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RESENHA

Se Algo Acontecer...Viva
Beatriz Miranda

Em apenas 12 minutos de nenhum diálogo, a animação “Se Algo Acontecer... Te


amo” consegue dizer – e nos fazer sentir – muito mais do que o esperado. Vencedor do
Oscar de melhor curta-metragem de animação em 2021, o filme retrata com
sensibilidade e delicadeza o luto de um casal com a perda inesperada da filha após um
tiroteio na escola. Mesmo com poucos minutos, a obra consegue abordar com maestria
temas difíceis e dolorosos, como tristeza, morte, amor e superação.
Através do uso de desenhos à mão, a produção faz uso de diversas técnicas para
desenvolver a história e fabricar uma conexão empática com o telespectador. A escolha
da paleta preto e branca, a trilha sonora, a ausência de diálogos, o contraste entre as
sombras e os personagens, são escolhas estilísticas e narrativas propositais para gerar
impacto e reflexão na audiência. Graças a essas escolhas, a obra consegue se aproximar
emocionalmente do espectador e criar um sentimento de identificação.
O curta traz à tona reflexões sobre temas importantes, dentre eles os tiroteios
escolares nos Estados Unidos. O título da obra vem justamente da última mensagem da
filha para os pais, e funciona ao mesmo tempo como um soco no estômago e um alerta
para o telespectador: de como qualquer momento pode ser o nosso último. Com a
utilização das memórias dos personagens, a história oscila entre o presente e o passado
para demonstrar a efemeridade da vida e a importância da valorização dos momentos
enquanto estão sendo vividos.
São justamente essas memórias que permitem que os pais, antes tão consumidos
pelo luto, culpa e ressentimento, voltem a se aproximar. O trauma compartilhado acaba
por ser a ponte que os une novamente, trazendo junto o conforto de dividir a dor e o
sofrimento com alguém que também os sente. “Se Algo Acontecer... Te amo” é muito
mais que uma história para chorar; é ao mesmo tempo uma lição sobre empatia e amor e
sobre encontrar paz em meio a dor.

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