Tal como os direitos, é possível repartir os deveres fundamentais em dois grandes


grupos: os de carácter civil e político, e os de carácter económico, social e cultural. Os
primeiros têm como característica principal serem deveres dos cidadãos para com o
Estado: defesa da pátria, pagamento de impostos, recenseamento eleitoral. Os
segundos visam proteger valores sociais que a Constituição entende como sendo mais
relevantes: promoção da saúde, educação dos filhos, defesa do ambiente humano e do
património cultural.

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Exercício 1:
1 – Defina direitos.
2 – Identifique as duas grandes categorias de direitos.
2.1 – Apresente exemplos (dois) de cada uma das categorias identificadas na questão
anterior.
3 – Escolha um direito de cada categoria e reflita sobre a sua importância na vida
quotidiana.
4 – Apresente os dois grandes tipos de deveres e saliente a importância de cada um dos
grupos para o funcionamento da sociedade.

Direitos e liberdades versus deveres e


responsabilidades do cidadão

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Exercício 2:
1 – Leia atentamente os textos e, para cada uma das notícias apresentadas:

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a) Determine o assunto;
b) Transcreva os aspetos que considera estarem relacionados com incumprimento
de deveres e responsabilidades;
c) Refira os responsáveis por esse incumprimento;
d) Enumere direitos e liberdades que, eventualmente, possam não estar a ser
respeitados.

2 – Refira outras situações do quotidiano que revelem:


a) Mau uso de direitos/liberdades;
b) Incumprimento de deveres/responsabilidades.

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