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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

EPISTEMOLOGIA DA EDUCAÇÃO I

MARIA FERNANDA FEMINELLA CAMPOS

Síntese da obra: HABERMAS, Jürgen. Técnica e Ciência como “Ideologia”. São Paulo:
abril S.A, 1975, p. 303-333.

Ao iniciar o capítulo, o autor traz o conceito de racionalidade proposto por Max


Weber, que, segundo ele, foi para determinar a forma das atividades econômicas
capitalistas e da dominação burocrática da classe burguesa. Logo em sequência,
Habermas apresenta sua compreensão de racionalização que segundo ele é a “ampliação
dos setores sociais submetidos a padrões de decisão racional” (HABERMAS, 1975, p.
303). Além disso, diz que essa racionalização corresponde à racionalização que penetra
em outros domínios da vida, isto é, no mundo social, e não somente no mundo do trabalho
ou do conhecimento. Ele também diz que:

A "racionalização" de Max Weber não é apenas um processo a longo


prazo de modificação das estruturas sociais, mas é ao mesmo tempo
"racionalização" no sentido de Freud: o verdadeiro motivo, a
manutenção de uma dominação objetivamente caduca, é encoberto pela
invocação dos imperativos técnicos. Essa invocação só é possível
porque a racionalidade da ciência e da técnica já é, de modo imanente,
uma racionalidade de manipulação, uma racionalidade de dominação
(HABERMAS, 1975, p. 306).

Ou seja, para o autor a racionalização está atrelada à institucionalização do


conhecimento técnico e científico, isto é, um conhecimento que serve para dominar e para
atender a demandas capitalistas. A compreensão do autor é que na medida em que há uma
ampliação dos setores submetidos à racionalização instrumental, há um maior grau de
institucionalização e burocratização, servindo a interesses. Então, é possível compreender
que o autor faz uma crítica a essa razão instrumental, pois o próprio ser humano permitiu
que ela extravasasse para o mundo social. Para ele, a razão instrumental é um efeito que
a própria modernidade produz e em certo ponto teve a sua importância para que os
humanos pudessem dominar a natureza e compreender o mundo para utilizá-lo. Contudo,
o ser humano permitiu, erroneamente, a aplicação dessa compreensão no mundo social e
com isso produziu a dominação do ser-humano pelo ser-humano e a transformação das
pessoas em objetos, assim como compreendido por Max Weber. Logo, compreende-se
que o autor faz uma crítica à razão instrumental e propõe uma alternativa para essa ideia
de objetificação da humanidade pela razão comunicativa.

Para o autor, o conhecimento não deve assumir um totalitarismo, isto é, o


conhecimento não deve ser adquirido para que haja domínio sobre o outro. Logo, é
possível compreender que a razão instrumental prioriza os fins e não os meios. Assim
sendo, para o autor, a busca pela razão/conhecimento não é algo simples e não deve ser
baseada na busca pelo poder. Habermas diz que a razão comunicativa é um processo pelo
qual os seres humanos buscam o entendimento mútuo, pelo diálogo racional, em busca
de um benefício para todos. Com o avançar da globalização é esperado que haja uma
polarização de pensamentos e isso não é algo negativo, contudo, se não houver uma
mediação pela lógica e diálogo racional os conflitos irão acontecer. Em suma, a
alternativa à razão instrumental, que assume um papel de dominação e que tudo objetifica,
é a razão comunicativa que busca o entendimento das partes, fortalecendo a democracia.
Segundo Habermas, o diálogo é a forma na qual nos expressamos e por isso não deve ser
reduzido à uma razão instrumental. Logo, a busca pela razão não deve ser baseada na
busca pelo poder, mas na busca pelo o bem da sociedade e com isso essa perspectiva se
opõe inteiramente às estratégias da razão técnica.

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