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CV7710

Concreto Armado I
(Introdução ao curso)

Prof. MARCELLO CHEREM


E-mail: mcherem@fei.edu.br
CV7710: Concreto Armado I
Professor: Marcello Cherem

Capítulo 1 - Introdução

Este é o capítulo inicial de um curso cujos objetivos são:

 Fundamentos do concreto;

 Bases para o cálculo de concreto armado;

 Rotina do projeto estrutural para edifícios de pequeno porte;

 Dimensionamento de diversos elementos estruturais


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1.1 Definições

Concreto é um material de construção proveniente da mistura, em proporção


adequada, de:

 Aglomerantes (Cimento)
 Agregados (Areia e Pedra)
 Água
 Aditivos
 Adições

a) Aglomerantes
Os aglomerantes unem os fragmentos de outros materiais. Geralmente se
emprega cimento Portland, que por ser um aglomerante hidráulico, reage com a água e
endurece com o tempo.
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b) Agregados
Os agregados são partículas minerais que aumentam o volume da mistura,
reduzindo seu custo, além de contribuir para a estabilidade volumétrica do produto
final. Dependendo das dimensões características, dividem-se em dois grupos:

b.1) Agregados miúdos

Areia de origem natural ou resultante do britamento de rochas estáveis, ou


mistura de ambas, cujos grãos passam pela peneira ABNT 4,8 mm e ficam retidos na
peneira ABNT 0,075 mm.
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b.2) Agregados graúdos
Pedregulho ou a brita proveniente de rochas estáveis, ou mistura de ambos,
cujos grãos passam por uma peneira de malha quadrada com abertura nominal de 152
mm e ficam retidos na peneira ABNT 4,8 mm.
Dimensão máxima característica
Grandeza associada à distribuição granulométrica do agregado, correspondente
à abertura de malha quadrada, em milímetros, à qual corresponde uma porcentagem
retida acumulada igual ou imediatamente inferior a 5% em massa.

Brita Diâmetro máximo Diâmetro Máximo


Característico (mm) (mm)
Peças com densidade
alta de armadura 0 9,5 12,5
Concretos convencionais 1 19 25
de edificações
2 25 32
3 38 50
4 64 76
ABNT NBR 7211:1983
Agregado para Concreto 5 100 100
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c) Água

Quantidade mínima para hidratação do cimento: a/c = 0,25 (em massa).


Valor mínimo na prática: a/c = 0,30

A água em excesso provoca poros na pasta de cimento, redução de resistência e


aumento da permeabilidade.

d) Aditivos
Os aditivos são produtos que, adicionados em pequena quantidade aos
concretos de cimento Portland, modificam algumas propriedades, no sentido de melhorar
esses concretos para determinadas condições.
Os principais tipos de aditivos são:

 plastificantes (P), superplastificantes (SP), hiperplastificantes (HP);


 retardadores de pega (R), aceleradores de pega (A);
 incorporadores de ar (IAR);
 combinação de dois efeitos.
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e) Adições
As adições constituem materiais que, em dosagens adequadas, podem ser
incorporados aos concretos ou inseridos nos cimentos ainda na fábrica, o que resulta na
diversidade de cimentos comerciais.

Os exemplos mais comuns de adições são: escória de alto forno, cinza volante,
sílica ativa de ferro-silício e metacaulinita.

Microsilica: Material mineral 100 vezes mais fino que o cimento. Quando substitui 5 a
10% do cimento aumenta significativamente sua resistência.
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f) Pasta
A pasta resulta das reações químicas do cimento com a água. Quando há água
em excesso, denomina-se nata.

g) Argamassa
A argamassa provém da mistura de cimento, água e agregado miúdo, ou
seja, pasta com agregado miúdo.
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h) Concreto Simples

 boa resistência à compressão;


 baixa resistência à tração;
 comportamento frágil.

i) Concreto Armado

Barras de aço
(Armadura Passiva)
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j) Concreto Protendido

Barras de aço Cordoalhas


(Armadura Passiva) (Armadura Ativa)
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l) Concreto de Alto Desempenho

Um concreto de alto desempenho – CAD apresenta características diferenciadas


do concreto tradicional, e deve ser entendido como um material que atende a
expectativas para fins pré-determinados, relativos a comportamento estrutural,
lançamento, adensamento, estética e durabilidade frente ao meio ambiente atual e
futuro.
Podem ser citados:
 Concreto de Alta Resistência – CAR
 Concreto Autoadensável – CAA.
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1.2 Vantagens do Concreto e Restrições

1.2.1 Vantagens do Concreto

 É moldável, permitindo grande variabilidade de formas e de concepções


arquitetônicas;
 Apresenta boa resistência à maioria dos tipos de solicitação, desde que seja
feito um cálculo correto e um adequado detalhamento das armaduras;
 A estrutura é monolítica, com trabalho conjunto, se uma peça é solicitada;
 Baixo custo dos materiais – água e agregados, graúdos e miúdos;
 Baixo custo de mão de obra, pois, em geral, a produção de concreto
convencional não exige profissionais com elevado nível de qualificação;
 Processos construtivos conhecidos e bem difundidos em quase todo o país;
 Facilidade e rapidez de execução, principalmente se forem utilizadas peças
pré-moldadas;
 O concreto é durável e protege as armaduras contra corrosão;
 Os gastos de manutenção são reduzidos, desde que a estrutura seja bem
projetada e adequadamente construída;
 O concreto é pouco permeável à água, quando dosado corretamente e
executado em boas condições de plasticidade, adensamento e cura;
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1.2.1 Vantagens do Concreto

 É um material com bom comportamento em situações de incêndio, desde


que adequadamente projetado para essas situações;
 Possui resistência significativa a choques e vibrações, efeitos térmicos,
atmosféricos e a desgastes mecânicos.

1.2.2 Restrições

 Retração e fluência,
 Baixa resistência à tração,
 Pequena ductilidade,
 Fissuração,
 Peso próprio elevado,
 Custo de formas para moldagem,
 Corrosão das armaduras.
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1.3 Aplicações do Concreto

É o material estrutural mais utilizado no mundo. Seu consumo anual é da


ordem de uma tonelada por habitante.
Entre os materiais utilizados pelo homem, o concreto perde apenas para a
água.
Outros materiais como madeira, alvenaria e aço também são de uso comum
e há situações em que são imbatíveis. Porém, suas aplicações são bem mais restritas.
Algumas aplicações do concreto são relacionadas a seguir:

 Edifícios: mesmo que a estrutura principal não seja de concreto, alguns elementos,
pelo menos, o serão;
 Galpões e pisos industriais ou para fins diversos;
 Obras hidráulicas e de saneamento: barragens, tubos, canais, reservatórios,
estações de tratamento etc.;
 Rodovias: pavimentação de concreto, pontes, viadutos, passarelas, túneis,
galerias, obras de contenção etc.;
 Estruturas diversas: elementos de cobertura, chaminés, torres, postes, mourões,
dormentes, muros de arrimo, piscinas, silos, cais, fundações de máquinas etc.
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1.3 Aplicações do Concreto

Museu de arte contemporânea - Niterói/RJ


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1.3 Aplicações do Concreto

Edifício Copan – São Paulo/SP


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1.3 Aplicações do Concreto

Unique Hotel – São Paulo/SP


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1.3 Aplicações do Concreto

Catedral de Brasília – Brasília/DF


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1.4 Classificação das estruturas

TIPOS DE ESTRUTURAS

CONCRETO CONCRETO METÁLICAS MADEIRAS MISTAS


ARMADO PROTENDIDO (aço) (aço + concreto)
CV0720
CV7710 CV9710 CV0720
CV8720
Estruturas de Concreto

MOLDADA PRÉ- PRÉ-


NO LOCAL MOLDADA FABRICADA
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EXEMPLOS

Estrutura Moldada no Local


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Estrutura Moldada no Local


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Estrutura Moldada no Local


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Estrutura Moldada no Local


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Estrutura Moldada no Local


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Estrutura Moldada no Local


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Estrutura Moldada no Local


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Estrutura Moldada no Local


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EXEMPLOS

Bloco sobre
estacas
(moldado no local)

Estrutura Pré-moldada (Blocos para receber os pilares)


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EXEMPLOS

Superfície
rugosa

Estrutura Pré-moldada (Pilares sendo encaixados nos cálices)


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EXEMPLOS

Cunhas de
madeira

Estrutura Pré-moldada (Pilares sendo encaixados nos cálices)


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EXEMPLOS

Consolo

Estrutura Pré-moldada (Pilares a espera das vigas)


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Dente
Gerber

Consolo

Estrutura Pré-moldada (Dente Gerber)


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1.5 Concepção/Projeto Estrutural

Projeto de edifícios:

1ª Etapa: Arquitetura + Empreendedor  Projeto preliminar de arquitetura;


2ª Etapa: Estrutura + Instalações Auxiliares  Projetos preliminares;
3ª Etapa: Arquitetura + Empreendedor  Projeto arquitetônico;
4ª Etapa: Projeto de Estrutura + Instalações + Fundações;
5ª Etapa: Obra.

Projeto Estrutural:

1ª Etapa: Concepção Estrutural;


2ª Etapa: Definição das ações;
3ª Etapa: Definição do modelo estrutural;
4ª Etapa: Determinação das solicitações (N, M, V, T);
5ª Etapa: Dimensionamento e detalhamento de cada elemento.
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1.6 Estruturas de edifícios


Estrutura é a parte resistente da construção e tem as funções de suportar as ações e
as transmitir para o solo.
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1.6 Estruturas de edifícios
Em edifícios, os elementos estruturais principais são:

Lajes: são as placas que, além das cargas permanentes, recebem as ações variáveis
(de uso) e as transmitem para os apoios (vigas); travam os pilares e distribuem as
ações horizontais do vento;

Vigas: são barras horizontais que delimitam as lajes, suportam paredes e recebem
ações das lajes ou de outras vigas, transmitindo para os apoios (pilares);

Viga de transição: viga que recebe as ações/cargas de um


determinado pilar (que não chega a
fundação) e a transfere a outros pilares.
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1.6 Estruturas de edifícios

Pilares: são barras, em geral verticais, que recebem as ações das vigas ou das lajes e
dos andares superiores e as transmitem para os elementos inferiores ou para a
fundação.
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1.6 Estruturas de edifícios

Fundações: são elementos como blocos, sapatas, radier, estacas etc., que transferem
os esforços para o solo.
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1.7 Estruturas de edifícios

Pórticos: Pilares alinhados ligados por vigas, que devem resistir às ações do vento e às
outras ações que atuam no edifício, sendo o mais utilizado sistema de contraventamento.

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