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HAMLET

Por

Adriana Paulini Leão

Giovanna Romano

Baseado na obra "Hamlet", de William Shakespeare


______
HAMLET

FADE IN:

INT. TEATRO - NOITE (SONHO)

As luzes do teatro estão apagadas, exceto por um refletor que


ilumina o palco. Ao lado da coxia, GERTRUDES (60) olha para a
entrada do teatro. HAMLET (30), abre a porta.

HAMLET
E então, do que se trata?

Hamlet se aproxima do palco.

GERTRUDES
Você ofendeu gravemente seu pai.

HAMLET
Mãe, você ofendeu gravemente meu pai.

Mais próxima de Gertrudes, Hamlet tira uma faca do bolso.


Gertrudes fica assustada.

GERTRUDES
O que você está fazendo? Vai me matar?
Socorro!!! Alguém me ajud--

BARULHO DE PASSOS. Hamlet escuta o ruído atrás da coxia do


teatro. Ele desvia a atenção de Gertrudes.

FANTASMA (O.S)
É ele. Ele matou o seu pai.

Hamlet finca a faca pela coxia. GRITOS DE DOR.

HAMLET
É ele?

Hamlet ergue a tapeçaria da coxia e descobre CLÁUDIO (60),


morto. Gertrudes grita.

FIM DO SONHO.

INT. QUARTO DE HAMLET - DIA

Hamlet acorda do pesadelo, assustado. Ophelia está deitada na


cama ao seu lado, ainda sonolenta.

OPHELIA
Está tudo bem, amor?

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2.

HAMLET
Foi só um pesadelo.

DEPOIS

Ophelia está em frente à penteadeira, se maquiando. Hamlet


está sentado na cama, ainda assustado.

OPHELIA
Que horas vamos para a sua mãe hoje?

HAMLET
Por mim, eu nem iria. Ainda tem que
olhar para a cara do meu tio.

OPHELIA
Eu acho que temos que ir. Se a sua mãe
tá feliz--

HAMLET
E eu não tô. Ele tá tomando o lugar de
tudo que o meu pai construiu.

O celular de Hamlet toca. Ele recusa a ligação.

HAMLET
Eu preciso ir para o teatro. O
trabalho me chama.

Ophelia vai em direção a Hamlet para dar um selinho. Ele


retribui e sai, deixando Ophelia sozinha.

INT. TEATRO - DIA

Hamlet está sentado na primeira fileira do teatro. No palco,


DOIS ATORES encenam a peça.

ATOR 1 (HAMLET)
Aonde vais me levar? Fala.

ATOR 2 (FANTASMA)
Escuta.

ATOR 1 (HAMLET)
Sim.

ATOR 2 (FANTASMA)
Presta atenção ao que vou revelar.

ATOR 1 (HAMLET)
Fala que eu estou pronto.

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3.

ATOR 2 (FANTASMA)
E também para a vingança assim que me
escutares. Sou o espírito de teu pai.
Escuta, se alguma vez amaste o seu
querido pai-- Vinga esse assassino.

ATOR 1 (HAMLET)
Fala logo, que eu, com asas bem mais
rápidas, voarei para vingança.

Os atores se olham por um tempo, calados.

ATOR 1 (HAMLET)
É você agora--

ATOR 2 (FANTASMA)
Opa, desculpa.

Os dois riem. Hamlet permanece sério na poltrona.

HAMLET
Vamos dar cinco e já voltamos.

EXT. ENTRADA / CASA DE GERTRUDES - NOITE

Hamlet toca a campainha. Ophelia está ao seu lado e sorri.


Ela carrega uma forma de bolo. A entrada da casa é luxuosa.
Gertrudes abre a porta.

GERTRUDES
Que bom que vocês chegaram!

Atrás de Gertrudes, Cláudio aparece, abraçando-a. Hamlet fica


espantado, estático.

CLAUDIO
Entrem, pessoal! A casa é de vocês.

Ophelia entra na casa, cumprimentando Gertrudes e Cláudio.


Hamlet continua imóvel, olhando para Cláudio.

CLAUDIO
Vai ficar ai parado, parceiro?

INT. COZINHA / CASA DE GERTRUDES - NOITE

Parada em frente ao balcão da cozinha, Gertrudes corta um


tomate. Hamlet está próximo a ela.

HAMLET
Meu pai não ia gostar de nada disso.

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4.

GERTRUDES
Como ousa falar assim comigo? Falar o
nome do seu pai em vão.

HAMLET
Deveríamos vender a empresa. Era o meu
pai que sabia comandar ela.

GERTRUDES
Ele tentou te ensinar, mas você quis
seguir a sua vida como artista. Você
devia ser grato ao Claudio que está
tocando tudo sozinho.

HAMLET
Ser grato ao Cláudio?

Hamlet bate com força a mão no balcão da mesa. Gertrudes se


assusta. Ophelia interrompe.

OPHELIA
Já coloquei a mesa. Vamos jantar?

Gertrudes pega o tomate picado e coloca na salada. Ela vai


para a sala com o recipiente de salada sem olhar para Hamlet.

HAMLET
Eu já vou--

Ophelia sai.

FANTASMA (O.S)
O seu tio não deveria estar aqui.

Hamlet respira ofegante. Ele se espanta ao escutar a voz


abafada que vem dentro de sua cabeça.

INT. SALA DE JANTAR / CASA DE GERTRUDES - NOITE

Hamlet, Gertrudes, Ophelia, Laerte e Claudio estão sentados


em uma mesa grande de jantar, posta para um banquete.

Todos bebem vinho branco, menos Hamlet, que fica com uma taça
de vinho tinto a sua frente.

CLAUDIO
Um brinde ao Grupo Nova. Vamos fechar
o ano melhor do que nunca.

GERTRUDES
Graças a você!!

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5.

LAERTE
Parabéns!!! Que o próximo ano seja
ainda melhor.

OPHELIA
Se depender do Tio Claudio...

GERTRUDES
Pena que o seu pai de vocês não pode
estar aqui, meninos.

Todos riem e brindam. Hamlet se mantém estático, sem reagir.

FANTASMA (O.S)
Como ele ousa falar assim da empresa
que seu pai construiu?

O burburinho das conversas fica cada vez mais ao fundo e dá


espaço para uma música crescente que acompanha o nervosismo
de Hamlet.

Ophelia se dirige à Claudio.

OPHELIA
Estou muito ansiosa com o casamento,
tio. Né, amor?

Hamlet sai do transe ao escutar seu nome.

GERTRUDES
Será que a sogra também tem o direito
de ver o vestido antes do grande dia?

LAERTE
O padrinho já escolheu os presentes.
Tudo para a minha irmãzinha.

CLAUDIO
E já sabem, se precisarem de algo,
podem contar com o tio Cláudio aqui.
Até mesmo para levar a princesa ao
altar.

Ophelia fica sem graça, mas sorri de volta.

FANTASMA (O.S)
Ele não tem esse direito.

INT. TEATRO - DIA (FLASHBACK)

Hamlet está sentado na primeira fileira do teatro. No palco,

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6.

DOIS ATORES encenam a peça.

ATOR 2 (FANTASMA)
A serpe que infundiu a morte no teu
pai se apossou da coroa.

ATOR 1 (HAMLET)
Meu tio.

FIM DO FLASHBACK.

INT. SALA DE JANTAR / CASA DE GERTRUDES - NOITE

Mesa vazia. Cláudio acende um charuto junto de Laerte.


Gertrudes, em pé, retira os pratos da mesa.

Hamlet levanta repentinamente.

HAMLET
(para Cláudio)
Para você foi muito melhor que ele
tivesse morrido, não é mesmo? Diria
mais conveniente, talvez?

Ophelia coloca a mão para segurar Hamlet.

OPHELIA
Amor, para.

HAMLET
Você não se sente culpado por se
aproveitar de uma senhora viúva?

GERTRUDES
Filho, chega. Seu pai morreu há um
ano. Eu amo seu tio e estamos juntos.

HAMLET
Ele quer tomar tudo que era do papai.
Primeiro a empresa e agora você.

Toca o telefone de Ophelia. Ela atende.

GERTRUDES
Eu não vou ficar vivendo na sombra de
um fantasma.

Ophelia começa a chorar. Ela desliga o telefone.

OPHELIA
Meu pai--

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7.

INT. TEATRO - NOITE

No corredor do teatro, ao fundo de todas as cadeiras, temos a


cena do crime. Alguns policiais cercam o local. Ophelia chega
aos gritos e os policiais a barram.

Ela consegue se separar de um deles e se ajoelha perto de seu


pai que está caído de costas com uma faca cravada.

Uma poça de sangue está ao seu redor e o rosto de Polonio


esta virado para o lado. Seus olhos estão abertos.

Hamlet fica perto de Ophelia, ainda confuso.

FANTASMA (O.S)
Polonio está morto.

Hamlet começa a suspirar rapidamente. Ele coloca a mão em seu


rosto, em seus ouvidos, como se não quisesse ouvir.

FANTASMA (O.S)
Este é o homem errado. A morte aqui
não significou mais nada.

Hamlet fica ainda mais confuso e corre em direção ao palco.

INT. CAMARIM / TEATRO - NOITE

Hamlet chega no camarim, ofegante. Ele para em frente ao


espelho. Pelo reflexo, ele vê o FANTASMA (30), ao seu lado.

POLONIO (V.O.)
Você não é uma boa influência para
minha filha Ophelia.

Hamlet anda pelo camarim, de um lado para o outro, enquanto


escuta a voz de Polonio.

FANTASMA
Aquele que matou seu pai.

POLONIO (V.O.)
Não quero mais que a veja.

As vozes crescem na cabeça de Hamlet.

FANTASMA
Foi seu tio Claudio que matou seu pai.

POLONIO (V.O.)
Vou cancelar o casamento.

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8.

TEMPO DEPOIS

Hamlet está sentado no chão. Tudo ao seu redor está quebrado


e jogado no chão. Um POLICIAL (30) entra no camarim.

POLICIAL
Eu preciso que o senhor se retire do
local. Tudo faz parte de nossa
investigação.

INT. TEATRO - NOITE

No palco, Hamlet vê as peças do quebra-cabeça penduradas. São


os rostos de: Polonio, Ophelia, Gertrudes, Cláudio, Laerte, e
seu pai. Hamlet toca em cada uma das peças. As luzes do palco
iluminam o seu rosto, não deixando que ele veja a plateia.

Quando Hamlet caminha para a frente do palco, na plateia, ele


vê Ophelia na primeira fileira encharcada. Pálida.

Ela olha para ele. A voz do Fantasma está na sua cabeça.

FANTASMA (O.S
Talvez Polonio estivesse certo. Não
era uma boa influência para sua filha.

Hamlet corre até Ophelia. Ele não chora, mal reage.

O Fantasma chega mais perto dele.

Na outra fileira, Gertrudes está caída, com uma taça próxima


a seu corpo. Seus olhos estão fechados.

Claudio está ao seu lado, ensanguentado. A voz do Fantasma


continua em sua cabeça.

FANTASMA (O.S)
Quem bebera o veneno fora sua mãe e
não seu tio. As escolhas erradas
afetaram a quem mais você queria.

Mais ao fundo, Laerte está ensanguentado, com uma faca em sua


barriga. Ainda com os olhos abertos e sangue saindo de sua
boca, Laerte olha para Hamlet.

LAERTE
Você matou o meu pai.

Hamlet se aproxima de Laerte, confuso.

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9.

FANTASMA (O.S)
Sem testemunhas.

Hamlet enfia a faca ainda mais fundo na barriga de Laerte.


Laerte grita de dor e morre lentamente.

Na mesma posição, Polonio está caído no chão, com uma faca


nas costas, perto da saída do teatro.

Ao fundo, há uma mesa de jantar vazia. Pratos sujos, copos e


garrafas estão na mesa, como no mesa na casa de Gertrudes.

A taça de vinho tinto ainda está cheia.

Sirenes de polícia. Batidas na porta do teatro. A visão de


Hamlet está turva. Ele fica parado. É algemado.

POLICIAL
Está preso pelas mortes de Claudio
Hansem, Polonio e Laerte Jansen.

INT. CELA - NOITE

Hamlet está sentado ao fundo da cela. Uma pequena caveira


está pintada no canto da parede. Uma corda presa nas barras
da grade da janela. Cena de suicídio.

HAMLET
Ser ou não ser, eis a questão. Será
mais nobre sofrer na alma. Pedradas e
flechadas do destino feroz. Ou pegar
em armas contra o mar de angústias. E,
combatendo-o, dar-lhe fim?. Morrer;
dormir; Só isso. E com o sono - dizem
- extinguir. Dores do coração e as mil
mazelas naturais. A que a carne é
sujeita; eis uma consumação.
Ardentemente desejável. Morrer,
dormir... Dormir! Talvez sonhar. Aí
está o obstáculo!. Os sonhos que hão
de vir no sono da morte. Quando
tivermos escapado ao tumulto vital.
Nos obrigam a hesitar: e é essa
reflexão. Que dá à desventura uma vida
tão longa. E assim, a reflexão faz
todos nós covardes. Refletidas demais,
saem de seu caminho. Perdem o nome de
ação.

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10.

INT. CORREDOR DA CADEIA - NOITE

De fora da cela, escutamos do alto-falante

GUARDA (V.O)
Emergência na cela 2. É Hamlet.

FADE OUT.

___
FIM

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