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HISTÓRIA DIPLOMÁTICA
DO BRASIL
Reconhecimento d,a Independência e do Império -- 3E)
legião do MissíssíPf no Golfo. Precisava, em conseqüência, e pagamento da taxa. interessou-se muito pelo reconhecimento
da boa vontadedo go\êrmocle l\ladrid, o que impedia tomar de nossa independência 110tempo do Presidente Monroe.
posição em favor dos rebeldes. Sòmente em 1824, foi enviado a Washington como encar-
Havia tambémo espectroda SantaAliança. O seu pro- regado de negócios, Szluesí7e ReóêZo, um intelectual, versado
motor principal, o Czar Alexandre, não se desinteressava'dos em questões
comerciais.As instruçõesque levavado Rio
acontecimentos da .4mérica do StiJ. Um r7?enloriaZ rtlsso de constituem um documento diplomático de significativo alcance
/8/7 insinuava.a possibilidade dc tl Espalha cedem a Portugal psicológico. Era-lhe recomendado promover o ''reconheci-
territórios platinos a fim de o govêrnodo Brasil cooperarna mento solenee formal da indePendéncicz,integridade e dinastia
luta contra os súditos espanhóisinsurretos. Capo ci'/szrzae do /mPério do Brasa/". Para êstefim, devia êle se introduzir
Pozzo di Barro, nas capitais européias, procuravam obter a com políticos influentes e jornalistas do país, procurar conhecer
aceitação das idéias do Czar. o estado clãs relações americanas com Portugal, ouvir súditos
JMorzt-oe, (2téz:7zcy ,4da pzs e Rác/zatd Rusb, receosos de uma brasileiros domiciliados nos Estados Unidos, mostrar predile-
execuçãodos planos da Santa Aliança, procuraram eíltão uma ção marcada pelos enviados dos Estados da América, insistir
rzP7'0xinação drz Gl-ãBrefazz/la, sabidamente favorável aos sul- na justiça e utilidade do reconhecimento da Independência
americanos. Começavam negociações com Z.ord Casa/arca.q/z.
e do ]mpério. Era lembradaa conveniência
de opor a Grã-
Btefan/2a aos Estados U?lidos, se fossemosforçados a recorrer
l procura de lml meio-têrmo, um compromisso que salvaguar-
dasse os interêsses comerciais e o restabelecimento da auto- aos bons o/frios da Europa. Era também marcado o contraste
ridade. Esquivou
seo ministrobritânico; masquandoa Es- entre a situação precária das ex-colónias espanholas e a esfabi-
Zidade das imsfíílzíções znoz(írqt iras clo Brasil, baseada na
panta aceitou os cinco milhões de dólares em pagamento da
F[órida, em ]819, os Estac]osUnidos se julgaram livres de popularidade do Imperador.
agir e, em princípio de /822, o Congresso autorizou Mozz70e
SilvestreRebêlo foi muitíssimo bem acolhido nos Estados
a reconhecer as colónias emancipadas, enviando-lhes urge/7:es Unidos. Em suas discussões coJn Qz inca Jdams verificou cedo
âiPtomál,ecos. que não faltava boa vontade pois as objeções apresentadas
eram apenas formais, pedidos de informações e esclarecimentos.
Ao Brasil, mandaram os EstadosUnidos, como ministro. Rebêlo apelava, na sua exposição de motivos, para as palavras
.ío/zn G.}-abana .e .17ezzQ Hi/J, como cônsul elletivo, que José célebresde Monroe, na sua rnerzsagem
do ano anterior. Um
Bonifácio de Andrada acolheu muito favoràvelmente,pouco tanto irascível, tinha-se desentendido com Gonçalves da Cruz,
lutes.da Independência. Outro agente americanoque muito mas as suas negociações foram hàbilmente conduzidas e, menos
trabalhou para melhor entendimento e boas relaçõesfoi Sall07zs de dois mesesdepois de desembarcadono país, foi apresentado
cônsul no Rio de janeiro. ao PI'evidenteMloltloe.
Contava apenas vinte e quaoo horas a nossa Indepen- Mostrou-se decepcionado 0 7eP7'esezzíamíe
de PortugaZ, mas
dência quando, a 8 de setembro, desembarcava lio Rio, CoPzdy Quincy Adams lembrou que reconhecia um govêrno de fato,
Ragtlef, novo cônsul americano que foi muito menosincli- tornado isso possívelpelo próprio govêrno que tinha criado
nado às relações de atnizadc e cooperação, pois em diversas o Brasil reino. Aliás nadahavia de poucoamistoso,pois
ocasiões criou casos à Repartição de Negócios Estrangeiros. seguiao exemplo de Lisboa que já havia reconhecidoa inde
Nos EstadosUnidos representounão oficialmente o Brasil pendência de colónias espanholas.
o rico pernambucano Gorzçíz/uesda CrtÉZ que, comprometido Quanto ao segundoobjetivo da missãoRebêlo que Ihe
na revolução cle 1817, se tinha estabelecido e]]] r';/adéJ/ia. havia sido fixado pelo Ministro Cama/bo e Meio, era a obten-
JoséBoniEácioo fêz nomear cônsul em 1822,lilás nunca foi ção de uma a/ia/7çfzdefensfuae orensiz/acom a .jovem república
efetivo no lugar por Ihe ter faltado ''carta patente'', a exeqt&rzZ
lÉ}' do norte. Nisso não foi bem sucedido o nosso representante
à8 ária Diplomáticado Bvasit Reconhecimento da Independência e do l nPévio -- 3q
porque, além de seremos EstadosUnidos genuinamente isora-
cz07zzsfas,o :trgLmlento principal, a ameaça de uma recoloni-
que se teve informação dos acontecimentosseparatistasde 7
de setembro.
zaçãoporfugtiésa havia caído com o reconhecimentoda nossa A trança de Ltiís Xr///, entretanto, havia mandadoao
independência por Portugal. i' Rio um cônsul geral, o Conde de Gesías. Não teria hesitado
ó seugovêrnoem reconhecer a nossaindependência e o Im-
3 A trança e as Potências no Caso Brasileiro pério se tivesse julgado
esperar a deliberação coletiva.
possível agir separadamente,
Embora empenhada em não
sem
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4Q -- fíistória Diplomática do BTasit Reconhecimentoda Independência e do Imt)é'rio -- 4\
resolveuentrar em negociações vitelas com 1). Pedra /. Foi leiras. Canning, como mediador, propunha a sePrzlaçãofofas
êsteo objetivo da missãodo Corzdede Rzo-Maior,em setembro do Biasil, a rerz7Zrzrírz de D. Pede'0 ao frorzo de Pot-lt(ga/, a
de.]823. As tropasportuguêsas
do Genera/
Madeirajá se }esf;Zt&íção das propriedades con/íscadrls e a celebração de um
tinham retirado para Portugal, quando chegavaêste parla- í -r/fado de corrzé7'cio sabre bases mútuas da nação mais favo-
mentar em missãodiplomática com c;trtasde D. Jogo VÍ para recida. Recusado por Vida Rea], foi enviado o projeto a
seu filho. Tendo a corveta "Voadora" içado a bandeira 'por- Lisboa. Revelou então D. .TocoVI, além de outras exigências,
tuguêsa,''inimiga'. e não a parlamentar,Ca7neírode Campos que queria o Zífu/o de /nzPe7rzdor do Brasil para si, cedendo
não permitiu o desembarque dos comissários portugueses, a apenaso exercício dêste título a D. Pedro durante a sua vida.
menos que preltminarmente fossereconhecida a Independência Acabaram as negociaçõesquando o govêrno português comu
e integridade do Império do Brasil; não tendo os enviados nicou o seu contra-projeto às Potências da Santa Aliança,
os poderes legais para isso, tiveram de voltar para Portugal, comose apelassepara elas contra a Grã-Bretanha. Declarou
no brigue "Treze de Maio", ficando prisioneira a tripulação então Canning que ia reconheceras rePtZÓJícas esPaPZ/zo/ase
da ''Voadora nãopoderiaabrir exceçãono casodo Brasil.
O fracasso da Missão Río-Maior desanimou o govêrno de Foi nestascircunstânciasque o ministro britânico resolveu
D. Jogo VI que apelou então para as Potências da Santa mandar a Lisboa e ao Rio um emissário seu, SãrC/latõesSltéarf.
Aliança. para jystirícar a infe7-benção filmada que preparava embaixadorem Paras,removidoa pedido do Príncipeda
Portugal. A Rússia, a Prússia, a Espinha aprovaram êste
Polignac, então em Londres. O govêrno da Bemposta com-
recursoà fôrça; a Áustria,emborasimpáticaã causaportu- .!
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42 -- 1iistória l)iPlom(trica do Bra,sil Reconhecintento da ll dePendênciri e do InLpério -- 4B
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44 -- Histó ia l)iPtomática do Brasii ZlxcerPfa -- 45
a ceder não hostilizando criminosamenteseu pai e aderindo aos prin- no espíritodo Chancelerpelo fato da Inglaterra ir concluirsózinhauma
cípios da legitimidade mediação começada pelas duas potêllcias. Instruções para igual colabo-
Caldeira Brant e Gameiro, logo acertando com a verdade, comuni- ração, ainda que passiva, recebeu o agente austríaco no Rio de Janeiro.
caram para o Brasil que semelhantesinstruções da última hora eram de pois que Metternich, homem de um só pêso e de unia só naedida, entrara
encomenda, tanto para satisfazer o Imperador da Rússia, cujas veleidades a achar mais do que justa a separação do Brasil, e a considerar como
liberais se tinham curado e que acusavaa Áustria de desviar-sepor con- lun dever re/igioso, 77zorü/ e Píz errzaZ de D. Jogo VI o reconhecê-la sem
siderações de família das obrigações contraídas com a Santa Aliança; al-nbages. Agora era o seu delegado em Lisboa quem instava diàriamente
como para não desampararàs escâncarasa Carte portuguêsa, a qual, com cole o govêrno português pelo desfecho do conflito, desmanchandosem
tamanho gôsto estava ajudando a causa comum das realezas. Metternich sombra .de piedade as ilusões de superioridade militar e de interferência
no seu taro íntimo reconhecia porém a justeza dos motivos que assistiam continental ainda acal'iciadaspor alguns dos estadistasdo Reino, e excla-
os plenipotenciários brasileiros em julgarem deslllallchado o nó górdio: a mandocomo uma sibila que ''reconhecendoo Brasil, S. M. Fidelíssima
breve trecho êle o faria perceber perdia,.sim, os seusdireitos pessoais,
mas para seguraros da sua des-
Nada mais decerto,depoisda atitude francamenteassumida])elo cendência
Govêrno Britânico, lograria empatar o reconhecimento do Império. esta De todos os adversáriosda Inglaterra leão era porém AÍetternich
vam no urgindo em Lisboa o próprio Vila Real e outros personagens aquêle que Canning então lílais temia. O papel preponderante da Áustria
para que, irremediável como se tornara, toi)passeo aspectode uma doação estavafindo e, sob a sua hegemonia, o Império Germânico não passava
generosae leão parecessearrancado pela diplolllacia de Sir Charles Stuart. de um si)-nulacrode confederação,
sustentadopela habilidadede alguns
O empenho tinha sido antes obstar ao reconhecimento,]nas agora, passava hoTnens de Estado e ])elo cultivo da tradição, mas condenado à dissolução
a ser roubar à Inglaterra a glória e proventos de um ato tão importante Viela aparentavaainda cojlstituir o foco capital da reação,como nos
e de tanto alcance quanto era a perfilhação de uma nova e imelasanação, primeiros temposda política pregada, sustentada e imposta por Metternich
cuja mãe se convertera em madrasta e de que Canning se metera a Mais perigosa mostrava se a França, cuja guerra aos interêsses
padrinho. Por issonão pareceráinverossímilque, desdea ruptura das inglêsesse estendiaa todos os terrenos
negociaçõesdiretas, os representantesde Portugal e da Áustria en] Londres
alterassem não só a sua norma de proceder como até o estilo, passando
a tratar D. Pedro l de Imperador e Soberano. sem falar em quererena LUAS NORTON J Córfe de Porfzzgai 710 ]3rasi/, S. Paulo, 1938, ps. 227/31
à viva força reatar aquelas negociações que ainda na véspera pareciam
uma audáciada parte do Brasil Enl junho de 1823, proclamado em Portugal o regime absolutista,
A resposta'de D. Miguel Antânio de INlelo à carta de Caldeira Brant, suspensaa Constituição, não se pensou mais em socorrer as forças por-
documento que faz parte do arquivo Barbacena,já aponta para a necessí [uguêsas que lutavam no Brasil contra D. Pedra.
dízde ec/Fracaque os dois povosexperimentavam
um do outro, e falava, Nem D. .Toãodesejavafazer guerra ao filho, rebelde,colaformecerti-
pôsto que bastante vagamente,em reconhecimento da Independência feita ficava no seu ofício secreto, de 7 de setembro de 1824, o agente diplo-
de u77za
71za
feira decorosa
e úfiJ. Ofereciatransferirpara Lisboaa sede mático brasileiro em Paras,Domingos Borges de Barros.
das negociações diretas e convi.dava Caldeira Brant a ir ali prossegui-las [.Jm médico chamado Lea], dizia um dia ao Sr. ]). .Jogo V] que,
certo de que "seria recebido e acolhido com a maior benigllidade, e bom por hotua e dignidade da coroa agravadadevia fazer-seguerra ao Inlpe
agasalho que pudesse desejar.'' A indisposição contra a Grã-Bretanha redor e ao Império, e êle Ihe tornou: isso não, e nem meu filho tem
cresceraen] Lisboa correlativainente com os passosdados por Canning no feito senão o que em suas circLmstâllciãs fazer devia, por agravos a mim
caminho do reconhecimento, e dêste estado de espírito tiravam in.ilireta- pessoaisnão hão de sofrer os povos:
mente lucros os brasileiros, que assim deixando de desmerecerno conceito A política inglêsa também não apoiava uma guerra que afetaria o
dos portuguêses, conservavamse entretanto nas boas graças dos inglêses. seu comércio e os seusinterêsses na América portuguêsa; nem aprovada
O próprio Nletternich, o pontífice ltláximo dos expedientes e palia- o regresso à .recolonização e ao sistema parasitário.
tivos, calculando exatalnenteas conseqiiênciasda dianteira tomada pela A Grã-Bretanha precedera até o Brasil nos trabalhos preparatórios
Grã-Bretanha, mudou ostensivamente de linguagem nas conferências de do reconhecimeílto
da Independência. Para o ministério de Canning,o
Viena com Tules da Silva, o futuro Marquês de Resende e fiel amigo grito do lpiranga era peremptório, irrevogável,como ul-nadecisivadecla-
de D. Pedra, cujo elogio histórico pronunciaria na Academiade Lisboa. ração de maioridade.
Passou
a afetaro maiorinterêsse
peloBrasile despachou
ordenspost Bem informado pelos seus agentesdiplomáticos estabelecidosno Rio
uvas ao encarregado de negócios en) Lisboa para cooperar francamente de .janeiro desde 1808, o Gabinete de Saint-James leão tinha dú\idas
com Sir Charles Stuart, cujas instruções estavatn sendo re.digidas do punho sabre "a aptidão ao se/f-gouerrzn&enf
da nova Ilação
mesmo de Canning que depois as mostrou ao representanted'Áustria, '0 Govêrno Britâ]]ico''. -- escrevia Can]]ing ]la nota enviada ao en
desarmando pelo seu rasgo de franqueza qualquer suscetibilidade acordada carregadodos l)egóciosem Lisboa, eln 30 de novembro de 1822-- ''tem