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Brasília - DF
2021
PAULO HENRIQUE RODRIGUES
Brasília
2021
Dissertação de autoria de Paulo Henrique Rodrigues, intitulada “Atendimento
bancário na pandemia de Covid-19: percepção de bancários e de clientes diante da
transformação digital”, apresentada como requisito para obtenção do grau de Mestre
em Governança, Tecnologia e Inovação da Universidade Católica de Brasília, em
31/08/2021, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:
________________________________________________
Prof. Dr. Rosalvo Ermes Streit (Orientador)
Universidade Católica de Brasília – UCB
________________________________________________
Prof. Dr. Gilberto Clovis Josemin
Universidade Católica de Brasília – UCB
________________________________________________
Prof. Dr. Idalberto José das Neves Júnior
Universidade Católica de Brasília - UCB
________________________________________________
Prof. Dr. Marcelo Augusto Finazzi Santos
Universidade de Brasília - UnB
Brasília
2021
Dedico este trabalho aos meus pais (Sidnei
e Lúcia), meus irmãos (Sidney, Karla, Kelle
e Mateus), minha esposa (Vanda), minhas
filhas (Lara e Maria Sophia) e demais
familiares pelo apoio incondicional em
todos meus sonhos. Dedico a vocês esta
conquista!
Figura 1: Apps que mais foram utilizados por brasileiros em 2020. .......................... 29
Figura 2: Tendência na oferta de serviços bancários digitais. ................................... 36
Figura 3: Grupos de abordagem digital. .................................................................... 37
Figura 4: Nuvem de palavras com respostas dos clientes para a pergunta 11 ......... 63
Figura 5: Nuvem de palavras com respostas dos bancários para a pergunta 11 ...... 70
Figura 6: Nuvem de palavras com respostas dos bancários para a pergunta 21 ...... 74
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Consulta String (pandem* or covid) and digital and (bank* or financ*) - após
filtros e leitura ............................................................................................................ 18
LISTA DE SIGLAS
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 6
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ...................................................................................... 7
1.2 PROBLEMATIZAÇÃO E QUESTÃO DE PESQUISA....................................... 12
1.3 OBJETIVOS ..................................................................................................... 16
1.3.1 Objetivo Geral .......................................................................................... 16
1.3.2 Objetivos Específicos.............................................................................. 16
1.4 CONTRIBUIÇÃO DESTA PESQUISA ............................................................. 16
2. REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 18
2.1 TRANSFORMAÇÃO DIGITAL ......................................................................... 22
2.2 PANDEMIA DE COVID-19 ............................................................................... 31
2.3 SISTEMA FINANCEIRO .................................................................................. 35
3. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 41
3.1 TRANSFORMAÇÃO DIGITAL ......................................................................... 41
3.2 TRANSFORMAÇÃO DIGITAL NO BRASIL ..................................................... 43
3.3 TRANSFORMAÇÃO DIGITAL NO SETOR FINANCEIRO ............................... 45
3.4 GESTÃO DAS MUDANÇAS E SUA SUSTENTAÇÃO ..................................... 47
3.5 PANDEMIA DE COVID-19 ............................................................................... 51
4. METODOLOGIA DE PESQUISA ....................................................................... 54
4.1 CLASSIFICAÇÃO DO ESTUDO ...................................................................... 55
4.2 OBJETO DO ESTUDO .................................................................................... 56
4.3 INSTRUMENTOS DE PESQUISA ................................................................... 57
4.4 COLETA DOS DADOS .................................................................................... 58
4.5 ANÁLISE DE CONTEÚDO .............................................................................. 59
5. ANÁLISE DOS RESULTADOS .......................................................................... 60
5.1 RESULTADOS DA PESQUISA........................................................................ 61
5.1.1 Questionários respondidos por clientes ............................................... 61
5.1.2 Questionários respondidos por bancários ............................................ 67
5.1.3 Comparativo entre as percepções ......................................................... 75
5.2 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................................. 85
6 CONCLUSÕES ................................................................................................... 90
6.1 MUDANÇAS DE COMPORTAMENTO ............................................................ 90
6.2 MOTIVAÇÕES DOS CLIENTES ...................................................................... 91
6.3 SUSTENTAÇÃO DA MUDANÇA ..................................................................... 91
6.4 LIMITAÇÕES DA PESQUISA .......................................................................... 92
6.5 SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS ................................................... 93
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 94
APÊNDICES ........................................................................................................ 101
APÊNDICE 1 – ARTIGOS SELECIONADOS ...................................................... 101
APÊNDICE 2 – INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS .............................. 107
6
1. INTRODUÇÃO
“Change is the law of life. And those who look only to the past or the present are certain to miss the future.”
John F. Kennedy, 1963
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
1
O “golpe do motoboy” é uma fraude efetuada em que os golpistas se passam por funcionários do banco e ligam para o cliente informando que o
seu cartão de crédito foi fraudado, razão pela qual leva o correntista a bloquear o cartão imediatamente. Depois que é noticiada a suposta fraude,
o falso atendente informa que mandará um motoboy no endereço do cliente, para que ele recolha o cartão e tome as providências necessárias para
a prevenção do golpe. Depois que o motoboy já está com o cartão do cliente, e passa a fazer inúmeros gastos, é que a vítima se dá conta que caiu
em um golpe, quando começa a ser notificado pelas compras.
2
Omnichannel é a integração de todos os canais de venda, integra lojas físicas, virtuais e compradores. Dessa maneira, pode explorar todas as
possibilidades de interação. Trata-se da possibilidade de fazer com que o consumidor não veja diferença entre o mundo online e o offline.
12
presencial, as medidas não impediram a aglomeração dos clientes nas portas das
agências bancárias demandando atendimento. Os bancos reforçam a orientação para
que durante a pandemia seus clientes deem preferência aos canais digitais e evitem
ir às agências bancárias, mas à medida que as restrições são flexibilizadas pelos
órgãos municipais, estaduais ou federais competentes os clientes retornam ao
atendimento presencial.
De acordo com Febraban (2019), 55% os brasileiros com acesso à internet
acreditam que não haverá mudanças em seus hábitos digitais no período pós-
pandemia e 9% esperam diminuí-las. E, sobre as expectativas dos brasileiros
pesquisados com relação a uma gama de atividades que podem ser realizadas
digitalmente, apenas 27% esperam aumentar a frequência no uso serviços bancários
digitais e 45% acreditam que vão manter a frequência.
Baicu et al. (2020) perceberam que existe um efeito da pandemia Covid-19
sobre o estilo de vida dos consumidores, com implicações sociais e gerenciais. Esses
autores acreditam que a preferência pelo uso da internet e do mobile banking
prevaleça mesmo após a fase pós-pandêmica, com novos modelos de
comportamento de consumo se desenvolvendo.
Essa mudança de hábitos precisa ser gerida para que seja sustentada e o papel
do gestor de mudança é vital para executar o plano de transição. Palmer, Dunford &
Akin (2009) apontam que um dos grandes desafios envolvidos na gestão da mudança
é tentar garantir que a mudança não seja apenas um fenômeno transitório. É
necessário sustentar a mudança para garantir que, algum tempo depois de
implementadas, a vida cotidiana não volte a ser como antes.
Embora muitas organizações enfrentem o desafio de se adaptar a mudanças
rápidas, muitas vezes em ambientes imprevisíveis, “a concepção subjacente do
processo de mudança permanece amplamente linear e mecanicista” BUONO (2009).
Para esse autor, em suas diferentes abordagens exploratórias sobre a gestão da
mudança, há a necessidade de uma orientação detalhada para implementar a
mudança.
1.3 OBJETIVOS
Espera-se:
(i) Identificar as mudanças de comportamento ocorridas durante a
pandemia de Covid-19 com relação ao atendimento bancário;
(ii) Verificar as motivações dos clientes bancários com relação ao uso dos
canais de atendimento digitais durante a pandemia de Covid-19; e
(iii) Avaliar a possibilidade da sustentação programática da preferência dos
clientes pelo uso dos canais digitais para atendimento bancário no
período pós-pandemia.
2. REVISÃO DE LITERATURA
Quadro 1: Consulta String (pandem* or covid) and digital and (bank* or financ*) - após filtros e leitura
Autor (citação) Título
ser trocadas apenas por um período limitado por meio de contas bancárias,
inicialmente até 24 de novembro de 2016, com algumas datas posteriores para certas
categorias, os bancos experimentaram imediatamente depósitos crescentes, mas por
vários meses foram incapazes de fornecer moeda nova suficiente.
A desmonetização é considerada útil como um remédio sempre que houver
hiperinflação ou instabilidade em uma moeda. Muitos países desmonetizaram suas
moedas devido à hiperinflação e à instabilidade da moeda, mas não era o caso da
Índia. A desmonetização provocou interrupções parciais graves para a economia
indiana.
Uma das justificativas para o plano de desmonetização indiano era o combate
às atividades ilegais no país e o terrorismo, que mantinham o dinheiro guardado em
espécie e fora do sistema financeiro. Mas, ao contrário das alegadas preocupações
sobre o dinheiro negro, os números do Reserve Bank of India (RBI) confirmaram mais
tarde que 99% das notas invalidadas foram devolvidas ao RBI (AGARWAL et al,
2019), indicando que o dinheiro das atividades ilegais foi de alguma forma “lavado” e
reincluído no sistema financeiro.
Ainda na temática de transformação digital, o trabalho de Jakhiya, Bishnoi e
Purohit (2020) aborda a bancarização da população e aumento dos meios de
pagamentos digitais com a transformação digital e crescimento da indústria Fintech
impulsionada pelas políticas da Índia durante a pandemia.
O impacto da pandemia de Covid-19 no segmento de pagamentos digitais na
Índia também é digno de nota. O comércio móvel demonstra uma mudança radical no
comportamento do consumidor na Índia com o crescimento e efeito dos pagamentos
móveis em um país onde a penetração do celular é a segunda maior do mundo, atrás
apenas da China. Como outras economias do mundo, os efeitos adversos da
pandemia estão se espalhando por setores significativos da economia indiana,
incluindo comércio varejista, aviação, hospitalidade, indústria de entretenimento,
restaurantes, clubes e entretenimento parques.
Todos esses setores estão enfrentando o fardo da desaceleração. Em
contraste, o setor de pagamentos digitais está experimentando um impulso. Jakhiya,
Bishnoi e Purohit (2020) ponderam que embora, por um lado, a pandemia de Covid-
19 tenha impactado fortemente setores significativos da economia indiana, por outro
lado, ela destacou a importância do dinheiro móvel, com um aumento nos pagamentos
digitais de pedidos de alimentos, transferência de dinheiro online, streaming, serviços
21
têm usado a tecnologia para enfrentar os desafios colocados pela pandemia de Covid-
19, quais dessas mudanças podem perdurar, e alguns dos riscos e desafios
emergentes.
Cuthell et al. (2020) avaliou como os consumidores adotaram o pagamento sem
contato durante a pandemia de Covid-19 e como os bancos podem ter que repensar
sua estratégia de atendimento presencial em decorrência desse aprendizado pelos
clientes. De acordo com Cuthell et al. (2020), nos Estados Unidos e em alguns outros
países, os bancos de varejo tendem a contar com atendimentos presenciais para a
maior parte de suas vendas. Depois que a pandemia começou, alguns bancos
tornaram seus canais de vendas digitais mais proeminentes. Por exemplo, o HDFC
na Índia criou uma instalação online que ajuda a abrir contas instantaneamente. No
início de junho de 2020, o HDFC tinha adicionado 250.000 novos clientes em pouco
mais de um mês.
Entretanto, Cuthell et al. (2020) alerta que a transição digital não deve ser
apressada. Tornar a experiência de vendas digital confiável e conveniente antes de
migrar os clientes é fundamental, porque os clientes ficam irritados quando não
conseguem concluir uma interação de vendas digitalmente e precisam mudar para
interações por telefone ou pessoalmente.
IBM (2020) coloca que o setor de serviços financeiros está enfrentando uma
série de forças disruptivas, com uma demanda cada vez maior dos clientes por novos
produtos e serviços inovadores, concorrência de empresas de tecnologia financeira
(fintech), pressão regulatória crescente e violações de segurança cibernética. O
capital de risco que flui para empresas de fintech em 2018 aumentou 120%, para US$
39,6 bilhões e, nessa taxa, a concorrência no setor de serviços financeiros deve
permanecer intensa nos próximos anos. Assim como as organizações em muitos
outros setores, as instituições financeiras devem melhorar a experiência do cliente e
modernizar os seus aplicativos principais.
A IBM (2020) sugere que os aplicativos precisam ser capazes de se integrar
com fornecedores terceirizados para transformar e inovar com mais rapidez. Desde a
crise financeira de 2007-2008, com a nova aplicação estrita de regulamentos, a
indústria incorreu em cerca de US$ 321 bilhões em penalidades. Os custos de
governança, risco e conformidade (GRC) representam 15% a 20% do custo total das
operações da maioria grandes bancos, globalmente. Em suma, considerando o
grande custo de não conformidade regulamentar e a necessidade de demonstrar
26
dos internautas brasileiros com smartphone declararam que realizaram ao menos uma
videochamada com o aparelho. A prática é mais comum entre as pessoas de 16 a 49
anos (90%) do que entre aquelas com 50 anos ou mais (81%). 52% daqueles que
realizaram videochamadas pelo smartphone afirmam que o hábito aumentou desde a
quarentena, 39% dizem que a frequência não mudou e apenas 9% informam que
diminuiu. Cabe destacar uma diferença quando feito o recorte por classe social:
enquanto 65% dos usuários desse serviço nas classes A e B declararam terem
aumentado a frequência de videochamadas com a pandemia, nas classes C, D e E o
percentual é de 48%. Uma das explicações pode estar na diferença da natureza dos
empregos de acordo com a classe social: no grupo com maior renda há uma
proporção maior de pessoas que trabalham em escritórios e que, durante a
quarentena, passaram a trabalhar em casa, realizando videochamadas.
O aplicativo que o brasileiro mais usou até hoje para essa finalidade é o
WhatsApp, experimentado por 95% daqueles que já realizaram chamadas em vídeo.
É natural a liderança desse app se levarmos em conta que ele é o mais popular do
Brasil, instalado em 99% dos smartphones, de acordo com a mais recente pesquisa
Panorama Mobile Time (SCHERMANN, 2020b) sobre mensageria móvel, e presente
na primeira tela de 57% dos aparelhos nacionais. Em seguida aparecem Messenger
(30%), Skype (26%) e Zoom (22%).
A ordem, contudo, muda quando a pergunta é sobre qual aplicativo a pessoa
mais tem usado para videochamadas. O WhatsApp permanece em primeiro lugar,
citado por 80% dos usuários, mas o Zoom sobe para a segunda posição (8%). Isso
indica seu ganho de popularidade desde que começou a pandemia de Covid-19,
comprovado também nos rankings das lojas de aplicativos, onde figura entre os mais
baixados em maio de 2020.
Em alguns apps, há diferenças marcantes de acordo com a renda mensal do
usuário. Hangouts e Microsoft Teams são mais usados por pessoas das classes
sociais A e B do que por aquelas das classes C, D e E. O único app cuja preferência
é maior entre os brasileiros em faixas de menor renda é o WhatsApp. Os demais têm
proporções similares, com diferenças dentro da margem de erro, quando analisado o
uso por classe social (SCHERMANN, 2020b).
As lives, por sua vez, viraram uma febre no Brasil durante a quarentena. Esta
pesquisa comprova a tendência: 75% dos internautas brasileiros já assistiram a uma
transmissão ao vivo na tela do seu smartphone. O hábito é mais comum entre os
28
jovens. 83% daqueles com 16 a 29 anos já viram lives. A proporção cai para 76% no
grupo de 30 a 49 anos e para 59%, naquele com 50 anos ou mais. Não há diferenças
significativas por classe social ou gênero, mas sim por região do País: o Nordeste tem
a maior proporção de internautas que já assistiram a lives (84%) enquanto na região
Sul tem a menor (70%) (SCHERMANN, 2020b).
No universo de brasileiros que já viram lives, 66% declaram que a frequência
com que assistem essas transmissões ao vivo no smartphone aumentou durante o
período de confinamento em casa. Neste ponto, tal como nas videochamadas, nota-
se uma diferença por classe social: a proporção é maior entre aqueles das classes A
e B (73%) do que entre aqueles das classes C, D e E (65%). A plataforma mais usada
pelo brasileiro para ver lives é o YouTube (84%), seguida por Instagram (54%) e
Facebook (41%) (Gráfico 17). A preferência pelas plataformas, contudo, varia de
acordo com idade, classe social e gênero. No público que vê lives no Instagram, por
exemplo, há uma predominância de mulheres e de jovens entre 16 e 29 anos. No uso
do Facebook para ver lives, por sua vez, a proporção é maior entre as pessoas das
classes C, D e E do que entre aquelas das classes A e B. O YouTube é mais
democrático na análise demográfica: não há diferenças expressivas por gênero, idade
ou classe social (SCHERMANN, 2020b; RADAR, 2020).
A Figura 1 apresenta o radar de popularidade dos Apps no Brasil a partir da
presença do aplicativo na homescreen dos smartphones dos entrevistados. Na figura,
merecem destaque os dois aplicativos da Caixa: o seu app tradicional e o Caixa TEM,
voltado para pessoas de baixa renda. Ambos foram impulsionados pelo pagamento
do auxílio emergencial pelo governo federal a dezenas de milhões de pessoas. O app
principal da Caixa teve um aumento de cinco pontos percentuais em um ano, estando
agora presente na homescreen de 15% dos smartphones brasileiros, na quarta
posição. O Caixa TEM, por sua vez, aparece pela primeira vez no ranking, presente
na tela inicial de 5% dos aparelhos. Em 50 dias o app registrou mais de 100 milhões
de downloads, informou a Caixa: trata-se de um dos maiores crescimentos na história
entre apps de mobile banking no mundo. Outros apps com ganhos acima da margem
de erro em um ano são Banco do Brasil, Nubank e iFood.
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vivemos, compramos e nos divertimos sem sair de casa. Quase todas as outras
indústrias – da agricultura à de viagens espaciais – precisarão se reinventar e os
pagamentos digitais serão fundamentais para conectar consumidores e fornecedores.
Entretanto, Genovez (2020) coloca que apesar das medidas para inibir
aglomeração de clientes nas agências bancárias e disponibilização de canais digitais
para atendimento, muitos clientes continuam procurando o atendimento presencial em
primeiro lugar. O acesso dos clientes ocorre de forma escalonada, por exemplo em
grupos de 10 a 20 pessoas por vez, sob orientação de funcionário, com o objetivo de
garantir, assim, o distanciamento mínimo entre todos, dentro e fora das agências.
Unidades com maior concentração de pensionistas, por exemplo, estão adotando
horário exclusivo para o atendimento dessa população mais vulnerável, dada a
insistência em buscar o atendimento presencial.
Genovez (2020) declara que, na indústria bancária, o efeito mais óbvio é a
necessidade de repensar o modelo de agências físicas e acelerar a evolução de
plataformas omnichannel para que os clientes sejam atendidos de forma
absolutamente fluida, sem a intervenção humana na aprovação ou rejeição das
transações. Para construírem canais digitais mais resilientes, talvez os bancos
precisem pensar primeiro no virtual e repensar a tecnologia como uma plataforma
onipresente, conectada a um sistema financeiro nuclear capaz de interagir com vários
agregadores de tecnologia.
Para disponibilizarem esse núcleo conectado, os bancos precisarão, entre
outras coisas, de uma estratégia de API (Application Programming Interface) clara,
um modelo operacional baseado em nuvem, processos com inteligência artificial, uma
camada de middleware eficiente para integrar serviços de valor agregado de múltiplos
parceiros rapidamente, além de foco incansável na simplificação das interfaces de
usuário.
Ainda na temática de transformação digital, a Visa (2020) aponta em seu Global
Commerce Unbound Report de 2019 que mais de 50% dos fatores que influenciam a
escolha do pagamento têm a ver com necessidades centradas no ser humano, como
controle, conveniência, simplicidade e personalização. O crescimento do e-commerce
e do pagamento por aproximação na América Latina e Caribe reflete as tendências
globais identificadas pela Visa (2020). De acordo com esse estudo, o comportamento
do consumidor da América Latina e Caribe está mudando perceptivelmente em
31
Nos resultados das buscas por artigos com o tema Pandemia de Covid-19, Baig
et al. (2020) apresenta caminhos para acelerar os recursos digitais da organização
para acompanhar o ritmo do mercado, abordando como a rápida migração para
tecnologias digitais impulsionada pela pandemia irá auxiliar na recuperação da
economia.
Com base em dados de países já em fase de recuperação, Baig et al. (2020)
projeta que os padrões de consumo serão desiguais e provavelmente não retornarão
aos níveis pré-Covid-19 rapidamente e os níveis de trabalho remoto que dispararam
durante as medidas de restrição provavelmente permanecerão mais altos do que os
níveis anteriores à crise por algum tempo.
O estudo de Baig et al. (2020) conclui que os líderes que desejam ter sucesso
na recuperação digital pós-covid devem redefinir rapidamente suas agendas digitais
para atender às novas necessidades dos clientes, fortalecer seus sistemas de suporte
a decisões e ajustar seus modelos organizacionais e pilhas de tecnologia para operar
na mais alta velocidade efetiva. Assim, alcançar a paridade ou ser melhor entre os
32
canais digitais para vencer a corrida pela receita, reconstruir os modelos de suporte à
decisão mais importantes e dobrar a velocidade de desenvolvimento são metas que
estão todas ao alcance das companhias.
Para Caplain, Hadorn e Korschinowski (2020), a área de Meios de Pagamentos
teve um rápido desenvolvimento nos últimos anos, com o surgimento de novas
tecnologias e provedores de serviços. Agora, por meio da experiência advinda com a
pandemia de Covid-19, os principais bancos estão se revigorando e digitalizando suas
operações de pagamentos à medida que aproveitam a oportunidade de aumentar a
eficiência, fornecer serviços aprimorados a seus clientes e ganhar nova participação
no mercado. Embora os bancos tenham mantido suas operações de meios de
pagamento com sucesso, até o momento, durante a pandemia de Covid-19, ainda
assim expôs o fato de que certos aspectos precisam ser modernizados e
reconfigurados para um futuro mais digital e imprevisível.
Ding et al. (2020) analisou a correlação entre google trends e comportamento
dos investidores durante a pandemia de Covid-19 para construção de sistemas
preditivos do mercado financeiro. O estudo verificou que à medida que o vírus se
espalha globalmente, seu impacto tem sido sentido nos mercados de ações em todo
o mundo. Em meio às perspectivas econômicas sombrias, alguns setores parecem ter
sobrevivido melhor do que outros.
Em seu estudo, Ding et al. (2020) concluiu que o sentimento do mercado em
relação à pandemia de Covid-19 tem efeitos significativos sobre os preços das ações
dos setores. Particularmente, o desempenho do preço das ações em todos os setores
é diferenciado pelo nível de transformação digital dos setores, com aqueles que são
mais digitalmente transformados, mostrando resiliência em relação ao sentimento
negativo do mercado sobre a pandemia de Covid-19. Com o mundo adentrando um
território desconhecido de menos interações humanas face a face e cada vez mais
dependente de tecnologia para operar, floresce a importância das inovações para
reconectar o tecido econômico, financeiro e social de todo o planeta. O planeta inteiro
está reconstruindo velhas conexões e criando novas para se manter funcional e viável.
Em seu reporte para serviços financeiros, Google (2020) apresenta a
consolidação dos termos mais pesquisados (google trends) sobre serviços financeiros
no Google Brasil durante o mês de março de 2020 (início da pandemia de Covid-19).
O reporte informa que mensalmente são feitas 150 milhões de buscas sobre o setor
no Google Brasil. Dessas buscas, 85 milhões são por produtos e serviços financeiros
33
como conta fácil, cartão gratuito e corretoras de investimento, 37 milhões são buscas
institucionais por bancos e 26 milhões por serviços e atendimento. Tanto buscas pelos
grandes bancos incumbentes quanto por players digitais tiveram grande aceleração a
partir de março de 2020, com uma leve força maior para os tradicionais; ambos
apresentaram crescimento de buscas comparado ao primeiro trimestre de 2019.
O interesse pelo produto conta corrente, como serviço financeiro, disparou em
março, fugindo claramente da sazonalidade tradicional devido ao impacto econômico
da pandemia de Covid-19. A Caixa Econômica Federal (Caixa) foi a principal
arrancada da categoria em março, fazendo com que as buscas atingissem pico
histórico; o interesse por abertura de conta digital, possivelmente para recebimento
de benefício do governo, foi a grande alavanca.
Ainda segundos os dados pesquisados por Google (2020), de maneira quase
inédita, nos meses subsequentes, os players digitais perderam muita força em
participação nas consultas pelo produto conta corrente; Pagbank e Nubank, líderes
entre os digitais, foram os que puxaram a queda no interesse para baixo. Entre os
menores players digitais na indústria, destaque para o Banco Neon, que voltou a
ganhar força após grande perda em fevereiro. A Caixa se destacou na captura de
buscas por conta corrente em março, seguida de Santander e Bradesco; o share foi
conquistado principalmente dos players digitais, que tiveram sua maior queda dos
últimos seis meses. Os Bancos Digitais e outros players foram os grandes perdedores
de share. Entre os digitais, destaque para Banco Pan, que cresceu levemente em
março após alguns meses andando de lado neste indicador. O Pravaler continua
perdendo share em março após grande salto em janeiro devido à sazonalidade
favorável ao seu principal negócio - crédito universitário.
Muro, Maxim e Whiton (2020) acreditam que com a pandemia de Covid-19
estão ressurgindo as preocupações sobre o impacto da tecnologia no futuro do
trabalho, concluindo que qualquer recessão relacionada ao Covid-19 provavelmente
causará um aumento na automação da substituição da mão de obra. Vários
economistas delinearam essa natureza cíclica da automação e relataram que, ao
longo de três recessões nos últimos 30 anos, impressionantes 88% das perdas de
empregos ocorreram em ocupações “rotineiras” e automatizáveis - o que significa que
esses empregos representaram “essencialmente todos” os empregos perdidos nas
crises. Analisaram também que quase 100 milhões de ofertas de empregos online
antes e depois da Grande Recessão e descobriram que as empresas em áreas
34
Welch (2020) verificou que quase metade das posições financeiras dos
entrevistados diminuiu na pandemia e 68% reduziram seus gastos gerais e
discricionários. Ainda havia um certo grau de otimismo, com mais de dois terços
confiantes ou neutros quanto às perspectivas de recuperação nos próximos seis
meses, embora aqueles cujos empregos foram afetados estivessem mais focados em
superar a crise. Dos entrevistados, 42% relataram impactos financeiros; 34%
relataram impactos na saúde mental e 25% na saúde física e impactos no bem-estar
pelo isolamento devido à pandemia de Covid-19. O estudo também verificou que 68%
dos entrevistados reduziram gastos discricionários e 54% reduziram itens essenciais.
Fechando os resultados das buscas com a temática Pandemia de Covid-19,
Williams (2020), por sua vez, analisou a indústria de petróleo e gás para exemplificar
como a crise da pandemia de Covid-19 exacerbou os desafios existentes e sugere
que a solução é a integração da tecnologia digital em toda a cadeia de valor do
petróleo e gás. Para Williams (2020), as ferramentas digitais fazem mais do que
possibilitar a comunicação e a colaboração. Eles permitem que executivos e
operadores planejem e monitorem operações remotamente, automatizem tarefas
manuais e agilizem processos, além de oferecer suporte à integridade operacional e
à segurança de processos. O estudo indica que os anos de 2020 e 2021 prometem
ser especialmente difíceis para a indústria de óleo e gás à medida que a população
mundial se ajusta a um novo normal. É imperativo que as empresas tomem as
medidas necessárias para absorver os choques e criar uma organização mais enxuta
e competitiva para o futuro.
Nos próximos anos, porém, o uso móvel se tornará o epicentro do banco digital,
conforme a tecnologia é aprimorada e smartphones e tablets se tornam ainda mais
difundidos. No estudo realizado pela Kearney, 85% dos executivos entrevistados
disseram que o celular é a base de sua estratégia digital no futuro, já que o celular se
torna o primeiro ponto de contato da maioria dos clientes. Um executivo de um banco
latino-americano disse: "Este ano, os volumes de transações para dispositivos móveis
ultrapassaram os volumes em todos os outros canais." Um executivo bancário
europeu relatou que seus clientes têm 11 vezes mais contatos por meio de dispositivos
móveis do que em computadores convencionais.
37
são percebidos como uma aposta mais segura em tempos desafiadores. Também
espera-se ver aumentos significativos em imparidades de crédito e inadimplência, o
que pode ser outro obstáculo significativo para os bancos digitais, bem como para os
provedores de crédito de ponto de venda e plataformas de empréstimo peer-to-peer.
As plataformas também devem ter uma redução nos fluxos de entrada de investidores,
pois eles naturalmente se tornam mais cautelosos; e os volumes de negócios
provavelmente cairão. Esses fatores significam que pode ocorrer alguma
consolidação no setor de fintech, mas concorrentes sonoros com propostas fortes
devem sobreviver e então prosperar.
No último artigo da busca realizada dentro da temática de sistema financeiro,
Markey, Barro e Fielding (2020) estudaram como os bancos nativos digitais e os
grandes bancos incumbentes nacionais emergiriam durante a pandemia de Covid-19
devido ao seu investimento geral em capacitação digital. No estudo, verificou-se que
o Net Promoter Score (NPS) para a abertura de uma conta corrente ou poupança, por
exemplo, é de 53 quando concluído com sucesso em canais digitais, mas 39 quando
feito por meio de um centro de contato de um banco.
Markey, Barro e Fielding (2020) concluíram que os clientes preferem o digital.
Embora a mudança para o digital possa ser menos dramática do que muitos
esperavam, nota-se que o digital não atende apenas a uma necessidade criada pela
pandemia; também melhorou a experiência do cliente, muitas vezes de forma notável.
41
3. REFERENCIAL TEÓRICO
domicílios de classe D/E. O celular é o meio próprio principal de acesso à internet das
classes mais baixas. Sendo que 72% dos usuários da classe D/E em áreas rurais
dependem de um celular para navegar na internet.
de supervisão com tais desafios, dadas suas experiências coletivas com outras crises
e julgamento geral dos negócios. Os conselhos podem, complementarmente, auxiliar
a gestão não apenas com a forma como os negócios enfrentam o período da crise,
mas também como eles se recuperam dela com resiliência e força (KROUSKOS,
2020).
Com gestão focada em abordar os impactos da pandemia de Covid-19 nas
operações das empresas, suas condições financeiras e partes interessadas, é
imperativo que o conselho aprimore seus esforços para fornecer uma visão
estratégica, supervisão e previsão em horizontes de curto e longo prazo, continuando
a exercer suas responsabilidades fiduciárias. Pela calma e orientação constante, os
membros do conselho podem fornecer clareza e confiança conforme a administração
aumenta os esforços de resposta (KROUSKOS, 2020).
O mundo mudou em março de 2020. De repente, a pandemia de Covid-19
sobrecarregou sistemas de saúde ao ponto de ruptura, colocou grande parte da
economia global em um hiato indefinido e remodelou radicalmente as normas sociais
e as interações. Para empresas em todos os lugares, esses eventos estão minando
as premissas estabelecidas enquanto catalisa novos modelos e abordagens
(KROUSKOS, 2020).
Baig et al. (2020) acredita que essa rápida migração para tecnologias digitais
impulsionada pela pandemia de Covid-19 continuará no período de recuperação da
economia. Como os temores de recessão aumentam relacionados ao Covid-19, é
importante enfatizar que, embora a automação provavelmente cresça em geral, nem
todos são igualmente vulneráveis. Como sugere a avaliação de 2019 das tendências
de automação, são os trabalhadores de baixa renda, os jovens e os negros que
estarão vulneráveis se essa pandemia levar o país a uma recessão. O surto de
automação provavelmente afetará as ocupações mais “rotineiras” - empregos em
áreas como produção, alimentação e transporte, por exemplo.
Espera-se que essas mesmas restrições se apliquem ao varejo, onde o novo
comércio operará 100% na nuvem e será desenhado para o consumidor remoto. Essa
mudança, que Baig et al. (2020) chama de Amazonização do comércio, já estava
acontecendo. Independentemente dos efeitos a longo prazo da pandemia de Covid-
19, o comércio e os serviços no varejo vão se adaptar para oferecer mais experiências
assim, em uma escala menor. A loja da esquina precisará operar como uma mini
Amazon, e a indústria de pagamentos terá de construir uma infraestrutura para
54
4. METODOLOGIA DE PESQUISA
55
por 434 clientes bancários, sendo que 3 respondentes não concordaram com os
termos da pesquisa, permanecendo 431 respondentes.
O questionário para levantamento dos bancários foi enviado em 26 de junho de
2021, por e-mail, para 15 mil dos mais de 60 mil funcionários lotados nas
dependências da rede varejo de uma grande instituição financeira no Brasil e que
prestam atendimento bancário aos clientes do varejo (pessoa física e jurídica) em todo
o território nacional, convidando os bancários a responderem o questionário até o dia
02 de julho de 2021. O questionário foi respondido por 722 bancários, sendo que 3
responderam que não trabalhavam em área que prestava atendimento bancário a
clientes, permanecendo 719 respondentes.
Gráfico 3: Principais motivos que o atendimento bancário por canais digitais se destacaria frente ao
atendimento presencial durante a pandemia de Covid-19
Gráfico 5: Percepção sobre aumento na oferta e no uso de canais digitais para atendimento bancário
durante a pandemia
Na priorização feita pelos clientes, o que justificou o aumento no uso dos canais
digitais para atendimento bancário foi a facilidade no uso desses canais, seguido pela
restrição no atendimento presencial imposta pela pandemia, conforme mostra o
Gráfico 6. Investimentos dos bancos em tecnologias e aumento do número de contas
digitais não foram considerados os principais motivos. Esse resultado não está
aderente aos estudos de Schermann (2020b) e Febraban (2020). Para esses autores,
os investimentos dos bancos em tecnologias e o aumento do número de contas
digitais estariam entre os principais motivos. O que pode justificar a divergência é o
fato de os estudos desses autores terem ocorrido no início da pandemia de Covid-19,
cerca de um ano antes do levantamento dos dados desta pesquisa.
Gráfico 6: Priorização dos motivos para aumento no uso dos canais digitais para atendimento bancário
durante a pandemia de Convid-19
A maioria dos respondentes (72%) informou que não questionou como poderia
ter acesso ao atendimento bancário presencialmente enquanto era atendido por um
canal digital, conforme mostra o Gráfico 7. Assim, denota-se que não havia a
preocupação de saber como poderia ter acesso ao outro canal. Enquanto apenas 41%
informaram que não questionaram sobre como ter acesso por canais digitais durante
atendimentos presenciais, que indica que uma parcela menor de respondentes não
procurava uma alternativa ao canal de atendimento presencial.
Gráfico 7: Questionamento sobre como poderia utilizar o outro canal para atendimento bancário durante
a pandemia de Covid-19
Gráfico 14: Satisfação dos clientes de acordo com o canal para atendimento bancário.
Gráfico 15: Questionamento pelo cliente sobre o outro canal para atendimento
O Gráfico 15 indica que apenas 15% dos bancários não foram questionados
pelos clientes durante o atendimento presencial sobre como eles poderiam ter acesso
ao atendimento bancário em canais digitais. Esse resultado parece apontar que a
72
procura dos clientes pelos canais digitais foi recorrente. Entretanto, diferentemente do
apontado nos dados coletados nas entrevistas com os clientes, apenas 3% dos
bancários informaram que não foram questionados sobre como o cliente poderia ter
acesso ao atendimento bancário presencial enquanto prestavam atendimento
bancário em canal digital. Infere-se, a partir dessa resposta, que os clientes gostariam
de saber como poderiam retornar ao canal presencial.
A percepção dos bancários converge com a percepção dos clientes quanto às
preferências de canais para atendimento bancário, conforme mostra o Gráfico 16.
Para 65% dos bancários, os canais digitais são os preferidos para atendimentos
bancários durante a pandemia, sendo o App/Mobile banking o canal preferido, com
51% de favoritismo, e o principal motivo da preferência por esse canal também é,
assim como foi indicado pelos clientes, a agilidade/facilidade de uso (56%).
Por fim, 80% dos bancários respondentes entendem que haverá sustentação
da preferência dos clientes pelo uso dos canais digitais para atendimento bancário no
período pós-pandemia, manifestando de que a mudança se sustentará após a
pandemia de Covid-19, conforme mostra o Gráfico 19.
Gráfico 19: Sustentação da preferência dos clientes pelo uso dos canais digitais
Gráfico 20: Comparativo da percepção de bancários e clientes sobre o aumento na oferta e no uso de
canais digitais para atendimento bancário durante a pandemia.
Gráfico 21: Comparativo da percepção de bancários e clientes, segmentados pela faixa etária e
frequência no uso, sobre o aumento na oferta e no uso de canais digitais
Gráfico 23: Comparativo da percepção de bancários e clientes, segmentados pela maturidade digital,
sobre o aumento na oferta e no uso de canais digitais
oferta de canais digitais durante a pandemia, enquanto apenas 3% dos clientes cujo
canal preferido é o App/Mobile (aplicativos para smartphones) tiveram essa
percepção. Segregando-se os clientes que precisaram do atendimento bancário pelo
perfil de canal de atendimento que mais utilizaram durante a pandemia, verifica-se um
comportamento semelhante.
Gráfico 24: Comparativo da percepção de bancários e clientes, segmentados pelo canal de preferência,
sobre o aumento na oferta e no uso de canais digitais
Gráfico 25: Comparativo entre a percepção dos clientes (pergunta 23) e dos bancários (pergunta 20)
sobre a motivação para retorno ao canal presencial após a pandemia de Covid-19.
Gráfico 26: Comparativo entre a percepção dos clientes, segmentados pela faixa etária, sobre a
sustentação da transformação digital do atendimento bancário e sobre o retorno ao canal presencial no
período após a pandemia de Covid-19.
Gráfico 27: Comparativo entre a percepção dos clientes, segmentados por gênero, sobre a sustentação
da transformação digital do atendimento bancário e sobre o retorno ao canal presencial no período
após a pandemia de Covid-19.
Gráfico 29: Comparativo entre a percepção dos clientes, segmentados pela frequência com que
demanda atendimento, sobre a sustentação da transformação digital do atendimento bancário e sobre
o retorno ao canal presencial no período após a pandemia de Covid-19.
Gráfico 30: Comparativo entre a percepção dos clientes, segmentados pelo canal preferido, sobre a
sustentação da transformação digital do atendimento bancário e sobre o retorno ao canal presencial no
período após a pandemia de Covid-19.
Gráfico 31: Comparativo entre a percepção dos clientes, segmentados pelo canal mais utilizado durante
a pandemia de Covid-19, sobre a sustentação da transformação digital do atendimento bancário e sobre
o retorno ao canal presencial no período após a pandemia de Covid-19
Gráfico 32: Comparativo entre a percepção dos bancários e dos clientes sobre a sustentação da
transformação digital do atendimento bancário no período após a pandemia de Covid-19.
A FENABAN (2020) informou que mais de 230 mil bancários no Brasil (51%),
dos cerca de 450 mil, estavam trabalhando em casa em sistema de home office,
durante a pandemia de Covid-19, o que expandiu exponencialmente o atendimento
bancário remoto. Os achados da pesquisa ratificam essa informação sobre as
mudanças ocorridas durante a pandemia, pois 90% dos bancários responderam que
concordaram que houve um aumento na oferta de atendimento bancário por canais
digitais pelos bancos durante a pandemia.
Bellens et al. (2020b) apontaram que as mudanças para clientes e funcionários
foram permanentes e mudaram a forma de trabalho dos bancos. Os dados coletados
desta pesquisa também sugerem essa mudança na forma de trabalho dos bancos,
pois 96% dos bancários informaram que não trabalhavam em regime de home office
antes da pandemia e 57% admitiram que trabalharam de forma remota em algum
momento durante a pandemia, sendo que 28% estão em regime de teletrabalho há
mais de 6 meses.
86
a pandemia, 80% dos bancários e 94% dos clientes que responderam ao questionário
concordam que ela se sustentará após a pandemia de Covid-19.
Segundo Drucker (1995), modismos são baseados em gostos e hábitos que
ganham notoriedade momentânea, mas que quando acaba ou perde o apelo inicial, o
interesse pelo produto ou serviço acaba junto. Nesta pesquisa, a possibilidade de
modismo não foi confirmada pelos respondentes, considerando que apenas 14% dos
clientes concordam que o uso do canal digital para atendimento bancário poderia ser
menor e os clientes retornariam ao atendimento presencial após a pandemia. Os
achados desta pesquisa ratificam Welch (2020), que encontrou sinais entre os
consumidores de serviços financeiros de uma recusa em retornar às velhas formas
pré-Covid-19 de interagir com seus fornecedores.
A partir da percepção dos clientes respondentes, somada ao fato de que a
maioria (72%) informou que não questionou como poderia ter acesso ao atendimento
bancário presencialmente enquanto era atendido por um canal digital, infere-se que
não há preocupação de saber como pode-se retornar ao canal presencial. Essa
percepção dos clientes respondentes confronta com as ideias de Genovez (2020), que
destacou que muitos clientes continuam procurando o atendimento presencial em
primeiro lugar, apesar das medidas para inibir aglomeração de clientes nas agências
bancárias e disponibilização de canais digitais para atendimento. E, de fato,
diferentemente do apontado nos dados coletados nas entrevistas com os clientes,
apenas 3% dos bancários respondentes informaram que não foram questionados
sobre como o cliente poderia ter acesso ao atendimento bancário presencial enquanto
prestavam atendimento bancário em canal digital, inferindo-se que os clientes
gostariam de saber como poderiam retornar ao canal presencial.
Febraban (2020) havia mostrado que houve aumento na quantidade de golpes
digitais contra serviços bancários durante a pandemia, destacando a falta de
segurança como uma das desvantagens do atendimento por canais digitais. E, tanto
os clientes quanto os bancários, priorizaram a segurança como o principal motivo para
acreditarem que os clientes retornariam ao atendimento presencial após a pandemia
de Covid-19, porém, os bancários também priorizaram a segurança como o segundo
principal motivo para sustentar a migração para o atendimento por canais digitais.
Assim, o que se observa é que a segurança percebida no canal de atendimento seria
um dos principais motivos para se preferir um canal após a pandemia de Covid-19,
seja ele um canal presencial ou digital.
89
6 CONCLUSÕES
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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Global Limited, Reino Unido,15 oct. 2020
ZIMMERMAN, S.; BELL, J. The Sustainability Mindset: Using the Matrix Map to
Make Strategic Decisions. EUA: Jossey bass, 2015.
101
APÊNDICES
APÊNDICE 1 – ARTIGOS SELECIONADOS
Sistema Going Digital: The Banking Transformation A jornada dos bancos tradicionais para
13 Kearney (2014)
Financeiro Road Map implementarem a transformação digital.
Transformação Schallmo, D; Williams, Digital Transformation Of Business Models Histórico, conceito e contextualização de
21
Digital C.; Boardman, L. (2017) — Best Practice, Enablers and Roadmap trasformação digital e seus modelos de negócios.
Se você utilizou
o atendimento
bancário
durante a
Identificar as mudanças
pandemia de 1. Não utilizei o atendimento
de comportamento
Covid-19, esse bancário durante a
ocorridas durante a
8 atendimento pandemia Genovez (2020)
pandemia de Covid-19
bancário foi feito 2. Presencial
com relação ao
na maioria das 3. Canal Digital
atendimento bancário
vezes
presencialmente
ou por canal
digital?
1. Agilidade e facilidade no
atendimento digital
2. Segurança
Priorize os 3. Localização do seu banco
motivos que o 4. Produtos e serviços
atendimento bancários mais
bancário por inovadores
Verificar as motivações
canais digitais 5. Maior portfólio de
dos clientes bancários Ruddenklau (2020)
se destacaria produtos e diversidade
9 com relação ao uso dos
frente ao nas operações
canais de atendimento Baicu et al. (2020)
atendimento disponibilizadas
digitais
presencial 6. Serviços com taxas mais
durante a baratas ou gratuitas
pandemia de 7. Dificuldade para utilizar o
Covid-19. atendimento presencial
8. Não vejo diferença entre
os canais de atendimento
digital e presencial
110
Qual seria um
outro motivo
que justificaria Verificar as motivações
você retornar ao dos clientes bancários
23 atendimento (Campo aberto) com relação ao uso dos
presencial canais de atendimento
APÓS a digitais
pandemia de
Covid-19.
Priorize os
motivos que
justificariam o 1. Agilidade e facilidade no
comportamento atendimento
caso os clientes 2. Segurança
3. Localização do seu banco
que Albergoni e Pereira
4. Produtos e serviços
migraram para o (2009);
bancários mais inovadores Verificar as motivações
atendimento nos Febraban (2020);
5. Maior portfólio de produtos dos clientes bancários
canais digitais Baicu et al. (2020);
19 e diversidade nas com relação ao uso dos
durante a Cuthell et al. (2020);
operações canais de atendimento
pandemia de Visa (2020);
disponibilizadas digitais.
Covid-19 (JAKHIYA; BISHNOI;
6. Serviços com taxas mais
retornem ao PUROHIT, 2020)
baratas ou gratuitas
atendimento
7. Tradição/costume
presencial 8. Relacionamento mais
APÓS a próximo do gerente
pandemia de
Covid-19.
Qual seria um Albergoni e Pereira
outro motivo que (2009);
justificaria o Verificar as motivações Febraban (2020);
comportamento dos clientes bancários Baicu et al. (2020);
20 (Campo aberto)
caso os clientes com relação ao uso do Cuthell et al. (2020);
que atendimento presencial Visa (2020);
migraram para o (JAKHIYA; BISHNOI;
atendimento nos PUROHIT, 2020)
124