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Por
Giovanna Romano
FADE IN:
HAMLET
E então, do que se trata?
GERTRUDES
Você ofendeu gravemente seu pai.
HAMLET
Mãe, você ofendeu gravemente meu pai.
GERTRUDES
O que você está fazendo? Vai me matar?
Socorro!!! Alguém me ajud--
FANTASMA (O.S)
É ele. Ele matou o seu pai.
HAMLET
É ele?
FIM DO SONHO.
OPHELIA
Está tudo bem, amor?
HAMLET
Foi só um pesadelo.
DEPOIS
OPHELIA
Que horas vamos para a sua mãe hoje?
HAMLET
Por mim, eu nem iria. Ainda tem que
olhar para a cara do meu tio.
OPHELIA
Eu acho que temos que ir. Se a sua mãe
tá feliz--
HAMLET
E eu não tô. Ele tá tomando o lugar de
tudo que o meu pai construiu.
HAMLET
Eu preciso ir para o teatro. O
trabalho me chama.
ATOR 1 (HAMLET)
Aonde vais me levar? Fala.
ATOR 2 (FANTASMA)
Escuta.
ATOR 1 (HAMLET)
Sim.
ATOR 2 (FANTASMA)
Presta atenção ao que vou revelar.
ATOR 1 (HAMLET)
Fala que eu estou pronto.
ATOR 2 (FANTASMA)
E também para a vingança assim que me
escutares. Sou o espírito de teu pai.
Escuta, se alguma vez amaste o seu
querido pai-- Vinga esse assassino.
ATOR 1 (HAMLET)
Fala logo, que eu, com asas bem mais
rápidas, voarei para vingança.
ATOR 1 (HAMLET)
É você agora--
ATOR 2 (FANTASMA)
Opa, desculpa.
HAMLET
Vamos dar cinco e já voltamos.
GERTRUDES
Que bom que vocês chegaram!
CLAUDIO
Entrem, pessoal! A casa é de vocês.
CLAUDIO
Vai ficar ai parado, parceiro?
HAMLET
Meu pai não ia gostar de nada disso.
GERTRUDES
Como ousa falar assim comigo? Falar o
nome do seu pai em vão.
HAMLET
Deveríamos vender a empresa. Era o meu
pai que sabia comandar ela.
GERTRUDES
Ele tentou te ensinar, mas você quis
seguir a sua vida como artista. Você
devia ser grato ao Claudio que está
tocando tudo sozinho.
HAMLET
Ser grato ao Cláudio?
OPHELIA
Já coloquei a mesa. Vamos jantar?
HAMLET
Eu já vou--
Ophelia sai.
FANTASMA (O.S)
O seu tio não deveria estar aqui.
Todos bebem vinho branco, menos Hamlet, que fica com uma taça
de vinho tinto a sua frente.
CLAUDIO
Um brinde ao Grupo Nova. Vamos fechar
o ano melhor do que nunca.
GERTRUDES
Graças a você!!
LAERTE
Parabéns!!! Que o próximo ano seja
ainda melhor.
OPHELIA
Se depender do Tio Claudio...
GERTRUDES
Pena que o seu pai de vocês não pode
estar aqui, meninos.
FANTASMA (O.S)
Como ele ousa falar assim da empresa
que seu pai construiu?
OPHELIA
Estou muito ansiosa com o casamento,
tio. Né, amor?
GERTRUDES
Será que a sogra também tem o direito
de ver o vestido antes do grande dia?
LAERTE
O padrinho já escolheu os presentes.
Tudo para a minha irmãzinha.
CLAUDIO
E já sabem, se precisarem de algo,
podem contar com o tio Cláudio aqui.
Até mesmo para levar a princesa ao
altar.
FANTASMA (O.S)
Ele não tem esse direito.
ATOR 2 (FANTASMA)
A serpe que infundiu a morte no teu
pai se apossou da coroa.
ATOR 1 (HAMLET)
Meu tio.
FIM DO FLASHBACK.
HAMLET
(para Cláudio)
Para você foi muito melhor que ele
tivesse morrido, não é mesmo? Diria
mais conveniente, talvez?
OPHELIA
Amor, para.
HAMLET
Você não se sente culpado por se
aproveitar de uma senhora viúva?
GERTRUDES
Filho, chega. Seu pai morreu há um
ano. Eu amo seu tio e estamos juntos.
HAMLET
Ele quer tomar tudo que era do papai.
Primeiro a empresa e agora você.
GERTRUDES
Eu não vou ficar vivendo na sombra de
um fantasma.
OPHELIA
Meu pai--
FANTASMA (O.S)
Polonio está morto.
FANTASMA (O.S)
Este é o homem errado. A morte aqui
não significou mais nada.
POLONIO (V.O.)
Você não é uma boa influência para
minha filha Ophelia.
FANTASMA
Aquele que matou seu pai.
POLONIO (V.O.)
Não quero mais que a veja.
FANTASMA
Foi seu tio Claudio que matou seu pai.
POLONIO (V.O.)
Vou cancelar o casamento.
TEMPO DEPOIS
POLICIAL
Eu preciso que o senhor se retire do
local. Tudo faz parte de nossa
investigação.
FANTASMA (O.S
Talvez Polonio estivesse certo. Não
era uma boa influência para sua filha.
FANTASMA (O.S)
Quem bebera o veneno fora sua mãe e
não seu tio. As escolhas erradas
afetaram a quem mais você queria.
LAERTE
Você matou o meu pai.
FANTASMA (O.S)
Sem testemunhas.
POLICIAL
Está preso pelas mortes de Claudio
Hansem, Polonio e Laerte Jansen.
HAMLET
Ser ou não ser, eis a questão. Será
mais nobre sofrer na alma. Pedradas e
flechadas do destino feroz. Ou pegar
em armas contra o mar de angústias. E,
combatendo-o, dar-lhe fim?. Morrer;
dormir; Só isso. E com o sono - dizem
- extinguir. Dores do coração e as mil
mazelas naturais. A que a carne é
sujeita; eis uma consumação.
Ardentemente desejável. Morrer,
dormir... Dormir! Talvez sonhar. Aí
está o obstáculo!. Os sonhos que hão
de vir no sono da morte. Quando
tivermos escapado ao tumulto vital.
Nos obrigam a hesitar: e é essa
reflexão. Que dá à desventura uma vida
tão longa. E assim, a reflexão faz
todos nós covardes. Refletidas demais,
saem de seu caminho. Perdem o nome de
ação.
GUARDA (V.O)
Emergência na cela 2. É Hamlet.
FADE OUT.
___
FIM