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FACULDADE DE ENGENHARIA DE MINAS GERAIS

ENGENHARIA CARTOGRÁFICA E DE AGRIMENSURA EAD

MIRIAM MADUREIRA DE SOUSA - RA 122107193

CARTOGRAFIA E AS NOVAS REPRESENTAÇÕES DE TEMPO E ESPAÇO

Capão Bonito - SP
2022
MIRIAM MADUREIRA DE SOUSA - RA 122107193

CARTOGRAFIA E AS NOVAS REPRESENTAÇÕES DE TEMPO E ESPAÇO

Atividade de pesquisa apresentada ao curso de


Engenharia Cartográfica e de Agrimensura
EAD da Faculdade de Engenharia de Minas
Gerais para a disciplina de Cartografia Geral.

Professor João Carlos Tavares

Capão Bonito - SP
2022
RODRIGUES, A. L. Cartografia e as novas representações de tempo e espaço. Ciência e
Cultura, v. 70, n. 2, p. 20-22, 2018. Disponível em:
<http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-
67252018000200008>. Acesso em: 05 de set. 2022.

“Naquele império, a arte da cartografia alcançou tal perfeição que o mapa de uma
únic a província ocupava uma cidade inteira, e o mapa do império uma província
inteira. Com o tempo, estes mapas desmedidos não bastaram e os colégios de
cartógrafos levantaram um mapa do império que tinha o tamanho do império e
coincidia com ele ponto por ponto”. (BORGES, 1935)

O artigo inicia com uma reflexão sobre a dificuldade de criação de mapas detalhados através
de um trecho da fábula do escritor argentino Jorge Luis Borges, do livro História universal da
infâmia (1935). Considerando que, se o mapa tiver ponto a ponto da realidade ele seria
perfeito, “a própria coisa do mundo”, mas, deixaria de ser uma representação. Pois, entende
que a cartografia é uma arte e se propõe a criar uma representação do real.
Em relação aos conceitos de Projeção “enquanto transferência” e Distorção “enquanto
equívoco” os cartógrafos reafirmam que o mapa precisa ser interpretado, ou seja, depende da
leitura atenta das suas condições de produção. E que, atualmente, com as novas tecnologias
alcançamos precisão de centímetros e uma grande massa de informações que possibilitam
uma “nova dimensão de linguagem para a representação do espaço”.
MUNDO NOVO As novas tecnologias cartográficas passam uma sensação de “efeito de
transparência” no Sistema de Informações Geográficas – SIG. Um detalhamento capaz de
desvelar o real levando em consideração a interpretação humana envolvida.
Por exemplo, as imagens de satélite, segundo o Prof. Monteiro, “precisam de passar por
processos de protocolos de análise, softwares de processamento de imagem e a própria
sensibilidade do cientista em perceber determinados fenômenos pelo olhar (sensibilidade
construída pela experiência, formação e pela interação com outros cientistas)”.
MAPAS NA DISPUTA POLÍTICA Segundo o geógrafo Harvey (1992), um novo
conhecimento personalizado do espaço e o domínio individual dele trouxe uma nova
perspectiva à representação cartográfica que tomou significado:
O saber geográfico se tornou uma mercadoria valiosa numa sociedade que assumia
uma consciência cada vez maior de lucro. A acumulação de riqueza, de poder e de
capital passou a ter um vínculo com o conhecimento personalizado do espaço e o
domínio individual dele. Do mesmo modo, todos os lugares ficaram vulneráveis à
influência direta do mundo mais amplo graças ao comércio, à competição
intraterritorial, à ação militar, ao fluxo de novas mercadorias, ao ouro e à prata
(HARVEY, 1992)

As novas tecnologias cartográficas acabam sendo o motivo de novas disputas por territórios a
partir do momento que “determinam novas relações de domínio do espaço”.
No Brasil, por exemplo, no ano de 2011, na época do debate para a alteração do Código
Florestal Brasileiro os trabalhos do Instituto Nacional de Pesquisas – Inpe foram questionados
por um senador do Partido Progressista que argumentou a veracidade dos dados apurados
pelas imagens de satélite o que mostra claramente que a dúvida era se “as imagens eram
politizadas ou objetivas… se o fator humano distorce ou não as imagens”. Essas dúvidas em
relação a produção das imagens acaba sendo um objeto de debate e controvérsia social.
As reflexões apontadas pela autora de que “não há como separar o fator humano do
científico” mostrou reflexos no debate social do caso exemplificado acima e, nos tempos
atuais, com as novas tecnologias cada vez mais dentro do cotidiano das pessoas precisamos
ter um olhar crítico sobre a influência da sensibilidade humana versus as científicas para que
possamos perceber se o trabalho está ou não enviesado para algum dos lados do tema.

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