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CV7710

Concreto Armado I
(Durabilidade)

Prof. MARCELLO CHEREM


E-mail: mcherem@fei.edu.br
CV7710: Concreto Armado I
Professor: Marcello Cherem

MECANISMOS DE DETERIORAÇÃO DO CONCRETO


a) Lixiviação

As reações de hidratação do cimento Portland produzem principalmente


cristais C-S-H (silicato de cálcio hidratado), duros, resistentes e insolúveis na presença de
água.

Também há produção de cristais de Ca(OH)2 e Mg(OH)2, cal


hidratada/hidróxidos de cálcio e de magnésio, estes parcialmente solúveis em água,
principalmente no caso de água corrente.

Ao processo de dissolução e transporte da cal hidratada dá-se o nome de


lixiviação. A lixiviação é nociva ao concreto por várias razões: com a remoção de sólidos,
ocorre redução na resistência mecânica do material e abre-se caminho para a entrada de
gases e líquidos agressivos às armaduras e ao próprio concreto, além da penetração de
água e oxigênio que normalmente redunda na corrosão de armaduras em peças de
concreto armado ou concreto protendido.
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MECANISMOS DE DETERIORAÇÃO DO CONCRETO


a) Lixiviação

Figura 1 – Material carregado de dentro do concreto pela ação da água


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MECANISMOS DE DETERIORAÇÃO DO CONCRETO


b) Reação Álcalis-Agregado (RAA)

A RAA é uma reação química que se processa, numa argamassa ou concreto,


entre os íons hidroxilas (OH-) associados aos álcalis óxido de sódio (NA2O) e óxido de
potássio (K2O), provenientes do cimento ou de outras fontes, e certos tipos de agregado.

A reação álcali-agregado é um fenômeno químico que ocorre em determinados


minerais potencialmente reativos existentes nos agregados, à presença dos álcalis dos
cimentos e a presença de umidade.

Em resumo, entende-se por reação álcali-agregado o processo de deterioração


do concreto endurecido, provocando assim a formação do gel expansivo

Uma base (também chamada de álcali) é qualquer substância que libera única e
exclusivamente o ânion OH– (íons hidroxila ou oxidrila) em solução aquosa.
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MECANISMOS DE DETERIORAÇÃO DO CONCRETO


b) Reação Álcalis-Agregado (RAA)

A melhor maneira de combate à reação álcalis-agregado (RAA) é evitar sua


ocorrência, antes da construção, ou reduzir seus efeitos caso ela tenha se manifestado
com a obra pronta (o que é caro e complexo).

ANTES DA CONSTRUÇÃO:

Efetuar as análises e ensaios recomendados dos agregados e do conjunto


agregado-aglomerante. Caso haja potencialidade de ocorrência da reação usar
neutralizadores da mesma no concreto, tais como: materiais pozolânicos, sílica ativa,
escória granulada moída de alto forno, em proporções previamente estudadas, ou utilizar
cimentos pozolânicos ou cimentos de escória de alto forno contendo materiais
pozolânicos ou escória em quantidades adequadas.
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MECANISMOS DE DETERIORAÇÃO DO CONCRETO


b) Reação Álcalis-Agregado (RAA)

Figura 1 - Topo de pilar de vertedouro de barragem afetado por RAA.

Figura 2 - Detalhe de reação álcali-agregado: a seta indica


a borda de reação circundando o agregado graúdo
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MECANISMOS DE DETERIORAÇÃO DO CONCRETO


b) Reação Álcalis-Agregado (RAA)

Figura 3 – Fissuras causadas por RAA. Sapata de edifício residencial.


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MECANISMOS DE DETERIORAÇÃO DO CONCRETO


b) Reação Álcalis-Agregado (RAA)

Figura 4 – Bloco de fundação de edifício de 23 pavimentos


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MECANISMOS DE DETERIORAÇÃO DO CONCRETO


c) Expansão por sulfatos

Concentrações de sulfato deletérias ao concreto (que provocam reações


expansivas) são encontradas em ambientes naturais e industriais:

 águas subterrâneas que contêm sulfatos de magnésio, sódio e potássio;

 solos e águas agrícolas que contêm sulfato de amônia;

 efluentes de fornos que utilizam combustíveis com alto teor de enxofre;

 efluentes de indústrias químicas que contêm ácido sulfúrico;

 decomposição de material orgânico em pântanos, lagos rasos, poços de


mineração;

 tubulações de esgoto levam a formação de gás sulfídrico;


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MECANISMOS DE DETERIORAÇÃO DO CONCRETO


c) Ataque por sulfatos

Figura 5 – ETE – Araucária/PR


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MECANISMOS DE DETERIORAÇÃO DO CONCRETO


c) Ataque por sulfatos

A coloração amarelada indica a presença


de enxofre.

Figura 6 – ETE – Araucária/PR - Comporta aberta

Figura 7 – Amostra retirada da parede


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MECANISMOS DE DETERIORAÇÃO DO AÇO


a) Despassivação por carbonatação

O concreto produzido com cimento Portland comum é um material bastante


alcalino (pH de 13), situação que não favorece o desencadeamento de reações de
corrosão nas armaduras. Nessas condições, diz-se que as armaduras encontram-se
passivadas, com importante depósito sobre suas superfícies de hidróxidos de sódio,
potássio e, principalmente, cálcio e magnésio.

Com a penetração do gás carbônico de ar nos poros do concreto, através de


fissuras ou nos espaços oriundos da lixiviação de cal hidratada, ocorre contato do CO2 do
ar com Ca(OH)2 e Mg(OH)2. Em meio úmido, ocorrem reações químicas que darão origem
a carbonato de cálcio - CaCO3 e a carbonato de magnésio - MgCO3.

A transformação dos hidróxidos em carbonatos recebe o nome de


carbonatação. A carbonatação redunda em acentuada queda no pH do concreto, com
consequente redução na proteção das armaduras.
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MECANISMOS DE DETERIORAÇÃO DO AÇO


a) Despassivação por carbonatação
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MECANISMOS DE DETERIORAÇÃO DO AÇO


b) Despassivação por ação de cloretos

Consiste na ruptura local da camada de passivação, causada por elevado teor


de íon-cloro. As medidas preventivas consistem em dificultar o ingresso dos agentes
agressivos ao interior do concreto. O cobrimento das armaduras e o controle de
fissuração minimizam este efeito, sendo recomendável o uso de um concreto de pequena
porosidade. O uso de cimento composto com adição de escórias ou material pozolânico é
também recomendável nestes casos.
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VIDA ÚTIL
Período de tempo no qual o produto (estrutura, revestimento, etc.) mantém
certas características mínimas de segurança, estética, estabilidade e funcionalidade, sem
necessidade de intervenção não prevista.

“Durabilidade é baseada mais em conhecimento do que em recursos.”

Devemos ter em mente que durabilidade não é uma qualidade intrínseca do


material. Simples mudanças no detalhamento de projetos podem resultar em grandes
aumentos na vida útil com pouco ou nenhum acréscimo no consumo de recursos
naturais.

Os edifícios devem então ser projetados para serem o mais durável possível?

NÃO!!!
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PROBLEMA COMUM
Nos países em desenvolvimento a construção informal é muito importante. No
Brasil, a maioria dos materiais, como cimento, cerâmicas, blocos, etc. são vendidos
diretamente para consumidores individuais e não para construtoras.

Esta realidade trás profundas consequências nas edificações. O preço é o maior


contribuinte para estimar a construção pelos próprios usuários, que não são dotados de
nenhum conhecimento sobre o assunto.

Pessoas que pintam suas próprias casas;

Pessoas que resolvem construir suas próprias casas.

Sendo assim não temos como garantir qualidade, sustentabilidade e muito


menos temos como planejar uma vida útil, requisitos todos que são baseados em
conhecimento.
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PROBLEMA COMUM
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PROJETO DE ESTRUTURAS
DE CONCRETO
ABNT NBR 6118:2014
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CLASSE DE AGRESSIVIDADE AMBIENTAL


Conforme a ABNT NBR6118:2014, em seu item 6.4.2, nos projetos das
estruturas correntes, a agressividade ambiental deve ser classificada de acordo com o
apresentado na tabela 6.1 da referida norma e pode ser avaliada, simplificadamente,
segundo as condições de exposição da estrutura ou de suas partes.
Classificação geral do tipo Risco de
Classe de Agressividade
Agressividade de ambiente para efeito de deterioração da
Ambiental
projeto estrutura
Rural
I Fraca Insignificante
Submersa
II Moderada Urbana1), 2) Pequeno
Marinha1)
III Forte Grande
Industrial1), 2)
Industrial1), 3)
IV Muito Forte Elevado
Respingos de maré
1)Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda (um nível acima) para ambientes internos secos
(salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e áreas de serviço de apartamentos residenciais e conjuntos comerciais ou ambientes com
concreto revestido com argamassa e pintura).
2)Pode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (um nível acima) em: obras em regiões de clima seco, com umidade
relativa do ar menor ou igual a 65%, partes da estrutura protegidas de chuva em ambientes predominantemente secos, ou regiões
onde chove raramente.
3)Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em indústrias de celulose e papel,
armazéns de fertilizantes, indústrias químicas.
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QUALIDADE DO CONCRETO DE COBRIMENTO


Conforme o item 7.4.2 da ABNT NBR6118:2014, ensaios comprobatórios de
desempenho da durabilidade da estrutura frente ao tipo e nível de agressividade
previsto em projeto devem estabelecer os parâmetros mínimos a serem atendidos. Na
falta destes e devido à existência de uma forte correspondência entre a relação
água/cimento, a resistência à compressão do concreto e sua durabilidade, permite-se
adotar os requisitos mínimos expressos na tabela 7.1 da referida norma.
Classe de Agressividade Ambiental (tabela 6.1 NBR6118)
Concreto Tipo
I II III IV
Relação CA ≤ 0,65 ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,45
água/cimento
em massa CP ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,50 ≤ 0,45
Classe de CA ≥ C20 ≥ C25 ≥ C30 ≥ C40
Concreto
(ABNT NBR CP ≥ C25 ≥ C30 ≥ C35 ≥ C45
8953)
NOTAS
1 O concreto empregado na execução das estruturas deve cumprir com os requisitos estabelecidos na ABNT NBR 12655.
2 CA corresponde a componentes e elementos estruturais de concreto armado.
3 CP corresponde a componentes e elementos estruturais de concreto protendido.
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QUALIDADE DO CONCRETO DE COBRIMENTO


Conforme o item 7.4.7.2 da ABNT NBR6118:2014, para garantir o cobrimento
mínimo (cmin) o projeto e a execução devem considerar o cobrimento nominal (cnom),
que é o cobrimento mínimo acrescido da tolerância de execução (Δc). Assim, as
dimensões das armaduras e os espaçadores devem respeitar os cobrimentos nominais,
estabelecidos na tabela 7.2 da referida norma.
Conforme o item 7.4.7.3 da NBR6118, nas obras correntes o valor de Δc deve
ser maior ou igual a 10 mm.

Tabela 7.2 – Correspondência entre a classe de agressividade ambiental e o cobrimento nominal


para Δc=10mm.
Classe de Agressividade Ambiental (tabela 6.1 NBR6118)
Tipo de Componente ou
I II III IV
Estrutura elemento
Cobrimento nominal (mm)
Laje2) 20 25 35 45
Concreto Viga/Pilar 25 30 40 50
Armado Elementos estruturais
30 40 50
em contato com o solo
Concreto
Todos 30 35 45 55
Protendido
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QUALIDADE DO CONCRETO DE COBRIMENTO


Quando houver um controle adequado de qualidade e limites rígidos de
tolerância da variabilidade das medidas durantes a execução, pode ser adotado o valor
Δc = 5mm, mas a exigência de controle rigoroso deve ser explicitada nos desenhos de
projeto. Permite-se, então, a redução dos cobrimentos nominais, prescritos na Tabela
7.2, em 5mm.

Para concretos de classe de resistência superior ao mínimo exigido, os


cobrimentos definidos na tabela 7.2 podem ser reduzidos em 5 mm.

Os cobrimentos nominais e mínimos estão sempre referidos à superfície da


armadura externa, em geral à face externa do estribo. O cobrimento nominal de uma
determinada barra deve sempre ser: cnom  BARRA
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SEÇÕES TRANSVERSAIS TÍPICAS

SEÇÃO TRANSVERSAL DE UM PILAR SEÇÃO TRANSVERSAL DE UMA VIGA

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